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Avaliação da sustentabilidade da logística reversa de garrafas de vidro utilizando system dynamics

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS

BRUNO CARIDE BEILER

AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DA LOGÍSTICA REVERSA

DE GARRAFAS DE VIDRO UTILIZANDO SYSTEM DYNAMICS

LIMEIRA 2019

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS

BRUNO CARIDE BEILER

AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DA LOGÍSTICA REVERSA

DE GARRAFAS DE VIDRO UTILIZANDO SYSTEM DYNAMICS

Dissertação apresentada à Comissão de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção e de Manufatura na área de concentração de Pesquisa Operacional e Gestão de Processos.

Orientador: PROF. DR. PAULO SÉRGIO DE ARRUDA IGNÁCIO

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO BRUNO CARIDE BEILER E ORIENTADA PELO PROF. DR. PAULO SÉRGIO DE ARRUDA IGNÁCIO.

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LIMEIRA 2019

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS

AVALIAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE DA LOGÍSTICA REVERSA

DE GARRAFAS DE VIDRO UTILIZANDO SYSTEM DYNAMICS

Bruno Caride Beiler

Dissertação de Mestrado aprovada pela Banca Examinadora, constituída por:

- - - Prof. Dr. Paulo Sérgio de Arruda Ignácio (Presidente e Orientador)

FCA/ UNICAMP

- - - Prof. Dr. Rosley Anholon

FEM/ UNICAMP

- - - Prof. Dr. Antônio Carlos Pacagnella Júnior

FCA/ UNICAMP

A ata da defesa com as respectivas assinaturas da Banca Examinadora encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno: SIGA/ Sistema de Fluxo de Dissertações/ Teses e na

Secretaria do Programa da Unidade.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Paulo Sérgio de Arruda Ignácio,

Orientador e incentivador do meu trabalho, pelo apoio, atenção, sugestões, conselhos, amizade e por ter contribuído com a minha formação profissional ministrando aulas de ótima qualidade.

Ao Prof. Dr. Rosley Anholon,

Pela atenção e disposição de seu tempo, contribuindo com seus conhecimentos e importantes sugestões.

Ao Prof. Dr. Antônio Carlos Pacagnella Júnior

Pela atenção e disposição de seu tempo, contribuindo com seus conhecimentos e importantes sugestões.

Aos meus querido pais, João Carlos Beiler e Maria Rita P. Caride, exemplos de pessoas e de vida, que sempre estiveram presentes, me apoiando em todas as minhas escolhas.

À Nayara Bessa,

Minha namorada, por ter sido companheira, atenciosa e carinhosa. Às empresas que forneceram os dados deste trabalho.

A todos os professores,

Aos quais a experiência e sabedoria não mantiveram-se contidas em momento algum. Aos colegas de classe,

Por todo o companheirismo e colaboração em todos os momentos. Aos funcionários da Biblioteca,

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“A crise global é, na verdade,

uma crise de consciência da humanidade”

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Resumo

A Logística Reversa pode ser definida como o processo de planejamento, execução e controle do fluxo de insumos, produtos e de informações desde o ponto de consumo e geração de resíduos até o ponto de origem com a intenção de aproveitamento ou destinação final correta. Diante do cenário em que empresas passam a ter uma maior responsabilidade sobre todo o ciclo de vida de seus produtos, uma abordagem ampla como a sustentabilidade precisa ser considerada. Desta forma, o objetivo deste trabalho é avaliar a sustentabilidade da Logística Reversa de garrafas de vidro de uma cadeia de suprimentos escolhida como objeto de estudo. Para atingir este objetivo principal, a cadeia de suprimentos junto com os seus fluxos diretos e reversos associados foram mapeados, as principais variáveis de interesse foram identificadas, assim como as principais características que definem o seu desempenho. A compreensão do comportamento dinâmico, da estrutura do sistema estudado e as relações entre as variáveis foram obtidas por meio de modelagem e construção do diagrama de enlaces causais. Foi utilizado um modelo de simulação com System Dynamics para se considerar os fatores mais importantes em um nível de abstração suficiente para simular cenários, gerar aprendizado sobre o sistema estudado e consequentemente compreender como influenciar mudanças do mesmo. Este trabalho realiza a avaliação de um sistema de Logística Reversa utilizando os três pilares da sustentabilidade: o econômico, o ambiental e o social em conjunto. Foi possível identificar que nem todas as ações encontradas para melhorar o sistema de Logística Reversa favorecem os três pilares da sustentabilidade concomitantemente e que, inclusive deve-se considerar trade-offs existentes e implementar ações combinadas para se obter o melhor resultado. O melhor cenário para a sustentabilidade encontrado dentre as simulações resultou nos indicadores econômico e social com um comportamento de equilíbrio, ou seja, sem uma possível ruptura, já a um dos indicadores ambientais, mesmo em seu melhor cenário necessitaria de intervenções exógenas ao sistema. Com os três cenários de simulação gerados, foi possível avaliar os cenários de ruptura ambiental, econômico e social, assim como o efeito de ações visando melhorar a sustentabilidade do sistema estudado. Os resultados encontrados com os três cenários simulados demonstram que os indicadores sobre custo de estocagem, coeficientes de reciclagem e coeficiente de geração de empregos melhoram o desempenho da cadeia reversa com a aplicação de soluções integradas entre si e podem ajudar os tomadores de decisão em sistemas de Logística Reversa a ampliarem conhecimentos sobre comportamentos e dinâmicas existentes.

(8)

Abstract

Reverse Logistics may be defined as the process of planning, execution and control of the supplies, products and information streams since the consumption point and waste generation to its point of origin with the intention of using it or making its proper final disposal. Considering the context that companies are facing the necessity to have a greater responsibility of its product’s whole life cycle, a wide approach such as sustainability must be considered. Hence, this paper aims to assess the sustainability of glass bottles Reverse Logistics system from a supply chain chosen as a study object. In order to reach this main goal, the supply chain with its direct and reverse flows associated were mapped, the main variables of interests were identified, as well as the characteristics that define its performance. The comprehension of the dynamic behavior, the studied system structure and the causal relations within the variables were obtained through modeling and construction of the causal relations diagram. The System Dynamics model were adopted to allow the consideration of the main factors at an abstraction level that is good enough to simulate scenarios, generate knowledge of the studied system and hence comprehend how to influence changes of it. This study assesses a Reverse Logistics system considering the three pillars of sustainability: the economic, the environmental and the social all together. It was possible to identify that not all of the actions found to enhance the Reverse Logistics system would benefit the three sustainability pillars all together and, moreover, some existing trade-offs must be considered as well as the implementation of combined actions in order to get better results. The best sustainability scenario found within the simulations came out with the economic and social indicators with a balance behavior, in other words, without a possible disruption, regarding one of the environmental indicators, even in its best scenario an exogenous intervention from outside the system would be necessary. With the three simulation scenarios generated is possible to make the appraisal of the economic, environmental and social disruption scenarios, as well as the effects of actions seeking to improve the sustainability of the studied system. The results obtained with the three scenarios that were simulated show that the indicators of stocking costs, recycling coefficients and employment coefficient improve the reverse chain performance with the adoption of integrated solutions in between and may support decision makers within Reverse Logistics systems to amplify knowledge about existent behavior and dynamics.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estrutura de pesquisa. ... 22

Figura 2 - Conceitos a serem explorados em gestão de cadeias de suprimentos sustentáveis29 Figura 3 - Foco dos níveis de decisão em cadeias de suprimentos sustentáveis ... 29

Figura 4 - Fatores principais na adoção de cadeias de suprimentos sustentáveis. ... 30

Figura 5 - Medidas para avaliação da influência de práticas “verdes” no desempenho de cadeias de suprimentos ... 32

Figura 6 - Possíveis destinos na Logística Reversa ... 34

Figura 7 - Modelo de Logística Reversa de ciclo fechado ... 35

Figura 8 - Representação dos ciclos fechados e abertos nos fluxos reversos ... 36

Figura 9 - Hierarquia de gerenciamento de resíduos ... 37

Figura 10 - Escolha do método de pesquisa ... 52

Figura 11 - Modelagem com System Dynamics ... 58

Figura 12 - Notação dos diagramas de enlaces causais ... 60

Figura 13 - Comportamento e estrutura de um sistema com crescimento exponencial ... 61

Figura 14 - Comportamento e estrutura de um sistema com atingimento de metas ... 62

Figura 15 - Comportamento e estrutura de um sistema com oscilação ... 62

Figura 16 - Diagrama de fluxo e estoque do subsistema de consumo de energia industrial 64 Figura 17 - Modelo de System Dynamics para promoção da questão ambiental em cadeias de suprimentos ... 65

Figura 18 - Diagrama de fluxo e estoque de um sistema de logística direta-reversa com remanufatura ... 66

Figura 19 - Procedimento de pesquisa ... 70

Figura 20 - Fluxo direto da cadeia de garrafas de vidro ... 81

Figura 21 - Fluxo reverso da cadeia de garrafas de vidro ... 82

Figura 22 - Fluxo direto e reverso da cadeia de garrafas de vidro ... 86

Figura 23 - Variáveis que influenciam a variação da compra de matéria prima para produção de novas garrafas. ... 94

Figura 24 - Variáveis influenciadas pela compra de matéria prima para produção de novas garrafas. ... 95

Figura 25 - Variáveis que influenciam a variação da compra de materiais reaproveitáveis para produção de novas garrafas. ... 96

Figura 26 - Variáveis influenciadas pela compra de material reaproveitável para produção de garrafas. ... 96

Figura 27 - Variáveis que influenciam a variação da produção de novas garrafas. ... 98

Figura 28 - Variáveis influenciadas pela produção de garrafas. ... 98

Figura 29 - Variáveis que influenciam as perdas reaproveitáveis da produção. ... 99

Figura 30 - Variáveis influenciadas pelas perdas reaproveitáveis da produção. ... 99

(10)

Figura 32 - Variáveis influenciadas pelo envase de garrafas. ... 101

Figura 33 - Variáveis que influenciam a compra de novas garrafas. ... 102

Figura 34 - Variáveis influenciadas pela compra de novas garrafas. ... 102

Figura 35 - Variáveis que influenciam a variação da distribuição. ... 104

Figura 36 - Variáveis influenciadas pela distribuição. ... 104

Figura 37 - Variáveis que influenciam a variação dos resíduos de geração concentrada. . 105

Figura 38 - Variáveis influenciadas pela quantidade de garrafas vazias. ... 105

Figura 39 - Variáveis que influenciam a variação da quantidade de resíduos de geração dispersa. ... 106

Figura 40 - Variáveis influenciadas pela quantidade de resíduos de geração dispersa. ... 106

Figura 41 - Variáveis que influenciam a variação da quantidade de resíduos de descarte concentrado. ... 107

Figura 42 - Variáveis influenciadas pela quantidade de resíduos de descarte concentrado 107 Figura 43 - Variáveis que influenciam a variação da quantidade de resíduos de descarte. 108 Figura 44 - Variáveis influenciadas pela quantidade de resíduos de descarte disperso. .... 108

Figura 45 - Variáveis que influenciam a variação da quantidade de resíduos coletados. .. 109

Figura 46 - Variáveis influenciadas pela quantidade de resíduos coletados. ... 109

Figura 47 - Variáveis que influenciam a variação da quantidade de resíduos da disposição final ... 110

Figura 48 - Variáveis que influenciam a variação da quantidade de material reaproveitável111 Figura 49 - Variáveis influenciadas pela quantidade de material reaproveitável. ... 111

Figura 50 - Variáveis que influenciam a variação da quantidade de material reaproveitável disponível. ... 111

Figura 51 - Variáveis influenciadas pela quantidade de material reaproveitável disponível112 Figura 52 - Diagrama de enlaces causais do fluxo direto. ... 112

Figura 53 - Função da compra desejada de material reaproveitável. ... 116

Figura 54 - Função do custo do material reaproveitável. ... 117

Figura 55 - Diagrama de enlaces causais do fluxo reverso. ... 124

Figura 56 - Diagrama de enlaces causais com fluxo direto e reverso ... 133

Figura 57 - Diagrama de Fluxo com fluxo direto e reverso ... 137

Figura 58 - Parametrização do software para simulação ... 141

Figura 59 - Dificuldades enfrentadas pelos participantes de Logística Reversa ... 149

Figura 60 - Possíveis causas de resistência de participação dos sistemas de Logística Reversa de garrafas de vidro ... 149

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Classificação da Logística Reversa. ... 37

Quadro 2 - Direcionadores estratégicos para implantação da Logística Reversa... 39

Quadro 3 - Barreiras para implantação da Logística Reversa. ... 41

Quadro 4 - Principais partes interessadas na Logística Reversa. ... 43

Quadro 5 - Estratégias das autoridades públicas para prevenção de resíduos. ... 45

Quadro 6 - Variáveis relacionadas a sistemas de Logística Reversa e aos pilares do TBL encontradas na literatura. ... 51

Quadro 7 - Classificação de pesquisas quantitativas. ... 53

Quadro 8a - Variáveis encontradas em modelos de System Dynamics. ... 68

Quadro 8b - Variáveis encontradas em modelos de System Dynamics (continuação). ... 69

Quadro 9a - Indicadores de sustentabilidade do GRI. ... 72

Quadro 9b - Indicadores de sustentabilidade do GRI (continuação). ... 73

Quadro 9c - Indicadores de sustentabilidade do GRI (continuação). ... 74

Quadro 9d - Indicadores de sustentabilidade do GRI (continuação). ... 75

Quadro 9e - Indicadores de sustentabilidade do GRI (continuação). ... 76

Quadro 10 - Escala de variação das ações nas simulações. ... 79

Quadro 11 - Comparação fluxo direto e reverso. ... 84

Quadro 12a - Variáveis, indicadores e parâmetros escolhidos para o modelo. ... 90

Quadro 12b - Variáveis, indicadores e parâmetros escolhidos para o modelo (continuação).91 Quadro 12c - Variáveis, indicadores e parâmetros escolhidos para o modelo (continuação).92 Quadro 13 - Indicadores e variáveis auxiliares escolhidos para o modelo. ... 136

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Histórico de compra de matéria prima para produção de garrafas. ... 93

Gráfico 2 - Histórico de compra de material reaproveitável para produção de novas garrafas. ... 95

Gráfico 3 - Histórico de produção de novas garrafas. ... 97

Gráfico 4 - Histórico de produção das perdas reaproveitáveis da produção. ... 99

Gráfico 5 - Histórico de envase de garrafas. ... 100

Gráfico 6 - Histórico de pedidos (Demanda) para distribuição. ... 103

Gráfico 7 - Cenários analisados com o indicador econômico custo de estocagem. ... 143

Gráfico 8 - Cenários analisados com o indicador ambiental coeficiente de reciclagem I. . 144

Gráfico 9 - Cenários analisados com o indicador ambiental coeficiente de reciclagem II. 145 Gráfico 10 - Cenários analisados com o indicador social coeficiente de geração de emprego. ... 146

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LISTA DE SIGLAS E NOMENCLATURAS

3PL: Third Party Logistics (Parceiros logísticos terceirizados) 4PL: Fourth Party Logistics (Parceiros logísticos quarteirizados) GHG - Green House Gases (Gases do Efeito Estufa)

GRI: Global Reporting Initiative (Indicadores de Sustentabilidade)

GSCM: Green Supply Chain Management (Gestão da cadeia de suprimentos verde) GWP: Global Warming Potential (Potencial de aquecimento global)

LCA: Life Cycle Assessment (Avaliação do Ciclo de Vida) LCC: Life Cycle Cost (Custo do ciclo de vida)

ONGs: Organizações Não Governamentais PNRS: Política Nacional dos Resíduos Sólidos

PNUMA: Programa das Nações Unidas para o meio ambiente RBV: Resource-Based View (Teoria sobre vantagem competitiva) SCM: Supply Chain Management (Gestão da Cadeia de Suprimentos)

SSCM: Sustainable Supply Chain Management (Gestão da Cadeia de Suprimentos Sustentáveis)

TBL: Triple Bottom Line (Tripé da Sustentabilidade)

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SUMÁRIO

1. Introdução ... 15

1.1. Problema de Pesquisa ... 17

1.2. Objetivo Geral e Específico ... 19

1.3. Justificativa ... 20 1.4. Estrutura da Pesquisa ... 21 1.5. Delimitação da Pesquisa ... 22 2. Fundamentação Teórica ... 24 2.1. Sustentabilidade ... 24 2.2. Cadeia de Suprimentos ... 26

2.3. Cadeia de Suprimentos Sustentáveis ... 28

2.4. Logística Reversa ... 33

2.4.1. Legislação no Brasil ... 47

3. Método de Pesquisa ... 52

3.1. Caracterização da Pesquisa e Escolha do Método ... 52

3.2. Procedimento Metodológico ... 56

3.2.1. System Dynamics ... 56

3.2.2. Primeira Etapa da Pesquisa: Caracterização ... 70

3.2.3. Segunda Etapa da Pesquisa: Modelagem ... 77

3.2.4. Terceira Etapa da Pesquisa: Resolução do Modelo (Simulação) ... 77

4. Desenvolvimento e Resultados ... 80 4.1. Desenvolvimento do Modelo ... 80 4.1.1. Caracterização do Modelo ... 80 4.1.2. Construção do Modelo ... 93 4.1.3. Resolução do Modelo ... 138 4.2. Resultados ... 141 4.3. Discussão ... 148 5. Considerações Finais ... 154

5.1. Recomendações para Futuras Pesquisas ... 156

(15)

1. Introdução

Mudanças ocorrem independentemente de se desejá-las e conseguir adaptar-se aos novos cenários trazidos por elas, é uma questão de sobrevivência em muitos casos. Entretanto, nem todos querem apenas sobreviver no universo das possíveis mudanças, então estes, passam a buscar maneiras de transformar as suas realidades realizando ações com o intuito de tirar o melhor proveito de seus respectivos efeitos. Sendo assim, a questão deixa de ser apenas como sobreviver e passa a ser como ser capaz de influenciar as mudanças, mesmo diante de interferências, barreiras, obstáculos e resistências, para que em determinado momento, seja possível moldar seus acontecimentos, trazer os resultados desejados e colher os frutos necessários (STERMAN, 2000).

A forma como a sociedade lida com o meio ambiente ainda é uma das áreas que vêm passando por fortes mudanças. Historicamente questões econômicas eram muito mais importantes em definições estratégicas e pouca atenção se dava para a poluição causada pelas indústrias, no entanto, ainda hoje prevalece o conceito de desenvolvimento sustentável que se baseia em três dimensões: ambiental, econômica e social. Diante da pressão da sociedade, existem diversos órgãos que regulam e fiscalizam as atividades das organizações e como consequência, empresas preocupadas com sua sobrevivência, desenvolvem formas para se adaptarem a este novo cenário, fazendo com que novas tendências passem a surgir, como por exemplo, a gestão da cadeia de suprimentos (SCM - Supply Chain Management) compreendendo preocupações econômicas, ambientais e sociais integradas em práticas interorganizacionais (SARKIS, ZHU e LAI, 2011; NIKOLAOU, EVANGELINOS e ALLAN, 2013; RAJEEV et. al., 2017).

O conceito de sustentabilidade aplicado em gestão de cadeia de suprimentos fez surgir o conceito de cadeias de suprimentos sustentáveis (SSCM - Sustainable Suply Chain

Management) que se baseia no tripé da sustentabilidade, conhecido por Triple Bottom Line

(TBL) e esse é o novo paradigma buscado pelas organizações (AHI e SEARCY, 2013).

Segundo Barbosa-Póvoa, Da Silva e Carvalho (2017), as cadeias de suprimentos sustentáveis (SSCM) possuem foco maior nos fluxos diretos e apesar da sinergia, poucos estudos associam os fluxos reversos dentro deste termo.

(16)

O foco em fluxos reversos aparece dentro da abordagem conhecida como GSCM, do inglês Green Supply Chain Management (Gestão da Cadeia de Suprimentos Verde), na qual se apresenta com uma abordagem maior no pilar ambiental (SARKIS, ZHU e LAI, 2011) ou dentro da abordagem de cadeia de suprimentos de ciclo fechado, conhecida como CLSC do inglês Closed Loop Supply Chain (RAJEEV et. al,. 2017), onde aparece associada a outros pilares do TBL, no entanto com foco maior nos pilares econômico e ambiental (BARBOSA-PÓVOA, DA SILVA E CARVALHO, 2017), sendo o pilar social um dos menos abordados (NIKOLAOU, EVANGELINOS e ALLAN, 2013).

A área que aborda os fluxos reversos também é chamada de Logística Reversa (LEITE, 2009) e contribui para a sustentabilidade de cadeias de suprimentos (BARBOSA-PÓVOA, DA SILVA E CARVALHO, 2017) e conforme definem Rogers e Tibben-Lembke (1998, p. 2) engloba o “processo de planejamento, implementação e controle do fluxo eficiente e de baixo custo de matérias primas, estoque em processo, produto acabado e informações relacionadas, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o propósito de recuperação de valor ou descarte apropriado”.

A Logística Reversa se inicia com os usuários finais, onde os produtos usados fim de vida são coletados e gerenciados conforme diferentes decisões tais como reciclagem, remanufatura, reparos e disposição final (GOVINDAN, SOLEIMANI e KANNAN, 2015).

Em países do mundo todo, a legislação ambiental vem sendo reforçada de forma a tornar obrigatório o retorno de produtos fim de vida para o ciclo produtivo, somado a isso a preocupação por parte dos consumidores já é uma realidade, fazendo com que empresas passem a se mobilizar para se adaptarem a essa nova realidade principalmente por questões de marketing e de preservação da imagem corporativa, além destes fatores existe a possibilidade da recuperação dos produtos ser economicamente atraente (FLEISCHMANN et. al., 2001). Desta forma, empresas deixam de somente pensar em como ter uma cadeia de suprimentos de primeira, mas também em como ter uma cadeia reversa de suprimentos com o melhor desempenho (RICHEY et. al., 2005).

Logo, para se avaliar tanto o desempenho da Logística Reversa de uma forma mais completa, quanto a sua contribuição para o desenvolvimento sustentável de cadeias de suprimentos, é importante considerar o aspecto social, o ambiental e o econômico (NIKOLAOU, EVANGELINOS e ALLAN, 2013).

(17)

Entender e aprender sobre um sistema antes de se desejar fazer qualquer interferência é crucial para não torná-lo ainda pior. Ainda assim, existem inúmeras iniciativas que são realizadas sem um profundo entendimento da situação, isso devido ao desconhecimento do potencial resultado de se investir tempo nesta compreensão mais profunda, mas também devido à negligência de uma forma sistêmica de encarar problemas. O

System Dynamics é uma abordagem que permite considerar os fatores mais importantes em

um nível de abstração suficiente para gerar aprendizado sobre determinados sistemas e consequentemente influenciar a mudança (STERMAN, 2000). Seus modelos são normalmente usados para realizar simulações com a intenção de avaliar o curso de ações alternativas antes de se realizar as mudanças (KUAI et. al., 2015).

1.1. Problema de Pesquisa

A integração dos fluxos logísticos numa cadeia de suprimentos que contemple aspectos ambientais, econômicos e sociais em conjunto ainda é uma questão que precisa ser aprimorada (AHI e SEARCY, 2013).

A coordenação de atividades dos diversos membros da cadeia de suprimentos é dificultada principalmente por metas e objetivos conflitantes entre si, segundo, pois ainda existe uma escassez de modelos apropriados para serem usados como ferramentas de gerenciamento dos fluxos logísticos visando otimizar a cadeia de suprimentos como um todo, outros motivos também tornam o cenário ainda mais complexo mas devem ser levados em consideração tais como o comportamento dos consumidores finais, regulamentação e políticas governamentais (SHEU, CHOU e HU, 2005).

A visão da dependência de apenas uma das partes envolvidas na cadeia de suprimentos (por exemplo, dependência apenas da parte do produtor) para lidar com a recuperação ou retorno de produtos fim de vida, foi transformada para a visão da responsabilidade compartilhada entre consumidores, produtores, governo, recicladores e outros envolvidos (ROSE e STEVELS, 2000; BRASIL, 2010).

No Brasil o conceito de responsabilidade compartilhada passou a ser difundido através da criação da Lei 12.305/10 que institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos

(18)

(PNRS) e definiu instrumentos para a implantação de sistemas de Logística Reversa tais como regulamentação, acordo setorial e termo de compromisso (SINIR, 2016).

Alguns setores já se mobilizaram para se adequar a PNRS, como é o caso do setor de embalagens plásticas de óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista e o setor de embalagens em geral (SINIR, 2018). No entanto, como destacado no 1º relatório de desempenho do sistema de Logística Reversa de embalagens em geral (papel, papelão, plástico, alumínio, aço, vidro, ou a combinação destes materiais), algumas empresas ainda não se comprometeram formalmente ao atendimento da PNRS, criando assim, uma grave distorção que compromete a sustentabilidade das medidas que pretendem implantar (CEMPRE, 2017).

A motivação que leva empresas a adotarem a Logística Reversa tem influência direta na estratégia de gestão dos fluxos de processos reversos, por exemplo empresas que a adotam por questões legais podem ter prejuízos financeiros se não se preocuparem também com questões de custos logísticos, no entanto, custos logísticos altos não deveriam ser usados como desculpa para o não cumprimento legal, uma vez que a diminuição de locais para a disposição final de resíduos vem se tornando cada vez mais escassos com prejuízos ambientais, sociais e econômicos. Uma das principais contribuições da PNRS é a internalização dos custos que causam estes prejuízos (VEIGA, 2013).

Diante do cenário em que empresas passam a ter uma maior responsabilidade sobre o ciclo de vida de seus produtos, o olhar apenas para o viés ambiental, econômico ou social isoladamente não é suficiente e uma abordagem mais ampla, como a sustentabilidade, que contempla três pilares (ambiental, econômico e social) juntos, precisa ser considerada. No entanto, avaliar como os desempenhos ambientais ou sociais impactam o desempenho da cadeia de suprimentos é um desafio, assim como a modelagem da inter-relação das três dimensões da sustentabilidade na mesma. Outro desafio existe ainda em como avaliar a cooperação em cadeia de suprimentos de forma que questões de sustentabilidade possam ser vistas como relações de ganha-ganha e não somente como trade-offs (SEURING, 2013).

Sendo necessário entender as dificuldades enfrentadas pelos participantes de sistemas de Logística Reversa, a geração de resíduos, os efeitos do desempenho dos processos internos, entre outras questões, as possíveis causas de determinados agentes permanecerem

(19)

resistentes a participarem dos sistemas implantados, se fazem as seguintes questões de pesquisa:

Como se comporta a sustentabilidade de um sistema de Logística Reversa?

Quais são as variáveis que mais influenciam a sustentabilidade na Logística Reversa?

Visando contribuir para uma melhor compreensão sobre este problema, é escolhida uma cadeia de suprimentos de bens de consumo e os constructos de sustentabilidade com seus três pilares (ambiental, econômico e social) para a sua avaliação por meio da simulação de cenários.

1.2. Objetivo Geral e Específico

O objetivo geral deste trabalho é avaliar a sustentabilidade de um sistema de Logística Reversa de uma cadeia de bens de consumo.

Os objetivos específicos são:

1. Verificar cadeias de suprimentos de ciclo fechado para identificar variáveis e características que definem a sustentabilidade de sistemas de Logística Reversa;

2. Mapear uma cadeia de suprimentos com o seu respectivo fluxo direto e reverso associado;

3. Compreender o comportamento dinâmico, a estrutura e as relações entre as variáveis envolvidas no desempenho de sustentabilidade do sistema de Logística Reversa estudado;

4. Simular os efeitos associados na adoção de ações visando melhorar a sustentabilidade;

5. Compreender quais ações são mais adequadas para aumentar os efeitos positivos e reduzir os efeitos negativos;

6. Propor ações que permitam aumentar o desempenho da sustentabilidade do sistema de Logística Reversa;

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1.3. Justificativa

Este trabalho se justifica em função da crescente necessidade de pesquisadores, empresas e governos conseguirem tanto avaliar quanto desenvolver aspectos de sustentabilidade em sistemas de Logística Reversa presentes em cadeias de suprimentos de forma mais abrangente, ou seja, contemplando seus três pilares, o ambiental, o social e econômico. Este trabalho pode auxiliar ainda, cadeias que não tenham sistemas de Logística Reversa, mas que estejam visando implementá-lo, inclusive para atender a PNRS.

A contribuição acadêmica que se dá é a ampliação do campo de pesquisa de simulação com System Dynamics e de sustentabilidade de sistemas de Logística Reversa em cadeias de suprimentos considerando os três pilares do TBL (Triple Bottom Line).

Diversos artigos científicos pesquisados que utilizam System Dynamics em sistemas de Logística Reversa, em geral, adotam um enfoque restrito a apenas um ou dois dos pilares do TBL (GEORGIADIS E VLACHOS, 2004; VLACHOS, GEORGIADIS E IAKOVOU, 2007; NARAYANA, ELIAS E PATI, 2014; TIAN, GOVINDAN E ZHU, 2014; KUAI et. al., 2015).

Apesar de existirem artigos sobre sustentabilidade de sistemas de Logísticas Reversa, muitos não exploram a sustentabilidade utilizando os três pilares do TBL em conjunto (SARKIS, ZHU e LAI, 2011; BARBOSA-PÓVOA, DA SILVA E CARVALHO, 2017; NIKOLAOU, EVANGELINOS e ALLAN, 2013). Desta forma existe uma lacuna a ser preenchida.

Esta pesquisa também poderá contribuir no auxílio à empresas e governos em adotarem melhores ações e estratégias sustentáveis. Possibilitando também comparações com estudos desenvolvidos em outros segmentos, regiões ou cenários, além de ampliar a aplicação de ferramentas de simulação para gerar aprendizado e evolução do desempenho ambiental, social e econômico.

Alguns aspectos conceituais sobre a Logística Reversa também serão discutidos no sentido de auxiliar a sua consolidação teórica dentro do contexto de gestão de cadeias de suprimentos, visto algumas discrepâncias conceituais encontradas na literatura.

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1.4. Estrutura da Pesquisa

Esta pesquisa está dividida em cinco capítulos, introdução, fundamentação teórica, método de pesquisa, desenvolvimento e resultados e por fim as considerações finais e conclusão, cada qual com subitens conforme Figura 1.

O capítulo 1 apresenta a introdução, com um panorama geral da pesquisa realizada de forma a introduzir o problema de pesquisa, os objetivos definidos, a justificativa deste trabalho, a estrutura e os limites considerados.

O capítulo 2 apresenta a fundamentação teórica dos temas pertinentes a esta pesquisa. Este capítula aborda os temas de sustentabilidade, cadeia de suprimentos, cadeia de suprimentos sustentáveis e Logística Reversa.

O capítulo 3 apresenta a caracterização da pesquisa, a escolha do método de pesquisa e do System Dynamics. Também apresenta o detalhamento de utilização do System

Dynamics e o procedimento metodológico utilizado.

O capítulo 4 apresenta o desenvolvimento do modelo de System Dynamics de um sistema de Logística Reversa de garrafas de vidro já implementado, assim como os resultados obtidos por meio da simulação e a discussão decorrente das análises realizadas.

O capítulo 5 apresenta as considerações finais e a conclusão do trabalho contemplando a contribuição teórica trazida por esta pesquisa para o meio científico, assim como a contribuição prática para o meio empresarial, trazendo as limitações da pesquisa e recomendações para futuras pesquisas.

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Figura 1 - Estrutura de pesquisa.

1.5. Delimitação da Pesquisa

Esta pesquisa utiliza como objeto de estudo uma Empresa industrial do setor de bebidas presente em uma cadeia de suprimentos de bens de consumo com um sistema de Logística Reversa parcialmente implementado para garrafas de vidro one way.

O segmento industrial de bebidas está em um grupo que possui relevância na literatura no que tange preocupações com sustentabilidade (BARBOSA-PÓVOA, DA SILVA E CARVALHO, 2017).

Segundo Simon, Amor e Földényi (2016) as garrafas de vidro one way são consideradas como o tipo de embalagem menos favorável quando considerados os impactos ambientais associados ao seu ciclo de vida, em grande parte devido ao seu peso específico (massa de material necessário para guardar o volume do produto) e a energia necessária para

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sua produção. Desta forma a escolha deste produto é considerada relevante para ser estudado dentro do objetivo deste trabalho.

As garrafas de vidro retornáveis ficaram fora do escopo por serem consideradas ativos de giro, sendo um tipo de produto com um processo mais claro e estável, além de estarem dentro da escala mais favorável (recuperação direta) da classificação de hierarquia de gerenciamento de resíduos de Dekker et. al. (2004) e Santos (2005).

Este trabalho parte da premissa de que um sistema de Logística Reversa implantado em uma cadeia de suprimentos, por si só não determina a sua sustentabilidade (NIKOLAOU, EVANGELINOS e ALLAN, 2013).

É adotado como limite desta pesquisa: a cadeia de suprimentos (considerando o fluxo direto e reverso) da empresa objeto de estudo, o sistema de Logística Reversa de garrafas de vidro, a avaliação dos três pilares da sustentabilidade (ambiental, econômico e social) deste sistema de Logística Reversa e a utilização do System Dynamics como método de avaliação da sustentabilidade. Não é realizada uma avaliação da sustentabilidade da cadeia de suprimentos como um todo. Esta delimitação poderá ser objetivo de um futuro estudo.

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2. Fundamentação Teórica

2.1. Sustentabilidade

O conceito de sustentabilidade não surgiu por acaso. O modo arriscado de produzir que algumas empresas adotaram na segunda metade do século 20 trouxeram consequências desastrosas para a sociedade e para o meio ambiente, além de terem impactado as mesmas financeiramente. Acidentes industriais com repercussões mundiais também marcaram a história da humanidade, tais como o derramamento de petróleo do navio petroleiro Amoco Cadiz em 16 de março de 1978 na França, o vazamento de gás em uma indústria química em dezembro de 1984 em Bhopal na Índia, o desastre nuclear de Chernobil em 26 de abril de 1986 na Ucrânia e o derramamento de petróleo da Exxon Valdez em 24 de março de 1989 nos Estados Unidos (RAJEEV et. al., 2017).

Alguns acidentes podem ser percebidos imediatamente quando ocorrem, outros demoram a ter seus impactos percebidos, como por exemplo, em Minamata no Japão, onde o despejo de efluentes contendo mercúrio no mar desde 1932 por uma fábrica da Chisso ocasionou a morte de diversas pessoas através da bioacumulação do metal pesado em peixes e mariscos, chegando aos seres humanos pela cadeia alimentar, tendo a associação do problema à causa conhecida apenas cerca de 20 anos depois, em meados dos anos 50 (FISHER e CHEN, 2011; BOSTON UNIVERSITY SUSTAINABILITY, 2019).

A questão ambiental ficou bastante evidente entre 1960 e 1980 após a publicação do livro Primavera Silenciosa da Rachel Carson, que criticou fortemente a utilização do composto químico DDT como pesticida devido aos impactos negativos causados em pássaros e seres humanos. Além de ter contribuído para a evolução do movimento ambientalista, também influenciando a intensificação da legislação e a formação da Agência de Proteção Ambiental norte americana (U.S. Environmental Protection Agency), (SARKIS, ZHU e LAI, 2011).

Diante dos impactos negativos causados pelo ser humano ao meio ambiente, diversas organizações se mobilizaram para minimizar os mesmos na 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano realizada no ano de 1972. Também conhecida como Conferência de Estocolmo, a mesma teve como principal resultado, a criação do Programa das Nações Unidas para o meio ambiente (PNUMA) e a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que por sua vez publicou o relatório “Nosso

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Futuro Comum” em 1987, onde foi consagrado o conceito de Desenvolvimento Sustentável, que tem como objetivo “atender às necessidades da geração presente sem com prometer a habilidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades” (BRAGA et. al., 2005, pg. 216).

Acidentes mais recentes tais como o derramamento de petróleo pela British Petroleum no Golfo do México em 2010, o terremoto causador do tsunami que consequentemente danificou a usina nuclear de Fukushima no Japão em 2011, liberando materiais radioativos, contaminando a água e causando diversos prejuízos sociais, ambientais e econômicos demonstram a fragilidade que ainda existe nas tentativas de equilibrar empreendimentos que não tragam prejuízos a qualquer uma destas três áreas (FISHER e CHEN, 2011).

A preocupação com a sustentabilidade iniciou-se com uma preocupação maior sob o viés ambiental, o qual ainda hoje possui uma grande predominância dentro deste tema, no entanto esta visão já foi transformada para um foco integrado em três pontos de vistas principais, o ambiental, o econômico e o social (AHI e SEARCY, 2013).

A abordagem mais recente adotada por empresas é denominada de Triple Bottom

Line (TBL), que traz a integração de questões como lucro, pessoas e planeta na consideração

das três dimensões da sustentabilidade na gestão de suas respectivas cadeias de suprimentos (STINDT, 2017).

Outras características de sustentabilidade também passam a surgir na literatura e são sugeridas como foco por pesquisadores como, por exemplo, o foco nas partes interessadas (incluindo, mas não se limitando aos clientes, consumidores e fornecedores), foco na natureza voluntária de sustentabilidade de negócios, foco em resiliência e foco no longo prazo (AHI e SEARCY, 2013).

Uma outra abordagem para a sustentabilidade é apresentada por Davenport et. al.

(2018). Os autores sugerem o modelo dos cinco capitais como metodologia para a análises de cenários e superação de desafios associados ao desenvolvimento sustentável. Os cinco capitais apresentados são: capital produzido, capital financeiro, capital humano, capital natural e capital social.

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Alguns dos desafios ao desenvolvimento sustentável são as externalidades e ausência de informações, uma vez que são situações que causam falhas de mercado e prejudicam a eficiência econômica (ponto de maximização do bem estar, medido através dos resultados dos ganhos e perdas dos consumidores e dos produtores). Externalidades são custos ou benefícios que não são computados nos preços de mercado, ou seja, custos externos a este preço. Também podem ser ações de produtores ou de consumidores que afetam outros produtores ou outros consumidores, mas que não possuem a repercussão do efeito desta influência exercida nos preços. Um exemplo de externalidade é o custo que a sociedade paga pela poluição ou degradação ambiental causada por uma indústria poluidora (PINDYCK e RUBINFELD, 2006).

Já a ausência de informações pode ocorrer quando o consumidor desconhece alguma característica de determinado produto tal como qualidade, procedência ou outras informações tais como danos causados ao meio ambiente, que afeta a sua capacidade de tomada de decisão de consumo. Um exemplo de ausência de informações, que consequentemente afetará o comportamento econômico de consumo é a falta de embalagem ou rótulos informativos em determinado produto (PINDYCK e RUBINFELD, 2006).

Segundo Georgiadis e Vlachos (2004) para produtos com impactos e repercussões benéficas para a sociedade ou ao meio ambiente e em mercados onde os consumidores possuem uma conscientização maior, o nível de conhecimento dos mesmos pode afetar a demanda e o consumo destes produtos. Os autores consideram no modelo desenvolvido uma variável denominada índice de reuso de produtos, que ao se tornar conhecida pelos consumidores, passa a ter um efeito positivo na imagem e consequentemente na demanda do produto.

2.2. Cadeia de Suprimentos

Ballou (2006), menciona 4 tipos de valor que as atividades empresariais criam em geral: forma, tempo, lugar e posse. A logística é responsável pela criação dos valores de tempo e lugar, pois depende dela de quando (tempo) e onde (lugar) os produtos e serviços estarão em posse dos clientes. A produção cria o valor de forma e marketing, engenharia e finanças ficam responsáveis pelo valor de posse.

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Christopher (1999) enfatiza que a missão da administração da logística é a de planejar e coordenar todas as atividades para alcançar níveis desejáveis de serviços e de qualidade ao menor custo possível. Na definição de logística pelo Council of Supply Chain Management Professionals (2017, pg. 1), a gestão da logística é mencionada como sendo

aquela parte do gerenciamento da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla o fluxo direto e reverso de forma eficiente e eficaz de mercadorias, serviços e das informações correspondentes desde o ponto de origem até o ponto de consumo com o propósito de atender às exigências dos clientes.

Chopra e Meindl (2011) delineiam a cadeia de suprimentos como sendo o conjunto das partes e das funções envolvidas, direta ou indiretamente, tanto na recepção quanto na realização de um pedido ou uma solicitação de um cliente, incluindo fabricantes, agentes à montante como fornecedores de insumos e serviços, agentes à jusante como as transportadoras, armazéns, varejistas e até mesmo os clientes. Segundo definições do Council of Supply Chain Management Professionals (2017, pg. 1) o gerenciamento da cadeia de suprimentos

é uma função integradora tendo como principal responsabilidade a de conectar as principais funções e processos de negócio dentro e entre empresas em um modelo de negócio coeso e de alta performance. Inclui todas as atividades de gestão logística descritas, assim como operações de manufatura e direciona a coordenação dos processos e atividades com e entre marketing, vendas, desenvolvimento de produtos, finanças e tecnologia da informação.

Ballou (2006), Chopra e Meindl (2011), Christopher (1999), Novaes (2001) e Bowersox e Closs (2009) corroboram quanto à missão do gerenciamento da cadeia de suprimentos e das operações logísticas na perspectiva de valor, considerando-o como a diferença entre o quê o produto vale para o cliente e os custos acumulados ao longo da cadeia produtiva para produzi-lo. Ou seja, o objetivo da gestão da cadeia de suprimentos traduz-se em maximizar o valor via otimização dos custos ao longo da cadeia, fazendo com que as

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matérias-primas, produtos semiacabados e estoques de produtos acabados, estejam no local onde são requisitados, ao menor custo possível.

Além das preocupações com a complexidade dos fluxos diretos, vários fatores têm reforçado a necessidade de maior atenção das empresas para com as etapas subsequentes à venda e ao consumo de seus produtos, tais como o enrijecimento das legislações sobre resíduos sólidos - as quais atribuem responsabilidade das empresas sobre o descarte e destinação correta para os produtos consumidos - a crescente conscientização ambiental dos consumidores, a pressão sobre as empresas por maior sustentabilidade, entre outros fatores (DAHER, SILVA e FONSECA, 2006).

2.3. Cadeia de Suprimentos Sustentáveis

O conceito de cadeia de suprimentos sustentáveis possui diversas definições na literatura, Ahi e Searcy, (2013, pg. 239) a definem como sendo

a criação de cadeias de suprimentos coordenadas por meio da integração voluntária de considerações econômicas, ambientais e sociais com sistemas interorganizacionais de negócios chaves designados para gerenciar de forma eficiente e eficaz os fluxos de materiais, informações e de capital associados à compra, produção e distribuição de produtos e serviços de forma a atender aos requisitos das partes interessadas e melhorar a lucratividade, a competitividade e a resiliência da organização através do curto e longo prazo.

Diversos conceitos que uma cadeia de suprimentos sustentável pode ter são explorados na literatura. Stindt (2017) apresenta nove conceitos a serem explorados em Gestão de Cadeias de Suprimentos Sustentáveis conforme Figura 2.

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Figura 2 - Conceitos a serem explorados em gestão de cadeias de suprimentos sustentáveis. Fonte: Adaptado de Stindt (2017).

Barbosa-Póvoa, Da Silva e Carvalho (2017), elaboram um modelo conceitual para pesquisas em cadeias de suprimentos sustentáveis e sugerem alguns focos para cada nível de decisão conforme Figura 3.

Figura 3 - Foco dos níveis de decisão em cadeias de suprimentos sustentáveis. Fonte: Adaptado de Barbosa-Póvoa, Da Silva e Carvalho (2017).

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Sarkis (2003) destaca que uma questão estratégica para organizações tornarem uma cadeia de suprimentos mais verde é a consideração do ciclo de vida do produto, ou seja, a fase de introdução, maturação e declínio no processo de planejamento do produto e que uma questão mais tática seria considerar o ciclo de vida operacional ou a cadeia de valor.

Hassini, Surti e Searcy (2012) identificam na literatura nove fatores principais que fazem com que Cadeias de Suprimentos Sustentáveis sejam implementadas (Figura 4).

Figura 4 - Fatores principais na adoção de cadeias de suprimentos sustentáveis. Fonte: Adaptado de Hassini, Surti e Searcy (2012).

Segundo Ageron, Gunasekaran e Spalanzani (2012), a gestão da cadeia de suprimentos sustentável pode ser proativa, reativa, ativa, colaborativa ou individual. A abordagem proativa costuma ser adotada por empresas maiores e ocorre quando estas empresas elaboram planos estratégicos de longo prazo, visando melhorar o desempenho de sustentabilidade da cadeia. A abordagem reativa costuma ser adotada por empresas médias e pequenas e ocorre quando falta um plano estratégico que considere as mudanças necessárias para se ter e manter um desempenho adequado ao longo do tempo. A abordagem ativa consiste em continuamente estar alerta a mudanças, realizar o monitoramento dos resultados de desempenho e desenvolver planos estratégicos. A abordagem colaborativa vem sendo uma abordagem mais recente adotada pelas empresas e consiste em se estabelecer visões, sistemas, recursos e tomada de decisões de forma compartilhada, onde um dos grandes desafios é conseguir o alinhamento estratégico entre as partes envolvidas. A abordagem individual costuma ser mais rápida, no entanto carece de suporte de outras partes da cadeia, e perspectivas estratégicas de longo prazo.

Cadeia de Suprimentos Sustentável Forças de Mercado Políticas e Regulamentação Ciência e Tecnologia Abastecimento e Operações Capacidades do Processo Desenvolvimento de produtos Transporte e Logística Marketing e Relações Públicas Questões Sociais

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Segundo o estudo de Barbosa-Póvoa, Da Silva e Carvalho (2017) a aplicação de métodos de pesquisa operacional em Gestão de Cadeias de Suprimentos Sustentáveis predomina no segmento industrial seguido pelo segmento de manufatura. Dentro do segmento industrial, bio-produtos e processos, alimentos e bebidas e químicos foram os setores mais pesquisados.

Diante de um ambiente de decisão multidimensional, diversos aspectos devem ser considerados para a escolha da melhor alternativa para agregar práticas ambientais em uma cadeia de suprimentos. Alguns componentes e elementos que devem ser considerados, tais como o ciclo de vida do produto (introdução, crescimento, maturidade, declínio), ciclo de vida operacional (abastecimento, produção, empacotamento, distribuição, logística reversa), medidas de desempenho organizacional (tempo, qualidade, custo, flexibilidade), e práticas de negócios ambientalmente conscientes (redução, reutilização, remanufatura, reciclagem e disposição final). Estes aspectos são fundamentais para a escolha de alternativas tais como projetos, parcerias estratégicas, sistemas, tecnologias no processo de tomada de decisão que auxiliem a gestão ambiental em cadeias de suprimentos (SARKIS, 2003).

Azevedo, Carvalho e Machado (2011) propõem um modelo conceitual que considera as relações e influências que práticas ambientais de gestão da cadeia de suprimentos podem exercer em seu desempenho, tais como processos de compras considerando práticas ambientais, colaboração ambiental com fornecedores, desenvolvimento de produtos visando redução de impactos, redução de resíduos, certificação ISO 14001, redução de consumo de materiais tóxicos e perigosos, colaboração com consumidores, embalagens amigáveis com o meio ambiente, esforço conjunto com clientes para adequar especificações de produto e Logística Reversa.

Os autores dividem as práticas recomendadas de forma que possam ser adotadas na empresa foco, à montante (fluxo acima) e à jusante (fluxo abaixo) da empresa em questão. Vale destacar que os autores colocam a Logística Reversa como uma prática à jusante da empresa em questão, no entanto, diversos conceitos devem estar sendo considerados em processos à montante para viabilizar o fluxo reverso dos produtos ao final de sua vida útil.

Azevedo, Carvalho e Machado (2011) também propõem um sistema de mensuração do desempenho possível de ser utilizado por tomadores de decisões em empresas

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de qualquer posição da cadeia de suprimentos (produtores, fornecedores, distribuidores, etc). A Figura 5 apresenta as medidas utilizadas pelos autores.

Figura 5 - Medidas para avaliação da influência de práticas “verdes” no desempenho de cadeias de suprimentos.

Fonte: Adaptado de Azevedo, Carvalho e Machado (2011).

A aplicação do sistema de Azevedo, Carvalho e Machado (2011) em empresas do segmento automotivo mostrou que a Logística Reversa é a prática mais importante para que uma cadeia de suprimentos possa ser considerada “verde”.

Barbosa-Póvoa, Da Silva e Carvalho (2017), apresentam nove indicadores comumente utilizados em pesquisas para avaliar o pilar ambiental de sustentabilidade em cadeias de suprimentos. CO2 aparecendo como o indicador mais utilizado nos artigos

pesquisados pelos autores, seguido por gases do efeito estufa (GHG - Green House Gases), Avaliação do Ciclo de Vida (LCA - Life Cycle Assessment), resíduos, potencial de aquecimento global (GWP - Global Warming Potential), mudanças climáticas, reciclagem, biodiversidade e energias renováveis.

Barbosa-Póvoa, Da Silva e Carvalho (2017), apresentam quatro indicadores comumente utilizados em pesquisas para avaliar o pilar econômico de sustentabilidade em cadeias de suprimentos, sendo custos o indicador mais utilizado nos artigos pesquisados pelos autores, seguido por maximização de lucros, valor presente líquido (NPV - Net Present Value) e riscos.

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Segundo Kicherer et al. (2007), a avaliação do ciclo de vida (LCA - Life Cycle

Assessment) visa avaliar os impactos ambientais causados por um produto desde sua

concepção até a sua disposição final, no entanto esta avaliação precisa ser combinada com o custo do ciclo de vida (LCC - Life Cycle Cost) para que a eco-eficiência, que é um conceito que integra além dos aspectos ecológicos, os aspectos econômicos durante a vida útil do produto, possa ser analisada de forma efetiva.

Barbosa-Póvoa, Da Silva e Carvalho (2017), apresentam sete indicadores comumente utilizados em pesquisas para avaliar o pilar social de sustentabilidade em cadeias de suprimentos, neste caso, o indicador de criação de empregos aparece como o mais utilizado nos artigos pesquisados pelos autores, seguido por segurança, saúde, número de horas trabalhadas, discriminação, pobreza e Satisfação.

2.4. Logística Reversa

A Logística Reversa vem sendo apontada como um importante instrumento ambiental para tornar a cadeia de suprimentos mais verde (SARKIS, 2003, SARKIS, ZHU e LAI, 2011), trazer benefícios financeiros (RAJEEV et. al., 2017) e melhorar a responsabilidade social (NIKOLAOU, EVANGELINOS e ALLAN, 2013) da mesma.

Na literatura pesquisada sobre cadeia de suprimentos sustentáveis foram encontrados modelos que contemplam a Logística Reversa de uma forma um tanto limitada, por este motivo, uma pesquisa mais aprofundada na literatura sobre este assunto foi realizada. Por exemplo na literatura pesquisada sobre o tema de Logística Reversa, foi possível encontrar fluxos reversos com até oito destinos possíveis (THIERRY et al., 1995), no entanto, em estudos sobre cadeias de suprimentos sustentáveis (STINDT, 2017) este nível de detalhe não chegou a ser notado.

Thierry et al. (1995) detalham diversos destinos possíveis em sistemas de Logística Reversa. Estes destinos estão divididos em etapas de reuso direto/ revenda (produto original reutilizado), reparo (restauração do produto original), renovação (reparo com melhorias em relação ao produto original), remanufatura (fabricação de novo produto com partes do produto original), canibalização (recuperação seletiva de componentes do produto original), reciclagem (reutilização de materiais de produtos usados ou de seus componentes de

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forma que a identidade do produto original tenha se perdido), incineração (queima do produto ou de partes do mesmo) e disposição final (descarte final sem retorno ao fluxo produtivo) conforme Figura 6.

A Logística Reversa é tida como parte de uma cadeia de suprimentos sustentável, por exemplo, dentro dos conceitos de cadeia de suprimentos sustentáveis apresentados por Stindt (2017) aparece o conceito de desenvolvimento de produto com projetos desenvolvidos para viabilizar a sua recuperação a um custo benefício razoável, assim como o gerenciamento do produto até o final de sua vida útil, que envolve desde uma gestão adequada da disposição final até abordagens de sistemas circulares que contam com o retorno dos produtos para o ciclo produtivo.

Figura 6 - Possíveis destinos na Logística Reversa. Fonte: Thierry et al. (1995).

Na literatura pesquisada sobre System Dynamics aplicada a Closed Loop Supply

Chain, Georgiadis e Besiou (2008) apresentam um modelo (Figura 7) com o processo de

vendas sendo considerado no final da cadeia, o que gera uma impressão de que o sistema escolhido é um sistema empurrado com a produção sendo gerada sem a confirmação de pedidos. Não foram encontrados na pesquisa realizada na literatura, modelos que utilizam a lógica do modelo puxado com pedidos disparando o processo produtivo.

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Figura 7 - Modelo de Logística Reversa de ciclo fechado. Fonte: Georgiadis e Besiou (2008).

Ballou (2006) menciona que para muitas empresas existe o canal logístico reverso e que o mesmo precisa ser administrado da mesma forma que o canal físico de distribuição (fluxo dos produtos que partem da aquisição das matérias primas até o consumidor final). Ele enfatiza ainda que a cadeia de suprimentos se encerra com o descarte final de um produto e que o canal reverso precisa ser considerado como parte do escopo do planejamento e controle logísticos.

O canal logístico reverso mencionado por Ballou (2006) é chamado por Leite (2009) de canais de distribuição reversos, que por sua vez, os separa em dois tipos, pós-venda e pós-consumo. Segundo ele, os canais de distribuição reversos de pós-venda são constituídos por todas as formas e possibilidades de retorno de produtos, com pouco ou nenhum uso, que fluem no sentido inverso, entre consumidores, varejistas, fabricantes e empresas. Estes retornos costumam estar intimamente ligados à problemas de qualidade, defeitos, erros, divergências, término da validade, estoques excedentes, processos comerciais entre empresas, etc, retornando ao ciclo de negócios ou produtivo de alguma maneira. Em geral, ou o retorno ocorre por estar no direito do cliente em devolver os produtos, ou a empresa os recebe de volta por questões estratégicas. Em ambos os casos, se não for conduzido de forma eficiente e eficaz, pode prejudicar a imagem corporativa.

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Os canais de distribuição reversos de pós-consumo são constituídos pelo fluxo reverso de bens que podem, ou não, ser reutilizados, integralmente ou parcialmente, podendo ser reaproveitadas as suas partes ou seu material constitutivo. O principal objetivo da logística reversa de pós-consumo é o de agregar valor no decorrer da cadeia logística, seja a um produto inservível ao proprietário original, seja a um produto que ainda possua condições de utilização, ou ainda que tenha sido descartado após o final de sua vida útil ou mesmo que se enquadre como resíduo industrial (LEITE, 2009).

Fleischmann et al. (1997), fazem a distinção entre fluxo reverso de ciclo aberto (mais comuns para a reciclagem) e fluxo reverso de ciclo fechado (com maior aderência para remanufatura e reuso), Krikke (1998) também representa de forma similar esta lógica. A Figura 8 ilustra a diferença nos dois tipos de fluxos reversos. Apesar de existir esta distinção entre dois tipos de fluxo reverso, Sarkis (2003) destaca outro conceito com três níveis de abertura do sistema, onde o primeiro nível existe quando nenhum material ou energia deixa o sistema, sendo assim um sistema completamente fechado, o segundo nível existe quando alguma parte de energia ou material é aproveitado no sistema e por fim o terceiro nível que ocorre quando existe um sistema completamente aberto com nenhuma energia ou material remanescendo no sistema.

Figura 8 - Representação dos ciclos fechados e abertos nos fluxos reversos. Fonte: Adaptado de Krikke (1998).

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Percebem-se algumas diferenças da caracterização da Logística Reversa na literatura, por exemplo, alguns autores mencionam a Logística Reversa de ciclo fechado como parte da cadeia de suprimentos de ciclo fechado (RAJEEV et. al., 2017), enquanto outros mencionam que o ciclo fechado é uma possibilidade de Logística Reversa (FLEISCHMANN

et al., 1997; KRIKKE, 1998; LEITE, 2009), este trabalho considera a última caracterização.

Desta forma foi elaborado Quadro 1.

Quadro 1 - Classificação da Logística Reversa.

Ciclo totalmente aberto Ciclo semiaberto Ciclo totalmente fechado

Pós-venda x x x

Pós-consumo x x x

Fonte: Adaptado de Fleischmann et al. (1997), Krikke (1998), Sarkis (2003) e Leite, (2009).

Porter e Linde (1995) analisam o trade-off entre ecologia e economia, destacando que é muito mais vantajoso investir em inovação e prevenção da poluição do que no controle pois gerenciar resíduos acarretará em custos afetando a competitividade e que a geração de resíduos nada mais é do que perda de eficiência. Similar a esta lógica, Dekker et. al. (2004) e

Santos (2005) apresentam uma hierarquia de gerenciamento de resíduos conforme Figura 9.

Figura 9 - Hierarquia de gerenciamento de resíduos. Fonte: Adaptado de Dekker et. al. (2004) e Santos (2005).

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Lacerda (2002) destaca os seguintes fatores críticos que influenciam o desempenho do sistema de logística reversa:

1. Bons controles de entrada - com a correta identificação do estado de conservação, segregação e escolha do fluxo reverso mais indicado;

2. Processos mapeados e formalizados - devido a dificuldades oriundas da sazonalidade, são importantes para identificar oportunidades de melhoria; 3. Tempos de ciclo reduzidos - os tempos entre a identificação da necessidade

de retorno dos produtos e a sua concretização afetam diretamente os custos e a geração de caixa;

4. Sistemas de informação acurados - os controles, rastreamentos, medições são necessários para lidar com as variações e incertezas;

5. Rede logística planejada - os sistemas de transporte, as questões de escala de movimentação, dimensionamento da capacidade das instalações, a definição da localização são fatores que da mesma forma que são importantes na logística direta, também o são na logística reversa;

6. Relações colaborativas entre clientes e fornecedores - conflitos relacionados a produtos danificados são comuns, mas a definição das responsabilidades nem sempre são claras, assim é importante um relacionamento de confiança mútua;

Segundo a literatura, existem direcionadores estratégicos que levam as empresas a atuarem em logística reversa. Estes foram elencados no Quadro 2.

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Quadro 2 - Direcionadores estratégicos para implantação da Logística Reversa.

Direcionador Exemplos Fonte

Assuntos legais Legislação ambiental

responsabilizando empresas a retornarem seus produtos e a dar destinação adequada.

Mueller (2005); Lau e Wang (2009); Shibao, Moori e Santos (2010); Sheu e Gao (2014).

Conscientização ambiental

Preocupação com a imagem devido à conscientização e preocupação ambiental por parte dos

consumidores.

Fleischmann et al. (1997); Lacerda (2002); Mueller (2005).

Competitividade/ diferenciação por serviços

Políticas liberais de retorno visando fidelizar clientes; Retorno de produtos para doações,

demonstrando ter boa cidadania corporativa reforçando a imagem da marca.

Rogers e Tibben-lembke. (1998); Lambert, Stock e Vantine (1998); Lacerda (2002); Mukhopadhyay e Setoputro (2004); Mueller (2005); Leite et al. (2005); Chaves e Martins (2005); Mukhopadhyay e Setaputra (2006); Daher, Silva e Fonseca (2006); Lau e Wang (2009); Leite (2009); Shibao, Moori e Santos (2010).

Benefícios econômicos/ redução de custos

Uso de produtos retornados ao processo de produção com custo menor; reaproveitamento reduzindo custos com descarte.

Bloemhof-Ruwaard et al. (1995); Fleischmann et al. (1997); Rogers e Tibben-lembke (1998); Goldsby e Closs (2000); Lacerda (2002); Mueller (2005); Daher, Silva e Fonseca (2006); Leite (2009); Shibao, Moori e Santos (2010); De Souza e D’Agosto (2013).

Limpeza dos canais de distribuição

Retorno de produtos com baixo giro de forma a liberar estoques para a substituição por produtos com alto giro.

Rogers e Tibben-lembke (1998); Mueller (2005).

Proteção de margem de lucro

Renovação do estoque para praticar melhores preços e proteger a margem de lucro.

Rogers e Tibben-lembke (1998); Mueller (2005); De Souza e D’Agosto (2013).

Recaptura de valor e recuperação de ativos

Obtenção de lucro com produtos que foram descartados.

Fleischmann et al. (1997); Rogers e Tibben-lembke (1998); Mueller (2005).

Fatores tecnológicos e logísticos

Tecnologia disponível para o tratamento econômico dos produtos retornados; Condições logísticas que viabilizem o retorno.

Leite (2009).

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Assim como existem fatores que incentivam a logística reversa, também podem ser encontradas barreiras para a sua implementação. Tipicamente em sistemas de logística reversa pós-consumo, existe um baixo nível de informações disponíveis quanto a quantidades, qualidade e rotas de retorno, o que acarreta no deslocamento da visibilidade da demanda para processos fluxo acima, ou à montante, aumentando a complexidade devido a incertezas na recuperação de produtos (GENCHEV, RICHEY e GABLER, 2011).

Segundo Min, Ko e Ko (2006), por natureza, a logística reversa é mais complicada do que a logística direta devido a questões como a existência de múltiplos canais de retorno (sendo muitas vezes realizada diretamente aos fabricantes, para pontos de coleta regionais ou centros de coleta centralizados), retornos individualizados com pequenas quantidades, ciclos de ordens prolongados associados a trocas de produtos, além de existirem diversos destinos possíveis.

Krikke (1998) destaca seis problemas mais importantes para a gestão de recuperação de produtos: tecnologia, marketing, informação, organização, finanças e logística reversa e gestão de operações.

Barreiras para implementação da Logística Reversa foram categorizadas por Abdulrahman, Gunasekaran e Subramanian (2014) em 4 grandes fatores, podendo ser internos ou externos às empresas. As barreiras internas são relacionadas à gestão, finanças e à infraestrutura, enquanto que as barreiras externas são relacionadas à política. Prakash, Barua e Pandya (2015) classificaram as barreiras conforme 5 critérios macro (barreiras estratégicas, barreiras econômicas, barreiras políticas, infraestruturais e barreiras relacionadas ao marketing).

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Quadro 3 - Barreiras para implantação da Logística Reversa.

Barreiras Exemplos Fonte

Coordenação/ colaboração

Objetivos ou ponto de vistas divergentes; Discordância sobre o estado de

conservação, preço e tempo de resposta para reembolso/ pagamento do produto retornado.

Rogers e Tibben-lembke (1998); Prakash, Barua e Pandya (2015).

Conhecimento/ recursos humanos

Dificuldade em medir o impacto dos retornos dos produtos; desconhecimento da necessidade de controlar os impactos; elevada incerteza no processo; falta de mão de obra capacitada.

Rogers e Tibben-lembke (1998); Daher, Silva e Fonseca (2006); Prakash, Barua e Pandya (2015).

Infraestrutura/ fatores tecnológicos e logísticos

Capacidade menor que a demanda; falta de sistemas adequados para os controles; falta de transportabilidade.

Rogers e Tibben-lembke (1998); Leite (2009); Abdulrahman, Gunasekaran e Subramanian (2014); Prakash, Barua e Pandya (2015).

Gestão/ estratégia Falta de dedicação da gestão; Baixa importância da logística reversa em comparação com outros temas; políticas da companhia não contemplam a questão.

Rogers e Tibben-lembke (1998); Abdulrahman, Gunasekaran e Subramanian (2014); Prakash, Barua e Pandya (2015).

Financeiras/ econômicas

Falta de recursos financeiros, capital e fundo.

Rogers e Tibben-lembke (1998); Leite (2009); Abdulrahman, Gunasekaran e Subramanian (2014); Prakash, Barua e Pandya (2015).

Política Questões legais; falta de politicas econômicas de incentivo; falta de leis obrigatórias e diretivas sobre retorno de produtos fim de vida.

Rogers e Tibben-lembke (1998); Abdulrahman, Gunasekaran e Subramanian (2014); Prakash, Barua e Pandya (2015).

Fonte: Adaptado de Abdulrahman, Gunasekaran e Subramanian (2014), Prakash, Barua e Pandya (2015).

Segundo Fleischmann et al. (1997), as seguintes questões são relevantes para que a eficiência em logística reversa seja obtida:

1. Identificação dos participantes no canal de distribuição reverso - fator decisivo para determinar o potencial de integração entre a logística direta com a logística reversa considerando restrições dos participantes;

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