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CONHECENDO A REALIDADE DE UM ASSENTAMENTO RURAL

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Academic year: 2021

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CONHECENDO A REALIDADE DE UM ASSENTAMENTO RURAL

Trabalho Coordenador da atividade: Helcya Mime Ishiy HULSE1 Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) Autores: Rafaeli Fagá DANIEL2.

Resumo

Introdução: o projeto de extensão PRODUTERRA A&V Consultoria Junior é uma ação voluntária que visa levar informações e capacitação à pequenos produtores rurais, localizados nos arredores de Guarapuava-PR, além de enriquecer os conhecimentos teórico-práticos dos acadêmicos dos cursos de ciências agrárias e torná-los mais aptos ao futuro mercado de trabalho. Objetivo:conhecer a realidade e oferecer assistência técnica aos pequenos produtores da agricultura familiar, por meio da ProduTerra A&V Consultoria Junior, buscando o seu desenvolvimento econômico e social, além do desenvolvimento técnico dos alunos, pela aplicação prática de conhecimentos teóricos relativos à área de formação profissional. Metodologia:as atividades desenvolvidas ao longo do projeto foram baseadas no Diagnóstico Rural Participativo (DRP), com realização de atividades técnicas coletivas e individuais, de acordo com a necessidade da comunidade. Processos avaliativos:a realização de reuniões periódicasentre alunos e professoresao longo do projeto permitiram a avaliação das ações que estavam sendo desenvolvidas, possibilitando adequações ao planejamento das atividades subsequentes. Conclusões:projeto proporcionou assistência técnica aos agricultores participantes do projeto, incluindo a sua capacitação nos dias de campo e palestras realizados. Ao aluno permitiu o contato com o mercado de trabalho, mostrou uma pequena parcela da realidade rural, promovendo seu desenvolvimento técnico e também pessoal.

Palavra-chave: extensão rural; diagnóstico rural participativo; empresa júnior.

Introdução

A agricultura familiar constitui a imensa maioria de produtores rurais no Brasil. São cerca de 4,5 milhões de estabelecimentos. O segmento detém 20% das terras e responde por

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Helcya Mime Ishiy Hulse, servidor docente de graduação, Medicina Veterinária. 2

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30% da produção global (PORTUGAL, 2004). Uma das maiores dificuldades dos pequenos agricultores é a assistência técnica, em função do número insuficiente de técnicos. Outro aspecto fundamental para o desenvolvimento rural é a capacitação do produtor.

Em 2007, a partir da iniciativa de alguns alunos de graduação de Medicina Veterinária e Agronomia, deu-se a construção do projeto de extensão PRODUTERRA A&V Consultoria Júnior, com o intuito de fornecer assistência técnica para pequenos produtores. Além disso, o projeto fornece uma experiência prática aos acadêmicos de Agronomia e Medicina Veterinária, que não encontrariam essa oportunidade estando apenas dentro de sala de aula, exercitando assim, o diálogo entre a comunidade e a universidade.

Desta forma, aliam-se neste trabalho a carência de assistência técnica na agricultura familiar com as atividades oferecidas pela ProduTerra A&V Consultoria Junior, procurando atingir um objetivo comum que é o desenvolvimento econômico e social deste pequeno produtor, além do desenvolvimento técnico dos alunos, pela aplicação prática de conhecimentos teóricos relativos à área de formação profissional junto à agricultura familiar. Outro objetivo do trabalho é conhecer a realidade da agricultura familiar.

Metodologia

O projeto foi desenvolvido no Assentamento São Pedro, localizado no distrito Guairacá, município de Guarapuava/PR. Iniciou em abril de 2017 e encerrou em dezembro de 2018. Esta comunidade foi selecionada em parceria com a Coamig (Cooperativa Agropecuária Mista de Guarapuava Ltda), tendo como critérios de escolha produtores participativos, oriundos da agricultura familiar e que tivessem pouco acesso à assistência técnica.

As atividades desenvolvidas ao longo do projeto foram baseadas no Diagnóstico Rural Participativo (DRP), que é uma ferramenta utilizada para que a comunidade faça seu próprio diagnóstico por meio do relato das suas experiências e conhecimentos. O DRP é um conjunto de técnicas e atividades práticas que conduz os envolvidos a detectarem os erros locais para que a partir daí comecem a autogerenciar o planejamento e desenvolvimento futuro, fazendo com que os participantes expliquem seus conceitos e não sejam confrontados com perguntas previamente formuladas, sendo a ideia fazer com que os próprios participantes analisem a

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situação e pautem diferentes formas de melhorias, ou seja, uma auto-reflexão, com a mínima intervenção da equipe que intermedia o DRP (VERDEJO, 2010).

Os produtores interessados no projeto foram 5, mas apenas 4 permaneceram até o final. Os alunos que participaram deste projeto eram do 1o ao 5o ano de medicina veterinária e agronomia, que já tinhamrealizado ou estavam realizando estágio na Unidade Didática de Bovinocultura de Leite da Unicentro (UDBL). Um dos critérios para participar neste projeto foi ter essa experiência prévia na UDBL, pois as propriedades normalmente tinham como atividade principal a bovinocultura de leite. O professores participantes eram do Departamento de Medicina Veterinária da Unicentro, de diferentes áreas (sanidade, reprodução, nutrição, qualidade do leite, parasitologia), compondo uma equipe multidisciplinar. No primeiro ano do projeto, as visitas na comunidade foram a cada duas ou três semanas, de acordo com a disponibilidade de horário dos professores e alunos participantes do projeto. No segundo ano foram mais espaçadas devido à dificuldade no transporte. Ao longo do desenvolvimento do projeto, foram realizadas reuniões semanais/quinzenais dos alunos e mensais com toda a equipe executora (alunos e professores). Estas reuniões tinham o objetivo de discutir e avaliar as ações realizadas, assim como fazer o planejamento das próximas, de acordo com a realidade dos produtores e da comunidade em geral.

Desenvolvimento e processos avaliativos

Na primeira reunião na comunidade em que o projeto foi apresentado, foram utilizadas técnicas de Diagnóstico Rural Participativo (DRP), como a auto-apresentação utilizando a raiz de uma planta; Mapa da Comunidade; e a Matriz de priorização de problemas. O Mapa da Comunidade foi usado para obter informações sobre a organização da comunidade, as condições de vida dos moradores, vias de acesso, localização das propriedades, dos rios e matas, número de lotes, localização da igreja, escola, localização dos resfriadores comunitários, postos de saúde, entre outros. Com esta prática foi observada a comunidade sob a ótica dos próprios moradores. A Matriz de priorização de problemas foi uma ferramenta utilizada para organizar os principais problemas relatados pelos produtores, e colocados em ordem de prioridade segundo os mesmos. Foram relatados baixa produtividade leiteira, excesso de carrapatos nos animais e presença de mastite.

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Em outro momento foi realizado o Calendário Histórico, por meio da entrevista com a moradora mais antiga da comunidade, sendo uma senhora de 91 anos.Segundo o seu relato, as terras, com tamanho total de 72 hectares, foram distribuídas pelo INCRA por meio da Reforma Agrária, à 37 famílias oriundas do sudoeste do Paraná, em 1989. Atualmente restavam 21 famílias das que foram assentadas originalmente. Cada propriedade possuía até 18 hectares e destes, 4,2 hectares destinados a reserva legal.

Passada esta primeira etapa, as propriedades foram visitadas individualmente para conhecimento das mesmas. Além da caminhada por toda área da propriedade, foi realizada entrevista semi-estruturada com os agricultores com objetivo de se fazer um levantamento técnico básico da propriedade. Com as caminhadas, percebeu-se que a principal atividade era a produção leiteira. Foram levantados dados quanto a produção de leite, características do rebanho, sanidade dos animais, áreas disponíveis para pastagens e produção de silagem, características da pastagem, fonte da água, topografia do terreno, entre outros detalhes. Por meio dessas caminhadas pode-se estabelecer comparações entre as diferentes propriedades visitadas. Cada produtor possuía em média 10 vacas em lactação e 1 touro, utilizado para monta natural. Apenas um produtor realizava inseminação artificial, pois possuía curso e material necessário. A produção média diária era de 150 litros de leite, com o sistema de ordenha “balde ao pé”. A maioria possuía resfriador próprio e somente um produtor ainda trabalhava com o resfriador comunitário. Em geral, o solo era bom para cultivo de pastos e alguns produtores sofriam com a umidade do solo, que era elevada devido as várias vertentes de água e sangas. Quanto a sanidade dos animais, a maioriaera vacinada contra brucelose, IBR (rinotraqueite infecciosa bovina), febre aftosa, carbúnculo e raiva, além de serem vermifugados periodicamente. De acordo com o relato dos produtores, havia baixa incidência de mastite nos animais lactantes, apesar de que em algumas propriedades não era realizado nenhum teste para diagnóstico (teste da caneca de fundo preta e CMT (California Mastitis Test)). Porém os produtores tinham cuidado com a higiene tanto do local da ordenha, quanto das vacas lactantes, realizando a limpeza dos tetos antes (pré-dipping) e após (pós- dipping) a ordenha.Outros problemas sanitários encontrados foram: gastroenterites em bezerros, afecções de casco e como principal doença foi relatada a tristeza parasitaria bovina. Um produtor relatou que em sua propriedade os animais não apresentavam essa doença, pois usava a

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Após essa fase de “conhecimento" da comunidade e levantamento técnico, iniciaram as ações técnicas, voltadas para as necessidades das propriedades.

Foram realizadas ações coletivas e individuais, dependendo do tema abordado. Dentre as atividades coletivas, podemos citar: palestra sobre 5s; orientações quanto aos temas controle de verminose e vacinações; III Dia de Campo em Bovinocultura de Leite (2017): este evento foi realizado na propriedade de um dos agricultores participantes do projeto; IV de Campo em Bovinocultura de Leite (2018). Todas as palestras foram ministradas pelos alunos de graduação da medicina veterinária, sob orientação e supervisão de professores. O tema das palestras e estações práticas foram voltados para a necessidade da comunidade.

Dentre as ações individuais podemos citar algumas, tais como: acompanhamento da ordenha e orientação quanto as boas práticas na ordenha; orientação quanto a gestão e ao controle de dados técnicos dos animais; coleta e exame de fezes de todas as categorias de animais das propriedades e orientação quanto ao tratamento anti-parasitário baseado nos resultados.

Ao final do projeto, foi realizada um avaliação por parte dos agricultores, em que relataram como pontos positivos: aprendizado técnico, motivação para continuarem e melhorarem a atividade leiteira, resposta aos questionamentos feitos por eles, relataram ter muita consideração pela equipe que dedicava os sábados para as visitas. Como único ponto negativo foi citada a quantidade menor de visitas em 2018.

Os alunos também realizaram a avaliação do projeto. Podemos citar como pontos positivos: grande aprendizado profissional e pessoal; interação direta com os pequenos produtores, conhecendo a sua realidade, vivenciando a sua rotina prática, podendo ajudá-los, mas também aprender com eles; saber e conseguir passar o conhecimento para o produtor numa linguagem de fácil entendimento; falar em público; transformação pessoal com a experiência vivida, tornando o aluno mais “humano”, com o sentimento de “estar sendo útil” para a sociedade; associar o conteúdo teórico visto em sala de aula com a prática; percepção da importância da assistência técnica; experiência na organização do Dia de Campo. Como pontos negativos foram citados: falta de organização e planejamento das atividades; poucas visitas aos produtores em 2018; falta de comprometimento dos alunos, com pouca participação nas reuniões e nas visitas; pouco diálogo entre os integrantes.

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Cabe destacar que o desenrolar das atividades exercidas apresentou resultados positivos e negativos, entre eles: participação ativa da comunidade na execução do diagnóstico, dias de campo e palestras ministradas ao longo do ano; os acadêmicos envolvidos demonstraram amadurecimento nas relações interpessoais, houve uma melhora significativa na oratória dos mesmos.

Considerações Finais

Por meio das atividades realizadas juntos aos produtores e com a integração na rotina dos mesmos, pode-se concluirque o projeto proporcionou assistênciatécnica aos agricultores participantes do projeto, incluindo a sua capacitação nos dias de campo e palestras realizados. O projeto proporcionou ao aluno o contato com o mercado de trabalho, mostrou uma pequena parcela da realidade rural, promovendo seu desenvolvimento técnico e também pessoal.

Referências

PORTUGAL, A.D. O Desafio da Agricultura Familiar. Brasília: EMBRAPA, 2004.

VERDEJO, M. E. Diagnóstico Rural Participativo: guia prático DRP/ por Miguel Exposito Verdejo, revisão e adequação de Décio Cotrim e Ladjane Ramos. - Brasília: MDA / Secretaria da Agricultura Familiar, 2010.

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