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A emancipação política de São Martinho e as eleições e governo de 2001-2008

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUI

CRISTIELE VERIATO

A EMANCIPAÇÃO POLITICA DE SÃO MARTINHO E AS ELEIÇÕES E GOVERNOS DE 2001-2008

Ijuí (RS) 2010

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CRISTIELE VERIATO

A EMANCIPAÇÃO POLITICA DE SÃO MARTINHO E AS ELEIÇÕES E GOVERNOS DE 2001-2008

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de História do Departamento de Ciências Sociais (DCS), da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito para a obtenção do grau do Título de Licenciada em História.

Orientador: Prof. MSc.Hilário Barbian

Ijuí (RS) 2010

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AGRADECIMENTOS

À minha mãe, que sempre me apoiou nos momentos difíceis.

Aos meus professores, em especial ao Mestre Hilário Barbian, pelo apoio, colaboração e pelo conhecimento.

A todos que, de uma forma ou outra, colaboraram para a produção deste trabalho.

E, a Deus, por mais esta etapa em minha vida.

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LISTA DE ABREVIATURAS

ADP – Aliança Democrática Popular ARENA – Aliança Renovadora Nacional CAE – Conselho de Alimentação Escolar CMD – Conselho Municipal de Desporto CME – Conselho Municipal de Emprego

CRAS – Centro de Referencia da Assistência Social JEM – Jogos Escolares Municipais

MDB – Movimento Democrático Brasileiro

PACS – Programa de Agentes Comunitários de Saúde PAR – Programa de Ações Articuladas

PDT – Partido Democrático Trabalhista PIM – Primeira Infância Melhor

PMDB – Partido do Movimento Democrático Brasileiro PP – Partido Popular

PSF – Programa Saúde da Família PT – Partido dos Trabalhadores PTB – Partido Trabalhista Brasileiro PV – Partido Verde

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 5

1 A EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE SÃO MARTINHO ... 7

1.1 Interesse pela emancipação ... 7

1.2 Quem era quem na emancipação ... 9

1.3 Plebiscito ... 12

1.4 Eleição da primeira administração ... 12

2 ADMINISTRAÇÃO 2001-2004 ... 20

2.1 Processo eleitoral ... 20

2.1.1 Quem era quem ... 20

2.1.2 Programas de governo ... 23

2.1.3 Resultado das eleições ... 25

2.2 Governo municipal ... 27

2.2.1 Educação ... 27

3 ADMINISTRAÇÃO 2005-2008 ... 33

3.1 Processo eleitoral ... 33

3.1.1 Quem era quem ... 33

3.1.2 Programas de governo ... 35

3.1.3 Resultado das eleições ... 38

3.2 Governo Municipal ... 40 3.2.1 Educação ... 40 3.2.2 Saúde ... 44 CONCLUSÃO ... 48 REFERÊNCIAS ... 50 ANEXOS ... 52

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INTRODUÇÃO

“O meu ideal político é a democracia, para que todo o homem seja respeitado como individuo e

nenhum venerado”. (Albert Einstein)

A política é um direito que deve ser exercido por todos. A maioria do povo pensa que a política se resume a votar. Não percebe que a todo o momento, na família, igreja, escola, trabalho e na comunidade, a política está presente nas suas vidas.

A sociedade democrática e pluralista se constitui através do diálogo e da negociação entre as diversas pessoas e os diversos grupos. Existem muitas divergências no modo de pensar e agir das pessoas, e, por isso, existem diferentes projetos políticos, isto é, diferentes concepções sobre o conceito de ser humano, de sociedade, sobre a melhor maneira de viver em sociedade etc. O projeto político passa natural e, consequentemente, a se concretizar em partidos políticos, com suas plataformas filosóficas valorativas e de ação presidencialista.

A participação das pessoas nas decisões políticas é muito importante, pois quanto mais a comunidade participar mais democrática será a comunidade. Do contrário, quanto menor a participação da comunidade, mais autoritário e mais manipulador será o governo.

A monografia objetiva, portanto, discutir essas questões. Trata, no primeiro capítulo, da participação da comunidade local para a criação do município de São Martinho, situado na região Noroeste do Rio Grande do Sul, das forças políticas existentes na época e das pessoas que se destacaram neste confronto político. Também aborda as condições locais, após a emancipação política, e os trabalhos da primeira administração política do município de São Martinho.

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O segundo capítulo apresenta o trabalho político, as campanhas, os projetos de trabalho propostos pela coligação da União Democrática Sãomartinhense (UDS), as realizações nos setores da educação e saúde, como também os resultados da eleição para o Poder Executivo e Legislativo. Ainda, mostra as artimanhas políticas utilizadas pelos candidatos para ocupar o Poder Executivo e o trabalho realizado pela única mulher a ocupar o Poder Executivo no município.

O terceiro capítulo evidencia o trabalho realizado pela coligação contrária da UDS - a Aliança Democrática Popular (ADP) - e mostra o trabalho político durante as campanhas.

Em termos de pesquisa, objetiva-se averiguar os planos de governo na área da saúde e educação e observar os resultados da eleição para prefeito e vereadores, bem como expor as realizações nos setores da saúde e educação, conforme estabelecido no Plano de Governo. Ainda, analisar o governo do mais jovem representante do Poder Executivo que o município já teve.

Como metodologia, foram feitas pesquisas em documentos e realizadas entrevistas com pessoas participantes ou responsáveis pelo processo político do município. A partir desse material e das informações, conta-se a história política do município de São Martinho-RS, que hoje está em seu quadragésimo sexto ano de trabalho político.

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1 A EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DE SÃO MARTINHO

1.1 Interesse pela emancipação

No final da década de 30 do século passado, mais precisamente no ano de 1939, pairava um profundo silêncio sobre as matas e regatos cristalinos do lugar, silêncio este que trazia a esperança de um futuro de progresso e vitórias.

Nessa época, São Martinho era constituído de dois pequenos núcleos: o primeiro, onde hoje é a cidade, constituído de três residências (de Vergílio Bortoli, de Alfredo Pahins e de Artur Rodrigues da Silva). Além disso, de uma capelinha e de uma escola (HISTÓRIA DE SÃO MARTINHO, 1969).

Há uns dois quilômetros desse núcleo, formou-se o segundo, no lugar denominado Zona Wachter, onde existia uma casa de comércio, uma serraria e uma marcenaria. Lentamente, a vida social do local se fazia sentir, com a presença das pessoas em um clube de futebol e um salão de baile, localizado na Zona Wachter.

Outro momento importante nesta época foi a edificação da capela de São Martinho, a qual pertencia à paróquia de Boa Vista do Buricá, onde era pároco o padre Sebastião Rademacker. O sacerdote católico vinha a São Martinho uma vez por mês para rezar missa, atender confissões, realizar casamentos e batizados, dando assim a necessária assistência espiritual aos moradores do local. Com pouca frequência, o padre visitava seus paroquianos devido à distância, percorrida a cavalo, o que não permitia ir muito longe.

Em 1942, São Martinho se preparava para receber a primeira visita do Bispo Diocesano, Dom Antonio Reis, mas, por um motivo imperioso, não pode vir. Em seu lugar, foi enviado o Monsenhor Aquiles, o qual realizou a primeira crisma na capela do local (HISTÓRIA DE SÃO MARTINHO, 1969).

Com o tempo, São Martinho também recebeu uma linha de ônibus, que deveria partir de Ivagaci, passando por São Martinho e com destino à Palmeira das Missões, município sede daquela enorme região. A linha de ônibus partiria nas terças-feiras e, se tudo corresse bem,

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voltaria aos sábados. Com isso, muitas dificuldades seriam vencidas, principalmente pela questão da distância. No caso, os professores, por exemplo, recebiam seus salários em Palmeira das Missões, tendo assim que fechar as escolas, às vezes, por uma semana devido às más condições das estradas e à distância.

O tempo passava e São Martinho continuava recebendo novos colonos, acompanhados de suas famílias, vindas geralmente das colônias velhas em busca de novas terras e novas oportunidades. Aos poucos também começaram a ser edificadas as novas casas nas proximidades da capela, formando-se assim, o distrito de São Martinho e tendo como primeiro vigário o padre Beno Reis, que colaborou muito com o processo de emancipação de São Martinho (HISTÓRIA DE SÃO MARTINHO, 1969).

Por volta de 1963, os ânimos dos moradores se alteraram e iniciou um conflito que teve uma longa duração até seu desfecho final. Nesta época, São Martinho era distrito de Santo Augusto, o qual já havia se emancipado em 1959.

Boa Vista do Buricá, distrito próximo, surpreendeu os moradores de São Martinho com o interesse e os papéis prontos para sua emancipação. No entanto, a divisa deveria passar onde hoje está o cemitério do município, ou seja, praticamente invadindo o distrito e isto jamais o povo de São Martinho aceitou, pois estavam tirando muita terra do seu território e isto prejudicaria a futura emancipação do distrito, já que, naquela época, existia uma lei que dizia que para se emancipar o distrito deveria ter em torno de 280 km2 de área e um número x de moradores. Assim, a invasão de Boa Vista do Buricá prejudicaria o distrito. Em síntese, sob essas condições, não havia emancipação e, por isso, não foi aceito pelos moradores da localidade.

Insatisfeitos com a atitude do distrito vizinho, os moradores de São Martinho se uniram contra Boa Vista do Buricá, lutando para impedir sua emancipação. Buscaram, para isso, ajuda de todos os setores, conseguindo então, apoio de Ivagaci e da população onde hoje está Nova Candelária, a qual queria ser sede do futuro município de Boa Vista do Buricá, mas Boa Vista do Buricá se antecipou. Os moradores de Ivagaci se revoltaram também com Boa Vista do Buricá, pois, algum tempo atrás, haviam retirado deles a paróquia de Ivagaci.1

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Os moradores organizaram um plebiscito contra a emancipação de Boa Vista do Buricá, que contou com o apoio dos moradores de Ivagaci e das redondezas, como também do Padre Beno Reis que, em suas missas, também dava sua palavra de apoio e, assim, conscientizava ainda mais a população quanto ao plebiscito e sua importância para o futuro de São Martinho.

Aconteceu o plebiscito e o distrito de São Martinho derrubou a emancipação de seu vizinho, com 28 votos contra. Foi a maior festa para São Martinho e Ivagaci, que muito se dedicaram nesta campanha contra a emancipação de Boa Vista do Buricá.2 Nesta época, o distrito de Boa Vista do Buricá já estava bem organizado, pois tinha uma agricultura forte, boas condições financeiras e econômicas para se tornar município, enquanto São Martinho continuava mero distrito de Santo Augusto, com poucas condições econômicas e financeiras, ainda sem muito prestígio e força para se emancipar.3

1.2 Quem era quem na emancipação

Acalmados os ânimos, Boa Vista do Buricá refez o seu processo de emancipação e São Martinho se viu obrigado a iniciar o seu processo de emancipação também, apesar do mesmo não estar preparado para isso, segundo afirma Asyr Licks, vereador da primeira administração: “São Martinho não estava maduro, pronto o suficiente para se emancipar”.4 Mas, as circunstâncias fizeram o distrito iniciar o processo: São Martinho se emancipava junto com Boa Vista do Buricá ou permaneceria como distrito pelo resto dos dias, pois ficaria muito difícil para se emancipar mais adiante, principalmente pela área que era exigida para conseguir sua emancipação.5 Assim, os moradores de São Martinho se uniram, formaram uma comissão Pró-Emancipação para lutar, defender e adquirir as condições impostas para se emancipar. Fizeram parte dessa comissão:

2DUTRA, Breno: depoimento [23 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

Embora Breno afirme que teve 28 votos contra, outros afirmam que foram mais votos contra a emancipação de Boa Vista do Buricá.

3LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 4

LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

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Presidente: Geert Lorenz;

Vice-presidente: Jacob Ermindo Hartmann; Segundo Vice-presidente: Otto Alberto Wachter; Secretário: Jacob Werlang;

Primeiro Tesoureiro: Luiz Jose Konzen;

Segundo Tesoureiro: Bráulio Pahins Dornelles;

Conselheiros: Albino Probst, Osório Lopes do Nascimento e Brasil Machado da Rocha;

Conselheiros Suplentes: Breno Dutra, Francisco Petry e Mario Bagetti.

Além dessa Comissão, ainda fizeram parte do movimento emancipacionista o Padre Antonio Michels, Arnoldo Reimann, Erno Pauvels, João Perussato, Eugenio Anton, Holdemar Irber, José Osvaldo de Souza, Arnaldo Tonelotto, Julio Carlos Hammes, Pedro Ervino Thomas, Asyr Jose Licks, Valentin Klein, Artur Rodrigues da Silva e Roberto Irber. Todas essas pessoas eram moradores do distrito e tinham as mais variadas profissões e, de uma forma ou outra, contribuíram para a emancipação de São Martinho (HISTÓRIA DE SÃO MARTINHO, 1969).

Eleita a Comissão e unidos com o propósito de emancipar São Martinho, iniciou novamente a discussão sobre a divisão territorial entre São Martinho e Boa Vista do Buricá, pois o distrito vizinho continuava a insistir na divisa próxima ao cemitério e São Martinho queria a divisão na localidade de Vista Alta, distante mais ou menos uns 6 km do local requerido por Boa Vista do Buricá.6

Para chegar a um acordo entre as duas comissões, houve a interferência do Deputado Arlindo Kunzler, o qual intermediou a situação para se concretizar a emancipação e também a autorização para o plebiscito. A primeira mudança dividiu o território. Foi trocada a divisa de Vista Alta para a localidade de Linha Mineiro. Porém, esta divisão também não funcionou, pois a divisa foi feita por um arroio, e este arroio dividia toda a comunidade de Santo Inácio (Linha Mineiro), a Diocese de Santo Ângelo e Frederico Wesphalen, ou seja, em um mesmo núcleo três divisões bem contrastantes.

6

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A confusão estava feita, porque, segundo seu Asyr Licks, “as pessoas como por exemplo, seu Cassildo Flach moravam do outro lado do arroio enxergando sua Igreja e tinham que crismar seus filhos em Frederico e moravam na Diocese pertencente a Santo Ângelo e isto causou muita confusão”.7

Devido o enorme transtorno causado por esta divisão de dioceses, o Padre Antonio Michells tomou a frente e foi falar com os bispos para tentar organizar e acomodar a situação de forma que ficasse bom para a população, porque, além do processo político, se enfrentava também um processo religioso. Acertado os conflitos, chegou-se a um consenso. A divisa foi estabelecida por uma lomba seca (estrada), a mesma que divide hoje o município de São Martinho e Boa Vista do Buricá. Observa-se ainda que, na maioria das vezes, as divisas são feitas através de outros recursos, como rios, pontes etc., mas, neste caso, ocorreu pela lomba seca.

Para decidir o processo de emancipação, era preciso ainda território suficiente exigido pela lei da época (280 km de área) e, neste caminho já quase finalizado, São Martinho se apossou de uma parte de terras que pertenciam a Humaitá, que abrange hoje a Coxilha Alta, pertencente à Sede Nova. Seguiu se apoderando da localidade do Rincão Reúno, com a divisa também por estrada (hoje pertencente a Campo Novo). Continuou pela Sanga Lorenz até um lote rural, com divisa por estrada, seguindo pelo Lajeado Timbaúva até o Lajeado do Valério e Inhacorá e indo até São Luiz e Linha Mineiro, com divisa por estrada e, do outro lado, Sanga Flora. Esta sanga descia, dividindo o território até o Rio Reúno. Para baixo, ficava a Localidade de Flor da Serra e, para cima, o distrito de São Martinho.8

Outro detalhe mencionado pelos entrevistados é que, primeiramente, se pensava em tornar a localidade de Flor da Serra município sede, porque naquele local existiam mais moradores que em São Martinho, mas, devido à proximidade maior com a vizinha rival (Boa Vista do Buricá), optou-se por trazer a sede para onde está hoje o município.9

7

LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

8LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

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1.3 Plebiscito

Resolvidos os problemas territoriais, chegou o dia do plebiscito para emancipação. A população tinha que votar pelo “SIM” ou pelo “NÃO”. Nesta época, a opinião do Padre era fundamental nas decisões das pessoas, pois confiavam muito no Padre e ele apoiou o plebiscito para a futura emancipação.10 Então, no dia 10 de outubro de 1963, foi realizado o plebiscito, vencido pelo SIM (HERMANN, 1996). Isto mostrou que, apesar do distrito não estar preparado para se emancipar, o povo queria e apoiou a futura emancipação de São Martinho.11

A conquista se tornou real no dia 27 de novembro de 1963, quando o Governador do Estado, Ildo Meneghetti, criou o município de São Martinho por meio da Lei Estadual nº 4618 (HERMANN, 1996).

Passada todas as tensões políticas transcorridas pela pressão de Boa Vista do Buricá quanto ao território, processo emancipatório e vencido o plebiscito, começou um novo caminho, que deveria revelar a primeira administração do novo município e a bancada de vereadores.

1.4 Eleição da primeira administração

Havia chegado o momento de escolher as pessoas que deveriam representar o novo município. Assim sendo, todos os participantes do processo emancipacionista se reuniram para escolher entre si os candidatos para a primeira administração.

O processo de escolha dos candidatos ocorreu pela votação entre as pessoas participantes, obtendo-se como resultado: Para Prefeito, Geert Lorenz; Vice-prefeito, Otto Wachter. Os mesmos só aceitaram ser candidatos com a condição de existir uma única chapa.12

10

SILVA, Laudelino Rodrigues da: depoimento [14 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

11LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 12LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

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Já os candidatos a vereadores fizeram campanha, percorrendo a região onde residiam, levavam para o povo uma cédula ou santinho com o nome do candidato e os mesmos poderiam votar com esta cédula. A campanha era feita sem grandes promessas e sem troca de favores, pois objetivavam trabalhar para o bem da comunidade. Foram eleitos 7 candidatos nesta administração e cada um tinha um suplente. Conforme a lei e os costumes da época, os vereadores não recebiam salário, trabalhavam de graça para o bem da comunidade. Somente os candidatos Cassildo Flach, Jose Ervino Dobler e Osório Lopes do Nascimento recebiam uma pequena ajuda para pagar a gasolina pelo fato de residirem no interior.13

Interessante é o fato de que as mulheres não participaram das reuniões e de todo esse processo político emancipacionista da época. Este foi um lugar ocupado somente por homens. Eram eles que decidiam tudo e, na maioria das vezes, elas nem ficavam sabendo dos acontecimentos.14

O que chama atenção também é que a população de São Martinho era constituída, nesta época, por aproximadamente 95% de católicos. E, nesta chapa proposta, não havia nenhum candidato católico. Os dois eram evangélicos, o que deixou a população católica um pouco intrigada, mas novamente o Padre colaborou, afirmando que o importante não era a religião, e sim a questão política, já que os dois candidatos eram bem vistos na sociedade e teriam condições para assumir o novo município.

Organizado e escolhidos os candidatos, chegou o momento de as pessoas votarem pelo “Sim” ou pelo “Não” para prefeito, ou seja, aprovar ou não os candidatos e, para vereador, cada pessoa votava em quem achava suficientemente capaz para representar a população na Câmara. A votação ocorreu no dia 08 de março de 1964, obtendo um total de 1378 votos válidos. A junta apuradora incluiu nestes 1378 os votos em branco.15

A primeira Administração Municipal de São Martinho ficou assim composta:

Prefeito: Geert Lorenz, da Arena; Vice-prefeito: Otto Wachter, do MDB.

13SILVA, Laudelino Rodrigues da: depoimento [14 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 14

LORENZ, Eliana: depoimento [21 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

15LORENZ, Eliana: depoimento [21 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

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Para vereadores, representando o partido da Arena: Julio Carlos Hammes, Asyr José Licks, Cassildo João Flach, Jose Ervino Dobler e Silvio Schawb, e, representando o partido do MDB: Laudelino Rodrigues da Silva e Osório Lopes do Nascimento (HISTÓRIA DE SÃO MARTINHO, 1969).

A primeira administração foi eleita para trabalhar e governar durante 4 anos, mas uma Lei Federal mudou o pleito administrativo para quase 5 anos, com o objetivo de fechar os períodos eleitorais em todo o país, ou seja, a cada 2 anos teria eleições para as administrações municipais ou para a administração estadual e federal. Este sistema eleitoral ainda predomina.16

“A primeira administração tomou posse às 18h, do dia 30 de março de 1964” (HERMANN, 1996, p. 11). Uma grande festa foi realizada no salão paroquial, onde estava presente a maioria do povo Sãomartinhense e também os candidatos eleitos. Prefeito, vice e vereadores fizeram seu juramento perante o juiz vindo de Criciumal, prometendo trabalhar com honestidade e seriedade.17

Passadas as comemorações da posse, iniciaram os trabalhos para organizar o município de São Martinho, pois não se tinha nada, nem sede, nem carros, nem equipamentos e nem mesmo um plano de governo. São Martinho havia sido distrito de Santo Augusto por um período de quatro anos e os mesmos nunca haviam investido no distrito, o que dificultou ainda mais o início dos trabalhos. Era uma pobreza total em infraestrutura.18

A primeira sede municipal foi instalada numa casa de madeira cedida por Arnoldo Reimann (onde hoje funciona uma casa de comércio da família Reimann). Ali começou a ser pensado e realizado os primeiros trabalhos para o desenvolvimento do novo município, juntamente com os vereadores eleitos.19

16

LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

17SILVA, Laudelino Rodrigues da: depoimento [14 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 18LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

19

LORENZ, Eliana: depoimento [21 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

Embora Ellina afirma que a primeira prefeitura foi na casa cedida pelo Arnoldo Reimann, outros afirmam ter sido junto ao registro civil de Eugenio Anton.

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O período inicial dos trabalhos foi muito difícil, até porque São Martinho não tinha a maturidade suficiente para ser município. O descaso de Santo Augusto com o seu antigo distrito também muito prejudicou o início da caminhada.

O vereador Laudelino Rodrigues da Silva relatou um pouco como foi o primeiro dia de trabalho após a posse:

[...] No outro dia após a posse nós tivemos a primeira reunião com o prefeito, vice, vereadores e quem quisesse participar nessa casa de madeira onde foi a prefeitura, ai o prefeito Geert disse que nós não tinha nada nem sequer as cadeiras eram nossas, mas como prefeito ele doou a primeira caneta para prefeitura para nós ter como escrever [...].20

Segundo Ellina Lorenz, no início do mandato o Padre Antonio Michells realizou uma festa na comunidade para arrecadar fundos e comprar materiais e móveis necessários à prefeitura. Mas, a nova administração mostrou coragem e começou bem a caminhada. Inicialmente, o carro oficial usado foi o próprio carro do prefeito, um Ford 48, o qual cedeu à prefeitura por um período aproximado de três anos até que se conseguiu dinheiro para comprar uma Aéro-wilis.21

Em relação aos materiais para obras, muitos foram conseguidos com o descaso do município de Três Passos, que havia colocado capatazes (pessoas nomeadas para comandar as obras) nos interiores da região para a construção de estradas. Muito dos materiais foram abandonados em muitos lugares. Ciente da situação, procurou-se essas pessoas e nomeou-se novamente como capatazes para aproveitar o material abandonado (picaretas, enxadas, foices, pás) e, dessa forma, utilizou-se na construção e melhoramento das estradas do município.22

Nos primeiros meses de mandato, foi comprado o primeiro caminhão-caçamba para auxiliar nos trabalhos, principalmente na construção de estradas, no tapamento de buracos, na construção de pontes e de bueiros. Enfim, se diz que onde hoje é a avenida principal do município, existiam buracos enormes, tanto que se uma pessoa caísse poderia até morrer. Com estas declarações, percebe-se mais claramente a situação precária e desoladora da

20

SILVA, Laudelino Rodrigues da: depoimento [14 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

21LORENZ, Eliana: depoimento [21 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 22LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

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situação do município no início dos trabalhos. Mais tarde, foram sendo comprados também o primeiro carregador, outro caminhão caçamba.23

O maior bem adquirido, no segundo ano de mandato e recebido com grande festa no município, foi a primeira patrola, a qual veio rodando de Porto Alegre a São Martinho. O prefeito arrecadou dinheiro com o pagamento de impostos, contratou um patroleiro e foi à capital comprar a patrola, e de lá vieram rodando. Segundo Ellina, esposa do prefeito Geert Lorenz,

A aquisição desta patrola gerou uma grande comemoração, algumas pessoas ficaram esperando a dupla no trevo da Esquina Boa Vista e atacavam todos os carros que passavam no local perguntando se não tinham encontrado uma patrola no caminho, através destas informações se calculava onde eles estavam e que horas chegariam em São Martinho. Quando já estavam quase chegando o seu Asyr Licks me levou de lambreta ate o trevo para encontrar meu marido, ele estava todo queimado do sol. Fomos almoçar as 4 horas da tarde, foi uma festa muito linda, todos estavam contentes. Este almoço também foi feito para arrecadar fundos para a prefeitura [...].24

Secretarias não existiam. Tudo foi sendo trabalhado e feito aos poucos. Na área da saúde já existia o hospital e um médico, o Dr. Arnaldo Tonelotto, que atendia a população com a ajuda da irmã, Mercedes Tonelotto, parteira. Um fato marcante ocorrido neste período foi a campanha de vacinação em crianças. São Martinho foi o único município a atingir 100% das crianças vacinadas contra a poliomielite. Nesta luta, o Dr. Arnaldo Tonelotto e o senhor Asyr Licks buscaram as crianças nas casas e escolas.25 Já na educação também foi complicado, pois não se tinha professor. Qualquer pessoa que tinha um pouco mais de estudo era convidado a ser mestre. Naquela época, poucos tinham o segundo grau ou o curso normal superior.26

Nos meses de janeiro e fevereiro, os professores se encontravam para estudar e entregar aos mestres os planos de trabalho de cada série para ser trabalhado de março até dezembro. Os professores que, na maioria, mal sabiam ler e escrever, tinham que se virar para atender os alunos. Na época, tinha aproximadamente 36 professores.

23SILVA, Laudelino Rodrigues da: depoimento [14 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 24

LORENZ, Eliana: depoimento [21 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

25LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 26LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

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Se comparar este período (1964 a 1969) com o atual, verifica-se um grande retrocesso na educação. Segundo Asyr Licks, em 1964, eram 18 escolas no município divididas em: uma particular, três estaduais rurais, seis escolas do CEDEP e oito municipais, com um total aproximado de 1335 alunos, onde cada localidade tinha sua escola. O professor recebia, na época, em torno de um salário mínimo. Hoje existem apenas quatro escolas no município em funcionamento: duas estaduais e duas municipais, com mais ou menos 900 e poucos alunos, contando todas as escolas. Esse retrocesso e fechamento de tantas escolas aconteceu pelo fato de as famílias terem menos filhos em relação à época (1964). Outro fato é o grande êxodo das famílias do interior para a cidade em busca de melhores condições de vida.

Grande parte dessas 18 escolas eram de madeira e, no final do mandato da primeira administração, conseguiu-se uma verba com um Deputado Federal (PRP) para equipar todas as escolas com classe, cadeiras, armários, enfim, ainda sobrou muitos móveis que foram utilizados na prefeitura até pouco tempo atrás. Além da verba para os móveis, também foi conseguida verba para iniciar a construção das escolas em alvenaria. O critério utilizado para fazer as escolas foi, principalmente, as más condições das escolas e a quantidade de alunos. Quando terminava uma escola, vinha verba para iniciar a construção de outra, sendo que o trabalho foi finalizado nas administrações seguintes.27

O prefeito Geert Lorenz contratou o engenheiro Ricardo Schmidt, de Ijuí-RS, que fez a planta para a construção da nova sede municipal. No final do seu mandato, iniciou o alicerce, sendo as obras finalizadas nas administrações seguintes. Esta construção é a atual prefeitura do município. Também iniciaram os calçamentos no município. O prefeito Geert conseguiu concluir o calçamento na avenida principal. Foram construídas redes de eletrificação em algumas localidades do município.28

A equipe de trabalho da prefeitura foi composta aos poucos. Não se tinha muitos recursos para pagar funcionários. O prefeito foi a Ijuí para contratar uma pessoa que entendesse um pouco de contabilidade para cuidar e ser responsável pelas finanças da prefeitura. Outro detalhe mencionado pela esposa do prefeito, Ellina Lorenz, é que este contabilista, Alécio Tamiozzo, ganhava muito mais que o prefeito (em torno 120.00

27LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 28LORENZ, Eliana: depoimento [21 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

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cruzeiros), enquanto o prefeito recebia 100.00 cruzeiros. Trabalhava por amor à comunidade.29

Quanto à Câmara de Vereadores, inicialmente foi instalada na prefeitura, uma casa de madeira cedida pela família Reimann. Há relato que depois de algum tempo a Câmara mudou-se para o antigo salão paroquial.

O trabalho dos vereadores não era muito diferente dos dias de hoje. Eles tinham o compromisso de acompanhar, visitar a zona rural para verificar as condições das estradas, bueiros, pontes, saber das dificuldades dos moradores de cada localidade. Feitas as visitas, os vereadores se reuniam na câmara, uma ou duas vezes por mês, conforme as necessidades, para discutir e procurar solução para os problemas.30

Como esta era a primeira equipe de vereadores do município, eles também tiveram que iniciar muitos trabalhos. Um exemplo é a questão das leis. Durante a primeira administração, foram criadas aproximadamente 134 a 136 leis para o novo município. As leis foram copiadas do município de Santo Augusto e adaptadas à realidade do município de São Martinho. Foram criadas muitas leis para diversos fins.31

Durante o período da primeira administração, pouquíssimas pessoas tinham veículo na cidade. Era grande o número de pessoas que possuíam jardineiras e, como o município era novo e sem grandes recursos, os vereadores criaram uma lei que estabelecia a cobrança de impostos das jardineiras, e o valor cobrado era de 1000 cruzeiros por ano, divididos em 5 vezes de 250. Os donos das jardineiras se negaram a pagar tal imposto. Os vereadores tiveram, então, que revogar a lei.32

Segundo alguns relatos, esta administração foi a primeira e a única a trabalhar em conjunto. Não se tinha rivalidade política, trabalhavam unidos e pensando no bem de todos.

29LORENZ, Eliana: depoimento [21 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 30

SILVA, Laudelino Rodrigues da: depoimento [14 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

31LICKS, Asyr: depoimento [30 jul. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

(20)

O prefeito Geert Lorenz tomou posse no dia 30 de março de 1964, permanecendo no poder até 31 de janeiro de 1969. Foi também o prefeito mais jovem de toda a região. Tinha apenas 42 anos e isto, naquele tempo, era muito raro, pois sempre se elegiam prefeitos com mais idade.33

(21)

2 ADMINISTRAÇÃO 2001-2004

2.1 Processo eleitoral

2.1.1 Quem era quem

São Martinho, hoje, com seus 46 anos de emancipação política e administrativa, está em seu 11º governo político-administrativo. Em toda a sua história política somente uma mulher ocupou a sede do Poder Executivo por dois períodos consecutivos. O restante dos mandatos foi ocupado por homens.

Passados 36 anos após a emancipação política e administrativa do município de São Martinho, chega-se ao 9º governo.

Aproximando-se o período eleitoral, era o momento de escolher os candidatos para concorrerem à eleição. Cada partido se organizou, escolhendo os seus candidatos. Em alguns casos, houve até mais de um candidato por partido, como no caso do PDT, que teve dois candidatos concorrendo à vaga para Vice-prefeito. Durante a convenção realizada pelo partido, os presentes puderam votar entre os candidatos Leandro Rodrigues da Silva e Altino Wailler.34

No município já é uma tradição a união de certos partidos, no caso, PMDB e PDT contra PP e PTB. Foram estes os partidos que concorreram à eleição.

Realizadas as convenções dos partidos e decididos os candidatos para concorrerem à eleição, ficou assim composto o quadro das coligações e seus candidatos:

Pela União Democrática Sãomartinhense (UDS): PMDB + PDT + PV: Candidata a Prefeita: Araci Zélia Colling Irber - PMDB;

Candidato a Vice-prefeito: Leandro Rodrigues da Silva - PDT;

34SILVA, Leandro Rodrigues da: depoimento [15 set. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

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Pela Aliança Democrática Popular (ADP): PP + PTB: Candidato a Prefeito: João Clemente Reimann - PP; Candidata a Vice-prefeita: Elaine Classmann - PTB.35

Após escolhidos os candidatos, era preciso buscar votos. No caso dos candidatos da coligação PMDB + PDT + PV, a candidata à prefeita já estava assumindo o cargo. Assim, quase não pode acompanhar o seu Vice, Leandro Rodrigues da Silva, nas campanhas, porque não conseguiu autorização da Câmara de Vereadores para licenciar-se durante o período eleitoral36.

Segundo a prefeita Araci Irber, esta campanha já estava melhor estruturada do que a sua primeira campanha, até porque, não precisou correr tanto atrás de candidatos a vereadores e ativistas. “Eles vieram aparecendo mais espontaneamente, porque já conheciam o trabalho da primeira administração 1997-2000”, afirma Araci Irber.37

A campanha política era feita de casa em casa no interior e na cidade, distribuindo santinhos, apresentando os planos de governo, conversando diretamente com os eleitores e ouvindo sugestões, reclamações. Enfim, tudo aquilo que se faz durante uma campanha política.38

Segundo Leandro Rodrigues da Silva, a população recebia os candidatos de uma forma bem educada, ouviam as propostas e, em alguns casos, se percebia também uma certa negação, um desconforto, principalmente em casa de pessoas fanaticamente contrárias ao partido.39

A candidata Araci Irber destaca alguns detalhes que marcaram sua campanha política:

Mesmo eu sendo mulher, tem lugares que a mulher não vem conversar sobre política. Quando a mulher e os filhos vêm e sentam, a gente sente que está sendo bem recebida e vai conseguir o apoio deles, é uma coisa espontânea. E quando um

35IRBER, Araci: depoimento [31 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 36

IRBER, Araci: depoimento [31 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

37IRBER, Araci: depoimento [31 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato 38IRBER, Araci: depoimento [31 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

SILVA, Leandro Rodrigues da: depoimento [15 set. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

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chega e outro fica meio sem saber se vem conversar ou não, é sinal que a coisa não tá bem [...].40

Outro detalhe mencionado pela candidata é a necessidade que as pessoas têm de conversar, de falar das suas vidas, dos seus problemas, tornando necessária a permanência do candidato na casa das famílias no mínimo 1 hora, mas isto não era possível, porque a meta era visitar cerca de 30 a 35 famílias por dia.

Com as visitas domiciliares, tanto no interior como na cidade, se conhece as pessoas, suas necessidades e suas carências. Isso faz com que, quando a pessoa venha conversar com o prefeito, já tenha em mente como são as condições da família, quem são os membros, qual seria a melhor forma de ajudá-los.41

Outra forma usada para fazer campanha eram os comícios feitos no interior e na cidade. A coligação tinha à disposição um ônibus que, além de percorrer as ruas divulgando os candidatos, ainda servia como transporte para conduzir os eleitores ou simpatizantes dos candidatos para os comícios.

A cada noite era realizado um comício num lugar, numa localidade diferente, onde se fazia a apresentação dos candidatos a prefeito e vice e mais a apresentação dos candidatos a vereadores. Durante o comício, se fazia a explanação dos planos de governo e cada vereador colocava à população as suas propostas de trabalho. Assim funcionaram as campanhas até seu último momento.42

Segundo Leandro da Silva, “o trabalho eleitoral é muito desgastante, porque se deixa para trás a família e muito mais. A vida gira em torno da campanha, não se dorme, não se come direito, a vida é uma correria”.43

Além do trabalho eleitoral da coligação UDS, ainda contou com o apoio dos eleitores filiados ao PT. O partido do PT não estava coligado a UDS, mas prestou apoio e fez campanha para a coligação, auxiliando muito no trabalho de busca de votos.44

40

IRBER, Araci: depoimento [31 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

41IRBER, Araci: depoimento [31 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

42SILVA, Leandro Rodrigues da: depoimento [15 set. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 43SILVA, Leandro Rodrigues da: depoimento [15 set. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 44IRBER, Araci: depoimento [31 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

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Destaque também para o trabalho e o apoio dos chefes de partido. No caso do PMDB, Roque Unser, do PV, Tarcisio Hartmann e, em especial ao do PDT, Altino Wailler, que apesar de não ter obtido os votos suficientes na convenção para ser vice da prefeita Araci, muito se empenhou e ajudou no trabalho eleitoral como chefe do partido do PDT.45

A prefeita Araci destaca a empolgação dos eleitores durante o período político:

[...] Quando se está no poder o desgaste é maior, porque você pode ter atendido a pessoa dez vezes e se uma vez deixou de atender ou então não conseguiu satisfazer o desejo dela de uma forma ou de outra, acaba se criando uma certa degradação . Essa pessoa pode ate votar em você, mas acaba se retraindo não se empolgando e acompanhando tanto a campanha [...].46

2.1.2 Programas de governo

Os programas de governo a serem destacados são na área da saúde e da educação, sendo estas as principais áreas a serem trabalhadas dentro de qualquer administração pública. As mesmas possuem um valor e um referencial humano muito grande para a formação intelectual do sujeito e para o bem-estar social da comunidade.

Os programas de governo foram sendo criados aos poucos. Não estavam totalmente prontos quando iniciaram as campanhas políticas.47

É importante salientar que a elaboração deste plano de governo se deu com base no trabalho já realizado pela administração 1997-2000. A intenção era continuar o trabalho que já vinha sendo feito até o presente momento e melhorá-lo.

Plano de governo na área da educação (Administração 2001-2004):

• Ampliar o investimento nas escolas;

• Adquirir material didático-pedagógico, livros e material de laboratório;

• Destinar recursos para universitários, creche e Apae;

• Investir em cursos, teatros e passeios culturais com as crianças;

45SILVA, Leandro Rodrigues da: depoimento [15 set. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato. 46

IRBER, Araci: depoimento [31 ago. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

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• Continuar o processo de informatização das escolas;

• Uniformizar todos os alunos da rede municipal;

• Construir uma proposta político-pedagógica na rede municipal de ensino;

• Continuar o funcionamento da merenda escolar, dando prioridade aos produtos da agricultura local;

• Continuar o transporte escolar gratuito e melhorar a frota de veículos;

• Investir na ampliação da estrutura do centro profissionalizante;

• Ampliar um sistema de estágios e desenvolvimento de projetos em parceria com universitários;

• Ampliar as atribuições do CMD (está relacionado à questão do esporte), transformando-o em secretaria;

• Apoiar continuamente as manifestações culturais;

• Promover a atualização e aperfeiçoamento de professores e funcionários de escolas (INFORMATIVO UDS..., 2000).

Enfim, continuar atendendo as crianças e estudantes, incentivando-os a cultura e esporte.

“A educação, no governo Araci sempre terá atenção especial”, conforme documento informativo usado na campanha eleitoral (INFORMATIVO UDS..., 2000).

Plano de governo na área da saúde (Administração 2001-2004):

• Desenvolver o Programa Saúde da Família – PSF;

• Instalar laboratório de análises clínicas;

• Desenvolver campanhas educativas em Saúde Comunitária, planejamento familiar e de prevenção do alcoolismo, drogas, fumo, doenças sexualmente transmissíveis – DST;

• Adequar o quadro dos profissionais da Saúde, conforme a necessidade;

• Desenvolver programa para atender os portadores de deficiência física e neurológica;

• Dar continuidade ao processo de informatização da secretaria;

(26)

• Criar programa de apoio à criança, adolescente e idoso;

• Auxiliar a Sociedade Cultural São Gregório a melhorar e aumentar a oferta de serviços para a população (INFORMATIVO UDS..., 2000).

E, continuar a desenvolver todas as atividades e ações que visem à melhoria das condições de saúde da população de São Martinho (INFORMATIVO UDS..., 2000).

As propostas foram sendo adaptadas conforme as necessidades.

2.1.3 Resultado das eleições

Encerrado o período da campanha eleitoral, chegou o dia da eleição, onde o povo foi às urnas decidir, escolher aqueles que deveriam governar o município pelos próximos quatro anos. Cada cidadão tem o direito e o dever de escolher quem melhor está preparado para representá-lo no poder, para assim, trabalhar para o bem-estar geral da comunidade e não em prol dos seus próprios anseios, como é comum acontecer.

As eleições municipais aconteceram no dia 01 de outubro de 2000. O dia foi de enorme expectativa para os candidatos, pois, neste dia, sairia os novos representantes dos Poderes Executivo e Legislativo. No município, não existe segundo turno, sendo o pleito decidido no primeiro turno, obedecendo à legislação eleitoral.

Passadas mais ou menos uma hora e meia após o término da eleição, já se sabia quem eram os novos representantes do Poder Executivo.

Para representar o Poder Executivo, a vitória foi conquistada pela coligação da UDS – PMDB + PDT + PV: para Prefeita foi eleita Araci Zélia Colling Irber (PMDB) e para Vice-prefeito Leandro Rodrigues da Silva (PDT).

A chapa foi eleita com 51,82% dos votos válidos48, somando um total de 2.245 votos, enquanto a chapa da ADP (João Clemente Reimann e Elaine Classmann) recebeu um total de

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48,17% dos votos, somando um total de 2087 votos (CONSULTA RESULTADOS ELEITORAIS, 2000).A diferença de votos entre as duas chapas foi de 158 votos.49

Para conhecer os novos representantes do Poder Legislativo, a demora foi um pouco maior, mas se conheceu os novos vereadores na mesma noite. Concorriam pela coligação da UDS 16 candidatos, incluindo um candidato do PV e dois candidatos do PT. Pela coligação da ADP, concorreram 12 candidatos e o legislativo ficou assim composto:

Vereadores representantes da coligação da UDS:

Arnaldo da Silva - PDT- 350 votos; Clarice Unser - PMDB - 246 votos; Irineu Kiesel – PMDB - 226 votos; Mario Traesel – PMDB - 224 votos;

Marcos Justen - PV- 218 votos (CONSULTA RESULTADOS ELEITORAIS, 2000).

Vereadores representantes da coligação da ADP (PPB + PTB):

Adelino Atuatti – PP - 375 votos; Gelson Knorts - PP - 341 votos; Altemir Luft - PTB - 215 votos;

Ari Luis Hartmann – PP - 194 votos (CONSULTA RESULTADOS ELEITORAIS, 2000).

Nesta eleição, havia 4.625 eleitores aptos a votar. No caso das eleições para o Poder Executivo, houve um total de 163 votos de abstenção, 34 votos em branco e 96 votos nulos, totalizando 4.332 votos validos.

Para o Poder Legislativo, o eleitorado apto a votar era de 4.625 pessoas. A abstenção foi de 163 votos, 30 votos em branco e 44 nulos, totalizando 4.388 votos válidos (CONSULTA RESULTADOS ELEITORAIS, 2000).

(28)

Formado o novo corpo administrativo do município de São Martinho para os próximos quatro anos, sendo eleito neste pleito o novo presidente da Câmara de Vereadores, Adelino Atuatti, que atingiu o número maior de votos de todos os eleitos.

Para o melhor desempenho dos trabalhos, a coligação da UDS conseguiu a maioria dos votos na Câmara de Vereadores, facilitando o desenvolvimento dos trabalhos. Com a maioria dos vereadores, a aprovação dos projetos propostos pela coligação eram quase que garantidos, o que facilitou o desenvolvimento dos trabalhos pela prefeita.50

2.2 Governo municipal

2.2.1 Educação

As propostas para a educação sugeridas pelos candidatos da UDS praticamente foram cumpridas. Talvez tenham sidos deixadas para trás algumas propostas, mas isto é normal. Também pode-se perceber que outros objetivos foram cumpridos, mesmo não estando presente no plano de governo.

As ações abaixo descritas objetivaram a melhoria da qualidade de ensino e a valorização dos profissionais envolvidos nesta área, como: professores, funcionários e motoristas.

[...] Tem-se a consciência de que poderia ter sido feito mais, mas os obstáculos alheios à nossa vontade nos impediram de tais realizações e mesmo assim nunca deixamos de nos empenhar e dedicar buscando o apoio da comunidade escolar, entidades, órgãos públicos como também o publico geral[...], afirma uma reportagem publicada no jornal A Terra. (JORNAL A TERRA, 2004, p. 7).

Melhorias no espaço físico

• Reforma e pinturas dos prédios;

• Identificação de todas as escolas municipais;

• Adaptação dos banheiros para a Educação Infantil;

• Construção de galpões crioulos;

50

(29)

• Ampliação e reformas nas pracinhas de brinquedos das escolas municipais rurais;

• Aquisição de uma ampla praça de brinquedos e casinhas instaladas na Escola Municipal Pr. Antonio Michels;

• Reforma e pintura do centro profissionalizante (JORNAL A TERRA, 2004).

Aquisição de material permanente

• Laboratório de Informática, com 16 microcomputadores ligados em rede e conectados na internet 24horas, com acesso gratuito para funcionários, professores e alunos;

Laboratório móvel de ciências;

• Aquisição de equipamentos audiovisuais, como: TV, vídeo, aparelhos de som, retro projetor, data show, computadores novos, fone-fax, telefone sem fio, scanner, máquina fotográfica digital, máquina xerográfica, aparelho de som com amplificador e microfone sem fio e antena parabólica;

• Aquisição de mesas de refeitório e mobílias para salas de aula, sala dos professores, secretarias de escola, direção, biblioteca e secretaria de educação;

• Instalação de linhas telefônicas para a escola Municipal Pr. Antonio Michels e Secretaria de Educação;

• Aquisição de uma Kombi nova para o transporte escolar;

• Aquisição de bebedouros de água;

• Aquisição de material didático-pedagógico, como: enciclopédias, coleções de livros para leitura, pesquisa, informação e suporte pedagógico para professores;

• Assinatura de jornais, revistas e outros periódicos;

• Aquisição de jogos e brinquedos educativos, videoteca, CDTECA, atlas geográficos e mapas atualizados do município;

• Implantação da biblioteca volante para as escolas municipais do meio rural;

• Ampliação do acervo bibliográfico para professores;

• Qualificação dos profissionais envolvidos com educação, promovendo:

1. Curso de capacitação para os motoristas do transporte coletivo;

2. Cursos de aperfeiçoamento e encontros com merendeiras e domésticas da rede municipal;

(30)

3. Palestras para alunos e professores;

4. Curso de secretariado para equipe técnica da SMEC;

5. Participação em cursos, congressos e seminários para professores da educação infantil, séries iniciais e séries finais do Ensino Fundamental;

6. Disponibilidade de horário para planejamento por área de conhecimento e por série, incluídos na carga horária dos professores;

7. Criação e implementação das oficinas pedagógicas para alunos da Educação Infantil e Séries Iniciais de toda a rede municipal de ensino, como: oficina de informática, artes, recreação e hora do conto;

8. Realização de concursos para professores na área 2 e especialistas em educação;

9. Implementação do Programa Alfabetiza Rio Grande, em parceria com o governo do Estado e Lions Clube, objetivando a alfabetização de jovens e adultos (JORNAL A TERRA, 2004).

Eventos realizados em parceria com as escolas e Secretaria Municipal de Educação

• Desfile alusivo à semana da Pátria;

Atividades de integração entre escolas;

Projeto Garabi-Itá;

Semana de valorização da vida;

Viagens de estudo;

Noite do pijama;

Passeio ao zoológico e piscina;

Semana da criança com brinquedos do SESC;

Confraternizações com professores, funcionários e motoristas;

Celebração de ação de graças no encerramento dos anos letivos;

(31)

Eventos realizados em parceria com outras entidades

• Participação nos jogos sol a sol;

• Escolha das rainhas e princesas do município;

• Semana do município;

• Semana farroupilha;

• Semana do homem;

• Dia Internacional da Mulher;

• KERBFEST;

• Curso de aperfeiçoamento de pessoal;

• Apoio e incentivo ao grupo de dança “25 de Julho” da etnia alemã;

• Transporte escolar gratuito a todos os alunos do meio rural, das redes municipal e estadual, transportando em média, por dia, 750 alunos, rodando com 11 veículos aproximadamente 1300 km/dia, cujo transporte acontecia no início e final da manhã e início e final da tarde e, ainda, à noite (JORNAL A TERRA, 2004).

Criação da banda Marcial Municipal Erno Pauvels

• A banda está composta por crianças, jovens e adultos, totalizando 42 componentes, a qual conduziu o desfile da Semana da Pátria de 2004 e representou o município em encontros de Bandas nos municípios vizinhos (JORNAL A TERRA, 2004).

Reorganização do acervo do museu

• O acervo do museu foi reorganizado no centro profissionalizante com o lema: “Preservar é dar um novo sentido, uma nova função a um bem cultural”, objetivando preservar as origens históricas do povo, que conta com documentos, fotografias, cédulas, moedas, livros, utensílios domésticos, peças de montaria, instrumentos de trabalho, artesanato etc. (JORNAL A TERRA, 2004).

(32)

Centro Profissionalizante

• Objetivos: desenvolver as habilidades, aptidões e despertar a sensibilidade, criatividade, percepção, sociabilização, a fim de conquistar novos espaços, promovendo a cultura do município, bem como desenvolver o artesanato, promovendo a retomada dos valores artísticos manuais, musicais e culturais;

• Capacitação de pessoas para o mundo do trabalho; Cursos desenvolvidos no Centro Profissionalizante:

1. Música (violão, bateria, pistão e teclado); 2. Corte e costura; 3. Crochê; 4. Culinária; 5. Fuxico; 6. Bijuteria; 7. Tricô; 8. Marcenaria;

9. Pinturas em tecidos, madeiras e vidros; 10. Macramê;

11. Reaproveitamento de embalagens; 12. Derivados do leite;

13. Empregada doméstica;

14. Processamento de frutas e hortaliças (JORNAL A TERRA, 2004).

Participaram desses cursos mais de 200 pessoas, entre elas, alunos das redes públicas, municipal e estadual, e pessoas da comunidade local (JORNAL A TERRA, 2004).

As atividades do Centro Profissionalizante aconteceram em forma de parceria, envolvendo Prefeitura Municipal, Secretaria Municipal de Educação, Escola de Educação Básica São Martinho, Escola Municipal Pr. Antonio Michels, Emater, Sindicato Rural e Senar (JORNAL A TERRA, 2004).

Também funcionam junto ao Centro, o Conselho de Alimentação Escolar (CAE), o Conselho Municipal de Desportos, Conselho Tutelar (CMD), o Conselho Municipal de Emprego (CME), o Museu e um Auditório para realização de diversos eventos dos vários

(33)

segmentos sociais do município, como: Emater, Sindicatos, Professores e Grupos de pessoas orientadas pela Secretaria de Saúde e uma sala ocupada pelos Agentes Municipais de Saúde(JORNAL A TERRA, 2004).

Além dos cursos, aconteceram melhorias no espaço físico, como a pintura do prédio e, ainda, foi dado nome ao centro, denominado “Centro de Multiuso Professor Cincinato Maeiron” (JORNAL A TERRA, 2004).

Atualmente estão matriculados, na rede municipal de ensino, 622 alunos, os quais são atendidos por 40 professores, 2 especialistas em educação, 2 monitoras, 1 técnico em informática, 8 domésticas, 11 motoristas, 1 bibliotecária e 1 secretária de escola (JORNAL A TERRA, 2004) (JORNAL A TERRA, 2004).

A variável da saúde não está aqui descrita por não ter encontrado dados nos documentos e nas entrevistas orais.51

51 A variável saúde da administração de Araci Irber acabou ficando sem dados em virtude do secretario de saúde

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3 ADMINISTRAÇÃO 2005-2008

3.1 Processo eleitoral

3.1.1 Quem era quem

Chegou ao fim mais um governo. Os partidos e candidatos se organizaram novamente para mais um pleito eleitoral. A disputa mais uma vez foi recheada de novidades. Pela primeira vez na história política de São Martinho, três candidatos concorrem ao Poder Executivo.

Cada partido/coligação se organizou para lançar os seus candidatos, e, a partir daí, começaram as campanhas políticas no município.

As coligações formadas foram as seguintes:

Pela União Democrática Sãomartinhense (UDS): PMDB + PDT: Candidato a Prefeito: Elton Francisco Rodrigues da Silva – PDT; Candidato a Vice-Prefeito: Adelino Atuatti – PMDB.

Pela Aliança Democrática Popular (ADP): PP + PTB: Candidato a Prefeito: JeanCarlo Hunhoff – PP;

Candidato a Vice-Prefeito: Valdir Foletto – PTB.

O partido do PT concorreu sozinho, não estabeleceu alianças com outro partido, e assim ficou composta a chapa petista:

Candidato a prefeito: Tarcisio Hartmann: PT;

Candidato a Vice-Prefeito: Delmar Ritter - PT (CONSULTA RESULTADOS ELEITORAIS, 2004).

Com apoio unânime da coligação da ADP e dos chefes de partidos, Antonio Lena (PP) e Jacinto Rohr (PTB), os candidatos foram lançados ao mundo da política com o slogan “A Renovação”. Tanto o candidato a prefeito JeanCarlo quanto o seu vice, Valdir Foletto, nunca

(35)

tinham ocupado nenhum cargo político, ou melhor, nunca haviam se envolvido com política, simplesmente eram filiados aos seus respectivos partidos.

Segundo o Prefeito JeanCarlo Hunhoff, os dois candidatos foram indicados ao pleito pelo fato de o candidato a Vice, Valdir Foletto, ser um agricultor bem conhecido no município e ele, na época, também trabalhar em um banco na cidade e ser bem conhecido da população sãomartinhense.

A campanha política da coligação foi feita de casa em casa, relatando, expondo as propostas de trabalho de todas as áreas de atuação. Conseguiu-se visitar a grande maioria dos domicílios. A recepção nos domicílios foi relatada pelos candidatos como sendo de boa aceitação pela população, até porque, ainda não havia nenhum desgaste político52, pois os mesmos eram novos dentro da seara política.

Quando já se tem uma história política, muitas vezes acaba se criando na população um certo receio, uma desconfiança, pois não se consegue agradar a todos. Sempre existirá os que são a favor e os que são contra. Os candidatos da coligação da ADP eram novos na política. As pessoas os conheciam como cidadãos comuns, por isso a expectativa e a curiosidade eram maiores.

O prefeito JeanCarlo faz um breve relato sobre o trabalho de campanha política:

Até nos surpreendeu este trabalho, porque os dois partidos em si queriam esta mudança, esta renovação e todos os filiados, simpatizantes, as comunidades em si queriam esta renovação e todo mundo trabalhou junto. Teve um trabalho de organização bem detalhado por pessoas experientes em eleições, os vereadores, candidatos. Foi uma eleição diferenciada porque todo mundo se mostrou que queria esta renovação e tiveram [...].53

O trabalho de campanha foi árduo. Além de expor as propostas de trabalho, também se apresentavam os candidatos a vereadores da coligação. Houve grande apoio e dedicação na busca de votos de pessoas vinculadas à campanha, como as mulheres e os jovens que se empenharam muito nesta conquista.

52

HUNHOFF, JeanCarlo: depoimento [22 nov. 2010]. Entrevista concedida a Cristiele Veriato.

(36)

Na época, foram realizados dois comícios, um para apresentação dos candidatos a prefeito e vice, vereadores e apresentação das propostas de trabalho. Estavam presentes autoridades políticas regionais.

O prefeito JeanCarlo faz uma colocação referente a este primeiro comício:

A abertura da nossa candidatura aconteceu no meio da semana no Salão Paroquial, foi um grande sucesso e teve um grande numero de pessoas. A comunidade em si acreditou nessa consciência de renovação. Tínhamos receio de fazer esta abertura no meio da semana pelas dificuldades. Mas pela aceitação da população ficamos mais tranqüilos, porque foi no meio da semana um dia frio e com uma lotação máxima, isso nos deu um animo, um parecer favorável para que continuássemos trabalhando num período de três meses [...].

O segundo comício aconteceu três dias antes das eleições. Foi um comício de encerramento dos trabalhos e contou com a presença maciça da população.

Treze candidatos concorriam a vereadores pela coligação da ADP, e eram escolhidos e indicados pela influência que exerciam na comunidade e pelo respeito que tinham na comunidade. Além de trabalharem em busca de votos, também auxiliavam no trabalho do Poder Executivo.

Nestes 46 anos de emancipação política e administrativa do município, é a primeira vez na história que São Martinho possui um prefeito tão jovem no poder. Na época (2005), o então prefeito, JeanCarlo, contava com 31 anos de idade e seu vice Valdir Foletto, com 35 anos. Esse fato prova que não é preciso ter experiência e idade para assumir um cargo tão importante e de grande responsabilidade, como o de prefeito. O importante é trabalhar em prol da comunidade.

3.1.2 Programas de governo

Os programas de governos destacados foram da educação e saúde. Segundo o prefeito JeanCarlo Hunhoff, o plano de governo foi feito antes de sair em campanha, em parceria com pessoas que conheciam as áreas de atuação (saúde, educação, agricultura, saneamento...), buscando assim, realizar os anseios da comunidade.

(37)

O prefeito JeanCarlo se manifesta sobre a realização das ações expostas no plano de governo, dizendo que: “Se inicia um processo de trabalho e nem sempre ele é acabado em uma administração, demora as vezes 2, 3 anos para se acabar, se concretizar. Se tem hoje, processos de 2005-2006 que estão se concretizando na segunda administração”.54

Plano de governo na área da Educação (Administração 2005-2008):

• Atuação integrada e em sintonia com as escolas municipais e estaduais;

• Capacitação permanente dos educadores e novos ingressos de professores mediante concursos;

• Estabelecimento de sólida parceria com a Associação dos Estudantes Universitários;

• Implantação do Programa de Alfabetização de Adultos;

• Qualificação do transporte escolar, para maior comodidade dos estudantes;

• Criação e estruturação da Central de Alimentos, qualificando a merenda escolar;

• Ampliação da informatização nas escolas e a disponibilidade de materiais escolares e esportivos;

• Redefinição dos diversos programas governamentais na área da educação, cultura e desporto;

• Maior participação e incremento das atividades do Centro de Iniciação para o Trabalho, em beneficio dos estudantes, através de oficinas com assessoramento de instrutores do SEBRAE, SENAR e de outras entidades;

• Incentivo aos grupos folclóricos, étnicos, teatro, dança, bem como a eventos artísticos culturais;

• Ampliação da banda municipal com inclusão de novos equipamentos e maior número de componentes e de oficinas artísticas;

• Ampliação dos acervos do museu municipal;

• Promoção de eventos esportivos em diversas modalidades para todas as idades e ambos os sexos;

(38)

• Apoio à retomada da tradição do município nas competições de futsal, especialmente;

• Ampliação da atuação das escolinhas de futebol, buscando descobrir talentos;

• Apoio às escolas nos eventos esportivos de integração municipal e regional;

• Construção de centro esportivo na Praça Valentim Klein, humanizando para o lazer, importante logradouro público, com quiosque, praça de alimentação e local próprio para à melhor idade, inclusive discutindo a implantação do restaurante popular, servindo refeições a R$ 1,00 (um real) (PLANO DE GOVERNO ADP: 2005-2008, 2004).

Plano de governo na área da Saúde (Administração 2005-2008):

• Aplicação do percentual de 15% das receitas líquidas, conforme dispõe a lei;

• Rediscussão com a comunidade do Plano Municipal de Saúde de São Martinho;

• Implantação do Programa Saúde da Família – PSF –, com inserção de profissionais médicos, dentistas, enfermeiros, auxiliares e dinamização da atuação dos agentes comunitários de saúde, principais agentes de fomento da saúde preventiva;

• Incentivo ao cultivo de ervas medicinais e seu uso como medicina alternativa, estabelecendo parcerias com a EMATER e a Pastoral da Saúde;

• Criação de mecanismos e parcerias, revitalizando a Sociedade Cultural São Gregório;

• Racionalização as consultas médicas, ampliando o atendimento, eliminando filas, minimizando o sofrimento das pessoas enfermas;

• Medicamentos para todos, sem distinção, com atenção especial à melhor idade;

• Inserção da Secretaria Municipal da Saúde em todos os programas do Governo estadual e federal;

• Rediscussão os programas existentes e em andamento (PLANO DE GOVERNO ADP: 2005-2008, 2004).

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3.1.3 Resultado das eleições

Após alguns meses de muito trabalho, esforço e dedicação por parte dos candidatos, chegou o momento de votar. O dia 03 de outubro foi um dia de muita angústia e apreensão, pois todos aguardavam ansiosos pelo resultado das eleições.

No dia da eleição, os candidatos a prefeito e vice se separaram, mas mantiveram contato por meio de uma central de informações que os mantinham informados dos acontecimentos.

O município estava sendo governado por dois mandatos consecutivos pela coligação da UDS – PMDB + PDT.

O candidato JeanCarlo expõe alguns detalhes da sua expectativa de vitória:

Visitamos todas as urnas do interior e da cidade, conversamos com as pessoas que trabalharam no dia (fiscais de partido). E quando se abriram as primeiras urnas, a gente já teve a consciência de uma vitória, e como estávamos organizados com fiscais em questão de 10 minutos já tínhamos a consciência da nossa vitória. Foi bom, festejamos era aquilo que almejamos. Tínhamos a consciência que teríamos uma responsabilidade grande pela frente [...].55

Pelo resultado das eleições, o povo queria mudar os seus representantes e colocar caras novas no poder. O interessante é que o município nunca havia tido representantes tão jovens e sem experiência política nos Poderes Executivo e Legislativo. Os cargos sempre foram ocupados por pessoas com mais experiência de vida e, principalmente, política.

Para representar o Poder Executivo, a vitória foi conquistada pela coligação da ADP – PP+PTB:

Para prefeito foi eleito: JeanCarlo Hunhoff - PP; Para vice-prefeito foi eleito: Valdir Foletto – PTB.

A coligação da ADP foi eleita com 54,13% dos votos, o que equivale a 2.450 votos, enquanto a coligação da UDS ficou com 42,15% dos votos, representando 1.908 votos. O

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partido do PT conseguiu atingir 3,71% dos votos, o que equivale a 168 votos (CONSULTA RESULTADOS ELEITORAIS, 2004).

Com o resultado das eleições, percebe-se claramente que o partido do PT, no município de São Martinho, é fraco, sem voz ativa e ainda sem grande adesão dos cidadãos. As coligações predominantes e vistas como promissoras são a ADP e a UDS. Estas juntam a maioria dos votos dos eleitores.

Concorriam pela coligação da ADP 13 candidatos para o Poder Legislativo, enquanto pela coligação da UDS concorriam 10 candidatos. As cadeiras do Poder Legislativo foram ocupadas pelos seguintes candidatos:

Representantes da coligação da ADP: Marino Krewer – PP- 433 votos; Gelson Knorst – PP – 322 votos;

Maria Helena Hartmann – PP – 297 votos; Valdir Morsch – PTB – 253 votos;

Ademar Probst – PP – 235 votos.

Representantes da coligação da UDS: Arnaldo da Silva – PDT- 483 votos; Silvio da Cruz – PDT – 475 votos; Mauro Luft – PMDB – 296 votos;

Luis Carlos Fucilini – PMDB - 267 votos (CONSULTA RESULTADOS ELEITORAIS, 2004).

O partido do PT não conseguiu eleger nenhum vereador, sendo que o mesmo tinha quatro representantes concorrendo ao Legislativo e não conseguiram atingir mais que 47 votos.

Observa-se que, nesta eleição, havia 4.928 eleitores aptos a votar. No caso das eleições para o Poder Executivo, houve um total de 283 votos de abstenção, mais 28 votos em branco e 91 votos nulos, totalizando 4.526 votos válidos. Para o Poder Legislativo, o único ponto que

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