“Não há qualquer campo do saber humano,
seja na indústria, na agricultura, no preparo
de alimentos, em conexão com problemas
de habitação ou de vestuário, na
preservação da saúde humana ou de
animais e no combate às doenças, em que
o microrganismo não desempenhe um papel
importante e às vezes, dominante.”
INTRODUÇÃO A MICROBIOLOGIA DOS
ALIMENTOS
CONCEITO:
A microbiologia dos alimentos é a parte da microbiologia que trata dos processos em que os microrganismos influenciam nas características dos produtos de consumo alimentício humano ou animal.
A microbiologia dos alimentos, por consequência, engloba aspectos da ecologia microbiana e de biotecnologia para a produção.
ASPECTOS HISTÓRICOS
No Início, a alimentação era baseada nos
abundantes recursos da natureza.
O homem passou a plantar, criar animais e
produzir seus alimentos.
Com o surgimento dos alimentos preparados
doenças transmitidas devido a deterioração
(conservação inadequada).
Na idade média morte por Ergotismo
intoxicação
aguda
por
ingestão
de
cereais
contaminados por fungos.
Importância da limpeza e higiene na produção
dos alimentos século XIII.
Inspeção de carnes em abatedouros de animais.
Luis Pasteur teorizou a importância dos
microrganismos nos alimentos.
CONTAMINAÇÃO DOS ALIMENTOS
Pode afetar a segurança alimentar;
Provocar
rejeição
de
produtos
pelo
consumidor;
Deve ser uma preocupação constante dos
produtores, distribuidores e consumidores.
A capacidade de crescimento e de sobrevivência
dos mos patogênicos nos alimentos, depende de
um conjunto de fatores extrínsecos e intrínsecos,
tais como:
Fatores intrínsecos:
Constituem os derivados da composição do alimento: Aa, pH, nutrientes, agentes antimicrobianos naturais, potencial redox, interação entre microrganismos, estruturas biológicas etc.
Fatores extrínsecos:
Derivados das condições físicas do ambiente em que se armazena o alimento: temperatura ambiental, umidade
relativa, atmosfera de O2 e CO2 e aditivos intencionais.
• Água
Importante nutriente, como integrante da
estrutura do alimento e por sua influência
no crescimento dos mos; segundo o teor
de sua presença no substrato, ela pode
prevenir ou inibir o crescimento
microbiano.
Fatores intrínsecos
Composição Química:
Água, fonte de energia, fonte de nitrogênio,
vitaminas e sais maneirais Deve estar
disponível para multiplicação microbiana.
Fonte de Energia:
Açúcares, álcoois e aminoácidos,
Amido, celulose.
Fonte de nitrogênio:
Aminoácidos,
Nucleotídeo, peptídeo.
Vitaminas:
Complexo B.
Biotina e acido pantotênico.
Minerais:
Sódio, potássio, cálcio, magnésio, ferro, cobre, zinco etc..
No que se refere às necessidades nutricionais, as
mais exigentes são:
• Bactérias Gram-positivas,
• Gram-negativas,
• Leveduras e bolores.
Acidez (pH): a maioria das bactérias se desenvolvem em pH em torno de 6,5 a 7,5.
Algumas em pH ácido, como as bactérias lácticas.
Bactérias patogênicas em pH em torno de 7,0.
Fungos e leveduras variável.
CONSTITUINTES ANTIMICROBIANOS
A estabilidade de alguns alimentos frente ao
possível ataque por microrganismos deve-se à presença de substâncias naturais que
apresentam atividade microbiana.
CONSTITUINTES ANTIMICROBIANOS Dentre estas substâncias destacam-se:
•Ovo: além da proteção da casca, a clara possui a lisozima que destrói a parede celular das bactérias Gram+.
•Amora: ácido benzóico – atua contra fungos.
•Cravo da Índia: óleos essenciais ou Eugenol e lipídios com ação antimicrobiana.
•Canela: aldeído cinâmico e eugenol •Alho: alicina
•Mostarda: alil-isotiocianato •Sálvia: eugenol e timol
•Orégano: carvacrol e timol.
•Leite: lactoferrina, conglutinina e lactoperoxidase
ESTRUTURAS BIOLÓGICAS
Barreira ou obstáculo para o acesso de microrganismos às partes perecíveis de alguns alimentos, ou seja, aquela que apresenta nutrientes. Ex:
• Cascas de sementes • Nozes
• Arroz • Peles
• Pêlos de animais
• Cascas ou películas de frutas
MICROBIOTA DO ALIMENTO
A competição da microbiota do alimento também atua favorecendo ou inibindo algumas espécies ou grupos de microrganismos.
• Bactérias lácticas – produz ácido láctico ou bacteriocinas que inibem ou eliminam MO patogênicos.
•Leveduras – podem consumir os ácidos orgânicos dos alimentos ácidos fornecendo condição para a multiplicação daqueles MO que anteriormente eram inibidos pela acidez. •Staphylococcus aureus e Clostridium botulinum – são maus competidores e não se desenvolvem em alimentos que apresentam elevadas contagens de outros MO.
Umidade Relativa do Ambiente:
Há necessidade de uma certa concentração de água para multiplicação do microrganismo.
• A umidade relativa interfere na atividade de água (Aa) do alimento.
• Se armazenarmos um alimento com baixa Aa em um ambiente com alta UR, a Aa do alimento aumentará podendo sofrer deterioração por MO.
• O binômio UR/Temperatura não pode ser desprezado, sendo que, quanto mais alta a temperatura, menor será a UR e vice-versa.
Composição Gasosa do ambiente:
Microrganismos aeróbios: requerem oxigênio para sua
multiplicação. Ex: Bolores, leveduras oxidativas e bactérias (Pseudomonas, Moraxella etc..)
Microrganismos anaeróbios: não requerem oxigênio
para sua multiplicação. Ex: Clostridium.
Microrganismos anaeróbios facultativos. Crescem tanto
na ausência como na presença de oxigênio. Ex: Enterobactérias.
Microrganismos microaerófilos: Crescem em pequena
concentração de oxigênio (+/- 10 %) Ex: Lactobacilos e Estreptococos.
Gases do Meio – CO2 e O3
• A armazenagem de alimentos em atmosfera contendo CO2 é conhecida também como
estocagem em “atmosfera controlada”.
• Utilizada em muitos países para frutas (maçãs e pêras), provocando o retardo da putrefação, causado por fungos filamentosos, devido à inibição do etileno (que atua nas frutas como fator de envelhecimento).
• Também utilizada em carnes – sendo as Gram negativas (Pseudomonas) mais sensíveis ao CO2 que as Gram positivas (anaeróbias e bactérias lácticas).
• Certos vegetais e principalmente as frutas, são preservadas em atmosfera contendo Ozônio (O3) – 2 a 3 ppm, não sendo recomendado em alimentos com elevado teor
lipídico, pois poderá acelerar a rancidez.
• Tanto o O3 como o CO2 é eficiente para retardar as alterações superficiais em carnes
estocadas por longos períodos.
Fatores extrínsecos
Temperatura:
- O desenvolvimento e a vida do mos, além de outros fatores, somente são possíveis em suas faixas preferenciais de temperatura; cada grupo tem sua faixa ótima.
- Os fungos são capazes de se multiplicar em alimentos refrigerados.
- As leveduras não toleram temperaturas altas.
Temperatura Ambiental:
Os microrganismos podem se multiplicar em uma
faixa que varia de -35ºC a 90ºC.
Microrganismos psicrófilos (-5ºC a 20ºC)
Microrganismos psicrotróficos (-5ºC a 35ºC)
Microrganismos mesófilos (5ºC a 50ºC)
Microrganismos termófilos (40ºC a 90ºC)
Alimentos
► meio adequado para o crescimento microbiano
- deterioração (“prontos para consumo” - aumento dos custos) - disseminação de infecções
- intoxicações
- produção de alimentos - conservação de alimentos
2. Composição microbiana dos alimentos
►Frutos:
Leveduras na casca das uvas - fermentação para fabricação do vinho pH 2,3-5,0 - baixa incidência de bactérias
►Carnes:
Corte e manuseio - bactérias proteolíticas, lipolíticas, fungos e ocasionalmente patógenos (Clostridium perfringens, Staphylococcus aureus)
►Leite:
Microbiota característica do ambiente
Bactérias do ácido lático, leveduras, coliformes, Pseudomonas
Patógenos: Staphylococcus (mastite), Mycobacterium, Brucella, Salmonella, Coxiella
• Microbiota própria
Importância dos Microrganismos nos
Alimentos
Classificação:
Microrganismos como agentes de deterioração
dos alimentos.
Microrganismos como agentes patogênicos
transmitidos por alimentos.
Microrganismos como produtores de
Deterioração:
►Qualquer alteração na aparência, cor, textura, odor, sabor decorrentes da atividade metabólica dos microrganismos
O tipo de deterioração depende:
- tipo de alimento
- microrganismo envolvido (bactérias entéricas raramente deterioram frutos)
- número de microrganismos presentes
Os agentes causadores de deterioração podem
ser bactérias, fungos e leveduras; sendo as
bactérias e os fungos os mais importantes.
As carnes são os alimentos mais facilmente
deteriorados.
Durante
o
processo
da
deterioração
é
selecionado uma população ou tipo predominante
de microrganismos.
► Ranço:
Alimentos ricos em gordura
Microrganismos lipolíticos, principalmente bactérias Quebra das gorduras ácidos graxos glicerol
► Putrefação:
Alimentos ricos em proteínas (p.ex. carnes) Bactérias proteolíticas
Proteínas putrescina, cadaverina, H2S, NH3
► Azedamento (fermentação) e coagulação:
Leite
Bactérias do ácido lático
Lactose ácido lático + outros ácidos
Inibir o crescimento microbiano ► preservar a qualidade
4. Controle dos microrganismos em alimentos
• O crescimento segue o padrão geral: fase lag, exponencial ...
• Depende de condições como temperatura e valor nutritivo do alimento • Somente quando a concentração atingir certo nível a deterioração pode
►Forma mais comum de conservação
Refrigeração (4 a 10 ºC): inibição das reações enzimáticas, levando à paralisação do crescimento microbiano
- Crescem os psicrotolerantes
Congelamento (-20 ºC): água congelada não está disponível para o metabolismo. Formação de cristais de gelo que
danificam a membrana
- Pode haver crescimento em bolsas de água não congelada 4.1 Frio
► Pasteurização
63 ºC por 30 min (LTLT: low temperature long time)
72 ºC por 15 s (HTST: high temperature short time)
O tempo e temperatura, estão definidos para eliminação da Coxiella
burnetti (patógeno mais resistente – 61,6 °C)
► Esterilização
UHT (ultra-high temperature): 150 ºC por até 3 s sistemas contínuos
elimina o gosto de leite cozido 4.2 Calor
►Secagem: sol, câmaras secagem, liofilização
alimentos perdem água, provocando a inibição do crescimento
►Adição de solutos (elevação da pressão osmótica) - adição de açúcar: doces, geléias,
- secagem: leite condensado, frutas secas - adição de sal: carnes e peixes
- defumação
Aa – Atividade de Água
• Aa = 1 significa água pura, não há nutrientes • Aa = 0,999 já existe um mínimo de nutrientes
• Aa = 0,60 não existe mais água livre que favoreça o metabolismo das bactérias, mas certos fungos podem reproduzir-se
• Microrganismos resistentes à baixa Aa
• Osmofílicos – ambientes com elevada [ ] açúcar • Halofílicos – ambientes com elevada [ ] salina • Xerofílicos – afinidade a ambientes secos
Atividade de água e crescimento de microrganismos em alimentos
Valor de aw Microrganismos geralmente Alimentos que apresentam inibidos nesse valor esses valores de Aw
0,95 Pseudomonas, Escherichia, Proteus Alimentos frescos altamente
Shigella, Klebsiella, Bacillus perecíveis e frutas, carnes,
Clostridium perfringens, algumas peixes e leites enlatados;
leveduras salsichas cozidas e pães; alimentos contendo 40% de sacarose ou 7% de NaCl
0,95-0,91 Salmonella, Vibrio parahaemolyticus Alguns queijos, carne curada, alguns
C. botulinum, Serratia, Lactobacillus sucos de frutas concentrados,
Pediococcus, alguns bolores, alimentos contendo 50% de leveduras (Rhodotorula, Pichia) sacarose ou 12% de NaCl 0,91-0,87 Muitas leveduras (Candida, Torulopsis Salame, Bolos, queijos secos,
Hansenula), Micrococcus margarian, alimentos com 65% de sacarose ou 15% de NaCl 0,87-0,80 Maioria dos bolores (Penicilium Maioria dos sucos de frutas
micotoxigênicos), S. aureus, concentrados, leite condensado maoria das Saccharomyces, adoçado, xaropes de chocolate
Debaryomyces e de frutas, farinha, arroz, grãos secos, bolos de frutas
0,80-0,75 Maioria dos procariotos halofílicos Presunto, geléias, marzipan, frutos
Aspergillus micotoxigênicos glacês, marshmallows
► Diminuição do pH do alimento
A maioria dos organismos deteriorantes não crescem em menos de pH 5.
O ácido pode ser adicionado ou produzido no processo
- ácido acético: picles
- ácido lático: leite fermentado, iogurte, chucrute
4.4 Acidificação
Nos alimentos fermentados, as bactérias não se desenvolvem bem em pH abaixo de 4 – processo autolimitante.
4.5 Enlatamento
- Nicholas Appert funda em 1802 a primeira fábrica de conservas e recebeu o prêmio de Napoleão.
►Altas temperaturas aplicadas a alimentos hermeticamente fechados em latas - Temperatura inadequada: problemas com os termofílicos anaeróbios
- Deteriorações mais comuns em enlatados:
- azedamento: Bacillus stearothermophillus, B. coagulans, Lactobacillus spp. - produção de gás: leveduras, lactobacilos, clostrídios
Um pouco de história:
Em 1795 o governo de Napoleão Bonaparte ofereceu um prêmio de 12 mil francos a quem inventasse um novo método de preservação de alimentos para o exército.
Radiação ionizante: raios gama (cobalto 60)
▪ sem radiação residual e sem afetar a qualidade
Atualmente, nos EUA, aves e hambúrgueres estão sendo irradiados para controlar a E. coli 0157:H7 e outros patógenos entéricos
4.6 Irradiação
44 KGrays na esterilização de produtos cárneos servidos em vôos espaciais (NASA) 4,4 KGrays para hambúgueres normais
4.7 Aditivos
Diversos produtos químicos são considerados como seguros.
Alguns são utilizados há anos, sem evidência de toxicidade, outros já são mais controvertidos.
* inorgânicos:
- Óxido de etileno, NO3-, NO
2
-* orgânicos:
- ácido ascórbico: laticínios, sucos - benzoato de sódio: refrigerantes - propionato de cálcio: pães
Em combinação com o ácido ascórbico (Vitamina C), o benzoato de sódio pode formar o benzeno, que é cancerígeno.
TEORIA DO OBSTÁCULOS
DO RECEBIMENTO DO MATERIAL ATÉ O PRODUTO FINAL pH
Constituintes Antimicrobianos
Preservantes Higiene Armazenamento
Embalagem Temperatura
5. Microrganismos na produção de alimentos
Grupos daqueles que causam alterações benéficas:
São aqueles que modificam as características originais do alimento e transforma em um novo alimento. Microrganismos são intencionalmente adicionados
aos alimentos para que determinadas reações químicas sejam realizadas.
Desde os tempos históricos mais remotos são
utilizados microrganismos para produzir alimentos.
Os processos microbianos causam alterações nos
alimentos que lhes conferem mais resistência a
deterioração
ou
algumas
características
organolépticas (sabor, textura, etc..) mais desejável.
Neste grupo estão todos os microrganismos
utilizados na fabricação de alimentos
fermentados: queijo, vinhos, pães, iogurtes,
manteiga etc..
Alimentos preparados com o uso de microrganismos
Alimento Matéria prima Principal Microrganismo Grupo
Picles Pepinos Lactobacillus spp. Pediococcus spp.
Bacilos, Gram + Cococ, Gram + Leite fermentado Leite L. acidophilus Bacilos, Gram + Pão Farinha Saccharomyces cerevisiae Levedura
Ricota Leite pasteurizado L. bulgaricus Bacilos, Gram +
Koumiss Leite de égua L. bulgaricus
Torula, Mycoderma
Bacilos, Gram + Leveduras Kefir Leite fresco, Streptococcus spp.
Lactobacillus spp. Leuconostoc Acetobacter Cocos, Gram + Bacilos, Gram + Cocos, Gram + Bacilos, Gram
-Iogurte Leite pasteurizado L. bulgaricus S. thermophilus
Bacilos, Gram + Cocos, Gram + Shoyu Arroz, Soja L. delbrueckii
Aspergillus oryzae Sacharomyces rouxii
Bacilos, Gram + Fungo filamentoso Levedura
Queijos Leite S. lactis
S. cremoris L. citrovorum L. dextranicum Outros microrganismos Cocos, Gram + Cocos, Gram + Bacilos, Gram + Bacilos, Gram + Fungos
Cerveja Grãos de cereais Saccharomyces spp. Leveduras
Vinho Suco de uva Saccharomyces cerevisiae Sacch. champagnii
Leveduras
Salames e salsichas curadas
Porco/Gado Pediococcus cerevisiae Cocos, Gram +
Iogurte
Lactococcus thermophillus Lactobacillus bulgaricus
Sabor: diacetil, acetaldeído
Queijos Lactococcus lactis Lactococcus cremoris Lactobacillus citrovorum Lactobacillus dextranicum Outros: fungos
Creme de Leite
Streptococcus cremoris, S. diacetylactis: ácido – coagulação Leuconostoc cremoris: voláteis – sabor e aroma
Kefir: alimento à base de leite preparado por microrganismos
- Originário do Cáucaso, “um presente de Alá”
Lactobacilli
Lactobacillus alactosus L. brevis
L. casei subsp. casei
L. casei subsp. pseudoplantarum L. casei subsp. rhamnosus L. casei subsp. tolerans
L. coryneformis subsp. torquens L. fructosus L. hilgardii L. homohiochi L. plantarum L. pseudoplantarum L. yamanashiensis Streptococci/Lactococci Streptococcus cremoris Str. faecalis Str. lactis Leuconostoc mesenteroides Pediococcus damnosus Leveduras Saccharomyces cerevisiae S. florentinus S. pretoriensis Candida valida C. lambica Kloeckera apiculata Hansenula yalbensis
Bebida tradicional de nômades criadores de rebanhos das estepes russas.
O leite de égua dá origem a uma bebida saudável após uma fermentação alcóolica e láctica.
A ação medicinal do koumiss é devida ao grande complexo de substâncias e elementos curativos que ele contém, tais como fermentos, microelementos, antibióticos, vitaminas A, Bl, B2, B12, D, E, C (grande teor), álcool etílico, ácido lático, gás carbônico e outros.
Picles
Lactobacillus spp. Pediococcus spp.
São os patogênicos.
• A característica das doenças depende: – Fatores inerentes ao alimento;
– Do microrganismo patogênico em questão; – Do indivíduo afetado.
• O MO pode chegar ao alimento por diferentes vias: – Condições precárias de higiene;
– Armazenamento; – Distribuição;
– Manipulação.
6. Doenças transmitidas por alimentos
• Importante área emergente
• Alimentos processados: grande responsabilidade para as empresas
Microrganismos que pode causar infecção e
intoxicações:
Bactérias gram positivas.
Bactérias gram negativas.
Fungos produtores de micotoxinas.
Vírus.
OBS: Além do mecanismos de defesa, os mo
precisam encontrar condições físicas ideais para sua
multiplicação.
Doenças de origem microbiana veiculadas por alimentos
Categorias de doenças:
* infecções
- microrganismo ativo presente nos tecidos
- ingestão do patógeno através do alimento contaminado
(muitos desses agentes também são transmitidos pela água)
* intoxicações
- microrganismo ativo ausente nos tecidos - ingestão da toxina bioativa pré-formada
• A expressão “ doença de origem alimentar”, é
usada
para
designar
um
conjunto
de
perturbações gastro-entéricas, envolvendo:
Vômitos
Diarréias
Febres
Dores abdominais
Ou mais graves como: febre tifóide e o
botulismo
6.1 Infecções
a. Gastroenterites
Bacillus cereus: toxina liberada no trato intestinal
Infecção que atinge o sistema gastrointestinal ocasionando diarreias, cólicas intestinais e vômitos.
Síndrome diarreica: Vegetais crus, carnes, leite e derivados, cremes, sopas e molhos, purê de batatas e salada de legumes contendo esporos
Síndrome emética: produtos amiláceos e cereais, em especial o arroz.
b. Salmoneloses
Salmonella thyphimurium: espécie mais comum, presente
no intestino dos animais e esgotos.
S. typhi: febre tifóide
Carnes, salsichas, aves, ovos, leite e laticínios, produtos à base de ovos crús
Contaminação: manuseio por indivíduos portadores, água contaminada
Maria Tifóide "I can cook"
c. Escherichia coli patogênicas
Escherichia coli enterotóxica (linhagens ETEC), produtora de enterotoxinas
potentes
- verotoxina:diarréia hemorrágica e insuficiência renal.
Linhagem E. coli O157:H7 produz grande quantidade da toxina
Alimentos crús ou mal cozidos, particularmente carnes moídas processadas em grande escala, água.
d. Campilobacteriose
Campylobacter jejuni e C. fetus
Bastonetes Gram negativos, microaerófilos, principais responsáveis por diarréias bacterianas em crianças
- C. fetus: abortos em bovinos e ovinos
Aves, porco, mariscos crús, leite cru ou não pasteurizado - todas as carcaças de frango e peru contêm C. jejuni
d. Listeriose
Listeria monocytogenes – presente em todos os ambientes
- Bastonetes ácido tolerantes, psicrotolerantes e halotolerantes
- Pessoas imonocomprometidas: septicemia, meningite, encefalite, infecção intra-uterina
Carne, laticínios, produtos frescos Contaminação: solo, água
e. Hepatite A
Picornavírus (RNA vírus)
- Inflamação e necrose do fígado
Frutos do mar coletados em águas poluídas, leite
a. Intoxicação por estafilococos
Staphylococcus aureus – intoxicação bastante comum (gastroenterites)
Cremes, doces recheados, carnes, pudins, saladas com maionese
Contaminação do alimento: pelo manipulador, seguida pela multiplicação da bactéria no alimento não refrigerado e produção de enterotoxinas (7 tipos) termoestáveis.
b. Intoxicação por clostrídios
Clostridium perfringens: bactéria anaeróbia, produtora de endósporos
Carnes, aves e peixes, crús ou cozidos
Toxinas: enterotoxina produzida quando a bactéria esporula no intestino, após ser ingerida com o alimento.
Sintomas: alteração da permeabilidade das células epiteliais do intestino, produzindo sintomas de gastroenterites.
Clostridium botulinum: bactéria anaeróbia, produtora de endósporos
(botulus, do latim, salsicha)
Carnes, vegetais enlatados, peixes fermentados, alimentos embutidos, batatas assadas, ...
Toxinas: exotoxina (proteína sensível ao calor, 80 ºC/10 min) geralmente fatal. - 1 g mataria 30 bilhões de ratos.
Botulismo
Sintomas: a toxina liga-se às membranas pré-sinápticas nos neurônios motores na junção neuro-muscular, bloqueando a liberação de acetilcolina, impedindo a contração do músculo.
Os fungos são indesejáveis nos alimentos porque são capazes de produzir uma grande variedade de enzimas que agindo sobre o alimento provocam sua deterioração.
• Muitos fungos são produtores de toxinas (micotoxinas) que correspondem a produtos metabólicos secundários.
• Os principais fungos que estão relacionados as intoxicações alimentares são: – Aspergillus spp – Penicillium spp – Fusarium spp – Claviceps spp
Fungos
Microbiologia do leite
• Na glândula mamária o leite é estéril;
• No interior do úbere entra em contato com
os mos;
• A microbiota varia bastante em número e
espécie;
• Bactérias penetram pelo orifício do teto,
cisterna e sistema glandular;
• Principais fontes e veículos de contaminação:
** Fezes do animal
** Ar viciado pela poeira
** Equipamentos
** Transporte
** Processamento
** Armazenamento
Microrganismos no leite (patogênicos)
Causam doenças
Eliminados na pasteurização
Prejuízos econômicos
Contaminação do leite e derivados
Queda no rendimento
Campylobacter jejuni
Leite cru - Diarréia
Listeria monocytogenes
14 mortes nos EUA
29 mortes no México
31 morte na Suíça
• Samonelose – toxinfecção típica
16000 EUA
76 Reino Unido
Staphylococcus aureus
Toxina- intoxicaçoes
Microbiologia do leite
Microrganismos
Doença
Tempo de morte
(temp)
Mycobacterium tuberculosis
Tuberculose 4 min 40 s (65°C)
Salmonella thypi Tifo 20 min 45 s (65°C)
Staphylococcus pyogenes
Mamite 20 min 45 s (65°C)
Brucella abortus Brucelose 2 min 55 s (65°C)
Corynebacterium diphteriae
• Lactobacillus bulgaricus – iogurte e
queijo
• Lactobacillus helveticus – queijo suíço e
italiano
• Boa higiene
• Tratamento térmico
• Refrigeração
• Congelamento
Análise Microbiológica em alimentos
*exame microscópico direto * preparações coradas
* preparações a fresco
* contagem totais de colônias
* contagem diferencial (categorias de m-o, tipos metabólicos, tipos fisiológicos)
* identificação de grupos específicos e espécies de microrganismos
Microbiologia dos alimentos
T
Teesstteess ppaarraa ddeetteerrmmiinnaarr aa qquuaalliiddaaddee ddoo lleeiittee::
T
Teessttee DeDessccrriiççããoo PrProoppóóssiitoto ee iimmppororttâânnciciaa
Teste da fosfatase Detecta presença de fosfatase, uma enzima destruída durante a pasteurização.
Determinar se o calor foi adequado durante a
pasteurização. Se a fosfatase ativa permanecer, os
patógenos também podem estar presentes.
Teste da redutase Mede indiretamente o
número de bactérias no leite. A velocidade pela qual o azul de metileno é reduzido à sua forma incolor é
diretamente proporcional ao número de bactérias em uma amostra de leite.
Avaliar o número de bactérias em uma amostra de leite. O leite de boa qualidade contém tão poucas bactérias, que uma concentração padrão de azul de metileno não será reduzida em 5,5 h. Em leite de baixa qualidade, a redução ocorre em 2 h ou menos.
Microbiologia dos alimentos
Contagem padrão feita em placa
Mede diretamente as bactérias viáveis. O leite diluído é
misturado com ágar nutriente e incubado por 48 h; as colônias são contadas, e o número de bactérias na amostra original é calculado.
Determinar o número de bactérias em uma amostra de leite. O número por mililitro não deve exceder 100.000 no leite cru ou 20.000 no leite
pasteurizado.
Teste para coliformes
Igual ao da água Determinar se os coliformes
estão presentes. Um teste positivo indica contaminação com material fecal.
Teste para patógenos
Detecta a presença de patógenos. Os métodos dependem dos patógenos suspeitados.
Identificar patógenos.
Geralmente não é necessário, mas pode ajudar a localizar a fonte dos agentes infecciosos que possam aparecer no leite.