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1. Introdução

2.4. Logística Reversa

2.4.1. Legislação no Brasil

A Política Nacional dos Resíduos sólidos foi um marco para o Brasil, pois regulamentou a questão dos resíduos sólidos no âmbito federal, trazendo a distinção entre resíduos (materiais que podem ser reaproveitados ou reciclados), que devem ter a destinação final ambientalmente adequada e rejeitos (materiais que não podem ser reaproveitados), que devem ter a sua disposição final ambientalmente adequada de forma a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos. A Política também baniu os chamados “lixões”, que possuem rejeitos dispostos a céu aberto e tornou obrigatória a implantação de sistemas de Logística Reversa para determinados produtos, além de introduzir o conceito de responsabilidade compartilhada entre diversos participantes da cadeia pelo ciclo de vida de seus produtos. São objetivos desta Política (BRASIL, 2010, pg. 3):

1. proteção da saúde pública e da qualidade ambiental;

2. não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos;

3. estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços;

4. adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais;

6. incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados;

7. gestão integrada de resíduos sólidos;

8. articulação entre as diferentes esferas do poder público, e destas com o setor empresarial, com vistas à cooperação técnica e financeira para a gestão integrada de resíduos sólidos;

9. capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos;

10. regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, com adoção de mecanismos gerenciais e econômicos que assegurem a recuperação dos custos dos serviços prestados, como forma de garantir sua sustentabilidade operacional e financeira, observada a Lei nº 11.445, de 2007;

11. prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, para: a. produtos reciclados e recicláveis;

b. bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis; 12. integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas

ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;

13. estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida do produto; 14. incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e

empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o aproveitamento energético;

15. estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável.

Para se implementar um sistema de Logística Reversa nos moldes da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, é necessário o acordo setorial, que representa (BRASIL, 2010, pg. 3):

ato de natureza contratual firmado entre o poder público e fabricantes, importadores, distribuidores, ou comerciantes, tendo em vista a implantação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto.

Apesar de a PNRS ter sido sancionada em 2010, antes mesmo da sua criação, já existiam alguns sistemas de logística reversa já implantados, como por exemplo, o de pneus, de embalagens de agrotóxicos, óleos lubrificantes usado ou contaminado e pilhas e baterias. O sistema de logística reversa de embalagens plásticas de óleos lubrificantes foi o primeiro a ter sido instituído nos termos da PNRS, formalizada por meio de acordo setorial assinado em 19/12/2012. O acordo setorial lâmpadas fluorescentes de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista foi o segundo acordo setorial assinado em 27/11/2014. O acordo setorial de embalagens em geral, que contempla papel e papelão, plástico, alumínio, aço e vidro, ou ainda a combinação destes materiais, foi o terceiro acordo assinado em 25/11/2015 (SINIR, 2018). A expectativa para que estes sistemas iniciados se expandam e que outros sistemas também sejam implantados é grande.

Segundo Sarkis, Helms e Hervani (2010), a dimensão social da sustentabilidade é um campo pouco explorado em sistemas de Logística Reversa, mas que precisa ganhar maior atenção para possibilitar que a sustentabilidade seja de fato alcançada.

Labuschagne e Brent (2005) apresentam os seguintes indicadores do pilar social em sistemas de Logística Reversa:

 Estabilidade de trabalho compreendendo oportunidades de trabalho e remuneração pelo trabalho;

 Práticas trabalhistas compreendendo práticas de segurança e disciplinares, contratos de trabalho, equidade, fornecimento de mão-de-obra, diversidade e discriminação;

 Saúde e segurança compreendendo acordos de trabalho flexíveis, incidentes e práticas de saúde e segurança;

 Desenvolvimento de capacidades compreendendo pesquisa e desenvolvimento e desenvolvimento de carreira;

 Capital humano compreendendo saúde, educação;

 Capital produtivo compreendendo habitação, infraestrutura de serviços e mobilidade, serviços públicos e regulatórios, instituições educacionais de suporte;

 Capital comunitário compreendendo estímulos sensoriais, seguridade, patrimônios culturais, crescimento e bem estar econômico, coesão social, patologias sociais, subsídios e doações;

 Disseminação de informações compreendendo audiências coletivas e seletivas, integração de partes interessadas;

 Importância dos envolvidos compreendendo potencial influência na tomada de decisões e empoderamento dos envolvidos;

 Desempenho socioeconômico compreendendo bem estar econômico, oportunidades de comercialização;

 Desempenho socioambiental compreendendo, monitoramento, legislação e fiscalização.

No Quadro 6 são apresentadas as principais variáveis relacionadas à Logística Reversa e aos pilares do TBL encontradas na literatura.

Quadro 6 - Variáveis relacionadas a sistemas de Logística Reversa e aos pilares do TBL encontradas na literatura.

Fluxo Pilar TBL Variáveis Autor

Indiferente Indiferente Quantidade de Garrafas SIMON, AMOR E FÖLDÉNYI, 2016

Reverso Ambiental Taxa de Reciclagem GEORGIADIS E VLACHOS, 2004; BARBOSA-PÓVOA, DA SILVA E CARVALHO 2017; GRI, 2018

Direto Econômico Custo de Produção BARBOSA-PÓVOA, DA SILVA E CARVALHO 2017; GRI, 2018

Indiferente Ambiental Eficiência PORTER e LINDE, 1995; FLEISCHMANN et al., 1997; KICHERER et al. (2007); LAU e WANG, 2009;

KUAI et. al., 2015

Indiferente Social Geração de Emprego LABUSCHAGNE E BRENT, 2005; BARBOSA-PÓVOA, DA SILVA E CARVALHO 2017; GRI, 2018

Reverso Econômico Subsídios e Incentivos BIOINTELLIGENCE SERVICE, 2012; VEIGA, 2013; TIAN, GOVINDAN E ZHU, 2014

Direto Econômico Produção SIMON, AMOR E FÖLDÉNYI, 2016;GEORGIADIS E VLACHOS, 2004; NARAYANA, ELIAS e PATI,

2014; KUAI et. al., 2015

Direto Econômico Envase de Garrafas SIMON, AMOR E FÖLDÉNYI, 2016

Direto Econômico Distribuição de Garrafas SIMON, AMOR E FÖLDÉNYI, 2016

Reverso Econômico Interesse Econômico VEIGA, 2013; SIMON, AMOR E FÖLDÉNYI, 2016; CEMPRE, 2017

Reverso Social Pontos de Entrega Voluntária CEMPRE, 2017; SIMON, AMOR E FÖLDÉNYI, 2016

Reverso Social Logística Reversa Especializada MUKHOPADHYAY e SETAPUTRA, 2006; CEMPRE, 2017

Reverso Social Conscientização Consumidores BIOINTELLIGENCE SERVICE, 2012; CEMPRE, 2017

Reverso Econômico Centrais de Triagem e Mecanização SIMON, AMOR E FÖLDÉNYI, 2016; CEMPRE, 2017

Reverso Social Profissionalização Cooperativas CEMPRE, 2017

Reverso Social Parcerias MUKHOPADHYAY e SETAPUTRA, 2006; CEMPRE, 2017

Reverso Econômico Homogeinidade de Resíduos VEIGA, 2013

Indiferente Econômico Demanda NARAYANA, ELIAS e PATI, 2014

Indiferente Econômico Compras GEORGIADIS e BESIOU, 2008

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