• Nenhum resultado encontrado

ANÁLISE DO PROCESSAMENTO DE ROUPAS EM LAVANDERIA HOSPITALAR: UM ESTUDO DE CASO EM UM HOSPITAL PÚBLICO DO INTERIOR DE PERNAMBUCO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ANÁLISE DO PROCESSAMENTO DE ROUPAS EM LAVANDERIA HOSPITALAR: UM ESTUDO DE CASO EM UM HOSPITAL PÚBLICO DO INTERIOR DE PERNAMBUCO"

Copied!
10
0
0

Texto

(1)

ANÁLISE DO PROCESSAMENTO DE

ROUPAS EM LAVANDERIA

HOSPITALAR: UM ESTUDO DE CASO

EM UM HOSPITAL PÚBLICO DO

INTERIOR DE PERNAMBUCO

Ana Paula da Silva Farias (UFRPE)

ana_paula2778@hotmail.com

Assume-se que a performance de uma unidade hospitalar é o reflexo de uma grande variedade de sistemas e subsistemas que congregam as funções básicas do seu dia-a-dia. Um desses subsistemas, a lavanderia hospitalar, é responsável pelo processsamento e distribuição de roupas, em perfeitas condições de higiene e limpeza, a fim de proporcionar conforto e segurança ao paciente. Apesar dessa importância, a lavanderia hospitalar, em muitos casos, é um setor ignorado dentro do hospital e, na maioria das instituições, não conta com um controle rigoroso de custos e de qualidade de processamento das roupas. Assim, esse trabalho tem como objetivo analisar como é realizado o processamento de roupas na lavanderia hospitalar de um hospital público, localizado numa cidade do interior de Pernambuco, descrevendo as atividades realizadas e apontando as principais falhas encontradas.

(2)

2 1. Introdução

Em serviços de saúde cuidar bem dos pacientes e ter uma prestação de serviço eficiente são vistos como o “produto” das ações e interações de todas as pessoas envolvidas nos diversos processos organizacionais existentes. Assume-se, então, que a performance de uma unidade hospitalar é o reflexo de uma grande variedade de sistemas e subsistemas que congregam as funções básicas do seu dia-a-dia (MEZZOMO, 1993).

Assim, pode-se dizer que o hospital é uma organização que tem como característica principal garantir que setores interdependentes estejam funcionando perfeitamente para o atendimento aos clientes (CASTRO & CHEQUER, 2001). São vários sistemas e subsistemas que o formam, dentre esses, o administrativo, os laboratórios, os centros cirúrgicos, a lavanderia, o refeitório, o setor de comunicação, de transporte e de depósitos. São setores que precisam interagir e cooperar entre si para atingir seu principal objetivo, atender bem o cliente (BARTOLOMEU, 1998).

Pertencente a um desses subsistemas, a lavanderia hospitalar, segundo Cargnin (2008), apresenta grande importância, pois é responsável pelo processamento e distribuição de roupas, em perfeitas condições de higiene e limpeza, a fim de proporcionar conforto e segurança ao paciente. Por essa razão, é necessário que esse serviço seja gerenciado de forma coerente e em conformidade com a legislação. Dessa forma, torna-se possível a maximização da qualidade, a minimização dos custos e a utilização racional dos recursos organizacionais (CARGNIN, 2008).

Mas, apesar dessa importância, a lavanderia hospitalar, em muitos casos, é um setor ignorado dentro do hospital e, na maioria das instituições, não conta com um controle rigoroso de custos e de qualidade de processamento das roupas (SIQUEIRA, 2005). Para Guimarães e Linden (2002), a lavanderia hospitalar, cujo papel é, por vezes, subestimado pela alta administração, tem o poder de afetar as atividades de todas as demais áreas. Cirurgias, internações, procedimentos ambulatoriais, por exemplo, são fortemente dependentes do seu correto desempenho.

Portanto, esse trabalho tem como objetivo analisar como é realizado o processamento de roupas na lavanderia hospitalar de um hospital público, localizado numa cidade do interior de Pernambuco, descrevendo as atividades realizadas e apontando as principais falhas encontradas.

2. A lavanderia hospitalar e seus serviços

A lavanderia hospitalar pode ser definida como um dos principais serviços de apoio ao atendimento dos pacientes. É o setor responsável pelo processamento e distribuição das roupas usadas no hospital, em perfeitas condições de higiene e conservação e em quantidade adequada a todas as unidades (BARTOLOMEU, 1998). Para ARSEGO et al (2008), a lavanderia no hospital é de suma importância, uma vez que, a eficiência de seu funcionamento contribui diretamente na eficiência do hospital, refletindo especialmente no controle de infecções.

De uma maneira geral, as roupas encontradas no hospital são: lençóis, fronhas, cobertores, toalhas, colchas, cortinas, roupas de pacientes e de funcionários, fraldas, compressas, campos cirúrgicos, máscaras, propés, aventais, gorros, panos de limpeza etc. Essas roupas hospitalares são bem diferentes daquelas existentes nas instituições de outras áreas e em residências, pois

(3)

3

(KONKEWICZ, 2004).

É importante entender que as roupas hospitalares que compõem um enxoval, variam de acordo com a classificação e os serviços prestados pelo hospital. Segundo Castro e Chequer (2001), as principais peças utilizadas são: avental, pijama, campo cirúrgico, cobertor, compressas, jaleco e lençol.

Quanto às atividades realizadas pela lavanderia, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2007) entende que elas são iniciadas com a retirada da roupa suja da unidade geradora e o seu acondicionamento; coleta e transporte da roupa suja até a unidade de processamento; recebimento, pesagem, separação e classificação da roupa suja; processo de lavagem da roupa suja; centrifugação; secagem, calandragem ou prensagem da roupa limpa; separação, dobra, embalagem da roupa limpa e armazenamento, transporte e distribuição da roupa limpa.

3. Material e Métodos

A presente pesquisa é do tipo exploratória e descritiva e utiliza a abordagem qualitativa. Para Polit e Hungler (1996), a pesquisa exploratória e descritiva pode ser entendida como um tipo de estudo que objetiva observar, descrever e documentar aspectos de uma situação que ocorre naturalmente.

Já a utilização da abordagem qualitativa é fundamental, nesse trabalho, porque a mesma permite a imersão do pesquisador no contexto e proporciona a perspectiva interpretativa na condução da pesquisa (KAPLAN & DUCHON, 1988). Para Bradley (1993), na pesquisa qualitativa o pesquisador é um interpretador da realidade.

A técnica utilizada para a coleta de dados foi a pesquisa de campo, com observação direta (in loco), registro do ambiente através de fotografia e um roteiro previamente elaborado. As informações foram passadas pela Direção do Hospital, bem como pelas profissionais que trabalham na lavanderia. A coleta de dados aconteceu nos dias 04 e 11 de dezembro de 2010, através de visitação ao local.

4. Caracterização da unidade hospitalar

O hospital estudado foi inaugurado em 1941, pertence ao setor público e está localizado numa cidade considerada importante pólo econômico da região e também classificada como 4º pólo médico do estado de Pernambuco, com vários hospitais, prontos-socorros, maternidades e clínicas particulares. Isso faz com que populações de cidades vizinhas, dentro e fora do estado, utilizem os serviços médicos locais (ALMEIDA, 2010; DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 2008).

Essa unidade hospitalar conta com 312 colaboradores, entre servidores públicos e prestadores de serviços, bem como disponibiliza 91 leitos para atendimento a população, sendo, portanto, considerado como hospital de médio porte, segundo Lisboa (1993). Ainda de acordo com o autor, um hospital é considerado de médio porte quando possui de 50 a 199 leitos.

Para atendimento aos pacientes possui setores de pediatria, obstetrícia, emergência, clínica médica, centro cirúrgico, farmácia, odontologia, laboratório e ambulatório. Com essa infra-estrutura, realiza cerca de 4.000 atendimentos na emergência geral e 80 cirurgias por mês, com base nos dados disponibilizados pela Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (2010).

(4)

4 5. Análise das atividades da lavanderia hospitalar

A análise da lavanderia hospitalar será dividida em três partes. A primeira delas é a sua identificação e caracterização, logo em seguida, serão avaliados itens gerais como: roupas, espaço físico, equipamentos, empregados e materiais permanentes e de consumo. E, por fim, serão apresentadas as etapas de produção utilizadas no processamento das roupas.

5.1 Identificação e caracterização da lavanderia hospitalar

A lavanderia está localizada no pavimento térreo do hospital, com o objetivo de facilitar o transporte de roupas e reduzir o tempo de circulação das mesmas. Funciona das 5:00 horas às 17:00 horas, de domingo a domingo, sob o comando de 4 profissionais da empresa terceirizada, num regime de trabalho com escala de 12 horas.

5.2 Itens que compõem a lavanderia hospitalar 5.2.1 Roupas

Quanto ao tipo de roupa existente no hospital, tem-se: lençóis, batas, compressas, toalhas, fronhas, capotes, campos cirúrgicos, dentre outros. Os modelos são padronizados, em sua maioria, de algodão e de diferentes cores. Existem, portanto, roupas de cor verde no setor de pediatria, de cor branca na clínica médica, de cor marrom e azul no bloco cirúrgico e as de cor amarela ficam reservadas às batas da clínica cirúrgica.

O controle da capacidade diária de lavagem é feito na rouparia, num prédio ao lado da lavanderia. É lá que é feita a contagem e o registro em formulários específicos da roupa processada de segunda a sexta.

5.2.2 Espaço físico

A área física da lavanderia é dividida em duas partes distintas: área suja (contaminada) e área limpa. Existem dois banheiros, um na área limpa e outro na área suja, que caracterizam os espaços destinados aos empregados. É importante frisar que não existe corrente de ar que circule da área suja para a área limpa, no espaço construído da lavanderia. No entanto, as portas das duas áreas estão sempre abertas (devido a temperatura no local ser elevada), no momento em que as roupas são preparadas para a lavagem (figura 1).

Figura 1: Prédio da lavanderia

5.2.3 Equipamentos

Na lavanderia existem os seguintes equipamentos (figuras 2, 3 e 4):

 Duas lavadoras, sendo uma de duas portas (onde se insere as roupas na área suja e são retiradas, após a lavagem, na área limpa) e outra de uma porta (pouco utilizada);

 Uma centrífuga;

Área Suja

Área Limpa

(5)

5  Uma calandra; e,

 Três carros de transporte de roupas (um de roupa suja, um de roupa limpa e um reserva).

Figura 2: Lavadora 2 portas Figura 3: centrífuga Figura 4: secadora, calandra e carrinho. Um dos equipamentos importantes para a lavanderia é a balança, item responsável pelo processo de pesagem das roupas sujas e limpas. Nessa lavanderia ela não foi encontrada. Consideradas como indispensáveis ao bom funcionamento da lavanderia, segundo o Ministério da Saúde (1986), são as balanças que determinam o peso da roupa, ponto de referência para a determinação da capacidade da lavanderia, o que proporciona controle contábil e operacional.

Sem esse equipamento as trabalhadoras da lavanderia acabam por estimar os pesos das roupas processadas, podendo ocasionar super lotação das lavadoras ou mesmo carga inferior a capacidade das mesmas, danificação das máquinas, lavagens insuficientes, desperdícios de produtos e retrabalho.

5.2.4 Empregados

A lavanderia conta com 4 profissionais que trabalham divididas em dois grupos. A cada dia uma empregada realiza o trabalho da área suja e outra da área limpa, num total de duas empregadas por dia. Quanto ao grau de escolaridade dessas profissionais, constatou-se que uma delas tem ensino médio completo, duas possuem ensino fundamental completo e uma é analfabeta.

Para a ANVISA (2007), a quantidade de empregados necessários ao funcionamento de uma unidade de processamento de roupas pode variar de acordo com a complexidade da unidade, demanda, tipo de equipamentos e horário de funcionamento. Os cargos e funções de pessoal devem estar descritos de forma clara e concisa, bem como a estrutura organizacional e a qualificação dos profissionais.

Verfificou-se que as empregadas não receberam qualquer tipo de treinamento para exercer as suas funções. Também não existe, no local, um manual de rotinas da lavanderia, registro diário de processamento das roupas e manuais de equipamentos, que possam ser utilizados para auxiliar no trabalho das mesmas.

Segundo o Ministério da Saúde (1986), deve existir um manual com normas e formas de execução das tarefas, bem como a descrição de cada rotina técnica numa sequência exata, incluindo, sempre que necessário, as especificações de máquinas, produção e métodos de trabalho. As rotinas administrativas também devem estar presentes, pois tende a facilitar o entrosamento da unidade da lavanderia com os demais serviços do hospital, como as

Secadora

Carrinho

(6)

6

requisições de almoxarifado, de revisão e manutenção de equipamentos e rotinas de horas extras.

Quanto a supervisão dos trabalhos dessas profissionais, esse é realizado pelo encarregado da empresa terceirizada, que está presente de segunda a sexta, das 08:00 horas às 17:00 horas. Não existe por parte do supervisor nenhum processo que meça a produtividade das 4 empregadas da lavanderia, nem o estabelecimento de um tempo-padrão para a execução das tarefas.

Nas lavanderias deve ser previsto um espaço para a chefia, localizado em ponto estratégico que possibilite visualizar o ambiente. Além disso, as funções específicas da lavanderia devem ser integradas e sob a ótica de uma única chefia administrativa, com plena autoridade em todas as fases do processamento de roupas. Essa chefia única pode indicar um controle eficiente da roupa que circula no hospital, do material, dos métodos de trabalho e do desempenho do pessoal envolvido no processo (BONARDI, 2001; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1986). Além disso, a unidade hospitalar deve possuir um responsável técnico, com formação mínima de nível médio, capacitação em segurança e saúde ocupacional e que responda perante a vigilância sanitária pelas ações realizadas no ambiente da lavanderia, no caso da unidade ter esse serviço terceirizado (ANVISA, 2007).

Para o Ministério da Saúde (1986), a operacionalização eficiente da lavanderia depende de fatores como, por exemplo, um programa efetivo de treinamento em serviço e a adoção de sistema adequado de incentivos, abrangendo todo o circuito de roupas – da coleta até a sua redistribuição.

5.2.5 Materiais permanentes e de consumo

Dentre os materiais permanentes encontrados na lavanderia estão: roupas, detergente, sabão, amaciante, alvejante, acidulante, mesa do tipo escrivaninha, estante com prateleiras, cadeiras e extintor de incêndio. Alguns materiais não foram encontrados como, por exemplo, mesa com computador, mesa com telefone, marcador de roupa, quadro branco e quadro de avisos. Quanto aos materiais de escritório, nada foi encontrado. Não existe nessa lavanderia grampeador, furador de papel, pastas, fichas, formulários e arquivo, o que indica a inexistência de controle, por parte desse setor, dos registros das atividades a executar e executadas e a falta de comunicação desse com outros departamentos do hospital.

5.3 Etapas da produção

As etapas de produção observadas nessa lavanderia serão divididas em dois momentos: as que correspondem à área suja e as da área limpa.

5.3.1 Área Suja

Na área suja, as etapas de processamento das roupas podem ser ilustradas como na figura 5.

Figura 5: Etapas da produção na área suja a) Etapas de coleta e transporte

As coletas das roupas no hospital ocorrem três vezes ao dia, em horários específicos, às 06:30 horas, às 09:00 horas e às 14:00 horas. Em geral, esse trabalho de coleta demora entre 10 a 15 minutos. Estão entre os equipamentos de proteção individual obrigatórios e exigidos pelo

(7)

7

também ser utilizados na área suja.

As roupas são colocadas em sacos plásticos, mas esses não possuem cores diferentes (são todos da cor preta), como forma de identificar a unidade de procedência, no momento da separação das roupas. Os sacos plásticos também não são identificados com o nome da unidade e com a data da coleta e, em alguns momentos, não são encontrados devidamente vedados, como recomenda o Ministério da Saúde (1986). As roupas são transportadas em um carrinho específico para a roupa suja e deixadas na área suja da lavanderia.

b) Etapas de recebimento e separação

Não existe, nessa lavanderia, um espaço reservado para a recepção da roupa suja, onde essa possa ser retirada do carrinho, separada e pesada. Isso é feito num espaço único. Lembrando que também não é realizada a pesagem da roupa suja, pois não existe balança no local. Logo, não se tem a identificação da quantidade de roupas separadas, em formulários específicos, para controle de custos.

No momento da separação, as roupas são organizadas em lotes específicos de cores e sujidades diferentes. As empregadas seguem a orientação de abrir as roupas para verificar se existem materiais cirúrgicos ou instrumentos cortantes, que causem algum tipo de acidente ou danos aos equipamentos, como é recomendado pelo Ministério da Saúde (1986).

c) Etapa de lavagem

Em geral, antes do processo de lavagem, após a separação e identificação das roupas em lotes, esses são pesados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1986). Esse processo não existe nessa lavanderia. Com isso, após a separação das roupas, parte-se logo para a lavagem, realizada sob duas formas distintas: a lavagem leve e a lavagem pesada.

Ao final dessas etapas, deve-se lavar e desinfectar toda a área suja e o empregado responsável por essa área não pode passar para a área limpa sem tomar banho no chuveiro (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1986). Nessa lavanderia, verificou-se que isso não acontece. A desinfecção é realizada uma vez por semana e a empregada responsável pela área suja transita livremente de uma área para a outra sem qualquer tipo de preocupação (figuras 6 e 7).

Figura 6: Empregada na área suja Figura Figura 7: Empregada da área suja na área limpa

5.3.2 Área Limpa

(8)

8

Figura 8: Etapas da produção na área suja a) Centrifugagem, secagem e calandragem

Logo após a retirada das roupas da lavadora, elas são colocadas na centrífuga, responsável por eliminar até 60% da água no tecido. Em geral, após a centrifugagem, coloca-se as roupas na secadora, para eliminar totalmente a água e passar para o processo de calandragem (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1986). No entanto, verificou-se que nessa lavanderia, esse processo de secagem não é utilizado. De maneira inadequada e perigosa, devido ao processo de contaminação que pode existir, as roupas são estendidas em varais, numa área aberta, em frente a lavanderia. E, em determinados momentos, as roupas podem ser encontradas no chão, onde são apanhadas e seguem direto para a calandra, responsável por passar as roupas limpas (figuras 9 e 10).

Figuras 9 e 10: Processo de secagem das roupas b) Etapa de distribuição das roupas limpas

A lavanderia tem a função de deixar na rouparia, de segunda a sexta-feira, as roupas limpas. Nos finais de semana, a rouparia é fechada e as empregadas da lavanderia entregam as roupas nas unidades do hospital.

Por ficar responsável pela guarda de roupa nos finais de semana, verificou-se que não existe local apropriado para acondicioná-las, antes da entrega. Não existe a ordem e nem o material disponível para colocar as roupas em sacos plásticos, por isso não é possível deixá-las em prateleiras da estante na área limpa (figura 11), então improvisa-se um espaço dentro da secadora (figura 12).

(9)

9

Figura 11: Prateleiras disponíveis na área limpa Figura 12: Roupas limpas dentro da secadora

6. Conclusão

A lavanderia hospitalar do hospital analisado apresenta sérios problemas na execução das suas atividades. Um deles refere-se ao seu principal objetivo, que é a higienização das roupas a serem utilizadas pelos profissionais de saúde e seus pacientes. Vê-se que não existe um rigoroso cuidado quanto à contaminação das roupas, já que as empregadas circulam da área suja para a área limpa sem realizarem nenhum processo de desinfecção, além disso, as portas das diferentes áreas são mantidas (o tempo todo) abertas e o método de secagem da roupa é bastante inadequado.

Quanto à execução dos serviços pela empresa terceirizada, constata-se que essa não tem nenhuma preocupação em trabalhar com profissionais qualificados, treinados e de acordo com a legislação vigente, que sugere a supervisão direta, o planejamento das atividades, a utilização de manuais e a comunicação de procedimentos apropriados para consecução dos objetivos ao longo do tempo.

A direção do hospital apresenta-se de forma negligente ao não controlar como as tarefas são executadas, por não tomar providências quanto à falta de equipamentos e materiais na lavanderia, por não exigir o treinamento dos empregados e o cumprimento de uma série de fatores que são previstos pelas autoridades sanitárias.

Sabe-se que a falta de investimento nesse setor, no sentido de ampliar o espaço físico disponível, de melhorar a forma como as atividades são desempenhadas, de manter uma comunicação mais direta com a empresa terceirizada, exigindo o cumprimento de seu dever, de maneira eficaz, pode ocasionar uma série de transtornos para o hospital, desde a entrega de roupas fora dos padrões exigidos pelas agências reguladoras da saúde até a infecção de pacientes e gastos ainda maiores de dinheiro público. Isso mancharia bastante a imagem do hospital e impossibilitaria o atendimento adequado de muitos pacientes que só tem a ele para recorrer.

Referências

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Processamento de roupas de serviços

de saúde: prevenção e controle de riscos. Brasília: ANVISA, 2007. 120 p. (Série Normas e Manuais Técnicos).

ALMEIDA, D. S. Serra Talhada, 2010. Disponível em:

<http://www.webartigos.com/articles/39557/1/SERRA-TALHADA/pagina1.html>. Acesso em: 15 dez 2010.

ARSEGO, J. et al. Riscos ocupacionais na área contaminada de uma lavanderia hospitalar. In: ENCONTRO

NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 28, 2008. Anais. Rio de Janeiro: 2008.

BARTOLOMEU, T. A. Identificação e avaliação dos principais fatores que determinam a qualidade de uma

lavanderia hospitalar. Florianópolis: UFSC, 1998. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) -

(10)

10 BONARDI, F. Processamento de roupas. Apucarana: Faculdade Estadual de Ciências Econômicas, 2001.

Monografia (Especialização em Administração de Serviço de Saúde) - Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana, Paraná, 2001.

BRADLEY, J. Methodological issues and practices in qualitative research. Library Quarterly, v. 63, n. 4, p.

431-449. 1993.

CARGNIN, M. T. Análise do processo de lavagem e desinfecção de roupas hospitalares: o caso da lavanderia

do HUSM. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2008. Dissertação (Mestrado em Engenharia da

Produção) - Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul, 2008.

CASTRO, R. M. S.; CHEQUER, S. S. I. Serviço de processamento da roupa hospitalar: gestão e

funcionamento. Viçosa: UFV, 2001.

DIÁRIO DE PERNAMBUCO. Serra Talhada vive expansão e vira sinônimo de crescimento, 2008. Disponível

em: <http://www.ufrpe.br/ruralnamidia_ver.php?idConteudo=1700>. Acesso em: 15 dez 2010.

GUIMARÃES, L. B. M.; LINDEN, J. C. S. Intervenção ergonômica em serviço de processamento de roupas

de um hospital sob enfoque participativo. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO,

27, 2002. Anais. Curitiba, 2002.

KAPLAN, B.; DUCHON, D. Combining qualitative and quantitative methods in information systems

research: a case study. MIS Quarterly, v. 12, n. 4, p. 571-586. 1988.

KONKEWICZ, L.R. Prevenção e controle de infecções relacionado ao processamento das roupas

hospitalares, 2004. Disponível em: <http://www.cih.com.br/lavanderiahospitalar.htm>. Acesso em: 15 dez 2010.

LISBOA, T. C. Lavanderia hospitalar: integração homem-ambiente-função. 1993. 352 f. Dissertação (Mestrado

em Administração Hospitalar) – Faculdade São Camilo, São Paulo, 1993.

MEZZOMO, A. A importância da qualidade nos serviços de higiene e lavanderia. Hospital Administração e

Saúde, v.7, n.1. 1993.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de lavanderia hospitalar. Brasília: Ministério da Saúde, 1986.

POLIT, D. F.; HUNGLER, B. P. Fundamentos de pesquisa em enfermagem. 3. ed. Porto Alegre: Artes

Médicas, 1996.

SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE. Hospitais do interior, 2010. Disponível em: <http://portal.saude.pe.gov.br/hospitais/interior/hospital-professor-agamenon-magalhaes/>. Acesso em: 26 dez 2010.

SIQUEIRA, M. R. B. Qualidade e satisfação em serviços de lavanderia hospitalar terceirizada. 2005. 60f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Gestão em Saúde) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 2005.

Referências

Documentos relacionados

Frondes fasciculadas, não adpressas ao substrato, levemente dimórficas; as estéreis com 16-27 cm de comprimento e 9,0-12 cm de largura; pecíolo com 6,0-10,0 cm de

determinou, nomeadamente: “III - Salvo prova em contrário, de ocorrência de circunstâncias excecionais, o acordo no qual o sócio e gerente de uma sociedade garante

Quando conheci o museu, em 2003, momento em foi reaberto, ele já se encontrava em condições precárias quanto à conservação de documentos, administração e organização do acervo,

Os principais objectivos definidos foram a observação e realização dos procedimentos nas diferentes vertentes de atividade do cirurgião, aplicação correta da terminologia cirúrgica,

 Você que mora na cidade de São Paulo também pode pesquisar os dados do Diagnóstico da Situação da Criança e do Adolescente, realizado em 2007, que traz várias inormações

Além desta verificação, via SIAPE, o servidor assina Termo de Responsabilidade e Compromisso (anexo do formulário de requerimento) constando que não é custeado

Pensar a formação continuada como uma das possibilidades de desenvolvimento profissional e pessoal é refletir também sobre a diversidade encontrada diante

escola particular.. Ainda segundo os dados 7 fornecidos pela escola pública relativos à regulamentação das atividades dos docentes participantes das entrevistas, suas atribuições