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Academic year: 2021

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TÍTULO: EFEITO DO ATENOLOL EM ANIMAIS SUBMETIDOS A ISQUEMIA- REPERFUSÃO INTESTINAL: ANÁLISE HISTOLÓGICA RENAL

TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE ÁREA:

SUBÁREA: MEDICINA SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS INSTITUIÇÃO:

AUTOR(ES): MAÍRA MENDES DE OLIVEIRA AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): ITAMAR SOUZA DE OLIVEIRA JUNIOR, MARCO AURÉLIO FERREIRA FEDERIGE ORIENTADOR(ES):

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Resumo

A isquemia mesentérica intestinal aguda é uma emergência clinica/cirúrgica que pode levar o paciente a óbito devido a uma obstrução transitória, parcial ou total de uma artéria ou veia mesentérica, superior ou inferior, causando diminuição ou cessação do fluxo sanguíneo levando a complicações em todo o sistema. A necessidade de reestabelecimento do fluxo sanguíneo (reperfusão) imediata é essencial para evitar lesão tecidual e consequentemente necrose. Nosso objetivo foi avaliar os efeitos do atenolol, como droga antioxidante, no intuito de observar sua utilidade em reduzir as lesões renais em animais submetidos à isquemia-reperfusão da mesentérica superior. Utilizamos animais Wistar (EPM-1), machos, e os mesmos foram distribuídos em três grupos (n= 6 por grupo) sendo: Sham= animais submetidos apenas ao procedimento cirúrgico, sem oclusão da mesentérica; grupos SS+IR= administração intravenosa de solução salina 30 minutos antes da isquemia, seguido de isquemia com duração de 45 minutos e reperfusão de 120 minutos; grupo AT+IR: administração intravenosa de atenolol 30 minutos antes da isquemia, seguido de isquemia durante 45 minutos e reperfusão de 120 minutos. Ao final do experimento os animais foram eutanasiados com alta dose anestésica. Os rins foram retirados para estudo da histologia tecidual. A análise estatística foi realizada utilizando o laudo do patologista. Os dados demonstram que o grupo SS+IR apresentou áreas com encolhimento glomerular e infiltração de células mononucleares, sendo estas alterações reduzidas com o uso prévio do atenolol. Concluímos que o atenolol teve ação citoprotetora renal podendo ser uma droga para futuros ensaios clínicos.

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A isquemia mesentérica intestinal aguda (iAMI, intestinal acute mesenteric ischemia) é uma emergência na qual ocorre uma obstrução total ou parcial de uma veia ou artéria por ação mecânica (ex.: traumas graves) ou não (ex.: embolismos), que requer intervenção cirúrgica imediata com o intuito de restaurar o fluxo sanguíneo (reperfusão ou “re-flow”) evitando a necrose tecidual e consequente risco

de óbito ao paciente 1. A isquemia mesentérica normalmente é observada em idosos,

contudo também se observa em paciente adultos jovens com internações por dor

abdominal, com uma sintomatologia que varia de 12 horas a 5 dias 2.

Com base nas causas da iAMI podemos classificar a mesma em quatro tipos específicos: embolia por isquemia da artéria mesentérica superior (SMAE, superior mesenteric ischemia-embolism) responsável por 40-50% dos casos e que tem por fonte o coração (ex.: isquemia miocárdica, infarto, arritmias, endocardites, aneurisma de coronárias e doenças valvares), a trombose mesentérica aguda (AMT, acute mesenteric thrombosis) a mesma corresponde a 25-30% dos casos por doença aterosclerótica e a isquemia mesentérica não oclusiva (NOMI, nonocclusive mesenteric ischemia) responde por 20% dos casos (ex.: vasoconstrição da artéria

esplênica)1.

As manifestações clínicas da iAMI se assemelham as doenças intra-abdominais, tais como diverticulite aguda, obstrução do intestino delgado, pancreatite e colecistite aguda, isso contribui na demora do diagnóstico causando piora no quadro do paciente e aumento do risco de morte. Assim, os sintomas variam de acordo com o tipo e intensidade da isquemia, podendo ocasionar dor abdominal intensa, náusea, vômito e urgente evacuação, confusão mental,

taquicardia, taquipnéia, colapso circulatório, perda de peso entre outros 1.

A isquemia também é necessária em procedimentos cirúrgicos que necessitem de interrupção do fluxo sanguíneo (ex.: transplantes de órgãos). A interrupção do fluxo sanguíneo leva a um aumento de substâncias nocivas ao

sistema, além do aumento da pressão arterial, arritmias cardíacas, etc 1.

A isquemia leva a uma marginalização dos neutrófilos com consequente travessia dos mesmos para os tecidos (influxo de neutrófilos), esta migração é sinal de inflamação como resposta do sistema imune celular à lesão endotelial. Quando os neutrófilos se ligam a superfície do endotélio e são ativados os mesmos aceleram a disfunção destas células promovendo destruição de tecido através de mecanismos

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citotóxicos variados, liberando substâncias que incluem espécies reativas do oxigênio (ERO), enzimas citotóxicas e citocinas causando (edema, desequilíbrio

oxidativo, oclusão de pequenas arteríolas e pequenos vasos) 3.

Tendo-se em conta que a isquemia deve ser revertida, a intervenção ocorre para promover o restabelecimento do fluxo sanguíneo (reperfusão). A reperfusão, que deveria ser benéfica, muitas vezes contribui para uma piora do quadro, caracterizando uma lesão por reperfusão, ou seja, o dano que ocorre em determinado tecido com a restauração do fluxo sanguíneo, após um período de

isquemia 1. Assim, uma série de eventos contribui para aumentar a injúria tecidual,

por liberação de oxigênio (uma vez que a reintrodução do oxigênio causa desorganização mitocondrial, lesão do sarcolema, da membrana basal, entre

outros), iniciando um grave e rápido processo de lesão celular 3-5.

OBJETIVO

Análise histomorfológica dos rins de animais tratados com atenolol e submetidos a isquemia-reperfusão intestinal.

METODOLOGIA

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) sob o número CEUA/CONCEA 5980160514/24 e os procedimentos foram realizados seguindo as normas do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA) e do Conselho Europeu 86/609/CEE. Utilizamos 18 ratos Wistar, machos, EPM1, pesando entre 220 e 280 g, fornecidos pelo Centro de Desenvolvimento de Modelos Experimentais para Medicina e Biologia da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (CEDEME-UNIFESP/EPM). Os animais foram mantidos no Biotério da Disciplina de Cirurgia Experimental (UNIFESP) por um período de 24 horas antes do início do experimento, para a adaptação às condições locais de confinamento em gaiolas próprias. Os animais foram mantidos sob condições padronizadas de luminosidade (ciclo claro/escuro de 12:12 horas), umidade (60-70%), temperatura ambiente (22ºC) e alimentação ad libitum que foi suspensa 8 h (para sólidos) e 2 h (para líquidos) antes do experimento.

Os animais foram distribuídos, por sorteio, em três grupos (n= 6/grupo): Grupo Sham: realizaremos a laparotomia, mas sem clampeamento da mesentérica;

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Grupo SS+IR: realizamos a laparotomia, seguido de infusão intravenosa (i.v) de solução salina e 30 minutos depois realizamos o clampeamento da mesentérica por 45 minutos e reperfusão por 120 minutos; Grupo AT+IR: realizamos o procedimento cirúrgico, seguido de infusão i.v de atenolol e 30 minutos depois realizaremos o clampeamento da mesentérica por 45 minutos e reperfusão por 120 minutos. O atenolol (Sigma, SP, Brasil) foi diluído em solução salina para administração i.v (femoral) na dose de 2 mg/kg (0,2 mL de solução por 100 g de peso).

Para o procedimento operatório, os animais foram submetidos ao jejum de 8 horas para sólidos e 2 horas para água, sendo então pesados em balança de precisão e anestesiados com injeção intraperitoneal de cloridrato de cetamina (60 mg/kg) e cloridrato de xilazina (10 mg/kg). Os animais anestesiados foram colocados em decúbito dorsal sobre a mesa cirúrgica e imobilizados com fita adesiva em posição supina. Os pelos da região abdominal foram retirados com creme depilatório, antissepsia com solução de álcool iodado a 2% e delimitação da área operatória com campos cirúrgicos.

Realizou-se uma laparotomia mediana longitudinal, com quatro centímetros de comprimento, iniciando-se abaixo do processo xifóide, em sentido crânio-caudal, com diérese dos planos anatômicos. Após o procedimento a emergência da artéria mesentérica superior localiza-se abaixo das emergências das artérias renais, sendo a artéria mesentérica superior bem identificada. Este procedimento foi realizado no grupo Sham que ficou sedado e anestesiado durante 45 minutos (simulando isquemia) e 120 minutos (simulando a reperfusão), contudo sem clampeamento.

Os animais foram ventilados (Ventilator, Harvard Apparatus, MA, EUA)

com volume corrente (VC) de 5 mL/kg, fração inspirada de oxigênio (FiO2) a 21%,

pressão positiva ao final da expiração (PEEP) de 2 cmH2O e frequência respiratória

de 60-70 incursões por minuto (ipm) com máscara aberta, sendo aquecidos com cobertor térmico e a temperatura controlada (36,5-37ºC) com termômetro retal (YSI Inc., OH, EUA).

Após o período do experimento realizamos em todos os animais uma exanguinação pela porção abdominal da aorta para a coleta de sangue total para posterior análise bioquímica, e os animais foram eutanasiados (T-61 Euthanasia Solution®, Schering-Plough, SP, Brasil; 1 mL/100 g de peso corporal).

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Imediatamente após a eutanásia retiramos os rins. Os fragmentos do rim de cada animal foram convenientemente fixados em formaldeído a 10% tamponado (tampão fosfato) por 8 horas e depois desidratados em concentrações crescentes de álcool etílico, diafanizados pelo xilol e impregnados pela parafina líquida em estufa, regulada à temperatura de 59ºC, segundo a metodologia preconizada para inclusão em parafina. O material foi incluído em parafina e os blocos cortados em micrótomo do tipo Minot (Accu-Cut®, SaKura, ajustado para 4 µm. Alguns cortes assim obtidos foram colocados em lâminas previamente untadas com albumina de Mayer e mantidos em estufa regulada à temperatura de 37 ºC, durante 24 horas, para secagem e colagem. Uma lâmina de cada animal foi então submetida ao método de coloração pela hematoxilina e eosina (H.E) para posterior análise morfológica. Na análise morfológica utilizou-se microscópio de luz, da marca Carl Zeiss, com objetivas variando de 4 a 400 X para caracterização e descrição de cada corte histológico. A análise foi realizada em duas seções de cada animal utilizando aumento de 400x em 10 diferentes regiões de cada seção. Os resultados foram expressos conforme descrição anatomopatológica fornecida pelo patologista que não sabia a que grupo cada amostra pertencia.

DESENVOLVIMENTO

Na isquemia-reperfusão intestinal uma série de eventos afetam órgãos distantes e, no caso dos rins, envolve alterações na hemodinâmica renal, lesão de células endoteliais, aumento da adesão entre células endoteliais e leucócitos,

migração de leucócitos para o tecido afetado e comprometimento microvascular 6.

Tais efeitos podem levar a uma nefropatia crônica, assim o estudo de fármacos que possam minimizar tais efeitos são alvos de diversos estudos.

Os fármacos atualmente estudados para prevenir lesão por isquemia-reperfusão são: heparina (que tem ação anticoagulante e antioxidante), papaverina (que inibe fosfodiesterase aumentando fluxo sanguíneo marginalmente), adenosina (um antioxidante), dantrolene (que age no retículo sarcoplasmático do músculo esquelético controlando o cálcio), alopurinol (uma enzima conversora inibidora da

angiotensina), entre outras 7.

Nos Estados Unidos aproximadamente 3 milhões de pacientes são submetidos a cirurgias não-cardíacas que poderão ter risco de doença da artéria coronária, sendo a isquemia miocárdica e o infarto miocárdio não fatal um

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importante fator de mortalidade e morbidade cardiovascular durante a primeira

semana pós-cirurgia 8,9.

Os antagonistas beta-adrenérgicos (β1), como o atenolol e metoprolol, agem nos receptores beta-adrenérgicos que estão situados principalmente na

parede vascular realizando constrição ou relaxamento vascular 10-13.

RESULTADOS

Os resultados demonstraram que os animais do Grupo II apresentaram áreas com encolhimento glomerular, infiltração de células mononucleares e alargamento dos interstícios, enquanto que o Grupo III apresentou redução destes índices (Figura 1).

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Figura 1: Demonstra imagens histológicas dos grupos Sham (Grupo I), SS+IR (Grupo II) e AT+IR (Grupo III). A histologia renal do Grupo I demonstra glomérulo renal envolto pela cápsula de Bowman e túbulos proximal e distal. No grupo II se observam necrose tubular e células do epitélio tubular, dilatação da cápsula de Bowman e vasos congestos adjacentes. No grupo III se observa redução dos processos. Resolução 400x e coloração de HE.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os rins fazem parte de um sistema que desintoxica o organismo e reabsorve uma série de substâncias, como água e diversos íons. Nosso estudo, apesar de simples, demonstra com clareza alterações renais de animais submetidos a isquemia-reperfusão intestinal o que confirma uma lesão a distância. O atenolol reduziu significativamente estas lesões podendo ser um medicamento para estudos futuros.

FONTES CONSULTADAS

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Referências

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