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O trabalho da mulher e a sobrecarga emocional

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Academic year: 2021

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GRANDE DO SUL

JAQUELINE DUARTE TAVARES

O TRABALHO DA MULHER E A SOBRECARGA EMOCIONAL

Três Passos (RS) 2019

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JAQUELINE DUARTE TAVARES

O TRABALHO DA MULHER E A SOBRECARGA EMOCIONAL

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Trabalho de Curso - TCC.

UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS- Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientadora: MSc. Nelci Lurdes Gayeski Meneguzzi

Três Passos (RS) 2019

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Dedico este trabalho à minha família, pelo incentivo, apoio e confiança em mim depositados durante toda a minha jornada.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, a cima de tudo, pela minha vida, por ter me dado força e coragem para prosseguir, enfrentando as dificuldades e nunca desistir.

À minha família, que sempre esteve presente e me incentivou com apoio e confiança nas batalhas da vida e com quem aprendi que os desafios são as molas propulsoras para a evolução e o desenvolvimento, e pelo esforço em me proporcionar a oportunidade de cursar a faculdade de direito.

À minha orientadora Nelci, com quem eu tive o privilégio de conviver e contar com sua dedicação e disponibilidade, me guiando pelos caminhos do conhecimento.

Aos meus amigos, que colaboraram sempre com boa vontade e generosidade, enriquecendo o meu aprendizado.

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“o direito deve ser um ativo promotor de mudança social tanto no domínio material como no da cultura e das mentalidades.” Boaventura de Sousa Santos

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acesso da mulher ao mercado de trabalho, a fim de propiciar uma investigação em busca da construção de alternativas que possam mostrar o quanto a mulher é merecedora de todos os direitos adquiridos pelo grande passado histórico. Analisa o ápice das lutas por reconhecimento até os dias atuais. Aborda a questão da sobrecarga emocional da mulher em razão da dupla jornada de trabalho feminino. Estuda como toda essa sobrecarga e dupla jornada de trabalho podem ser prejudicais a saúde mental da mulher que sofre com esse problema. Investiga o perfil e a postura da família e também no ambiente de trabalho da mulher trabalhadora. Finaliza concluindo que se devem priorizar todos os direitos das mulheres que estão no ambiente de trabalho e acima de tudo, merecem ajuda necessária de seus companheiros para poder vencer todos os desafios sendo mãe, empregada, dona do lar. Utilizou-se do método hipotético dedutivo para a realização da pesquisa, assim como através de documentação indireta.

Palavras-Chave: Direito do Trabalho. Dupla jornada. Mercado de trabalho. Mulher. Sobrecarga emocional.

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The present work of course completion analyzes the first notions of women's access to the labor market in order to provide an investigation in search of the construction of alternatives that can show how much women deserve all the rights acquired by the great historical past. It analyzes the apex of the struggles for recognition to the present day. It addresses the issue of the emotional overload of women because of the double working day of women. She studies how all this overload and double working hours can be harmful to the mental health of the woman who suffers from this problem. It investigates the profile and posture of the family and also in the work environment of the working woman. She ends by concluding that all the rights of women in the work environment must be prioritized and, above all, deserve the necessary help from their companions in order to overcome all the challenges of being a mother, maid, mistress of the home. The deductive hypothetical method was used to carry out the research, as well as through indirect documentation.

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1 A MULHER E O ACESSO AO MERCADO DE TRABALHO ... 10

1.1 O trabalho da mulher antes da Constituição Federal de 1988 ... 11

1.2 O trabalho da mulher pós Constituição Federal de 1988 ... 16

1.3 A posição do trabalho feminino na atualidade ... 20

2 SOBRECARGA DE TRABALHO DA MULHER ... 24

2.1 Conceito e delimitação da sobrecarga ... 24

2.2 Trabalho e família: desafios atuais da mulher ... 30

2.3 Reflexos na saúde da mulher ... 36

CONCLUSÃO ... 41

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho aponta um estudo acerca das primeiras noções sobre os movimentos feministas, a fim de efetuar uma averiguação em busca da construção de uma sociedade ideal para a mulher que há muito tempo tem esse desejo de igualdade. Essa indagação é indispensável face à crescente insatisfação coletiva em relação à mulher trabalhadora ao longo dos anos, onde o homem sempre foi chamado de sujeito singular da história. No entanto, constata-se que essa tarefa não é nada fácil observando o passado.

Para a realização deste trabalho foram efetuadas pesquisas bibliográficas e por meio eletrônico na forma de artigos, a fim de enriquecer a coleta de informações e permitir um aprofundamento no estudo da mulher no mercado de trabalho, revelar a importância delas na construção das relações sociais e apontar novas perspectivas para essa problemática que, apesar dos avanços há muito que se discutir e mudar.

Inicialmente, no primeiro capítulo foi feita uma abordagem acerca do acesso da mulher ao mercado de trabalho, buscando trazer várias conquistas significativas que foram adquiridas ao longo dos tempos. Deve-se destacar a importância do dia 8 de março de 1857, data em que os movimentos feministas iniciaram todo um processo de busca pela igualdade de direitos, o direito ao voto que talvez tenha sido o ápice de tudo. Também são analisadas algumas das primeiras legislações que trataram sobre o assunto.

No segundo capítulo é analisada mais profundamente a sobrecarga emocional da mulher, seu conceito, reflexos na saúde da mulher. Também são analisados o papel do homem em meio a toda essa carga excessiva e como envolve o trabalho e a família nas relações sociais da mulher trabalhadora. A fim de demonstrar que há muito se vem buscando alternativas de a mulher ser mais valorizada no mercado de trabalho, não só nesse sentido,

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saúde.

Ademais, sempre foram taxadas de sexo frágil, incumbidas exclusivamente a reprodução, entretanto essas classificações não simbolizam a verdade das mulheres, uma vez que em quase todos os lares as mulheres desempenham papéis de multitarefas, sendo responsáveis pelos filhos e pelos serviços domésticos, consequentemente gerando a tão comentada sobrecarga de trabalho, grande desafio enfrentado por elas na atualidade.

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1 A MULHER E O ACESSO AO MERCADO DE TRABALHO

Historicamente, as mulheres lutam por espaço e igualdade de direitos há séculos, desde os primórdios já havia mulheres que se destacavam por buscar seus direitos. Foi longa a história de lutas para se chegar ao estágio que ainda não é considerado obviamente o melhor, mas que já representa um marco importante de avanço. É importante conhecer os fatos ocorridos no curso do tempo que levaram as conquistas relevantes à mulher, os principais avanços são bastante recentes e pode-se destacar como marco histórico decisivo o direito ao voto feminino.

Dentre os direitos das mulheres, fica difícil de poder datar exatamente quando começa essa luta, mas é evidente que temos o início dos movimentos feministas, ou seja, o movimento que luta pela igualdade de gênero, o direito entre os sexos, pode-se ver expressões desse movimento ao longo da história.

Observa-se um aumento de mulheres no mercado de trabalho, principalmente em cargos iniciais das companhias, empresas, e demais serviços, porém, diferente dos homens, que hoje ocupam os maiores cargos, também vemos no plano de carreira, diferenças entre homens e mulheres. As mulheres possuem uma formação melhor, maior nível de escolaridade, porém acabam por trabalhar pelo menos 4h a mais, ganhando menos. Começa-se a vislumbrar o ingresso no mercado de trabalho na década de 60, porém, continua a ter esComeça-se déficit de mulheres no topo das companhias.

Nesse sentido, a luta já é antiga, quando se olha para os direitos adquiridos de conquistas principalmente pelas lutas das mulheres junto aos sindicatos, para que pudessem ter igualdade, percebe-se que houve muitos avanços em muitos aspectos, mas há ainda uma grande necessidade de continuar lutando para se chegar a um caminho ainda melhor.

A quantidade de mulheres na força de trabalho hoje quase que se iguala ao homem, em nosso país, a quantidade também os supera e as mulheres querem construir uma carreira, pois, estudam mais, possuem mais habilidade para algumas atividades e então precisam que a fala que vem dos poderes seja diferente, ou seja, que a fala seja inclusiva.

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1.1 O trabalho da mulher antes da Constituição Federal de 1988

A história de luta das mulheres por direitos trabalhistas tem grande relevância na década de 30 durante a segunda guerra mundial, quando homens deixaram suas casas e foram para os campos de batalha, então as mulheres também tiveram que sair de suas casas, porém elas foram para as indústrias trabalhar, era a vez das mulheres ingressarem no mercado de trabalho, mesmo que temporariamente. Assim que acabou a guerra, os homens retornaram para casa e também aos postos de trabalho, as mulheres então, retornaram a ser donas de casa. A vista disso foi nessa época que elas pedem o direito de trabalhar e poder ajudar nas despesas de casa.

Conforme relata Cecil Jeanine Albert Zinani (2016, p. 35)

As guerras tiveram um papel relevante, na medida em que direcionaram as mulheres para as linhas de produção industrial, desconstruindo conceitos básicos e naturalizados, referentes à divisão do trabalho, uma vez que elas assumiram tarefas masculinas tradicionais. No entanto, o que poderia ter-se tornado um avanço não passou de mero ensaio, uma vez que, findo o conflito, as mulheres retornaram para o lar.

Pode-se perceber que as mulheres sempre lutaram por seus direitos, seguido de diversos movimentos sociais. O primeiro a se consagrar enquanto movimento foi o feminista, o qual tem indícios de que seu início esteja relacionado à Revolução Francesa. Neste período a mulher lutava por liberdade, igualdade e busca por seus direitos, porém, os líderes da Revolução Francesa queriam acabar com suas ideias, pois compreendiam que seu lugar era em casa, cuidando da família, servindo apenas para seu marido, ou seja, por serem mulheres, o papel era definido desde o berço, a expectativa da sociedade era que as mesmas se tornassem mães, esposas, donas do lar.

O movimento feminista foi marcado por 3 relevantes ondas, a primeira ocorrida durante o século XIX e ao fim do século XX, tinha como principal enfoque a busca por ascensão de igualdade de direitos contratuais e de propriedade, assim como direito ao voto e contra a discriminação das mulheres, conforme esclarece as autoras Martha Giudice Narvaz e Sílvia Helena Koller (2006, p. 03):

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A primeira geração (ou primeira onda do feminismo) representa o surgimento do movimento feminista, que nasceu como movimento liberal de luta das mulheres pela igualdade de direitos civis, políticos e educativos, direitos que eram reservados apenas aos homens. O movimento sufragista (que se estruturou na Inglaterra, na França, nos Estados Unidos e na Espanha) teve fundamental importância nessa fase de surgimento do feminismo. O objetivo do movimento feminista, nessa época, era a luta contra a discriminação das mulheres e pela garantia de direitos, inclusive do direito ao voto. Inscreve-se nesta primeira fase a denúncia da opressão à mulher imposta pelo patriarcado.

A segunda onda ocorreu em meados dos anos 60 a 80, enfatizavam ainda mais o direito a igualdade, pedindo então a valorização entre homens para com as mulheres, e por fim a terceira onda que inicia por volta dos anos 90, com foco em sexualidade e gênero.

Acerca do movimento feminista Zinani (2016, p.36) pontua que:

[...] O feminismo confere às mulheres uma identidade política capaz de identificar práticas discursivas e sociais mantenedoras do status quo e a possibilidade de subvertê-las, facultando a intervenção não apenas no universo acadêmico, como também na sociedade em geral. A diferença, enquanto perspectiva epistemológica, representa uma das bases da teoria crítica feminista. Historicamente, o movimento feminista foi subdividido em ―ondas‖. A Primeira Onda Feminista corresponde às primeiras manifestações até o movimento das sufragistas, nas primeiras décadas do século XX.

Ao lembrar-se do passado de grandes lutas, impossível não recordar-se do dia 8 de março de 1857, onde operárias de uma fábrica de tecidos na cidade de Nova York, Estados Unidos da América, revoltaram-se contra as péssimas condições de trabalho a qual eram submetidas, então iniciaram uma reivindicação por melhores condições, especificamente, redução na carga diária para 10 horas, visto que eram exigidas 16 horas de trabalho diárias pela fábrica, como as mulheres recebiam um terço do salário que os homens recebiam executando as mesmas ocupações, também reivindicaram igualdade de salários e por fim, o tratamento justo no local de trabalho.

A manifestação não foi aceita e assim foram contidas com absurda violência, foram fechadas as portas da fábrica e após atearam fogo, aproximadamente 130 trabalhadoras morreram carbonizadas vítimas de seus patrões, em um ato extremamente perverso, entretanto, apenas em 1910 no decorrer de uma conferência na Dinamarca, ficou acordado que o dia 8 de março passaria a ser o Dia Internacional da Mulher, pois foi considerado um dia de luta e conquista.

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Nessa perspectiva, discorre Christiane Schorr Monteiro (2012, p. 37):

[...] não se pode falar em trajetória feminista sem recordar a data de 8 de março de 1857, quando se insurgiram contra as precárias condições laborais, em Nova York, nos Estados Unidos da América, 129 mulheres morreram queimadas vivas dentro da fábrica têxtil em que trabalhavam – segundo a versão da maioria dos historiadores. Essas trabalhadoras teriam sido queimadas vivas pelos empregadores, que fecharam as portas da fábrica e colocaram fogo, enquanto elas protestavam por melhores condições de trabalho.

A partir daí diversos grupos feministas pelo mundo começaram as suas revoluções, exatamente em 28 de fevereiro de 1909, foi então comemorado o primeiro dia Internacional da Mulher, nos Estados Unidos da América, pois, saíram às ruas reivindicar seus direitos, lutando por melhores salários, direito ao voto e redução na jornada de trabalho.

As conquistas femininas só estavam começando, a partir daí houve imediatamente vários triunfos, começando pelo casamento civil que passou a não ser mais domínio da igreja o matrimônio entre homens e mulheres, e na sequência a aprovação do divórcio. Uma das conquistas mais significativas da mulher ocorreu entre os anos de 1914 a 1939, a busca incansável por cidadania, ou seja, o direito ao voto, que se consagrou com o movimento sufragista, o primeiro país a adotar o direito ao voto feminino foi à Nova Zelândia, seguida de diversos países nos anos seguintes.

Em 1979 surge então a chamada ―década da mulher‖, e com ela uma convenção que visa de alguma forma eliminar todas as formas de discriminação de gênero em relação à mulher, é uma norma internacional, cuja maior preocupação é estabelecer o tratamento isonômico entre homens e mulheres na sociedade contemporânea.

Monteiro (2012, p. 42) assim, explica:

Durante a década da mulher, mais precisamente em 1979, a ONU aprovou, devido à reivindicação do movimento feminista, a convenção sobre a eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, importante instrumento internacional de proteção dos direitos das mulheres. Essa convenção foi ratificada por grande número de Estados integrantes da ONU, inclusive pelo Brasil. A convenção aponta duas estratégias para combater a

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discriminação contra as mulheres: uma repressiva, sendo obrigação dos Estados repelir a discriminação de gênero, e outra positiva ou promocional, sendo dever dos Estados a promoção da igualdade [...]

No Brasil, historicamente as mulheres eram privadas de trabalhar, somente os homens podiam, uma das necessidades de se colocarem no mercado de trabalho foi o desejo de se libertar da submissão e conquistar sua própria independência financeira. O Código Civil de 1916 dizia expressamente que a mulher era submissa, e ao homem era garantido o direito ao pátrio poder, no tocante as responsabilidades da família, limitando a capacidade da mulher em certos aspectos.

Pode-se destacar o Código Eleitoral que surge como um avanço significativo às lutas relevantes pelo reconhecimento e igualdade. Ocorre a partir de 1932, quando as mulheres conquistaram pela primeira vez o direito político de votar em uma eleição de nível Federal. O Código Eleitoral era provisório e o voto só era permitido para as mulheres casadas sob autorização dos maridos além de algumas solteiras e viúvas com renda própria, ou seja, essa conquista veio carregada de limitações.

O Decreto 21.417 de 1932, ainda elencava em seus artigos, a proibição do trabalho noturno, compreendido como sendo das 22h às 05h do dia seguinte. No ano de 1934 a constituinte então passa a dar um importante passo para o trabalho feminino, mais especificamente em seu artigo 121, que expressava que:

Art. 121 - A lei promoverá o amparo da produção e estabelecerá as condições do trabalho, na cidade e nos campos, tendo em vista a proteção social do trabalhador e os interesses econômicos do País. § 1º - A legislação do trabalho observará os seguintes preceitos, além de outros que colimem melhorar as condições do trabalhador: a) proibição de diferença de salário para um mesmo trabalho, por motivo de idade, sexo, nacionalidade ou estado civil; [...] (BRASIL, 1934).

Além disso, a Constituição de 1934 previa a proibição do trabalho insalubre, garantias a cerca da maternidade, como, descanso antes e após o parto. Grandes conquistas alcançadas pelas mulheres naquele período. Logo neste período a assembleia constituinte assegurou o princípio de igualdade entre sexos, principalmente quanto ao voto, trabalho e igualdade salarial.

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Martins (2012, p. 617) descreve de forma elucidativa a situação citada:

A primeira Constituição brasileira que versou sobre o tema foi a de 1934. Proibia a discriminação do trabalho da mulher quanto a salários (Art. 121, § 1º, a). Vedava o trabalho em locais insalubres (art. 121, § 1º, d). Garantia o repouso antes e depois do parto, sem prejuízo de salário e do emprego, assegurando instituição de previdência a favor da maternidade (art. 121, § 1º, h). Previa os serviços de amparo a maternidade (art.121, § 3º).

De fato, foi somente em 1946 que o voto feminino passou a ser obrigatório, falar sobre essa conquista é recordar que mulheres fortes e importantes que tanto se doaram para que isso um dia fosse possível. Vale destacar Carlota Pereira de Queirós, a primeira Deputada Federal eleita. Neste período quando o Código Eleitoral foi revisto, todas as mulheres passaram a ter o direito de votar.

O marco histórico relevante se dá em 1943 com a promulgação da Consolidação das Leis das Trabalhistas (CLT), que destinou um capítulo para a proteção do trabalho da mulher, o qual seria o combate à exploração da força de trabalho da mulher, principalmente com ênfase na proteção a maternidade. Nesse sentido relata Lyzia Marie Gomes Yukizaki (2014, p 46):

No ano de 1943, essas conquistas femininas foram somadas à Consolidação das Leis do Trabalho, que instituiu as normas reguladoras das relações individuais e coletivas do trabalho. Para a mulher, a CLT foi de suma importância na garantia dos seus direitos já que, de forma extensa, trouxe um capítulo com VI seções exclusivas à questão feminina, como a da maternidade, da duração, locais e condições de trabalho, do trabalho noturno e dos períodos de descanso.

Por fim, apesar dos avanços, até 1962 o Código Civil previa que a mulher era incapaz, mas o artigo em que se referia foi removido em 1964. O divórcio foi aprovado em 1977 e com isso surgiram também diversos preconceitos, as mulheres divorciadas eram consideradas até mesmo vulgares, mais uma vez provando que apenas criar leis não resolveria esse problema e o que realmente seria necessário era uma reforma cultural.

Percebe-se que o trabalho feminino se regulariza a partir do registro trabalhista entre as igualdades de sexo. A mulher conquistou o mundo através de suas incansáveis idas às ruas

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para protestar por todos os triunfos que se tem hoje em dia, mostrando assim que são capazes e fortes o suficiente para enfrentar o mundo.

1.2 O trabalho da mulher pós Constituição Federal 1988

Na medida em que a mulher foi conquistando seu espaço em meio à sociedade, se intensificava no Brasil a conquista de direitos trabalhistas. Foi durante a assembleia constituinte que defendia a chamada Constituição cidadã de 1988, que nos corredores do Congresso Nacional, feministas pressionavam os parlamentares com intuito de garantir os direitos das mulheres em nossa Constituição Federal.

As mulheres então conseguiram avançar significativamente, dentre as principais conquistas desta época pode-se destacar a criação do Principio da Igualdade, que teve grande influencia nas decisões, graças a ele vários entendimentos discriminatórios ao trabalho feminino foram caindo, traz a ideia de que todos os direitos devem ser respeitados independente do sexo, cor, etnia, raça ou religião.

No antigo texto da Consolidação das Leis do Trabalho-CLT, eram proibidos para as mulheres, por exemplo, o trabalho noturno, as prorrogações da jornada de trabalho insalubre e perigoso, subterrâneos, minerações, subsolo, pedreiras e nas obras de construção. A Consolidação das Leis do Trabalho já havia regulamentado o trabalho da mulher, além de garantir os direitos gerais estabelecidos para todos os trabalhadores, assegurava a mulher proteção especial em função das particularidades de suas condições físicas, psíquicas e morais, porém exigia que a mulher casada tivesse autorização do marido para trabalhar, em caso de oposição do marido ela poderia recorrer à autoridade judiciária, isso também mudou com a Constituição Federal de 1988.

As mulheres neste período lutavam para que todas fossem aceitas dentro do Conselho Nacional de Direitos das Mulheres (CNDM)1, passaram a trabalhar em demandas que se converteriam em provisões democráticas para que fossem incluídas na Constituição. Tal

1

Conheça as principais lutas e conquistas das mulheres, 2017. Disponível em:

<http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2017/03/conheca-as-principais-lutas-e-conquistas-das-mulheres> Acesso em 11 jun. 2019.

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Todos os dias as mulheres iam ao Congresso Nacional, essa luta diária durou de 1965 até o dia promulgação da Constituição Federal de 1988, tal Constituinte tem o ―dedo‖ da mulher brasileira, ela foi escrita com as tintas da luta política das mulheres, nas quais, as feministas do Brasil tiveram um papel fundamental e inegável de nossa história. Mostravam que faziam parte de um movimento nacional, unido e vitorioso, cerca de 80% das demandas feministas fazem parte da Constituição.

Como afirma Alinne Bonetti, Nátalia Fontoura e Elizabeth Marins (2009, p. 205):

O investimento feminista nesta bandeira foi tão grande e, de certa forma, tão bem-sucedido que se transformou no signo político por excelência do movimento, em detrimento de outros com menor poder de angariar adesões. Em especial devido ao processo constituinte e à Constituição Federal de 1988. De forma geral, a década de 1980 é considerada pelo movimento feminista, como marco crucial para a promoção da cidadania das mulheres, por ter instituído a igualdade formal entre os homens e as mulheres, sobretudo na sociedade conjugal, sobrepujando a hierarquia de gênero que sempre marcou a tradição cultural brasileira.

Com advento da Constituição Federal de 1988, a mulher então, conquistou sua emancipação política, civil e social, assim passamos a falar de igualdade. A proteção integral a mulher em nosso ordenamento jurídico se deu após a entrada em vigor da Constituição Federal em 1988, várias proibições discriminatórias ao trabalho feminino caíram com a adoção ampla do princípio da igualdade, conforme estabelece seu artigo 5º:

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País, a inviolabilidade do direito a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; [...] (BRASIL, 1988).

As autoras Maureen Matos e Raquel Gitahy (2008, p.10), apresentam a ideia de que, homens e mulheres tem a mesma igualdade jurídica perante a Constituição Federal de 1988:

Homens e mulheres passaram a ter os mesmos direitos e obrigações tanto na vida civil, como no trabalho, na família, etc. Foi estabelecida em seu artigo 5º, inciso I, a igualdade jurídica entre homem e mulher, provocando uma grande mudança, principalmente no direito de família. O sistema legal, abusivamente discriminatório em relação a mulher, foi finalmente rompido.

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Ainda analisando a Constituição Federal de 1988, pode-se destacar o artigo 7º, XVIII, que dispõe sobre o direito a licença maternidade por 120 dias, outra conquista significativa dos direitos da mulher brasileira:

[...] A Constituição Federal de 1988 (art. 7º, XVIII) confere a mulher gestante o direito de licença de 120 dias para o parto, sem prejuízo do salário e do emprego, respondendo o INSS pelo pagamento. [...]. Essa licença legal é completada pela estabilidade da gestante, criada por convenções coletivas ou sentenças normativas, cujo efeito é a proibição da dispensa durante esse período e por mais 60 dias, salvo nos casos de justa causa ou força maior. [...] (NASCIMENTO, 2003, p. 425).

A respeito da proteção da mulher no mercado de trabalho, é sabido que a Constituição Federal em seu art. 7º, incisos XX e XXX, dizem expressamente que o princípio da igualdade deve prevalecer com representatividade em relação à discriminação de gênero.

Art. 7º: [...] XX – proteção do marcado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;

XXX – proibição de diferenças de salários, de exercícios de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. (BRASIL, 1988)

Sobre o tema, Alice Monteiro de Barros (2011, p. 888) afirma que:

[...] Os problemas relacionados com o trabalho não são os únicos enfrentados

pelas mulheres na luta contra a discriminação, pois eles advêm de fatores situados em campo interdisciplinares, como, por exemplo, condicionamentos culturais fundados em mitos e crenças, relações econômicas, condições de participação na vida política e social. E, se não bastasse, a integração da mulher na população econômica ativa tem exigido grande esforço de sua parte não só na luta contra os preconceitos de uma sociedade patriarcal, mas também contra os seus próprios preconceitos e estereótipos, transmitidos

durante toda uma existência.

Nessa perspectiva constata-se que todas as conquistas trazidas com a Constituição Federal de 1988, asseguraram direitos como saúde, educação, alimentação, trabalho, moradia, transporte, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e a infância, a inclusão dos direitos sociais como um dever do estado em nossa Constituição em 1988 foi um avanço para a sociedade da época que sobreviveu aos anos da ditadura militar.

Em relação ao trabalho da mulher houve várias alterações na CLT por meio da Lei nº 7.855/89, conforme apresenta Martins (2012, p. 618):

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375, que tratavam da prorrogação e compensação do trabalho da mulher; o arts. 387 da CLT, que versava sobre a proibição do trabalho da mulher nos subterrâneos, nas minerações e subsolo, nas pedreiras e obras de construção civil, pública ou particular, e nas atividades perigosas e insalubres.

Importante destacar-se o artigo 372 da CLT, o qual tem como proposito de impulsionar a paridade em relação ao gênero no mercado de trabalho, dispõe o seguinte: ―Art. 372 - Os preceitos que regulam o trabalho masculino são aplicáveis ao trabalho feminino, naquilo em que não colidirem com a proteção especial instituída por este Capítulo‖ (BRASIL, CLT 2018).

Observa-se ainda o artigo 373 – A, da referida Consolidação, que indica inúmeros mecanismos de proteção ao trabalho da mulher em virtude de condutas discriminatórias, vejamos:

Art. 373-A – Ressalvadas as disposições legais destinadas a corrigir as distorções que afetam o acesso da mulher ao mercado de trabalho e certas especificidades estabelecidas nos acordos trabalhistas, é vedado: I – publicar ou fazer publica publicar anúncio de emprego no qual haja referência ao sexo, à idade, à cor ou situação familiar, salvo quando a natureza da atividade a ser exercida, pública e notoriamente, assim o exigir; II - recusar emprego, promoção ou motivar a dispensa do trabalho em razão de sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez, salvo quando a natureza da atividade seja notória e publicamente incompatível; III - considerar o sexo, a idade, a cor ou situação familiar como variável determinante para fins de remuneração, formação profissional e oportunidades de ascensão profissional; IV - exigir atestado ou exame, de qualquer natureza, para comprovação de esterilidade ou gravidez, na admissão ou permanência no emprego; V - impedir o acesso ou adotar critérios subjetivos para deferimento de inscrição ou aprovação em concursos, em empresas privadas, em razão de sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez; VI - proceder o empregador ou preposto a revistas íntimas nas empregadas ou funcionárias. (BRASIL, CLT 2018).

A legislação trabalhista estendeu ainda os direitos trabalhistas relacionados às empregadas domésticas, em 2015 uma lei aprovada no Congresso Nacional, marcou um novo tempo na relação de trabalho entre patrão e empregada doméstica, o salário mínimo, 13º salario, férias licença maternidade já eram direitos garantidos pela categoria. A Lei chamada de PEC das domésticas estabeleceu novos benefícios e como eles serão pagos pelo empregador, o FGTS que passa a ser obrigatório, também estabelece que deverá recolher todo

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o mês 3,2% do salário para o pagamento de multa no caso de demissão sem justa causa e por fim, 0,8% para o seguro de acidente de trabalho.

Não se pode deixar de falar sobre a proteção a maternidade, especificamente em seu artigo 391-A da CLT o qual estabelece que:

Art. 391-A. A confirmação do estado de gravidez advindo no curso do contrato de trabalho, ainda que durante o prazo do aviso prévio trabalhado ou indenizado, garante à empregada gestante a estabilidade provisória prevista na alínea b do inciso II do art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. (BRASIL, CLT 2018).

Complementa-se novamente a importância de lembrar-se da relevância que mulher possui diante das lutas para se chegar ao que tem hoje e quanto ainda de direitos precisam ser conquistados. Então, a própria mulher progrediu significativamente no empoderamento de lutar pelos seus direitos ao longo das décadas.

Observa-se que a mulher possui um avanço a cada dia a todo o momento tem mulheres conquistando seus caminhos e abrindo novos leques de oportunidades, percebe-se que todas essas conquistas são importantes para o passado, presente e futuro, pelo mérito de seu emponderamento e vontade de vencer.

1.3 A posição do trabalho feminino na atualidade

Diante das novas legislações que dão grande importância a mulher, pôde-se perceber o grande crescimento no mercado de trabalho no Brasil, como a proteção especial, igualdade entre os homens e mulheres conforme a Constituição Federal, licença maternidade, igualdade salarial e por fim eliminação de proibições, ascendendo suas ideologias de vida.

Assim sendo, pode-se notar que ao longo das décadas, essas diferenças acabam por diminuir, a discriminação contra o sexo feminino ainda existe, não se pode falar em eliminação total das desigualdades em relação ao gênero em nosso contexto atual, porém, segundo a População Econômica Ativa (PEA) têm-se um aumento no mercado de trabalho entre os anos de 1998 a 2008 , não há dúvidas que a evolução está cada vez maior.

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nas empresas onde trabalham, mostrando competência e se destacam pela multiplicidade de funções que realizam. O mundo evolui constantemente, hoje em dia presenciam-se mulheres ocupando cargos nos tribunais superiores, ministérios, alguns cargos de chefia em grandes empresas, ainda que em poucas proporções, e também gerenciando suas próprias empresas.

Analisando as circunstancias acima descritas, Daniela Maria Pinheiro e Amanda Beckers (2019, p 121) esclarecem:

[...] em relação à mulher no mercado de trabalho, houve um progresso na ocupação de espaços, no entanto os cargos por liderança na sua grande maioria ainda são ocupados por homens, e são frequentes as situações de discriminação, assédio moral, sexual, e outras situações degradantes.

Hoje tem-se visto que as mulheres estão conquistando seu espaço, muitas vezes por uma necessidade, ao analisar as universidades constata-se que o maior número de estudantes tem sido do sexo feminino, na maioria dos cursos. A mulher moderna busca atualmente seu espaço de igualdade entre os gêneros, o fim da violência contra a mulher, principalmente em âmbito doméstico. Infelizmente vivem em uma cultura machista e as diferenças entre homem e mulher no mercado de trabalho são abissais, apesar de todos os avanços a uma grande mudança a ser feita com relação a isso.

Então esse machismo se reflete em diversas searas uma delas é o mercado de trabalho, é inevitável, e essas diferenças entre homem e mulher no mercado de trabalho se materializam de diversas formas como, rendimento médio, ou seja, o homem ganha mais do que a mulher, apesar da mesma escolaridade muitas vezes a posição da ocupação é muito difícil, por exemplo, dificilmente se vê uma mulher CEO (Chief Executive Officer), ou seja, Diretor Executivo de uma empresa, o que se vê são mulheres em cargos de chefia, no parlamento, mas raramente na dimensão de CEO.

(23)

Nesta senda discorre Graziele Alves Amaral (2012, p. 3):

Hoje, a presença expressiva de mulheres em cargos e funções cada vez mais diversificados mostra que elas vêm delimitando seu espaço no âmbito público de produção. Além disso, elas estão liderando os índices de escolaridade em relação aos homens e, ainda que de forma menos expressiva, estão ocupando, com tendência crescente, cargos de chefia e posições gerenciais e políticas, além de áreas profissionais de prestígio, como a medicina, a advocacia, a arquitetura e a engenharia [...]

Em relação ao mercado de trabalho consegue-se identificar que as mulheres têm um longo caminho a percorrer para se igualar e chegar a obter reconhecimento dos homens, apesar disso, nota-se o avanço tímido no tocante a esse fato. Pinheiro e Beckers (2019), apontam que diversas pesquisas foram realizadas a fim de demonstrar que os homens ganham cerca de 25% a mais realizando as mesmas funções que as mulheres, possuindo a mesma formação acadêmica.

Em conformidade com Helena Hirata (2017, p.7) as mulheres são,

[...] atualmente, mais instruídas e diplomadas que os homens, praticamente em todos os níveis de escolaridade e em todos os países, sendo este um ponto de convergência importante entre os países do Sul e do Norte. Um polo, minoritário, é formado por mulheres executivas, profissionais intelectuais de nível superior, relativamente bem remuneradas responsabilidade e prestígio social (médicas, advogadas, juízas, arquitetas, engenheiras, jornalistas, professoras universitárias, pesquisadoras, publicitárias, etc.)

Todos os avanços que já foram obtidos e mesmo as cláusulas que atualmente já tratam de igualdade de oportunidades, e de remuneração, a mulher antigamente não tinham nada e hoje tem uma gama de direitos conquistados junto às empresas, e na sociedade como um todo. Há necessidade de que siga avançando para se chegue a um caminho cada vez melhor e o próximo passo não é só admitir que a mulher possui uma família, tem filhos, tem direitos adquiridos e requisitos que devem ser concedidos a elas, mas sim de que o filho não é só da mãe, é dos pais de um conjunto familiar.

A quantidade de mulheres 2 na força de trabalho atualmente quase que se iguala a dos homens, como a sua população supera a deles também, assim como as mulheres que querem

2

Matéria divulgada pelo site IBGE em 07 de março de 2018. Disponível em:

<https://educa.ibge.gov.br/jovens/conheca-o-brasil/populacao/18320-quantidade-de-homens-e-mulheres.html> Acesso em 05 de Junho de 2019.

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diferente, ou seja, uma fala inclusiva a respeito das mulheres. De acordo com Fabíola Marques, segundo os,

[...] dados do IBGE, no Brasil, as mulheres são a maioria da população e ao mesmo tempo, a minoria entre os trabalhadores ocupados. Já, o rendimento das trabalhadoras equivale a 70% do recebido pelos homens com a mesma escolaridade.

Analisam-se diversas pesquisas e se observa que hoje em dia não a nenhum trabalho que a mulher não possa ocupar, nota-se que elas são bem mais instruídas, estudadas, dedicadas, se não mais do que os homens, sempre buscando a perfeição em tudo o que faz, nesse sentido destaca Assis:

[...] Como principais características no perfil de liderança feminino, pode ser destacada a sensibilidade, a intuição, a organização, a flexibilidade, o detalhismo, a tranquilidade, etc. Entretanto, o que mais chama a atenção para forma de liderança da mulher é a grande preocupação com o indivíduo, ou seja, há uma forte transparência com seus colaboradores. A mulher busca a satisfação de todos os envolvidos na organização, compartilhando as informações e abrindo espaço para que os colaboradores compartilhem suas opiniões, reforçando assim, a valorização do indivíduo (ASSIS, 2009, p. 14).

As mulheres estão cada vez mais à frente de seu tempo e conquistando espaço na sociedade atual, mas infelizmente não recebem o mesmo reconhecimento e a sociedade não dá o devido valor ao sexo feminino, que é considerado frágil. A mulher da atualidade parece querer abraçar o mundo, lota-se de afazeres e de obrigações sempre cobrando de si mesma a perfeição em tudo aquilo que ela faz.

Complementa-se que atualmente principal conquista da mulher é o poder de escolha, em razão de, escolhem quando ter filhos, quando trabalhar, quando estudar, e é algo que não poderá ser retirado dela, fruto de uma incansável dedicação e empenho para se ter o que tem no presente.

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2 SOBRECARGA DE TRABALHODA MULHER

A mulher de hoje é filha, mãe, esposa, dona de casa e profissional, nota-se que está cada vez mais acumulada de funções, muitas vezes triplicando-se de funções. Estudos recentes vêm demonstrando que as mulheres sofrem mais com sintomas de estresse que os homens3. O estresse que as mulheres sofrem se torna tão preocupante a ponto de por sua saúde em risco.

Embora a mulher tenha conquistado grande representatividade ao longo dos anos com sua incansável luta por igualdade, ocupando espaço fora das atividades domésticas, hoje em dia também sofre pelo fato de agregar múltiplas funções, cabe analisar como a mulher poderá desempenhar todas essas funções sem que isso cause danos sérios a sua saúde, pois possui grande responsabilidade em seu cotidiano, a ideia central é encontrar meios em que a mulher seja amplamente protegida.

Em conformidade com os estudos atingidos, podemos presumir que, quanto maior o tempo da obrigação do dia-a-dia, consequentemente maior seria o estresse nas mulheres que possuem dupla jornada de trabalho contando com a organização do trabalho, casa e família.

A saúde mental e emocional da mulher cobre todos os aspectos conjugais, em razão de sempre estarem mais cansadas do que seus companheiros, toda a carga emocional recai sobre elas. Apesar de a mulher ter crescido consideravelmente no mercado de trabalho, ocupando espaços igualitários em relação aos homens, elas continuam as únicas responsáveis por suas casas, transformando-se num acumulo de funções, acabando por ser prejudicial as suas vidas, deve-se achar soluções adequadas para esse problema tão presente em nossa sociedade.

2.1 Conceito e delimitação da sobrecarga

Analisando a sobrecarga emocional da mulher verificam-se dados do IBGE, os quais apontam que 60% das mulheres no Brasil possuem dupla jornada de trabalho, sendo que a metade desse número vive uma tripla jornada, dividindo-se entre casa, trabalho e estudos.

3

Matéria divulgada pelo site R7 notícias, em 08 de maço de 2014. Disponível em

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mulher era reservado à intimidade da família, ao cuidado, ao doméstico, então, mudanças logo após a segunda guerra fizeram com que a mulher conhecesse seu potencial em poder lidar com atividades tradicionalmente masculinas. Quando os homens foram a Guerra, nos Estados Unidos às mulheres tiveram que ocupar esses espaços porque era necessário dar continuidade a indústria.

Acerca do assunto, temos abaixo dados do IBGE e PNAD:

Em 2017, as mulheres continuaram a trabalhar 20,9 horas por semana em afazeres domésticos e no cuidado de pessoas, quase o dobro das 10,8 horas dedicadas pelos homens. Entre os 88,2 milhões de mulheres de 14 anos ou mais, 92,6% delas fizeram essas duas atividades no ano passado, uma leve alta frente aos 90,6% de 2016. Já a proporção de homens aumentou de 74,1%, em 2016, para 78,7% dos 80,5 milhões de pessoas do sexo masculino nessa faixa de idade. (PNAD contínua, 2017, s.p.).

Depois de décadas em que a mulher protagoniza a ascensão ao mercado de trabalho, surge então à jornada tripla de trabalho feminina que continua sendo estritamente feminina, ser profissional, dona de casa e mãe sem perder a elegância, tudo isso ao mesmo tempo. Estudos recentes mostram que a jornada de trabalho da mulher é maior que a dos homens, pois no momento em que termina a jornada profissional, a complexidade de tarefas domésticas recai somente em cima delas, eximindo-as dos momentos de descanso e relaxamento.

Para Susana Sarmento Silveira (2017, p. 32):

A mulher cada vez mais conquista seu espaço e seus direitos diante da sociedade, porém, ainda vivencia condições de desigualdades, como, por exemplo, a dupla e até a tripla jornada de trabalho, assumindo responsabilidades na atividade assalariada, na atividade doméstica e, algumas vezes, na atividade acadêmica, com atualizações e capacitações – responsabilidades que muitas vezes não são compartilhadas de forma igualitária com os homens. Porém, não podemos deixar de destacar a inserção dessa nova responsabilidade para os homens, que seria a atividade doméstica, mesmo que ainda seja distribuída de forma desigual, também gera mudanças significativas no cotidiano do homem.

Hoje, as mulheres compartilham com os homens o tempo de trabalho remunerado, mas o mesmo não aconteceu em relação às responsabilidades com as tarefas domésticas e também

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não houve aumento significativo na oferta de serviços públicos de apoio, como a criação de mais creches e escolas em tempo integral para ajudar nessa questão.

De acordo com os quadrinhos exemplificativos de Emma Clit 4 pode-se verificar que isso já vem de berço, é algo que tanto a mulher quanto o homem já nascem e crescem tendo a ideia de que a mulher é responsável pelo trabalho fora de casa, como ela própria disse em uma entrevista para o El Periódico (2017):

―não existe nada biológico que leve as mulheres a exercer esse papel, mas interessa que continuem a fazer esse trabalho de graça. É o que permite manter o sistema. A criação dos filhos e o trabalho doméstico colocam a mulher nesse esquema graças ao patriarcado. Uma sociedade dominada pela classe masculina, que deteve o poder político e religioso durante séculos e manteve o controle sobre as mulheres, especialmente sobre sua capacidade reprodutiva, que é um poder essencial‖.

Para ilustrar esse tema tão importante segue alguns quadrinhos da feminista Emma Clit, a qual foi uma das primeiras a aprofundar o assunto, a carga mental se materializa com crises conjugais, muitas brigas e desigualdades nas ocupações domésticas, nota-se que:

Fonte: https://www.hypeness.com.br/2017/05/quadrinho-explica-porque-as-mulheres-se-sentem-tao-cansadas/

4

Matéria divulgada pelo site EL PAÍS em 07 de março de 2019. Entrevista com Emma Clit, ilustradora Francesa. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/01/politica/1551460732_315309.html>. Acesso em 15 mai. 2019.

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ainda é visto como uma regra da sociedade, é preciso ser feito uma mudança em relação a isso, também se pode perceber que essa mudança está começando a acontecer, o homem tem reconhecido que precisa ter um papel na vida doméstica.

Acerca do assunto trata Virginia Paes Coelho (2002, p. 2):

[...] e mesmo se tratando das camadas médias urbanas é possível afirmar que, para a grande maioria desse segmento permanecem as dificuldades em conciliar a vida profissional com os cuidados e a atenção para com a família, além de terem de coordenar, ou mesmo executar as tarefas domésticas. O tempo dedicado ao lazer, além de estar cada vez mais reduzido na vida contemporânea, para as mulheres que trabalham e necessitam dar conta do espaço doméstico é utilizado, via de regra, na companhia dos filhos, como forma de compensação pelos longos períodos passados longe da família. Desse modo, esse papel foi atribuído socialmente à mulher, e é isso que normalmente discute-se quando se fala a cerca da relação de gênero, o papel da mulher e o papel do homem e aos poucos se tenta modificar isso, a partir do momento em que a mulher sai do espaço da família, da casa, para o mercado de trabalho fruto de emancipação do seu estudo e também da busca de satisfação profissional.

Existe a necessidade dessa mudança e o que se fala muito hoje é o compartilhamento das responsabilidades familiares, é uma ideia relativamente recente e talvez não seja um desejo antigo, mas hoje se começa a debater sobre a possibilidade de compartilhar essas responsabilidades principalmente no mercado de trabalho quando homens e mulheres estão trabalhando, porque só para mulher cabe o cuidado com os filhos, familiares, e casa, portanto, hoje vem se discutindo essa ideia desse compartilhamento de tarefas.

O relatório internacional do trabalho (OIT BRASIL, 2012) mostra que as mulheres trabalham cerca de cinco a oito horas a mais por semana que os homens por conta do serviço doméstico. Hoje, sabe-se que as mulheres são responsáveis pelos afazeres domésticos ou os realizam na semana, enquanto que o percentual de homens que ajudam é muito menor. A partir disso, surge então a sobrecarga emocional da mulher, pois as mulheres acabam desempenhando multitarefas, sendo mãe, esposa, filha, profissional, cumprindo muitos papéis, e o peso é lidar com tudo isso tratando de uma forma harmoniosa. Tem-se uma ideia de vida

(29)

em que as mulheres acabaram sendo responsáveis por ter essa logística, isso é um comportamento cultural e deve ser descontruído.

Geralmente a carga emocional sobrecarrega mais as mulheres porque se aprende desde pequenos que elas devem ser as gerentes da família, do lar. Então, isso requer muita sensibilidade de ambas às partes que estão convivendo, deve-se romper esse padrão de que a mulher é mais sensível e por isso ela possui melhor cuidado para fazer as tarefas domésticas, talvez isso se proceda, porém, o homem deve ajudar a diminuir essa carga mental feminina, faz parte de uma revolução de bem estar e saúde não só da vida da mulher em si, mas também da família abalada.

É o que diz Amaral (2012, p. 11):

[...] as mulheres normalmente têm que conciliar as demandas relativas ao trabalho com os afazeres domésticos. No confronto entre as atuais exigências profissionais e o papel de cuidado com as questões do lar, que lhes foi historicamente conferido, elas se veem numa encruzilhada que, muitas vezes, pode lhes trazer sofrimento psíquico.

Fonte: https://www.hypeness.com.br/2017/05/quadrinho-explica-porque-as-mulheres-se-sentem-tao-cansadas/

Conclui-se que, observando os quadrinhos acima expostos, além de o homem ser mais participativo na vida em conjunto, cabe à mulher começar por ela a doar espaço para poder compartilhar isso, dado que se não reconhecer esse desafio ela não dará abertura para o

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vai acontecer se isso for exigido.

Deve haver igualdade e equidade de oportunidades para todos, precisa-se que isso aconteça, as pessoas devem se reconhecer como iguais apesar de serem diferentes, que as oportunidades sejam sempre as mesmas independente do sexo, e talvez futuramente se possa olhar para essa sociedade sem preconceito de gênero.

Fonte: https://www.hypeness.com.br/2017/05/quadrinho-explica-porque-as-mulheres-se-sentem-tao-cansadas/

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Nesta análise dos quadrinhos volta à questão e vale a pena reforçar, os homens precisam ser mais participativos na vida em conjunto, está mais do que na hora de reconhecer que precisam se dar ao máximo para que suas companheiras tenham descanso e assim ter uma harmonia na vida de casados, juntamente com filhos, afazeres de casa e trabalho.

Não pode-se deixar de observar que houve um avanço na questão da participação dos homens nas tarefas domésticas tem aumentado, de acordo com dados do IBGE 5 divulgados em abril deste ano, mesmo assim, as mulheres trabalham quase o dobro em casa. O número de homens que participam das tarefas domésticas cresceu mais de 6 pontos percentuais nos últimos dois anos, porém, ainda falta muito.

Entre esses dois anos mais de 10 milhões de homens e mulheres do país passaram a se dedicar as atividades do lar, esse aumento na ajuda das tarefas do lar se dá devido a conversas, mudanças na mentalidade entre o casal, a distribuição do cuidado com os filhos, para que cada um veja o que deve mudar e assim poder ter uma relação familiar harmoniosa e igualitária.

Isso posto, deve-se compreender que existem papéis e funções que a mulher consegue desempenhar melhor, a participação da mulher na sociedade é muito importante e isso deve ser valorizado, no entanto, o homem deve continuar melhorando com relação a ajuda nas tarefas domésticas, e com os filhos, para que haja um bom funcionamento na vida em conjunto e amenizar essa sobrecarga sofrida pelas mulheres.

2.2 Trabalho e família: desafios atuais da mulher

Da mesma maneira que o trabalho é constituído pela identidade da pessoa, e de seu subjetivo, a família também ocupa um lugar relevante nessa questão da subjetividade de constituição da identidade do sujeito, então a família e o trabalho ocupam lugar relevante na vida das pessoas, auxiliando na construção de sua personalidade.

Ambas são esferas aparentemente regidas por lógicas diferentes, uma pública e uma privada, no entanto, elas se afetam mutuamente e encontram-se o tempo todo afetadas mutuamente. As pessoas precisam trabalhar e gerar renda para satisfazer suas necessidades

5

Matéria divulgada pelo site IBGE. Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia- noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/24267-mulheres-dedicam-quase-o-dobro-do-tempo-dos-homens-em-tarefas-domesticas> Acesso em 17 mai. 2019.

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domésticas que não são remuneradas em seus lares, muito mais exercidas por elas.

Nesse contexto destaca Elizabeth Joan Barham, Ana Carolina Gravena Vanalli (2012, p. 52):

É impossível participar das duas esferas de forma satisfatória, uma vez que as normas de conduta de uma esfera atrapalham o desempenho na outra e os horários nunca se encaixam. Sob esse ponto de vista, o gerente ou supervisor percebe as tarefas familiares como interferindo no trabalho, impedindo uma maior dedicação, prejudicando o desempenho profissional dos empregados. Então, o gerente passa a vigiá-los, para que não gastem tempo ligando para casa, conversando com os colegas de trabalho sobre assuntos familiares ou realizando pequenas atividades domésticas no horário de trabalho.

A maioria dos conflitos em relação ao trabalho e vida familiar tem origem justamente na incompatibilidade de horários e espaços, muitas vezes não se consegue separar a vida pessoal com a vida profissional, onde as mulheres trabalham excessivamente na esfera profissional, e ainda assim acaba levando esse trabalho para casa.

Nesse viés observa-se então, que é necessária uma conciliação entre trabalho e família para que haja um bom funcionamento psíquico de quem trabalha, é muito importante que se consiga fazer essa conciliação entre trabalho e família, para não resultar em danos como estresse, depressão, emocional elevado, insônia, coisas que afetam o dia-a-dia da pessoa que passa por esse problema diariamente, afetando mais as mulheres que os homens.

Barham e Vanalli (2012, p. 51), Apontam que:

Entre os empregados que têm responsabilidades profissionais e familiares, os conflitos entre trabalho e família são praticamente universais, com a maioria dos trabalhadores nessa condição sofrendo níveis de estresse que variam de moderado a alto (Cia & Barham, 2008; Gravena, 2006; Vanalli, 2012). Muitas das pesquisas realizadas sobre o equilíbrio dessas responsabilidades objetivam identificar as circunstâncias familiares que estão associadas com os níveis mais elevados de problemas de desempenho no trabalho – por exemplo, a existência de grandes discrepâncias nas responsabilidades familiares do casal [...].

(33)

Percebe-se que as pressões sofridas no trabalho conduzem a elaboração de estratégias defensivas, vive-se em um contexto de trabalho onde há muita pressão, entra-se então em um estado que não faz bem a saúde mental, ou seja, um ambiente de trabalho onde o individuo sofre uma pressão muito forte e o clima nesse ambiente se torna negativo, pesado, havendo que se ter responsabilidade por parte do empregador, é necessário que ele encontre estratégias defensivas para conseguir dar conta dessas situações estressoras que se vivencia no local de trabalho na maioria das vezes percebida em mulheres.

E a família se apresenta como um papel extremamente importante nesse processo de estratégias de limpeza e defensivas da mulher, pois, é nesse momento em que ela precisa de ajuda para manter a calma e criar momentos de descontração para que não pense somente em trabalho e tarefas tanto domésticas quanto empresariais, esse processo é o correto, mas precisa-se ter a mudança em relação à distribuição de tarefas no ambiente doméstico, para que isso não venha a somar no estresse vivido diariamente.

O equilíbrio do trabalho, as responsabilidades sociais e as responsabilidades familiares constitui um grande desafio hoje, o desafio de conciliar todos os casos, sendo que o principal é o bom uso do tempo, que é escasso, e deve ser bem planejado, para que não fique tensa a relação entre essas esferas de trabalho e família, e essa tensão afeta particularmente as mulheres, onde acumulam a responsabilidade da vida profissional com responsabilidade da vida doméstica, como visto a responsabilidade de cuidar da família recai sobre elas, na maioria das vezes não possui apoio de seus companheiros e essas responsabilidades familiares são muito visíveis. Priscila Cunha Lima de Menezes (2013, p. 131) aborda essa questão com mais profundidade:

O alcance do equilíbrio entre o trabalho e a família deve passar por uma reanálise do papel feminino e masculino sobre tal questão e também sobre a participação do Estado, dos sindicatos e das empresas. A implementação de medidas de conciliação entre trabalho e família passa por uma reflexão acerca do papel masculino em relação aos encargos familiares. A igualdade entre os cônjuges dentro do ambiente familiar impondo uma redivisão das tarefas com distribuição dos encargos de forma mais igualitária permite o alcance de um patamar superior de igualdade material e faz diminuir as discriminações que acompanham o labor feminino.

A dificuldade de conciliar trabalho e família gera uma serie de tensões tanto no local de trabalho, como nos lares e na sociedade como um todo, podendo assim, diminuir a

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qual foi designada, não conseguindo dar conta, é o que destaca Braham e Vanilli (2012, p. 51):

Esses conflitos estão associados a uma ampla variedade de custos profissionais e pessoais. O desempenho do trabalhador no dia-a-dia do seu emprego, a frequência ao trabalho, à disponibilidade para trabalhar mais horas ou participar de projetos especiais dentro da empresa [...]. Além disso, os impactos desses conflitos em nível pessoal, no ambiente familiar do empregado, têm sérias implicações a longo prazo para o seu bem-estar pessoal [...] os custos desses impactos são definidos pela forma como os funcionários e seus gerentes decidem abordar o problema, já que, devido ao perfil

demográfico da força de trabalho, seu surgimento é inevitável.

As empresas entendem que a dedicação da mulher trabalhadora à família atrapalha sua carreira, de fato não é uma percepção só delas, mas de toda a sociedade, então, podemos verificar que isso tem base num pré-conceito, numa percepção distorcida da realidade, concluem que as mulheres ao serem mães possivelmente irão se dedicar menos, no entanto, não é o que ocorre, pois, elas acabam por se dedicarem mais sempre buscando êxito em tudo o que lhe é determinado.

Importante destacar a convenção 156 da OIT6 que fala do compartilhamento das responsabilidades, porque a família não é só da mulher ela também é do homem, mas como tradicionalmente é a mulher quem faz todo o cuidado com a casa, tem-se uma construção que precisa ser mudada, a sociedade precisa aprender de vez que não cabe somente a mulher a responsabilidade de chefe doméstica.

A questão principal é que as mulheres dependem muito de uma mudança na mentalidade que por óbvio vem de toda a sociedade, todavia, os topos das companhias, o empresariado brasileiro, os diretores executivos, conselheiros de administração possuem um papel muito importante na mudança dessa mentalidade, dado que são eles que estabelecem as políticas das empresas.

Então, são eles que podem estabelecer um diagnóstico de todas as carreiras, tanto das mulheres como dos homens, por funções, gênero, raça, dentre outros, para ver se possui

6 Convenção 156 da OIT, data da entrada em vigor: 11 de agosto de 1983. Disponível em: <https://www.ilo.org/brasilia/convencoes/WCMS_242709/lang--pt/index.htm> Acesso em 20 maio. 2019.

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alguma desigualdade que eles mesmos não têm consciência. A partir desse diagnóstico eles conseguirão estabelecer mudanças efetivas em suas empresas.

A maioria das empresas não traça de fato esse diagnóstico de lutar a favor de igualdade, pois muitas vezes esse assunto chega através de um movimento sindical, pelos próprios trabalhadores e trabalhadoras que vem lutando há muito tempo por essa igualdade, podemos analisar que a presença da mulher é enorme em relação à organização e planejamento, porém, essas empresas possuem um poder masculino que impede a efetivação desses movimentos.

Enquanto as empresas não mudarem sua forma de pensar, as mulheres vão seguir enfrentando obstáculos, mesmo mudando sua postura. Elas precisam realmente questionar se seus espaços são realmente inclusivos e meritocráticos, pois, a meritocracia não faz necessariamente todo mundo igual, mas entende as necessidades específicas para que as pessoas tenham as mesmas condições de trabalho, no momento em que prestarem atenção se existe igualdade salarial, se as decisões importantes de negócio estão sendo tomadas sem vieses e sem crenças.

A respeito do assunto Amaral (2012, p. 18) ressalta a importância de haver mudanças a cerca do explanado:

[...] As transformações nas relações de gênero, no sentido da conquista de vínculos mais igualitários na dimensão do poder e a quebra gradativa dos estereótipos de gênero que encerram homens e mulheres em roteiros sociais rígidos, são as mudanças necessárias para que as mulheres possam desenvolverem seus talentos profissionais e suas potencialidades.

Na esfera da sociedade e governo analisa-se o que pode ser feito para que isso seja modificado, criar políticas públicas que tornem mais fácil à vida da mulher profissional, como por exemplo, aumentar a licença paternidade, para que os homens desde cedo sejam instigados a terem um papel ativo na paternidade, garantir que toda a mulher consiga creches para seus filhos, apesar de existirem ainda não são uma realidade para todas as brasileiras. Em conformidade com Maria Cecília Coutinho de Arruda (1995, p. 8):

[...] um programa sério para a igualdade de direitos deverá levar estes pontos em consideração. [...] Nesse caso, em que a mulher passa a integrar a empresa para suas tarefas profissionais, cabe ao poder público adaptar às necessidades

(36)

Menezes (2013, p. 124) também traz a ideia a respeito do assunto:

A rede de creches, especialmente as gratuitas, todavia, não é suficiente no país, de modo que muitas mulheres não podem optar por tal instrumento de conciliação com os seus deveres familiares e laborais. O mesmo não ocorre entre as que possuem maior poder aquisitivo e podem dispor de tais serviços com mais facilidade e escolha.

Afinal, as mulheres precisam se perguntar e mudar sua postura em relação a sua carreira, e os homens também precisam ter um papel ativo nessa discussão, em razão de, atualmente a liderança majoritariamente ser masculina em todos os setores da economia, precisam perceber que devem valorizar o trabalho da mulher. Infelizmente no final de 2018, o Fórum Econômico Mundial 7 relatou que as mulheres irão levar mais de 200 anos para atingir a real igualdade de gênero no mundo, percebe-se lamentavelmente que nada é fácil quando se trata de mulher.

Em contrapartida, pode-se avançar um pouco e essa mudança se dará se os três atores, mulheres, empresas e sociedade assumirem um protagonismo nessa mudança, com certeza ira se encurtar algumas décadas e dariam mais realizações para as mulheres, ganhos para as empresas, economia e para as relações sociais. Segundo Arruda (1995) ―tanto na vida profissional quanto empresarial, social e política, a promoção da mulher precisa passar por um efetivo reconhecimento de igualdade de direitos com o homem‖. Nesse sentido a mulher precisa ser mais forte do que nunca.

No âmbito da responsabilidade do empregador deve-se criar politicas publicas de enfrentamento do preconceito de gênero no mercado de trabalho e com relação à responsabilidade da família, sabe-se o quanto existe um ideal de família para cada pessoa, mas o ideal seria aquela família que se respeita, se cuida, se ajuda, conversa, onde todos os membros possuem um interesse comum e mais importante que ama incondicionalmente, infelizmente para muitas pessoas essa não é a realidade, por fim, essas duas esferas trabalho e família devem sempre estar em harmonia.

7

Matéria divulgada pelo site G1 em 18 de dezembro de 2018. Estudo publicado pelo WEF. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/12/18/forum-economico-mundial-ve-2-seculos-para-fim-de-desigualdades-de-genero-no-mercado-de-trabalho.ghtml> Acesso em 15 mai. 2019.

(37)

2.3 Reflexos na saúde da mulher

É sabido que o estresse é a doença do século e na mulher isso se propaga de modo especial, pois como relatado às mulheres possuem uma jornada dupla, muitas vezes tripla jornada de trabalho, isso vem gerando muitos problemas, em poucas palavras pode-se dizer que a mulher vive uma vida estressante. A vida das mulheres é muito mais intensa que a dos homens e isso e um dado estatístico comprovado. Segundo Jussara Cruz de Britto e Vanda D’ Acri (1991, p. 206)―o impacto deste trabalho tem uma interferência decisiva na vida pessoal e profissional das mulheres, afetando sua saúde, sobretudo pela configuração de uma dupla jornada‖.

O equilíbrio talvez seja a palavra base de tudo, quando se fala em bem estar, primeiro a mulher precisa olhar para si e se avaliar, perceber que está se sentindo cansada, muitas vezes exausta, num ritmo de vida muito acelerado, percebe-se que ela deve começar a priorizar quais são as suas reclamações, quais os problemas que estão sobrecarregando sua vida e assim mudar todo esse processo.

Interessante seria listar o que se está acontecendo no seu dia-a-dia e como trabalhar com cada problema, por exemplo, a mulher que possui muitas tarefas em casa, dividi-las com seu marido/parceiro, sem ter o receio de perguntar se ele pode ajudar, e então tentar diminuir essa carga se ele não pode se não tem solução, traçar estratégias de fazer menos, ou seja, não precisa fazer tudo todo o dia.

Gravena e Barham (2012, p.130) destacam que:

Com a maior atuação profissional feminina, as mulheres vêm se deparando com o desafio de conciliar demandas familiares e profissionais, especialmente quando não há equilíbrio na divisão de tarefas domésticas entre os membros da família ou não existem formas satisfatórias de apoio familiar e profissional.

Outro elemento muito importante é destinar um tempo para o seu prazer, seus momentos de alegria até então esquecidos, priorizar o estilo de vida saudável, o que pode ser prazeroso. Buscar acabar com essa imagem que a mulher somente trabalha e não pensa em si, para mudar de vez essa visão patriarcal da sociedade como um todo.

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