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ARTIGO COM APRESENTAÇÃO BANNER - MANEJO E RECURSOS PESQUEIROS

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Academic year: 2021

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ARTIGO COM APRESENTAÇÃO BANNER - MANEJO E RECURSOS PESQUEIROS

DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA BIOMASSA DE ACETES MARINUS (DECAPODA, SERGESTIDAE) NO ESTUÁRIO DE MARAPANIM,

AMAZÔNIA, BRASIL

MIANI CORRÊA QUARESMA, VALDIMERE FERREIRA, JUSSARA MORETTO MARTINELLI LEMOS

O objetivo deste estudo foi estimar a distribuição espaço-temporal da biomassa de

Acetes marinus em um estuário amazônico brasileiro. As coletas foram mensais

(agosto/2006 a julho/2007) com rede de arrasto-de-fundo nos setores Médio-Superior, Médio e Inferior do estuário de Marapanim (PA), que diferem em relação ao gradiente de salinidade. Os fatores abióticos temperatura e salinidade da água foram analisados para verificar se há diferença significativa da biomassa do camarão em diferentes condições ambientais. A salinidade diferiu entre períodos (chuvoso: 8,2; menos chuvoso: 30), assim como a temperatura (chuvoso: 27,5 oC; menos chuvoso: 29,66 oC). Dos 2.607 camarões, a biomassa foi significativamente maior (0,0007 g/m2) no período menos chuvoso (p< 0,001). Foi no estuário médio onde houve a maior freqüência da espécie (92%). O regime pluviométrico, que altera a salinidade e a temperatura da água, explicam a variação na distribuição da biomassa de A. marinus em ambiente natural. Palavras-Chave: Dendrobranchiata; Ecologia; Sergestoidea

INTRODUCÃO

Camarões apresentam extrema importância em ambientes aquáticos, contribuindo para a biomassa e riqueza nestas regiões. Os representantes do gênero

Acetes são pelágicos, e constituem importante componente de comunidades

zooplanctônicas, apresentando pequeno porte corporal, com distribuição tanto em ambientes tropicais, como subtropicais (Omori, 1974; Amim et al., 2009; Aziz et al., 2010; Simões et al., 2013).

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1 Acadêmica do 5o ano do curso de graduação em Ciências Biológicas da UFPA.

mianiquaresmac@gmail.com

2 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Recursos Pesqueiros e Aquicultura da

UFRPE. valdimereferreira@yahoo.com.br

3 Professora Associada I do Instituto de Ciências Biológicas UFPA. jussara@ufpa.br

São descritos 17 espécies de Acetes, sendo três com registro para a costa brasileira: A. americanus Ortmann, 1893, A. paraguayensis Hansen, 1919 e A. marinus Omori, 1975 (D’Incao, 1995). Para A. marinus não são conhecidos estágios larvais, e os adultos apresentam dimorfismo sexual, com distribuição em ambientes salinos ou dulcícolas (Omori, 1975). Estes camarões são denominados popularmente na Amazônia de aviú e distribuem-se na costa das Guianas e no Brasil (Amapá, Pará e Tocantins), habitando águas salobras e servindo de fonte alimentícia para as populações (Melo, 2003).

Embora os camarões do gênero Acetes possuam importância econômica e ecológica (Xiao and Greenwood, 1993; Chul-Woong and Jeong, 2003; Kang et al., 2015) A. marinus é pouco estudada. Com isso, o objetivo do presente trabalho foi estimar a biomassa de A. marinus em relação aos períodos climáticos, ao gradiente de salinidade e temperatura em ambiente natural, estuário de Marapanim (PA).

OBJETIVOS

Verificar em qual(is) setores do estuário e períodos A. marinus possui maior biomassa e determinar como ocorre espaço-temporalmente a distribuição da biomassa da espécie, e se temperatura e salinidade da água influenciam na biomassa da espécie. METODOLOGIA

As coletas foram realizadas no Estuário do Rio Marapanim (00o32'S/47o28'W e 00o52'S/47o45'W), localizado na costa nordeste paraense, sob licença do IBAMA/MMA (Processo n° 02001.003954/01-16 de 12/12/2001). Neste estuário é possível identificar vários ecossistemas, como manguezais, praias, dunas e restingas, apresentando clima tropical úmido, influenciado pela Zona de Convergência Intertropical, com temperatura média em torno de 27°C e alta umidade relativa do ar (aproximadamente 85%), com

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precipitações máximas de 3000 mm (Martorano et al., 1993). Há dois períodos anuais, sendo os seis primeiros meses mais chuvosos e o restante menos chuvoso (Silva, 2009). As amostragens foram realizadas mensalmente, durante a lua nova, com a maré vazante, de agosto de 2006 a julho de 2007. A fim de que o canal principal fosse amostrado, a arte utilizada para a captura dos camarões foi o arrasto-de-fundo, que totalizou 144 amostras biológicas [2 arrastos x 6 locais (2 em cada setor) x 12 meses]. As amostragens foram realizadas em três setores: Médio-Superior, Médio e Inferior; e em cada margem do estuário: A e B.

A principal diferença entre os setores é o gradiente salino. O setor I tem maior teor de sal dissolvido devido à influência do Oceano, enquanto o setor II possui tanto influência de água salgada quanto doce, sendo denominado de setor intermediário. Já o setor III tem o menor gradiente salino, ocasionado pela maior influência do Rio Marapanim.

Foram feitas duas réplicas para cada amostra, com um barco de pesca comercial com velocidade aproximadamente de 1,7 nós durante cinco minutos para cada arrasto. A área arrastada [50% abertura da rede (m) * distância percorrida (m)] (Pauly, 1980), foi calculada com as coordenadas geográficas obtidas a cada minuto após o lançamento das redes através de um GPS (Global Position System) e posteriormente exportadas para o programa ESRI®ArcMap.

As variáveis ambientais analisadas foram temperatura (°C) e a salinidade, totalizando 144 amostras cada. A temperatura foi verificada in situ, com um analisador multiparâmetro YSI. A salinidade foi quantificada em laboratório, a partir de amostras de água coletadas em frascos de polietileno e gotejadas em um refratômetro óptico Atago.

Os camarões foram identificados (Peréz-Farfante, 1967; Cérvigon et al., 1992; D’Incao, 1995; Pérez-Farfante and Kensley, 1997), contados e pesados. A pesagem foi realizada com uma balança digital de precisão 0,01g Sartorius e as medidas biométricas com um paquímetro eletrônico digital Vonder.

A normalidade dos dados foi verificada com o teste Shapiro-Wilk (Zar, 1999). Sendo os dados heterogêneos, a biomassa foram comparadas quanto à distribuição espacial (setores) e temporal (meses) com aplicação do teste Kruskal-Wallis seguido do

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teste de comparações de Student-Newman-Keuls. Para verificar a influência das variáveis ambientais na distribuição espaço-temporal da densidade de A. marinus foi utilizada uma Correlação de Spearman.

RESULTADOS

Todos os fatores abióticos variaram ao decorrer dos períodos anuais (p< 0,001). Com mínimo de salinidade (0) e temperatura (27,74 oC) no período chuvoso, e os maiores valores desses fatores foram obtidos no período menos chuvoso, em ago/06 e jan/07, com 30 e 29,66 oC de salinidade e temperatura, respectivamente (Fig. 01).

Figura 01. Variação dos fatores abióticos de agosto/2006 a janeiro/2007 no estuário de Marapanim, estuário amazônico.

Foram coletados 2.607 camarões. Estes apresentaram maior biomassa no período menos chuvoso, com média de 3,15 g/m-2, quando comparada ao período

chuvoso, com média de 0,006 g/m-2 (Tab. 01).

Tabela 01. Estatística descritiva da biomassa de A. marinus de agosto de 2006 a janeiro de 2007 no estuário de Marapanim (PA).

Chuvoso Menos chuvoso

Mínimo 0 0

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Média 0,001 3,15

DP 0,007 9,71

A biomassa variou significativamente quando comparada aos meses (A) e aos períodos sazonais (B) (ambos com: p < 0,01), sendo os maiores valores absolutos coletados no período chuvoso (março e abril/2006) (Fig. 02).

Figura 02. Média da biomassa dos adultos de A. marinus por meses (A) e períodos sazonais (B), de agosto/2006 a janeiro/2007 no estuário do Rio Marapanim, estuário amazônico.

A distribuição da biomassa de A. marinus é variável (p< 0,001) ao decorrer dos setores amostrados, com maiores valores no setor II do estuário (Fig. 03).

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Figura 3. Biomassa de A. marinus setores (I, II e III) no estuário do Rio Marapanim, estuário amazônico.

CONCLUSÕES

Acetes marinus é encontrado durante todo o ano e em todos os setores no estuário

de Marapanim (PA), demonstrando ser um camarão eurihalino. Porém, a espécie apresenta maior biomassa no período chuvoso e setor II do estuário, com maior frequência quando a salinidade e temperatura da água são mais elevadas.

CONSIDERACÕES FINAIS

Acetes marinus demonstrou ser uma espécie que possui predomínio ambiental

por áreas onde a salinidade e a temperatura do estuário são maiores ao longo do ano. O hábito alimentar deste camarão sergestídeo pode ser outro fator que influencia a distribuição da espécie. A hipótese é que tal como A. indicus (Metillo, 2011), A.

marinus se alimente preferencialmente de larvas de outros crustáceos decápodes, sendo

este tipo de forrageio intensificado no período chuvoso. Este fato é advindo às condições favoráveis geradas para a distribuição das larvas durante as épocas de chuvas, pois ocorre a amplificação das áreas de dispersão e o aumento da quantidade de recursos alimentares (Hsueh, 1991; Litulo et al., 2005; Vergamini and Mantelatto, 2008), o que, por conseguinte, pode ter ocasionado a maior biomassa da espécie no estuário de Marapanim (PA).

REFERÊNCIAS

Chul-Woong & Jeong. Reproduction and population dynamics of Acetes chinensis (Decapoda: Sergestidae) on the western coast of Korea, Yellow Sea. Journal of

Crustacean Biology, 23(4): 827-835. 2003.

D’Incao, F. Taxonomia, padrões distribucionais e ecológicos dos Dendrobranchiata

(Crustacea: Decapoda) do litoral brasileiro. Paraná, Brasil, 1995. Universidade Federal

do Paraná - UFRG, Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduacão em

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