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Resposta glicêmica à ingestão de refeições com diferentes cargas glicêmicas em jogadores juniores de futebol

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Ciência em Movimento | Ano Xii | nº 24 | 2010/2

Resposta glicêmica à ingestão de refeições com

diferentes cargas glicêmicas em jogadores

juniores de futebol

Glycemic response after ingesting a meal with different glycemic

loads in amateurs soccer players

Priscila Azevedo Viero¹ Cíntia Carvalho²

Cláudia Dornelles schneider³

rESUMo

introdução: Os atletas adolescentes apresentam necessidades específicas quanto à alimentação pela elevada de-manda de nutrientes requerida tanto em função do crescimento quanto da carga de treinamento. A alimentação pré-treino é considerada um importante recurso ergogênico, sendo o carboidrato o principal nutriente a fornecer energia durante o exercício, capaz de prevenir quedas da glicemia. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi verificar a resposta glicêmica após a ingestão de duas refeições com diferentes cargas glicêmicas em jogadores juniores de futebol de campo. Materiais e Métodos: A amostra foi composta por 19 jogadores de futebol de campo, do sexo masculino, entre 17 e 18 anos de idade. Foram testadas duas refeições sólidas com cargas glicêmicas diferentes, isocalóricas, isoglicídicas, isolipídicas e isoprotéicas em dois dias de treino físico. A glicemia foi mensurada antes da ingestão da refeição (jejum), na metade e no final de um treino de 44 minutos através de amostras sangüíneas coletadas por meio da punção da polpa digital. Resultados: Os dados mostraram que houve interação entre a curva da glicemia e a refeição aplicada (F[2,17]=7,391; p=0,005). Todavia, a refeição com baixa carga glicêmica reduziu menos os níveis de glicemia após o treino do que a refeição com média carga glicêmica. A ingestão de uma refeição com baixa carga glicêmica por atletas adolescentes antes de um treino físico de futebol é capaz de gerar uma menor queda da glicemia durante 44 minutos de exercício, o que pode sugerir um favorecimento ao desempenho dos atletas.

PALAVrAS-CHAVE

Glicemia – Adolescente – Exercício – Futebol - Índice glicêmico. ABSTrACT

introdution: The young athletes have to specific nutritional necessities because they need more quantity of nutrients to grow up and to training hard. The food before the training is considered an important ergogenic appeal. The carbo-hydrate is the main nutrient which supplies power during the exercise, it´s able to prevent a decrease of the blood glucose. so, the objective of this study was to check the glycemic response after ingesting a meal with different glycemic loads in amateurs soccer players. Materials and Methods: The sample had 19 male soccer players, between 17 and 18 years old. Two solid meals with different glycemic loads, isocalorics, isoglucidics, isolipids and isoproteics were tested in

¹nutricionista graduada pelo Curso de nutrição da UFRGs e Especialista em Ciências da saúde e do Esporte da PUCRs.

²nutricionista do sport Club internacional de Porto Alegre, Rs.

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two physical training days. The blood glucose was measure before the intake of the meal (fasting), in the training midd-le and in the training end. The training was 44 minutes. The blood sampmidd-les were colmidd-lected by puncture of the fingertip. Results: The dates showed that happened an interaction between the blood glucose curve and the meals (F[2,17]=7,391; p=0,005). But the low glycemic load meal caused a less decreased the blood glucose than the medium glycemic load meal. The low glycemic load meal intake by young athletes before a soccer training can be able create a blood glucose smaller decrease during the 44 minutes of exercise, which can be suggest a benefit to athletes performance.

KEYWorDS

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Ciência em Movimento | Ano Xii | nº 24 | 2010/2

INTroDUÇÃo

A crescente participação dos adolescentes em esportes de alto nível tem requerido uma maior e mais cautelosa atuação dos profissionais da área. Os excelentes resultados obtidos por jovens atletas em competições de reconhecido impacto tem au-mentado o interesse das crianças em fazer parte de um clube de iniciação esportiva. Além disso, a mí-dia coloca esses jogadores em evidência em idades muito precoces, o que contribui para o aumento desse interesse e cria grandes expectativas de um futuro promissor (siLVA et al., 2007).

Todo adolescente precisa ter uma ingestão ali-mentar apropriada para cumprir as necessidades nutricionais que requerem o crescimento e o ama-durecimento corporais. Quando são atletas, deve ser dada uma atenção especial para que a alimen-tação corresponda à maior demanda de nutrientes que os treinamentos acarretam (GUTiÉRREZ et al., 2005). Entretanto, muitas recomendações são ba-seadas nas de adultos, as quais não consideram as especificidades da idade (sTEiGER; WiLLiAMs, 2007).

Crianças e adolescentes são caracterizados por uma resistência à insulina durante certos períodos de maturação, diferentes respostas metabólicas/ glicolíticas e tendência à maior oxidação de gordu-ras durante o exercício, além de apresentarem dife-rentes mecanismos de dissipação do calor (sTEi-GER; WiLLiAMs, 2007) e menores estoques de glico-gênio que adultos. na puberdade, o desenvolvi-mento mais acelerado e a intensa atividade endó-crina, principalmente do hormônio do crescimento e dos hormônios esteróides sexuais são fatores que afetam a regulação metabólica durante o exercício (BOissEAU; DELAMARCHE, 2000). Em cada nível de maturidade, tais diferenças no funcionamento do organismo geram necessidades específicas quanto à alimentação, que devem ser respeitadas para ga-rantir o desenvolvimento físico e mental do indiví-duo e influenciar de maneira positiva o rendimento esportivo (FiLHO; TOURinHO, 1998).

sabe-se da importante relação entre a ingestão de carboidratos e o desempenho esportivo. Os car-boidratos vão abastecer os estoques de glicogênio e prevenir a queda da glicemia durante a atividade.

O glicogênio é considerado um fator limitante para o bom desempenho físico, podendo afetar o de-sempenho pela modificação da funcionalidade do sistema nervoso central através das alterações san-guíneas da glicose. Desse modo, a alimentação pré-exercício pode ser considerada um importante re-curso ergogênico e fator capaz de aperfeiçoar os resultados desejados (BURKE et al., 1998; CYRinO; ZUCAs, 1999; CARVALHO et al., 2003). Avaliar as mudanças na glicemia, portanto, é um método al-ternativo para tentar verificar o impacto dos nu-trientes ingeridos antes do exercício, principal-mente os carboidratos, sobre a contribuição ener-gética durante o exercício em atletas adolescen-tes.

Tanto a qualidade quanto a quantidade dos car-boidratos ingeridos podem influenciar diretamen-te as respostas glicêmicas pós-prandiais. Um índice que reflete essa interação é a carga glicêmica (CG) dos alimentos (Carga glicêmica = Quantidade de carboidratos x Índice glicêmico). Dessa forma, a carga glicêmica começou a ganhar importância, sendo fisiologicamente validada como uma medi-da confiável medi-das respostas glicêmicas à alimenta-ção (POWEL et al., 2002). no entanto, ainda pouco se sabe sobre a sua influência direta nas respostas fisiológicas e metabólicas durante o exercício.

Os atletas adolescentes estão num período de transição entre a infância e a idade adulta no qual ocorrem muitas mudanças metabólicas, além de estarem envolvidos com altas cargas de treinamen-to. O monitoramento do crescimento, da massa cor-poral e de demais variáveis antropométricas e pa-râmetros bioquímicos se torna, portanto, indispen-sável para se fornecer a alimentação corresponden-te à elevada demanda energética, a fim de propor-cionar adequados crescimento, estado nutricional e desempenho (MEYER et al., 2007).

sendo assim, o objetivo deste estudo foi verifi-car a resposta glicêmica após a ingestão de duas refeições com diferentes cargas glicêmicas em jo-gadores juniores de futebol de campo.

MATErIAIS E MÉToDoS

Foram avaliados 19 atletas, do sexo masculino, entre 17 e 18 anos de idade, jogadores de futebol

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de campo da categoria junior de um clube da 1ª divisão do futebol brasileiro de Porto Alegre, Rs.

A participação foi aceita mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido conforme recomendação da Resolução nº 196/96 Cns/Ms. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Éti-ca em Pesquisa da Pontifícia Universidade CatóliÉti-ca do Rio Grande do sul em 26 de maio de 2009 con-forme processo nº 09/04700.

A pesquisa foi desenvolvida em dois dias de treino físico, separados por sete dias de intervalo, com duração de 44 minutos, no período da manhã. no 1º dia, todos os atletas receberam a refeição de média carga glicêmica (CG = 71) e no 2º dia, a de baixa carga glicêmica (CG = 39). As refeições testa-das eram sólitesta-das, com cargas glicêmicas diferentes e mesma quantidade em gramas de carboidrato. As refeições eram isocalóricas, isoglicídicas, isolipídi-cas e isoprotéiisolipídi-cas, calculadas no Microsoft Excel com a utilização de tabelas de composição de ali-mentos (nEPA, 2006; iBGE, 1999). Os valores de Ín-dice Glicêmico (iG) foram baseados nos estudos de Jenkins et al. (1981) e Powel et al. (2002). Os alimen-tos foram pesados com uso de uma balança digital da marca Plenna, capacidade 2 kg, graduação 1g.

Em ambos os dias, os atletas chegaram ao refei-tório do clube em jejum de 8 a 10 horas. Realizaram o 1º teste de glicemia e após receberam a refeição. Depois de 45 minutos do término da mesma, os atletas iniciaram o treino. O 2º teste de glicemia foi realizado no intervalo do treino (22 minutos de exercício) e o 3º teste de glicemia, ao final do treino (44 minutos de exercício). As amostras sangüíneas foram coletadas pelo mesmo avaliador em todos os momentos por meio da punção da polpa digital, utilizando-se uma microlanceta estéril posterior-mente introduzida no aparelho da Accu-Chek Ad-vantage (Roche®) para a leitura da glicemia. O em-prego da estratégia de leitura rápida da glicemia visou minimizar a intervenção invasiva junto ao avaliado. Este método foi utilizado nos estudos de sapata et al. (2006) e Cocate e Marins (2007).

A avaliação física foi realizada pelo avaliador do clube três semanas antes da coleta de dados. Foram aferidos a massa corporal, a estatura e as dobras cutâneas triciptal, abdominal, subescapular e

su-pra-ilíaca com a utilização de um plicômetro clínico da marca Cescorf (1 mm). A composição corporal foi determinada através do percentual de gordura segundo Protocolo de Faulkner (1968), conforme a seguinte equação: % Gordura = [(Dobra Cutânea Triciptal + supra-ilíaca + subescapular + Abdomi-nal) x 0,153 + 5,783].

A normalidade dos dados foi avaliada pelo teste de shapiro-Wilk apresentando distribuição simétri-ca (p>0,05). As variáveis quantitativas foram descri-tas através de média e desvio padrão. Para avaliar as diferenças entre a glicemia considerando a refei-ção, foi aplicada a Análise de Variância (AnOVA) pa-ra medidas repetidas com post-hoc de Bonferroni. Em caso de interação significativa, o teste t para amostras pareadas foi também utilizado. Para a as-sociação entre as variáveis quantitativas, foi utiliza-da a correlação de Pearson. Em todos os casos, fo-ram consideradas significativas as diferenças que apresentaram o valor de p ≤ 0,05. Os dados foram analisados com o auxílio do software sPss 13.0.

rESULTADoS

A amostra foi composta por 19 atletas com 18,1 ± 0,4 anos de idade, 72,6 ± 5,2 kg de massa corpo-ral, 181 ± 5,5 cm de estatura, 11,3 ± 0,9 % de gor-dura corporal. Os alimentos que constituíram as refeições estão descritos na tabela 1.

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Tabela 1 – Composição das refeições oferecidas antes do exercício, conforme a carga glicêmica

Baixa CG (CG = 39) (g ou ml) Média CG (CG = 71) (g ou ml)

Pão integral 50 Pão de forma

bran-co

50

Margarina 5 Queijo prato 30

Queijo prato 15 Cereal de milho Corn

Flakes®

40 Cereal integral All

Bran® 15 Açúcar refinado 12 iogurte integral de morango 300 iogurte integral de morango 70

Maçã Fuji 150 Banana prata 40

CG = carga glicêmica; g = gramas; ml = mililitros. As refeições foram compostas por diferentes cargas glicêmicas conforme tabela 2. Através da AnOVA para medidas repetidas verificou-se que houve interação entre a curva da glicemia e as re-feições aplicadas (F[2,17]=7,391; p=0,005), sendo que para a refeição com baixa carga glicêmica os níveis de glicemia após o treino reduziram menos do que com a refeição de média carga glicêmica. Tabela 2 – Composição nutricional das refeições utilizadas no estudo.

Parâmetro Baixa CG Média CG

Energia (kcal) 583 ± 0,8 586 ± 0,6

Carboidratos (%) 63 ± 0,1 65 ± 0,1

Proteínas (%) 13 ± 0,01 12 ± 0,1

Lipídeos (%) 24 ± 0,07 23 ± 0,8

Fibras (g) 10,8 ± 0,2 4,3 ± 0,3

CG = carga glicêmica; g = gramas; kcal = quilocalorias.

Os valores das glicemias após cada refeição e em cada momento são apresentados na tabela 3. Observou-se que houve diferença estatisticamente significativa em todos os momentos comparando-se as duas refeições. Porém, quando avaliada as va-riações de uma medição para a outra de uma mes-ma refeição, houve diferença estatisticamente sig-nificativa do jejum para o final do treino e do meio do treino para o final do treino em ambas as refei-ções. O comportamento da glicemia ao longo do tempo está demonstrado na figura 1.

Tabela 3 – Valores da glicemia (expressos em média ± dp) após as refeições com diferentes cargas glicêmicas.

Glicemia (mg/dl) Baixa CG Média CG p

Jejum 78,4 ± 8,1 72,7 ± 8,7 0,037

22 minutos de treino 101,7 ± 9,8 91,2 ± 13,9 0,005

44 minutos de treino 93,6 ± 12,7 71,2 ± 11 0,000

D jejum - meio treino 23,3 ± 2,7 18,5 ± 3,5 0,253

D meio treino - final treino

-8,1 ± 3 -19,9 ± 3,5 0,026

D jejum - final treino 15,2 ± 2,9 1,5 ± 2,9 0,001

CG = carga glicêmica; D = diferença entre as medições.

Figura 1. Comportamento da glicemia ao longo do teste conforme a refeição.

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DISCUSSÃo

O principal achado do presente estudo foi que a refeição com baixa carga glicêmica gerou uma menor queda da glicemia dos atletas até o final do treinamento. Atualmente, tem aumentado o núme-ro de pesquisas relacionando a carga glicêmica das refeições pré-exercício com as respostas glicêmicas durante o mesmo. Um estudo com atletas corredo-res evidenciou a importância da carga glicêmica quando analisados os efeitos da ingestão de três de refeições isocalóricas com índice glicêmico (iG) e carga glicêmica (CG) diferentes (R1: alto iG e alta CG; R2: baixo iG e baixa CG; R3: alto iG e baixa CG). Foram encontradas respostas metabólicas simila-res entre as refeições com baixa CG. Além disso, elas induziram menores mudanças metabólicas du-rante o período pós-prandial e menor oxidação dos carboidratos durante o exercício, garantindo desta forma níveis adequados de glicemia nos momentos finais e críticos do exercício (CHEn et al., 2008).

Kirwan et al. (2001), avaliando não-atletas, ob-servaram uma queda constante da glicemia até o final do exercício aeróbico após o consumo de uma

refeição com alto índice glicêmico. Foster et al.

(1979) demonstraram que o consumo de 75g de gli-cose 45 minutos antes de um exercício intenso le-vou os indivíduos mais rápido à exaustão, ao con-trário de uma refeição mista (10g de proteínas, 12,5g de gorduras e 15 g de carboidratos), possivel-mente decorrente da depleção precoce dos esto-ques de glicogênio.

na maioria das pesquisas, como as recém cita-das, a variável mais estudada é o índice glicêmico dos alimentos e não a carga glicêmica. Mesmo assim, é possível relacionar os resultados com os do estudo atual. Os achados descritos foram similares aos do presente estudo, que mostraram maior decréscimo da glicemia durante o treino, após ingestão da refei-ção de maior carga glicêmica. Tem sido discutido que o consumo de carboidratos com alto conteúdo glicêmico antes do exercício poderia afetar negati-vamente o desempenho por ocasionar elevação rá-pida da glicemia e, em seguida, uma queda brusca da mesma, o que acarretaria uma hipoglicemia de rebote por induzir o aumento da liberação de insu-lina pelo pâncreas (HARGREAVEs et al., 1985).

Os resultados de alguns estudos, no entanto, mostraram que o consumo de refeições com alto ín-dice glicêmico antes do exercício gerou uma res-posta glicêmica estável durante o tempo de ativida-de (sAPATA et al., 2006; COCATE; MARins, 2007). Achados estes que não corroboram com os do pre-sente estudo, no qual não houve estabilização da glicemia e sim uma queda gradual. Muitos aspectos podem ser discutidos, como o tipo de exercício pra-ticado, predominantemente aeróbico ou anaeróbi-co, o que difere de um treino de futebol que mescla os dois sistemas energéticos, o tipo de indivíduos avaliados, adultos e não-atletas, e o tipo de refei-ções utilizadas.

O consumo de carboidratos antes de um treino de força mostrou que a ingestão de uma solução de carboidrato (1g/kg massa corporal), 15 minutos an-tes de uma sessão de treino de força, consistindo de três séries de sete exercícios a 70% de 1-RM até a exaustão, gerou um aumento significativo da glice-mia após a ingestão do carboidrato. Mas, após, re-tornou a valores próximos dos iniciais e assim se manteve até o final da atividade, não apresentando nenhuma queda abrupta (FAYH et al., 2007). Dados que mais se assemelham aos achados no presente estudo.

Por outro lado, Febraio et al. (2000), encontraram uma constante oscilação da glicemia: primeiro uma queda após o início do exercício que prosseguiu até aproximadamente 40 minutos, seguida por uma ele-vação até os 90 minutos de exercício, e uma nova redução, gradual, da glicemia após esse período. Ou-tros estudos mostraram que a glicemia esteve au-mentada durante toda a atividade. Todavia, isso pro-vavelmente ocorreu porque estes estudos fizeram uso da ingestão de carboidratos também durante o exercício, diferente do estudo atual e dos demais ci-tados (HAFF et al., 2001; BiRD et al., 2006).

A literatura traz resultados bastante diferentes em relação às respostas glicêmicas à alimentação durante os exercícios. Cada estudo avaliou tanto indivíduos e refeições como tipos de treinamento diferentes, o que dificulta a comparação dos resul-tados. são verificados os efeitos benéficos da in-gestão de carboidratos durante o exercício, po-rém, a eficácia da ingestão pré-exercício, em

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espe-

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cial da composição da refeição, ainda não estão esclarecidas.

Este estudo mostrou que uma refeição com bai-xa carga glicêmica gerou uma menor queda da gli-cemia dos atletas até o final do treinamento. Bus-cou-se elucidar o papel da carga glicêmica nas res-postas da glicemia durante o exercício, a fim de trazer novas contribuições para a prática esportiva em termos de alimentação mais adequada para me-lhorar ou não causar prejuízos ao desempenho dos jogadores nas partidas de futebol. Contudo, mais pesquisas devem ser feitas relacionando a carga glicêmica das refeições pré-exercício com as res-postas glicêmicas durante o mesmo, em diferentes grupos de atletas, de faixas etárias distintas e em

vários esportes.

A partir dos dados analisados, verificou-se que não houve estabilização da glicemia durante o trei-namento após a ingestão de ambas as refeições. Após o pico, houve uma queda gradual. Entretanto, os valores das glicemias em resposta a cada refeição foram diferentes: a refeição com baixa carga glicê-mica gerou uma menor queda das glicemias ao final do treinamento. Dessa forma, pode-se concluir que a ingestão de uma refeição com baixa carga glicê-mica por atletas adolescentes de futebol de campo antes de um treino físico é capaz de gerar uma me-nor queda da glicemia durante os 44 minutos de exercício, o que pode sugerir um favorecimento ao desempenho dos atletas.

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rEfErÊNCIAS

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Referências

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