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Validação do System for Observing Fitness Instruction Time (SOFIT) para avaliar o nível de atividade física em escolares do ensino fundamental durante a aula de educação física

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Academic year: 2021

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JOSIELI REGINA BREY

VALIDAÇÃO DO SYSTEM FOR OBSERVING FITNESS INSTRUCTION TIME (SOFIT) PARA AVALIAR O NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA EM ESCOLARES DO

ENSINO FUNDAMENTAL DURANTE A AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

DISSERTAÇÃO

CURITIBA 2020

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VALIDAÇÃO DO SYSTEM FOR OBSERVING FITNESS INSTRUCTION TIME (SOFIT) PARA AVALIAR O NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA EM ESCOLARES DO

ENSINO FUNDAMENTAL DURANTE A AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Dissertação apresentada como pré-requisito para a obtenção do título de Mestre em Educação Física. Programa de Pós-Graduação em Educação Física. Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Ciro Romelio Rodriguez-Añez

CURITIBA 2020

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Brey, Josieli Regina

Validação do System for Observing Fitness Instruction Time (SOFIT) para avaliar o nível de atividade física em escolares do ensino fundamental durante a aula de educação física [recurso eletrônico] / Josieli Regina Brey. -- 2020.

1 arquivo texto (115 f.) : PDF ; 10,8 MB.

Modo de acesso: World Wide Web

Título extraído da tela de título (visualizado em 10 mar. 2020) Texto em português com resumo em inglês

Dissertação (Mestrado) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Programa de Pós-graduação em Educação Física, Curitiba, 2020

Bibliografia: f. 66-72.

1. Educação física - Dissertações. 2. Aptidão física em crianças. 3. Crianças - Formação. 4. Capacidade motora em crianças. 5. Aptidão física - Testes. 6. Educação física (Ensino fundamental) – Estudo e ensino – São José dos Pinhais (PR). 7. Crianças - Recreação. I. Rodriguez Añez, Ciro Romelio. II.

Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Programa de Pós-graduação em Educação Física. III. Título.

CDD: ed. 23 – 796

Biblioteca Central da UTFPR, Câmpus Curitiba Bibliotecário: Adriano Lopes CRB-9/1429

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Universidade Tecnológica Federal do Paraná Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação

TERMO DE APROVAÇÃO DE DISSERTAÇÃO

A Dissertação de Mestrado intitulada “VALIDAÇÃO DO SYSTEM FOR OBSERVING FITNESS INSTRUCTION TIME (SOFIT) PARA AVALIAR NÍVEL DE ATIVIDADE

FÍSICA EM ESCOLARES DO ENSINO FUNDAMENTAL DURANTE A AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA”, defendida em sessão pública pela candidata Josieli Regina Brey, no dia 18 de fevereiro de 2020, foi julgada para a obtenção do título de Mestre

em Educação Física, Área de concentração Educação Física, Linha de Pesquisa

Atividade Física e Saúde, e aprovada em sua forma final pelo Programa de

Pós-Graduação em Educação Física.

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Ciro Romelio Rodriguez-Añez – Orientador – UTFPR Profa. Dra. Raquel Nichele de Chaves – UTFPR

Prof. Dr. Paulo Henrique de Araújo Guerra – UFFS

A via original deste documento encontra-se arquivada na Secretaria do Programa, contendo a assinatura da Coordenação após a entrega de versão corrigida do trabalho.

Curitiba, 18 de fevereiro de 2020

Prof. Dr. Adriano Eduardo Lima da Silva Coordenador do PPGEF/UTFPR

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Aos meus pais José Carlos e Meldi e aos meus irmãos Silvano, Milton (in memoriam), Carlos, Adilson, Danieli e Gisele, meus exemplos de força, trabalho e determinação.

Ao meu marido Luís e a minha filha Flora, minha base de amor e carinho para esta conquista. Ao meu querido orientador Professor Ciro, por todo apoio e dedicação, sempre muito gentil e otimista. Dedico a vocês esta conquista.

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Primeiramente agradeço a Deus, a força e a luz que me guiam no caminho do bem, da verdade e do amor.

Agradeço minha grande e amada família, meus pais José Carlos e Meldi por tudo o que batalharam, pelas orações e pelos valores que me ensinaram! Aos meus irmãos Silvano, Carlos, Adilson, Danieli e Gisele, por todo apoio e incentivo, sei que posso contar sempre com vocês! Muito obrigada! Amo vocês!

Ao meu marido Luís, amor da minha vida. Você é meu ponto de equilíbrio e nunca me deixa cair! Seu amor, carinho e apoio foram essenciais para esta conquista. TE AMO MUITO!

A minha filha Flora, flor mais linda e amada do meu jardim, alegria da minha vida e expressão do amor mais puro e verdadeiro que me inspira a ser uma pessoa melhor. Te amo filha!

Ao meu querido orientador Professor Doutor Ciro Romelio Rodriguez Añez, muito mais que um professor, um verdadeiro mestre que acreditou em mim e de maneira muito gentil e otimista me motivou, me ensinou, me orientou e forneceu todo o suporte para a realização deste trabalho. Uma honra poder ter sido sua aluna novamente. Muito obrigada por tudo!

A minha querida amiga Alessandra Cardozo Machado Suga, irmã que meu coração escolheu e que topou entrar nessa comigo, com quem eu pude dividir, as expectativas, angústias, dúvidas, alegrias e também as tristezas inerentes a esse processo, o que fez fortalecer ainda mais a nossa amizade. Alelê tenho muito orgulho de você, da sua garra e da sua determinação. Quero você sempre perto! Te amo!

As minhas amigas mamães Raquel, Fabiane, Janaína e Cintia, presentes de Deus na minha vida, que me apoiaram, incentivaram e foram mamães da minha filha

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Ao amigo Alexandre Augusto de Paula da Silva, que sempre esteve disposto a ajudar, incentivando, corrigindo e aprimorando o trabalho, sou muito grata!

Agradeço a Ava Luana dos Santos Saikawa, caçulinha das “Meninas do Ciro”, pelo apoio e colaboração durante a coleta de dados e análise dos vídeos. Muito Obrigada!

Aos professores coordenadores e colegas membros do Grupo de Pesquisa em Ambiente, Atividade Física e Saúde da Universidade Tecnológica Federal do Paraná: Professor Dr. Ciro Romelio Rodriguez-Añez, Professor Dr. Rogério César Fermino, Professora Dra. Raquel Nichele de Chaves, Alana, Alessandra, Alice, Alexandre,

André, Ava Luana, Bruno, Davi, Denise, Eduardo, Elma, Iazana, Letícia, Lucas, Polyana, Rafael, Samara e Talita, muito obrigada pelo conhecimento e experiência

compartilhados.

Um agradecimento especial aos membros do grupo escolas: Professor Dr. Ciro

Romelio Rodriguez-Añez, Professora Dra. Raquel Nichele de Chaves, Alessandra, Alexandre, Ava Luana, Denise, Lucas, Polyana e Samara, juntos

fizemos um lindo trabalho que foi o projeto “Crescer Ativo e Saudável”.

Aos membros da banca, titulares e suplentes, por toda colaboração e disponibilidade para melhora deste estudo.

A Prefeitura Municipal de Curitiba, por conceder a licença para dedicação aos estudos.

Por fim, agradeço a Secretaria Municipal de Esporte e Lazer e a Secretaria

Municipal de Educação de São José dos Pinhais, pelo apoio e confiança para a

realização do projeto “Crescer Ativo e Saudável”.

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"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”

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A atividade física proporciona inúmeros benefícios para a saúde. As aulas de Educação Física são o espaço em que as crianças desenvolvem suas habilidades motoras para um comportamento ativo ao longo da vida. A quantificação e monitoramento da atividade física é necessária para avaliar o comportamento dos indivíduos assim como o efeito de programas de promoção e a contribuição dos contextos, principalmente por métodos precisos e acessíveis. O objetivo deste estufo foi testar a validade concorrente do System for Observing Fitness Instruction Time (SOFIT) com a acelerometria para avaliar o comportamento sedentário e a atividade física de escolares do ensino fundamental durante aulas de Educação Física. Trata-se de um estudo de validação com delineamento transversal. Seis escolas municipais da área urbana de São José dos Pinhais foram intencionalmente selecionadas. Em cada escola foi selecionada uma turma de 1º, 3º e 5º ano e dentro de cada turma, seis escolares (três de cada sexo) para utilizar o acelerômetro, totalizando 108 crianças. O comportamento sedentário e a atividade física durante as aulas de Educação Física foram avaliados pelo método de observação direta (SOFIT) e de forma objetiva pela acelerometria (wGT3X-BT) simultaneamente. As aulas foram gravadas em vídeo e analisadas posteriormente, sincronizando as observações em epochs de 15 segundos. O comportamento sedentário e a atividade física foram categorizados por três pontos de corte diferentes, sugeridos por Evenson e colaboradores (2008), Puyau e colaboradores (2002) e Romanzini e colaboradores (2014), e pelo SOFIT. Para a comparação entre os valores dos counts em cada uma das categorias do SOFIT foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis e correção de Bonferroni. Para testar a associação entre os dois instrumentos foi utilizada a correlação de Spearman. Por fim, para detectar capacidade classificatória dos métodos foram utilizados testes de sensibilidade, especificidade, Receiver Operating Characteristic Curve (Curva ROC), percentual de concordância simples e Kappa de Cohen. Todas as análises foram realizadas no software SPSS 23.0 (p≤ 0,05). A atividade mais observada pelo SOFIT foi em pé (34,9%) que corresponde a leve nas outras classificações, leve pelos critérios de Evenson (53,9%) e Romanzini (40,9%) e sedentária (42,7%) pelos critérios do Puyau. Os valores da acelerometria foram significantemente diferentes entre as categorias do SOFIT exceto entre deitado e em pé para o eixo vertical e sentado e em pé para o vetor magnitude. A correlação entre o SOFIT e a acelerometria foi moderada e variou de 0,591 a 0,602 dependendo do modelo de classificação e do eixo da acelerometria. A capacidade discriminatória dos diferentes pontos de corte foi melhor para identificar o comportamento sedentário e as atividades vigorosas, mas fraco para detectar as atividades físicas leves e moderadas. O SOFIT e a acelerometria possuem validade concorrente, mas não conseguem discriminar as atividades leves e moderadas corretamente.

Palavras-chave: Atividade física. Observação sistemática. Acelerometria. Aulas de

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Physical activity provides several health benefits. Physical Education classes are the space in which children develop their motor skills for active behavior throughout life. The quantification and monitoring of physical activity is necessary to assess the behavior of individuals as well as the effect of promotion programs and the contribution of contexts, mainly by precise and accessible methods. The aim of this study was to test the concurrent validity of the System for Observing Fitness Instruction Time (SOFIT) with accelerometry to assess the sedentary behavior and physical activity of elementary school students during Physical Education classes. This is a validation study with cross-sectional design. Six municipal schools in the urban area of São José dos Pinhais were intentionally selected. In each school, a class of 1st, 3rd and 5th year was selected and within each class, six students (three of each sex) to use the accelerometer, totaling 108 children. Sedentary behavior and physical activity during Physical Education classes were assessed using the direct observation method (SOFIT) and objectively by accelerometry (wGT3X-BT) simultaneously. The classes were videotaped and later analyzed, synchronizing the observations in 15-second epochs. Sedentary behavior and physical activity were categorized by three different cutoff points, suggested by Evenson and collaborators (2008), Puyau and collaborators (2002) and Romanzini and collaborators (2014), and by SOFIT. The Kruskal-Wallis test and Bonferroni correction were used to compare the counts values in each of the SOFIT categories. To test the association between the two instruments, Spearman's correlation was used. Finally, to detect the classificatory capacity of the methods, sensitivity, specificity, Receiver Operating Characteristic Curve (ROC Curve), percentage of simple agreement and Cohen's Kappa tests were used. All analyzes were performed using SPSS 23.0 software (p≤ 0.05). The most observed activity by SOFIT was standing (34.9%) which corresponds to light in the other classifications, light by the criteria of Evenson (53.9%) and Romanzini (40.9%) and sedentary (42.7 %) by the Puyau criteria. The accelerometry values were significantly different between the SOFIT categories except between lying and standing for the vertical axis and sitting and standing for the magnitude vector. The correlation between SOFIT and accelerometry was moderate and ranged from 0.591 to 0.602 depending on the classification model and the axis of the accelerometry. The discriminatory capacity of the different cutoff points was better for identifying sedentary behavior and vigorous activities, but weak for detecting mild and moderate physical activities. SOFIT and accelerometry have concurrent validity, but they cannot correctly discriminate between light and moderate activities.

Keywords: Physical activity. Systematic observation. Accelerometry. Physical

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Figura 1 - Modelo Ecológico adaptado para os determinantes da atividade física .... 27

Figura 2 - Fluxograma das etapas de amostragem do estudo. ... 36

Figura 3 - Localização das escolas selecionadas ... 37

Figura 4 - Acelerômetros original e réplica; e bolsa para acomodar os mesmos. ... 40

Figura 5 - Procedimentos de coleta de dados ... 41

Gráfico 1 - Proporções de observações nas categorias SOFIT ... 50

Gráfico 2 - Proporção dos intervalos classificados de acordo com os pontos de corte de Evenson, Puyau e Romanzini... 51

(12)

Tabela 1 - Métodos comumente utilizados para avaliação do padrão ou nível de

AF e gasto energético (GE) ... 21

Tabela 2 - Estudos de validação SOFIT ... 25

Tabela 3 - Relação das escolas participantes. ... 37

Tabela 4 - Características descritivas da amostra ... 48

Tabela 5 - Classificação dos comportamentos de atividade física obtidos por meio do SOFIT e acelerometria nas aulas de Educação Física (n=13.597). .. 49

Tabela 6 - Comparação entre os valores dos counts com a atividade observada pelo SOFIT (n=13.597). ... 52

Tabela 7 - Correlação bivariada entre a acelerometria (eixo vertical e vetor magnitude) com a classificação do SOFIT de aulas de Educação Física (n=13.597). ... 53

Tabela 8 - Comparação entre os diferentes pontos de corte com as observações das aulas de Educação Física (n=13.597). ... 55

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ACC Acelerômetro AF Atividade Física AFs Atividades físicas

AFMV Atividade Física Moderada a Vigorosa Intensidade CACS Cidade Ativa, Cidade Saudável

EF Educação Física FC Frequência Cardíaca GE Gasto energético

GPAAFS Grupo de Pesquisa em Ambiente, Atividade Física e Saúde

METs Metabolic Equivalent of Task, em português “Equivalentes Metabólicos” NELs Núcleos de Esporte e Lazer

OMS Organização Mundial da Saúde SJP São José dos Pinhais

SEMEL Secretaria Municipal de Esporte e Lazer

SOFIT System for Observing System Fitness Instruction Time, em português “Sistema para Observação do tempo de instrução de aptidão”

TALE Termo de Assentimento Livre e Esclarecido TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná

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1. INTRODUÇÃO ... 14 1.1. PROBLEMADEPESQUISA ... 17 1.2. OBJETIVOGERAL ... 17 1.2.1. Objetivos específicos ... 18 1.3. HIPÓTESEDOESTUDO ... 18 1.4. DEFINIÇÕESCONCEITUAIS ... 18 1.5. DELIMITAÇÃODOESTUDO... 19 2. REVISÃO DE LITERATURA ... 20

2.1. MEDIDASDAATIVIDADEFÍSICA ... 20

2.1.1. Acelerometria ... 22

2.1.2. Observação sistemática direta ... 23

2.2. ATIVIDADEFÍSICA ... 26

2.3. AMBIENTEESCOLAR ... 29

2.3.1. Educação Física escolar ... 30

3. MÉTODOS ... 35

3.1. DELINEAMENTO ... 35

3.2. POPULAÇÃO ... 35

3.3. AMOSTRA ... 36

3.4. CRITÉRIOSDEINCLUSÃO ... 38

3.5. CRITÉRIOSDENÃOINCLUSÃO ... 38

3.6. COLETADEDADOS ... 38

3.6.1. Aspectos Éticos ... 38

3.6.2. Recrutamento, Treinamento e Seleção dos Observadores ... 39

3.6.3. Procedimentos para Coleta de Dados ... 39

3.7. INSTRUMENTOS ... 41

3.7.1. System for Observing Fitness Instruction Time ... 41

3.7.2. Acelerometria ... 44

3.7.3. Medidas Antropométricas ... 45

3.8. VARIÁVEISDOESTUDO ... 45

3.8.1. Comportamento sedentário e nível de atividade física avaliada de forma objetiva pela acelerometria ... 45

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3.8.3. Variáveis individuais e das aulas ... 46 3.9. ANÁLISE ESTATÍSTICA ... 46 4. RESULTADOS ... 48 5. DISCUSSÃO ... 56 6. CONCLUSÃO... 65 REFERÊNCIAS ... 66

ANEXO A – Autorização da Prefeitura Municipal de São José Dos Pinhais ... 73

ANEXO B – Parecer de Aprovação no Comitê de Ética ... 74

APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ... 86

APÊNDICE B – Termo de Assentimento Livre e Esclarecido ... 88

APÊNDICE C – Termo de Consentimento Professor ... 91

APÊNDICE D – Flyer explicativo do Projeto “Crescer Ativo e Saudável” ... 93

APÊNDICE E – Camiseta com as logomarcas do projeto ... 95

APÊNDICE F – Manual SOFIT ... 96

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1. INTRODUÇÃO

A atividade física proporciona inúmeros benefícios para a saúde em todas as idades (CUNHA et al., 2016; JANSSEN; LEBLANC, 2010; WHO, 2010). Em crianças e adolescentes esses benefícios incluem o aumento da densidade óssea, a melhora do perfil cardiometabólico e a redução no risco de obesidade (JANSSEN; LEBLANC, 2010; PEREIRA et al., 2015), sendo um importante componente da saúde e do bem-estar (SHEN et al., 2012). Além disso, as chances de uma criança fisicamente ativa tornar-se um adulto também ativo são maiores (HALLAL et al., 2006; LAZZOLI et al., 1998; VINER et al., 2012).

Em contraste, níveis elevados de inatividade têm sido relacionados ao aumento do risco de excesso de peso e obesidade (REILLY, 2008). Nesse sentido, a obesidade em crianças e adolescentes aumentou em todo o mundo nas últimas décadas, e em 2013, o número estimado de crianças com sobrepeso ou obesidade era de 223,8 milhões, representando 14,2% das crianças de 5 a 17,9 anos (CRONHOLM et al., 2018). Nesse contexto, as iniciativas de promoção da atividade física para as crianças podem prevenir a obesidade e reduzir o surgimento doenças crônicas quando se tornarem adultos (STORY; KAPHINGST; FRENCH, 2006).

Nessa lógica, a infância e a adolescência são considerados períodos importantes para a aquisição de hábitos saudáveis, como a prática de atividades físicas, com implicações na fase adulta (LOPES et al., 2005). Os altos níveis de atividade física no tempo livre e a participação em atividades esportivas por crianças e adolescentes têm sido relacionados com níveis elevados de atividade física na fase adulta (TELAMA et al., 2005).

A atividade física está presente em tudo que se faz e constitui uma das formas pelas quais as pessoas se comunicam com o meio ambiente. Para melhor compreensão dos contextos onde ocorre, comumente é classificada em atividade física de trabalho, de transporte, de lazer e de atividades domésticas ou cuidados com o corpo (BOUCHARD; HASKELL; BLAIR, 2012; CASPERSEN; POWEL; CHRISTENSON, 1985). As crianças, devido às características da idade, realizam quase a totalidades de suas atividades físicas por meio de brincadeiras. Para que as crianças possam se desenvolver de forma saudável, é necessário que a atividade física esteja presente no dia a dia delas. Nessa perspectiva, diversas instituições

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sugerem que crianças com idade entre 5 e 17 anos devam realizar pelo menos 60 minutos de atividade física diária, de intensidade moderada à vigorosa para manter e obter benefícios para a saúde (USDHHS, 2000; WHO, 2010).

Apesar das recomendações, dados de 38 países apontam que mais de 60% das crianças não atingem essas recomendações (TREMBLAY et al., 2016). Nesse sentido, as ações para a promoção de atividade física devem ser estimuladas. Contudo, cabe ressaltar que, mesmo que as recomendações mínimas não sejam atingidas, qualquer momento de atividade física pode proporcionar algum benefício para a saúde (JANSSEN; LEBLANC, 2010).

Sendo assim, a prática de atividades físicas na infância tem como objetivo criar o hábito e desenvolver o interesse por ela, logo, deve-se priorizar a inclusão da atividade física no cotidiano da criança, e valorizar a Educação Física escolar a fim de que estimule a prática de atividade física por toda a vida, de forma agradável e prazerosa, integrando as crianças e não discriminando os menos aptos (LAZZOLI et al., 1998). Ademais, tendo em vista que as crianças passam grande parte do seu tempo na escola, as aulas de Educação Física representam um grande potencial para o aumento do nível e do tempo de prática de atividade física (RIBEIRO et al., 2010).

Desse modo, é importante destacar que a Educação Física escolar tem por objetivo, da educação infantil ao ensino médio, promover a saúde, a socialização, bem como colaborar para o desenvolvimento de habilidades motoras e estimular o processo de ensino-aprendizagem, por meio de atividades como ginásticas, jogos, esportes, lutas e danças (BRASIL, 2017).

Para mensurar a atividade física que as crianças fazem, tanto no ambiente escolar quanto no tempo livre, são necessários métodos e instrumentos precisos e adequados (CAFRUNI; VALADÃO; MELLO, 2012). Os métodos para essa finalidade são classificados em subjetivos e objetivos. Os primeiros dependem de informações fornecidas pelos sujeitos (questionários e diários) e os segundos (observação direta e sensores de movimento) capturam informações como quantidade de movimentos, passos, counts e calorias. Os métodos não conseguem capturar a totalidade das informações. Por exemplo, a acelerometria não consegue capturar o contexto em que a atividade física está sendo realizada, a menos que essa informação seja registrada de outra maneira. A observação direta, por sua vez, captura o contexto, o tipo e a quantidade de movimentos, mas não consegue capturar a intensidade de maneira objetiva (BARROS; NAHAS, 2003; CORDER et al., 2008).

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Sobre a objetividade, a acelerometria é reconhecidamente uma das técnicas de medição objetiva da atividade física que mais tem se destacado na última década (MIGUELES et al., 2017). Sendo assim, ela tem se tornado referência para avaliação da atividade física em crianças e adolescentes devido, em parte, às limitações dos métodos autorreportados e ao elevado custo de métodos como a calorimetria indireta (TROST et al., 2011). Cabe pontuar que o acelerômetro proporciona uma medida objetiva a partir de informações de aceleração que podem ser convertidas em intensidade e duração. Na área da atividade física e da saúde, os acelerômetros são utilizados principalmente em pesquisas que buscam quantificar a intensidade e a duração do movimento realizado ao longo do dia (SASAKI; SILVA; COSTA, 2018). Contudo, existem muitas controvérsias a respeito do tratamento dos resultados em relação à conversão em unidades de gasto energético ou categorias de atividades físicas. A abordagem mais comum é o estabelecimento de pontos de corte derivados de equações de regressão linear ou não linear entre counts e gasto energético, os quais identifiquem diferentes intensidades. A existência de vários pontos de corte para crianças e adolescentes ilustra os esforços dos pesquisadores para tentar compreender as relações entre o comportamento físico e as intensidades avaliadas por acelerômetros (TROST et al., 2011).

Por sua vez, a observação sistemática direta é um procedimento de baixo custo, em que os indivíduos são observados em diferentes contextos, permitindo a obtenção de dados sobre a atividade realizada. Esse método de observação, geralmente, é utilizado com crianças, em virtude da dificuldade que estas têm para responder a questionários e diários, especialmente em aulas de Educação Física (BARROS; NAHAS, 2003; MCKENZIE, 2010).

O método de observação sistemática System for Observing Fitness Instruction Time (SOFIT) – Sistema de Observação do Tempo de Instrução de Aptidão –, tem sido utilizado para avaliar grandes estudos comunitários de saúde infantil nos Estados Unidos (EUA) como o Child and Adolescent Trial for Cardiovascular Health (CATCH) (LUEPKER et al., 1996) e Sports, Play and Active Recreation for Kids (SPARK) (SALLIS et al., 2003). O método foi desenvolvido especificamente para avaliar o nível de atividade física durante aulas de Educação Física (MCKENZIE; SALLIS; NADER, 1991), e sua validade tem sido testada utilizando como critério sensores de movimento, frequência cardíaca e calorimetria indireta. Contudo, até o momento da escrita desta dissertação, apenas três estudos foram realizados durante aulas reais

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de Educação Física (HINO; RODRIGUEZ-AÑEZ; REIS, 2010; MCKENZIE; SALLIS; ARMSTRONG, 1994; POPE et al., 2002).

Diante do exposto, a avalição da atividade física é necessária para conhecer os níveis de atividade física de determinados grupos, como as crianças, em contextos específicos, a fim de avaliar o efeito de programas de promoção dessa prática. Contudo, embora a acelerometria venha sendo indicada como método de referência, possui custo elevado e não pode ser utilizada em larga escala. Assim, métodos alternativos mais acessíveis como a observação sistemática podem ser uma alternativa de baixo custo quando se quer medir atividade física em crianças, desde que atenda a critérios de precisão e validade (SHARMA et al., 2011). Ainda, a falta de um ponto de corte que seja consenso associado à prática generalizada de criar equações e pontos de corte para grupos e idades específicos geram uma lacuna de conhecimento (TROST et al., 2011).

Pelos motivos citados acima, na tentativa de conhecer quais são os pontos de corte que melhor discriminam a atividade física de crianças do ensino fundamental e de validar um sistema de observação sistemática que avalie a nível individual a atividade física de crianças, formulamos o seguinte problema de pesquisa:

1.1. PROBLEMA DE PESQUISA

Há validade concorrente entre o System for Observing Fitness Instruction Time (SOFIT) e o acelerômetro para avaliar o comportamento sedentário e os níveis de atividade física em escolares do ensino fundamental durante as aulas de Educação Física?

1.2. OBJETIVO GERAL

Testar se há validade concorrente entre o System for Observing Fitness Instruction Time (SOFIT) e o acelerômetro para avaliar o comportamento sedentário e os níveis de atividade física em escolares do ensino fundamental durante as aulas de Educação Física.

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1.2.1. Objetivos específicos

1) Avaliar o comportamento sedentário e o nível de atividade física de escolares do ensino fundamental durante as aulas de Educação Física pelo SOFIT e pela acelerometria;

2) testar a capacidade discriminatória da acelerometria, em counts, das diferentes categorias do SOFIT de escolares do ensino fundamental durante as aulas de Educação Física;

3) testar a correlação entre as categorias do SOFIT e os counts da acelerometria de escolares do ensino fundamental durante as aulas de Educação Física;

4) testar a capacidade de classificação entre o SOFIT e a acelerometria utilizando três diferentes pontos de corte para classificar o comportamento sedentário e os níveis de atividade física de escolares do ensino fundamental durante as aulas de Educação Física.

1.3. HIPÓTESE DO ESTUDO

O método de observação sistemática System for Observing Fitness Instruction Time (SOFIT) possui validade concorrente com a acelerometria para avaliar o comportamento sedentário e o nível de atividade física em escolares do ensino fundamental durante as aulas de Educação Física.

1.4. DEFINIÇÕES CONCEITUAIS

ACELERÔMETRO: dispositivo eletrônico que mede a aceleração do movimento

corporal em um, dois ou três planos. Permite quantificar de forma objetiva a frequência, a duração e a intensidade da atividade física em função das características dos sinais de aceleração (TONOSAKI et al., 2017).

ATIVIDADE FÍSICA: qualquer movimento corporal realizado pela musculatura

esquelética, de maneira voluntária que resulte em gasto energético acima dos níveis de repouso (CASPERSEN; POWEL; CHRISTENSON, 1985).

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EDUCAÇÃO FÍSICA: Componente curricular da educação básica que tematiza as

práticas corporais em suas diversas formas de codificação e significação social, entendidas como manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos, produzidas por diversos grupos sociais no decorrer da história (BRASIL, 2017).

NÚCLEOS DE ESPORTE E LAZER: locais com diversas estruturas para a prática de

atividade física, com o mesmo padrão de construção e arquitetura, contendo um ginásio poliesportivo, pista de caminhada, academia ao ar livre e espaço externo aberto para atividades físicas. Estão dispostos por todas as regiões da cidade de São José dos Pinhais, sendo locais cercados, com horário de funcionamento definido com livre acesso para população e oferta de atividades gratuitas de diversas modalidades esportivas e lúdicas (CUSTÓDIO, 2019).

OBSERVAÇÃO DIRETA/SISTEMÁTICA: procedimento por intermédio do qual os

sujeitos são observados em diferentes contextos como parques, escolas, em casa, entre outros e isso permite a obtenção de dados sobre a atividade realizada (MCKENZIE, 2010).

VALIDAÇÃO: estratégia por meio da qual pode-se estimar a validade de um teste

utilizando tanto abordagens qualitativas (interpretativas) quanto quantitativas (BARROS; NAHAS, 2003).

VALIDAÇÃO CONCORRENTE: procedimento que se baseia na comparação entre

medidas obtidas por dois testes, aquele que se deseja validar e o método de referência, os quais são administrados concorrentemente ou quase ao mesmo tempo (BARROS; NAHAS, 2003; THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012).

1.5. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Este estudo foi realizado com crianças matriculadas nas turmas de 1º, 3º e 5º ano das escolas públicas municipais de São José dos Pinhais.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. MEDIDAS DA ATIVIDADE FÍSICA

A avaliação precisa da intensidade, da duração e do tipo da atividade física praticada por crianças e adolescentes é muito importante para entender as relações entre essa prática e a saúde. Sem essas informações, as relações entre dose-resposta não podem ser estabelecidas, impossibilitando o estabelecimento de limites ou pontos de corte para determinar se a prática é suficiente ou não para diversos desfechos em saúde (BOUCHARD; HASKELL; BLAIR, 2012).

Nesse sentido, existe uma grande diversidade de métodos disponíveis para a avaliação da atividade física. O grande número de métodos reflete a complexidade de avaliar esse comportamento assim como suas relações com os diferentes aspetos de saúde (MONTOYE, 1996). Os diversos métodos medem variáveis diferentes. Alguns são objetivos e medem variáveis como frequência cardíaca, gasto energético; outros são observacionais e registram o tipo, a duração, bem como estimam, a partir do gesto motor, a intensidade da atividade (RIDGERS; FAIRCLOUGH, 2011).

Sendo assim, a escolha do método mais adequado para a avaliação da atividade física depende de vários fatores, tais como os objetivos do estudo, os componentes de interesse, as características da população alvo, o período necessário para o recolhimento e para o tratamento dos dados, o grau de invasão, assim como os recursos materiais e financeiros disponíveis (BUTTE et al., 2012).

Outros fatores que devem ser considerados na escolha do método mais adequado incluem: a) a validade, que indica se o instrumento mede o que se propõem a medir; b) a reprodutibilidade, indicada pela capacidade de o instrumento gerar o mesmo resultado quando reaplicado sob as mesmas condições; e c) a praticabilidade, que inclui o tempo e os custos envolvidos com o pesquisador e com o participante (BARROS; NAHAS, 2003; CAFRUNI; VALADÃO; MELLO, 2012; THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012).

Os métodos existentes e utilizados para medir a atividade física são divididos em duas categorias: a) medidas objetivas, fornecidas diretamente pelo instrumento (água duplamente marcada, observação direta, calorimetria indireta, monitores cardíacos e sensores de movimentos); e b) medidas subjetivas, aquelas fornecidas pelo sujeito (questionários e diários) (BARROS; NAHAS, 2003; MALINA;

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BOUCHARD; BAR-OR, 2009). Não existe um método perfeito de consenso. Todos possuem pontos fortes e limitações. As vantagens e as desvantagens dos métodos comumente utilizados são apresentados na Tabela 1.

Tabela 1 - Métodos comumente utilizados para avaliação do padrão ou nível de AF e gasto energético (GE)

MÉTODO VANTAGENS DESVANTAGENS

ÁGUA DUPLAMENTE MARCADA

- Melhor medição para GE total; - Não interativo;

- Adequação a todas as faixas etárias.

- Custo muito alto;

- Não fornece informações sobre frequência, intensidade, duração e tipo de AF.

CALORIMETRIA INDIRETA

- Fornece com precisão o GE em diferentes intensidades.

- Alto custo;

- Aparelho incômodo e com tempo de uso limitado;

- Provoca reatividade.

MONITOR CARDÍACO - Utilização em ambientes externos sem

limitações de espaço;

- Adequação para avaliar AF moderada à intensa.

- FC é afetada por diversos fatores como temperatura, medicamentos, emoções; - Não fornece informações sobre o contexto da AF;

- Dificuldade de aplicação em crianças pela natureza esporádica da AF; - Precisão reduzida para avaliar GE em baixa intensidade.

PEDÔMETRO - Indicação para o registro total da AF; - Precisão para medir o número de passos.

- Não mede a intensidade da AF; - Impossibilidade de captar alguns tipos de AF.

ACELERÔMETRO - Objetivo, registra a AF total, intensidade e tempo.

- Não detecta atividades específicas; - Alto custo;

- Falta de padronização no registro e na interpretação dos dados.

OBSERVAÇÃO DIRETA

- Não requer recordação, contexto documentado;

- Fornece informações qualitativas da AF.

- Impossibilidade de verificar a AF habitual

- Requer treinamento dos observadores (custo de pessoal).

QUESTIONÁRIOS E DIÁRIOS

- Fornece informações qualitativas da AF;

-Simples, baixo custo; adequado para estudos em larga escala;

- Boa aceitabilidade dos sujeitos; - Pouca reação.

- Confiança na memória; dificuldade de aplicação em crianças menores de dez anos.

Fonte: Autoria própria, adaptado de Malina, 2009 e Cafruni, 2012. 2020

O interesse em medir a atividade física na maioria dos segmentos da população tem sido elevado nas últimas décadas devido: a) à relação causal da atividade física com morbidades relacionadas ao estilo de vida; b) à manifestação de

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morbidades no estilo de vida de crianças e adolescentes; c) a avanços nas ferramentas de avaliação da atividade física (sensores de movimento); e d) à necessidade de estabelecer avaliação prática, objetiva, válida e confiável da atividade física em campo (SCRUGGS, 2007).

2.1.1. Acelerometria

A acelerometria é reconhecidamente uma das técnicas de medição objetiva da atividade física que mais se tem destacado na última década (MIGUELES et al., 2017). Na área da atividade física e da saúde, os acelerômetros são utilizados principalmente em pesquisas para mensurar o movimento realizado por pessoas ao longo do dia, com o propósito de quantificar o movimento humano (atividade física e comportamento sedentário), em termos de frequência de prática, de intensidade e de duração da atividade (SASAKI; SILVA; COSTA, 2018). A atividade é medida em unidades de aceleração (0,05 a 2,5g), as quais podem ser coletadas em taxas de amostragem, que variam de 20 a 100 Hertz, e posteriormente são convertidas em epoch (quantidade de tempo em segundos, durante o qual os dados de movimento são somados e armazenados para processamento e análise em counts) por meio de algoritmos dado/proprietário do fabricante. Epochs que variam de dois a 60 segundos foram aplicadas em pesquisas com crianças (MIGUELES et al., 2017). Comumente, as contagens acumuladas de atividade em cada epoch são classificadas em categorias de intensidade de atividade (sedentária, leve, moderada, vigorosa) às quais são aplicadas valores de limiar validados (pontos de corte) para a faixa etária observada (TONOSAKI et al., 2017).

A mensuração da atividade física de forma precisa é condição necessária para que as pesquisas em atividade física e saúde possam fornecer resultados significativos (AIBAR; CHANAL, 2015). Em geral, os dados coletados por meio da acelerometria apresentam maior nível de validade e reprodutibilidade do que instrumentos baseados no autorrelato, por isso tem sido preferidos para estabelecer relações de dose-resposta em intervenções que objetivam a promoção de saúde (TONOSAKI et al., 2017).

Contudo, ao utilizar a acelerometria é necessário selecionar algoritmos ou pontos de corte validados para a população e faixa etária que se pretende estudar, pois pontos de corte válidos para um grupo de pessoas podem não ser adequados

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para outro grupo (MIGUELES et al., 2017). Sendo assim, a utilização de acelerômetros envolve: decisões que precisam ser tomadas antes da coleta de dados, como o posicionamento do dispositivo no corpo dos avaliados e a frequência de amostragem com que serão coletadas as informações; e decisões que podem ser tomadas depois, como os critérios que serão utilizados para o processamento (filtros, duração dos epochs, definição do tempo de uso, pontos de corte e outros algoritmos) (MIGUELES et al., 2017; SASAKI; SILVA; COSTA, 2018).

Os pontos de corte para acelerômetros são estabelecidos em estudos de validação em que frequentemente o método critério é a calorimetria indireta (EVENSON et al., 2008). Outro critério amplamente aceito para definir a intensidade da atividade física é a comparação das leituras do acelerômetro com atividades que possuem classificação em equivalentes metabólicos (METs) de 1 a 1,5 para comportamento sedentário, de 1,5 a 3 METs para atividade física de leve intensidade, de 3 a 6 METs para atividade física de moderada intensidade e acima de 6 METs para atividade física de vigorosa intensidade (MIGUELES et al., 2017).

Um estudo comparou o efeito de diferentes comprimentos de epoch (três a 60 segundos) na classificação de diferentes intensidades de atividade física e encontrou uma diminuição progressiva no tempo despendido em atividade física de moderada a vigorosa intensidade à medida que o comprimento do epoch aumenta. Observaram que epochs com menor duração aumentam a resolução da medida, melhorando a capacidade de classificar o tempo em atividade física de moderada a vigorosa intensidade (AIBAR; CHANAL, 2015). Para estudos em crianças, sugere-se a utilização de períodos de epoch mais curtos, entre três e 15 segundos, uma vez que crianças, ao realizarem movimentos, mudam de intensidade em períodos muito curtos (MIGUELES et al., 2017).

2.1.2. Observação sistemática direta

Os métodos de observação sistemática consistem em observar de modo analítico o que os sujeitos realizam. Esses métodos possuem algumas vantagens e têm sido extensivamente utilizados em pesquisas na área escolar, por exemplo, durante as aulas de Educação Física (MCKENZIE, 2010; MCKENZIE; SMITH, 2017). A observação sistemática direta é um procedimento por meio do qual os sujeitos são observados em diferentes contextos, permitindo o fornecimento de informações

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quantitativas específicas, como tipo de atividade, duração e frequência, assim como de informações qualitativas sobre o contexto da atividade. Geralmente esse método é aplicado em crianças, tendo em vista a dificuldade apresentada por elas para responder com precisão questões sobre a atividade física realizada (CAFRUNI; VALADÃO; MELLO, 2012).

Outras vantagens da observação sistemática direta em relação a outros métodos são o levantamento de informações sobre o ambiente físico e social, as interações sociais, assim como sobre a presença de estruturas ou equipamentos (MCKENZIE, 2010). Desse modo, a observação sistemática é um método particularmente útil para o uso em abordagens cognitivo-comportamentais e ecológicas, a fim de entender como a atividade física pode ser influenciada pelo contexto em que ocorre (SALLIS; OWEN; FISHER, 2008).

2.1.2.1. System for Observing Fitness Instruction Time (SOFIT)

O SOFIT é uma técnica de observação sistemática destinada a avaliar os níveis de atividade física durante as aulas de Educação Física, bem como o contexto da aula e o comportamento do professor. Desenvolvida por Mckenzie, Sallis e Nader, essa ferramenta possui baixo custo e é de fácil aplicação, o que possibilita o registro da atividade física e também de informações contextuais sobre as aulas de Educação Física (MCKENZIE; SALLIS; NADER, 1991).

Os códigos de atividade do SOFIT têm sido validados em situações controladas e em aulas reais de Educação Física (HINO; RODRIGUEZ-AÑEZ; REIS, 2010; MCKENZIE; SALLIS; ARMSTRONG, 1994; POPE et al., 2002; ROWE et al., 2004; ROWE; SCHULDHEISZ; VAN DER MARS, 1997; SCRUGGS et al., 2003). Na Tabela 2 são relacionados alguns estudos de validação do SOFIT:

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Tabela 2 - Estudos de validação SOFIT AUTOR/ ANO CRITÉRIO DE

VALIDAÇÃO

FAIXA ETÁRIA/ ANO DE ENSINO

SITUAÇÃO RESULTADOS

MCKENZIE 1994 ACC CALTRAC 5º ano Aula de EF r= 0,74

ROWE 1997 FC 1º - 8º fundamental Controlada r=0,80

POPE 2002 ACC TRITAC 3º ao 5º ano fundamental

Aula de EF SOFIT5 – r=0,60 SOFIT6 – r=0,68

SCRUGGS 2003 Pedômetro 1º e 2º ano Aula de EF r=0.74–0.86

ROWE 2004 FC Ensino Médio r=0,91

HINO 2010 FC 14 a 17 anos Controlada/ Aula de EF

r=0,50 (meninos) r=0,48 (meninas)

FC= frequência cardíaca; ACC= acelerômetro. Fonte: Autoria própria, 2020.

Embora o SOFIT não tenha sido desenvolvido para avaliar o gasto energético de escolares nas aulas de Educação Física, existem tentativas para o desenvolvimento de equações para essa finalidade. Honas e colaboradores avaliaram crianças do 2º ao 5º ano do ensino fundamental durante períodos de 10 minutos de atividades físicas em sala de aula, as quais faziam parte de um programa para incluir no dia escolar das crianças pelo menos dois períodos de 10 minutos durante os quais elas realizassem atividades de moderada à vigorosa intensidade. Para o desenvolvimento da equação, os pesquisadores utilizaram a calorimetria indireta portátil como referência e os códigos do SOFIT como variáveis preditoras usando ajustes do peso, da idade e do sexo (HONAS et al., 2008).

Cabe ressaltar que os dados coletados com o SOFIT são, geralmente, expressos como uma porcentagem do tempo da aula de Educação Física dedicado a uma intensidade específica de atividade física (HEATH et al., 2006). Os observadores selecionam aleatoriamente quatro crianças de cada turma e as crianças são observadas por intervalos de 20 segundos em blocos de 4 minutos cada. Essas quatro crianças são consideradas representativas da atividade da turma, assim sendo relatados dados do grupo e não do indivíduo (SHARMA et al., 2011).

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2.2. ATIVIDADE FÍSICA

A atividade física consiste em qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética que resulte em um gasto energético acima dos níveis de repouso (CASPERSEN; POWEL; CHRISTENSON, 1985). Ela pode assumir várias intensidades e pode ocorrer em vários contextos. Habitualmente os contextos da atividade física são classificados em: atividade física de lazer, que inclui exercícios físicos, esportes, danças, lutas, entre outras atividades; atividade física para o deslocamento (transporte); atividade ocupacional (trabalho); e as atividades da vida diária como as domésticas, a jardinagem e outras atividades (NAHAS, 2017).

Para crianças e jovens, a atividade física inclui brincadeiras, jogos, esportes, transporte, tarefas, recreação, educação física ou exercício programado, no contexto de atividades da família, da escola e da comunidade (WHO, 2010).

É importante destacar que a atividade física é afetada por diversos correlatos e determinantes (BAUMAN et al., 2012). A adaptação do Modelo Ecológico (SALLIS et al., 2006) para o os determinantes da atividade física explica que a compreensão do comportamento de atividade física adotado pelas pessoas sofre influência de diferentes níveis de determinantes (individual, interpessoal, ambiental, políticas regionais, nacional e global) e que a relação entre eles são responsáveis pela formação do comportamento em atividade física (BAUMAN et al., 2012). A representação desse modelo pode ser observada na Figura 1.

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Figura 1 - Modelo Ecológico adaptado para os determinantes da atividade física

Fonte: Traduzido de Bauman (2012).

A prática regular de atividade física proporciona vários benefícios à saúde e constitui uma forma efetiva de prevenção à ocorrência de doenças futuras. Os benefícios da atividade física incluem: melhor gerenciamento de peso; risco reduzido de doenças cardíacas, de hipertensão e de diabetes; redução do risco de câncer de cólon e de mama; ossos saudáveis e fortes; menos chances de pegar resfriados e gripes; aumento da energia; melhora do sono e da autoestima; menos ansiedade e depressão (USDHHS, 2018).

Além disso, existem evidências de que a atividade física na adolescência está positivamente associada a maiores níveis de atividade física no adulto. Ademais ela fornece proteção em longo prazo na saúde dos ossos e em curto prazo proporciona benefícios à saúde mental (HALLAL et al., 2006)

Uma revisão sistemática que avaliou a relação entre atividade física, aptidão física e saúde em crianças e jovens em idade escolar, apontou que existe uma relação dose-resposta entre a quantidade e intensidade da atividade física com desfechos positivos para a saúde. Logo, quanto mais atividade física, maior será o benefício para a saúde. Contudo, os resultados de estudos experimentais mostram que mesmo

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quantidades modestas de atividade física podem trazer benefícios à saúde em jovens que já apresentam excesso de peso ou obesidade (JANSSEN; LEBLANC, 2010).

Por esse viés, as recomendações de diversas instituições de saúde indicam que para alcançar benefícios substanciais à saúde, a atividade física deve ser de pelo menos intensidade moderada e possuir duração de 60 minutos por dia (OMS, USDHHS). Já atividades de intensidade vigorosa e de maior duração podem proporcionar benefícios ainda maiores. Cabe ressaltar que atividades físicas moderadas a vigorosas são aquelas que requerem pelo menos tanto esforço quanto uma caminhada rápida (MARCUS; FORSYTH, 2009). Exemplos de atividade física de moderada a vigorosa intensidade podem incluir caminhadas, natação, ciclismo, assim como a maioria dos esportes e dança (VERSTRAETE et al., 2007).

Os benefícios oriundos da atividade física são temporários e podem ser mantidos apenas se o engajamento de atividade do indivíduo for regular e consistente. Isso sugere que melhores efeitos podem ser alcançados se a atividade física for iniciada na infância e persistir durante toda a vida (BRACCO et al., 2003). É importante que as pessoas desenvolvam hábitos de atividade física no início da vida para que o risco de doenças relacionadas ao sedentarismo possa ser diminuído (CHOW; MCKENZIE; LOUIE, 2008).

Apesar de bem documentados todos os benefícios que a atividade física promove, a maior parte da população, na maioria dos países, não atinge as recomendações mínimas. De acordo com o relatório global, as crianças não estão se movimentando o suficiente para manter um crescimento e desenvolvimento saudáveis (KIM et al., 2018).

Nesse sentido, o relatório do Active Healthy Kids Global Alliance comparou 49 países de seis continentes para avaliar as tendências globais na atividade física infantil em nações desenvolvidas e em desenvolvimento. Os hábitos adquiridos por meio dos estilos de vida modernos, como o aumento do tempo de tela (televisão, tablets e smartphones), a crescente urbanização das comunidades e o aumento da automação de tarefas manuais anteriores estão contribuindo para um problema de saúde pública generalizado que deve ser reconhecido como uma prioridade global (KIM et al., 2018).

Nessa perspectiva, no Brasil, em 2016, foi realizado o primeiro Report Card com o objetivo de resumir os achados sobre atividade física praticada por crianças e jovens brasileiros. Esse é um primeiro esforço para estabelecer dados nacionais de

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referência sobre os indicadores de atividade física. O relatório de 2018 incluiu os 10 (dez) principais indicadores de atividade física comuns à Global Matrix 3.0 e mostrou que os níveis de atividade física totais são baixos (31%), consoante a isso, o comportamento sedentário é alto entre as crianças e jovens brasileiros (SILVA et al., 2018).

2.3. AMBIENTE ESCOLAR

As escolas são cenários ideais para a promoção da atividade física, pois têm a possibilidade de atingir um grande número de crianças e adolescentes, uma vez que as crianças passam grande parte do dia na escola (ALBERICO; SCHIPPERIJN; REIS, 2017). Assim, a escola torna-se um ambiente adequado para ajudar as crianças a atingirem o tempo mínimo recomendado de 60 minutos de atividade física diária (VERSTRAETE et al., 2007), tendo em vista que existem vários momentos no período escolar, como as aulas de Educação Física, o recreio e o próprio tempo de aula, que podem proporcionar às crianças oportunidades para serem ativas (WEAVER et al., 2016).

Além disso, a escola pode informar crianças, pais e outros membros da equipe educacional sobre a importância da atividade física ao longo da vida, assim como sobre as possibilidades de ser ativo na comunidade e como isso pode contribuir para o desenvolvimento de um estilo de vida ativo e saudável (VERSTRAETE et al., 2007). Do ponto de vista da saúde, todas as crianças devem ter a chance de desenvolver atitudes positivas em relação à prática de atividade física regular, bem-estar e saúde durante o período escolar. As crianças passam em torno de dez anos consecutivos no sistema escolar e, a partir de uma perspectiva da saúde, é importante analisar como as aulas de Educação Física, o recreio e o aprendizado ao ar livre podem apoiar o desenvolvimento e atitudes positivas em relação à atividade física (MYGIND, 2007).

Nessa lógica, cabe destacar que as escolas têm uma capacidade particular de impactar mudanças e incentivar estilos de vida saudáveis e ativos em crianças, por meio de horários estruturados e não estruturados para a atividade física durante o dia letivo (CDC, 2009). Um horário escolar estruturado e especificamente adequado para incentivar e engajar os estudos em atividades físicas são as aulas Educação Física (SCRUGGS, 2013).

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Sendo assim, as proposições para as políticas de promoção de saúde têm mirado o contexto escolar como um espaço no qual podem ser desenvolvidas ações com essa finalidade. A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que para a efetivação de políticas educacionais que promovam a vida ativa nas escolas devem ser tomadas providências nesse sentido. Esses apontamentos são sustentados pelo conhecimento de que a prática de atividades físicas nos anos iniciais da vida é essencial para adquirir disposição, habilidades necessárias e experiências favoráveis para manter o hábito regular de exercícios físicos ao longo da vida, ajuda a manter a saúde na vida adulta e contribuir para um envelhecimento saudável (WHO, 2000).

Nesse sentido, esforços têm sido realizados para tornar a escola um espaço propício para o desenvolvimento humano, melhorando a compreensão sobre o papel das atividades físicas e esportivas na educação e para a saúde (PNUD; INEP, 2016).

O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) desenvolveu o Projeto Escolas e Comunidades Ativas que tem por objetivo tornar crianças de 6 a 12 anos fisicamente mais ativas por meio de experiências positivas no ambiente escolar e comunitário, contribuindo para melhores resultados em suas vidas acadêmicas e em seus desenvolvimentos como um todo. A escola é considerada escola ativa quando a sua ação educativa se estrutura em práticas corporais significantes e transformadoras do tempo, do lugar e do sujeito (PNUD; INEP, 2016).

2.3.1. Educação Física escolar

De acordo com a Lei 9.394/96, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), parágrafo 3º, a Educação Física escolar está integrada à proposta pedagógica, sendo componente curricular obrigatório da educação básica (BRASIL, 1996), o qual tematiza as práticas corporais em suas diversas formas de codificação e significação social, entendidas como manifestações das possibilidades expressivas dos sujeitos, produzidas por diversos grupos sociais no decorrer da história. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) propõe seis unidades temáticas para o desenvolvimento das práticas corporais: brincadeiras e jogos, esportes, ginásticas, danças, lutas e práticas corporais de aventura (BRASIL, 2017).

É importante destacar que a Educação Física oferece inúmeras possibilidades para enriquecer a experiência das crianças, permitindo o acesso a um vasto universo cultural. Experimentar e analisar as diferentes formas de expressão é uma das

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potencialidades desse componente na Educação Básica. Para além da vivência, a experiência efetiva das práticas corporais oportuniza aos estudantes participar, de forma autônoma, em contextos de lazer e saúde (BRASIL, 2017).

Os objetivos da Educação Física são amplos e abrangem desde o ensino de competências motoras até a aprendizagem de como valorizar a atividade física para a saúde, a autoexpressão e o desenvolvimento de competências pessoais e sociais (RAUSTORP et al., 2016). As aulas de Educação Física normalmente oferecem um ambiente seguro e estruturado, no qual as crianças podem se envolver em atividades físicas, aprender habilidades físicas fundamentais e conhecimentos sobre saúde que podem levar à idade adulta (GHARIB et al., 2015). Evidências sugerem que crianças que adquirem uma base sólida de habilidades fundamentais de movimento (por exemplo, chutar uma bola) têm maior probabilidade de estar ativas durante toda a vida em comparação com crianças que não construíram essas habilidades (BAILEY, 2006; STODDEN et al., 2008).

No Brasil, a Educação Física escolar é responsável por uma variedade de objetivos, mas dispõe de condições estruturais e tempo muito abaixo do ideal para atingi-los. Portanto, é preciso estabelecer prioridades para cada faixa etária ou ano de ensino, de acordo com as características do desenvolvimento, os interesses e as necessidades de cada grupo. Sem diminuir a relevância dos demais objetivos, os currículos devem enfatizar os objetivos centrais da Educação Física: o desenvolvimento de habilidades motoras e a promoção de atividades físicas relacionadas à saúde. Para atingir esses e outros objetivos da Educação Física, os estudantes precisam ser fisicamente ativos, na escola e fora dela (NAHAS, 2017).

A Educação Física tem sido reconhecida como a base dos esforços de promoção de atividade física nas escolas (HOEHNER et al., 2013; RIBEIRO et al., 2010). Além de fornecer aos jovens as habilidades, o conhecimento e as disposições necessárias para buscar um estilo de vida ativo, um aspecto importante da programação de qualidade da Educação Física é envolver os estudantes em atividades físicas de moderada à vigorosa intensidade durante o período de aula (WEAVER et al., 2018).

No Brasil, muitas escolas trabalham com dois turnos de quatro horas, e as crianças frequentam um desses períodos, pela manhã ou a tarde, que geralmente consiste em quatro aulas de 55 minutos, com um recreio de 20 minutos entre a segunda e a terceira aula. Durante o dia letivo, a Educação Física proporciona às

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crianças a oportunidade de serem ativas e tem sido associada à diminuição de atividades sedentárias durante o período escolar (COSTA et al., 2016).

No entanto, apesar das aulas de Educação Física serem garantidas por lei, não existem especificações quanto à frequência semanal ou à duração. Naturalmente, existem diferenças de acordo com as regiões e o sistema educacional, mas tradicionalmente as aulas são oferecidas de uma a duas vezes na semana (COLEDAM et al., 2018). Na cidade de São José dos Pinhais, as aulas de Educação Física são ofertadas uma vez na semana e sua duração varia de 45 a 75 minutos.

Como é difícil aumentar a frequência ou a duração das aulas de Educação Física dentro dos programas escolares existentes, é importante usar o tempo programado para a Educação Física de maneira ótima e eficiente (VERSTRAETE et al., 2016). Nos Estados Unidos, várias instituições recomendam que as escolas fundamentais forneçam um mínimo de 150 minutos de Educação Física por semana com pelo menos 50% desse tempo gasto em atividades físicas de moderada à vigorosa intensidade, ou seja, 75 minutos por semana de tempo gasto em atividades físicas de moderada à vigorosa intensidade durante a aula de Educação Física (CDC, 2011; CHEVAL; COURVOISIER; CHANAL, 2016).

A OMS enfatiza que a provisão de atividade física de moderada à vigorosa intensidade recorrente em aulas de Educação Física é parte integrante da criação de ambientes promotores de saúde para reduzir os fatores de risco associados a doenças crônicas não-transmissíveis (WHO, 2013). Quando um programa de Educação Física de alta qualidade é implementado, as crianças podem aprender habilidades, desenvolver confiança e adquirir conhecimento para serem fisicamente ativos dentro da escola, fora da escola e ao longo da vida (SALLIS et al., 2012).

Como a Educação Física é normalmente obrigatória em alguma fase da formação educacional de uma criança, na maioria dos países ao redor do mundo, à medida que a aula de Educação Física pode contribuir para um melhor condicionamento aeróbico e reduzir o risco em longo prazo de desenvolvimento de doenças cardiovasculares na vida adulta é muitas vezes debatida (GUERRA et al., 2013).

Os currículos de Educação Física relacionados à saúde se esforçam para manter todas as crianças tão ativas quanto possível durante as aulas de Educação Física e para desenvolver habilidades de conhecimento e movimento das crianças, a fim de promover o engajamento em um estilo de vida ativo (VERSTRAETE et al.,

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2007). Infelizmente, baixos níveis de atividade física entre as crianças nas aulas de Educação Física têm sido relatados em vários estudos (SALLIS et al., 2012). Em uma amostra de aulas de Educação Física de 684 escolas primárias norte-americanas, encontrou-se que as aulas acumularam apenas uma média de 11,9 minutos de atividade física de moderada à vigorosa intensidade (37% do tempo de aula) (NADER, 2003).

Uma revisão sistemática, incluindo estudos publicados entre 2005 e 2014, constatou que a proporção de atividade física de moderada à vigorosa intensidade, em média, acumulada pelas crianças durante as aulas de Educação Física foi de 32,6% (LONSDALE et al., 2013). Embora a recomendação de que 50% do tempo de aula seja gasto em atividades de moderada à vigorosa intensidade não seja atingida, ainda tem se mostrado maior do que a acumulada durante outros segmentos do dia escolar (WEAVER et al., 2016). Dessa forma, observa-se que as aulas de Educação Física são uma das formas mais eficazes de alcançar essa diretriz (LONSDALE et al., 2013).

No Brasil podemos destacar alguns estudos que avaliaram o nível de atividade física durante as aulas de Educação Física. Em 2001, Guedes e Guedes avaliaram a prática de AF em 144 aulas de Educação Física em 15 escolas no ensino fundamental e médio por monitorização da frequência cardíaca (FC). Observaram que dos 50 minutos disponibilizados às aulas de Educação Física, os estudantes estiveram envolvidos em atividades previstas para as aulas em média de 37 a 40 minutos e durante esse tempo foram oferecidas poucas oportunidades para eles se envolverem em atividades físicas de intensidade moderada à vigorosa (GUEDES; GUEDES, 2001).

Um estudo utilizando o SOFIT, para analisar as características das aulas de educação física do ensino médio na cidade de Curitiba/PR, identificou uma proporção de 35% do tempo da aula dispendido com atividades físicas de moderada à vigorosa intensidade (HINO; REIS; AÑEZ, 2007).

Outro estudo avaliou a intensidade e a duração dos esforços físicos em aulas de EF no ensino fundamental e médio, por meio do uso da acelerometria. A duração média das aulas foi de 35,6 minutos e os estudantes passaram apenas um terço do tempo da aula (32,7%) envolvidos em atividades físicas de moderada à vigorosa intensidade (KREMER; REICHERT; HALLAL, 2012).

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Apesar da variabilidade de métodos e locais onde os estudos foram realizados, pode-se perceber que a proporção de tempo dispendido em atividades físicas de moderada à vigorosa intensidade é muito similar entre eles. Dessa forma sustenta-se que as aulas de Educação Física podem ser estruturadas de outra maneira, reorganizando as atividades que são realizadas, reduzindo o tempo de espera e incluindo atividades que possam aumentar o interesse e o engajamento dos estudantes.

Além disso, nota-se a carência de estudos sobre a efetividade da Educação Física escolar no Brasil em seus diferentes níveis de ensino, especialmente em relação aos esforços realizados durante as aulas de Educação Física. Isso se apresenta como um aspecto negativo para o desenvolvimento de comportamentos e atitudes voltados para a prática de atividade física na escola e fora dela (HALLAL et al., 2011).

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3. MÉTODOS

3.1. DELINEAMENTO

Estudo de validação concorrente com delineamento transversal (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012).

3.2. POPULAÇÃO

O presente estudo faz parte do projeto Crescer Ativo e Saudável que por sua vez é um subprojeto do Programa Cidade Ativa, Cidade Saudável (CACS), coordenado pela Secretaria de Esporte e Lazer da cidade de São José dos Pinhais. O Programa CACS consiste em um conjunto de ações desenvolvidas para promover estilos de vida fisicamente ativos e saudáveis, além de avaliar e monitorar os fatores sociais e ambientais que podem estar relacionados com o comportamento fisicamente ativo da população. As ações estão concentradas em cinco frentes de trabalho, as quais são: os Espaços Públicos Abertos (EPA) para a prática de atividades física, os Núcleos dos Esporte e Lazer (NEL), as Unidades Básicas de Saúde (UBS), as escolas e os grupos da terceira idade. O Grupo de Pesquisa em Ambiente, Atividade Física e Saúde (GPAAFS) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em parceria com a Secretaria de Esporte e Lazer, é o responsável pela avaliação e monitoramento dessas frentes de trabalho.

O Projeto Crescer Ativo e Saudável foi criado como subprojeto do Programa CACS para avaliação das escolas e tem por objetivo estudar as relações entre as características do ambiente escolar, familiar e esportivo, e diferentes aspectos do crescimento físico, do desenvolvimento motor, da atividade física e da saúde de crianças.

A cidade de São José dos Pinhais faz parte da região metropolitana de Curitiba, possui uma área territorial de 948,52 km2, 302.759 habitantes e está

classificada como a sexta cidade mais populosa do estado do Paraná (IBGE, 2017). A população equivale a aproximadamente 21 mil crianças matriculadas na Rede Municipal de ensino com idade entre 5 e 10 anos distribuídas em 58 escolas.

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3.3. AMOSTRA

Para a seleção das crianças que participaram deste estudo foram selecionadas por conveniência seis escolas da área urbana participantes do projeto Crescer Ativo e Saudável. Em cada uma dessas escolas foi sorteada uma turma do 1º, 3º e 5º ano e em cada uma dessas turmas foram sorteadas seis crianças (três de cada sexo) para utilizar o acelerômetro durante as aulas de Educação Física resultando em 108 crianças elegíveis para observação e monitoramento (FIGURA 2). A localização das escolas selecionadas pode ser vista na Figura 3 e a relação das escolas que participaram deste estudo está listada na Tabela 3.

Figura 2 - Fluxograma das etapas de amostragem do estudo.

Fonte: Autoria própria, 2020. Cidade Ativa, Cidade Saudável Crescer Ativo e Saudável Seis escolas selecionadas intencionalmente 1 turma 1º ano 1 turma 3º ano 1 turma 5º ano de cada escola n = 18 turmas

Seis alunos por turma n= 108 estudantes

(39)

Tabela 3 - Relação das escolas participantes.

ID NÚCLEO ESCOLA MUNICIPAL ENDEREÇO

CIDADE JARDIM Santa Rita Rua Quinzito de Quadros Souza, 484

ITAGIBE QUIRINO Professora Angelina Luciano de

Macedo Rua Herbert de Souza, 65

NEY BRAGA Pedro Moro Redeschi Rua Joinville, 2678

SANTOS DUMONT

Celestina Scolaro Foggiatto Rua Maria Pasqualin Vaccari, 56

MAX

ROSENMANN Narciso Mendes Rua Adir Pedroso, 260

Professora Elvira Pilotto Carrano Rua John Lennon, 381 Fonte: Autoria própria, 2020.

Figura 3 - Localização das escolas selecionadas

(40)

3.1. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Foram incluídos neste estudo escolares matriculados no 1º, 3º e 5º ano da Rede Pública Municipal de Ensino da cidade de São José dos Pinhais, cujos pais assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e as crianças o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE), disponíveis nos Apêndices A e B. Para tanto, foram consideradas crianças que não estivessem incapacitadas permanentemente ou temporariamente de realizar atividades físicas durante as aulas de Educação Física ou que apresentassem algum tipo de deficiência física ou incapacidade que limitasse ou impedisse a realização de atividades físicas.

Os professores de Educação Física que aceitaram participar das filmagens e que assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE C) foram incluídos neste estudo.

3.2. CRITÉRIOS DE NÃO INCLUSÃO

Não foram incluídos no estudo crianças com dados inválidos de acelerometria ou os períodos em que as crianças não estivessem visíveis na área de filmagem durante as aulas de Educação Física.

3.3. COLETA DE DADOS

3.3.1. Aspectos Éticos

A Secretaria de Educação autorizou a realização da pesquisa nas escolas do município (ANEXO A). Cada um dos responsáveis pedagógicos de cada escola selecionada assinou o termo de aceite para a realização da pesquisa dentro da sua unidade e o Projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da UTFPR, Parecer nº 3.365.489 (ANEXO B).

A todos os pais, crianças e professores foi garantido o direito de não participar da pesquisa a todos. Desse modo, foram avaliadas somente as crianças que assinaram o TALE e cujos pais assinaram o TCLE. Todas as informações e imagens

Referências

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