ANDRÉIA PAULA
História Natural das
Doenças
História Natural das Doenças
É o nome dado ao conjunto de processos
interativos compreendendo as inter-relações
do agente, do suscetível e do meio ambiente
que afetam o processo global e seu
desenvolvimento, desde as primeiras forças
que criam o estímulo patológico no meio
ambiente, ou em qualquer outro lugar,
passando pela resposta do homem ao
estímulo, até as alterações que levam a um
defeito, invalidez, recuperação ou morte.
História Natural das Doenças
É o nome dado ao conjunto de processos
interativos compreendendo “as inter-relações do
agente, do suscetível e do meio ambiente que
afetam o processo global e seu
desenvolvimento, desde as primeiras forças que
criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou
qualquer outro lugar, passando pela resposta do
homem ao estímulo, até as alterações que
levam a um defeito, invalidez, recuperação ou
morte” (Leavell & Clark, 1976).
2 períodos seqüenciados: Período pré-patogênico
AGENTE
INDIVIDU
O
MEIO
AMBIENT
E
Saúde X Doença
“Saúde é o estado de ausência da doença”
“Doença é a falta ou perturbação da saúde”
“Saúde é o estado do indivíduo cujas funções
orgânicas, físicas e mentais permaneçam
normais”
“Saúde é um completo bem-estar físico mental e
social e, não meramente a ausência de doença”
Processo Saúde Doença
...
é o conjunto de relações e variáveis que
produzem e condicionam o estado de saúde e
doença de uma população, que varia nos
diferentes momentos históricos e do
desenvolvimento científico da humanidade”.
Pré-História -
Concepção
mágico-religiosa
Cena de parto pintada pelo homem pré-histórico na serra da Capivara no Piauí www.biblio.ufpe.br/libvirt/ serido/expo.htm
Doença
Castigo dos deusesFeitiço
nocivo
Desrespeito a um “tabu” Ataque de umDemônios Espíritos do mal
A doença dentro de uma visão mágica do mundo. Os demônios e espíritos malignos, talvez mobilizados por um inimigo ou por castigo, vitimavam o doente, podendo levá-lo até à morte.
Antiguidade
A cura do doente caberia ao feiticeiro ou xamã, tendo o poder de convocar espíritos capazes de erradicar o mal.
Assírios
Caldeus
Hebreus • Observações empíricas relacionadas
ao surgimento de doenças
• Função curativa de plantas e recursos naturais
mesmo caráter religioso
Antiguidade
O homem não
participa
ativamente do
processo
Hindus
desequilíbrio entre os elementos do organismo humano, ocasionado pelas
influências do ambiente físico - astros, clima, insetos etc
astros clima Insetos
Doença
Doença
Antiguidade
Este conceito perde o
caráter mágico e
religioso predominante
na idéia anterior e
naturaliza a causação,
onde o homem atua
ativamente no processo
de doença e cura.
Chineses - Medicina Tradicional Chinesa
causas externas
desequilíbrio entre os princípios yin e yang, o que levaria a um desequilíbrio dos elementos, com o conseqüente aparecimento da doença.
restabelecimento da saúde
reequilíbrio da energia interna
acupuntura
do-in
Os quatro elementos
Grécia
Davam à saúde o significado de harmonia entre os quatro elementos que compõem o corpo humano - água, terra , ar e fogo
A saúde seria o estado de isonomia entre os mesmos e a doença seria a dismonia
Hipócrates enriqueceu estas concepções de saúde e doença através da prática clínica e de cuidadosas observações da natureza, ressaltando a importância do ambiente físico na causalidade das doenças.
Hipócrates de Cós – “Pai da medicina”
Revelou uma visão epidemiológica do problema saúde-doença através dos registros de diversos casos clínicos.
observações não se limitavam ao
paciente em si, mas ao seu
ambiente
discute fatores ambientais ligados à doença, defendendo um conceito ecológico e multicausal de saúde-doença que envolve as reações do homem às agressões provenientes do seu ambiente natural.
"Dos ares, das águas e dos lugares"
"Quem quiser prosseguir no estudo da ciência da
medicina deve proceder assim. Primeiro, deve
considerar que efeitos cada estação do ano
pode produzir .... Tem que considerar em outro
ponto os ventos quentes e os frios.... Deve
também considerar as propriedades da água,
pois estas diferem em gosto e peso.... Porque, se
um médico conhece essas coisas bem, de
preferência todas elas...,ele, ao chegar a uma
cidade que não lhe é familiar, não ignorará as
doenças locais ou a natureza daquelas que
comumente dominam" (Hipócrates, 460-370
a.C.)
Malária (descrita por Hipócrates) Malária = “maus ares”
Antiguidade
os maus ares que proviam dos pântanos Miasmas
As idéias e intervenções hipocráticas fundam o chamado
PARADIGMA
IDADE MÉDIA
(500 d.C. -
1500 d.C.)
Era das Trevas - Uma época de pestilências
princípios hipocráticos são relegados enquanto concepção
teórica e a prática clínica é abandonada
influência do Cristianismo
A doença era vista como purificação
As epidemias eram o castigo divino para os pecados do mundo ou resultavam da ação de inimigos
Uma forma de atingir a graça divina, que incluía, desde que merecida, a
cura.
IDADE MÉDIA
(500 d.C. - 1500
d.C.)
Surgem os primeiros hospitais, os hospícios ou asilos, nos quais os pacientes recebiam mais conforto espiritual
que tratamento adequado. A ineficácia dos
procedimentos mágicos ou religiosos era compensada com a caridade.
IDADE MÉDIA
(500 d.C. -
1500 d.C.)
Ações de Saúde na Idade Média
Prática da quarentena
Prática do isolamento Separação dos doentes de seus
contatos habituais visando defender as pessoas sadias.
O crescente número de epidemias na Europa,
faz retornar preocupações com a causalidade
das doenças infecciosas, tornando-se mais
evidente a noção de contágio entre os homens
RENASCIMENTO (Séculos XVI e XVII)
medicina volta a ser praticada por leigos
retomados experimentos e observações anatômicas. A prática médica ainda era rudimentar.
A LIÇÃO DE ANATOMIA DO DR. RUYSCH
-Jan van Neck em 1863
Aula de Anatomia do Dr. Tulpe. Rembrandt
período de transição
predomina a
idéia do fator
externo que
penetra no
organismo e
este é visto
como
receptáculo
de doenças.
RENASCIMENTO (Séculos XVI e XVII)
Práticas esotéricas X Avanço do pensamento científico
TEORIA DO CONTÁGIO
Girolamo Fracastoro (1478-1553)
SÉCULO XVIII
Consolidou-se a prática clínica
Estudos voltados para seus sinais e sintomas, propiciando a abordagem
do particular e do individual.
No final deste século, após a Revolução Francesa
relacionada com as condições de vida e trabalho das populações
aparece
aumenta a urbanização dos países europeus e ascende o sistema fabril
explicação social na causalidade das
doenças
METADE DO SÉCULO XIX
Deste cenário emerge a idéia de
“Medicina Social” (Guérin em 1848,
Inglaterra)
conseqüências danosas do trabalho
na fábrica e dos cortiços industriais
forçaram a atenção
médicos, escritores, economistas
e funcionários públicos
França era o país mais avançado em teoria política e social, permeando a medicina francesa com o espírito de mudança social.
FINAL DO SÉCULO XIX
terreno fértil para o desenvolvimento industrial, com a produção de
fármacos e imunizantes.
Pasteur (1822-1895)
Descobertas bacteriológicas na metade do século XIX
idéia das partículas externas que podem provocar o aparecimento
de doenças
concepções sociais dão lugar
ao agente etiológico
FINAL DO SÉCULO XIX
conceito
de unicausalidadecada doença tem o seu
agente etiológico
PARADIGMA
BIOLOGICISTA
ÍNICIO DO SÉCULO XX
As redes multicausais suplantam a
unicausalidade
modelo ecológico multicausal
Teoria ecológica de doenças infeciosas
demonstrando
Evolução histórica das concepções e teorias
explicativas do processo saúde-doença
Pré-Históri a
Antigüidade Idade Média Séculos XVI e XVII Renasciment o Século XVIII Século XIX - XX Concep -ção Mágico -religios a Paradigma Ambientalist a Princípios hipocráticos (Grécia, 400 a.C.) Explicações racionais do PSD Importância do ambiente na causalidade das doenças Bases empíricas Explicação Religiosa do PSD Abandono dos princípios hipocráticos Influência do Cristianismo Negação do paradigma ambientalist a Teoria Miasmática Partículas invisíveis produzem doença Negação do Paradigma Ambientalist a Explicaçã o social do PSD Paradigma Biologiscista Unicausa-lidade Multicausa-lidade Negação da explicação social do PSD
Fatores determinantes da doença
Endógenos: são inerentes ao organismo e
estabelecem a receptividade do organismo.
Herança genética;
Anatomia e fisiologia do individuo;
Estili de vida.
Exógenos: fatores que dizem respeito ao
ambiente.
Determinantes:
biológicos;
Físico;
Determinantes ambientais
Fatores Físicos e químicos:
Manifestam-se com
igual intensidade tanto com relação ao agente como ao
hospedeiro e respectivos vetores, favorecendo ou
desfavorecendo a atuação desses no processo da doença.
Fatores Climáticos:
os mais importantes
determinantes físicos dos padrões de ocorrência de doenças.
Afetam os hospedeiros, as populações de vetores e de
agentes biológicos de doenças, parasitas, quando estão em
vida livre. Podem acarretar agravos a saúde de animais
jovens e recém-nascidos, por serem sensíveis ao frio, ao calor
e à desidratação.
Fatores Biológicos:
Incluem diferentes
espécies de vertebrados e invertebrados – favorecendo ou
prejudicando o processo de doença. Algumas espécies de
vertebrados podem desempenhar o papel de reservatórios
assintomáticos, favorecendo a transmissão da doença para
população de maior suscetibilidade. Ex; Os morcegos, para a
raiva e os roedores, para a leptospirose. Algumas situações o
agente necessita da interação de diferentes espécies de
hospedeiros vertebrados para completar seus ciclos vitais EX:
Taenia solium (suíno e homem)
Fatores Sócio-econômico- culturais
O homem como fator interferente nas interações do ecossistema –
Determinante da doença.
Alterando o ambiente pode promover o aparecimento de condições
para o desenvolvimento de doenças.
O homem pode prevenir ou controlar situações potencialmente
perigosas introduzindo no momento oportuno, utilização de
drogas, vacinas, controle de movimentação de animais e produtos, sacrifício, quarentena, etc.
O homem também pode influenciar a freqüência da ocorrência das
doenças dos animais, zoonoses, introduzindo ou disseminando
seus agentes nas propriedades onde transita, como visitante, como comerciante, empregado, veterinário e outros.
O homem também é responsável pela degradação do ecossistema