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Academic year: 2021

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Thiago Boeno Pessoa Ramos

Parque do Carmo: Sua infra-estrutura de lazer e seus usuários

São Paulo

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T ÍT U LO VOLUME 2007

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Parque do Carmo: Parque do Carmo: Sua infra-estrutura de lazer e seus usuários

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenação do curso de Tecnologia em Turismo e Hospitalidade do Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de Tecnólogo em Turismo.

Orientadora: Profº Ms. Marlene das Neves Guarienti

São Paulo

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Folha de Aprovação

Título do trabalho

:

_______________________________________________________________

Data da defesa: _____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA:

Orientador: ___________________________________________ Ass.:_______________________ Professor: ________________________________________ ___ Ass.:_______________________ Professor: ___________________________________________ Ass.:_______________________ Nota final: _______________ ( )

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Dedico este trabalho à força estudantil brasileira que, mesmo em tempos

de descaso e ignorância, sobrevive com louvor em meio às dificuldades.

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Agradeço a todos aqueles que fizeram parte, de uma forma ou de outra, da árdua missão de construir um projeto de pesquisa científica. Agradeço em especial aos familiares, amigos, e professores, que não se abstiveram diante dos apelos nos momentos de dificuldades.

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RAMOS, Thiago Boeno Pessoa. Parque do Carmo: Sua infra-estrutura de lazer e seus usuários. São Paulo, 2007. 69p. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Tecnologia em Turismo e Hospitalidade - Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo.

A presente pesquisa pretendeu analisar o nível de satisfação da comunidade em relação aos efeitos da atividade recreativa no Parque do Carmo, na cidade de São Paulo. Por meio de pesquisa em fontes secundárias e de aplicação de instrumento de coleta de dados, buscou-se analisar como o tratamento dos elementos: preservação ambiental, segurança, identidade local, atividade física ao ar livre, lazer e recreação gratuitos e qualidade de vida são identificados pelos usuários do parque. Assim, verificou-se que a maioria dos usuários entrevistados disse considerar muito importante a relação Lazer x Qualidade de vida, enquanto grande parte identificou a segurança como o aspecto mais defasado do parque. A pesquisa também pretendeu analisar a infra-estrutura de lazer do Parque do Carmo, verificando-se a importância do parque para os seus freqüentadores, sendo que a maioria dos usuários entrevistados disse que a presença do parque é muito importante na identidade da comunidade. Questões relacionadas ao entorno do Parque – meios de transporte, localização, segurança, publicidade e perfil socioeconômico – foram tratadas com a mesma relevância, e somados aos demais dados coletados, formam o objeto da pesquisa e sua subseqüente análise. Destacar a importância do papel social que a oferta de atividades recreativas e esportivas têm no desenvolvimento humano norteou o projeto apresentado.

Palavras-chave: Parques urbanos. Atividade física/recreativa ao ar livre. Qualidade de vida. Acesso ao lazer.

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RAMOS, Thiago Boeno Pessoa. Parque do Carmo: Sua infra-estrutura de lazer seus usuários. São Paulo, 2007. 69p. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Tecnologia em Turismo e Hospitalidade - Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo.

The present research intended to analyze the level of satisfaction of the community in relation to the effect of the recreate activity in the Park of the Carmo, in the city of São Paulo. By means of research in secondary sources and of application of instrument of collection of data, one searched to analyze as the treatment of the elements: ambient preservation, security, local identity, physical activity to the outdoors, gratuitous leisure and recreation and quality of life are identified by the users of the park. Thus, it was verified that the majority of the interviewed users said to consider important the relation very Leisure x Quality of life, while great part identified the security as the aspect unbalanced of the park. The research also intended to analyze the tourist structure of the Park of the Carmo, being verified itself it importance of the park for its frequenters, being that the majority of the interviewed users had said that the presence of the park is very important in the identity of the community. Questions related around the Park - half of transport, localization, security, advertising and socioeconomic profile - had been dealt with the same relevance, and added to excessively the collected data, they form the object of the research and its subsequent analysis. To detach the importance of the social paper that offers of recreate and sportive activities they have in the human development guided the presented project.

Keywords: Urban parks. Recreate physical activity to the outdoors. Quality of life. Access to the leisure.

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FIGURA 01 – Visão da área de lazer do parque ... 22

FIGURA 02 – Gansos no lago ... 25

FIGURA 03 – Trilha pela vegetação ... 26

FIGURA 04 – Planetário ... 27

FIGURA 05 – Pessoas no parque ... 28

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GRÁFICO 01 – Idade ... 39

GRÁFICO 02 – Gênero ... 40

GRÁFICO 03 – Bairro ... 40

GRÁFICO 04 – Escolaridade ... 41

GRÁFICO 05 – Ocupação ... 42

GRÁFICO 06 – Renda familiar mensal ... 43

GRÁFICO 07 – Freqüência ... 44

GRÁFICO 08 – Avaliação da infra-estrutura ... 44

GRÁFICO 09 – Aspecto mais defasado do parque ... 45

GRÁFICO 10 – Importância do parque no dia-a-dia ... 45

GRÁFICO 11 – Atividade praticada ... 46

GRÁFICO 12 – Correspondência às expectativas ... 47

GRÁFICO 13 – Importância do parque na identidade da comunidade ... 47

GRÁFICO 14 – Representação do parque na identidade local ... 48

GRÁFICO 15 – Opção mais significativa nesta representação ... 49

GRÁFICO 16 – Importância da preservação ambiental ... 49

GRÁFICO 17 – Avaliação dos serviços prestados pelos funcionários do parque ... 50

GRÁFICO 18 – Freqüência a outros parques urbanos ... 50

GRÁFICO 19 – Avaliação da acessibilidade ao lazer ... 51

GRÁFICO 20 – Tempo livre ... 52

GRÁFICO 21 – Relação da importância entre lazer e qualidade de vida ... 52

GRÁFICO 22 – Citação do parque como ponto de referência ... 53

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Por meio da observação e do convívio, e considerando o problema da estrutura de lazer oferecida à população residente na periferia da cidade de São Paulo, mais especificamente em Itaquera, zona leste da capital, e, ainda, ciente da importância do Lazer e do Turismo como instrumento de agregação social, este projeto pretende verificar a oferta de lazer do Parque do Carmo, considerando a avaliação dos seus usuários em relação à sua presença, um dos poucos pontos de atividade recreativa gratuita disponível aos moradores da região.

Sob o aspecto social, um espaço que corresponda aos interesses diversos da comunidade poderá suplementar a auto-estima da identidade local, criando-se alternativa aos centros mais distantes, valorizando a região em questão, além de proporcionar opções aos padrões de entretenimento atual, como a televisão, o rádio e os bares, mais comuns dentre o público visado.

Os resultados obtidos poderão ser utilizados como fonte secundária para o estudo da relevância do parque enquanto equipamento de lazer e turismo, colaborando para o aumento da plataforma de dados científicos, complementando a bibliografia referente ao assunto disponível no CEFET – SP (Centro Federal de Educação Tecnológica de São Paulo), o que poderá beneficiar futuras pesquisas acadêmicas.

As instituições de ensino, em especial as mantidas com recursos financeiros oriundos do poder público, devem ter como objetivo a retribuição social dos investimentos em educação e na formação de profissionais. Sendo o CEFET-SP uma instituição de ensino federal, voltada à ciência e à tecnologia, é oportuno que os estudos realizados pelo seu corpo discente busquem identificar e propor soluções a problemas sociais inerentes ao campo do saber em análise.

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educacionais. Também será realizada pesquisa de campo para a identificação do perfil dos freqüentadores e para a verificação dos índices de rejeição/aprovação ao Parque.

Em tempos de preocupação ambiental, a conscientização da importância das áreas naturais, tal como os benefícios dela decorrentes para o aumento da qualidade de vida da população em geral, e, ainda, considerando-se que o crescimento populacional nos grandes centros tem atingido níveis alarmantes, procura-se demonstrar a necessidade de uma revisão do papel dos bolsões de área verde localizados em áreas metropolitanas.

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1 Introdução ... 12

1.1. O Parque ... 21

1.2. A infra-estrutura do Parque ... 23

1.2.1. Os projetos ... 29

1.3. O entorno ... 31

1.4. Parques urbanos: Análises entre oferta e demanda ... 34

2 Procedimentos Metodológicos ... 37

2.1 Análises de pesquisa de campo com usuários ... 39

3 Análise e discussão dos resultados ... 55

4 Conclusão ... 58

REFERÊNCIAS ... 61

APÊNDICES ... 64

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1 Introdução

Fazer do tempo livre uma ferramenta útil ao crescimento da qualidade de vida também é responsabilidade dos profissionais da área de turismo e deve ser adotada pelo poder público como manutenção do direito garantido pelo Artigo 265 da Constituição do Estado de São Paulo e pelo parágrafo terceiro do artigo 217 da Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988.

Andrade (2001), citando a Declaração de Direitos Humanos ao tempo livre, ressalta a importância da defesa das funções do tempo livre e do lazer, sobretudo na formação dos jovens. Promulgada em 1º de julho de 1970 pela Associação Mundial de Recreação, a declaração foi idealizada com o intuito de assegurar a todos os cidadãos não somente o direito ao tempo livre, mas a utilização do lazer com atividades instrutivas e de qualidade.

Ao longo do tempo, como descreve Pires (2001), a população da cidade de São Paulo se desacostumou a sair às ruas no seu tempo livre e, por isso, pouco se identifica com a cidade onde vive. A distância dos centros culturais, museus, parques e bibliotecas faz com que as pessoas desistam de aproveitar o tempo ocioso com atividades que necessitem de longos percursos, pois, muitas vezes, essa distância já é percorrida durante a semana, no trajeto de ir e voltar ao trabalho.

O problema pode ser visto ainda sob a ótica econômica, uma vez que a despesa com transportes aumenta e a cada dia compromete mais o orçamento familiar. Ao jovem, estudante em tempo integral, ou com baixo ganho salarial devido a pouca qualificação e experiência profissional, tornam-se a distância, e o gasto por ela ocasionado, uma barreira ao lazer. A população tornam-se fecha dentro de casa, e o lazer passa a ser a televisão, o rádio ou a internet, desfazendo-se a tradição dos relacionamentos sociais.

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Este padrão de lazer, como concluído por Barros e Nahas (2001) no estudo sobre comportamentos de risco, auto-avaliação do nível de saúde e percepção de estresse entre trabalhadores da indústria, é, em grande parte, responsável pelos problemas de saúde entre os trabalhadores que demonstram o desinteresse pela atividade física. Aliada aos comportamentos de risco diretos/indiretos, como abuso de bebidas alcoólicas, do fumo e o estresse, a inatividade física torna-se fator determinante na diminuição do padrão da qualidade de vida destes trabalhadores. Funcionários cansados, doentes ou insatisfeitos perdem rendimento de produção profissional, têm tendências maiores aos problemas familiares e, conseqüentemente, haverá dispêndio de recursos públicos na hipótese do tratamento do problema, geralmente associado à saúde pública.

Atividades físicas e pedagógicas ao ar livre, projetos que poderiam ser desenvolvidos em parceria com empresas, podem auxiliar a aproximar o trabalhador da prática esportiva regular, além de instrui-los e torná-los agentes multiplicadores, levando a informação até a família.

O investimento em infra-estrutura em parques torna-se claramente uma medida de política pública eficaz quando se considera seu alcance. Famílias inteiras costumam visitar parques - mesmo aqueles que possuem o mínimo de estrutura de lazer - por verem neles uma alternativa de lazer de qualidade aos finais de tarde e finais de semana.

Ambiente propício à orientação familiar, ao descanso e ao conforto, os parques servem de válvula de escape das rotinas modernas que acabam restringindo o contato familiar. Além disso, nos parques, as crianças estão livres dos muros dos condomínios e do espaço reduzido ao computador no canto do quarto.

Dumazedier (2001) ressalva a importância que o lazer assumiu nos tempos modernos, após a inclusão de aparelhos com maior potencial tecnológico nos lares, e a conseqüente diminuição do

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tempo dispensado aos afazeres domésticos desenvolvidos pelas donas de casa. Ao mesmo tempo, deve-se observar a evolução dos valores e das estruturas familiares. O abandono de diversas tradições familiares construídas ao longo de gerações, como as conversas e as visitas às praças descritas por Americano apud Bruno (1999), contribuiu para que o lazer se tornasse um fenômeno contemporâneo.

Nas condições de habitação em que vive a grande maioria da população da cidade de São Paulo, muitas vezes distantes de áreas verdes, onde a poluição sonora e a poluição visual predominam no cenário urbano, os parques urbanos representam verdadeiros oásis de tranqüilidade em meio ao caos.

No entanto, empresas do ramo de imóveis perceberam a importância do espaço verde no cotidiano dos cidadãos e tendem a destinar áreas cada vez maiores a praças, jardins e canteiros nos seus empreendimentos. A especulação imobiliária em áreas verdes torna-se a cada dia maior, chegando a invadir zonas de proteção ambiental de posse do poder público. Um exemplo deste tipo de invasão ocorre na serra da Cantareira, onde condomínios residenciais de médio e de alto padrão têm agravado os impactos ambientais em uma das principais áreas verdes da cidade de São Paulo, de acordo com reportagem do Jornal Folha de São Paulo, publicada em 07/09/2006.

Tal interesse decorre do fato de que os bairros que dedicam espaços às áreas verdes, notadamente mais freqüentes nas regiões de classe média/alta no município de São Paulo, são espaços que garantem qualidade de vida aos cidadãos, em especial à garantia de atividade física ao ar livre, possibilidade sempre atraente à população mais bem informada que, em geral, a valoriza.

O estudo Pró-Saúde, de Salles et al (2003), verificou a relação da prática da atividade física com a idade, a escolaridade, e a renda familiar per capita entre as mulheres, e com a renda familiar per

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capita entre os homens. No que tange o universo dos jovens do sexo feminino, o desinteresse pela atividade física de lazer está diretamente relacionado com a falta de opções e oportunidade de acesso a modalidades esportivas pouco difundidas. À exceção do futebol amador ou do basquetebol de rua, entre outras poucas modalidades esportivas, a maioria dos jovens ignora a atividade física durante as horas de lazer.

Segundo Madsen (1999 p.96), três fatores determinantes impedem a prática do lazer: “falta de acesso da maior parte da população, a pequena oferta de ações de educação para e pelo lazer e a escassez de profissionais capacitados para o gerenciamento e a execução das atividades”.

A escola, formador social e pedagógico, e o atual sistema de planejamento e execução das práticas esportivas escolares não contribuem de forma a instigar a curiosidade do jovem pela atividade física de lazer. Ir aos parques, de início nas férias, e posteriormente em dias esporádicos, pode ser visto como um processo em longo prazo com o intuito de garantir o acesso ao lazer e ao desporto, e a característica de lazer de baixo custo desses atrativos turísticos pode fazer com que as atividades esportivas tornem-se um hábito saudável, criando-se uma alternativa de atividade física aos estudantes.

O baixo poder aquisitivo das famílias que residem na periferia da cidade de São Paulo impossibilita o acesso dos adolescentes às associações atléticas, e o medo dos pais em relação à violência coloca esses adolescentes em situação de inatividade física. Em conseqüência, assistimos ao crescente número de crianças que apresentam fatores de obesidade infantil.

Conforme Frutuoso et al (2003), na pesquisa “Redução do dispêndio energético e excesso de peso corporal em adolescentes”, foram detectadas associações estatisticamente significativas entre apresentar sobrepeso e obesidade e praticar atividades passivas e consumir alimentos em frente à

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televisão, para ambos os sexos. Hábito cada vez menos comum, a atividade física no tempo livre perde espaço para o avanço tecnológico e reformula a prática do lazer. Assistir televisão, navegar na internet, ir ao shopping são as novas formas de se divertir.

Parte da responsabilidade em alterar o quadro atual é dos profissionais da área do turismo/lazer, que devem se comprometer com a necessidade de se observar os vários segmentos que atualmente o setor oferece. Além do setor privado, grande investidor e gerador de divisas, há a necessidade de se realizar projetos em parceria com o setor público, embora sucateado, e mesmo com todas as dificuldades do sistema burocrático. Projetos que visem não apenas o lucro, mas a inclusão social, e que sejam resultantes de uma demanda efetiva, mas cujo atendimento, segundo Trigo (1999), corresponde a umas das áreas mais carentes de profissionais no Brasil.

O mesmo autor salienta a importância do terceiro setor, que cresce a cada dia e necessita de profissionais para atuarem na área. São sindicatos, igrejas e grupos organizados para determinadas ações políticas e/ou sociais. Lugares onde a liberdade para o desenvolvimento de atividades alternativas, que diferem daquelas com intuito exclusivamente comercial é, teoricamente, mais abrangente.

A profissionalização das atividades neste setor poderia auxiliar na organização e no atendimento da demanda, pois é por meio delas que se pode observar mais de perto a relação entre o cidadão e o espaço em que ele vive, o que possibilita analisar o impacto que essas atividades podem causar em determinada comunidade e, em última instância, nos estudos sobre a antropologia do turismo e lazer.

Conforme Silva (2001), esse estudo ficou centralizado apenas na figura do turista até a última década, e, só agora, há uma preocupação maior com os impactos sócio-culturais causados aos

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habitantes do entorno dos atrativos. A comunidade que recebe pessoas dos mais variados lugares passa por transformações em razão do grande número de hábitos, valores e costumes que são absorvidos e transmitidos nessa relação.

A relação entre o turista e o anfitrião é descrita por Barreto (2001), que considera que o lazer deve levar em conta a origem histórica, o que faz parte do cotidiano da população, pois, é nesta relação, que se pode observar a cultura local, contrapondo-se aos processos de descaracterização do pólo receptor causados pelo turismo de massa.

Esta problemática se deve a vários fatores, entre eles, a falsa sensação de emulação social, sentida pelos íncolas, diante do modo de vida dos visitantes, e pelas exigências das facilidades do mundo moderno, por parte dos visitantes, como forno de microondas e aparelhos de ar-condicionado, mesmo em locais de difícil acesso.

Isto ocorre porque, em sua maioria, os atrativos de grande destaque no trade turístico reproduzem cenários que não lhes são peculiares, mas que são de essencial valor para a construção de uma evidência física comercial. Esta construção de um ambiente postiço, potencializa, entre os íncolas, a perda da identidade local; e o valor de uso do espaço, que está presente nas manifestações da chamada cultura imaterial, como danças, culinária, vestuário e música, e deve ser compreendido como característica intrínseca da atividade recreativa, perde cada vez mais espaço para os suvenires e afins.

Os espaços destinados à representação da identidade local devem mostrar a realidade da cultura e estilo de vida dos moradores, de forma que estes sintam orgulho de sua tradição e história. Araújo (2001) argumenta que o visitante é que deve entrar no cotidiano dos moradores e viver o dia-a-dia,

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ao contrário da transformação verificada em diversos destinos turísticos, onde os visitantes vivem uma “realidade encenada”.

Compreender que é parte da comunidade, respeitar as tradições e se sentir parte representativa da história da comunidade é fundamental para que o jovem se integre ao ambiente em que vive, e como diz Barretto:

Manter algum tipo de identidade – étnica, local ou regional – parece ser essencial para que as pessoas se sintam seguras, unidas por laços extemporâneos a seus antepassados, a um local, a uma terra, a costumes e hábitos que lhes dão segurança, que lhes informam quem são e de onde vêm, enfim, para que não se percam no turbilhão de informações, mudanças repentinas e quantidades de estímulos que o mundo atual oferece. (Barreto, 2000 p. 46)

Silva (2001) relata os resultados do projeto “Guarda – Chuva” desenvolvido em uma comunidade que passou a ser ponto turístico sem um estudo prévio dos impactos sócio-culturais e sem consulta aos moradores: violência, pobreza e perda da identidade local. Os problemas ocasionados devem-se, em partes, pelas mudanças de comportamento no cotidiano dos moradores, como a forma de desempenhar suas profissões ou a mudança da representatividade do indivíduo na comunidade. Estar em situação semelhante à do visitante, devido à exposição demasiada, leva o nativo à mudança de comportamento, com fortes indícios da importância dada por eles à emulação social.

Atualmente, com o inchaço das grandes cidades, o aumento dos problemas sociais e a marginalização do jovem estão entre os desafios a serem superados.

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A ociosidade e a falta de opções de lazer mantêm estreita relação com a violência social urbana, e, segundo Turino (2003), está diretamente relacionada com os altos índices de violência, depredação, homicídios e consumo de drogas entre os jovens.

Investir em equipamentos de lazer e cultura em locais onde o baixo poder aquisitivo das famílias impede o acesso individualizado poderá ser o início do esperado retrocesso da violência. Ainda segundo Turino (2003), dos 40 mil homicídios ocorridos no Brasil em 1997, 38% ocorreram nas regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, sendo que a maior parte das vítimas são jovens do sexo masculino moradores dos bairros mais pobres.

Gutierrez (2001) ressalta que o lazer nunca foi tema privilegiado das atenções acadêmicas e, portanto, não se pode dizer que atualmente esteja ressurgindo como objeto de pesquisa. No entanto, devido ao aumento histórico do tempo livre, e a separação do tempo do trabalho do tempo do não-trabalho na época moderna, surgiu uma maior preocupação com o lazer, dada a relevância alcançada por ele no contexto social.

Ainda que objeto de estudo, o lazer pode ser observado sob a ótica mercadológica, e, nesse contexto, assume, como grande parte dos bens de consumo e serviços, uma relação direta com o capital, e, conseqüentemente, com lucro. As atividades educativas e sociais cada vez mais dão lugar aos grandes parques temáticos e são sufocadas, não raramente, pelas fortes campanhas publicitárias a serviço do interesse econômico.

Krippendorf (2001), escreveu sobre as relações atuais entre sociedade e turismo/lazer e sobre como a indústria do entretenimento constrói cidadãos. Os padrões de lazer, ditados por esta indústria, determinam o lugar e os momentos destinados ao lazer, em um ciclo econômico puramente

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superficial, que impede a relação visitante/anfitrião e determina as relações de trabalho, moradia, lazer e viagem no modelo da sociedade industrial.

Então, a questão da liberdade no tempo do não-trabalho deve ser repensada. De acordo com Turino:

Aparentemente a escolha de ir ao cinema num domingo à noite é uma livre opção de lazer para boa parte da classe média e dos trabalhadores com uma mediana garantia de renda, mas o lançamento de um filme “arrasa quarteirão” ou blockbuster, como definem os controladores de Hollywood, nos faz indagar sobre a liberdade de escolha das milhões de pessoas que “decidem” ao mesmo tempo assistir ao mesmo filme. (Turino, 2003, p. 24)

Ao jovem da periferia, onde a sobrevivência algumas vezes depende de programas sociais contra a desnutrição e a fome, e onde a tecnologia da energia elétrica é esperada com anseio em determinados locais mais afastados, resta todo o tempo ocioso, sem trabalho, cultura ou lazer, nem mesmo o lazer comercial.

Também como formação de jovens cidadãos, que se identificam com o local onde vivem e assumem papel de agentes da comunidade, o lazer pode ser o elo de integração entre o jovem e sua capacidade de relacionamento, com atividades que propiciam o crescimento cultural e a formação de um cidadão participativo.

A partir de todo este contexto, o presente trabalho busca verificar as condições da infra-estrutura de lazer oferecida aos usuários do Parque do Carmo, considerando a satisfação da comunidade em relação aos serviços prestados e utilizando-se dos seguintes levantamentos complementares:

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Analisar a demanda e a oferta de lazer do Parque;

Verificar a qualidade dos serviços na percepção dos usuários;

Analisar alternativas para a utilização dos recursos naturais;

Verificar a importância dada ao Parque pela comunidade em seu cotidiano;

Levantar a existência de propostas e projetos turísticos inerentes à utilização do Parque como opção de lazer, educação e cultura.

Nesse sentido, procurou-se analisar fatores internos e externos que constituem a formação do Parque e de seu entorno.

1.1. O Parque

Figura 01: Visão da área de lazer do parque

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1.1.1. Histórico

Para se elaborar um histórico do Parque do Carmo, consultou-se uma bibliografia diversificada. Segundo o site http://ww2.prefeitura.sp.gov.br, a área ocupada pelo Parque do Carmo, com mais de 1,5 milhão de metros quadrados, integrava originalmente a Fazenda Caguassu, cuja área total ultrapassava os sete milhões de metros quadrados. Os primeiros relatos sobre sua existência datam do século XVI, mas sua ocupação se efetivou somente no final do século XVIII, quando foi doada à Província Carmelita Fluminense e transformada em fazenda pelos religiosos, que cultivavam café, laranja, chá, verduras e criavam gado.

Os carmelitas dividiram a fazenda em várias glebas no começo do século XX. Uma delas foi adquirida em 1919 pelo Coronel Bento Pires de Campos, que ali instalou a Companhia Comercial Pastoril e Agrícola e abriu um loteamento. Uma imagem de Nossa Senhora do Carmo encontrada na capela da casa sede inspirou o nome do lugar: Fazenda Nossa Senhora do Carmo ou, simplesmente, Fazenda do Carmo.

O que restou da antiga fazenda foi vendido para o empresário paulista Oscar Americano, em 1951. Finalmente, em 1976, a área foi desapropriada pela prefeitura para transformá-la em parque público, oferecendo lazer aos moradores de Itaquera e da Zona Leste em geral.

Nos últimos 10 anos, o Parque do Carmo passou por reformas estruturais para proporcionar maior conforto e opções de lazer aos seus milhares de visitantes. A extensa área verde ainda continua, em grande parte, preservada, com cafezais e cerejeiras japonesas, seis lagos com pequenas ilhas e fauna variada. O Parque do Carmo também abriga museu, biblioteca, anfiteatro, um Centro de

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Educação Ambiental e um planetário recém instalado. Atualmente o parque é parte integrante da Área de Proteção Ambiental (A.P.A.) do Carmo (Anexo 1).

1.2. Oferta de serviços, equipamentos e atrativos do parque:

Ano de Criação: 1976 Área: 1.500.000 m² Fauna: Patos Gansos Gambás Bichos-preguiça Macacos Veados Borralha-assobiadora

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Figura 02: Gansos no lago

Foto: Thiago Ramos

Flora:

Pau-de-tucano

Passuaré

Cerejeira

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Figura 03: Trilha pela vegetação

Foto: Thiago Ramos

Planetário:

Em 2005 foi inaugurado, após muitos adiamentos, o Planetário do Carmo. Iniciado em 2002, o planetário passou por quatro gestões antes de sua inauguração e custou R$ 11 milhões, patrocinados pela Telefônica. O projetor principal, o alemão Universarium Zeiss VII, adquirido em 1996, não foi colocado em uso. Agora ele passou por uma atualização e reforma e foi instalado por técnicos alemães, em julho de 2006. Os preparativos finais incluíram 74 projetores periféricos e treinamento de planetaristas, profissionais que serão os responsáveis pela operação do projetor principal, que fica no centro da cúpula de 20 metros de diâmetro. O aparelho é composto por 32 lentes grandes, responsáveis pela projeção de estrelas, e outras menores, que mostram planetas e constelações. A sala conta com 274 lugares, com cadeiras de diferentes inclinações, o que permite uma boa visão da cúpula a qualquer um. Futuramente, os visitantes poderão observar o céu do lado

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de fora, mas isso depende da instalação de dois telescópios na parte externa, onde as pessoas, acompanhadas por astrônomos, poderão fazer observações noturnas.

Figura 04: Planetário

Foto: Thiago Ramos

Infra-estrutura: Estacionamento (1) Guaritas (4) Sanitários (8) Anfiteatro (1) Bebedouros (10)

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Churrasqueiras (28)

Quiosques (5)

Mesas-bancos (58)

Lixeiras (30)

Figura 05: Pessoas no parque

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Equipamentos de lazer disponíveis: Museus/Obras de Arte Aparelhos de Ginástica Pista de Cooper/Caminhada/Trilhas Campo de futebol Playground Planetário/Escola de Astrofísica Ciclovia/Bicicletário Particularidades do parque

Com uma extensa área verde, o Parque do Carmo conta com um cafezal e cerejeiras japonesas, além de seis lagos com pequenas ilhas e muita fauna. Tem playground, pista de cooper, churrasqueiras, bancos e mesas para piqueniques. Mais de 8 mil pessoas visitam o local aos finais de semana.

O parque abriga também um Centro de Educação Ambiental, um museu, uma biblioteca, além de oferecer visitas monitoradas. Outra atração é o anfiteatro ao ar livre, com capacidade para 55 mil pessoas. O local possui ainda quadras de futebol, ciclovia, restaurante e lanchonete.

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Localização do Parque do Carmo:

Av.Afonso Sampaio e Souza, 951 - Itaquera

Fone: (11)6748-0010

Funcionamento: 5h30 às 18h

1.2.1. Os projetos

Há um projeto da prefeitura da cidade de São Paulo que visa aumentar o tamanho do Parque do Carmo. O motivo maior, segundo o sítio eletrônico http://www.abn.com.br/editorias1.php?id=43493, seria a preocupação em proteger a extensão do córrego Rio Verde, que se encontra fora da área do parque. Essas áreas estão sendo criadas por meio de recursos do Fundo de Urbanização (Fundurb) e de compensações ambientais. O Fundurb é formado por pagamentos de potencial construtivo, ou seja, pagamento de empresas que desejam construir uma área maior do que a legislação permite para determinado espaço. As verbas do Fundurb - que é gerido pelas Secretarias de Infra-Estrutura Urbana e Obras, de Habitação, de Cultura e do Verde e do Meio Ambiente - são investidas em ações como regularização fundiária, urbanização de favelas e criação de parques lineares. Os recursos para a construção do parque e o estudo da bacia do córrego Rio Verde deverão vir do Termo de Compromisso Ambiental firmado entre a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e os empreendedores do Shopping Metrô Itaquera.

Por causa da ampliação do parque, prevista no Plano Regional da Subprefeitura Itaquera, o projeto passou a abranger toda a extensão do córrego que se encontra fora do Parque do Carmo. A Secretaria do Verde e do Meio Ambiente também tratou com a Sabesp sobre ações de melhoria na

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rede de esgoto ao longo do córrego Rio Verde. A prefeitura também negocia uma dívida da Companhia Habitacional de São Paulo (COHAB), atual dona da área do parque. A negociação envolveria as terras do parque pertencentes à COHAB, que passaria a ser propriedade da prefeitura, viabilizando o projeto.

Dentre os projetos pesquisados com o intuito de verificar a forma de uso do espaço do Parque, alguns foram ao encontro dos objetivos desta pesquisa. Eles representam a preocupação com a utilização do Parque do Carmo como um espaço ao ar livre destinado ao lazer, à atividade recreativa e à educação:

Arte e Recreio

Objetivo: Criar oportunidades de lazer e entretenimento para crianças de seis a doze anos. Autor: Comgás

Bosque da Leitura

Objetivo: Proporcionar aos freqüentadores o acesso a jornais, revistas, gibis e livros de diversos gêneros para todas as idades.

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Mãos que Ajudam

Objetivo: Orientações voluntárias a crianças que plantam mudas de plantas e árvores, realizam serviços de jardinagem, limpeza e pequenas reformas como pintura de bancos, limpeza de chafariz e pintura de playgrounds.

Autor: Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias

Introdução à Educação Ambiental

Objetivo: Transmitir à população orientações sobre as atribuições do Estado – papel do poder público nas várias instâncias de governo - desenvolvimento sustentável - papel do educador - metodologia em educação ambiental.

Autor(es): Secretaria do Verde Meio Ambiente-Parque do Carmo

1.3. O entorno

O Parque do Carmo é rodeado por diversas áreas com altas taxas de densidade demográfica, entre elas, os bairros de Itaquera, São Mateus, Cidade Tiradentes e Guaianases.

Dados da prefeitura de São Paulo indicam que, somente na região da Subprefeitura de Itaquera, responsável pelo Distrito do Parque o Carmo, há, aproximadamente, 451.421 habitantes.

A população reclama do abandono do poder público, e sofre com a falta de infra-estrutura turística e de lazer na região. Elaine Campos Salles, moradora de Itaquera, arredores do parque, em reportagem publicada no Jornal O Globo On Line, no dia 24/11/2006, afirma: “Não tem cinema

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perto, não tem teatro perto, não tem nada perto. Não tem um parque perto. O mais perto é o Parque do Carmo, que se eu for de ônibus leva 40 minutos”.

Segundo o último levantamento da Subprefeitura de Itaquera, no Distrito do Parque do Carmo há 3.904 cidadãos com menos de um ano de escolaridade, 28.070 com o Ensino Fundamental Incompleto, 9.907 com o Ensino Fundamental Completo, 6.340 com o Ensino Médio Completo e 1.087 com Ensino Superior completo. Por meio de uma rápida análise destes dados, percebe-se que apenas uma pequena parcela da comunidade possui acesso à educação, e que a grande maioria sofre com o semi-analfabetismo e suas conseqüências.

Pode-se perceber também outros fatores negativos em relação ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e à qualidade de vida, como a taxa anual de mortalidade infantil: 16,02 e o registro de homicídios: 28. A expectativa de vida fica em 65,2 anos para os homens e 74,7 anos para as mulheres.

(36)

Figura 06: Mapa da região

(37)

1.4. Parques urbanos: Análises entre oferta e demanda

Para se obter um parâmetro entre a oferta e a demanda dos parques urbanos do município de São Paulo foram utilizados dados do Parque do Ibirapuera, pela sua notoriedade no cenário urbano paulistano e pela semelhança com o Parque do Carmo, objeto de estudo desta pesquisa, assim como dados das comunidades circunvizinhas dos respectivos parques. As informações, recolhidas no portal da internet da prefeitura de São Paulo, demonstram:

Parque do Ibirapuera Parque do Carmo

Ano de Criação 1954 1976

Área 1.584.000 m² 1.500.000 m²

Acessibilidade Lanchonete, Estacionamento, Acesso cadeirantes, sanitários

Estacionamento, sanitários

Atividades e lazer Museus (quatro) - Obras de Arte

Pista de

Cooper/Caminhada/Trilhas

Ciclovia/Bicicletário

Quadra de Campo

Museus (um) - Obras de Arte

Aparelhos de Ginástica

Pista de

Cooper/Caminhada/Trilhas

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Quadra poliesportiva Playground Planetário/Escola de Astrofísica Playground Planetário/Escola de Astrofísica Ciclovia/Bicicletário

Fauna Mamíferos, aves Mamíferos, aves

Flora Lagos Viveiro/Herbário/Orquidário Aquários/Fontes Reflorestamento Lagos Viveiro/Herbário/Orquidário Bosque Mata Nativa

População estimada 311.017 habitantes 451.421 habitantes

Percebe-se que há um aparente equilíbrio na infra-estrutura turística oferecida pelos parques. Porém, a região do Parque do Carmo possui uma considerável diferença na demanda potencial, algo em torno de 140 mil pessoas.

Essa diferença na demanda é percebida no número de visitas aos planetários dos dois parques enquanto estas foram gratuitas. Segundo o sítio eletrônico http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,AA1387138-5605,00.html, em menos de dois meses – de

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novembro de 2006 a catorze de dezembro de 2006 – o planetário do Parque do Carmo recebeu 195 mil visitantes, enquanto que em três meses, desde que foi reinaugurado, o planetário do Parque do Ibirapuera recebeu 20 mil pessoas. Em 2007 os planetários passarão a cobrar a entrada.

Há também que se considerar outros fatores sazonais, como a promoção de eventos em ambos os parques, superior no Parque do Ibirapuera. Embora não se tenha obtido acesso aos calendários de eventos dos dois parques durante essa pesquisa, foram observadas, em muitas vezes, nas páginas eletrônicas da São Paulo Turismo, da Secretaria Estadual da Juventude, Esporte e Lazer, e de revistas e periódicos especializados, a presença de eventos no parque do Ibirapuera, ao contrário do ocorrido com o Parque do Carmo, raramente citado.

Com esta introdução, elaborada por meio de pesquisa bibliográfica, procurou-se verificar o atual panorama do objeto de estudo e de seu entorno. Em conjunto com a pesquisa de campo aplicada junto aos usuários do Parque, os demais dados demonstrarão os resultados da investigação científica à qual se propõe este projeto, conforme descritos no capítulo seguinte:

(40)

2 Procedimentos Metodológicos

A pesquisa foi realizada nas dependências do Parque do Carmo em Itaquera – São Paulo, preferencialmente aos finais de semana e feriados, visando recolher o maior número possível de informações de variados segmentos da comunidade.

Ao longo do projeto, foram identificados os índices de rejeição/aprovação às atividades existentes e propostas, a infra-estrutura do local, a relevância da existência do parque e o seu alcance social, identificando-se o perfil dos freqüentadores do parque.

Como instrumentos de pesquisa foram utilizadas informações referentes aos projetos em andamento, desenvolvidos pela administração do parque e/ou pelos órgãos públicos responsáveis, como a Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, a Secretaria Estadual da Juventude, Esportes e Lazer, Secretaria Estadual do Turismo e a SPTuris (São Paulo Turismo). Também foi realizado estudo quantitativo por meio de questionário com perguntas fechadas, semi-abertas e abertas direcionadas a 100 usuários do parque. As avaliações individuais dos participantes foram analisadas em conjunto com os dados obtidos por meio de pesquisa qualitativa, sendo os resultados tratados e definidos estatisticamente. Após a análise, foram apontadas as variâncias e margem de erro do resultado final, visando a fidedignidade dos dados e possibilitando a replicabilidade, de acordo com o apresentado por Dencker (1998).

A margem de erro foi de 10 %, com nível de significância de 95%, de acordo com a tolerância estabelecida para a área de atuação em pesquisa no campo do turismo.

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A análise qualitativa foi baseada em levantamentos de documentos de domínio público dos órgãos oficiais responsáveis. Também foram utilizados dados originados em fontes seguras, de credibilidade duradoura e reconhecida, como jornais e revistas de grande circulação.

Os resultados obtidos foram apresentados estatisticamente, por meio de gráficos, diagramas, tabelas e/ou fluxogramas.

As bases para as possíveis soluções aos problemas levantados foram elaboradas após a análise dos resultados obtidos, considerando-se a relação custo/benefício, e os motivos pelos quais tais medidas deveriam ser adotadas.

(42)

2.1 Análises de pesquisa de campo com usuários

Gráfico 01:

A análise dos dados referentes à faixa etária dos usuários confirma a suposição levantada na introdução, a respeito da elaboração de ações específicas em relação ao atendimento dos jovens. Percebe-se que à medida que se aumenta a idade, reduz-se a freqüência no parque. No entanto, a população da terceira idade representou apenas 8% dos entrevistados.

Idade

6,00% 8,00% 34,00% 22,00% 18,00% 12,00% 0,00% 20,00% 40,00% 18 a 24 anos 25 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos 50 a 59 anos 60 anos ou mais

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Gráfico 02:

Em relação ao gênero dos entrevistados, não houve surpresas. Há uma pequena diferença de 4% entre usuários masculinos e femininos, com vantagem para este ultimo gênero. Isso apenas confirma o maior interesse das mulheres por atividades que proporcionam o aumento na qualidade de vida. Gráfico 03: 4,00% 6,00% 4,00% 4,00% 10,00% 6,00% 40,00% 8,00% 18,00% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% Artur Alvim Cidade Tiradentes Itaquera Patriarca São Mateus Tatuapé Vila Inhocuné Vila Novo Horizonte Guaianases

Bairro

48,00% 52,00% 40,00% 50,00% 60,00% Feminino Masculino

Gênero

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Também não houve surpresas na análise da procedência dos usuários. A região de Itaquera concentra a maior parte dos usuários entrevistados, em razão da localização do parque. Os demais usuários concentram-se nas regiões circunvizinhas ao parque. Destacou-se o bairro de Artur Alvim, com 18% dos entrevistados. Outro destaque foi o bairro do Tatuapé, com 6% dos entrevistados. Esse índice chama a atenção pela distância do bairro em relação ao parque.

Gráfico 04:

A maioria dos usuários entrevistados (31%) declarou possuir o Ensino Médio Completo e 22 % dos entrevistados declararam possuir Ensino Superior Completo. Os dados recolhidos no sítio eletrônico da subprefeitura de Itaquera, e evidenciados na introdução desta pesquisa, demonstram que, no Distrito do Parque do Carmo, 57% das pessoas possuem o Ensino Fundamental Incompleto, 13% completaram o Ensino Médio e apenas 2% concluíram curso superior.

Escolaridade

8,00% 22,00% 10,00% 6,00% 1,00% 12,00% 10,00% 31,00% 0,00% 20,00% 40,00% Doutorado Ensino fundamental completo Ensino fundamental incompleto Ensino Médio Completo Ensino Médio incompleto Ensino Superior Completo Ensino Superior Incompleto Mestrado

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Nesse caso, detectou-se diferenças entre as estatísticas da prefeitura e os dados recolhidos por meio do questionário. Das pessoas que se declararam moradores de Itaquera, 10% revelaram possuir Ensino Médio Completo, e o mesmo percentual declarou possuir o Ensino Superior Completo.

Gráfico 05:

Na análise dos dados referentes à ocupação, destaca-se o alto índice de pessoas que declararam estarem desempregadas. Enquanto dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontam que, em março de 2007, 15,9% da população economicamente ativa da região metropolitana de São Paulo encontrava-se desempregada, esse número é de 20% dos entrevistados no Parque do Carmo.

Ocupação

12,00% 2,00% 38,00% 18,00% 20,00% 10,00% 0,00% 20,00% 40,00% Autônomo Desempregado Estudante Funcionário de empresa privada Funcionário público Profissional liberal

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Gráfico 06:

A renda familiar mensal pode ser considerada elevada se comparada com os dados disponíveis no sítio da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE), que demonstram que, no ano de 2000, 24,39 % da população do município de São Paulo possuía uma renda familiar de 2 a menos de 5 salários-mínimos e 25,97% de 5 a menos de 10 salários-mínimos. A concentração de renda em 88% nas faixas de 1 a 5 e 6 a 10 salários-mínimos pode ser explicada pelo maior grau de escolaridade dos entrevistados. Ainda assim, as faixas que representam uma renda familiar alta somam apenas 6%. 44,00% 6,00% 44,00% 4,00% 2,00% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00%

Até 1 salário mínimo De 1 a 5 salários mínimos de 11 a 15 salários mínimos De 16 a 20 salários mínimos De 6 a 10 salários mínimos

(47)

Gráfico 07:

Quanto à freqüência de visitação ao parque, a maioria afirmou que vai ao parque com regularidade, representando 46% dos entrevistados, seguido de 28% que vão ao parque constantemente e 26% que raramente o freqüentam.

Gráfico 08:

Dentre os percentuais da avaliação da infra-estrutura, 100% dos usuários entrevistados a avaliaram de regular para ótima, ainda que a categoria regular tenha obtido maioria de 62%. A infra-estrutura recebeu uma avaliação positiva, já que as opções “ruim” e “péssima” não foram assinaladas.

36,00% 2,00% 62,00% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% Boa Ótima Regular

Avaliação da Infra-estrutura

46,00% 26,00% 28,00% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% às vezes Raramente Sempre

Freqüência

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Gráfico 09:

Quarenta e oito por cento dos entrevistados responderam que se sentem inseguros ao visitar o parque. Esse é dado é sustentado no histórico de pequenos delitos ocorridos no parque.

Gráfico 10:

Estes dados demonstram que há um percentual considerável (36%) de usuários que consideram o parque pouco importante. Embora 64% tenham respondido que o parque é importante em seus

dia-28,00% 22,00% 2,00% 48,00% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% Entretenimento Limpeza Outra - todos os itens Segurança

Aspecto mais defasado do parque

64,00% 36,00%

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00%

Importante Pouco importante

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a-dia, a alternativa “Muito Importante” não obteve nenhum apontamento, o que leva a crer que os usuários do parque não o consideram como tal.

Gráfico 11:

Os exercícios físicos, como caminhada e musculação e as atividades recreativas ao ar livre, como ciclismo, futebol e patinação são os maiores responsáveis pela motivação de ir ao parque, representando 72% do total. Esse dado confirma a hipótese de que o parque deve corresponder à necessidade da comunidade em relação a espaços que garantam o direito a esses tipos de atividades de lazer. As atividades culturais cobradas pelos usuários foram shows, peças teatrais e eventos e correspondem aos 28% dos entrevistados que responderam que o aspecto “Entretenimento” é o mais defasado no parque, como se pode observar no gráfico 9.

14,00% 72,00% 2,00% 12,00% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% Atividade cultural Exercícios físicos Nenhum Relações sociais

Atividade praticada

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Gráfico 12:

Nesse aspecto, a maioria absoluta dos usuários (98%) respondeu que o parque corresponde às suas expectativas apenas parcialmente. Isso se dá em razão da baixa qualidade dos equipamentos de lazer, e da falta da promoção de eventos regularmente. Com isso, pode-se considerar que a avaliação é apenas relativamente positiva, ficando predominantemente em uma faixa intermediária de satisfação, pois 2% dos entrevistados optaram pela alternativa “Plenamente”, e a alternativa “Não”, que representava total insatisfação com o parque, não foi assinalada.

Gráfico 13: 98,00% 2,00% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% 120,00% Em partes Plenamente

Correspondência às expectativas

80,00% 20,00% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% Importante Muito importante

(51)

Oitenta por cento dos usuários responderam que a presença do parque na comunidade é um aspecto positivo na identidade da comunidade. O parque pode ser considerado como um instrumento de lazer bem aceito, já que 20% dos usuários responderam que o consideram muito importante na identidade da comunidade, e a opção “Sem Importância” não alcançou nenhum apontamento.

Gráfico 14:

Nesse sentido, pode-se entender que o parque poderia contribuir ainda mais para o aumento da auto-estima da comunidade, já que apenas 4% responderam “Ruim”, 32% avaliaram essa representação como “Boa” e 64% avaliaram essa representação como “Regular”. Os extremos das opções – “Ótima” e “Péssima” - não receberam apontamentos.

Essa avaliação está em acordo com os dados apresentados no Gráfico 12, que revela que não houve apontamentos para a opção de atendimento pleno das expectativas dos usuários do parque.

32,00% 64,00% 4,00% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% Boa Regular Ruim

(52)

Gráfico 15:

Mesmo com a insatisfação em relação aos equipamentos de lazer, a maioria dos entrevistados respondeu que Lazer (60%) é a opção mais significativa na representação do parque, seguido por Bem estar, com 34% das citações. Economia e Beleza obtiveram 4% e 2%, respectivamente.

Gráfico 16: 2,00% 34,00% 4,00% 60,00% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% Beleza Bem estar Econômica Lazer

Opção mais significativa nesta representação

54,00% 46,00%

40,00% 60,00%

Importante Muito importante

(53)

Pode-se considerar que a questão da preservação ambiental é bem compreendida pelos usuários do parque, uma vez que 54% dos usuários assinalaram “Importante” e 46% “Muito importante”. A opção “Sem importância” não obteve nenhum apontamento.

Gráfico 17:

Da mesma forma do que foi apresentado no gráfico 8, sobre a infra-estrutura, pode-se concluir que a avaliação dos serviços prestados pelos funcionários obteve uma avaliação positiva, mas que pode ser melhorada, já que 60% dos usuários responderam “Regular” e 36% responderam “Boa”. A opção “Péssima” não foi assinalada por nenhum dos entrevistados.

Gráfico 18: 54,00% 2,00% 44,00% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% Não Raramente Sim

Freqüência a outros parques urbanos

36,00% 2,00% 60,00% 2,00% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% Boa Ótima Regular Ruim

(54)

A análise deste item revelou dados interessantes a respeito do capítulo 1.4. Parques urbanos: Análises sobre oferta e demanda, contido na introdução deste trabalho. Cinqüenta e quatro por cento dos entrevistados responderam que não costumam freqüentar outros parques urbanos, sendo a distância apontada como o maior motivo pelo desinteresse por parte dos usuários. Dentre os 44% que disseram visitar outros parques urbanos, a maioria demonstrou interesse pela maior infra-estrutura de lazer destes parques, como exposições, eventos e festas.

Gráfico 19:

A maioria dos usuários entrevistados (88%) respondeu que acredita que o lazer está disponível a toda a sociedade. Nesse caso, foram ignoradas pelos usuários questões como renda, moradia, emprego e escolaridade. Os usuários interpretam que, independente dessas questões, sempre há uma possibilidade da prática do lazer, mas que esse acesso é diferenciado quando as questões acima são consideradas.

12,00%

88,00%

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%

A poucos A todos

(55)

Gráfico 20:

Na análise do gráfico anterior percebeu-se que a maioria dos usuários acredita que o lazer está disponível a todos os cidadãos, no entanto, 58% declararam ter pouco tempo livre, 42% ter tempo regular e nenhum dos entrevistados declarou ter muito tempo livre, o que leva a conclusão de que, mesmo possuindo acesso a alguma opção de lazer, esses usuários não usufruem dele regularmente. Gráfico 21: 58,00% 42,00% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% Pouco tempo Tempo regular

Tempo livre

58,00% 22,00% 20,00% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% Importante Muito importante Pouco importante

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Embora 58% dos usuários entrevistados tenham respondido que o lazer é um fator importante, e 22% responderem ser o lazer muito importante na formação do índice de qualidade de vida, 20% acreditam que o lazer tem pouca importância nesse sentido, havendo outros fatores considerados mais importantes para o aumento desse índice.

Gráfico 22:

Como um dos instrumentos para verificação da presença do parque no cotidiano dos usuários e a percepção que estes possuem quanto ao índice de popularidade deste, questionou-se a freqüência com que os usuários costumam citar o parque como ponto de referência. Para esta análise, foram consideradas as informações obtidas por meio do gráfico 3, alusivo aos bairros de origem dos usuários. Mesmo considerando a distância um fator preponderante para a resposta a estas perguntas, notou-se uma resistência dos usuários em apontar o parque como ponto de referência, já que, dos 36% dos usuários que assinalaram a opção “Nunca”, 30% se declararam moradores do bairro onde o parque está localizado.

54,00% 36,00% 10,00% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% Às vezes Nunca sempre

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Gráfico 23:

Ainda com relação à distância, 62% dos usuários declararam que se o parque fosse mais distante de suas residências suas freqüências seriam menores dos que as atuais, 12% disseram que não o freqüentariam mais e 26% responderam que seriam as mesmas que as atuais. Com a apresentação destes números, conclui-se que acesso e distância são fatores determinantes para a escolha do parque enquanto espaço público de lazer.

26,00%

62,00% 12,00%

0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00%

A mesma qua a atual Menor que a atual Não viria

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3 Análise e discussão dos resultados

Com os resultados obtidos, passa-se às suas análises e interpretações, para que se possa dar subsídios às sugestões de melhorias.

Embora o Parque do Carmo esteja localizado em uma região periférica da cidade de São Paulo, e os indicadores sociais da região demonstrem que o entorno do parque é uma região carente, percebe-se que os usuários do Parque do Carmo entrevistados possuem um nível de escolaridade que pode ser considerado alto, quando comparados aos indicadores municipais, e são possuidores de uma renda familiar superior à estimada para a região, conforme os resultados apresentados pelos dados referentes ao perfil do usuário (gráficos 4 e 6), recolhidos por meio de instrumento de coleta de dados.

Considerando que a maioria dos usuários entrevistados declarou possuir entre 18 e 24 anos, diminuindo-se o número de usuários à medida que se aumenta a faixa etária, conforme apresentado no gráfico 1, acredita-se na confirmação da hipótese da necessidade do aumento da oferta destinados ao público jovem, levantada nesta pesquisa.

Muito embora se tenha observado um índice satisfatório de aprovação à estrutura de lazer do parque (gráfico 8), assim como uma boa avaliação dos serviços prestados pelos funcionários do parque (gráfico 17), além do reconhecimento de sua importância no desenvolvimento da identidade da comunidade, conforme apresentado no gráfico 13, é importante ressaltar que a maioria absoluta dos usuários do parque declarou-se atendida parcialmente em suas expectativas em relação ao parque (gráfico 12).

(59)

Considerando a criação e utilização dos parques urbanos como um instrumento de elevação da qualidade de vida dos usuários, e, considerando-se também, a questão da preservação ambiental e da conscientização de novas formas de uso de recursos naturais, notou-se que, entre os usuários do Parque do Carmo entrevistados nesta pesquisa, há uma conscientização quanto a esta questão, já que 54% declararam considerá-la importante, enquanto 46% declararam considerá-la muito importante, conforme os dados apresentados no gráfico 16. Quanto ao papel do lazer no desenvolvimento individual e na promoção do bem estar coletivo da população, 58% dos usuários declararam dar importância, e 22% declarar dar muita importância ao lazer nessa relação (gráfico 21).

Ainda que 80% dos usuários entrevistados acreditem que a presença do parque é muito importante na identidade da comunidade, e que 64% dos usuários entrevistados considerem o parque importante no cotidiano deles (gráfico 10), quando se analisa os resultados com maior atenção, percebe-se que, embora este alto percentual possa representar uma satisfação com o parque, os dados apresentados no gráfico 12 revelam que 98% dos usuários entrevistados declararam que o parque atende apenas parcialmente às suas expectativas. Ainda nesse sentido, 62% dos usuários entrevistados responderam que visitariam o parque com menor freqüência caso ele fosse mais distante de suas residências (gráfico 23), mesmo com 60% dos usuários declarando ser o lazer o aspecto mais significativo na representação do parque, conforme apresentado no gráfico 15.

Notou-se, também, uma deficiência em relação aos eventos realizados no parque. Vinte e oito por cento dos usuários entrevistados responderam que a questão da promoção do entretenimento no Parque é o seu aspecto mais defasado, conforme os dados apresentados no gráfico 9. As maiores reclamações dos usuários são em relação à falta de promoção de eventos. Nesse sentido, a pesquisa bibliográfica desta pesquisa foi ao encontro dessas reivindicações, já que houve muita

(60)

dificuldade na localização da divulgação e realização de eventos de grande porte no parque. Ainda segundo os usuários, o aspecto mais defasado do parque é a segurança, com 48% dos apontamentos. A limpeza do parque foi apontada como o aspecto mais defasado do parque por 22% dos usuários entrevistados.

Mesmo com as dificuldades a serem superadas, apresentadas nos parágrafos anteriores, 88% dos usuários entrevistados disseram que acreditam que o lazer está disponível a toda a população (gráfico 19).

Dessa forma, com este grande percentual, e, considerando que a pergunta referente a este assunto não restringia a forma de lazer a ser avaliado, assim como não descrevia o lazer utilizando-se de um critério predeterminado, nota-se que há uma grande demanda efetiva na região do parque, consumidora de experiências de lazer, que usufrui dos benefícios dos demais parques e atrativos da cidade e que anseia pela melhoria da oferta no Parque do Carmo.

(61)

4 Conclusão

Após a realização de levantamento e análise de material bibliográfico, e pesquisa de campo com os usuários do atrativo, conclui-se que, segundo avaliação dos usuários, pode-se considerar a oferta de lazer do Parque do Carmo como sendo suficiente, mas não ideal, porém, capaz de desempenhar seu papel na questão da promoção do desenvolvimento individual e da promoção do bem estar coletivo, no que tange à função do lazer no cotidiano dos moradores.

Ainda assim, pode-se dizer que esta pesquisa comprovou que, embora o Parque do Carmo seja um dos maiores parques urbanos da cidade de São Paulo, este ainda não corresponde plenamente às expectativas de seus usuários. Do mesmo modo que há um consenso entre todos os setores produtivos da sociedade, a respeito da superação das expectativas de seus clientes (aqui, denominados “usuários”), e, em especial atenção ao setor turístico, que é detentor da agravante da intangibilidade do produto, torna-se indispensável a formulação de programas que resultem em um avanço desta superação.

Portanto, acredita-se que, com base nas informações recolhidas, deva ser elaborado plano de ação para que o parque contemple as necessidades dos seus usuários e atenda às expectativas destes. Este plano deverá ser baseado em ações que aumentem a oferta de equipamentos de lazer, consolidando a estrutura existente e diversificando-a com novos produtos.

Para isso, sugere-se que este plano contenha ações direcionadas à segurança, à limpeza - principais reclamações dos usuários em relação à defasagem da infra-estrutura – e a projetos educacionais. A questão da segurança no interior do parque deve ser tratada com prioridade, pois representa o aspecto com o maior índice de insatisfação. Nesse sentido, sugere-se que as ações sejam elaboradas em conjunto com a prefeitura da cidade de São Paulo, por meio da Guarda Civil

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Metropolitana, que já atua no atrativo, de forma a diminuir o índice de insatisfação com a segurança no interior do atrativo (44%).

Durante as diversas etapas de levantamento de dados e bibliografia, referentes ao presente objeto de estudo, verificou-se a ausência de informações disponíveis ao público em geral. Esta ausência revela uma questão essencial ao desenvolvimento do parque: a forma com que a questão da publicidade dele é tratada.

Assim, sugere-se que seja elaborada uma estratégia de divulgação da imagem do parque, por meio de parcerias com empresas de promoção de eventos e com os órgãos públicos responsáveis, como a São Paulo Turismo. Esta estratégia deverá ser composta por um programa de gerenciamento e divulgação do parque nas mídias impressas e eletrônicas, em especial a Internet, já que todos os parques urbanos do município de São Paulo possuem um espaço descritivo no sítio eletrônico da Secretaria do Verde e Meio Ambiente da cidade de São Paulo.

Sugere-se, ainda, um aperfeiçoamento do canal de comunicação entre sociedade civil e a administração do parque. Esse canal servirá de base para o aprimoramento das relações entre parque e os interessados em contribuir com o aumento da sua qualidade, da mesma forma que poderá estreitar a comunicação entre sua administração e os outros órgãos públicos responsáveis pela promoção do lazer, como a Secretaria Estadual da Juventude, Esporte e Lazer.

Durante os contatos realizados no desenvolvimento deste projeto, a secretaria supracitada justificou a ausência de promoção de eventos no parque em razão da administração do atrativo não ser de sua responsabilidade (anexo 2). O próprio autor deste projeto sentiu dificuldades quando contatou a administração do parque, que se revelou entusiasmada com o projeto, mas pouco se propôs a ajudar quando acionada.

(63)

Pode-se concluir que os usuários reconhecem a importância do parque na comunidade, mas acreditam que o espaço reservado a ele ainda é insuficientemente aproveitado, pois, quando se compara os índices apresentados no gráfico 18, nota-se que 44% dos usuários disseram que visitam outros parques urbanos em razão da maior infra-estrutura de lazer e entretenimento.

Isto posto, acredita-se que a elaboração e implantação de projetos educacionais, desenvolvidos em conjunto com os agentes formuladores de opinião e tendência, como a mídia televisiva e impressa, os profissionais da área de lazer e turismo e os educadores das escolas da região, possam servir de base para o aumento na satisfação geral por parte dos usuários, além de complementar a questão educacional referente às novas propostas de utilização dos recursos naturais e das questões relativas à preservação ambiental.

Ou seja, o parque é reconhecido como um fator positivo, mas a atuação dos gestores deve se direcionar aos aspectos considerados insuficientes, para que haja melhoria do atrativo neste conceito, e, conseqüentemente, para aumentar a qualidade de vida da comunidade do seu entorno em razão de sua presença.

Esta pesquisa buscou encaminhar metas a serem atingidas pelos gestores para o aumento da qualidade dos serviços do atrativo. Sugere-se a ampliação da pesquisa, com vistas ao aumento na qualidade da prestação de serviços de segurança, limpeza, cultura, e, principalmente, lazer, para a otimização do parque enquanto equipamento de lazer e recreação.

Referências

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