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Palavras-chave: Educação Ambiental. Agronegócio no Conesul. Injustiça Ambiental.

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A Educação Ambiental como ferramenta do agronegócio para

divulgarem suas atividades no Conesul

Environmental Education as na agrobusiness instrument to disclose

your activities in Conesul

João Paulo Laranjo Velho

Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR)

Resumo: O artigo argumenta sobre a importância de se fazer uma reflexão sobre a educação ambiental desenvolvida pelas empresas e entidades representativas do agronegócio, uma vez que é necessário, considerar os objetivos das mesmas como sendo de interesse em divulgarem uma imagem de empresa sustentável, geradora de emprego, renda e de comprometimento com as questões sociais. No entanto, a histórica desigualdade na propriedade da terra no Conesul, imprime em seus conflitos indicadores negativos na distribuição de renda, riqueza. Diante do exposto, entende-se que deve estar inserido nos debates um viés crítico e transformador. Sendo assim, sustentamos teoricamente o assunto sobre o tema para que sirva de apoio aos dados empíricos de uma tese de doutorado.

Palavras-chave: Educação Ambiental. Agronegócio no Conesul. Injustiça Ambiental.

Abstract: The article argues aout the importance of reflecting on environmental education

developed by companies and entities representing agribusiness, since it is necessary to consider their objectivies as being of interest in promoting na image of a sustainable company that generatas Jobs, income and commitment to social issues. However, the historical inequality in land ownership in Conesul, imprints negative indicators on the distribution of income and wealth in its conflicts. Given the above, it is understood that a critical and transformative bias must be inserted in the debates. Therefore, we theoretically support the subject on the topic so that it supports the empirical data of a doctoral thesis

Keywords: Environmental Education. Agribusiness in Conesul. Environmental Injustice.

VELHO. João Paulo Laranjo A Educação Ambiental como ferramenta do agronegócio para divulgarem suas atividades no Conesul. Educação Sem Distância, Rio de Janeiro, n.2,dez. 2020.

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1 Introdução

O modelodedesenvolvimento hegemônicodo campo,adotado pelospaíses do

Conesul,segundooexpostoporHoff,Dewes,Rathman,Bruch e Padula(2007), beneficia o modeloagroexportadorquepredomina no agronegócio.Esteconceito representa o setor produtivo agrícola e pecuário, passandopelas indústrias deinsumos,debeneficiamento de sementes, armazenagem, embalagem e comercialização. Nesta definição se enquadramtantoasgrandescomoaspequenaspropriedades.

No Brasil por exemplo, o agronegócio é a base da economia e influência consideravelmenteem seuPIB. Destaforma,segundouminformedaFundação GetúlioVargas(FGV):

Agronegócio é asomadetodasascadeiasprodutivasdesdeaprodução edistribuiçãode insumos até acomercialização de alimentos,fibras e energia. Quer dizer, é umconjuntode atividades que está intimamente ligado a todos os setores da economia e da sociedade. No Brasil, é responsável por 30%doPIB, e 36%das taxasdeexportações e por37%dosempregos.(2007,p.4).

Diante dos bons resultados apresentados economicamente, o setor se apresenta como sendo o salvador da economia, gerador de riqueza e renda e responsável por colocar alimento na mesa das famílias, não só no Brasil, mas também no Conesul

como um todo.

Com base no que estabelece a Associação do Agronegócio de Ribeirão Preto-

ABAGRP, o agronegócio é a soma das operações de produção e distribuição de suprimentos e das unidades agrícolas, do armazenamento, do processamento e da comercializaçãodosprodutos e dosartigosqueseproduzemapartirdeles,englobadesde ainvestigaçãocientífica até acomercializaçãodealimentos,fibras e energia. Sendoassim, entendemos quemanterumaposturacrítica é fundamental nestecontexto. No entanto,

ser crítico implica na busca da emancipação do sujeito que está atravessado pelos

discursos e atividadesdaEducação Ambiental.

Neste artigo, sustentamosque a intenção do setordo agronegócio e desuas entidadesrepresentativasestá longe de pensar em unaemancipaçãodapopulação, mas sim, de simplesmente, conforma-la, portanto, se utilizam dos sites, de apostilas, da imprensa escrita e televisiva, para divulgarem suas atividades, seus bons resultados na participação do Produto Interno Bruto- PIB, ou seja, para justificarem sua importância, o que para o

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autor vai além do marketing, pois, entende como sendo também uma forma de educar a população.

Nos apoiamos em Jacques Rancière(2010),porentendermos que emancipação é

umaformadesairdeumasituaçãode inferioridade (p.168).Assim,esteprocessocomeça nomomentoemquese questionaaoposiçãoentre observar e atuar, pois para evidências

a qualestruturamasrelações do dizer,dover e do fazer pertencemaestruturadadominação

e da sujeição (Rancière, 2002, p. 17). A partir dessas concepções, entendemos que é

fundamental compreenderosprocessos envolvido,pois o conflitoambientalpodeserum

momentoderupturacomadominação.

Então, mesmo que exista muitas diferenças entre Estado e empresas, os interessesdeambosparaadominação e adistribuiçãodesigualdosdanos são similares,

visto que, emváriasocasiõesacabamconvergindo e asconsequênciasestãointimamente

vinculadas com a segregação social (Lefebvre, 2011) pois, a final de contas, estamos

inseridos no sistemacapitalista e o Estadoestáatravessadopelo mesmo.

Podemos então dizer, que a agricultura e pecuária são as atividades que estruturam o setor do agronegócio, pois, se desenvolvem dentro da área rural. Os empreendimentos mais complexos incluem a implementação da indústria de máquinas agrícolas, as quais são cada vez mais modernas e podem cumprir várias tarefas simultaneamente, então, quer dizer que umasó máquina é capazderealizarváriosserviços: semearsementes,colher e separargrãos,irrigarasplantações,entreváriasoutrasfunções. Se caracterizamporoferecercomodidade eergonomia e praticidade aooperador.

As máquinas agrícolas quando trabalham em conjunto são capazes de realizar um serviço complexoem pouco tempo, se estabelecermosa comparação com a mesma atividade realizada só pelo agricultor, que para cumprir com seu objetivo, demoraria

váriosdias, além de que aáreacoletada eplantadaseria muito menor.

Podemos dizer então, que a disponibilidade de recursos econômicos por parte de um determinado grupo de produtores rurais, favorece a compra de máquinas, insumos e veneno agrícola, além da contratação de técnicos especializados, para produzir mais em um menor espaço e menor tempo, opondo-se ao agricultor familiar, a qual se utiliza de mão de obra reduzida e de equipamentos primitivos para plantar e colher sua produção agrícola, o que justifica a desigualdade social na posse da terra e da riqueza produzida.

Para confirmar o acima descrito, mencionamos o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE (2006), pois, existe uma enorme desigualdade social

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provocada pelasatividadesdo agronegócio, jáquepequenosgruposdetémamaiorparte daterrafértilpara o cultivo e aspropriedadesruraiscomaté 10hectaresrepresentam2,7% da área total. Por outro lado, as propriedades com área superior a 1000 hectares representam43%daáreatotal.Adesigualdade é visíveltambém quandosecomparacom recursos tecnológicos para manterem sua produção, pois, a população local não industrializada possuí uma quantidade mínima de terra, além da falta de recursos financeiros parainvestiremtecnologia para aumentar a produção.

Então, com o objetivo de aumentar aprodução de grãos, os proprietáriosrurais passaram a defender o uso de fertilizantes e venenos agrícolas, sendo assim, ficaram

dependentes de silos e estradas para o fluxo do excedente daprodução. Nestesentido, entendemosqueaspropostasvinculadasasentidadesquerepresentam o agronegóciotêm como discurso principal a defesa dos interesses dos países onde desenvolvem suas atividades. Este discurso está ligado a uma promessa de desenvolvimento econômico e

social, e incluemdemaneira triunfalo êxitodesuas exportações,poisrepresentamum índicepositivonabalançacomercial.

Por sua vez, Fernandes(2010) sustenta que é uma tentativa deocultar o caráter centralizador, depredador, explorador e excludente para dar relevância somente ao caráter produtivista, destacando o aumento da produção, da riqueza e das novas tecnologias.O que colabora com a tese do autor, de que o setor do agronegócio se utiliza da educação para tentar convencer a sociedade, mas principalmente as comunidades próximas a esses empreendimentos de que são sustentáveis e comprometidos com as questões sociais e ambientais. A partir de então, mascaram ou omitem impactos negativos, os quais poderiam comprometer a imagem da empresa perante seus consumidores.

O agronegócio agrega uma gama de relações poderosas que fortalecem a

inclusão deprocessosindustriaisassociados aprodução agrícola.Estesetor busca então, disseminar a imagem demodernização ligadaaimagemdedesenvolvimento,comose ambos fossem sinônimos, pois implicitamente, busca atender aos interesses do mercado.

A chegada da biotecnologia ao setor agrícola permitiu que se superassem problemas como os fatores climáticos. Quer dizer, pode-se ter um controle sobre os efeitosnegativosparaaindústriaprovocadospelanatureza e,dessaforma,seevitaperdas naproduçãoagrícola. Também,a chegadadabiotecnologia fez com quesereduzissecom êxito o temponecessário para ascolheitas.Apropósito,GrazianodaSilva(1981)sustenta

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que “quanto maior for a diferença entre o tempo de produção e o tempo de trabalho efetivo,menorserá o períododevalorização docapital”(p.81).

O modelo atual do agronegócio é capitalista. Então, eleva, a organização hegemônicadasatividadesagrariasnamaiorpartedospaísesdaAméricaLatina e responde

pelo modelo econômico, ao qual está intimamente ligado a produção e circulaçãode matériasprimas,alimentos e outrosprodutosagroindustriais.

Nossa hipótese inicial era de que o objetivo das empresas do agronegócio é o lucro, e que, portanto, buscam resolver conflitos por meio do marketing e da educação, a fim de dar continuidade as suas atividades.

A Educação Ambiental do Agronegócio

Algumas empresas representativas do agronegócio no Conesul, apresentavam informações em seus site, a qual consideramos de grande utilidade para a realização desse trabalho, pois se vinculam diretamente com a caracterização de alguns programas educativos, levando em consideração, o discurso do meio ambiente e educação divulgado pelo setor na comunidade em que está inserido.

Neste sentido, nos servindo como material de enfoque completamente distinto ao da academia, porém muito útil, também, para problematizar o porquê da vaga deste tipo de estudo em um ambiente e não em outro, encontramos no site da empresa de agroquímicos Monsanto, a qual sustenta que desde 2008 tem assumido publicamente o Compromisso de

Agricultura Sustentável a qual se baseia em três exemplos: “Produzir Mais” através das

mais avançadas tecnologias em sementes, “Conservar Mais”, tendo foco no cuidado com o meio ambiente e com os recursos naturais “Melhorar a qualidade de vida” ao contribuir com as comunidades com a qual interage. Então, esta empresa, é igual a outras do setor, pois tem interesse preponderante em ter uma imagem positiva dentro da comunidade na qual está inserida e, com esse propósito, se vale de estratégias que incluem todos os atores que participam dela principalmente, no âmbito educativo.

A Bayer (Brasil) assegura estar comprometida com o uso correto e seguro dos produtos, assim como o destino final das embalagens e, desta forma, cumpre com a segurança dos trabalhadores, da população e do meio ambiente. Segundo seu Informe de

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são obstáculos que precisam ser superados (Bayer, 2017, p. 34) e, para ela, é de suma importância levar em conta a educação da população.

Outro caso é o da empresa Bunge. Esta multinacional através do material Pense Bem

Meio Ambiente (2010), disponível em seu site na web, mostra que a Educação Ambiental se

restringe a implantação de práticas de redução do consumo de água e energia elétrica, e ao entendimento da importância de que nossas ações evitem a contaminação hídrica e atmosférica. A cartilha traz contribuições sobre como aplicar o princípio dos 4R (Repensar, Reduzir, Reutilizar e Reciclar).

A ABAG, por sua vez, tem como objetivo representar o setor do qual faz parte. Desde sua fundação em 1993, podemos observar que tem fomentado de maneira notória a publicidade de suas atividades agroindustriais em todos os meios de comunicação de grande alcance, com o objetivo de mostrar somente os aspectos positivos da indústria. Quer dizer, mediante a produção maciça de materiais didáticos que se encarregou de instalar na sociedade a imagem do agronegócio, como gerador de riqueza, renda e emprego.

Este setor leva em consideração que tanto a empresa Bunge, como Monsanto e Bayer, tratam de impor, mediante diversas ações, seu viés sobre o cuidado com o meio ambiente, por exemplo, orienta sobre a importância de reduzir o desflorestamento, despertar a consciência socioambiental, a relevância substancial de preservar a terra, a água e as florestas, respectivamente.

Portanto, diante a carência de estudos acadêmicos específicos sobre o vínculo de educação e agronegócio, esta investigação pretende ser inovadora e de grande utilidade para futuros trabalhos, pois aqui tentamos elucidar como o setor se apropria, mais precisamente, como utiliza a educação para impor sua perspectiva sobre os cuidados com o meio ambiente.

A

s

inovações

técnicas

no

agronegócio

Diante dos problemas que estão fora das propriedades de produção, e que afetam diretamente, o produtor, surge a necessidade de novas invenções em técnicas que contribuam para o aumentoda margemdebenefício, jáque o incrementodaatividade não atendeas perspectivasdosempresáriosdocampo.Portanto, tendoem conta a análisede Oliveira e Sperse (2010) os produtores buscam organizarem-se de forma exitosa para

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atenderem as exigências do mercado a fim de conseguirem melhores remunerações a

partir da oferta deprodutosdiferenciados.

Devidoanecessidadedeaumentar o benefício no menortempopossível, no século XIX surgiram as novasmáquinas einovaçõesnaagriculturaque mudou definitivamentea trajetóriadastécnicasdeprodução. Poroutrolado,esteprocessofoipossível com o êxodo rural, pois isso determinou a diminuição na quantidade de mão de obra para produção agrícola. Estas novasmáquinas agrícolas seacoplaramaumsistemadetração(tratores)de

acordocomademandaquedeveria ser atendida.

Particularmente, o agronegócio brasileiro é formado por atividades econômicas

que possuem vínculo com insumos para a agricultura, como fertilizantes ou

controladores de pragas. Segundo o site oficial do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (2011), a produção agrícola está constituída por cultivos, pecuária,bosques e extrativismo,aagroindustrializaçãodosprodutosprimários, o transporte e a comercialização de produtos primários. Neste sentido, Bernardo Fernandes (2010) sustentaque o agronegócio é o novonomedodesenvolvimentoeconômicodaagroindústria capitalista,cuja origemestá nosistemadeplantaçãoquegrandespropriedadesutilizamna produção paraaexportação.

Combase no estudodeArthurZimerman(2016),asdisputasexistentes na América Latina são, em parte, consequência da desigualdade da propriedade da terra que se perpetuouao longoda história. A questão dosrecursosnaturaisabundanteslocalizados e divididos demaneira notoriamentediferenciada nas sociedades em desenvolvimento é o enfoque que, no geral, adotam osestudiososdotema(p.158).

Na Argentina o setor agroindustrial representa 21% do valor bruto daprodução, sendo responsável por gerar uma média entre 18% a 31% dos empregos do país. (Regúnaga,outubro2015). Esses bons resultados são publicizados como uma atividade que é fundamental para economia do pais, além de que gera inúmeros empregos e, portanto, sensibiliza a sociedade sobre sua importância. Então, justifica sua atividade com bons resultados econômicos, as custas dos impactos ambientais e da injustiça ambiental. Abaixo segue o gráfico demonstrativo.

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A participação da agroindústria Argentina nas exportações de bens.

Fonte: International CentreformTradeandesustainableDevelopment(ICTSD)–2015

A figura anterior contribui para que possamos visualizar a participação da agricultura na economia da Argentina, pois, no período entre 2011 a 2013, foi responsável por 56%da exportaçãodo país, então, deixaclaroque é fundamental para o

PIB. Apropósito,o usode bens e recursosnaturais é essencialparalevar acaboatividades comoaagricultura,poisoqueestáemdiscussão é aproblemáticasobrecomoserealizam essasações, comoaspopulações vemdesenvolvendo esses processos.

No Brasil, não é diferente, pois, estemodo deprodução eraumacombinaçãoentre monocultivos,latifúndios(grandesextensõesdeterras) e mercadoexportador.A imagem

que mostramos na continuação descreve adesigualdade históricanapropriedade daterra

no Brasil:

Classificações dos imóveisruraisem 1992,1998 e 2003. Fonte: RevistadeHistória Econômica e Economia

RegionalAplicada-Vol.4Nº7Jul-Dez2009

Se analisarmos atabela acima,podemos ver que no período de 1992-2003 houve um pequenoaumento no númerode propriedades, em consequência do aumento na produção agrícola. Esse aumento se deu, diante do interesse em gerar excedentes para o mercado, que se aproveitou do surgimento de máquinas agrícolas modernas que plantam, colhem

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e pulverizam de forma rápida e eficiente, mas também da oferta de sementes, venenos agrícolas e fertilizantes fundamentais para o sucesso na quantidade produzida.

Impactos negativos das atividades do agronegócio

O agronegócio é uma atividade econômica que engloba a produção, a

industrialização e a comercialização de produtos agropecuários. No marco do desenvolvimento de estratégias para o crescimento regional, os países cuja economia está baseadanasatividadesagropecuáriassofremacontaminaçãodosrecursoshídricos,do solo e doar.Além de que,apopulaçãolocalé removida comafinalidadedeampliar a área produzida e também para depositar os resíduos gerados pelas atividades. Estas consequências negativas incrementam o que Acselard (2010) chama de Injustiça ambiental.

A tecnologia disponível para a agricultura permite aumentar a produção, porém nãoconsidera,justamenteasrelaçõessociaisdeprodução(Acselrad 2009,p.76) nem suas transformações. Portanto, levando em conta somente o progressotecnológico, (Ricardo 1982, p. 71) constatou que existem “as melhoras na agricultura, portanto, são de dois tipos: os que aumentam a capacidade produtiva da terra, e osque nos permitem,devido ao uso de máquinas modernas e eficientes, obter o produto com menos trabalho”. Um exemplo da desigualdade social provocada pelo setor do agronegócio está no Paraguai, onde:

…parte expressiva da população paraguaia não tem acesso aos principais

produtos agrícolas presentes na pauta de exportação do país, pois vive em

grandeprecariedade.Paraguayocupaaposição111das187 nações avaliadas

no ÍndicedeDesenvolvimentoHumanodoProgramadasNaçõesUnidaspara o

Desenvolvimento(PNUD,2013).Atualmente,32,4%dosparaguaiossãopobres

e 18%vivemempobrezaextrema(commenosde2dólares por dia). No campo,

essaporcentagem érespectivamente de 44,8% e 29,6%,o quesignificaque

quase 75%doshabitantesrurais vivememsituaçãodepobreza(I.A.Moraes,

2015,p.2).

A instabilidade da economia dos países do Conesul, em particular a brasileira,

que é direcionada para manutenção docapitalqueconhecemoscomosetorprimário.Desta forma, o agronegócio passa a serpeça fundamental para alcançar umabalança comercial positiva no Brasil que está fortemente vinculada a exportação de produtos como soja, minério de ferro,café e canade açúcar, entreoutros.Com base nessa lógica,prevalecea obtençãodebenefícioseconômicosporexcedentesdo agronegócioascustasdaexploração

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dos recursos naturais que causam impactos ambientais negativos ao meio ambiente.

Muitas das consequências da modernização tecnológica e biotecnológicas são irreversíveis, no entanto, os interesses econômicos se sobrepõem aos sociais.

A Educação Ambiental do Agronegócio

Comobjetivode evitar osconflitose na tentativa de reparar os danos a natureza, o

agronegóciocria campanhaspublicitárias e recursosinstitucionaisescritos e audiovisuais com a finalidade de alcançar grande parte da população e, também, entrar no terreno das instituições educativas. Com estes materiais tentamtransmitiroque o setorentende como desenvolvimento sustentável, no entanto, só mostram aspectos positivos das atividades que realizam e não expõem a crise ambiental que estamos inseridos (Rioja, 2017). Portanto, desta forma podemos verque o setordoagronegócio se apropria deuma Educação bancária, e segundo Paulo Freire (1970) uma vez que induz a sociedade a reproduzirque descrevemcomo sendo correto e sustentável. Por outro lado, paraque haja uma reflexão consciente sobre os benefícios e impactos gerados, se faz necessário problematizar, e neste caso, problematizar o conceito de sustentabilidade e práticas vinculadasaela e,comosustentam asprofessorasZanotto e DeRose(2003):

…aaçãodeproblematizar surge apartirdarealidadequerodeaosujeito;abusca por

explicação e soluçãotende atransformaraquelarealidade,pelaaçãodoprópriosujeito(suas práxis). O sujeito,asuavez,tambémsetransformanaaçãodeproblematizar e passaa detectarnovosproblemasemsuarealidadeeassimsucessivamente.(p.48).

EntendemosquesomenteumaEducaçãocrítica e transformadora possibilitaráao

sujeito refletirparareconhecer osproblemas a fimde buscara solução, pois aforma com que é apresentado, tende a umaEducaçãobancária, pois reproduziraquiloque beneficiaas classes dominantes e, dessa forma, oculta os impactos sociais e ambientaisnegativos, reforçandoassim,adesigualdadesocialhistóricaexistente na AméricadoSul.Destaforma, entendemosqueaimagem que o setordoagronegócio deseja transmitir para a sociedade, através da propaganda institucional, tem intenção de se apropriar da Educação

Ambiental, pois pretende orientar o comportamento da comunidade segundo sua

perspectivadesustentabilidade.

Segundo Lima (2009), um dos grandes equívocos da Educação Ambiental conservadora é incentivar as ações individuais pois, sustenta que as origens dos problemas

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ambientais nascem na esfera particular e moral de cada cidadão. A partir desse viés, esta perspectiva tira a responsabilidade e importância do contexto e então, o exclui de uma possível análise política, a qual contribui para uma interpretação neoliberal da crise ambiental (LIMA, 2009, p. 155).

Então, frente aos dados apresentados pelo setor do agronegócio, a Educação

tradicional/conservadora é aque predomina, pois, amaioriados membros da sociedade reproduzem o discurso das empresas sustentam. Esta situação favorece a histórica InjustiçaAmbiental, pois,não existe uma problematizaçãodas desigualdadesambientais

e sociais, que é tão importante para estimular uma Educação emancipadora, a fim de contribuir paradiminuição dosproblemasquetraz a modernização nas áreas rurais, e nos modosdevida e nasformasdeprodução,circulação e consumo.

Considerações finais

No decorrer da pesquisa nos permitiu abordar e circunscrever questões de interesse, em grande parte, com a vinculação entre agronegócio e Educação Ambiental, pois ambos têm significativa importância capital na conjuntura atual. Se refletirmos sobre o caminho seguido e o itinerário deste trabalho, fica fácil perceber que a motivação desde o início foi de problematizar o que se entende como Educação Ambiental, para aprofundar os estudos em uma proposta educativa capaz de emancipar para transformar, não só os estudantes na educação formal, mas o conjunto da sociedade, as comunidades mais próximas as instalações industriais que sofrem as consequências das atividades do agronegócio.

Então, o que podemos constatar diante desta investigação é que as entidades representativas do agronegócio, tais como fundações, associações ou organizações sem fins lucrativo, entre outras, pregam o discurso de geração de renda, emprego, riqueza e benefícios para toda a sociedade, com a finalidade de convencer a população de que a continuidade de suas atividades é fundamental para o crescimento do PIB. No entanto, o contraste é notório quando fazemos uma comparação entre o que dizem e o que na verdade fazem. Quer dizer, de acordo com os dados e estudos que lançamos ao longo da pesquisa e até alguns que descartamos por não abordarem o tema específico desta pesquisa, onde identificamos casos de extrema desigualdade social e ambiental e não como eventos isolados, mas como uma situação histórica no Conesul.

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As consequências negativas dos processos de modernização na produção agrícola recaem, principalmente, sobre as comunidades que vivem no entorno dos empreendimentos industriais. Mesmo assim, podemos ver que o discurso que coloca as atividades do agro em um pedestal econômico ignora os vários conflitos e desigualdades que estas atividades geram.

Este cenário não é só uma questão de rentabilidade e emprego, mas sim de saúde pública e de uma evidente injustiça ambiental, as quais devem estar presentes nas lutas de classes.

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Referências

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