A DIRETIVA DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS
E A SUA APLICAÇÃO EM PORTUGAL
Fernando Bianchi de Aguiar | Professor Universitário
NOVAS ALTERNATIVAS PARA A PRODUÇÃO DE BIOSUBSTITUTOS DE COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS
Sala de Atos do ISA | 1 junho 2016
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in:PORTUGUESE NATIONAL INVENTORY REPORT ON GREENHOUSE GASES, 1990 - 2014
4
Emissões de GEE por gás
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Emissões sectoriais de GEE em Portugal, dados de 2014
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in:PORTUGUESE NATIONAL INVENTORY REPORT ON GREENHOUSE GASES, 1990 - 2014
Evolução dos níveis de emissões de GEE entre 1990-2014, em % (s/ LULUCF)
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in:PORTUGUESE NATIONAL INVENTORY REPORT ON GREENHOUSE GASES, 1990 - 2014
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Evolução do consumo de combustíveis nas refinarias
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Objectivo
•Promover o uso da
energia renovável,
com ênfase no sector dos transportes.
•Verificar avanços dos países e analisar
viabilidade das soluções existentes
Implicações
• Meta de 10% de energias renováveis nos
transportes
• Obrigatoriedade transversal a todos os Estados Membros de atingirem os objetivos
• Concorrência entre diferentes tipos de alternativas
para o cumprimento das metas
• Imposição de critérios de sustentabilidade dos
biocombustíveis
• Revisão das metas com base nas medidas já
adotadas e resultados obtidos nos diferentes Estados Membros Renewable Energy Directive (RED) 2009/28/CE Fuel Quality Directive (FQD) 2009/30/CE •Criar mecanismos para controlar e incentivar a redução de GEE emitidos pelo sector dos transportes
• Recomendação de redução de 10% das
emissões de GEE dos combustíveis (não
obrigatório)
•6% através do uso de biocombustíveis e outros combustíveis e através de aumentos de eficiência na produção;
•2% pela captura de carbono, tecnologia de armazenamento e veiculo elétrico;
•2% pela transação de créditos de emissão
Enquadramento UE
Os biocombustíveis terão um papel decisivo no cumprimento das metas
estabelecidas a nível europeu para a redução de emissões de GEE, garantindo a sustentabilidade a médio-longo prazo.
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Atualmente, a Diretiva das Renovaveis (RED) e a Diretiva
Qualidade de Combustíveis (FQD) foram revistas. A
Comissão Europeia, o Parlamento e os
Estados-Membros concordado em limitar a 7% o uso de
biocombustíveis
convencionais
(culturas
agroalimentares) para a meta de 10% de energias
renováveis a ser atingida em 2020.
Este valor foi superior ao adiantado em 2012 que
limitava o valor de utilização a 5%.
Consumo de Biocombustíveis no Mundo
11 DESENVOLVIMENTO RURAL AMBIENTE SEGURANÇA ENERGÉTICA Malasia Indonésia Nova Zelândia Japão UK Coreia do Sul China França Argentina India US Filipinas Brasil EU
Fonte: WoodMackenzie– “Global Biofuels 2020”
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INSTRUMENTOS POLÍTICOS SOBRE A INSTRUMENTOS POLÍTICOS SOBRE A
EU => 10% da energia dos combustíveis dos
transportes em 2020 Vetores principais das políticas de biocombustíveis
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Argumentos para a utilização de Biocombustiveis
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EVOLUÇÃO DA DIESELIZAÇÃO NOS VEÍCULOS LIGEIROS NA UE-27
Fonte: PFC Energia/Fontes nacionais
EVOLUÇÃO DA PROCURA DE COMBUSTÍVEIS PARA TRANSPORTES NA UE-27
Fonte: Wood McKenzie 2010
A tendência para a chamada dieselização do mercado europeu de produtos refinados iniciou-se há 15 anos com incentivos fiscais que beneficiaram este produto, tendo resultado num aumento da procura de gasóleo à custa da gasolina. Estima-se que no curto prazo a procura de gasóleo atinja 3 vezes a de gasolina.
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Metas de Biocombustíveis na UE em 2015
Fonte: Kingsman e ENMC PORTUGAL 7,5% Energia min 2,5/ bioetanol ESPANHA 4,1% energia min 4,1 % biodiesel min 3,9 % etanol REINO UNIDO 4,75% volume FRANÇA 7,0% energia ALEMANHA 3,5% de redução de GEEl HOLANDA 5,5% energia ITÁLIA 5% energia
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Metas de Biocombustíveis na UE em 2015
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A América do Norte é atualmente o maior consumidor
de biocombustíveis, seguida da América Latina em que é
de realçar o peso do Brasil (2º maior consumidor) e da
UE.
Em 2030, está previsto que os maiores consumidores
continuem a ser os países da OCDE, os países da
América do Norte e a UE, sendo responsáveis por cerca
de 40% e 20%, respetivamente.
Em 2030, antevê-se que o consumo mundial de
biocombustíveis atinga os 5% do volume total de
combustível utilizado no setor dos transportes, como
resultado da implementação de políticas ambientais de
combate às alterações climáticas.
Consumo de Biocombustíveis no Mundo
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Nos EUA, que há muito procuram a redução da
dependência de importação de petróleo. Apesar disso, o
país nunca estabeleceu um percentual mínimo de
incorporação nos combustíveis fósseis.
No entanto, estabelece benefícios fiscais muito
importantes à sua incorporação.
Na América do Sul, além do Brasil, a Argentina e a
Colômbia estabeleceram percentagens de incorporação
dos biocombustíveis nos combustíveis fósseis muito
baixas.
Na Ásia, a Malásia e a Índia exigem 5% de incorporação
de biocombustível no combustível mineral.
Metas de Biocombustíveis no Mundo
Produtos Matérias-primas Características
•Produto quimicamente diferente do diesel mineral.
EN590 limita na EU a incorporação no diesel
banalizado a 7% (v/v)
•Conteúdo energético 14% inferior ao diesel, maior consumo unitário
•Processo industrial simples, com a qualidade do
produto muito dependente do tipo de matérias primas (propriedades de frio limitadas sem uso de
óleo de Colza)
•Produz Glicerina, um produto de baixo valor na Europa
BIODIESEL - FAME
Glicerina Óleo vegetal Metanol Transesterificação Biodiesel Prensagem Sementes (1,05 ton) (0,11 ton) (1 ton) (0,1 ton)Trans-esterificação de óleos vegetais
FAME
Esteres Metílicos de Ácidos Gordos
R – C – O – CH3
1ªGeração
O
Colza Soja
Palma Jatropha Rícino Girassol
ÓLEO VEGETAL HIDROGENADO (HVO)
HVO n + i – Alcanos (CnH2n+2) R – CH2 – CH3 Água Óleos Vegetais Hidrogénio Hidrotratamento Biodiesel Prensagem Sementes Isomerização•Quimicamente semelhante ao diesel mineral (diesel vegetal), sem limites incorporação pela norma Europeia e pelas especificações de qualquer motor automóvel europeu
•Produto de elevada qualidade (índice cetano elevado, propriedades de frio elevadas e densidade mais baixa)
•Blending perfeito com estrutura logística atual •Produtos secundários de alto valor (propano e
nafta de origem vegetal)
•Flexibilidade total na utilização dos óleos vegetais
2
ªGeração
Produtos
Matérias-primas
Características
Hidrogenação e isomerização de óleos vegetais
Colza Soja
Palma Jatropha Rícino Girassol
Bioetanol
BioETBE
• EN 228 estabelece a incorporação máxima na gasolina
banalizada até 10% (V/V)
• Aceite nos motores de veículos ligeiros até 10% (V/V) • Composto higroscópio, que origina problemas de
“handling” no sistema logístico e de distribuição.
Necessário investimento avultado
• Tensão de vapor elevada na mistura de HC origina custos acrescidos no blend de gasolinas.
• Conteúdo energético inferior em 37%face a gasolina • Competitividade da processo de cana no Brasil é difícil de
atingir com processos tradicionais em cereais na Europa • EN 228 estabelece incorporação máxima até 22%
(p/p) no blend de gasolinas
• Composto com elevado Índice de Octano
• ETBE é produzido a partir do bioetanol (47% v/v) e
isobutileno (53% v/v)
• Produto é já hoje generalizadamente utilizado no
blend de Gasolinas (até 12% em média) e não regista
problemas de utilização no sistema logístico e de distribuição.
• Custo do produto superior à Gasolina tradicional
Sacarinas cereais BioEtanol Moagem Fermentação Hidrolise Amido Açúcar simples (0,85Kg) DDGS* CO2 Síntese Bioetanol Isobutilenos BioETBE
Milho Trigo Cana-de-açúcar Sorgo sacarino Beterraba Iso-butilenos (Crakers de Nafta e refinarias) Bioetanol
Produtos Processos e Matérias-Primas Características
Fermentação Cereais ou Sacarinas
Síntese Química
BIOETANOL E BIOETBE
BIOMASS TO LIQUID (BTL)
SÍNTESE FISCHER-TROPSCH
Tecnologia ainda em Desenvolvimento
BTL
n – Alcanos (CnH2n+2)
R – CH2 – CH3
•Quimicamente semelhante ao diesel mineral (diesel vegetal), sem limites incorporação pela norma Europeia e pelas especificações de qualquer motor automóvel europeu
•Produto de elevada qualidade (índice cetano elevado, propriedades de frio elevadas e densidade mais baixa)
•Blending perfeito com estrutura logística atual •Conversão total de biomassa para
biocombustíveis Gás de sintese Síntese Gasolina Gasificação Biomassa Gasóleo Gomas
3
ªGeração
Biomassa +22
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Origem das matérias primas utilizadas para bioetanol na UE em 2012 (kton)
Ecofys 2015
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Matérias-primas utilizadas na produção de FAME em Portugal (2012)
Colza 34% Soja 50% Oleína de palma 15% Girassol 0% Gordura animal 1% Biodiesel reprocessado 0,27% OAU 0,03% Destilado 0,004% Outras 1,5%
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Metas ibéricas de biocombustíveis
Fontes: D.L. 117/2010, Real Decreto 459/2011. * Em PT = 2000€/TEP e em ES = 350€/TEP
Hoje, em Portugal, introduz-se 7,5% em Energia (6,75% Biodiesel e pontualmente bioETBE em gasolinas vindas de Espanha). Desde 2015 que é obrigatório introduzir biosubstitutos na Gasolina, assim como introduzir HVO no Diesel para cumprir a meta. Em Espanha as metas globais são menos exigentes (4,1%), envolvendo substituição na gasolina com bioETBE e bioetanol, e FAME no diesel, aguardando-se o mandato para o pós 2015.
Portugal 2020 2014 2013 2016 7,5% 2,5% 6,75% 2015 4,1% 3,9 % 4,1 % 5,5% 2017 n/d 9% 2,5% n/d n/d Espanha % mínima de Energia nas Gasolinas % mínima de Energia nas Gasolinas % mínima de Energia nos Gasóleos % mínima de Volume nos Gasóleos Meta global em energia % Meta global em energia %
Incumprimento taxado com coima de valor superior ao custo extra dos biocombustíveis* 6,75% 4,1% 3,9 % 4,1 % 5,5% 7,5% 2,5% n/d n/d n/d n/d n/d n/d 4,1% 3,9 % 4,1 % 9% 2,5% 10% ENERGIA
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Source: Galp Energia
CUMPRIMENTO DAS METAS POR PAÍS
3,7% 3,8% 5,3% 0,7% 0,7% 0,9% 0,6% 0,6% 1,8% 0,5% 2016 2017 2020 En e rg y %
Double Counting HVO Bio Ethanol eq. FAME 9,0% ≈ 500 ktep 7,5% ≈ 400 ktep 10% ≈ 580 ktep 5,0% ≈1.350 ktep 4,3% ≈1.000 ktep 8,5% ≈2.400 ktep 7% máx. de M.P. agroalimentares 7% máx. de M.P. agroalimentares 5,0% 5,1% 5,1% 0,6% 0,6% 0,6% 0,8% 1,8% 2,8% 1,0% 1,5% 1,5% 2016 2017 2020 En e rg y %
Double Counting TDB - HVO 1G
TDG TDB - FAME (1G + Residual)
Como cumprir as metas em Portugal…?
Cumprimento das metas dos próximos anos possível com mix hoje utilizado o Base continuará a ser FAME no Diesel, representando no máximo 5% energia do mix. o Etanol (direto ou via ETBE) representará 0,5% a 0,9% do mix (PT ou ES).
o HVO será complementar, mas futura limitação de M.P. agrícolas poderá colocar limitações, podendo no entanto deslocar parte do FAME quando mais competitivo.
o Bios double counting com importância decisiva, em especial após aplicar restrição dos 7% (a partir de 2017), visto serem forma disponível mais competitiva de cumprir metas.
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Capacidade instalada dos produtores nacionais de Biocombustivel
Fonte: APPB
Propriedade e localização dos ativos
Em Portugal existem 8 produtores de biodiesel, cuja capacidade de produção instalada anual é cerca de 731 mil toneladas, com 45% dela utilizada para o mercado nacional (sobre capacidade de produção de FAME).
= 731 kton/anoPRIO
(Em operação desde 2007) TORREJANA (Em operação desde 2005)
BIOVEGETAL (Em operação desde 2007)
IBEROL
(Em operação desde 2006) SOVENA
(Em operação desde 2008) Refinarias
Porto Brandão (Logística Galp)
BIOPORTDIESEL (Em operação desde 2011)
ENERFUEL (Em operação desde 2013)
16% 16% 16% 14% 15% 5% 14% 4% BIOVEGETAL IBEROL PRIO SOVENA TORREJANA Bioportdiesel Valouro ENERFUEL Capacidade instalada (2014)
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Em 2012, foram propostas diferentes matérias-primas
(Anexo IX (COM 2012) 595 final) para bonificação (2x
ou 4x contagem) para as metas de energias renováveis
do setor de transportes e/ou contagem para as
submetas de biocombustíveis avançados produzidos
por novas tecnologias definidas para 2020.
Ainda em 2012, foram também adicionadas a esta lista
diferentes matérias-primas consideradas com baixo
risco de alterações indiretas de solo (ILUC).
Atualmente, diversos tipos de matérias-primas têm
sido adicionados e removidos sem uma análise
transparente e cientificamente sustentada.
Biocombustíveis bonificados
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A maioria dos biocombustíveis de dupla contagem
na UE é produzida a partir de óleos alimentares usados
(OAU) ou de gordura animal.
Esta deveria ser o mecanismo que nos conduzisse ao
desenvolvimento de bioetanol avançado possível se
fosse introduzida uma
submeta para este
biocombustível.
Devido a não existir uma definição clara de "detritos e
resíduos" na Diretiva, o critério para a dupla contagem
tem sido, até à data, implementado de forma
inconsistente em toda a UE.
Biocombustíveis bonificados
30
O Parlamento Europeu elaborou um projeto de
legislação no em que prevê uma lista de
matérias-primas (Anexo IX), deviam ser consideradas para
dupla-contagem em teor energético.
Os biocombustíveis produzidos a partir de materiais
lenho-celulósicos, celulósicos não alimentares, resíduos
e detritos contarão a dobrar para a meta de 10%
prevista na RED.
Também é prevista a múltipla contagem para os
biocombustíveis avançados nas metas dos transportes
e meta geral de energias renováveis de 20%
obrigatória para 2020.
A dupla contagem
31 Utilização alternativa Utilização principal Hoje 2010 2020
-1) Matérias Primas tradicionais como Palma, Girassol, Colza, Soja
2) Jatropha não colide com a cadeia alimentar e adapta-se a condições precárias de solo e clima
Outros Óleos (Jatropha2) Biomassa e Algas Óleo Vegetal (tradicional1) Hidrogenação Óleos Vegetais (HVO) BTL - FT (Biomass o Liquid) Trans-Esterificação Biodiesel 2 e 3G (Diesel Vegetal) Biodiesel 1G (FAME)
Matérias - Primas Tecnologia Produtos
Evolução tecnológica no Biodiesel
32
Dados de redução de emissões, em percentagem, de GEE para
biocombustíveis, em relação aos combustíveis fosseis – biodiesel (FAME e Trat. Hidrogénio/HVO) e Etanol
33 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
madeira cultura resíduos madeira palha de trigo madeira cultura madeira cultura Fischer-Tropsch madeira cultura
resíduos madeira Fischer-Tropsch resíduos madeira
resíduos madeira
Etanol Etanol Etanol Metanol DME Gasóleo Metanol Gasóleo DME
Valores típicos e por defeito estimados para futuros biocombustíveis produzidos s/ILUC
Redução de emissão de GEE Típicos Por defeito
Dados de redução, em percentagem, estimada de emissões de GEE para biocombustíveis avançados (2G) a partir de diversas matérias-primas (resíduos
34
Origem: Mafalda Sousa, Quercus (2014)
35
Micro-algas
Matriz de Avaliação
Competição alimentar
- Produtividade em litros de óleo por ha dada pela dimensão relativa
Sustentabilidade Ambiental + -+ Gordura animal2 Óleos usados2 Biomassa2
1. Culturas com baixa produtividade em óleo porque ainda pouco exploradas. 2. Produtos residuais não agrícolas, logo, não faz sentido colocar a produtividade. 3. Não existe info sobre emissões de CO2na produção do Sorgo.
- Em fase de maturação tecnológica
Milho Trigo Colza Girasso l Soja Cana Palma Sorgo
As matérias-primas melhor posicionadas são as não agrícolas (Gordura animal/óleos usados/Biomassa). No entanto, a escassez das primeiras e a maturidade tecnológica da última não dão garantias de disponibilidade.
Jatropha
bianchi.aguiar@gmail.com
37
Os preços das commodities globais e o preço agregado, versus volume de produção global de biocombustíveis, ambos normalizados. Fonte: Hamelink, 2013
38 Release date: 07/05/2015
Os mercados globais para a maioria dos géneros alimentícios são caracterizados por suprimentos abundantes e menos incerteza do que nos últimos anos, uma situação refletida no FAO Food Prices Index caindo para um mínimo de quatro anos. Principais exceções são os mercados dos produtos de origem animal, que terão de responder uma procura internacional correspondente a um 1 trilião de USD, pelo quinto ano consecutivo.
39
O FAO Food Price Index atingiu uma média de 182,7 pontos em janeiro de 2015, 3,6 pontos (1,9
por cento) do seu valor de
dezembro de 2014, revisto em baixa. Enquanto os preços do
açúcar e produtos lácteos
permaneceram praticamente
inalterados, as outras
commodities, incluídas no índice,
caíram em Janeiro, com os
cereais e os óleos a registrando quedas mais fortes. Com uma breve exceção em outubro de 2014, o FAO Food Price Index tem vindo a cair desde abril de 2014.
40
O FAO Vegetable Oil Price
Index atingiu uma média de
156,0 pontos em Janeiro, caindo 4,7 pontos (2,9 por cento) em relação a dezembro, com o seu nível mais baixo desde outubro
de 2009. Os preços do óleo de
palma e de soja caíram,
refletindo uma fraca procura de óleo de palma e a perspetiva de
uma boa produção de soja. Além
disso, a persistente baixa dos
preços do petróleo bruto
continuou a pesar sobre as
cotações do óleo vegetal,
minando a competitividade dos óleos vegetais, como matéria-prima do biodiesel.
41
Previsão de mais recente da FAO para a produção de cereais do mundo em 2014 destaca-se por um
novo recorde de quase 2.534
milhões de ton, marginalmente
superior ao estimado em dezembro e 0,5 por cento acima da produção
de 2013. A pequena produção
estimada, com a atualização de dezembro reflete uma revisão em alta, com exceção do trigo e arroz. As primeiras indicações para as culturas de 2015 são favoráveis. No hemisfério norte, as sementeiras de inverno concluíram-se geralmente
em boas condições, com
crescimento na América do Norte e no Médio Oriente, equilibrando as diminuições na Rússia e no Extremo Oriente asiático.
Os preços das commodities primárias agrícolas não estão
diretamente correlacionados com os preços dos alimentos
42
Nas matérias-primas ricas em amido o mercado é determinado essencialmente
(1) pela indústria dos alimentos compostos para animais (rações), (2) o consumo humano e
(3) o seu uso para biocombustível.
as últimas utilizações representam menos de 5% da utilização dominante.
Nas matérias-primas ricas em açúcar o mercado é impulsionado (1) pela indústria do açúcar, propriamente dita,
(2) os biocombustíveis são o segundo maior driver, embora na maioria dos casos ao nível nacional.
Os preços das commodities primárias agrícolas não estão
diretamente correlacionados com os preços dos alimentos
43
Para as sementes de oleaginosas, o comércio global é impulsionado, principal e novamente,
(1) pela indústria das rações,
(2) em segundo lugar pelo mercado da alimentação humana e (3) só em terceiro lugar pela procura como matéria-prima para
biodiesel.
Os subprodutos ricos em proteína, resultado tanto da produção de
etanol como de biodiesel constituem importantes fontes proteicas para a indústria de alimentos compostos com impacto, não despiciente, nos mercados das rações.
Os preços das commodities agrícolas estão fortemente
ligados ao preço da energia
44
Relação dos preços com destaque para o preço do petróleo, seguem-se outras variáveis tais como,
(1) níveis de produção versus procura, (2) variação de stocks e taxas de câmbio, Com uma influência reduzida.
(3) as taxas de juros, com algumas exceções, e
(4) o crescimento do rendimento disponível pelos consumidores,
No período recente, com um pico de preços em 2012, o petróleo teve uma importância ainda mais marcante, considerando o aumento muito elevado do barril de petróleo. Os dados dos últimos meses confirmam esta análise contribuindo, entre outras variáveis, para uma queda mais acentuada dos preços.