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Lei de acesso à informação: estudo nas mesorregiões do Estado de Santa Catarina a partir da escala Brasil transparente

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Academic year: 2021

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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ELIANE TEREZINHA MEDEIROS DE ALMEIDA

LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO: ESTUDO NAS MESORREGIÕES DO ESTADO DE SANTA CATARINA A PARTIR DA ESCALA BRASIL TRANSPARENTE

FLORIANÓPOLIS 2019

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ELIANE TEREZINHA MEDEIROS DE ALMEIDA

LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO: ESTUDO NAS MESORREGIÕES DO ESTADO DE SANTA CATARINA A PARTIR DA ESCALA BRASIL TRANSPARENTE

Trabalho Conclusão do Curso de Graduação em Ciências Contábeis do Centro Socioeconômico da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção do Título de Bacharel em Ciências Contábeis.

Orientadora: Profª. Dra. Fabricia Silva da Rosa

FLORIANÓPOLIS 2019

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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,

através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

Almeida, Eliane Terezinha Medeiros de LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO: ESTUDO NAS

MESORREGIÕES DO ESTADO DE SANTA CATARINA A PARTIR DA ESCALA BRASIL TRANSPARENTE / Eliane Terezinha

Medeiros de Almeida; orientador, Fabricia Silva da Rosa, 2019.

63 p.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Sócio Econômico, Graduação em Ciências Contábeis,

Florianópolis, 2019. Inclui referências.

1. Ciências Contábeis. 2. Contabilidade Pública. 3. Lei de Acesso à Informação. 4. Controle Social. 5. Transparência Pública. I. Rosa, Fabricia Silva da. II. Universidade Federal de Santa Catarina. Graduação em Ciências Contábeis. III. Título.

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ELIANE TEREZINHA MEDEIROS DE ALMEIDA

LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO: ESTUDO NAS MESORREGIÕES DO ESTADO DE SANTA CATARINA A PARTIR DA ESCALA BRASIL TRANSPARENTE

Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de Bacharel em Ciências Contábeis e aprovado em sua forma final pelo curso de graduação em Ciências

Contábeis.

Florianópolis, 06 de julho de 2019.

________________________ Prof. Dr. Joisse Antônio Lorandi

Coordenador do Curso

Banca Examinadora:

________________________________ Profª. Drª. Fabricia Silva da Rosa,

Orientadora

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________________ Prof. Dr. Alcindo Cipriano Argolo Mendes,

Universidade Federal de Santa Catarina

________________________________ Prof. Ms. Marcelo Machado de Freitas, Universidade Federal de Santa Catarina

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Este trabalho é dedicado aos meus amigos que estiveram presentes ao longo do curso e a minha família.

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AGRADECIMENTOS

A conclusão dessa etapa exige agradecimento a todos que contribuíram, incentivaram e apoiaram para tornar possível o término da graduação e a elaboração de um trabalho de conclusão de curso.

Agradeço a minha família, em especial minha irmã Andressa Aparecida Medeiros de Almeida que esteve presente em todas as dificuldades para que eu pudesse chegar até aqui, sempre me apoiando e incentivando.

A minha orientadora Fabricia Silva da Rosa por ter aceitado me orientar e contribuir com o seu conhecimento. E a todos os professores do curso de Ciências Contábeis da UFSC, que se dedicam para manter a qualidade do curso. Também gostaria de agradecer a banca composta pelo prof. Dr. Alcindo Cipriano Argolo Mendes e o prof. Ms. Marcelo Machado de Freitas que contribuíram com sugestões e melhoramentos.

Aos meus amigos que contribuíram com sugestão, melhorias e muitas revisões, em especial ao geógrafo Tiago Umberto Pazolini, Bruna Caroline Pierone, Bruna Fernanda de Oliveira, Taiana Stahelin e Silvia Cristina Campos Sato.

A minha companheira Jady de Souza Ruela que além de contribuir com sugestões e revisões, incentivando-me a não desistir. Obrigada por me aguentar nesses últimos meses no qual estava ansiosa, estressada e muitas vezes desmotivada. Obrigada por me tornar uma pessoa melhor e mais compreensiva.

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“A revolução começa com a informação e termina com o resultado” (Bernardo Morais)

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RESUMO

ALMEIDA, Eliane Terezinha Medeiros de. Lei de Acesso à Informação: estudo nas mesorregiões do estado de Santa Catarina a partir da Escala Brasil Transparente. 2019. 63 p. Monografia (Curso de Ciências Contábeis) – Departamento de Ciências Contábeis. Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis – SC.

A Lei de Acesso à Informação (LAI) foi sancionada em 18 de novembro de 2011, com a finalidade de regular direitos previstos na Constituição Federal de 1988, com foco na transparência e no controle social, tornando a informação uma regra e o sigilo a exceção. Logo, a fiscalização do cumprimento da LAI é fundamental, pois desta maneira os governantes passam a cumprir os quesitos mínimos instituídos na lei. Deste modo, caso não estejam cumprindo, a sociedade consegue exercer o seu direito de controle social e exigir melhorias, tanto no que diz respeito a informação, quanto na gestão pública. O presente estudo teve como objetivo analisar o cumprimento da Lei de Acesso à Informação e a Lei de Responsabilidade Fiscal passiva nas mesorregiões do estado de Santa Catarina. Em relação à metodologia adotada, esta caracterizou-se como descritiva e à abordagem do problema como quantitativa. Sendo assim, foram analisados os 295 municípios de Santa Catarina que foram divididos em mesorregiões, referente as três edições da Escala Brasil Transparente (EBT) que ocorreram entre os anos de 2015 e 2017. Através de mapas gerados, foi possível observar a evolução da fiscalização e adesão ao Brasil Transparente de cada mesorregião. Na Mesorregião do Oeste Catarinense e na Mesorregião do Sul Catarinense, estão localizados o maior número de municípios não aderentes, entretanto 57,5% possuem população inferior a 10.000 habitantes, entrando na exceção da LAI. Concluiu-se que a evolução da fiscalização no estado de Santa Catarina se demonstrou relevante pois, entre a primeira e terceira edição da EBT o número de municípios avaliados aumentou de 25 (8,5%) para 136 (46,1%), demonstrando a ampliação e a preocupação em medir a transparência pública e avaliação do grau de cumprimento de dispositivos da LAI.

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ABSTRACT

The Law on Access to Information (LAI) was sanctioned on November 18th, 2011, with the purpose of regulating rights foreseen in the 1988 Federal Constitution, focusing on transparency and social control, making information a rule and secrecy the exception. Therefore, the supervision of LAI is fundamental, because in this way governors meet the minimum requirements established by law. Thus, in case of non-compliance with the law, population is able to exercise its right for social control and demand improvements in terms of information and public management. The present study aimed to analyze the Law on Access to Information and the Passive Tax Responsibility Law in the mesoregions of the state of Santa Catarina. The methodology adopted regarding the objectives were characterized as descriptive and the approach of the problem as quantitative. Thus, we analyzed 295 municipalities, divided into mesoregions, referred to the three editions of the Brazilian Transparent Scale (BTS) occurred from 2015 to 2017. Through maps generated for this study, it was possible to observe the progression in evaluation and transparency of each one of the mesoregions. The largest amounts of non-adherent municipalities were found to be located in the Western and Southern mesoregions of the State, although 57.5% of them have less than 10,000 inhabitants, entering the LAI’s exception. It was concluded that the progression of transparency evaluation in the state of Santa Catarina was significant since, between the first and third edition of the BTS, the number of evaluated municipalities increased from 25 (8.5%) to 136 (46.1%), demonstrating the expansion and concern to measure public transparency and evaluate the degree of compliance of LAI devices.

Keywords: Social Control. Transparent Brazil. Public Transparency.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Trajetória histórica da Lei de Acesso à Informação no Brasil entre 1988 a 2011. .. 19 Figura 2. Recursos e prazos de pedidos de acesso negado ... 24 Figura 3. Evolução dos municípios avaliados pelo EBT no estado de Santa Catarina ... 36 Figura 4. Evolução dos municípios avaliados pelo EBT na Mesorregião da Grande

Florianópolis. ... 38

Figura 5. Evolução dos municípios avaliados pelo EBT na Mesorregião do Norte Catarinense.

... 40

Figura 6. Evolução dos municípios avaliados pelo EBT na Mesorregião do Oeste Catarinense.

... 42

Figura 7. Evolução dos municípios avaliados pelo EBT na Mesorregião Serrana Catarinense.

... 44

Figura 8. Evolução dos municípios avaliados pelo EBT na Mesorregião do Vale do Itajaí. .. 46 Figura 9. Evolução dos municípios avaliados pelo EBT na Mesorregião do Sul Catarinense.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Alguns trabalhos realizados nos últimos 5 anos que abordaram o tema

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Agrupamento dos munícipios catarinenses em mesorregiões ... 33 Tabela 2. Quesitos de avaliação dos municípios estabelecidos pela Escala Brasil Transparente

... 33

Tabela 3. Divisão dos Municípios conforme a adesão ao Brasil Transparente e Avaliada a

Transparência... 34

Tabela 4. Adesão de munícipios ao Brasil Transparente e avaliados pelo EBT no estado de

Santa Catarina ... 35

Tabela 5. Adesão de munícipios ao Brasil Transparente e avaliados pelo EBT na Mesorregião

da Grande Florianópolis ... 37

Tabela 6. Avaliação da transparência nos municípios da Mesorregião da Grande Florianópolis

... 38

Tabela 7. Adesão de munícipios ao Brasil Transparente e avaliados pelo EBT na Mesorregião

do Norte Catarinense ... 39

Tabela 8. Avaliação da transparência nos municípios da Mesorregião do Norte Catarinense 40 Tabela 9. Adesão de munícipios ao Brasil Transparente e avaliados pelo EBT na Mesorregião

do Oeste Catarinense ... 41

Tabela 10. Avaliação da transparência nos municípios da Mesorregião do Oeste Catarinense

... 42

Tabela 11. Adesão de munícipios ao Brasil Transparente e avaliados pelo EBT na Mesorregião

Serrana Catarinense ... 43

Tabela 12. Avaliação da transparência nos municípios da Mesorregião Serrana Catarinense 44 Tabela 13. Adesão de munícipios ao Brasil Transparente e avaliados pelo EBT na Mesorregião

do Vale do Itajaí ... 45

Tabela 14. Avaliação da transparência nos municípios da Mesorregião do Vale do Itajaí ... 46 Tabela 15. Adesão de munícipios ao Brasil Transparente e avaliados pelo EBT na Mesorregião

do Sul Catarinense ... 47

Tabela 16. Avaliação da transparência nos municípios da Mesorregião do Sul Catarinense.. 48 Tabela 17. Adesão de munícipios ao Brasil Transparente e avaliados pelo EBT nas três edições

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A.AT. – Aderiu ao Brasil Transparente e foi Avaliada a Transparência pelo EBT

A.N.AT. – Aderiu ao Brasil Transparente e Não foi Avaliada a Transparência pelo EBT CGU – Controladoria-Geral da União

CRMI – Comissão Mista de Reavaliação de Informação DP – Diário do Poder

EBT – Escala Brasil Transparente GF – Governo Federal

GSC – Governo de Santa Catarina

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LAI – Lei de Acesso à Informação

LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal ME – Ministério da Economia

N.A.AT. – Não Aderiu ao Brasil Transparente e foi Avaliada a Transparência pelo EBT

N.A.N.AT. – Não Aderiu ao Brasil Transparente e Não foi Avaliada a Transparência pelo EBT NBC – Normas Brasileiras de Contabilidade

OEA – Organização dos Estados Americanos SIC – Serviço de Informação ao Cidadão

SPELL – Scientific Periodicals Eletronic Library TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

TICs – Tecnologias de Informação e Comunicação

TJDFT – Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 15 1.1 TEMA E PROBLEMA ... 16 1.2 OBJETIVOS ... 17 1.2.1 Objetivo Geral ... 17 1.2.2 Objetivos Específicos ... 17 1.3 JUSTIFICATIVA ... 17 1.4 ESTRUTURA DA PESQUISA ... 18 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 19

2.1 TRAJETÓRIA DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO NO BRASIL ... 19

2.2 A LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO ... 22

2.3 CONTROLE SOCIAL E TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ... 29

3 METODOLOGIA ... 32

3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 32

3.2 INSTRUMENTO DE ANÁLISE E COLETA DOS DADOS ... 32

3.3 ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO DE PESQUISA ... 34

4 ANÁLISE DOS DADOS ... 35

4.1 ESTADO DE SANTA CATARINA ... 35

4.2 MESORREGIÃO DA GRANDE FLORIANÓPOLIS ... 37

4.3 MESORREGIÃO DO NORTE CATARINENSE ... 39

4.4 MESORREGIÃO DO OESTE CATARINENSE ... 41

4.5 MESORREGIÃO SERRANA CATARINENSE ... 43

4.6 MESORREGIÃO DO VALE DO ITAJAÍ ... 45

4.7 MESORREGIÃO DO SUL CATARINENSE ... 47

4.8 ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 49

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 51

REFERÊNCIAS ... 52

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1 INTRODUÇÃO

Desde o processo de redemocratização do Brasil, membros da sociedade civil, jornalistas e entidades ligadas à causa lutam pelo acesso à informação como forma de fiscalizar atos dos governos municipais, estaduais e federal, com o objetivo de combater a cultura da corrupção e do sigilo. Para garantir a sociedade seu direito à informação e dever regulador, como fiscalizador dos representantes políticos sendo uma das principais formas de fortalecimento da democracia.

Diante dessa movimentação da sociedade, tornou-se inevitável por parte dos governos pensar em formas mais efetivas para garantir o máximo de transparência em relação às informações de interesse público. A trajetória histórica pelo direito ao acesso à informação pública esteve presente em diversas normas e leis ao longo dos anos, possibilitando que a sociedade exerça o direito do controle social sobre as ações governamentais e a gestão pública.

Algumas normas e leis que possibilitaram o direito ao acesso à informação estão no artigo 5 da Constituição da República Federal do Brasil de 1988, no artigo 19 do Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos de 1992, no artigo 7 da Lei do Habeas data de 1997, em 2000 na Declaração Interamericana de Princípios de Liberdade de Expressão e ainda no ano 2000 na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Posteriormente, em 2003 com o artigo 10 da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, em 2009 com a Lei da Transparência, na qual alterou a redação do artigo 48 da Lei de Responsabilidade Fiscal, determinando que os entes públicos disponibilizem em tempo real as informações referentes as execuções orçamentárias e financeiras. Finalmente em 18 de novembro de 2011 foi sancionada a Lei 12.527 (Lei de Acesso à Informação – LAI), como objetivo de regulamentar o direito constitucional de acesso dos cidadãos às informações públicas, aplicáveis aos três Poderes da União - Estados, Distrito Federal e Municípios (CGU, 2011).

A LAI quando sancionada passou a regular o acesso à informação previsto na Constituição Federal de 1988, caracterizando-o como um direito fundamental para o controle social, assim como para uma melhor governança, tornando a informação uma regra e o sigilo, a exceção (BERNARDES; SANTOS; ROVER, 2015). Antes da LAI ser considerada um direito, alguns instrumentos de acesso à informação foram implementados. Sendo que um dos marcos desse progresso ocorreu em 2004, quando a Controladoria-Geral da União lançou o

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Portal da Transparência, cujo o objetivo é disponibilizar informações “atualizadas diariamente” referentes a execução do orçamento e aos recursos públicos, de forma transparente, acessível e com qualidade para a sociedade (AMORIM; SILVA, 2014).

No primeiro trimestre de 2019 foi publicado no Diário Oficial da União, um decreto que mudava as regras da LAI, concedendo aos servidores comissionados e dirigentes de fundações, autarquias e empresas, o direito de impor sigilo ultrassecreto a dados públicos. Se não fosse vetado pela Câmara dos deputados, esse decreto poderia alterar os critérios que classificariam como ultrassecreto, tornando um prejuízo a transparência alterando legislações antigas (ARTIGO 19, 2019).

1.1 TEMA E PROBLEMA

O Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) disponibilizam levantamentos referente a transparência pública na sua página da web, alguns desses levantamentos, destaca-se a Escala Brasil Transparente (EBT) e o Brasil Transparente. O EBT é a forma que o governo avalia os Estados, o DF e os municípios, conforme o cumprimento da Lei de Acesso à Informação e a Lei de Responsabilidade Fiscal Passiva, e o Brasil Transparente é um programa que auxilia na compreensão e na capacitação dos servidores públicos, através de treinamento, manuais de fácil compreensão e aplicação da implementação das medidas do governo transparente, prevista na LAI (MTCGU, 2017).

O estado de Santa Catarina na 3ª edição do levantamento da EBT (2017), ocupou a 13ª colocação no ranking de transparência, considerando os 26 estados e o DF, sendo que essa avaliação é diretamente relacionada ao portal do estado. Além disso, alguns municípios brasileiros ainda não aderiram ao Brasil Transparente, entretanto ressalta-se que o número de adesões tem crescido com o passar dos anos (CGU, 2018), bem como a conscientização em relação a importância do acesso à informação (TJDFT, 2017). Baseando-se nesses fatos, foi elaborada a seguinte questão de pesquisa: Como estão as mesorregiões do estado de Santa Catarina conforme o cumprimento da Lei de Acesso à Informação e a Lei de Responsabilidade

Fiscal passiva a partir da Escala Brasil Transparente? No presente estudo, foi fundamental dividir o estado de Santa Catarina em

mesorregiões para melhor visualização da evolução da avaliação e sua análise. A diversificação da economia de Santa Catarina é um ponto que justifica essa divisão, uma vez cada mesorregião

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é responsável por determinado setor econômico, não havendo concentração de riquezas em apenas uma determinada área do estado.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar o cumprimento da Lei de Acesso à Informação e a Lei de Responsabilidade Fiscal passiva nas mesorregiões do estado de Santa Catarina a partir do Escala Brasil Transparente.

1.2.2 Objetivos Específicos

a) Identificar a evolução histórica dos aspectos de acesso à informação no Brasil; b) Verificar a adesão das mesorregiões do estado de Santa Catarina a partir do

Brasil Transparente;

c) Verificar as mesorregiões do estado de Santa Catarina avaliados pelo Escala Brasil transparente.

1.3 JUSTIFICATIVA

Este estudo justifica-se pela relevância no âmbito social e governamental. A avaliação do cumprimento da LAI é fundamental, pois somente desta maneira os municípios passam a cumprir de fato os quesitos mínimos instituídos em lei. Sendo assim, caso os municípios não estejam cumprindo, a sociedade consegue exercer o seu direito de controle social, exigindo melhorias tanto no que diz respeito a informação, quanto na gestão pública.

Entende-se por mesorregião a modalidade de subdivisão de estados brasileiros que agrupam municípios com características econômicas e sociais semelhantes, porém, possuem apenas finalidade estatística, não se caracterizando entidade política ou administrativa. O estado de Santa Catarina é dividido em seis mesorregiões: Oeste, Norte, Serrana, Vale do Itajaí, Grande Florianópolis e Sul, que segundo o IBGE, essa forma de agrupamento de municípios de uma mesma região permite tornar a organização e planejamento de execuções de funções públicas de interesse comum uma ação integrada. O governo do estado divide o território em regiões de

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gestão e planejamento, visando centralizar as atividades das secretarias estaduais. Essa modalidade de divisão permite analisar os índices sociais e econômicos de forma isolada, compreendendo as particularidades de cada mesorregião.

No âmbito acadêmico, o controle social é uma noção ainda pouco desenvolvida pelo curso de Ciências Contábeis, como em outros cursos de Ciências Sociais Aplicadas, com exceção do Direito (PLATT NETO, 2019). Conforme o levantamento de estudos similares disponibilizados no repositório institucional da UFSC, entre os trabalhos de conclusão do curso (TCC) de Ciências Contábeis aprovados até o ano 2018, apenas 6 abordam o tema de Lei de Acesso à Informação, sendo através da transparência pública.

Por ser a ciência contábil o processo gerador de informações, referente ao controle patrimonial aplicada ao setor público, fornece aos usuários dados como os resultados alcançados, aspectos de natureza orçamentária, econômicos e financeiros da entidade, além de suas mutações, conforme a NBC T 16.1. Sendo assim, a função social da contabilidade aplicada ao setor público reflete sistematicamente na administração, como forma de evidenciar informações necessárias na tomada de decisão e prestação de contas para a sociedade (CFC, 2016), tornando possível através da avaliação da transparência que a sociedade exerça o controle social sobre as ações governamentais.

1.4 ESTRUTURA DA PESQUISA

O presente estudo está dividido em cinco capítulos e subdividido em seções. O primeiro capítulo destina-se a introduzir o tema do estudo aos leitores, enquanto que o segundo capítulo está subdividido em seções: a representação da trajetória das leis de acesso à informação no Brasil, a Lei de Acesso à Informação e por fim, Controle Social e Tecnologias de Informação e Comunicação. O terceiro capítulo explana a metodologia do estudo, subdividido em procedimentos metodológicos, instrumento de análise e coleta dos dados e elaboração do instrumento de pesquisa. No quarto capítulo será a apresentada a análise dos resultados deste estudo. Por fim, o quinto capítulo refere-se às conclusões do estudo, de acordo com os objetivos propostos, as limitações encontradas e as recomendações para futuros trabalhos.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo será apresentada a trajetória das leis de acesso à informação no Brasil, em ordem cronológica a partir das legislações que direcionam o direito ao acesso à informação. Em seguida, será apresentado a lei de acesso à informação e trabalhos relacionados que buscaram compreender os efeitos da LAI e na última seção o Controle Social e as Tecnologias de Informação e Comunicação.

2.1 TRAJETÓRIA DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO NO BRASIL

A Declaração Francesa de 1789 antecipou o direito de informação, afirmando que a liberdade de opinião e comunicação de ideias seriam um direito dos cidadãos. Entretanto, o direito à informação foi regulamentado somente em 1948, com a Declaração Universal dos Direitos do Homem, a qual afirma que todo o indivíduo tem direito à liberdade de expressão e opinião, tendo o direito de não ser inquietado por suas ideias por qualquer meio de expressão, receber, difundir e procurar informações sem haver qualquer fronteira (LAFFER, 1991). Segundo a análise de Dotti (1980), o direito à informação é universal, que se movimenta de forma ativa e passiva, inviolável e inalterável, a favor de que todos recebam informação.

Como ilustrado na Figura 1, as leis e normas reguladoras estão em constante evolução, sempre com o objetivo de melhorar o acesso à informação e maneiras da sociedade conseguir exercer o seu direito de controle social.

Figura 1. Trajetória histórica da Lei de Acesso à Informação no Brasil entre 1988 a 2011.

Fonte: Elaborado pelo autor.

1988 – Artigo 5, inciso

XXXIII da Constituição da República Federal do Brasil

1992 – Artigo 19 do

Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos 1997 – Artigo 7 da Lei do Habeas Data 2000 – Item 4 da Declaração Interamericana de Princípios de Liberdade de Expressão 2000 – Artigo 48, § único da Lei de Responsabilidade Fiscal 2003 – Artigo 10 da

Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção 2009 – Lei da Transparência 2011 – Lei de Acesso à Informação

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Sendo assim, a Constituição Federal de 1988 estabeleceu bases legais referentes ao direito de acesso à informação pública no Brasil, presentes no “artigo 5º, inciso XXXIII; artigo 37, §3º, inciso II; e artigo 216, § 2º”. Com isso, todo cidadão tem o direito de receber informações dos órgãos públicos, sendo de interesse geral, particular ou coletivo, sobre pena de responsabilidade caso o prazo previsto em lei não seja respeitado, com a exceção do sigilo que seja para a segurança da sociedade e do estado (BRASIL, 1988). Assim, a preocupação com o acesso à informação representa um avanço da democracia participativa, pois abre espaço para o cidadão participar da vida pública (PASSOS, 1989).

O Brasil não assinou o primeiro e o segundo protocolo referente a capacidade postulatória do indivíduo perante o Comitê de Direitos Humanos da ONU e o relativo à Abolição de Pena Capital, assinando somente o terceiro conhecido como o “decreto do Atos internacionais: Pacto Internacional sobre o Direitos Civis e Políticos” que foi promulgado em 1992. O art. 19 representa a proteção à liberdade de opinião sem nenhuma restrição. Portanto, o Estado passa a assumir a obrigação de respeitar e assegurar, sem restrição e distinções, os direitos reconhecidos, possibilitando a implementação do decreto no país (JUBILUT, 2002).

Por conseguinte, o artigo 7 da Lei do Habeas Data assegura o direito de acesso à informação em Banco de Dados, possibilitando que os cidadãos exijam do governo informações existentes nos registros públicos, até mesmos as informações consideradas confidenciais (AMORIM; SILVA, 2014). Com isso, a Declaração Interamericana de Princípios de Liberdade de Expressão de 2000 estabeleceu componentes fundamentais para democracia, referentes a transparência das atividades governamentais, responsabilidade dos governantes, liberdade de expressão e principalmente em relação ao respeito dos direitos sociais (OEA, 2001).

Em seguida, em 4 de maio de 2000, foi publicada a Lei de Responsabilidade Fiscal. Assim o Estado brasileiro passou a desempenhar um papel gerencial na administração pública, por meio do planejamento e a transparência, com o objetivo de equilibrar as contas púbicas, prevenir desvios e cumprir as metas referentes as receitas e despesas (FILHO et al., 2015). Posteriormente, o ano de 2003 foi marcado pela Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, que teve como objetivo diminuir os riscos da corrupção na administração pública e nas suas organizações com medidas para aumentar a transparência, por meio de publicações de informações sobre os riscos, a simplificação dos procedimentos administrativos e o direito dos cidadãos a obter dados da administração pública, referente ao funcionamento e as decisões, respeitando a proteção da intimidade e documentos pessoais (CGU, 2008).

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Além disso, a fim de regulamentar a Lei de Responsabilidade Fiscal, em 2009 foi sancionada a Lei da Transparência, a qual solicitava a adaptação dos entes públicos para disponibilizar em tempo real as execuções orçamentárias de todos os entes. Portanto, fazendo-se efetiva a prestação de contas com as divulgações das informações e formas de disfazendo-seminação por meios eletrônicos, facilitando o controle social e o controle interno das entidades. Nesse sentido, “Todos os atos praticados pelos agentes públicos que gerem os entes da Federação, deverão ser divulgados uma quantidade mínima de dados referentes a tais atos, facilitando o exercício tanto do controle externo quanto do interno” (MORAES JUNIOR; CARNEIRO; SILVA NETO, 2016).

A LAI foi sancionada em 18 de novembro de 2011 com a finalidade de regular o que já estava previsto na Constituição Federal de 1988, com foco na transparência e no controle social. Segundo Jardim (2013), o Brasil tem um déficit histórico quando se trata de transparência. A transparência dos governos é um fator necessário à prestação de contas para sociedade e, consequentemente, à consolidação da democracia, mesmo que sua importância seja frequentemente destacada (ZUCCOLOTTO; TEIXEIRA, 2014), assim tornando a informação uma regra e o sigilo a exceção (BERNARDES; SANTOS; ROVER, 2015).

Ademais, em 2019 foi publicado no Diário Oficial da União um decreto, no qual ampliaria a possibilidade de nomear documentos como ultrassecretos e alteraria a redação de 2011 regulamentada pela LAI. Anteriormente, somente o presidente da República e seu vice, ministros do Estado, embaixadores e comandantes das forças armadas detinham desse poder, porém se fosse cumprido o decreto, esses cargos poderiam delegar a responsabilidade para outras pessoas, como por exemplo, servidores comissionados e dirigentes de fundações, autarquias e empresas (ARTIGO 19, 2019).

Esse decreto interferiria diretamente no direto ao acesso à informação pública e de qualidade dos brasileiros, uma vez que promoveria maior liberdade aos agentes públicos para classificar documentos como ultrassecretos. Contudo, nenhuma alteração será cumprida de fato, pois após uma votação simbólica, a Câmara dos deputados barra o decreto(DP, 2019).

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2.2 A LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO

No Brasil, segundo Andrade e Raupp (2017) “o processo de institucionalização do direito de acesso à informação governamental ocorreu somente após a redemocratização do país, depois de um longo período de regime ditatorial (1964-1985)”. Através da Constituição federal de 1988 são determinadas as bases legais do direito ao acesso à informação. Sendo assim, a lei de acesso à informação (Lei Federal nº 12.527/2011) foi sancionada em 18 de novembro de 2011 e entrou em vigor em 16 de maio de 2012, com o intuito de regular o artigo 5º, inciso XXXIII; artigo 37, §3º, inciso II; e artigo 216, § 2º:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-,se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse

particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,

dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando especialmente:

II - O acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e

imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

§ 2º Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem (BRASIL, 1988).

Sendo assim, a LAI veio para regular estes 3 dispositivos da Constituição Federal. Será notado que ao longo da seção a LAI irá abordar dois tipos de transparência na administração pública, a ativa na qual o governo tem que informar mesmo que não seja solicitado e a passiva que se refere ao direito da sociedade em obter informação produzidas pela administração pública.

A abrangência são aplicáveis aos três poderes da União - Estados, Distrito Federal e Municípios, de forma direta ou indireta como podemos observar nos artigos primeiro e segundo da lei:

(23)

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União,

Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim de garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal.

Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei: I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público; II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Art. 2º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às entidades privadas sem

fins lucrativos que recebam, para realização de ações de interesse público, recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres.

Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as entidades citadas no caput refere-se à parcela dos recursos públicos recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das prestações de contas a que estejam legalmente obrigadas (BRASIL, 2011).

Ainda nas disposições gerais da LAI, “é dever do Estado garantir o direito de acesso à informação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão”, assegurando o direito fundamental de acesso à informação, executados conforme os princípios básicos da administração pública, conforme o artigo 3º:

I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção; II - divulgação de informações de interesse público, independentemente de solicitações;

III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da informação; IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração pública;

V - desenvolvimento do controle social da administração pública (BRASIL, 2011).

Referente ao acesso as informações e divulgação, a transparência ativa é abordada no artigo 8, onde especifica que é “dever dos órgãos e entidades públicas promover, independentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil acesso, no âmbito de suas competências, de informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas”. Sendo assim, no § 2 para ocorrer o cumprimento da lei as entidades públicas deverão usar instrumentos legítimos na qual será obrigatória a divulgação em sítios (portais) oficiais na internet. Porém, no § 4 prevê como exceção os municípios com população inferior a 10.000 habitantes que são dispensados da divulgação obrigatória que define o “rol mínimo de informação”. Entretanto, devem divulgar as informações relativas à execução orçamentária e financeira, em “tempo real”, conforme previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal (CGU, 2013).

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A transparência passiva é um procedimento de acesso à informação do pedido de acesso aos órgãos e entidades. No artigo 10 da LAI, as especificações referentes ao pedido devem conter a identificação do requerente e a informação requerida. Sendo proibido exigências como justificativas ou o motivo do pedido pelos órgãos e entidades. No artigo 11, afirma que o responsável pelo recebimento do pedido deve autorizar ou conceder o acesso imediato à informação disponível. Caso não seja possível o acesso imediato, tem o prazo de 20 dias para deferir a resposta ao requerente, sendo possível prorrogar mais 10 dias mediante justificativa expressa. O requerente poderá receber três respostas do órgão ou entidade do qual solicitou seu pedido segundo o § 1 do artigo 11:

I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta, efetuar a reprodução ou obter a certidão;

II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou parcial, do acesso pretendido; ou

III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda, remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o interessado da remessa de seu pedido de informação (BRASIL, 2011).

Conforme ilustrado na Figura 2, caso o pedido for negado é possível entrar com recurso, se estiver enquadrado dentro dos prazos exigidos:

Figura 2. Recursos e prazos de pedidos de acesso negado

(25)

Sendo assim, para recorrer perante a CGU somente será possível se a resposta negada estiver nos requisitos impostos no artigo 16:

I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for negado;

II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou parcialmente classificada como sigilosa não indicar a autoridade classificadora ou a hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido pedido de acesso ou desclassificação;

III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e

IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedimentos previstos nesta Lei (BRASIL, 2011).

Nos artigos 23 e 24, §1 da LAI, refere-se as classificações das informações quando sigilosas os graus e prazos de sigilo. Portanto, são “passíveis de classificação as informações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam” de alguma forma pôr em risco ou prejudicar à segurança da sociedade ou do Estado. Sendo assim, essas informações podem ser classificadas como ultrassecreta, secreta ou reservada. Os prazos máximos de restrição são de 25 anos quando classificada como ultrassecreta, 15 anos para secreta e de 5 anos para reservada, entrado em vigor na data de sua produção (BRASIL, 2011).

Segundo Andrade e Raupp (2017) para “promover a substituição da “cultura de sigilo” por uma “cultura de acesso” a LAI prevê em seus artigos 32, 33 e 34 condutas ilícitas que ensejam a responsabilidade do agente público, tais como a aplicação de suspensão do funcionário público que não atender à legislação”. Em casos mais graves o agente público civil ou militar pode responder por improbidade administrativa e até mesmo com processo penal.

O Quadro 1 apresenta trabalhos relacionados encontrados no Repositório Institucional da UFSC de TCC do curso de Ciências Contábeis, nas bases de dados do Google Acadêmico e no Scientific Periodicals Eletronic Library (SPELL), realizados nos últimos 5 anos, cujo tema abordam o tema de implementação da LAI e o Controle social. Assim, apresentam-se no Quadro a seguir o ano de publicação, os autores, o propósito da pesquisa e os resultados encontrados.

Por fim, os trabalhos anteriores buscaram compreender os efeitos da LAI, as suas limitações, as melhorias para os portais de transparência e principalmente os aspectos no qual são abordados nesta seção. Por ser uma lei recente, os órgãos e entidades estão em constante avanço referente a cultura da transparência.

(26)

Quadro 1. Alguns trabalhos realizados nos últimos 5 anos que abordaram o tema implementação da

LAI e o Controle Social

ANO AUTORES PROPÓSITOS DA PESQUISA

RESULTADOS ENCONTRADOS

2015 Bernardes, Santos e Rover.

Analisar como a Lei de Acesso à Informação está sendo implementada pelas prefeituras da região Sul do país.

Apesar da LAI ser uma lei relativamente recente, em análise feita, verificou-se que seu atendimento nos sítios eletrônicos dos 479 municípios com mais de 10 mil habitantes, localizados na região Sul do Brasil, apenas 8,35% apresentaram indicativo da presença da LAI. Sendo este, um índice alarmante já que indica desrespeito à lei. Foram avaliados 40 sítios eletrônicos e concluiu-se que em nenhum a lei é atendida como um todo.

2015 Ceolin, Almeida e Alves.

Analisar o conteúdo e layout de apresentação das informações do site Portal da Transparência nos municípios pernambucanos de Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes.

Foi observado que o modelo de gestão adotado no portal das prefeituras que de modo consciente venha priorizar o esforço em atender o cidadão. Uma administração transparente presente ao cidadão participar na gestão e controle da administração pública, para isso os cidadãos precisam ser capacitados para compreender os dados.

2015 Coutinho e Alves.

Observar a relevância da Lei de Acesso à Informação como instrumento para uma comunicação pública efetiva no Brasil e averiguar sua implementação como artifício facilitador do controle social.

Considerou-se, através de revisões bibliográficas pertinentes ao tema, o desenvolvimento da transparência da comunicação entre Estado e sociedade e como a LAI auxilia no controle social das ações governamentais. Assim, a LAI, ao expor os dados para a sociedade, ampara o controle social pois efetiva a democracia, aproximando a sociedade das decisões governamentais.

2015 Moraes. Identificar as funcionalidades e limitações do Portal da Transparência do Senado Federal (PRF) com vistas a propor aprimoramentos.

Foram identificadas 22 limitações no Portal, quanto aos seus conteúdos e sua forma. No portal existe a limitação da necessidade de identificação dos usuários, as Receitas Anuais possuem duas colunas sem identificação e ausência de um campo para busca rápida.

2016 Alves, Lunkes e Lyrio. Analisar o nível de transparência do portal municipal da Prefeitura de São José.

Para análise do nível de transparência do portal municipal da Prefeitura de São José, utilizou-se o modelo de avaliação proposto por Lyrio (2016), no qual mostrou-se eficaz para estabelecer o nível de transparência do mesmo, permitindo identificar e priorizar ações para melhoria do portal. Apesar de ter obtido 4 pontos em avaliação global, valor considerado baixo, se faz necessário avanços para que o portal de transparência do município de São José/SC passe a configurar como instrumento de controle e participação social, assim como de reforço da democracia.

2016 Comin et. al.

Identificar a relação existente entre o índice de atendimento à Lei de Acesso à Informação dos municípios catarinenses e os seus indicadores

socioeconômicos.

De acordo com a Lei de Acesso à informação, os municípios são obrigados a divulgar em seus sítios eletrônicos informações de interesse coletivo. Em análise dos municípios catarinenses com mais de 10 mil habitantes, mensurou-se o nível de atendimento a referida lei, constatando que nenhum dos municípios avaliados evidenciam todas as informações necessários em suas páginas eletrônicas. O nível de atendimento mensurado foi de 69,43%, sendo considerado baixo, tendo em vista que a lei entrou em vigor desde maio de 2012.

(27)

Continuação

ANO AUTORES PROPÓSITOS DA PESQUISA

RESULTADOS ENCONTRADOS

2016 Gomes, Marques e Pinheiro.

Discutir algumas questões centrais enfrentadas pelos órgãos públicos que buscam atender as diretrizes da lei.

Foi compreendido que a falta de recursos possui impacto na implementação da LAI. O conhecimento do ser humano é elemento central, por isso é importante capacitá-lo. As instituições Públicas precisam superar as suas limitações principalmente na gestão e organização das informações.

2016 Rosa et. al. Identificar quais informações exigidas no artigo 8º estão sendo divulgadas nos sites eletrônicos dos municípios da região sul do Brasil.

A maioria dos municípios analisados apresentou os dados por intermédio de bases de dados de empresas de tecnologia, foi deduzido que muitos municípios não possuem recursos humanos, financeiros e estrutura suficiente para atender as exigências da LAI. Com acesso à informação, espera-se que os cidadãos possam cobrar do poder público a melhoria na qualidade das informações.

2016 Bianchi, Vieira e Kronbauer.

Analisar o grau de transparência dos munícipios do Rio Grande do Sul com mais de 50 mil habitantes.

Através da análise dos itens obrigatórios do cumprimento das exigências das Leis de Responsabilidade Fiscal e de Acesso à Informação, dos 40 munícipios pertencentes à amostra, com informações disponibilizadas no Portal da transparência, observou-se que esses munícipios não estão atendendo a todas as exigências contidas nas referidas leis. Níveis insatisfatórios de informação apresentados e mesmo quando divulgadas, não têm sido claras de acordo com o que são exigidos em leis. 2017 Andrade e

Raupp.

Analisar a transparência do Legislativo local à luz de acesso à informação dos 50 maiores municípios brasileiros.

Através de uma análise descritiva com levantamentos de portais eletrônicos, constatou-se que grande parte das câmaras municipais cumprem em parte, os indicativos de instrumentos de transparência das informações públicas. Desse modo, demonstra a importância bem como indispensabilidade de rever a maneira como é administrada a organização no Legislativo e desenvolver os portais eletrônicos que são meios facilitadores da informação para a sociedade.

2017 Hobold. Avaliar o nível de transparência dos portais eletrônicos dos 18 municípios pertencentes à Associação de Municípios da Região de Laguna (SC)

Utilizou-se o modelo de avaliação proposto por Lyrio (2016), sendo dividido em três áreas de preocupação: conteúdo informacional, fomento à cultura de transparência e usabilidade do portal. Os 18 municípios pertencentes à Amurel obtiveram uma média de 41 pontos, sendo considerado adequado de acordo com modelo utilizado, ainda assim mostra que a maioria dos portais ainda não estão adequados ao nível de transparência que se deseja, havendo vários aspectos a serem melhorados, de forma que as informações das contas públicas sejam disponibilizadas de forma mais transparente aos cidadãos.

(28)

Continuação

ANO AUTORES PROPÓSITOS DA PESQUISA

RESULTADOS ENCONTRADOS

2018 Bittencourt e Reck.

Demonstrar que os portais atendem satisfatoriamente um conceito rigoroso de democracia, e que parcial responsabilidade pode ser atribuída à Lei de Acesso à Informação.

Foi constatado que de fato existe uma deficiência dos portais de transparência. O problema geral identificado foi a falta de detalhamento de informações essenciais, possuindo pouca transparência. Para evitar esse problema foi sugerido a Reforma da Lei de Acesso à Informação.

2018 Michener, Contreras e Niskier.

Oferecer estatísticas descritivas e inferenciais sobre o cumprimento de pedidos de acesso à informação e

indicadores de

implementação.

Foi constatado que diferentes instituições e jurisdições utilizam sites com estruturas, terminologias e formatos diferentes, o que impede o uso de robôs para avaliar a transparência. Assim é necessário uma simplificação e padronização das informações.

2018 Ouriques. Avaliar os portais de transparência dos Estados do Sul e Sudeste do Brasil.

Para avaliação do nível de transparência dos portais eletrônicos dos estados do sul e sudeste do Brasil, foi utilizado o modelo proposto por Lyrio (2016). Dos 7 estados analisados, a média obtida foi de 77 pontos, sendo que apenas 2 estados ficaram abaixo da média, porém próximos. Os portais apresentaram uma transparência boa e adequada, ganhando ponto positivo por estimular a cultura de transparência por meio social, intensificando a fiscalização e o controle social nas informações e contas públicas.

2018 Queiroz. Identificar o (s) motivo (s) pelo (s) qual (s) o direito de acesso à informação influencia no exercício do controle popular dos atos da Administração.

Foi constatado que o controle social dos atos da administração desempenha um papel fundamental no que diz respeito à exigência de prestação de contas dos investimentos em funções públicas. O controle popular consolidado pode ser um elemento de prevenção e combate a atos ímprobos, e a própria moralidade no exercício público.

2018 Santos. Analisar, se a cidade de Bananeiras se enquadra nas condições da Lei de Acesso à Informação e aos quesitos da usabilidade.

Observou-se que diante dos quesitos analisados, alguns se encontravam como parcialmente de acordo, de acordo ou em desacordo. Como, por exemplo, o artigo 8º da lei 12.527, que prevê a fácil visualização do ícone da LAI, que foi designado como parcialmente de acordo, uma vez que é visível no site, porém não traz maiores informações sobre a regulamentação. Além disso, o segundo Inciso do artigo 6 da LAI, estava de acordo, pois disponibiliza um manual de navegação no site. Por fim, na ferramenta de busca, o site não aceita erros de palavras, ou seja, encontra-se em desacordo com as condições da cartilha de usabilidade.

2018 Silva e Vacovski.

Fazer uma reflexão sobre a importância da Transparência na administração pública como um instrumento facilitador para o exercício do controle social nas atividades do Estado.

Foi constatado que o país tem avançado nos mecanismos de transparência, porém o cidadão carece de treinamento adequado para que possa acompanhar e usufruir das ferramentas de transparência disponíveis. O papel do cidadão capacitado é potencializado e este passa a discutir mais sobre a eficiência dos serviços públicos, assim o controle social pode ser exercido pela sociedade.

(29)

Conclusão

ANO AUTORES PROPÓSITOS DA PESQUISA

RESULTADOS ENCONTRADOS

2018 Tavares. Evidenciar que a corrupção é uma patologia que se encontra enraizada na sociedade desde que o homem passou a se estruturar como sociedade.

Observou-se que os sistemas de controle da gestão pública realizam papel importante no enfrentamento da corrupção. O controle social se bem estruturado e manuseado corretamente, configura-se com um poderoso mecanismo de prevenção e enfrentamento à corrupção.

2019 Bezerra el.al.

Analisar a opinião pública em relação à LAI, e a aplicação dos seus princípios no site da Receita Federal.

Os autores identificaram que os resultados foram moderados referente a opinião dos entrevistados em relação aos critérios avaliados, porém, ainda há muito o que melhorar. Após o excerto da Política de Privacidade ser mostrado, houve uma mudança de opinião de uma parte considerável dos pesquisados, diminuindo a satisfação geral. Isso ocorreu porque 90% dos entrevistados consideram importante que um órgão público se responsabilize pelas informações disponibilizadas em seu site. Ao final da entrevista, menos da metade dos entrevistados considera o site da Receita como uma fonte confiável de Informações. Fonte: elaborado pelo autor.

2.3 CONTROLE SOCIAL E TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO O “controle social passou por diversas alterações nos últimos séculos, conforme a própria evolução dos países e da visão sobre a relação entre o cidadão e o Estado”, sendo que ainda é “pouco desenvolvida nas Ciências Sociais Aplicadas, como a Administração, a Contabilidade e a Economia”, com exceção do Direito que gera conteúdos de abordagem e interesse próprio (PLATT NETO, 2019). Sendo assim, o controle social é considerado o compartilhamento de poder referente as decisões tomadas entre estado e sociedade sobre as políticas, no qual a sociedade consegue exercer a cidadania1 (PÓLIS, 2008). Porém, para assegurar o controle social são necessários três elementos segundo Platt Neto (2019), que são: a democracia (Poder do povo – constitucional); a informação (acessível, compreensível e relevante); e a ação popular (cultural, com instrumentos legais).

Dessa forma, a contabilidade tem um papel fundamental quando falamos de controle social, conforme a Contabilidade aplicada ao setor público (NBC T 16.1) do Conselho Federal de Contabilidade.

1 “Cidadania é considerada dinâmica e está em constante transformação, acompanhando as mudanças sociais,

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Contabilidade aplicada ao setor público

3. Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o ramo da ciência contábil que aplica, no processo gerador de informações, os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as normas contábeis direcionados ao controle patrimonial de entidades do setor público.

4. O objetivo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é fornecer aos usuários informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de decisão; a adequada prestação de contas; e o necessário suporte para a instrumentalização do controle social.

5. O objeto da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o patrimônio público. 6. A função social da Contabilidade Aplicada ao Setor Público deve refletir, sistematicamente, o ciclo da administração pública para evidenciar informações necessárias à tomada de decisões, à prestação de contas e à instrumentalização do controle social (CFC, 2016).

Uma importante ferramenta de inclusão social, são as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), que tornam possível a interação da sociedade com as informações disponibilizadas, mudando a relação da sociedade com a informação e do estado com a sociedade. A política de governo eletrônico tem diretrizes fundamentais que visam a melhoria da sua própria gestão interna, além da interação do governo com parceiros e fornecedores, e principalmente a interação junto aos cidadãos (ME, 2019). Os avanços tecnológicos e a adoção de leis que visam garantir o acesso à informação significam um grande passo para a democracia do país, pois previne a corrupção e possibilita o direito da sociedade de exercer o controle social sobre as ações governamentais, contribuindo para a melhoria da gestão pública (PIRES et al., 2013).

O governo eletrônico também busca por meio da inclusão digital, incentivar o cidadão a exercer de forma efetiva a sua participação na política. Sendo que “as iniciativas nessa área visam garantir a disseminação e o uso das tecnologias da informação e comunicação (TICs) orientadas ao desenvolvimento social, econômico, político, cultural, ambiental e tecnológico, centrados nas pessoas, em especial nas comunidades e segmentos excluídos” (ME, 2019). Na homepage do Governo Digital demonstra algumas dessas iniciativas que são as Legislações, Banda Larga nas Escolas, Casa Brasil, Cidades Digitais, Computadores para Inclusão, Oficina para Inclusão Digital, Projeto Cidadão Conectado, Programa de Inclusão Social e Digital, ProInfo Integrado, Redes Digitais da Cidadania, Territórios Digitais, Inclusão Digital, entre outras.

Um marco que tornou possível a inclusão digital através das TICs, ocorreu quando a CGU lançou o Portal da Transparência no ano de 2004, “com o objetivo de aumentar a transparência na gestão pública, criando uma ligação mais forte entre o governo e a população

(31)

e assegurar a correta aplicação dos recursos públicos” (HOBOLD, 2017). A transparência é essencial para o controle social, onde o Portal Transparência facilita o acompanhamento das prestações de serviços públicos e seus respectivos gastos, impulsionando o interesse da sociedade. (ALVES; LUNKES; LYRIO, 2016).

Na homepage do Portal da Transparência, existem diversos itens que disponibilizam dados referentes ao portal, em formato de links: O Portal, Painéis, Consultas Detalhadas, Controle social, Rede de Transparência, Receba Notificações e Aprenda mais (MORAES, 2015). Na opção Controle social, explica o modo que essa ferramenta pode ser utilizada para ajudar o controle social, alguns exemplos são:

Você pode acompanhar os repasses para seu município e ver se, de fato, os serviços que receberam recursos estão sendo prestados ou se os bens foram adquiridos. Por exemplo, seu município provavelmente recebe recursos para merenda escolar. Tem merenda nas escolas?

Você pode acompanhar as políticas públicas, vendo quanto o governo está investindo em educação, saúde, segurança pública. Pode inclusive ver de forma mais detalhada: educação básica, investimentos em unidades básicas de saúde, ou construção de estabelecimentos penais. Além de acompanhar os gastos, é possível, por exemplo, ver quantos servidores trabalham no Ministério da Cultura e comparar com órgãos. Se o seu interesse for nas compras públicas, pode acompanhar os contratos e licitações. É possível acompanhar uma série de informações, com as relativas às contratações que usaram dispensa de licitação ou aos maiores contratos com a administração pública.

Você pode verificar se um vereador da sua cidade não está recebendo bolsa família ou outro benefício indevido (CGU, 2019).

Por fim, a CGU acredita que “a transparência é o melhor antídoto contra a corrupção, uma vez que ela é um importante mecanismo indutor para que os gestores públicos ajam com responsabilidade”. Através das informações, a sociedade consegue exercer o direito do controle social, colaborando com o controle sobre as ações governamentais e verificando se os recursos estão tendo sua destinação correta (CGU, 2019).

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3 METODOLOGIA

3.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa caracterizou-se como descritiva, tendo como objetivo principal a descrição das características de uma determinada população. Uma de suas peculiaridades se encontra no fato de que foram utilizadas técnicas padronizadas de coleta de dados e observações sistemáticas (GIL, 2008). O levantamento foi o procedimento de abordagem utilizado para analisar o estudo com o objetivo de identificar situações ou eventos na população ou subgrupo, podendo fazer uma comparação, a fim de verificar se estava ou não de acordo com a realidade (GIL, 2008).

O método utilizado foi qualitativo, essa abordagem consiste na análise de dados presentes no ambiente. Assim, o observador necessita de um contato direto com o estudo em questão, a intenção é que não haja mudanças por parte do pesquisador, somente a observação e acompanhamento dos dados. Além disso o método preocupa-se em descrever de modo amplo sobre a esfera dos dados em foco, com isso ele não evidencia o produto, mas sim o processo (PRODANOV; FREITAS, 2013).

Para levantamento de trabalhos relacionados, foram realizadas buscas nas bases de dados no Google Acadêmico, no Scientific Periodicals Eletronic Library (SPELL) e no Repositório Institucional da UFSC de TCC do curso de Ciências Contábeis, com a seguinte palavras-chave: Lei de Acesso à Informação.

3.2 INSTRUMENTO DE ANÁLISE E COLETA DOS DADOS

Na primeira etapa, os munícipios de Santa Catarina foram separados do banco de dados da Escala Brasil Transparente, no qual o governo avalia a transparência pública dos Estados, do DF e dos municípios, conforme o cumprimento da Lei de Acesso à Informação e a Lei de Responsabilidade Fiscal Passiva, disponibilizado em uma planilha de Excel. Foram alocados cada município em suas respectivas mesorregiões. O estado de Santa Catarina possui 295 municípios que foram divido geograficamente pelo IBGE em seis mesorregiões (Grande Florianópolis, Norte Catarinense, Oeste Catarinense, Serrana, Sul Catarinense e Vale do Itajaí) conforme descrito na Tabela 1.

(33)

Tabela 1. Agrupamento dos munícipios catarinenses em mesorregiões

MESORREGIÕES DE SANTA CATARINA QUANTIDADE DE MUNICÍPIOS

GRANDE FLORIANÓPOLIS 21 NORTE CATARINENSE 26 OESTE CATARINENSE 118 SERRANA 30 SUL CATARINENSE 46 VALE DO ITAJAÍ 54

Fonte: adaptado do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina(2019).

O ministério da transparência e controladoria geral da união aplicou um checklist através da EBT (CGU, 2017) que é composto de 12 quesitos que estabelecem aspectos da regulamentação da Lei de Acesso à Informação, a existência e funcionamento do Serviço de Informação ao Cidadão (SIC) e o cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal passiva.

De forma geral, o checklist EBT avalia 6 quesitos de cada regulamentação que estão descritos na Tabela 2.

Tabela 2. Quesitos de avaliação dos municípios estabelecidos pela Escala Brasil Transparente

LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO TRANSPARÊNCIA PASSIVA

Exposição da legislação no site do avaliado Divulgação do SIC físico (atendimento presencial) Existência da regulamentação Existência de um e-SIC (atendimento pela internet) Regulamentação do SIC Possibilidade de acompanhamento do pedido de acesso Regulamentação da classificação de sigilo Inexistência de pontos que dificultem ou inviabilizem o

pedido de acesso

Regulamentação da responsabilização do servidor Respostas aos pedidos no prazo legal

Regulamentação de instâncias recursais Respostas em conformidade com o que foi solicitado Representa 25% da Pontuação Representa 75% da Pontuação

Fonte: adaptado da Escala Brasil Transparente (2018).

A análise da evolução da avaliação da transparência teve como referência as três edições publicadas da EBT que se encontram disponíveis na web site da Controladoria Geral da União do Governo Federal. Na primeira edição da EBT foram analisadas as capitais de cada Estado e o Distrito Federal e de modo aleatório, outros municípios que possuíam até 50.000 habitantes. Já na segunda e terceira edição foram analisados todos os municípios das edições anteriores, sendo incluídos outros municípios selecionados também de modo aleatório, subdivididos por quantidade populacional proporcional. Os levantamentos das edições aconteceram entre janeiro de 2015 e janeiro de 2017 (CGU, 2017).

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3.3 ELABORAÇÃO DO INSTRUMENTO DE PESQUISA

À medida que os municípios foram alocados nas mesorregiões, também foi avaliado se estes municípios aderiram ao Brasil Transparente e se foram avaliados ao longo das três edições da EBT (Tabela 3). Com isso, gerou-se os mapas para a análise da evolução referente a avaliação da transparência.

Tabela 3. Divisão dos Municípios conforme a adesão ao Brasil Transparente e Avaliada a Transparência

MESORREGIÃO

EBT A.AT. % A.N.AT. % N.A.AT. % N.A.N.AT. % TOTAL % EDIÇÃO 1 X X,X% X X,X% X X,X% X X,X% X X,X%

EDIÇÃO 2 X X,X% X X,X% X X,X% X X,X% X X,X%

EDIÇÃO 3 X X,X% X X,X% X X,X% X X,X% X X,X%

A.AT. – Aderiu ao Brasil Transparente e foi Avaliada a Transparência pelo EBT; A.N.AT. – Aderiu ao Brasil Transparente e Não foi Avaliada a Transparência pelo EBT; N.A.AT. – Não Aderiu ao Brasil Transparente e foi Avaliada a Transparência pelo EBT; N.A.N.AT. – Não Aderiu ao Brasil Transparente e Não foi Avaliada a Transparência pelo EBT.

Fonte: elaborado pelo autor.

Os mapas da análise foram gerados pelo programa QGIS 2.18.27, tendo como referência os limites territoriais disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Assim, destacou-se quatro hipóteses para cada município, que foram representadas em cores diferentes para melhor visualização. Deste modo, os municípios que aderiram ao Brasil Transparente e foram avaliadas pelo EBT (A.AT.) estão representado em verde, os que não aderiram ao Brasil Transparente e foram avaliadas pelo EBT (N.A.AT.) em amarelo, os que aderiram ao Brasil Transparente e não foram avaliadas pelo EBT (A.N.AT.) em azul e por fim, os que não aderiram ao Brasil Transparente e não foram pelo EBT (N.A.N.AT.) em vermelho.

Ressalta-se que os municípios com população inferior a 10.000 habitantes entram na exceção da Lei de Acesso à Informação e são dispensados da divulgação obrigatória na internet que define o “rol mínimo de informação”. No entanto, estes devem divulgar as informações relativas à execução orçamentária e financeira, em “tempo real”, conforme previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal (CGU, 2013).

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4 ANÁLISE DOS DADOS

4.1 ESTADO DE SANTA CATARINA

O estado de Santa Catarina possui 295 municípios, com uma população estimada de 6.885.851 habitantes, sendo que 166 entre os 295 municípios tem população inferior a 10.000 habitantes e apenas 12 municípios tem população superior a 100.000 habitantes (IBGE, 2018).

Conforme os termos de adesão (CGU, 2018), 61,7% dos municípios de Santa Catarina aderiam ao Brasil Transparente, no período que foram realizadas as três edições da EBT. Após as edições da EBT ocorreram adesão de outros 9 municípios, todos pertencentes a mesorregião Sul Catarinense que são Apiúna, Ascurra, Benedito Novo, Brusque, Gaspar, Guabiruba, Rio do Sul, Rodeio e Timbó.

A Tabela 4 representa a evolução que avalia a transparência do estado de Santa Catarina no decorrer das três edições do EBT. Nas seções seguintes serão apresentadas e analisadas individualmente as seis mesorregiões nas quais o estado foi subdividido.

Tabela 4. Adesão de munícipios ao Brasil Transparente e avaliados pelo EBT no estado de Santa

Catarina

ESTADO DE SANTA CATARINA

EBT A.AT. % A.N.AT. % N.A.AT. % N.A.N.AT. % TOTAL % EDIÇÃO 1 15 5,1% 167 56,6% 10 3,4% 103 34,9% 295 100,0%

EDIÇÃO 2 54 18,3% 128 43,4% 30 10,2% 83 28,1% 295 100,0%

EDIÇÃO 3 86 29,2% 96 32,5% 50 16,9% 63 21,4% 295 100,0%

A.AT. – Aderiu ao Brasil Transparente e foi Avaliada a Transparência pelo EBT; A.N.AT. – Aderiu ao Brasil Transparente e Não foi Avaliada a Transparência pelo EBT; N.A.AT. – Não Aderiu ao Brasil Transparente e foi Avaliada a Transparência pelo EBT; N.A.N.AT. – Não Aderiu ao Brasil Transparente e Não foi Avaliada a Transparência pelo EBT.

Fonte: elaborado pelo autor a partir da base de dados da Escala Brasil Transparente (EBT).

Santa Catarina é um estado diversificado tanto em “climas, paisagens e relevos, estimulando o desenvolvimento de inúmeras atividades, da agricultura ao turismo, atraindo investidores de segmentos distintos e permitindo que a riqueza não fique concentrada em apenas uma área” (GSC, 2019). Em razão dessa diversidade, foi dividido em mesorregiões para melhor visualização da evolução que avalia a transparência e sua análise. Cada mesorregião é responsável por um setor da economia segundo Governo do estado de Santa Catarina (2019).

A Grande Florianópolis destaca-se nos setores de tecnologia, turismo, serviços e construção civil. O Norte é polo tecnológico, moveleiro e metal-mecânico. O Oeste concentra atividades de produção alimentar e de móveis. O Planalto Serrano tem a

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indústria de papel, celulose e da madeira. O Sul destaca-se pelos segmentos do vestuário, plásticos descartáveis, carbonífero e cerâmico. No Vale do Itajaí, predomina a indústria têxtil e do vestuário, naval e de tecnologia. O turismo é outro ponto forte da economia catarinense (GSC, 2019).

Conforme ilustrado na Figura 3, observa-se que ocorreu uma evolução dos municípios avaliados pelo EBT no estado de Santa Catarina. Adicionalmente, pode-se notar que os municípios não aderentes ao Brasil transparente estão concentrados em determinadas regiões do mapa.

Figura 3. Evolução dos municípios avaliados pelo EBT no estado de Santa Catarina

Referências

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