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O Arquivo do Colégio Universitário da USP: um Instrumento de Pesquisa

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL. LÍLIAN MIRANDA BEZERRA. O Arquivo do Colégio Universitário da USP: um Instrumento de Pesquisa. Versão Corrigida. São Paulo 2020.

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(3) LÍLIAN MIRANDA BEZERRA. O Arquivo do Colégio Universitário da USP: um Instrumento de Pesquisa. Versão Corrigida. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Social da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Mestre em História.. Área de concentração: História Social Orientadora: Profa. Dra. Ana Maria de Almeida Camargo. De acordo. Profa. Dra. Ana Maria de Almeida Camargo 28 de setembro 2020. São Paulo. 2020.

(4) Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte..

(5) UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE F FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS. ENTREGA DO EXEMPLAR CORRIGIDO DA DISSERTAÇÃO/TESE Termo de Ciência e Concordância do (a) orientador (a). Nome do (a) aluno (a): Lílian Miranda Bezerra Data da defesa: 3/8/2020 Nome do Prof. (a) orientador (a): Ana Maria de Almeida Camargo. Nos termos da legislação vigente, declaro ESTAR CIENTE do conteúdo deste EXEMPLAR CORRIGIDO elaborado em atenção às sugestões dos membros da comissão Julgadora na sessão de defesa do trabalho, manifestando-me plenamente favorável ao seu encaminhamento e publicação no Portal Digital de Teses da USP.. São Paulo, 2/10/2020.

(6) BEZERRA, Lílian Miranda. O Arquivo do Colégio Universitário da USP: um Instrumento de Pesquisa. 2020. Dissertação (Mestrado em História Social). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020.. Aprovada em_______ de _______________________de_________. Presidente da banca: Profa. Dra. Ana Maria de Almeida Camargo. Banca Examinadora. Dr.(a) ______________________________________________________________ Instituição: __________________________________________________________ Julgamento: __________________Assinatura: ______________________________. Dr.(a) ______________________________________________________________ Instituição: __________________________________________________________ Julgamento: __________________Assinatura: ______________________________. Dr.(a) ______________________________________________________________ Instituição: __________________________________________________________ Julgamento: __________________Assinatura: ______________________________. Dr.(a) ______________________________________________________________ Instituição: __________________________________________________________ Julgamento: __________________Assinatura: ______________________________.

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(8) AGRADECIMENTOS. Agradeço a todos os servidores que me auxiliaram, direta ou indiretamente, durante o trabalho de campo na Universidade de São Paulo e no Acervo Histórico da Escola Caetano de Campos. Agradeço, em particular, a ajuda dos meus interlocutores diretos em cada local de custódia: Maria Luiza de Souza e José Adilson da Silva, na EP, Profa. Heloisa Maria S. Barbuy e Hideo Suzuki, na FD, Diógenes N. Lawand, no Acervo Histórico da Escola Caetano de Campos, Fábio Nagibe, na ESALQ, Cesar A. Teodoro, na FO, Erika Benz e Cleonice Estrela C. Gonçalves, na FCF, Hilton J. Soares, na FFLCH, Fernando de Lima Lopes, na FMVZ, Sonia Emidio, na FM e José Rubens O. Val, na Reitoria. Também agradeço a Raphael Novaes. Agradeço a todos os meus colegas (servidores, estagiários e equipe terceirizada) do Arquivo Geral da USP pela torcida e pelo ambiente saudável e harmonioso que construímos. Em especial, agradeço a ajuda recebida, em diferentes momentos da pesquisa de: Ana Silvia Pires, Bárbara Júlia Menezello Leitão, Bruno Lazzarini Teodoro, Eliana Rotolo, Maria Cristina de Oliveira Costa e Marli Marques de Souza Vargas. Agradeço aqueles com os quais compartilhei o entusiasmo inicial da descoberta do arquivo do Colégio Universitário: Acainã Luiz de Azevedo, Daniela Landini Santos, Edison de Carvalho Macedo, Helena Akemi Misumi e Pollyana Pereira Marin. Agradeço a Profa. Johanna Smit pela confiança depositada em mim e em meu trabalho, desde minha chegada ao AG. Por motivar meu aprimoramento, pelo exemplo profissional e pela generosidade de sempre. Agradeço ao Prof. Bruno Bontempi Júnior pela arguição crítica e instigante durante o exame de qualificação e defesa. Agradeço a Profa. Ana Célia Rodrigues pelo olhar minucioso e pelos comentários motivadores durante a defesa..

(9) Agradeço a José Francisco Guelfi Campos pela leitura atenta, pelas sugestões enriquecedoras e pela amizade que construímos a partir do “mundo dos arquivos”. Agradeço a minha orientadora, Profa. Ana Maria de Almeida Camargo, pela confiança e carinho com que me recebeu e por me estimular à inovação. Sinto-me honrada por tê-la como orientadora e por ter partilhado de sua companhia e conhecimentos. Agradeço aos meus amigos e amigas que me confortaram nos momentos de angústia e que me proporcionaram encontros recheados de alegria, cumplicidade e descontração. Agradeço a minha família, tão grande e tão próxima, porto seguro onde recarrego minhas forças e vivencio o verdadeiro sentido do pertencimento. Agradeço aos meus irmãos, sobrinhos, cunhada, mas, sobretudo, ao meu pai: Agamenon Bezerra, que torna a vida menos pesada com sua presença e bom humor, e a minha mãe, Dione Miranda, meu exemplo de força e retidão. Agradeço a meu companheiro, Leandro Cruz, pelo apoio incondicional, pelo cuidado e dedicação e por suportar minhas ausências e crises. Estar ao seu lado é estar mais forte!.

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(11) RESUMO. BEZERRA, Lílian Miranda. O Arquivo do Colégio Universitário da USP: um Instrumento de Pesquisa. 2020. Dissertação (Mestrado em História Social). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020.. Criado com a Universidade de São Paulo (USP), o Colégio Universitário funcionou, de 1934 a 1943, vinculado às Unidades de ensino superior constituidoras da Universidade. Atuando de modo descentralizado - dividido em cinco Seções -, preparava seus alunos para os cursos superiores subsequentes, configurando-se como curso de caráter propedêutico. Apesar de sua importância no cenário educacional da época, e de ter partilhado dos anos iniciais da USP, o Colégio Universitário foi negligenciado pela história e memória institucionais. Deste modo, com essa dissertação buscamos retirar esta instituição de ensino do local de esquecimento em que foi lançada. Para tanto, elaboramos a partir de seus documentos remanescentes, mapeados em diferentes locais de custódia, um Instrumento de Pesquisa capaz de recompor, intelectualmente, a organicidade deste arquivo, ao mesmo tempo em que expõe seu potencial informativo, alçando-o à fonte para potenciais pesquisas. Com foco na constituição do Instrumento de Pesquisa, realizamos trabalho de metodologia arquivística, atentos aos princípios fundamentais da proveniência e organicidade, ao mesmo tempo em que apresentamos inovações descritivas, com destaque ao desenvolvimento do campo conteúdo, capaz de responder, mais diretamente e facilmente, às demandas dos usuários de arquivo. A partir da reconstituição da história administrativa/institucional do Colégio Universitário e do processo de descrição de seus documentos, constituímos o Instrumento de Pesquisa, que contempla o Plano de Classificação das Atividades, o Glossário de documentos/Índice de tipos documentais, e os Índices: dos tipos de informação constante nos documentos, onomástico, de disciplinas, de instituições e de legislação. Palavras-chave: Arquivologia. Instrumento de Pesquisa. Metodologia Arquivística. Tipologia Documental. Colégio Universitário da USP. História Institucional..

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(13) ABSTRACT. BEZERRA, Lílian Miranda. The Archives of the “Colégio Universitário (USP)”: a finding aid. 2020. Dissertação (Mestrado em História Social). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020.. The Colégio Universitário, established in 1934 with the Universidade de São Paulo (USP) and subordinated to its Colleges, operated for nine years and ceased its activities in 1943. Throughout its existence, the Colégio operated under a decentralized structure composed of five different sections and its main goal, as a propaedeutic course, was to prepare the students for higher education. Despite its importance in the educational scene at that time and the fact of having shared the infrastructure of the USP in its early years, the Colégio was neglected by institutional history and memory. With this dissertation, we aim to shed light on the history of the Colégio and its archives. To do so, we mapped the remaining records of the Colégio in order to produce a finding aid that features some important contributions: it restores - at the intellectual level - the original order of the archives, it highlights the informational potential of the records as sources for further researches, and it brings descriptive innovations in order to answer quickly and easily to the users' demands. Our reflections on the fundamental principles of archival theory, namely the provenance and the archival bond, in contrast with the reflections on the users' informational needs led us to develop a strategy for content oriented description in order to harmonize both archivists' and users' expectations. Beyond the reconstitution of the administrative and institutional history of the Colégio Universitário, the finding aid also includes the filing system, a glossary and an index of documentary forms, indexes of types of information, names and institutions extracted from the content of the records, and an index of legislation on the creation and functioning of the Colégio Universitário. Keywords: Archival Science. Finding Aid. Archival method. Documentary forms. Colégio Universitário (USP). Institutional history..

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(15) LISTA DE QUADROS. Quadro 1 – Currículo das diferentes Seções do Colégio Universitário. 42. Quadro 2 – Atualização do currículo das diferentes Seções do Colégio Universitário. 44. Quadro 3 – Seção do Colégio Universitário e curso superior de destinação. 45. Quadro 4 – Número de candidatos à 1ª série do Colégio Universitário por Unidade de destinação. 56. Quadro 5 – Ficha de descrição. 70. Quadro 6 – Locais de custódia e documentos descritos. 105. Quadro 7 – Ficha de descrição. 116.

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(17) LISTA DE SIGLAS. AG. Arquivo Geral da Universidade de São Paulo. AHECC/CRE Mário Covas/ EFAP/SEE-SP. Acervo Histórico da Escola Caetano de Campos, Centro de Referência em Educação Mário Covas, Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Professores, Secretaria de Estado da Educação de São Paulo. CIA. Conselho Internacional de Arquivos. CONARQ. Conselho Nacional de Arquivos. DBTA. Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística. DTA. Dicionário de Terminologia Arquivística. EP. Escola Politécnica. ESALQ. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. FAPESP. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. FCF. Faculdade de Ciências Farmacêuticas. FD. Faculdade de Direito. FFCL. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. FFLCH. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. FFO. Faculdade de Farmácia e Odontologia. FM. Faculdade de Medicina. FMV. Faculdade de Medicina Veterinária. FMVZ. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia. FO. Faculdade de Odontologia. IE. Instituto de Educação. ISAD(G). Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística. NOBRADE. Norma Brasileira de Descrição Arquivística. RUSP. Reitoria da Universidade de São Paulo.

(18) SAUSP. Sistema de Arquivos da Universidade de São Paulo. USP. Universidade de São Paulo.

(19) SUMÁRIO INTRODUÇÃO. 21. Colégio Universitário: a descoberta. 21. Colégio Universitário: motivação da pesquisa, objeto e objetivo. 24. 1 O COLÉGIO UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. 33. 1.1 Da Reforma Francisco Campos a curso anexo à Universidade de São Paulo 34 2 INSTRUMENTOS DE PESQUISA EM DEBATE. 57. 2.1 O fundo Colégio Universitário: definição conceitual e especificidades. 57. 2.2 Os instrumentos de pesquisa. 60. 2.2.1 Normas Internacional e Nacional de Descrição Arquivística - ISAD(G) e NOBRADE. 71. 2.3 Um Instrumento de Pesquisa para o fundo Colégio Universitário. 77. 2.3.1 Autonomia universitária, a produção de documentos e a problemática da tipologia documental. 77. 2.3.2 O tratamento da “correspondência”. 85. 2.3.3 Glossário e Índices. 87. 2.3.4 Inovação descritiva: o campo conteúdo. 89.

(20) 3 ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO DE PESQUISA. 93. 3.1 A busca e o acesso aos documentos remanescentes do Colégio Universitário da USP. 93. 3.2 Metodologia de elaboração do Instrumento de Pesquisa. 106. 3.2.1 Pesquisa contextual. 107. 3.2.2 Elaboração do Plano de Classificação. 111. 3.2.3 Elaboração da Ficha de Descrição. 114. 3.2.4 Padronização do preenchimento da ficha de descrição 3.2.4.1 Controle de vocabulário. 116 123. 4 O ARQUIVO DO COLÉGIO UNIVERSITÁRIO DA USP: UM INSTRUMENTO DE PESQUISA. 127. 4.1 Plano de Classificação das Atividades do Colégio Universitário da USP 4.2 Instrumento de Pesquisa. 128 131. 4.2.1 Glossário de documentos/Índice de tipos documentais. 550. 4.2.2 Índice dos tipos de informação constante nos documentos. 565. 4.2.3 Índice onomástico. 578. 4.2.4 Índice de disciplinas. 593. 4.2.5 Índice de instituições. 598. 4.2.6 Índice de legislação. 600. CONSIDERAÇÕES FINAIS Potencial informativo do fundo Colégio Universitário. 603 605.

(21) REFERÊNCIAS LEGISLAÇÃO ANEXO – Amostra de documentos do fundo Colégio Universitário. 610 622 626.

(22) INTRODUÇÃO. Sendo um universo arqueológico, o fundo de arquivo é, com raras exceções, um desafio que acena com o caótico que lhe imprimiram o tempo e o desuso em que caíram seus elementos. Assim, no sentido do desafio e da descoberta, o trabalho de arquivo, especialmente quando se trata de acervos históricos, é invariavelmente fascinante (BELLOTTO, 2006, p. 13).. Colégio Universitário: a descoberta Em agosto de 2010, após aprovação em processo seletivo, iniciamos atuação profissional junto ao Arquivo Geral (AG) da Universidade de São Paulo (USP). Já nas primeiras conversas mantidas com a Chefia Técnica de então, a professora Dra. Johanna W. Smit, nos foi destinada a tarefa de iniciar as atividades relacionadas ao arquivo permanente do AG. Criado em 2005 como órgão central do Sistema de Arquivos da Universidade de São Paulo (SAUSP) (cuja institucionalização remonta ao ano de 1997), ao Arquivo Geral compete, sobretudo, a execução das normas e diretrizes emanadas do Conselho Diretivo do Sistema, assim como a supervisão e orientação das demais instâncias constituidoras do SAUSP no tocante à gestão documental na Universidade. Paralelamente também lhe correspondem as competências de arquivo permanente. Em meados de 2010 o Arquivo Geral possuía quadro de funcionários bastante enxuto e há apenas dois anos dispunha de prédio próprio que, apesar de novo, demandava diversas adequações, consumindo tempo e esforços. Deste modo, as atribuições. especificamente. atreladas. ao. arquivo. permanente,. as. quais. pressupunham a existência de espaços de guarda documental, ainda não estivessem devidamente implementadas. Quando de nossa chegada ao AG, nele já se encontravam conjuntos documentais provenientes do Departamento de Recursos Humanos da Reitoria (RUSP) e da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Sobre este último conjunto havia sido iniciado trabalho de identificação, realizado por monitores oriundos da mesma Faculdade, coordenado pela professora Dra. Ana Maria de Almeida Camargo. No entanto, em agosto de 2010 o trabalho estava pouco 21.

(23) adiantado e dos três alunos inicialmente contratados restavam apenas uma: Daniela Landini Santos, incorporada, em seguida, ao corpo de estagiários do AG. A metodologia de descrição documental para o Arquivo Geral foi desenvolvida sobre os dois conjuntos documentais citados, e sob a orientação das professoras Johanna Smit e Ana Maria Camargo. Na operacionalização dos trabalhos técnicos nos deparamos com documentos provenientes do Colégio Universitário. O despertar do interesse em relação a este objeto se fez quando diante de documentos aparentemente relacionados às atividades de graduação da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL)1, percebemos não mais tratar-se de diferente série documental, mas de um novo fundo, isto é, de conjunto de documentos de proveniência diferente da FFCL, produzido e acumulado no desempenho das atividades de uma outra entidade. O manejo da documentação proveniente da atual FFLCH nos colocou diante de um conjunto novo de documentos sobre o qual, até aquele momento, a pesquisa contextual empreendida para compreensão do funcionamento e atividades da pregressa Faculdade de Filosofia, nada nos tinha anunciado. Assim, foi no âmbito das atividades profissionais relacionadas à descrição documental que empreendemos a pesquisa inicial, imprescindível ao bom desempenho daquela atividade técnica. Nesse sentido, contatos estabelecidos com outros setores de custódia e pesquisa2, diretamente relacionados à questão, pouco ou nada contribuíram para 1. A partir de 1970, após reforma universitária, a antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) é desmembrada (dando origem a outras Faculdades e Institutos da USP) e passa a denominar-se Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). O Arquivo Geral custodia documentos de ambos os períodos. Buscamos informações e documentos adicionais no Centro de Apoio à Pesquisa em História “Sérgio Buarque de Holanda”, órgão vinculado ao Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciência e Humanas e que há mais de 50 anos se dedica à preservação de documentos relacionados à história da FFLCH e, por conseguinte, da Universidade de São Paulo, auxiliando em pesquisas sobre esta temática, além de alguns funcionários antigos da Faculdade, reconhecidos por seu apreço e conhecimento acerca da história universitária. Estabelecemos contato com o Instituto de Estudos Brasileiros, que também custodia arquivos de antigos docentes da Universidade, com o intuito de encontrar pistas sobre o Colégio Universitário. Buscamos informações no Centro de Memória da Educação, vinculado à Faculdade de Educação, assim como procuramos em algumas bibliotecas informações e documentos adicionais sobre o tema, sabedores de que, não raro, documentos arquivísticos para lá são transferidos. Nesta primeira incursão, os resultados foram inexpressivos. 2. 22.

(24) retraçar os caminhos trilhados pelo Colégio, assim que, foi a partir da leitura atenta dos próprios documentos e por meio das pistas que seu conteúdo, configuração ou marcas de validação nos traziam que buscamos, ou, por vezes, retornamos à legislação condizente ao ensino secundário e superior brasileiro a partir da década de 1930. As leis e decretos deram-nos indicações de que o Colégio Universitário não se vinculava exclusivamente à Faculdade de Filosofia (da qual tínhamos provas documentais), mas também funcionou junto aos demais Institutos Universitários que compunham a estrutura da USP. Durante esta primeira abordagem, buscamos informações adicionais na imprensa da época3 como meio de confirmar sua existência e ampliar o conhecimento que detínhamos. Ainda que isso não tenha sido feito de forma exaustiva, nestes meios evidenciou-se que o Colégio teve vida ativa e proeminente na cidade de São Paulo, já que sua extinção foi lamentada e apontada como retrocesso na educação paulistana. Se a pesquisa inicialmente empreendida4 fora suficiente para suprir a demanda imediata de descrição da parcela documental que fora recolhida ao Arquivo Geral, juntamente com os outros documentos da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, ela ao mesmo tempo apontava a potencial existência de outras partes desse conjunto, alocadas em outras Faculdades, cuja incorporação no processo descritivo extrapolava os muros do AG e, portanto, naquele momento, nossas possibilidades de atuação profissional. Do conhecimento da existência do Colégio até o início dessa pesquisa em nível de mestrado, cinco anos se passaram, ao longo dos quais a dinâmica do trabalho e a incorporação de uma Chefia de Serviço arrefeceram as expectativas 3. Foram consultados (pesquisa on-line): Acervo Estadão, Acervo Folha, Correio Paulistano, Jornal de Notícias e Diário Oficial de São Paulo, período de 1934 a 1960, busca por “Colégio Universitário” e variações de grafia. Na Hemeroteca Digital do Arquivo Nacional (acervo de periódicos) realizamos a busca pela mesma palavra-chave, compreendendo o período de 1934-1950. A pesquisa foi realizada durante o primeiro semestre de 2013 e contou com a participação dos estagiários do AG. 4. Desse processo inicial de pesquisa participaram, além da autora desse trabalho, o servidor técnico que à época atuava junto ao setor de Organização Documental do AG, Edison de Carvalho Macedo, e os estagiários vinculados: Acainã Luiz de Azevedo, Daniela Landini Santos, Helena Akemi Misumi e Pollyana Pereira Marin, aos quais registramos nosso agradecimento.. 23.

(25) iniciais de executar trabalho mais minucioso, ainda que restrito à documentação custodiada no AG, evidenciando a necessidade de fazê-lo em outra esfera.. Colégio Universitário: motivação da pesquisa, objeto e objetivo O Colégio Universitário (1934-1943) foi instituído juntamente com a Universidade de São Paulo (Decreto nº. 6.283, de 25 de janeiro de 1934), sob a denominação de Curso Complementar. Por meio do Decreto nº. 6.430, de 09 de maio de 1934, seu nome foi alterado para Colégio Universitário e foram definidas suas Seções (em número de cinco) e sua finalidade. Com caráter eminentemente propedêutico, pavimentava o caminho do ensino secundário rumo ao superior, alicerçado na reforma educacional empreendida pelo ministro da Educação e Saúde Pública, Francisco Campos, em 1931. Essa Reforma, ao dividir o ensino secundário em dois ciclos, possibilitava ao segundo (Curso Complementar) sua vinculação ao ensino superior (Decreto nº. 19.890, de 18 de abril de 1931). Assim, cada uma das cinco Seções do Colégio Universitário funcionava anexa às Faculdades ou Escolas às quais se destinavam, desfrutando de sua infraestrutura e subordinada aos seus respectivos diretores. A 1ª Seção destinava-se à preparação para as Faculdades de Direito (FD), e FFCL (curso de Filosofia, Ciências Sociais, Geografia e História); a 2ª Seção, aos interessados em adentrar às Faculdades de Medicina (FM), Medicina Veterinária (FMV), Farmácia e Odontologia (FFO), FFCL (curso de Ciências Naturais) e, posteriormente, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ); a 3ª Seção abarcava a Escola Politécnica (EP) e FFCL (cursos de Ciências Matemáticas, Ciências Físicas e Ciências Químicas); a 4ª Seção era exclusiva para acesso à Escola de Professores do Instituto de Educação (IE); e, por fim, a 5ª Seção, destina-se aos candidatos à seção de Letras Clássicas e Modernas da FFCL. O desejo de conhecer mais acerca desta instituição e de retirá-la do local de esquecimento ao qual foi lançada, deu origem à pesquisa em tela.. 24.

(26) Aos motivos elencados, associou-se a inexistência de trabalhos publicados que enfocassem esse Colégio, bem como sua ausência na bibliografia existente acerca da história da USP ou de suas Unidades. Apenas na dissertação de Maryneusa C. Otone e Silva (2006), defendida junto à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, o Colégio Universitário figura em destaque. No entanto, preocupada com a disciplina de Matemática nos Cursos Complementares instituídos pela Reforma Francisco Campos, a autora aborda somente as Seções que continham esta disciplina, deixando de lado a reconstituição de um quadro mais abrangente acerca do funcionamento da instituição. Ao longo da pesquisa encontramos apenas algumas menções à existência do Colégio Universitário, sem qualquer preocupação em explicar seu funcionamento e/ou reconstituir sua trajetória. As efemérides da Universidade de São Paulo foram (e são) comumente exaltadas com eventos festivos e publicação de livros (com caráter institucional), que sob enfoque variado, rememoram sua criação e anos iniciais de funcionamento (CAMPOS, 1954; GOLDEMBERG, 2015; MOTOYAMA, 2006; SANTOS, 1998; WITTER, 2006). Somente no livro de autoria de Ernesto de Souza Campos (1954) o Colégio Universitário é citado, certamente pela proximidade de sua existência em relação à data da edição. À sua ausência na bibliografia acerca da USP, que reverbera no desconhecimento sobre sua existência nos quadros funcionais hoje existentes, se contrapõe a valorização presente em alguns artigos jornalísticos consultados durante a pesquisa empreendida ainda no âmbito do AG, bem como nos relatos de ex-alunos, com os quais nos deparamos ao longo desses anos. Assim, a contar com as informações destes relatos5, e com o que a imprensa noticia nas décadas posteriores à sua extinção, para além de meio de acesso aos cursos superiores da Universidade, o Colégio Universitário se configurou como Em entrevista à Revista Adusp, Antonio Candido afirma: “Esse curso [Curso Complementar] existia em alguns colégios particulares mais importantes, mas o da USP tinha qualidade e prestígio maiores, além de situar o estudante no ambiente universitário, como uma espécie de ensaio geral do curso superior. Graças a ele, não apenas melhorei muito a formação trazida do secundário, mas me abri para o universo da cultura superior” (SOUZA, 1999, p. 33). 5. 25.

(27) instituição de excelência, contribuindo para suprir defasagens do ensino secundário fundamental e para formar alunos aptos à dinâmica e ao espírito do ensino superior, respondendo às expectativas que motivaram sua criação. Além de lugar de formação estudantil e compartilhamento de experiências sociais, também contribuiu como espaço de atuação e prática docente, segundo relata o escritor, ensaísta e professor da FFLCH, Antonio Candido de Mello e Souza em entrevistas concedidas acerca de sua trajetória pessoal e profissional (SOUZA, 1999, 2001). A despeito de sua breve existência (menos de 10 anos), passaram por esta instituição alunos e docentes que alcançaram destaque na cena intelectual brasileira e, por vezes, internacional. Em alguns destes alunos, como a professora emérita da FFLCH, Anita W. Novinsky, o Colégio deixou lembranças marcantes. Em meados de 2016 e 20186, a docente narrou o quão importante foi o Colégio como antecâmara da Universidade, propiciando espaço de convivência social prazerosa e estimulante, oferecendo acesso a conhecimento e a professores de altíssimo nível (informação verbal). No mesmo ano de 2016, em evento promovido pelo Arquivo Geral da USP e o Arquivo Público do Estado de São Paulo, denominado A história da Universidade de São Paulo e a contratação de seus primeiros docentes, Anita Novinsky brindou o público presente com relato emocionado de suas memórias enquanto aluna do referido Colégio. Os relatos de Antonio Candido e Anita Novinsky avivaram o estranhamento acerca do apagamento desta instituição na história da Universidade, tanto naquela veiculada por meio da bibliografia que lhe diz respeito, quanto na que circula na memória de sua comunidade. A que se deve este processo de esquecimento? Thiesen (2013), ao tratar da memória institucional, nos recorda que no processo natural de lembrar e esquecer, as instituições silenciam aquilo que não interessa (ou deixa de interessar) à sua reprodução: 6. Informação fornecida por Anita Novinsky durante o evento A história da Universidade de São Paulo e a contratação de seus primeiros docentes, São Paulo, 2016, e em visita a sua residência, São Paulo, 2018.. 26.

(28) No âmbito da memória institucional, lembrar e esquecer constituem dois momentos de um único e mesmo movimento. Para que determinadas lembranças aflorem, é necessário que outras fiquem adormecidas, contidas, silenciadas ou mesmo esquecidas. A memória é seletiva. A instituição, na medida em que retém o que interessa a sua reprodução, também trabalha por seleção (THIESEN, 2013, p. 90).. Parte do esquecimento do Colégio deve-se, certamente, à falta de interesse da Universidade em reproduzir aquela experiência, pois seu foco estava na manutenção de outra, a do ensino superior. No entanto, não creditamos, exclusivamente, a este mecanismo da memória institucional esta responsabilidade. Afinal, a dispersão de seus documentos e a ausência de instrumentos de pesquisa dificultam (ou inviabilizam) a reconstituição de sua história, atuando, a nosso ver, como corresponsáveis neste processo de apagamento. Ao longo de seu funcionamento, o Colégio Universitário esteve vinculado a oito Unidades de ensino distintas: Escola Politécnica, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Faculdade de Direito, Faculdade de Farmácia e Odontologia, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, Faculdade de Medicina, Faculdade de Medicina Veterinária e Instituto de Educação. Devido a transformações na estrutura universitária, desvinculação de Unidades, desmembramentos, mudanças de prédio e descaso com seus arquivos, no processo de mapeamento e descrição dos documentos percorremos não oito, mas 12 locais de custódia distintos, nove na cidade de São Paulo: Acervo Histórico da Escola Caetano de Campos, Centro de Referência em Educação Mário Covas, Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Professores, Secretaria de Estado da Educação de São Paulo; Arquivo Geral da USP; Escola Politécnica (Setor de Arquivo);. Faculdade. de. Ciências. Farmacêuticas. (FCF). (Assistência. Acadêmica/Centro de Memória); Faculdade de Direito (Seção de Arquivo e Museu); Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (Serviço de Graduação); Faculdade de Medicina (Serviço de Graduação); Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) (Seção de Expediente); Faculdade de Odontologia (FO) (Serviço de Expediente, Protocolo e Arquivo) e três na cidade de Piracicaba: Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Assistência Técnica para Assuntos. 27.

(29) Acadêmicos, Museu e Centro de Ciências, Educação e Artes "Luiz de Queiroz", Seção de Expediente). Foi no intuito de sanar a questão da descentralização e o problema da dispersão do fundo7 Colégio Universitário, e de erigi-lo como fonte para potenciais pesquisas,. que. empreendemos. essa. dissertação.. Assim,. elaboramos. um. Instrumento de Pesquisa8 capaz de recompor, intelectualmente, sua organicidade, ao mesmo tempo em que expõe seu potencial informativo. Nosso trabalho é, sobretudo, um trabalho de metodologia arquivística, no qual propomos um Instrumento de Pesquisa que ancorado no princípio da proveniência – imprescindível à organização de documentos de arquivo -, apresenta inovações descritivas:. associa,. concomitantemente,. descrição. serial. e. individual. dos. documentos; trata a “correspondência” de modo arquivístico, ou seja, nomeia e classifica os tipos documentais que a compõem; cria um Glossário de documentos/Índice de tipos documentais, mas, principalmente, inova com o desenvolvimento do campo conteúdo, que tipifica as informações existentes em cada tipo documental descrito, facilitando, aos pesquisadores, a identificação de conjuntos documentais (séries) que podem responder ou não às suas hipóteses investigativas. Além disso, o Colégio Universitário, pelas características que lhe são inerentes, propicia discussão acerca de dispersão de fundos e da premência da recomposição da organicidade arquivística, para o qual concorrem nosso Plano de Classificação e Instrumento de Pesquisa como um todo. À parte as questões atinentes à Arquivologia, não desconsideramos o contexto rico e complexo no qual este Colégio se insere, tanto no tocante à formação da Universidade de São Paulo, especificamente, mas para a história da educação brasileira.. Fundo é a “unidade constituída pelo conjunto de documentos acumulados por uma entidade que, no arquivo permanente passa a conviver com arquivos de outras [entidades]”. (CAMARGO; BELLOTTO, 2010, p. 51). Enquanto arquivo é o “conjunto de documentos que, independentemente da natureza ou do suporte, são reunidos por acumulação ao longo das atividades de pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas” (CAMARGO; BELLOTTO, 2010, p. 21). 7. 8. Utilizaremos letra maiúscula quando nos referirmos ao Instrumento de Pesquisa que elaboramos.. 28.

(30) Neste sentido, buscamos oferecer fontes novas à pesquisa científica, atentos ao que postula Bellotto ao tratar da política de descrição arquivística: A me ver, entretanto, é para os fundos desconhecidos pelos pesquisadores que a política descritiva deve se voltar prioritariamente. Há o risco de, talvez, não se atingir o real objetivo do trabalho de descrição de fundos documentais – que é principalmente o de atender à demanda. Por outro lado, se a equipe responsável pela descrição aceitar o desafio, estará contribuindo de forma mais útil e eficaz para o avanço da historiografia e, consequentemente, para um maior esclarecimento e melhor entendimento dos procedimentos passados da sociedade à qual se vincula. Esse material ignorado não se faz presente na demanda simplesmente porque os historiadores ignoram seu paradeiro ou até mesmo sua existência. O arquivista não deve perder a oportunidade de fornecer fontes novas, desde que consistentes e substanciosas (BELLOTTO, 2006, p. 222).. A consulta ao nosso Instrumento de Pesquisa evidenciará o quão consistente e substancioso é este fundo. Foram localizados 49 caixas-arquivo, 192 volumes encadernados (com número variado de folhas), 23 pastas (com quantidades distintas. de. documentos). e. um. item. documental,. os. quais. totalizaram,. aproximadamente, 9.000 itens descritos. Visando a elaboração de um Instrumento de Pesquisa, esta dissertação apresenta-se dividida em quatro capítulos. O capítulo 1, denominado O Colégio Universitário da Universidade de São Paulo apresenta, em caráter instrumental, a reconstituição histórica dessa instituição, afinal, para elaboração de um instrumento de pesquisa o entendimento do funcionamento do órgão produtor é imprescindível. Desta feita, buscamos compreender as funções, atividades e as mudanças pelas quais passou esta instituição de ensino, com o intuito de apreendermos sua produção documental. Frisamos que o que se pretendeu foi, tão somente, a reconstituição histórica com viés administrativo/institucional, como subproduto do processo descritivo, e elaborada em paralelo a ele. Para sua composição as principais fontes foram os documentos normativos relacionados ao Colégio Universitário, à USP e à educação secundária brasileira; os relatórios de atividades institucionais (em edição publicada – Anuários - ou não); os próprios documentos descritos; e, secundariamente, pesquisa bibliográfica acerca do contexto histórico geral, com destaque à história da educação. 29.

(31) Salientamos que das funções e atividades resultam as espécies e tipos documentais, que serviram de base para constituição de nossas unidades descritivas (priorizamos séries tipológicas). As mesmas funções e atividades balizaram a classificação, que derivou em nosso Plano de Classificação de Atividades. Assim, que a história administrativa elaborada se constituiu como meio para estes fins, daí seu caráter instrumental. O capítulo 2, denominado Instrumentos de pesquisa em debate, divide-se em três blocos. No primeiro expomos os conceitos de arquivo e de fundo de arquivo e apresentamos. as. especificidades. do. fundo. Colégio. Universitário:. sua. descentralização original e a relação imbricada com as Unidades de ensino da USP. Em seguida, apresentamos os instrumentos de pesquisa consagrados na Arquivologia: guia, inventário e catálogo, e os pontos de contato e de distanciamento em relação ao Instrumento proposto. Discutimos, brevemente, a padronização da descrição arquivística a partir da Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística - ISAD(G) e da Norma Brasileira de Descrição Arquivística - NOBRADE. Por fim, abordamos o tema dos arquivos no contexto da Universidade de São Paulo e o quanto a cultura institucional de respeito à autonomia das diferentes Unidades - questão em debate desde o momento de sua criação – interferiu na produção e acumulação documental do Colégio Universitário. Ao tratar dessa produção, expomos a variação de documentos encontrados dentro da mesma atividade e jogamos luz ao esforço de racionalização empreendido na identificação e nomeação dos tipos documentais. Terminamos este bloco chamando a atenção às inovações metodológicas empreendidas no tratamento da “correspondência”; na criação de um Glossário de documentos/Índice de tipos documentais e, especialmente,. no. desenvolvimento. do. campo. conteúdo,. destaque. dessa. dissertação. No capítulo 3, Elaboração do Instrumento de Pesquisa, descrevemos, no primeiro bloco, o processo de mapeamento e acesso aos 12 locais de custódia encontrados, desde o contato inicial com os servidores responsáveis, até a conclusão do processo descritivo.. 30.

(32) No segundo bloco, abordamos a metodologia de descrição em si. Destacamos a pesquisa contextual empreendida e seus resultados: a história administrativa/institucional (presente no capítulo 1) e o Plano de Classificação das Atividades. Passamos pela elaboração da Ficha de Descrição - e a padronização no preenchimento de todos os seus campos - e finalizamos sublinhando o controle de vocabulário empreendido. Para elaboração dos capítulos 2 e 3, às fontes normativas e bibliográficas já citadas para elaboração do capítulo 1, aliou-se a revisão de artigos e livros referentes à teoria arquivística, de modo geral, e à elaboração de instrumentos de pesquisa, em particular. Denominado O Arquivo do Colégio Universitário da USP: um Instrumento de Pesquisa, o capítulo 4 é o próprio Instrumento de Pesquisa proposto. Ele é antecedido por orientações gerais sobre seu uso e pelo Plano de Classificação das Atividades. do. Colégio. Universitário,. e. é. sucedido. pelo. Glossário. de. documentos/Índice de tipos documentais, Índice dos tipos de informação constante nos documentos, Índice onomástico, Índice de disciplinas, Índice de instituições e Índice de legislação. No Glossário definimos os 39 documentos9 encontrados e apontamos os 131 tipos documentais descritos. Por englobar um índice, indicamos a notação de localização no Instrumento de Pesquisa, facilitando a recuperação das informações contidas nos documentos. Os demais índices, como o próprio nome indica, recuperam o tipo de informação presente no campo conteúdo, nomes de pessoas10, nomes de disciplinas, nomes de instituições e a legislação constante dos documentos.. 9. Esclarecemos que por documento entendemos espécies documentais, algumas vezes nomeadas por seus formatos. 10. Optamos por não recuperar os nomes dos alunos presente nos documentos, pois isso avolumaria em demasia nosso Instrumento de Pesquisa e, consequentemente, nosso Índice onomástico, além de demandar tempo maior do que dispúnhamos para o trabalho de campo. No entanto, a partir da tipificação das informações no campo conteúdo e do Índice dos tipos de informação constante nos documentos, caso o interesse seja o corpo discente, o pesquisador saberá, facilmente, quais séries documentais deve buscar.. 31.

(33) O Instrumento de Pesquisa reúne 202 séries e cerca de 9.000 itens documentais. Encerramos o trabalho com as Considerações Finais e com indicações, ao pesquisador, do Potencial Informativo do fundo Colégio Universitário. Por fim, anexamos oito imagens de documentos descritos, com a indicação da série, notação e local de custódia respectivos.. 32.

(34) 1 O COLÉGIO UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Neste capítulo procuramos reconstituir a história institucional e administrativa do Colégio Universitário, com base, sobretudo, na legislação (relacionada ao Colégio, à USP e à educação secundária brasileira); nos relatórios de atividades institucionais (em edição publicada – Anuários - ou não); nos próprios documentos descritos; e, secundariamente, em pesquisa bibliográfica acerca da Universidade de São Paulo e do contexto histórico geral. Para o trabalho arquivístico11 o conhecimento acerca do organismo produtor dos documentos é imprescindível e “para conhecer e entender o sujeito criador de arquivo é necessário o desenvolvimento de uma pesquisa histórica de natureza instrumental que analise o sujeito na sua individualidade e no contexto de sua existência” (SOUSA, 2009, p. 143, grifo nosso). Foi esta pesquisa histórica de caráter estritamente instrumental que visamos neste trabalho, assim, ela se fez para que pudéssemos compreender os documentos em seu contexto de criação e, a partir dessa compreensão, elaborarmos nosso Plano de Classificação das Atividades e Instrumento de Pesquisa como um todo. Sem o conhecimento do funcionamento, competências e transformações pelas quais o Colégio Universitário passou, não lograríamos reestabelecer a organicidade12 de seu arquivo. Sigamos com a história institucional do Colégio Universitário. Por meio do Decreto Estadual nº. 6.283, de 25 de janeiro de 1934, foi instituída a Universidade de São Paulo. Fruto dos anseios da elite intelectual paulista, reunia, em torno da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, institutos superiores pré-existentes: Escola Politécnica, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Faculdade de Direito, 11. A Arquivística é a disciplina que se ocupa da teoria, metodologia e prática relativa aos arquivos. O trabalho arquivístico, portanto, é aquele que se realiza sobre documentos de arquivo visando sua organização (classificação e ordenação), avaliação, descrição e difusão. A organicidade arquivística é a “qualidade segundo a qual os arquivos refletem a estrutura, funções e atividades da entidade acumuladora em suas relações internas e externas” (CAMARGO; BELLOTTO, 2010, p. 65), dito de outro modo, é a relação dos documentos com o produtor, dos documentos entre si e com a atividade que lhes deu origem. 12. 33.

(35) Faculdade de Farmácia e Odontologia, Faculdade de Medicina, Faculdade de Medicina Veterinária e Instituto de Educação. Foram criados, também, o Instituto de Ciências Econômicas e Comerciais e a Escola de Belas Artes, ambos a serem instalados pelo governo do Estado em momento oportuno (o que só viria a ocorrer, com alteração de nomes e atribuições, anos depois). No artigo 14º do mesmo Decreto foi criado o Curso Complementar, reflexo da Reforma Educacional de 1931.. 1.1 Da Reforma Francisco Campos a curso anexo à Universidade de São Paulo. A criação do Ministério da Educação e Saúde Pública, em 1930, enseja disputa em torno dos rumos da educação nacional. Neste contexto, surgem o Conselho Nacional de Educação e os decretos concernentes ao ensino secundário e universitário que compõem a denominada Reforma Francisco Campos13. O discurso e a prática constitutivas do período entendem a escola secundária e superior como instituições inseparáveis14, estando a primeira em relação de dependência frente à segunda. Na tônica da campanha educacional empreendida em São Paulo e que culminou na emergência da USP, o ensino secundário talharia a classe média ao mesmo tempo em que aplainaria o terreno que conduziria à formação de nossa elite. 13. A Reforma Francisco Campos contemplou os ensinos secundário, superior e comercial (profissionalizante) e é constituída pelos seguintes decretos: Decreto nº. 19.850, de 11 de abril de 1931, que criou o Conselho Nacional de Educação; Decreto nº. 19.851, de 11 de abril de 1931, que dispôs sobre a organização do ensino superior, instituindo o Estatuto das Universidades Brasileiras; Decreto nº. 19.852, de 11 de abril de 1931, que dispôs sobre a organização da Universidade do Rio de Janeiro; Decreto nº. 19.890, de 18 de abril de 1931, que dispõe sobre a organização do ensino secundário; Decreto nº. 20.158, de 30 de junho de 1931, que organizou o ensino comercial; Decreto nº. 21.241, de 14 de abril de 1932, consolidando as disposições sobre a estruturação do ensino secundário. Francisco Campos foi Ministro da Educação e Saúde Pública de 1930 a 1934. 14. Como prova da articulação que se queria entre o ensino secundário e superior nos idos dos anos 1920-30, pode ser apontado o Inquérito sobre a Instrução Pública de 1926, promovido pelo jornal O Estado de São Paulo, sob coordenação de Fernando de Azevedo. O questionário dividia-se em três partes, a terceira das quais se denominava “ensino secundário e superior”, expondo a relação imbricada entre ambos (BONTEMPI JÚNIOR, 2015).. 34.

(36) intelectual e política (formação a ser engendrada no seio da Universidade de São Paulo). No primeiro Anuário publicado pela Universidade de São Paulo, relativo aos anos de 1934 e 1935, há texto introdutório no qual se justifica a constituição da Universidade aliada ao objetivo de formação das elites intelectuais e de promoção da cultura livre e desinteressada. Neste mesmo texto, o Colégio Universitário é citado como parte necessária à consecução desse objetivo: Não há quem não reconheça a insuficiência e precariedade do ensino secundário, que ainda constitui, no país, um grave problema a resolver, - e problema da mais alta importância, já por ser uma questão a que se predem intimamente a formação da classe média e a organização de um melhor sistema de seleção e circulação das elites, já porque, propondo-se a desenvolver em extensão e profundidade a cultura geral, é o ensino secundário o alicerce em que se erguem as instituições universitárias, destinadas à formação das elites. Ficou criado, por isto, nos termos da lei federal, o curso complementar de dois anos, que os Estatutos da Universidade dividiram em cinco seções, anexando esse curso à Universidade de São Paulo, sob a denominação de Colégio Universitário (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 1936a, p. 17).. Deste modo, podemos situar o Colégio Universitário da USP na corrente que enxerga este nível de ensino como antecâmara do ensino superior, em função do qual deveria se organizar. Em consonância com o pressuposto na Reforma Francisco Campos do ensino secundário, as disciplinas ministradas seriam aquelas que mais de perto se adequassem (e auxiliassem) aos estudos superiores subsequentes, configurando assim, curso de caráter eminentemente propedêutico. É preciso salientar que a Reforma Francisco Campos do ensino secundário, realizada em 18 de abril de 1931 por meio do Decreto nº. 19.890, consolidada pelo Decreto nº. 21.241, de 04 de abril de 1932, foi pioneira por sua abrangência nacional e imprimiu organicidade a este nível de ensino ao estabelecer os programas das disciplinas, a forma de avaliação discente e a frequência mínima obrigatória às aulas (de 75%). Além disso, sancionou ano letivo regular de março a novembro, bem como a duração de cada aula (50 minutos), tempo de intervalo entre disciplinas (10 minutos), duração mínima (20h) e máxima (28h) de aulas semanais etc. A determinação das matérias a serem ministradas em cada ano do ensino secundário, bem como a obrigatoriedade das instituições educacionais seguirem os 35.

(37) programas e métodos de ensino expedidos pelo recém-criado Ministério de Educação e Saúde Pública, com previsão de submissão de suas propostas de revisão à Congregação do Colégio Pedro II15, colocado como parâmetro, evidenciam a tentativa de homogeneização do ensino secundário e de centralização políticoadministrativa do novo Ministério de Educação. Vale lembrar que anteriormente os alunos poderiam frequentar cursos preparatórios e prestar exames parcelados com vistas à aprovação em determinada disciplina, sem necessidade de assistirem às aulas regulares. Quanto a isso Nagle assevera: Durante todo o período [de 1889 a 1930] verifica-se um esforço legal que traduz uma constante aspiração no sentido de retirar da escola secundária o seu caráter de um curso de preparatórios, e assim transformá-la numa escola verdadeiramente formativa (NAGLE, 1985, p. 278).. A Reforma Francisco Campos divide o ensino secundário em dois ciclos: o fundamental16, com duração de cinco anos, e o Curso Complementar, com duração de dois anos. Alçado a pré-requisito para o ensino superior, o Curso Complementar dividiase em áreas de interesse: Direito; Medicina, Farmácia e Odontologia; Engenharia e Arquitetura, havendo previsão para um quarto programa, a ser definido pelas Faculdades de Educação, Ciências e Letras. No mesmo ano de 1931, dias antes da reforma do ensino secundário, foi sancionado o estatuto das universidades brasileiras (Decreto nº. 19.851, de 11 de abril de 1931), pressupondo a congregação de no mínimo três destes institutos de nível superior para composição de uma universidade: Faculdade de Direito, Faculdade de Medicina, Escola de Engenharia e Faculdade de Educação, Ciências e Letras. Diante da recente previsão de criação da Faculdade de Educação, Ciências e Letras e, portanto, da inexistência de licenciados aptos a exercerem o magistério em 15. Criado em 1837, no Rio de Janeiro, o Colégio de Pedro II tinha por foco o ensino secundário. No período Republicano sofreu alterações em seu nome e estrutura, voltando a denominar-se Colégio Pedro II (sem o “de”) em 1911. Desde sua origem foi erigido como padrão deste nível de ensino. Para maiores informações sobre este Colégio ver Haidar (2008). 16. Para acesso à série inicial do ciclo fundamental, o aluno deveria ter idade mínima de 11 anos e ser aprovado em exame de admissão.. 36.

(38) instituições secundárias oficiais, foi permitido que os Cursos Complementares fossem mantidos como anexos aos institutos superiores oficiais ou equiparados (Decreto nº. 19.890, de 18 de abril de 1931), podendo inclusive dispor do mesmo corpo docente. Foi este mecanismo de adaptação à realidade educacional brasileira - que ainda não dispunha de Faculdades de Filosofia e, portanto, de professores para o nível secundário - que permitiu, anos depois, que o Colégio Universitário da Universidade de São Paulo pudesse se estabelecer em meio à recém-criada Universidade, gozando de sua infraestrutura e recursos. Em 25 de janeiro de 1934, o Decreto nº. 6.283 institui a Universidade de São Paulo e, em seu artigo 14º, cria o Curso Complementar anexo à Faculdade de Filosofia: Art. 14º - Fica criado, nos termos da lei federal, o curso complementar, do ensino secundário de 2 anos anexo à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, destinado a preparação dos candidatos aos seus respectivos cursos, bem como aos das Faculdades e Escolas que compõem a Universidade. Parágrafo 1º - Só poderão se inscrever na 1ª série do curso, como no curso complementar pré-pedagógico do Instituto de Educação alunos diplomados pelo curso ginasial fundamental, em estabelecimentos oficiais, ou fiscalizados. Parágrafo 2º - Se o número de candidatos a matrícula for superior ao de vagas, far-se-á entre eles concurso de provas (SÃO PAULO, 1934a).. Neste trecho fica evidente que o Curso Complementar da USP fora inicialmente projetado para funcionar, de modo centralizado, junto à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, que prepararia os alunos para todos os demais institutos superiores componentes da USP, à exceção do Instituto de Educação, o qual disporia de Curso Complementar próprio. No entanto, no mesmo ano, por meio do Decreto nº. 6.430, de 09 de maio de 1934, o Interventor Federal do Estado de São Paulo, Armando de Salles Oliveira, organiza o Curso Complementar da Universidade de São Paulo em cinco Seções e altera sua denominação para Colégio Universitário. Anexando as referidas Seções às Faculdades e Escolas às quais se destinariam, subordinadas aos seus respectivos diretores. Creditamos a mudança de um curso único, centralizado na Faculdade de Filosofia, para um curso subdivido em Seções vinculadas às respectivas Faculdades 37.

(39) e Escolas, à falta de infraestrutura predial e de recursos humanos com que a FFCL foi erigida. É sabido que esta Faculdade, durante seus primeiros anos de existência, não dispunha de prédio próprio para execução de suas atividades, dependendo da estrutura física e da boa vontade de suas “irmãs mais velhas” para seu funcionamento, o que culminou em diversos atritos entre elas e em episódios de expulsão da FFCL. A partir de maio de 1934 o Colégio Universitário se organiza em cinco Seções. A 1ª Seção, de filosofia, ciências sociais e auxiliares, destinava-se à preparação para os cursos de Direito, Filosofia, Ciências Sociais, Geografia e História. A 2ª Seção, de ciências químicas e naturais, destinava-se aos interessados em adentrar aos cursos de Medicina, Medicina Veterinária, Farmácia e Odontologia e para a seção de Ciências Naturais da recém-criada Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. A 3ª Seção, de ciências físicas e matemáticas, abarcava os cursos da Escola Politécnica e os cursos de Ciências Matemáticas, Ciências Físicas e Ciências Químicas da FFCL. A 4ª Seção, de ciências e educação, era exclusiva para acesso ao curso de Formação de Professores Primários do Instituto de Educação, e, por fim, a 5ª Seção, de letras, destina-se aos candidatos à seção de Letras Clássicas e Modernas da Faculdade de Filosofia. As Seções do Colégio utilizavam o corpo administrativo das Faculdades e Escolas às quais se vinculavam e deveriam responder diretamente aos diretores respectivos.. Questões. não. solucionadas. por. estes. ou. acima. de. responsabilidades seriam submetidas às discussões do Conselho Universitário.. 38. suas.

(40) Cada Seção poderia dispor de, no máximo, duas turmas por série (com até 80 alunos17) e os professores catedráticos deveriam ministrar no mínimo 12 e no máximo 18 aulas semanais. Nos Institutos de ensino superior que acomodaram alunos da FFCL, de modo geral, as segundas turmas (denominadas, muitas vezes “turmas desdobradas”) eram destinadas a eles, caso das Faculdades de Direito, de Medicina e da Escola Politécnica. Para ingressar no Colégio o aluno deveria ter concluído a 5ª série ginasial e, caso o número de candidatos superasse o de vagas, ser aprovado em exame de seleção. Para garantir direitos pregressos de alunos (estabelecidos em outras normativas) e atendendo às solicitações das Faculdades e Escolas que já dispunham de curso preparatório anterior ao Colégio Universitário, o mesmo decreto (Decreto nº. 6.430, de 09 de maio de 1934) previa variáveis no processo de ingresso tanto ao Colégio quanto aos cursos superiores da USP. Assim, os alunos que tivessem concluído a 5ª série ginasial até 1935, poderiam se candidatar, até o ano de 1937, a ingresso nos cursos superiores da Faculdade de Direito e Faculdade de Filosofia, estando sua entrada condicionada, tão somente, à aprovação em exame vestibular.18 No caso da EP e FM, como já possuíam em 1934 curso preparatório ao ensino superior, até 1937 foi dada a possibilidade aos candidatos (que houvessem. 17. Apesar das normativas estabelecerem o número máximo de alunos por turma, outras questões concorreram para os números reais verificados, entre elas o espaço disponível, a demanda pelas respectivas séries, os parâmetros federais ou pressões do Conselho Universitário da Universidade. Encontramos, inclusive, decreto específico regulando o número de alunos em cada série do Colégio para a FM e ESALQ (Decreto nº. 10.997, de 19 de março de 1940). A denominação “exame vestibular” foi instituída a partir de reforma educacional datada de 1915 (CUNHA, 2011). No entanto, na documentação que pesquisamos (1934-1944), encontramos para identificar o processo de seleção para o curso superior tanto a denominação exame vestibular, quanto concurso de habilitação. 18. 39.

(41) concluído o ginásio até 1935) concorrerem, juntamente com os alunos aprovados na primeira série do Colégio, às vagas da segunda série.19 Como no Instituto de Educação também havia um Curso Complementar prépedagógico, foi realizado concurso entre os alunos já matriculados (afinal já estávamos em maio de 1934), para que 80 deles pudessem ser transferidos para a segunda série do Colégio, permanecendo os reprovados na primeira série. O mesmo ocorreu junto à Faculdade de Direito, com a diferença de que nela foram admitidos 160 alunos à segunda série. Já na EP, o curso preliminar de 1934 foi considerado como equivalente a 2ª série. A partir de 1938, supostamente nenhum candidato aos cursos superiores da USP poderia nela adentrar sem que tivesse concluído o Colégio Universitário ou Curso Complementar equivalente. No entanto, a contar com o novo regulamento da FFCL baixado em julho de 1941, esta prerrogativa foi estendida, ao menos nesta Faculdade, até o ano de 1940, prazo máximo em que o curso secundário fundamental (ginásio) ainda daria direito ao exame vestibular, a partir desde ano, além desse curso o aluno precisaria ter cursado, obrigatoriamente, o Curso Complementar (Decreto nº. 12.038, de 1º de julho de 1941). Os diplomas (certificados) dos alunos concluintes do Colégio Universitário eram expedidos pelos respectivos diretores das Faculdades e Escolas e autenticados pelo reitor da USP. O mesmo decreto que institui o Colégio Universitário extingue o curso prémédico da Faculdade de Medicina e o pré-pedagógico, que se destinava à Escola de Professores do Instituto de Educação. Em seguida, com base no Decreto nº. 6.430, de 09 de maio de 1934, apresentamos quadro com os currículos das diferentes Seções do Colégio Universitário:. 19. O Decreto nº. 6.829, de 30 de novembro de 1934, insere mais uma variante para a 2ª e 3ª Seção (revigorada pelo Decreto nº. 7.320, de 05 de julho de 1935): os alunos que desejassem ingressar na segunda série do Colégio prestariam os exames escritos e orais de seleção e as vagas seriam distribuídas, em ordem de classificação, entre os aprovados no referido exame e os alunos que cursaram o primeiro ano do Colégio, usando para estes últimos suas médias de aprovação.. 40.

(42) Quadro 1 – Currículo das diferentes Seções do Colégio Universitário 1ª Seção. 2ª Seção. 3ª Seção Disciplinas. 4ª Seção. 5ª Seção. Latim. Alemão ou inglês. Matemática. Inglês. Italiano. História da Literatura. Matemática. Física. Matemática. Francês Alemão ou Inglês Latim. Série. Biologia Geral. Física. Química. Biologia Humana. Psicologia. Química (inorgânica). História Natural. Psicologia. História da Civilização. História Natural (Zoologia). Psicologia. 1ª. História Natural (Botânica) Psicologia. Geografia e Cosmografia Desenho. Latim. Alemão ou Inglês. Matemática. Inglês. Italiano. História da Literatura. Física. Física. Biologia Geral. Francês. Lógica. Química (orgânica). Higiene. Alemão ou Inglês. História da Filosofia. Biologia Geral. Química História Natural (Mineralogia e Geologia). Psicologia. Latim. Geografia e Cosmografia. Lógica. Lógica. Lógica. Literatura. Economia e Estatística. 2ª. Literatura Desenho. História da Língua Portuguesa. Sociologia História da (Linguística e Higiene Literatura Sociologia Sociologia Estética) Sociologia Desenho Desenho Desenho Fonte: elaborado pela autora com base no Decreto nº. 6.430, de 09 de maio de 1934.. Um mês depois da publicação do Decreto nº. 6.430, o Decreto nº. 6.515, datado de 27 de junho de 1934, introduz algumas modificações no Colégio Universitário. Seu fim propedêutico fica ainda mais evidente: Art. 1º - O Colégio Universitário, criado pelo decreto n.º 6.283, de 25 de janeiro de 1934, tem por fim completar a educação secundária dos candidatos aos Institutos Universitários e orientá-los na direção das escolas a que se destinam (SÃO PAULO, 1934c).. A Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, esquecida no Decreto anterior figura neste novo: “Junto à Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’,. 41.

(43) funcionará oportunamente uma seção adaptada ao respectivo Instituto” (SÃO PAULO, 1934c). Como nos demais Institutos Superiores, até 1937, os alunos que tivessem concluído o ginásio até 1935 poderiam prestar exame vestibular para acesso ao primeiro ano do curso superior da ESALQ. Aqueles que fossem aprovados em exame vestibular, mas que ficassem além das vagas existentes20, teriam a possibilidade de matrícula na 2ª série do Colégio. A inserção da ESALQ neste segundo decreto resulta de solicitação de sua Congregação, que ao tomar conhecimento da criação do Colégio Universitário nos demais Institutos de ensino superior da Universidade, questiona a ausência da Escola. Em ata da reunião da Congregação datada de 17 de maio de 1934 21, esteve em pauta um abaixo-assinado dos professores no qual solicitavam a criação de uma 6ª Seção do Colégio Universitário. Durante a reunião, debatem os favoráveis e contrários a esta medida, vencendo aqueles que defendem a necessidade de criação do Colégio Universitário na ESALQ, entendido, naquele momento, como um modo de alinhar-se/aproximar-se à Universidade. Em reunião do Conselho Universitário, transcrita por Ernesto de Souza Campos, datada de 06 de junho de 1934, o professor representante da ESALQ comunica ao Conselho que o corpo docente da Escola enviará oficio ao Secretário da Agricultura (a quem a Escola ainda estava vinculada naquele momento), “[...] solicitando providências no sentido de ser criada, anexada a mesma Escola, uma 6ª seção daquele Colégio” (CAMPOS, 1954, p. 121). No entanto, será somente em novembro de 1934, com a entrada em vigor do Regulamento do Colégio Universitário (Decreto n.º 6.829, de 30 de novembro de 1934) que a ESALQ terá Seção definida, a 2ª Seção. Os Decretos nº. 6.515 e nº. 6.829 promovem algumas alterações nas disciplinas propostas para cada Seção e série. Destacamos no quadro abaixo somente as Seções que passaram por alguma alteração, privilegiando as últimas alterações havidas, ou seja, as do Decreto nº. 6.829: 20. Desta possibilidade depreende-se que o exame vestibular à época estabelecia uma nota mínima para aprovação, independentemente do número de vagas existente no curso superior. Assim, os melhores classificados lograriam a vaga, enquanto restariam outros tantos aprovados, porém não classificados. 21. Livro de atas das reuniões da Congregação de 03/04/1934 a 04/05/1936. Consultado na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” em fevereiro de 2018.. 42.

Referências

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