CAPÍTULO 37
1. Condutores em equilibrio
Condutores em
eletrostático2. Potencial elétrico
equilíbrio eletrostático
3.Propriedades
dos condutores1. CONDUTORES EM EQUILÍBRIO
ELETROSTATICO
Nesta seção vamos considerar as propriedades
dos corpos condutores e estudar o comportamen- to do campo elétrico e do potencial elétrico nele existente.
Um corpo condutor possui elétrons livres (elé- trons das camadas mais afastadas do núcleo de seus átomos) que circulam com mais facilidade
Dizemos que um condutor eletrizado se encon
tra em
equilíbrio
eletrostático quando não há fluxo(movimento orientado) de cargas em seu interior Ou em sua superficie. Isso significa dizer que as cargas
transferidas em um processo de eletrização se distri- buem rapidamente (cerca de 10 s) em um condu- tor, de tal forma que, na configuração final, elas ficam
o mais longe possivel umas das outras. Essa distância máxima possivel é explicada pela repulsão mútua de todas as cargas. Quando cessa o movimento ordenado das cargas (naturalmente existirá ainda o movimento desordenado ou de vibração em torno do ponto de equilibrio), o condutor está em equilibrio. Nesse caso, as cargas se distribuem somente na superfície externa do condutor, tendo em vista o maior afastamento
pos
Gerador de Van de Graaf. A pessoa, ao colocar as måos na esfera, é eletrizada e seus cabelos começam a ficar arepiados
sivel entre elas.
Representação de um condutor eletrizado com carga negativa em Equilibrio eletrostátco. O movimento das cargas
Campo elétrico
é desordenado e o EXcesso de cargae distribuido ao longo da superficie
O campo elétrico no interior de um condutor em equilibrio eletrostático é nulo. Se existisse, ele influen- ciaria os elétrons livres, que passariam a ter um mo-vimento ordenado, contrariando, dessa maneira, o conceito de equilibrio eletrostático.
Na superficie do condutor, o campo elétrico não é nulo. Contudo, para que não Ocorra o movimento ordenado de cargas elétricas, o vetor campo elétrico nesses pontos deverá ser necessariamente perpendi-
cular à superficie do condutOr, como mostra a fiqura
E
ao lado.
Representação do vetor campo elétrico na superticie.
2. POTENCIAL ELÉTRICO
onsiderando que um condutor em
equilibrio
eletrostáticopossui
valor nulo cara o vetor camp0 elêtrico no seu interior, a força elétrica que age sobre ummacarga ce orova q inserida nele também serå nula. Com isso, o trabalho realizaddo
pela força eetr ca F para deslocar a carga de prova entre dois pontos quaisquer
no interior do condutor em
eguilibrio
eletrostáticotambém serå nulo.
gV -V
C O a V . V B .A V . V =V. =V
Se o trabalho da
força
elétricapara o
ces ocamento de uma carga entre dois oontos e nulo, concluimos que esses pon-
manga conica
'
tOs estão sob o mesmo potencial.
fio condutor
Então,
condutorequili-
orio eletrostätico
é
equipotencial,
tan
em
to para pontos em seu interior como
(2) na sua superficie, que faz parte dele.
V. = V =V =V, =Vzerce
)Como exEmplo experimental desse fato, Dcdemos citar uma montagem em forma de manga conica, feita de material condutor e eletricamente carregada. O eletroscópio (1) não registra a presernça de cargas elétricas Quando colocado no interior da manga, en-Guanto as folhas abertas no eletroscópio (2),
no exterior, indicam que sua superíicie externa està carregada. manga cônica. Representação do experimento da
3.
PROPRIEDADES DOS cONDUTORES
O fenomeno de as cargas elétricas se espalharem pela superficie externa E um condutor e manterem um campo elétrico nulo em seu interior deu ongem ao que chamamos de
blindagem
eletrostätica. Um condutor ele- Zado, em equilibrio e oco, serve como uma proteção metálica que isola Cemponentes no interior de um agente elétrico externo.ASSim, se colocarmos no interior de um condutor oco um corpo A, ele
cara livre das ações elétricas provenientes do meio exterior.
Os condutores com regiðes pontiagudas apresentam em suas pontas
uma maior concentração de cargas elétricas, o que provoca nelas e em
uas ViZinhanças um campo elétrico mais intenso.
A elevação do valor do campo elétrico provoca a ionização do ar em
ua
volta, fazendo o cendutor se descarregar através dessa região. Tal Enomeno é denominado poder das pontas e é nele que se baseia o uncionamento dos para-raios.condutor oco
A
Um corpo colocado no ponto A tica livre da ação de interferências elétricas externas.
Neste condutor, o corpo eletrico na região pontiaguda e mais intenso.
Que gaiola é esta?
Ate
hoje
a ideia dofuncionamento
dagaiola
deFaraday
éfunda
mental
para odesevolvimento
detecnologias
voltadas,
porexemplo,
para
isolar
mdustnalmente
geradores
eletrostáticos
e
transformadores.
Alem
daaplicabilidade,
oexperimento
realizado
porFaraday
Com essa
gaiola
pOssibilitou
comprovar
que a
região
do espaçoen
volvida totalmente
por umcondutor eletrizado
não é
influenciada
por campOs eletricOs
provocados
porcargas
elétricas externasa ela.
Esse
experiment0,
realizado
em1836,
constava de uma caixaconstruida
com telasmetálicas condutoras.
Após
tê-laisolado
dochão,
Faraday
entrou na caixacarregando
alguns
instrumentos
capazes
de detectar aexistência
depossiveis
camposelétricos.
Em
seguida,
pediu
aos seuscolaboradores
queeletrizassem
in-tensamente
a tela com aqual
era feita acaixa. Para surpresa de
alguns,
mas nâ0dele,
osinstrumentos
não detectaram a exis-tencia de campos elétricos no interior da
caixa,
nem opróprio
Faraday pôde identificar qualquer desconforto.
E
importante
destacarmos que antes da descoberta dagaiola
deFaraday
havia cientistas quejâ
pensavam sobre esse fenó-meno. Essa ideia tinha sido
objeto
de umexperimento
feito porStephen Gray (1666-1736), em 1730, quando dois corpos de ma-
Por meio da gaiola de
Faraday
foi possivel comprovar a ideia de blindagem eletrostática. Noseu interior nåo foi detectado nenhum campo
elétrico, apesar de a tela que a constitui ter sido intensamente eletrizada
deira com as mesmas dimensões foram carregados com a mesma
carga eletrica. O que diferenciava esses corpos era o fato de um ser maciço e o outro, oco. Com esse expe
Timento, Gray pôde observar que os dois corpos absorvem a mesma quantidade de carga e que as cargas se distribuem igualmente apenas na superficie desses corpos, não havendo., dessa forma, influência das Cargas eletricas na
região
interna do corpo oco.O fisico e quimico inglês Michael Faraday (1791-1867) se dedicou a diversas investigações relacionad as
eletricidade, entre as quais esta incluido o experimento desenvolvido com a gaiola.
S vocé achar necessário, pesquise um pouco mais para responder as questões abaixo.
ESPONDA
1, Afinal, o que significa a blindagen eletrostàtica? Deo be uma a a se ato.
desce
2. Se vocé ivesse de enfrentar uma tempestade eletricae pudesse escolher entre se abrigar embaixO de uma árvore ou dentro de um carro, qual seria a sua escolha? Justihque sua resposta. Os
pOr se
tiatar de
tcamete, end seu1nteriorde
>CAPÍTUL0 38
Capacidade elétrica e
capacitores
1. Capacidade elétrica oucapacitância
2. Capacitores
3.
Associação
de
capacitores
1. CAPACIDADE ELÉTRICA
OU CAPACITANCIA
Depois
de entender ainteração
das cargaselétricas,
o ser humano buscou for- mas dearmazená-las.
Arealização
dessa ideia teve umimportante
registro
histó-rico que data de
1746,
quando,
naHolanda,
o físico Petrus vanMusschenbroek
(1692-1761)
construiu umdispositivo
capaz de armazenar cargas elétricas, que ficou conhecido como
garrafa
de Leiden.Originalmente,
agarrafa
de Leidenera um
recipiente
de vidro contendoágua
em seu interior e um fiocondutor submerso nessa
água.
Enquanto
o fio servia como um terminalinterno,
amåo do
operador,
ao segurar orecipiente,
funcionava como terminal externo.
Em seus
experimentos,
Petruspercebeu
que essedispositivo
eracapaz de armazenar
energia
emquantidade
suficientepara
produzir
faíscas elétricas. Embora aquantidade
de carga elétrica armazenadapela garrafa
fosse peque- na, essa iniciativa serviu de base para novastentativas, até que se
chegou
aoscapacitores.
Um
capacitor
é um condutor capaz de armazenarcarga elétrica. Um Condutor
pode
ser eletrizado e acumular carga atédeterminado limite,
que
dependerá
de suaconstituição,
dageometria
e do meio onde se en-contra.
Quando
se carrega eletricamente um condutor com umacarga Q,
ele
adquire
umpotencial
elétrico V. A variação na carga elétrica Q em um condutor é diretamente proporcional ao seu potencial elétrico V, sendo aconstante de proporcionali
citância C.
ade chamada de capacidade elétrica ou capa-
Q CV
No Sisterna Internacional (S), a unidade de medida da capacidade é
o farad
(F),
em que 1 F =JU
e adotarmos um condutor esférico em equilibrio de raio R, isolado e eletrizado com carga Q, podemos estudar o potencial elétrico ao longo
do
interior desse condutor. Considere que ele està imerso em um meiode constante eletrostática k.
Garrafa de Leiden.
Ponto externo
a ocondutor
No Caso dos
pontos
externosao
condutorestenco,
o o E P EEDrrita,ttencial
elétrico admitindoque toda
a carga elétricz do corautores
ryr
0ano ponto central
da esfera, ou Seia, cormose
tivéssEmsumä AGa
irrAp
potencial elétrico para
u nponto P,
a distánca d co e n r o co corddado por:
Ponto
interior
e
nasuperficie
do
condutor
Vimos no capítulo anterior que nointerior
de
um condutor em eguilbracampo elétrico é nuloeo potencial elétrico é igual ao da supertice
Assim,
fazendo d
=R, o potencial elétrico para pontos em seu
intenor P,
e e em suasuperficie
P,
é dadopor
Q
v-k
Podemos então concluir que, a
partir
dadefinição
decapacidade
elétrnca
para um condutor esférico de raio R, eletrizado com carga Q, acapacidad
dada por:
Assim,
acapacidade
elétrica de umcondutor
depende
da suaforma,
do vo lume e do meio onde está inserido.Conectando condutores
Vamos
considerar
dois condutores Isolados decapacidade
C,
eC,
epotenda
elétrico
V,
e
V,
que foram eletrizados comcargas
Q,
eQ,
Conectando os condutores.
por meio de um fio condutor ce
capacidade desprezível, haverd
uma distribuição de cargas ae que seuspotenciais
setornE
guais, e o
equilíbrio
eletrosta
co entre os condutores possa se
estabelecido.
V,
fio
T
Representação de dois condutores conectados
Pela conservação da carga elétrica, podemos escrever
Q nicalinal
Q, +Q,=Q + QC,V,+C,V,=C,V + C,V
CV,+C,V, = V{C, + C)V
V ,
+
C2V2 C+C2Sendo V o potencial comum dos condutores depois de conectados, a expres- são anterior permite calcular o potencial de um número qualquer de condutores conectados e em equilibrio eletrostático.
o potencial eletrostático da Terra
O planeta Terra pode ser considerado um imenso condutor elétrico. Estima- -se que teria uma carga de -580 kC (-5,8 105 C), considerando esférico com
raio igual a 6400 km e um potencial elétrico de -800 MV (-8,0 10 V), para
um referencial no infinito.
Entretanto, é habitual adotar o potencial da Terra igual a zero, pois para os fenômenos da superficie o potencial pode ser considerado invariável. Se co- nectarmos um condutor com carga negativa à Terra, os elétrons fluirão desse Condutor para a Terra, anulando assim a carga elétrica em excesso do condutor, deixando-o com potencial igual ao da Terra. Se, por outro lado, conectarmos um Condutor com carga positiva à Terra, os elétrons fluirão da Terra para o condu- tor, anulando assim a carga elétrica em excesso, como ilustra a figura abaixo.
+ + +
condutor () condutor (C)
eletrons elétrons
Terra (T) Terra (T
Alguns aparelhos elétricos utilizam as ligações à Terra para evitar acidentes, Como o choque elétrico. Por esse motivo,
encontramos nos aparelhos eletrodo-
mesticos e nos chuveiros elétricos, por exemplo,
um tio condutor chamado fio
Terra, que deve ser conectado ao solo.
2. CAPACITORES
A estrutura dos capacitores consiste em dois condutores (armadu- ras) eletrizados com cargas elétricas de sinais
contrários e valores
ab-Solutos iguais. Essas armaduras ficam separadas por material isolante. ASSIm, quando ligamos o capacitor a uma bateria, as placas adquiremn
cargas elétricas de sinais contrários e conseguem
armazenar carga e energia elétrica.
AN
A ideia de capacidade elétrica ou capacitäncia
de um capacitor estáá
elacionada à maior ou à menor quantidade de carga elétrica que
ele
Onsegue armazenar, de tal forma que
a quantidade de carga elétrica POSitiva em uma das armaduras é
chamada de quantidade de carga Q.
Representação de um circuito elétrico
Com capacitor.
Capirulo 3S
Capacidade elétrica
cCarga
elétricae energia
armazenada
por um capacitor
netido d uma
ddp
U entre as. armaduras do capacitor, podemos definir e n d o Q a quantidade de carga amazenada no capacitorquando este
a
capaci
ésuh
0 e elelrostática ou capacitância elétrica C do capacitor como o quOciente de sts
quantidade de carga armazenada pela ddp. Assim.
Sua
+Q C
U
ASSIn, a Carga e a enerqia elétrica armazenadas por um capacitor
sao dadas por
e E
Q CU
Para o capacitor plano, a sua capacidade elétrica depende de caracteristicas
proprias, Como a área A das placas, a distância d entre elas, o material do meio entre as placas, expresso pela sua constante eletrostática k ou permissividade eletrica E. Essa dependência pode ser escrita da seguinte maneira
C4Tk 47tk d
Exercicios resolvidos
1 Um condutor esférico e metálico, com 20 cm de raio, c) Pontos interiores à esfera
possui carga elétrica 4 uC. Calecule o potencial elétrico: V 1,8 105 V (os potenciais elétricos são iguais
para pontos internos e para pontos na superficie) a)à distância de 60 cm do centro da esfera;
b)na superficie;
2 0 gráfico mostra o potencial de uma esfera con
dutora eletrizada e em
equilíbrio
eletrostático,
em
função
da distância ao centro da esfera. O meioé o
vácuo (k =910°
Nm-/C*).
c)à distância de 10 cm do centro da esfera.
Dado: o meio é o vácuo, k = 9 10° Nm*/C
RESOLUÇÃOo
Dados: R 20 cm= 0,20 m =2 10 'meQ= 4HC =
4 10 C.
Potencial (0)4
a) Pontos exteriores à esfera, d
=
60 cm= 0,60 m
=F
6 10 'm1.8 103
V k
d 10 9 1 0 ° 7 1 0 6 10 6 1 0 " V 6 10'V 20 40 Distància (cm) b) Superfíce da esfera V k Calcule: R 4 10 18 10a)ovalor
da
cargaelétrica
da esfera emcoulon
bopotencial
a 0.9m
do
centro daesfera.
V 9 10
2. 10 V 1 . 8 10'V648
1 11nietfmesmo vdior numerico e sinais opostos +Q e - Q . Dadas sua capacitâncla C e a tensao a que e Submetido, um capacitor poderá armazenar somente determl-
nado valor de carga
calculado
por Q = CU.
+Q Durante O processo de
carregamento de um
capacitor,
aquantidade
de cargd em suas armaduras aumenta com o tempo (até o valor máximo), e a correnteque percorre o ciruito diminui. Podemos ver o comportamento dessas grande-zas nos gráficos abaixo.
-Q
Capacitor em um Circuito elétrico.
Curvas que descrevem a variação da carga acumulada no capacitor e da corrente que percorre o circuito em
função do tempo.
Note que a
partir
de certotempo
a corrente no circuito vai a zero. Isso acon-tecequando
o capacitor está totalmentecarregado.
Dessaforma, quando
inse-rimos um
capacitor
em umcircuito,
logo
após
ele sercarregado
(em frações
desegundos), não passará mais corrente pelo fio condutor que faz a ligação entre
seus terminais (i = 0).
Em dado
circuito,
oscapacitores podem
ser
associados
em série ou emparalelo.
Associação em série
Na
associação
decapacitores
emsérie,
asquantidades
de carga elétrica distri-buem-se
igualmente
nas suasarmaduras,
visto que cadacapacitor
épercorrido pela
mesma corrente até sercarregado.
Assim, podemos escrever:
U =
U,
+U,
-Q U +0 CComo C
U
USubstituindo na
expressão
anterior
+0TC2
-2
Na associação em série, o inverso da capacidade equivalente Cé igual à soma
dos inversos das capacidades associadas.
Associação em paralelo
Na associação de capacitores em paralelo, a ddp entre as placas é igual para
todos os capacitores.
Assim, podemos escrever: Q= Q, + Q,
Como C =
Q=
CU
-0U
Substituindo na expressão anterior:
+0C
UCU = C,U, + C,U, »
C C,+
Numa associação em paralelo, a capacidade equivalente C é igual à soma das