• Nenhum resultado encontrado

Fichamento O Mundo de Ulisses

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Fichamento O Mundo de Ulisses"

Copied!
34
0
0

Texto

(1)

Universidade Federa

Universidade Federal do l do Espírito SantoEspírito Santo Departamento de História - História Antiga Departamento de História - História Antiga Profa. Dra. Érica

Profa. Dra. Érica

Aluno !at"eus Salom#o $uster Aluno !at"eus Salom#o $uster Atividade: Fichamento

Atividade: Fichamento FINLEY, M. I. O mundo de

FINLEY, M. I. O mundo de Ulisses. Lisboa: Presena, !"##,Ulisses. Lisboa: Presena, !"##, $.%&'!(%

$.%&'!(%

%apítulo & Aedos e Heróis %apítulo & Aedos e Heróis P'gina &(

P'gina &(

A hist)ria do decl*nio do homem +ora contada de

A hist)ria do decl*nio do homem +ora contada de muitasmuitas maneiras. Uma verso talve- de oriem Iraniana, conta /ue maneiras. Uma verso talve- de oriem Iraniana, conta /ue a humanidade $assou $or /uatro idades ' cada uma

a humanidade $assou $or /uatro idades ' cada uma re$r

re$resentada $or um metal ' /ue esentada $or um metal ' /ue a+astaram cada ve- maisa+astaram cada ve- mais da 0ustia e da moralidade /ue os deuses

da 0ustia e da moralidade /ue os deuses haviam institu*dohaviam institu*do.. Os metais escolhidos $ara simboli-ar as idades +oram: o

Os metais escolhidos $ara simboli-ar as idades +oram: o outro, a $rata, o

outro, a $rata, o bron-e bron-e ou o cobre, ou o cobre, e $or e $or 1m o 1m o +erro.+erro. Este mito di+undiu'se $ara o ocidente, at2

Este mito di+undiu'se $ara o ocidente, at2 a 3r2cia. Foraa 3r2cia. Fora encontrado $ela $rimeira ve- em

encontrado $ela $rimeira ve- em Os trabalhos e os Dias,Os trabalhos e os Dias, dede

4es*odo, mas com um novo elemento: uma

4es*odo, mas com um novo elemento: uma nova idadenova idade entre o bron-e e o +erro.

entre o bron-e e o +erro. P'gina &)

P'gina &)

No se sabe se

No se sabe se 4es*odo trans+ormara 5...6 o mito oriental4es*odo trans+ormara 5...6 o mito oriental das /uatro idades no mito reo das cinco idades 5...6. das /uatro idades no mito reo das cinco idades 5...6. 7uando o mito alcanou a 3

7uando o mito alcanou a 3r2cia, seu $ovo haviar2cia, seu $ovo havia

estabelecido em seu $assado, uma idade her)ica: 5...6 7ue estabelecido em seu $assado, uma idade her)ica: 5...6 7ue tivesse e8istido uma idade de h

tivesse e8istido uma idade de her)is, nenhum 3reo, nemer)is, nenhum 3reo, nem antes nem de$ois, aluma ve- duvidou. 9abia'se tudo

antes nem de$ois, aluma ve- duvidou. 9abia'se tudo destes semi'deuses 5...6.

destes semi'deuses 5...6.

ada idade tinha uma durao de tr;s mil anos, e ada idade tinha uma durao de tr;s mil anos, e aa humanidade declinava numa medida de

(2)
(3)

P'gina &* P'gina &*

5...6 ertamente /ue h< her)is $or toda a

5...6 ertamente /ue h< her)is $or toda a $arte. E8istem$arte. E8istem sem$re homens a /uem

sem$re homens a /uem chamam de her)is. Fen=menochamam de her)is. Fen=meno enanador, $or/ue o

enanador, $or/ue o mesmo termo encobre realidadesmesmo termo encobre realidades muito diversas. Num certo s

muito diversas. Num certo sentido, um her)i $rocuraentido, um her)i $rocura

sem$re honra e l)ria, mas at2 mesmo isso $ode ocasionar sem$re honra e l)ria, mas at2 mesmo isso $ode ocasionar erro, > +alta de uma de1nio mais $recisa o conte?do da erro, > +alta de uma de1nio mais $recisa o conte?do da honra e do caminho /ue

honra e do caminho /ue condu- a l)ria. 5...6condu- a l)ria. 5...6

A idade 4om2rica dos her)is +ora uma 2$oca em

A idade 4om2rica dos her)is +ora uma 2$oca em /ue os/ue os homens ultra$assavam as normas usuais /uanto a um homens ultra$assavam as normas usuais /uanto a um ru$o bem de1nido e

ru$o bem de1nido e estritamente delimitado de virtudes.estritamente delimitado de virtudes. Na Odiss2ia, em $articular, a $alavra her)i assume um Na Odiss2ia, em $articular, a $alavra her)i assume um sentido di+erente no /ual 2 em$reado ho0e: her)i 2 um sentido di+erente no /ual 2 em$reado ho0e: her)i 2 um termo en2rico /ue nomeia toda a aristocracia, e /ue termo en2rico /ue nomeia toda a aristocracia, e /ue at2at2 mesmo $arece enlobar todos os

mesmo $arece enlobar todos os homens livres.homens livres. P'gina &+

P'gina &+

No e necess<rio demonstrar se de +ato houve na 3r2cia No e necess<rio demonstrar se de +ato houve na 3r2cia uma idade her)ica, como 4omero entende.

uma idade her)ica, como 4omero entende. O real $roblemaO real $roblema /ue 2 colocado ao historiador 2

/ue 2 colocado ao historiador 2 determinar se a obradeterminar se a obra

$o2tica $ossui cone8o com a realidade social e hist)rica@ $o2tica $ossui cone8o com a realidade social e hist)rica@ trata'se de estabelecer /ue $arte 2

trata'se de estabelecer /ue $arte 2 uma $ura criaouma $ura criao $essoal do autor.

$essoal do autor. P'gina ,

P'gina ,

5...6 a liada e a

5...6 a liada e a Odiss2ia revelam, no mais elevado rau,Odiss2ia revelam, no mais elevado rau, todas as caracter*sticas essenciais da $oesia her)ica oral, todas as caracter*sticas essenciais da $oesia her)ica oral, tal como a encontramos em todo o

tal como a encontramos em todo o mundo. 5...6mundo. 5...6

O mais elevado rau da $oesia her)ica rea 2 atinida O mais elevado rau da $oesia her)ica rea 2 atinida com a Il*

com a Il*ada e ada e Odiss2ia. B Odiss2ia. B $rov<vel $rov<vel /ue a Il*/ue a Il*ada ada tenhatenha tomado sua +orma no s2c. CIII

tomado sua +orma no s2c. CIII a.. A Odiss2ia s) teriaa.. A Odiss2ia s) teria a$arecido alumas eraDes de$ois.

a$arecido alumas eraDes de$ois. urante mais de dois mil anos, a

urante mais de dois mil anos, a elite intelectual eelite intelectual e es$ecialistas, acataram a hi$)tese de /ue o

(4)

escreveu a Il*ada e a Odiss2ia. A

escreveu a Il*ada e a Odiss2ia. A 0usti1cativa se encontra no0usti1cativa se encontra no estilo e na linuaem dos dois $oemas, /ue

estilo e na linuaem dos dois $oemas, /ue encontramencontram di+*cil distino.

di+*cil distino.

A maia, como notada

A maia, como notada $elo omano Pl*nio, 2 mais $resente$elo omano Pl*nio, 2 mais $resente na Odiss2ia. A Il*ada tamb2m $ossui intervenDes divinas, na Odiss2ia. A Il*ada tamb2m $ossui intervenDes divinas, mas so de ordem menor.

mas so de ordem menor. P'gina ,

P'gina ,

Na Il*ada, h< uma rande interveno de

Na Il*ada, h< uma rande interveno de oriem divina. Naoriem divina. Na Odiss2ia, Atena uia Ulisses e Gel2maco $asso a $asso. 5...6 Odiss2ia, Atena uia Ulisses e Gel2maco $asso a $asso. 5...6 a motivao dos deuses di+ere: na Il*ada, 2

a motivao dos deuses di+ere: na Il*ada, 2 de ordemde ordem $essoal@ e8$rime as sim$atias e as anti$atias das $essoal@ e8$rime as sim$atias e as anti$atias das

divindades individuais em relao a este ou a/uele her)i@ divindades individuais em relao a este ou a/uele her)i@ na Odiss2ia, o elemento $essoal +oi $arcialmente

na Odiss2ia, o elemento $essoal +oi $arcialmente com$letado, e de uma

com$letado, e de uma +orma rudimentar, $elas e8i;ncias+orma rudimentar, $elas e8i;ncias da 0ustia. 5...6

da 0ustia. 5...6

A Il*ada cont2m maior ao dos her)is, en/uanto /ue A Il*ada cont2m maior ao dos her)is, en/uanto /ue aa Odiss2ia com$orta dois temas di+erentes e distintos: a Odiss2ia com$orta dois temas di+erentes e distintos: a narrativa das viaens de Ulisses e a luta

narrativa das viaens de Ulisses e a luta $elo $oder em$elo $oder em taca.

taca.

P'gina ,& P'gina ,&

As relaDes reas com o ocidente comearam As relaDes reas com o ocidente comearam relativamente tar

relativamente tarde, no antes de de, no antes de meados do s2culo CIIImeados do s2culo CIII a.., $rimeiro a t*tulo de ensaio,

a.., $rimeiro a t*tulo de ensaio, $ara tornar$ara tornar'se, no 'se, no s2culos2culo seuinte uma $enetrao e mirao massivas $ara a seuinte uma $enetrao e mirao massivas $ara a 9ic*lia. 5...6 a Odiss2ia reHecte este novo as$ecto da

9ic*lia. 5...6 a Odiss2ia reHecte este novo as$ecto da hist)riahist)ria rea, /ue utili-a os materiais tradicionais mas

rea, /ue utili-a os materiais tradicionais mas orientando'orientando' os em direco ao ocidente. O /ue

os em direco ao ocidente. O /ue no sini1ca /ue seno sini1ca /ue se $ossa traar num ma$a as viaens

$ossa traar num ma$a as viaens de Ulisses no Pa*s dade Ulisses no Pa*s da FantasiaJJ. Godas as tentativas $ara +a-;'lo 5...6 +alharam. FantasiaJJ. Godas as tentativas $ara +a-;'lo 5...6 +alharam. 5...6

5...6

A Odiss2ia abrane uma ama de atividades e relaDes A Odiss2ia abrane uma ama de atividades e relaDes humanas@ 5...6 estrutura

humanas@ 5...6 estrutura social, vida +amiliar, reale-a,social, vida +amiliar, reale-a, aristocracia, ente do $ovo, ban/uetes, aricultura e aristocracia, ente do $ovo, ban/uetes, aricultura e

(5)

criao de $orcos . 5...6 O /ue no 2 $oss*vel saber e o /ue Odiss2ia no nos conta, so uma ?nica e mesma coisa, como $or e8em$lo a Polis, como orani-ao $ol*tica, /ue

se desenvolve neste $er*odo no mundo hel;nico. Em 4omero, sini1cava somente um luar +orti1cado, uma cidade.

P'gina ,,

Nos te8tos, cada $oema 2 divido em vinte e /uatro cantos, uma $ara cada letra rea do al+abeto. A e8tenso dos

cantos no obedece a uma m2trica reular. Foram

com$ostos $or uma mistura de dialetos, resultando numa linuaem liter<ria, /ue de +ato nunca +ora +alada na

3r2cia.

5...5 A su$erioridade de um 4omero reside no n*vel su$erior em /ue se situa o seu trabalho de $oeta, na +rescura, no vior de estilo com /ue soube tratar e escolher essa

herana, nas variantes e inovaDes /ue introdu-iu, en1m, na sua maneira de liar os temas uns aos outros. 5...6 Pela sua incom$ar<vel maestria na escolha dos e$is)dios e das +)rmulas de base como na arte da sua combinao ,

4omero soube criar um mundo > sua $r)$ria imaem,

es$antosamente di+erente, no essencial, do /ue os antios aedos lhe tinham transmitido 5...6.

P'gina ,/

Outras e$o$2ias +oram com$ostas, $or2m mani+estamente in+eriores, constituindo assim um ciclo de sete $oemas, contando desde o nascimento dos deuses at2 a morte de Ulisses e o casamento de Gel2maco com irce. 4ouve uma 2$oca em /ue todos os $oemas +oram atribu*dos a 4omero. Eram reconhecidas as incom$ar<veis /ualidades da Il*ada e Odiss2ia, mas era $reciso es$erar at2 o s2culo IC e III a.. $ara ter a certe-a de /ue 4omero no era o autor do resto do ciclo. Outros $oemas desa$areceram, e8ceto aluns versos mantidos em citaDes.

(6)

B $rov<vel /ue os aedos /ue a+eioaram de1nitivamente a Il*ada e a Odiss2ia o 1-essem $or escrito. ontudo, a

di+uso dos dois $oemas $ermaneceu oral. 5...6 o mundo reo dos s2culos CIII a CII a.. era em rande $arte

iletrado. e +acto, a literatura rea conservou a sua +orma oral durante muito tem$o 5...6.

P'gina ,(

4omero tinha seu luar nas +estas o1ciais dos deuses do Olim$o, alumas $an'hel;nicas, como os 0oos Ol*m$icos. 5...6 elebrava'se os deuses $or outros meios, /ue

invocavam uma comunho menos directa e menos $rimitivaJJ entre os homens e os imortais 5...6. A maior $arte dos /ue recitavam esses $oemas era $ro1ssionais, di+erenciando'se da lei $rimordial /ue

determina /ue um homem deveria viver, trabalhar e morrer no /uadro de sua tribo ou comunidade.

A transmisso oral e a aus;ncia de uma centrali-ao

$ol*tica $oderia ter +avorecido o a$arecimento de in?meras Il*adas, a+astando'se, assim, do te8to oriinal.

P'gina ,*

Ao lono de toda esta obscura hist)ria das $rimeiras

transmissDes dos te8tos, das suas recitaDes $?blicas, da sua $reservao, 2 $oss*vel /ue um ru$o de habitantes da ilha de 7uios, /ue a si $r)$rios se chamavam de

4om2ridas, o /ue literalmente sini1ca descendentes de 4omero, tenham desem$enhado um $a$el +undamental. Eram ra$sodos $ro1ssionais, orani-ados numa es$2cie de cor$orao e /ue reivindicavam a sua descend;ncia directa de 4omero. desconhece'se ao certo /ual 2 a sua oriem mas sobreviveram $elo menos at2 ao s2culo IC a.. 5...6 9e0a como +or, os 4om2ridas $odem e+ectivamente ter estado liados a 4omero $or laos de $arentesco.

(7)

Pode se tratar de um $arentesco real ou 1ct*cio, mas os 4om2ridas tiveram autoridade sobre 4omero $or dois ou tr;s s2culos, e em certos as$ectos eram ca$a-es de

introdu-ir uma +alsa nota P'gina ,0

Um elo entre $oesia e ci;ncia divina encontra'se

$ersoni1cado na 1ura de Or+eu. Para marcar a relao entre os reos e 4omeros, os 3reos remontaram a sua linhaem, at2 de- eraDes, at2 Or+eu.

P'gina /

5...6 ertamente o 0u*-o do historiador no $oderia re$ousar nem na crena na oriem divina dos $oemas nem na noo, outrora corrente, de /ue uma antiuidade su1ciente

constitu*a a melhor arantia de veracidade. 5...6 resta ao historiador e8aminar o seu valor de testemunho a res$eito do $assado. 4ouve aluma ve- na 3r2cia uma 2$oca em /ue os homens viveram como relatam os $oemas Kse no se tomar em conta intervenDes sobrenaturais nem

/ualidades sobre'humanas E, em $rimeiro luar, houve uma uerra de Gr)ia

P'gina /

O mercador alemo, 4einrich 9chliemann, reali-ou

escavaDes no solo da sia Menor, onde descobriu a cidade de Gr)ia. Em uma an<lise de detalhes to$or<1cos em

te8tos antios, concluiu /ue sobre a terra estavam os restos da cidade de lion ' onde os 3reos haviam estabelecido

como sendo o local de Gr)ia, e /ue sobreviveu ao im$2rio omano. A camada mais antia encontrada data de ((( a.. e a$resentava 5...6 sinais evidentes de uma destruio violenta 5...6. A historicidade da narrativa 4om2rica

encontrava'se demonstrada $ela ar/ueoloia.

A liada $ossui in+ormaDes detalhadas sobre o local de combate da uerra de Gr)ia, a $artir somente das

(8)

es$eci1caDes do $oeta@ 2 im$oss*vel +a-er coincidir o local onde +oram encontradas as ru*nas e as es$eci1caDes do $oema.

5...6 Mais interessante do /ue o local de desa$arecimento da cidade, 2 o total desa$arecimento dos $r)$rios Groianos.

Para comear, en/uanto nacionalidade eles a$arecem, na Il*ada, com$letamente des$rovidos de caracter*sticas

de1nidas. 9o, em todos os as$ectos, to 3reos e her)icos como os seus advers<rios. 5...6

P'gina /&

ertamente, os aliados de Gr)ia contavam com $ovos /ue no eram 3reos, como os <rios, /ue +oi um $ovo b<rbaro, mas bem conhecidos historicamente. 5...6 Pode ainda

identi1car'se outros aliados de Gr)ia, o /ue sublinha o /ue de sinular com$orta o total desa$arecimento dos Groianos, como o dos Mirm*dones de A/uiles. Mesmo se tivermos de aceitar a antia e8$licao a res$eito do desa$arecimento da cidade, a saber, /ue ela +oi de tal maneira destru*da $elos vencedores /ue no resta vest*io de suas

muralhasJJ 5...6 seria di+*cil descobrir um outro e8em$lo de uma to misteriosa im$ossibilidade de um $ovo dei8ar

subsistir aluns vest*ios.

o lado 3reo, h< uma rande correlao entre os nomes de luares im$ortantes citados na Il*ada e os centros da civili-ao dita mic;nica. 5...6 Mas uma ve- mais as vias de 4omero e as da ar/ueoloia bem de$ressa se se$aram. 5...6 As suas armas assemelham'se >s armaduras da sua 2$oca, muito di+erente das mic;nicas, ainda /ue, em ve- de serem de +erro, se0am de bron-e, metal /ue dei8ara de ser

utili-ado. os seus deuses tinham tem$los /uando os

Micenenses nunca os tinham constru*do, enterrando $elo contr<rio os seus che+es em randes t?mulos abobadados ao $asso /ue o $oeta incinera os seus. 5...6

(9)

A chave da con+uso 4om2rica reside na t2cnica do aedo. A mat2ria'$rima do $oema era constitu*da $ela massa de

+)rmulas tradicionais /ue, atrav2s das eraDes de aedos, iam so+rendo sucessivas modi1caDes@ ora deliberadas, $or ra-Des de ordem art*stica ou devido a consideraDes

$ol*ticas mais $rosaicas, ora $or neli;ncia e indi+erena $ara com a e8actido hist)rica, $ara 0< no +alar dos erros inevit<veis da tradio oral. 5...6 Muitas ve-es o $r)$rio

material a$resentava contradiDes internas, isso $or2m no era um obst<culo > sua utili-ao. A conveno $o2tica

e8iia +)rmulas tradicionais e nem o aedo nem o seu audit)rio se $reocu$avam em veri1car os detalhes.

Pode'se a1rmar /ue na 2$oca mic;nica houve uma uerra de Gr)ia, mas no +ora somente uma uerra, e sim v<rias uerras de Gr)ia. 5...6 Nesse mundo a uerra era um

+en=meno normal. 5...6 P'gina /(

5...6 O mundo de Ulisses no era nem o do s2culo II a.. nem a idade mic;nica cinco, seis, setecentos anos anterior. Era muito mais sim$les na sua orani-ao social e $ol*tica@ era iletrada e a sua ar/uitectura no era verdadeiramente monumental, /uer se destinasse aos vivos /ue aos mortos. 5...6

P'gina /)

5...6 laro /ue 2 com aluma liberdade /ue o historiador 1ca nos s2culos  e I a.. o mundo de Ulisses. 5...6

%apítulo , 1i2ue3a e 4ra5al"o P'gina /0

No seundo canto da Il*ada, o $oeta enumera, em res$eito aos 3reos, o nome dos $rinci$ais che+es e os navios /ue cada um levaram: 5...6 A lista eleva'se a !!#Q navios, o /ue d<, seundo uma estimativa m*nima, mais de Q( (((

(10)

eor<1cos /ue os n?meros admitidos no $oema, se

tratando de navios, ou escravos e nobres, so imain<rios e e8aerados.

5...6 +oi Ulisses /uem condu-iu um dos mais $e/uenos continentes de navios, uma d?-ia a$enas KAam2mnon $ossuia cem e tinha +ornecido sessenta outros aos Arc<dios, /ue habitavam o interior do $a*s, Ulisses 2 a$resentado

como o rei dos e+al=nios, /ue habitavam tr;s ilhas vi-inhas no mar R=nio, e+al=nia, taca, e Sacinto, 5...6. 2 nesta ilha de taca 5...6 /ue o mundo de Ulisses $ode ser

$rinci$almente estudado. P'gina (

5...6 A $o$ulao da ilha era dominada $or um ru$o de

+am*lias nobres, de /ue aluns membros tomaram $arte na e8$edio contra Gr)ia, 1cando outros na ilha. 5...6 urante de- anos reinou a mesma situao $or todo o mundo reo, en/uanto os reis, com $oucas e8ce$Des, se encontravam na uerra. A vida retornou o seu curso normal com a

destruio de Gr)ia e o rande reresso dos her)is a suas casa. 5...6 Mas a Ulisses estava reservado um outro destino. O+endera o deus Poseidon, e teve $or isso de errar de um lado $ara outro durante de- anos antes de encontrar,

raas, sobretudo > interveno de Atena, a salvao e o direito de reressar a taca. 5...6 Ninu2m em toda 42lade sabia o /ue era +eito de Ulisses@ tinha ele morrido na

viaem de reresso de Gr)ia ou estava vivo alures no

mundo e8terior Esta incerte-a serve de base ao seundo tema do $oema, a hist)ria dos $retendentes.

5...6 No menos de !(# nobres, &Q de taca e das outras ilhas overnadas $or Ulisses, e &% oriin<rios de um reino do continente vi-inho +a-iam, seundo o $oeta, a corte a Pen2lo$e. 7ueria +or<'la a escolher entre eles o sucessor de Ulisses. 5...6 Os $retendentes tinham literalmente

(11)

P'gina (

5...6 Ulisses reressa mesmo a tem$o, dis+arando de $obre vaabundo, Utili-ando toda a sua habilidade, bravura e um $ouco de maia 2 bem sucedido na morte dos $retendentes e, raas T interveno 1nal de Atena, no restabelecimento da sua $osio como che+e da sua casa e rei de taca.

5...6 No estraneiro, a vida de Ulisses +oi uma lona s2rie de lutas com +eiticeiras, iantes e nin+as, mas no se

encontra trao disso na hist)ria de taca. Na ilha somos con+rontados com uma sociedade inteiramente humana 5...6. A Odiss2ia a$resenta ainda outras entes, habitantes da ilha, mas com uma +uno teatral ou como ti$os

comuns: o $or/ueiro Eumeu, a velha ama Euricleia, o aedo F;mio, os co$eiro an=nimos, os marinheiros e as servas, os servidores de toda a es$2cie. O $ensamento do $oeta 2

evidente: no cam$o de batalha, como nesta luta $elo $oder /ue constitui o tema de taca, a$enas os aristocratas

desem$enham um $a$el.

Os $oemas 4om2ricos so marcados $ela rande distino social: acima esto os aristoi, /ue sini1ca os melhoresV, e

$ossu*am a maior $arte das ri/ue-as e todo o $oder. Abai8o, todos os outros /ue no $ossuem termo t2cnico

$ara de1nio. 5...6 A $r)$ria economia tornava im$oss*vel a criao de novas +ortunas e, $or isso mesmo, de novos

nobres. O casamento veri1cava'se estritamente nos limites de uma mesma classe, de maneira /ue esta outra $orta $ara a $romoo social estava tamb2m hermeticamente +echada.

P'gina (&

Os escravos eram numerosos. Mais $recisamente, escravas. 5...6 no havia ra-o aluma, de ordem econ=mica ou

moral, $ara $ou$ar a vida dos homens a$)s a sua derrota. era eral, os her)is massacravam os homens e levavam consio as mulheres, sem olhar > sua condio. 5...6

(12)

Fora assim ao lono de toda a hist)ria 3rea: $essoas, bens, tudo dos vencidos $assava a $ertencer aos

vencedores. 5...6 As escravas tinham o seu luar em casa, $ara a* lavar, coser, lim$ar, $re$arar os alimentos, $restar servios. mas se eram 0ovens, tamb2m tinham luar na cama do senhor. 5...6

i-'se /ue Ulisses $ossuia, em n?meros arredondados, cin/uenta escravas. Aluns homens tamb2m se tornavam escravos, como o $or/ueiro Eumeu, de oriem nobre, mas ra$tado /uando ainda criana $ara o venderem como

escravo@ os escravos trabalhavam como as mulheres, mas  0amais como os dom2sticos ou serventes.

P'gina (,

9obre a $o$ulao de taca, e8cetuando os escravos, eram livres@ $or2m, o $oeta no di- $raticamente nada sobre estes. Aluns deveriam ser $astores, $ossuindo casa e bens. Outros desem$enhavam +unDes es$ec*1cas como car$inteiros, +erreiros, aedos, m2dicos. 5...6 es$ondiam a alumas necessidades essenciais /ue nem os senhores nem a ente do seu s2/uito, $or +alta de es$eciali-ao, $odiam satis+a-er, e ocu$avam na hierar/uia social um estatuto interm2dio e um $ouco Hutuante. Os adivinhos e os m2dicos $odiam at2 ser nobres, mas os outros, ainda /ue $r)8imos da classe aristocr<tica e $artilhando at2 da sua vida em muitos as$ectos, no $ertenciam certamente > nobre-a, como o atesta o com$ortamento do aedo F;mio com a maneira como 2 tratado. 5...6

P'gina (/

5...6 Embora nada nos se0a dito acerca de uma

remunerao, disso no resulta necessariamente /ue cada +am*lia da comunidade $aasse ao +erreiro ou aos outros

demiorgoi uma /uota anual $ara a sua subsist;ncia. B

(13)

estivessem > dis$osio do $?blico, de todo o demos. Esta

+uno bastava $ara 0usti1car o nome /ue os desina. 5...6 5...6 Go indis$ens<veis $ara os demiorgoi, a sua

contribuio > soma de trabalho e+ectuado numa

$ro$riedade era muito redu-ida. Para os trabalhos b<sicos de $astor*cia e lavra dos cam$os, de intend;ncia e $ara as tare+as dom2sticas, no havia necessidade de es$ecialistas. Em taca, cada um $odia cuidar dos seus animais, cultivar a sua terra, talhar a madeira@ e a/ueles /ue $ossu*am uma $ro$riedade trabalhavam'na eles $r)$rios. 5...6 Outros ainda menos a+ortunados eram os thetas, trabalhadores no

vinculados /ue nada $ossu*am e trabalhavam /uando contratados e mendiavam o /ue no $odiam +urtar. 5...6 P'gina ((

5...6 A casa $atriarcal, o oikos, era o centro > volta do /ual a

vida se orani-ava, donde $rovinham no somente a satis+ao das necessidades materiais, incluindo a

seurana, mas tamb2m as normas e os valores 2ticos, as ocu$aDes, as obriaDes e as res$onsabilidades, os

v*nculos sociais e as relaDes com os deuses. O oikos no

era sim$lesmente a +am*lia@ com$reendia todas as $essoas da casa com os seus haveres@ da* resulta /ue a economia Kda +orma latini-ada, oecus, a arte de administrar um oikos

5...6.

P'gina ()

5...6 O /ue sini1cava e8actamente, em termos de

obriao costumeira ou leal e na $r)$ria vida +amiliar de um homem, ser um membro $ermanente mas livre do oikos

de outrem, de modo nenhum 2 claro. 5...6 Estes homens no eram nem escravos nem servos, nem se encontravam

obriados $or um v*nculo. onstitu*am uma es$2cie de s2/uito, o+erecendo os seus servios em troca de um liar conveniente na unidade social de base, a casa. E nessa /ualidade de membros duma casa, a$esar de tudo,

(14)

encontravam al2m da seurana material, os valores e as satis+aDes $sicol)icas /ue andavam com essa situao. 5...6

5...6 Em taca, um thes $odia ser mesmo natural da ilha e

no um estraneiro. Mas no era membro de um oikos e,

nesta medida, mesmo a sorte de um escravo era melhor. O escravo, criatura humana mas /ue +a-ia $arte dos bens /ue constitu*am o oikos, era um s*mbolo $er+eito da situao.

4omero a$enas utili-a duas ve-es o termo /ue, mais tarde, se tornou cl<ssico $ara desinar em reo o escravo:

doulos ' $alavra /ue $arece etimoloicamente liada >

ideia de labor. 5...6 O tratamento reservado aos escravos era de maneira eral mais suave e humano /ue o dos escravos das $lantaDes, seundo o modelo /ue se nos tornou

+amiliar. P'gina (*

5...6 4avia $oucos casamentos entre escravos, $ois entre estes o n?mero de homens era muito $e/ueno. 7uase todas as crianas nascidas de escravas eram 1lhas do senhor ou de outros homens livres da casa.

5...6 Entre o $ro$riet<rio de terras comum e o aristocrata, a di+erena essencial consistia na e8tenso dos seus

res$ectivos oikoi, $or conseuinte no n?mero de $a0ens /ue

$odiam manter, o /ue sini1ca, $raticamente, no seu

$oder. 9u$er1cialmente, a di+erena situava'se no $lano do nascimento. 5...6

5...6 O estado econ=mico contribuiu $ara 18ar e manter as +ronteiras de classe. Onde /uer /ue a ri/ue-a da casa se0a decisiva, > +alta de um meio de mobili-ar a ri/ue-a ou de reali-ar novas +ortunas, a hierar/uia social ad/uire a riide-de uma estrutura riide-de casta. Gal +oi o caso em taca. A base do oikos era a terra, e havia bem $oucas $ossibilidades, em

condiDes normais e $ac*1cas de ad/uirir novas terras nas reiDes habitadas. Podia'se teoricamente avanar $ara as

(15)

reiDes +ronteirias $ara a* ocu$ar terras livres, mas na

realidade $oucos homens em$reenderam uma o$erao to absurda e arriscada sem a isso serem violentamente

constranidos. 5...6 P'gina (+

5...6 A terra servia $rinci$almente $ara $astaens. 5...6

 Godavia, o mundo de Ulisses era o da $astor*cia e no o da lavoura Kcontrariamente ao mundo reo de 4omero e de 4es*odo, onde a aricultura se encontrava em $rimeiro $lano. O solo reo 2 $obre, $edreoso e seco: a$enas se $ode cultivar %(W da su$er+*cie total. Por outro lado,

noutros tem$os, o+erecia, em determinadas reiDes, e8celentes $astaens $ara os cavalos e o ado@

$raticamente, continua a ser, nos nossos dias, na sua maior $arte bom $ara os animais de $e/ueno $orte, carneiros,

$orcos e cabras. 5...6

5...6 om os seus rebanhos e a sua +ora de trabalho, com a abundXncia de $edras de construo e o barro $ara a

cerXmica, as randes casas /uase $odiam reali-ar o seu ideal de com$leta auto'su1ci;ncia. 5...6 Mas havia uma coisa /ue im$edia a com$leta auto'su1ci;ncia, uma

necessidade /ue nem se $odia su$rimir nem satis+a-er com sucedXneos: a necessidade de metal. E8istiam na 3r2cia, a/ui ou ali, aluns 0a-ios, mas as $rinci$ais +ontes de abastecimento encontravam'se no e8terior, na sia ocidental e na Euro$a central.

5...6 O metal sini1cava +erramentas e armas, mas tamb2m /ual/uer coisa di+erente, talve- to im$ortante. 5...6

(16)

P'gina )

5...6 7uais/uer /ue +ossem a sua 1nalidade e oriem, o metal $unha ao oikos um $roblema $articular, no /ue

res$eita a re$artio dos bens. Em rande $arte essa re$artio era interna, o /ue no levantava /ual/uer $roblema. 5...6 Os $rodutos acabados $rontos $ara

consumo eram centrali-ados e arma-enados, e distribu*dos de$ois $or todo o dom*nio a $artir deste centro, $elo seu che+e, no momento e nas $ro$orDes /ue ele 0ulava a$ro$riadas. 5...6

P'gina )

5...6 Foi /uando a re$artio dos bens teve de ultra$assar as +ronteiras do oikos /ue se reconheceu a necessidade da

criao de $rocessos novos. As uerras e as $ilhaens, /ue no mundo de Ulisses se con+undiam, eram e8$ediDes

orani-adas, necessitando ami?de de uma associao de +am*lias, $or ve-es mesmo de v<rias comunidades. 5...6 A diviso +amiliar +a-ia'se $or tiraem a sorte, como /uando da $artilha de uma herana entre v<rios herdeiros. Por e8em$lo, nem todas as aventuras de Ulisses durante se reresso +oram tr<icas. Por duas ou tr;s ve-es, ele e os seus homens tiveram a +eli- ocasio de $ilhar. 5...6

5...6 Aluns estudiosos $ensam /ue o n?cleo de verdade hist)rica no relato da uerra de Gr)ia reside $recisamente numa vasta e8$edio $ara abastecimento de +erro.

 Genham ou no ra-o, sem d?vida havia uerras de menor enveradura em$reendidas com essa inteno, tanto contra

(17)

os 3reos como contra os b<rbaros. 5...6 A ?nica alternativa /ue restava era $ortanto um sistema de troca, com seu

elemento +undamental a troca de $resentes. 5...6 P'gina )&

5...6 O acto de dar era sem$re, $ortanto, essencialmente a $rimeira metade de uma o$erao rec*$roca, cu0a outra metade era uma contra'd<diva. 5...6

P'gina ),

5...6 Nenhum $ormenor na vida dos her)is recebe na liada e na Odiss2ia tanta ateno como a troca de $resentes,

sendo sem$re +eita re+er;ncia > ade/uao, > conveni;ncia, > com$ensao. 5...6

P'gina )/

5...6 Na Odiss2ia, o com2rcio di+eria das m?lti$las +ormas de trocas de $resentes, na medida em /ue a troca de bens

constitu*a um 1m em si. No com2rcio, os ob0ectos mudavam de mos $or/ue cada um tinha necessidade do /ue o outro $ossu*a e no, ou somente de maneira acess)ria, $ara

com$ensar um servio $restado, selar uma aliana ou 1rmar uma ami-ade. 5...6

5...6 O ado era a unidade de medida do valor dos bens@ neste as$ecto, +a-ia as ve-es do dinheiro 5...6. 9obretudo no havia nenhum meio de circulao /ue se assemelha'se a moeda, cu0a ?nica +uno era tornar a com$ra e a venda $oss*veis $ela circulao de mo em mo. 5...6

(18)

P'gina )(

5...6 se havia alum tabu nas trocas hom2ricas, era

certamente o lucro na troca. O $rinc*$io imut<vel tanto no com2rcio como em /ual/uer outra relao m?tua era a iualdade, a m?tua vantaem. 5...6

5...6 no e8istia autoridade institucional ca$a- de decretar uma escala de valores 5...6. Mesmo na re$artio do sa/ue, /ue a autoridade central, o che+e do oikos, o rei ou o

comandante'em'che+e, diriia, era'se evidentemente obriado a res$eitar as normas eralmente consideradas como e/uitativas. 5...6 Nesse universo, o costume era to vinculativo $ara o indiv*duo como as normas 0ur*dicas mais severas da 2$oca, $osterior. 5...6 Podia sem$re recusar levar a transaco a seu termo /uando as reras no eram

res$eitadas ou, muito sim$lesmente, /uando 0ulava /ue no o eram. 5...6

P'gina )*

5...6 no se encontra nem na Il*ada nem na Odiss2ia uma ?nica $alavra /ue se0a de +acto um sin=nimo de

mercadorJJ. 5...6 P'gina )+

5...6 A necessidade de metal ou /ual/uer outra res$eitava ao oikos e no era uma /uesto individual. A a/uisio

destas ri/ue-as, $elo ne)cio ou $ela $ilhaem, era

$ortanto uma em$resa dom2stica, diriida $elo che+e de +am*lia. 5...6 O com2rcio no interior da casa era $or de1nio

(19)

im$oss*vel: o oikos +ormava um bloco uno e indivis*vel. 5...6

Os thetas, $or sua ve-, estavam absolutamente e8clu*dos

do circuito comercial, $ois, nada tinham $ara trocar.

5...6 estam os no'aristocratas, $ossuidores de um maro rebanho e $e/uenos cultivadores. Nas suas casas, a $en?ria era cr=nica, $or ve-es total, em caso de m<s colheitas ou de calamidades entre os rebanhos, outras ve-es $arcial, $or causa de um dese/uil*brio na $roduo ar*cola. As suas di1culdades, no constituem o tema da $oesia her)ica e nem a Il*ada nem a Odiss2ia nos in+ormam a este res$eito. Pode todavia concluir'se /ue alumas das di1culdades eram aliviadas $ela troca, /ue e+ectuavam essencialmente entre s*. 5...6 sem d?vida nenhuma seundo os mesmos $rinc*$ios de e/uival;ncia, res$eitando as tabelas 18adas $elo

costume e sem lucro.

5...6 Pastores e cam$oneses, inclusive os thetas, $odiam

sem$re a$elar $ara um outro recurso. Podiam trabalhar. omo no caso do com2rcio, o 0u*-o moral /ue a sociedade +a-ia do trabalho no se diriia ao $r)$rio acto mas >

$essoa e >s circunstXncias. 5...6 P'gina )0

5...6 Entre o $rimeiros, os homens /ue $ossu*am um talento invular, os aedos, os /ue trabalhavam os metais e tinham

outras actividades do mesmo ti$o, constitu*am a elite. 5...6 havia um claro corte entre, de uma $arte, a/ueles /ue

embora trabalhando $ermaneciam mais ou menos senhores de si, $astores e cam$oneses inde$endentes e, de outra

(20)

$arte, os thetas e os escravos /ue trabalhavam ao servio

de outrem e cu0os meios de subsist;ncia no $odiam controlar. Os escravos, $elo menos, eram /uase sem$re v*timas da m< sorte. Neste sentido, o thes era ainda mais

desa+ortunado: era voluntariamente /ue submetia o

controlo do seu $r)$rio trabalho a um contrato e, $ortanto, a sua $r)$ria liberdade.

5...6 Gendo humani-ado os deuses, o aedo era

su1cientemente coerente $ara incluir o trabalho entre as ocu$aDes celestes. 5...6

%apítulo / Domínio6 família e comunidade P'gina *

5...6 O her)i constitui o assunto da $oesia 2$ica. O her)i 2 um homem /ue tem a sua maneira $r)$ria de air: $ela sua coraem e bravura $rosseue ob0ectivos bem

determinados. 5...6 Godo o leitor da liada 1car<

im$ressionado com o caracter da luta. e-enas de milhares de soldados, en+rentam'se, mas o $oeta a$enas tem olhos $ara A0<8 ou A/uiles, 4eitor ou Eneias. Esse arti+*cio

liter<rio, em si $r)$rio, 2 corrente: raro 2 o artista /ue $ossui inteli;ncia e ;nio bastantes $ara recriar massas de combatentes. 5...6 A inverossimilhana a$arece na

imaem de con0unto da batalha. A con+uso 2 a*

indescrit*vel. Ninu2m comanda ou d< ordens. Entra e sai' se da batalha a seu bel'$ra-er@ cada /ual escolhe o seu advers<rio@ aru$am'se e rearu$am'se $or ra-Des

$uramente $essoais. 5...6 tradu- o $ro+undo desinteresse do $oeta $or tudo a/uilo /ue no res$eita aos seus her)is

(21)

5...6 Para 9te$hen rane, a desordem constitu*a, como tal, um elemento muito im$ortante da narrativa@ $ara 4omero, trata'se a$enas de uma condio inevit<vel da $oesia

her)ica.

5...6 Fora do cam$o de batalha a$arecem centenas de

$e/uenos $ormenores absolutamente irrelevantes /ue $ara a narrativa /ue $ara a aco dos her)is. 5...6

P'gina *&

Esses $ormenores nada tra-em $ara a narrativa. 5...6

 Godavia, o $oeta introdu'los brevemente a todo momento, em alumas +rases ou linhas, mas com a maior habilidade e ateno. 5...6 Para n)s, estes e$is)dios a$resentam ho0e um interesse su$lementar: +acilitam'nos o acesso a uma

orani-ao social com$le8a e ao seu sistema de valores. 5...6

5...6 Era um mundo reido $or normas e valores m?lti$los, $or direitos e interdiDes diversos. No /ue res$eita ao

trabalho e > ri/ue-a, $elo menos, a liao de um indiv*duo a determinado ru$o social, mais do /ue os seus talentos, as$iraDes ou iniciativas $essoais, constitu*a sem$re o elemento decisivo. 5...6

P'gina *,

5...6 4istoricamente, e8iste uma relao inversa entre a e8tenso da noo de crime, concebido como um delito $?blico, e a autoridade do ru$o de $arentesco. 5...6

(22)

5...6 Ou a vinana 2 e8ercida $ela v*tima e $elos seus $r)8imos ou 2 nula. 5...6

5...6 Ao lono de toda a sua hist)ria, a $ro+undidade do

a$eo dos 3reos aos v*nculos +amiliares a1rma'se na sua $ai8o $elas enealoias. E esse as$ecto nunca cheou a mudar radicalmente. ontudo, o vocabul<rio +amiliar

modi1cou'se no sentido de um estreitamento do c*rculo do $arentesco. Para citar um e8em$lo bem $reciso, 4omero em$rea um termo es$ecial, enatèr , $ara desinar a

mulher do irmo do marido, $alavra essa /ue em breve desa$arecia do vocabul<rio usual. 5...6 a cateoria $recisa de enatèr  tornou'se muito limitada. O termo mais comum kèdestès +oi ento su1ciente $ara desinar todo o

$arentesco $or aliana. 5...6

5...6 A vida material e $sicol)ica de um homem era

determinada $ela coe8ist;ncia de tr;s ru$os distintos mas /ue em $arte se sobre$unham: a classe, a $arentela e o

oikos. As e8i;ncias de cada ru$o no coincidiam sem$re@

/uando se o$unham abertamente, eram inevit<veis as tensDes e dese/uil*brios. Ento, intervinha um /uarto ru$o. 5...6

P'gina *(

5...6 Uma assembl2ia no 2 uma instituio sim$les. Necessita, como $r2'condio, de uma comunidade relativamente estabelecida e est<vel, +ormada $or numerosas casas e ru$os de $arentesco@ $or outras

(23)

$alavras, a im$osio de uma su$erstrutura territorial aos v*nculos de $arentesco. 5...6

5...6 No 2 $oss*vel descrever nem o in*cio nem os $rimeiros tem$os da comunidade reo. Os 3reos /ue miraram oriinariamente $ara as reiDes do MediterrXneo oriental no eram caadores $rimitivos. Eram $astores /ue, $elo /ue os sinais $arecem di-er, tamb2m conhecem a arte da aricultura. A$arentemente $ossu*am uma orani-ao tribal, modi1cada $or dis$osiDes ocasionais /uando de deslocavam. 5...6

P'gina *)

5...6 Ainda muito liada > orani-ao +amiliar e de

$arentesco, a taca de Ulisses constitu*a menos claramente uma comunidade c*vica, em com$arao com muitos

centros civili-ados de $er*odos anteriores. 9omos levados a concluir /ue a destruio laramente atestada na 3r2cia cerca de !%(('!!(( a.. 5...6, +osse ela causada $ela

invaso dos )rios re+erida $ela tradio ou $or /ual/uer outra +ora, varreu rande $arte da estrutura $ol*tica

e8istente, substituindo'a $elo $rinc*$io do $arentesco. 5...6 5...6 As reras eram bastante sim$les. A assembl2ia era em eral convocada $elo rei, seundo a sua vontade, sem aviso $r2vio. 7uando os homens estavam +ora em cam$anha, a assembl2ia $odia ter luar no cam$o de batalha $ara

discutir os $roblemas relativos a uerra. Nem em tem$o de $a- nem em tem$o de uerra eram 18adas as datas de

(24)

durante mais de vinte anos, taca nunca se reunira em

assembl2ia a$esar de outros terem a$arentemente o $oder de a convocar, tivessem'no /uerido, como sucede a A/uiles convocar em assembl2ia os A/ueus, no cam$o de batalha, se bem /ue o comando $ertencesse a Aam2mnon e no a ele. 5...6

P'gina **

5...6 4abitualmente a assembl2ia reunia'se de madruada. 5...6 A/uele /ue dese0ava tomar a $alavra levantava'se@ e durante todo o tem$o em /ue +alasse seurava o ce$tro, $osto nas suas mos $elo arauto, verdadeira varinha

m<ica /ue tornava o orador 1sicamente intoc<vel. 5...6 7uando no havia mais oradores, a assembl2ia era

dissolvida. 5...6

5...6 A assembl2ia nem votava nem tomava decisDes. A sua +uno era du$la: con+rontar os arumentos $r) e contra e e8$rimir ao rei ou ao comandante do cam$o a o$inio

$redominante. 5...6 O rei era livre de tomar ou no em conta os sentimentos e8$ressos e de actuar consoante a sua

$r)$ria o$inio. 5...6 P'gina *+

5...6 Uma reunio deste ;nero, uma instituio to in+ormal como este ti$o de assembl2ia no $oderia ser 0ulada em termos $arlamentares. Um rei ou um comandante'em'che+e no eram obriados a convocar uma reunio. ontudo, a aristocracia, e at2 o $ovo num certo sentido, tinham direito

(25)

a +a-er'se ouvir, sem /ue s) o rei teria $odido +a-er uma convocao. Os nobres mais im$ortantes assistiam o rei como um conselho de ancios mas, uma ve- mais, nada obriava o rei a seuir a sua o$inio. 5...6

5...6 Entretanto, a Il*ada e a Odiss2ia com$ortam muitas assembl2ias e discussDes, /ue de modo nenhum eram

sim$les com2dia. o $onto de vista $uramente dos direitos +ormais, o rei tinha o $oder de tomar uma deciso s) e sem consultar /uem /uer /ue +osse. Muitas ve-es aia assim. Mas havia a themis ' o costume, a tradio, os h<bitos

$o$ulares, os usos ' /uer di-er, se0a /ual +or o nome /ue lhe demos, o enorme $oder o  2 assim /ue +a- Kou no se +a- JJ

P'gina *0

5...6 Assim, em 4omero, a assembl2ia era $ara os reis um meio de testar a o$inio $?blica, da mesma maneira /ue o conselho de ancios e8$rimia o sentimento dos nobres. 5...6 5...6 A aus;ncia de reras +ormais, a He8ibilidade e a

maleabilidade caracteri-avam em lara as medidas as instituiDes $ol*ticas da 2$oca. 4avia reras de

res$onsabilidade e de $oder /ue eram eralmente

reconhecidas mas, muitas ve-es, entravam em contradio, $elo /ue suriam di1culdades. 5...6

5...6 At2 as instituiDes relativamente novas e e8tra'

+amiliares da comunidade se orani-avam na medida do $oss*vel > imaem da casa e da +am*lia. O s*mbolo mais

(26)

$er+eito disso consiste certamente na com$arao do rei com o $ai Kno Olim$o, Seus tem o t*tulo de  $ai dos deuses JJ, o /ue 2, e+ectivamente, no caso de aluns deles mas no de todos. e +acto, em muito das suas +unDes ' na assembl2ia, $or e8em$lo, ou /uando da

o+erenda de sacri+*cios aos deuses ' o rei desem$enhava o $a$el de $atriarca. 5...6

5...6 3overnar, en1m, 2 ter $oder, se0a sobre as coisas e os homens, se0a con0untamente sobre os homens e os deuses. 5...6

P'gina +&

5...6 7uando Ulisses reressou no se veri1cou uma

recu$erao autom<tica das suas $rerroativas reais. Era' lhe necess<rio lutar ainda com todos os recursos das suas +oras +*sicas e da sua ast?cia $ara retomar o seu trono. 5...6 5...6 Ob0ectar'se'> /ue n)s atribu*mos uma sini1cao

hist)rica ao /ue 2 a$enas a e+abulao da narrativa

$o2tica. 9e Ulisses no tivesses reressado, no ter*amos tido a Odiss2ia@ se tivesse encontrado a morte de /ue a deusa o $reservou, ter*amos tido um conto com$letamente di+erente. 5...6 No $lano da hist)ria e da socioloia, estas narrativas sini1cam sim$lesmente /ue, de entre os reis, aluns tinham estabelecido uma autoridade e um $oder $essoais tais /ue nada $odia amea<'los@ outros eram desa1ados mas sem sucesso e, outros ainda, a$rendiam /ue ser  o $rimeiro entre iuais JJ no era uma

(27)

situao em /ue se $udesse es$erar levar uma lona vida de aleria, de tran/uilidade e de $ra-eres. 5...6

P'gina +,

5...6 B ocioso imainar as circunstXncias /ue levaram Ulisses ao trono em ve- de Laertes. asta di-er /ue bem antes de se entrear e8clusivamente ao cuidado das suas vinhas Laertes se tinha mostrado inca$a- de overnar $ela iphi,

$ela +ora. Assim, de uma maneira ou de outra, o $oder $assou $ara seu 1lho. 5...6

P'gina +/

5...6 Nada em Pen2lo$e, nem a bele-a, nem o es$*rito, nem a sabedoria 0usti1cavam, a t*tulo de triun+o $essoal, este direito sem $recedentes, /ue ela nem se/uer tinha

reivindicado. 5...6

5...6 O $oeta no e8$lica $or/ue +oi dado a Pen2lo$e este $oder@ de +acto, no /uadro /ue ele traa do seu

+undamento leal, no 2 su1cientemente claro nem inteiramente coerente. En/uanto herdeiro de seu $ai,  Gel;maco dis$unha de uma certa autoridade, e Atena

indicou'lhe uma via $ara sair do im$asse em /ue se encontrava. 5...6

5...6 No in*cio do +estim durante o /ual Ulisses revelaria bruscamente a sua identidade e massacraria os

$retendentes, Gel;maco +a- a um deles um re$aro /ue sublinha de novo a sua autoridade, mas num sentido di+erente. 5...6

(28)

P'gina +(

5...6 Mas se Gel;maco tem o direito de orientar a me nesta /uesto do casamento, se0a mandando'a de volta $ara casa do $ai, se0a im$ondo'lhe Kou $roibindo'lhe escolher entre os $retendentes, como e8$licar, de +acto ou de direito, a s?bita cheada de Atena a Es$arta, durante a visita de  Gel;maco a Menelau, aconselhando'a /ue reresse

imediatamente 5...6

5...6 Galve- a situao de Pen2lo$e se tenha tornado to con+usa, na lona $r2'hist)ria da Odiss2ia, /ue o seu verdadeiro estatuto social e leal 0< no $ossa ser restabelecido. Aluns estudiosos viram a* um con+uso vest*io de um sistema matriarcal /ue, em sua o$inio, $revalecesse entre os 3reos nos s2culos $recedentes. P'gina +)

5...6 9e0a /ual +or a e8$licao /ue se $ossa dar deste estranho $oder de deciso subitamente ad/uirido $or

Pen2lo$e, o +acto essencial 2 /ue todos os $obres /ue dominam nas ilhas, em ul*/uio, 9amos e na arbori-ada Sacinto, bem como os /ue im$eram na $edreosa tacaJJ ' numa $alavra, $raticamente toda aristocracia de taca e arredores ' concordavam em /ue a casa de Ulisses +osse destronada. e acordo com a rera, o seu sucessor tinha tamb2m de tomar a sua mulher ou, como o criam, a vi?va. 5...6

(29)

5...6 A conselho de Atena, lorou'os ao $ermitir ao her)i

reressado, sem$re dis+arado de mendio, a$oderar'se do rande arco /ue ninu2m al2m dele $odia esticar, e, com ele, raas ao a$oio de Gel;maco e de dois escravos, Fil2cio e Eumeu, massacrar os intrusos. Uma ve- mais, os

$ormenores da narrativa sublinham um elemento essencial da vida de Ulisses: $ara recu$erar o seu trono o rei no

$odia contar seno com a mulher, o 1lho e os escravos 12is@ ou se0a, o $oder real era um $oder $essoal. 5...6 5...6 A des$eito do sil;ncio eral dos $oemas acerca do +eitos da ente comum da 3r2cia, dis$De'se de um

testemunho directo. 7uase no 1m da assembl2ia convocada $or Gel;maco, Mentor lamenta'se: Aora, na verdade, estou aborrecido com o resto do $ovo Kdemos, $ois todos

v)s estais sentados em sil;ncio e no censurais nem +a-eis $or re+rear esses $oucos $retendentes, /uando sois em maior n?meroJJ. 5...6

P'gina ++

5...6 9em d?vida, Gel;maco +racassara no seu $ro0ecto de mobili-ar a o$inio $?blica contra os $retendentes,

trans+ormando assim e+ectivamente uma /uesto $rivada num assunto $?blico. 5...6

5...6 A neutralidade 2 um estado de es$*rito@ e todo a/uele /ue entre em cena $ara lutar $elo $oder deve ter os olhos e os ouvidos $ostos no $?blico, $ois a sua atitude $ode

mudar bruscamente, e $ode suceder /ue entre em massa na arena $ara tomar $artido. 5...6

(30)

P'gina 0

5...6 A vinana de sanue 2 sem d?vida a $rova mais dram<tica de /ue, no mundo de Ulisses, o $oder de um

indiv*duo residia na +ora da sua casa, da sua +am*lia. Nesse sentido, a $ersonali-ao do $oder real tinha um alcance $ro+undo. 5...6

P'gina 0

5...6 i/ue-a e $oder reais assentavam na $osse de terras e de ado, sem a /ual homem alum $oderia tornar'se rei. urante o seu reinado o rei dis$unha tamb2m de um

dom*nio $articular, chamado temenos, $osto > sua

dis$osio $ela comunidade. Era a ?nica e8ce$o a rera seundo o /ual todas as $ossessDes e a/uisiDes do rei e +undiam no seu oikos $rivado. Na lista dos cr2ditos

reaisJJ inscrevia'se em seuida o sa/ue ' termo e8tensivo, com$reendendo o ado, o metal, as cativas e toda e

/ual/uer outra ri/ue-a /ue $udesse a$ro$riar'se K+ora a terra, /ue constitu*a e8ce$o, $ela sim$les ra-o de /ue no se +a-ia a uerra $ara ad/uirir territ)rio. 5...6

5...6 E, al2m disso, havia os $resentes /ue constantemente se dava e de /ue se +ala incessantemente. No se encontra nos $oemas $alavra aluma im$licando a coaco ' como ta8asJJ ou mesmo tributosJJ +eudais ' $ara

desinar as $restaDes do $ovo ao seu che+e 5...6. P'gina 0&

(31)

5...6 Por ve-es estas d<divas, como os tributo +orados de alos I, $arecem um $ouco menos /ue volunt<rias. 5...6 5...6 7ual era, $ara o $ovo, a contra$artida da d<diva A res$osta releva $rinci$almente do dom*nio a /ue ho0e chamamos os ne)cios estraneiros. O rei $oderoso e

incontestado asseurava a $roteco e de+esa, $elas suas relaDes com os reis estraneiros, $ela orani-ao de actividades como a construo de muralhas e $elo

comando $essoal dos combates. Era o $astor do $ovoJJ, seundo a tradicional +)rmula hom2rica. 5...6 P'gina 0,

5...6 O rei asseurava o comando militar e a $roteco@ e $ouco mais +a-ia, no obstante alumas alusDes > 0ustia Ke in0ustia real /ue se encontram a/ui e ali na Odisseia 5...6. 5...6 O reresso de Ulisses ao trono de taca era 0usto e

o$ortuno, mas relevava de uma aco $rivada $or interesses $essoais, e no da vit)ria da rectido no interesse $?blico. 5...6

P'gina 0/

5...6 As tr*$odes e as caldeiras eram bens $reciosos, e s) a aristocracia os $ossu*a em /uantidade. Nem seria

a$ro$riado /ue o $ovo desse $resentes $ara dese0ar boa viaem ao her)i. Numa sociedade baseada na hierar/uia do estatuto, em /ue a d<diva de $resentes se revestia de um car<cter cerimonial, no era /ual/uer um /ue $oderia

(32)

$rocessava'se seundo reras estritas, e havia cateorias e classes de1nidas de ob0ectos. 5...6

5...6 9e0a /ual +or a sini1cao a+ectiva /ue os $sic)loos reconheam na troca de o+ertas, ela tinha +uncionalmente luar, no casamento e nas acDes militares, como um acto atrav2s do /ual se institu*am as relaDes de estatuto e

a/uilo a /ue n)s chamar*amos as obriaDes $ol*ticas. O mundo de Ulisses estava dividido em numerosas

comunidades mais ou menos semelhantes a taca. Entre cada uma e todas as outras, a relao normal era de

hostilidade, $or ve-es $assiva, uma es$2cie de tr2ua armada, e $or ve-es ativa e belicosa. 5...6

5...6 Neste ambiente continuamente hostil, os her)is $odiam $rocurar aliados@ o seu c)dio de honra no lhes e8iia /ue en+rentassem so-inhos o mundo. Mas seu sistema social no criava a $ossibilidade de concluir uma aliana entre

duas comunidades, en/uanto tais. Era necess<rio recorrer a arti+*cios $essoais, ao n*vel dom2stico e do $arentesco. O $rimeiro instrumento de aliana era o casamento /ue, entre outras coisas, servia $ara estabelecer novas linhas de

$arentesco, e, $ortanto, de obriaDes m?tuas, /ue se entrecru-avam atrav2s do mudo reo. Arran0ar um casamento era ne)cio e8clusivo dos homens. 5...6 P'gina 0)

5...6 A narrativa de 4er)doto $rova a $ersist;ncia dos laos de hos$italidade@ mas mostra tamb2m o caminho

(33)

P'gina 0*

5...6 Institucionalmente, eram os v*nculos de hos$italidade /ue $ermitiam, sobretudo, redu-ir a tenso entre os dois $)los. O com2rcio $oderia atenuar de maneira su$er1cial e momentXnea os sentimentos de hostilidade, mas a sua

contribuio neste $lano no $odia ser duradoura. 5...6 P'gina 0+

5...6 O v*nculo de hos$italidade era de uma outra nature-a e relevava de uma conce$o inteiramente di+erente. O

indiv*duo /ue tinha um xenos numa terra estraneira ' e

toda a comunidade al2m da usa era solo estraneiro '

$ossu*a um substituto e+ectivo dos $arentes, um $rotector, um re$resentante e um aliado. is$unha de um re+?io se lhe +osse necess<rio +uir de casa, um arma-2m onde se abastecer /uando era obriado a via0ar e uma reserva de homens e de armas em caso de combate. 5...6

P'gina 00

5...6 E8istia entretanto uma terceira cateoria de relao em /ue se e8$rimia a desiualdade ' a relao do vassalo.

En/uanto o casamento e os v*nculos de hos$italidade transbordavam das +ronteiras da comunidade, instituio estritamente interna, /ue estabelecia uma hierar/uia inde1nida entre os nobres de uma mesma comunidade e desem$enhava um decisivo $a$el na estrutura interna do $oder. Pode di-er'se isto de outro modo: os vassalos

(34)

aristocr<tica, sendo os outros dois constitu*dos $elos

membros da +am*lia e $ela +ora de trabalho Kescravos ou assalariados. CassalonJJ 2 um termo vao: eis $or/ue conv2m ao termo reo therapon. Numa e8tremidade da

escala, de1ne os homens livres mas certamente no

nobres, /ue $restam assist;ncia aos ban/uetes no $al<cio, assim reali-ando os servios /ue os criados +a-em aos senhoresJJ. 5...6

P'gina 

5...6 A constante interaco entre a casa, o $arentesco e a comunidade, no interior como no e8terior, criava $ara os indiv*duos uma com$le8a diversidade de situaDes e de $roblemas. 5...6

5...6 A maior $arte do mundo $rimitivo caracteri-a'se $ela reulao dos com$ortamentos inter'individuais em +uno do $arentesco, raas > elaborao de modelos 18os de conduta, $r)$rios de cada ti$o reconhecido de relaDes de $arentesco JJ. No 2 assim o mundo de Ulisses. O v*nculo +amiliar, ainda /ue +orte, era a*

estritamente de1nido, e outras relaDes iualmente s)lidas e ami?de mais estreitas se institu*am +ora do ru$o de

consanuinidade. 5...6 P'gina 

5...6 No interior da casa, como no interior de uma linhaem, os modelos de com$ortamento entre os homens Kou entre homens e mulher eram classi1cados e estabelecidos. 5...6

Referências

Documentos relacionados

Nessa situação temos claramente a relação de tecnovívio apresentado por Dubatti (2012) operando, visto que nessa experiência ambos os atores tra- çam um diálogo que não se dá

preços/retornos anormais, quer quantidades transaccionadas anormais. Para a emissão de sinais de alerta relativos às cotações/retornos são aplicados dois modelos: i) p )

Outro grupo de animais que foram dosificados em maio com Doramectin, julho com Albendazole e Setembro com Doramectin, mostram um ganho médio de peso de 21 quilos

Como já afirmamos, o acompanhamento realizado pelas tutorias é nosso cartão de visitas, nossa atividade em que o objeto social do Gauss se manifesta de forma mais

O contacto repetido ou prolongado com o produto, pode causar a eliminação da gordura da pele, dando lugar a uma dermatite de contacto não alérgica e a que o produto seja

6 Consideraremos que a narrativa de Lewis Carroll oscila ficcionalmente entre o maravilhoso e o fantástico, chegando mesmo a sugerir-se com aspectos do estranho,

O jacarandá (Dalbergia brasiliensis) mostrou crescimento em altura próximo à altura média entre as espécies ensaiadas (1,23m), destacando-se também como espécie alternativa para

Assim, o que se pretende com a utilização de simulações em Realidade Virtual é proporcionar momentos de reflexão nos quais os conceitos são elaborados e relaborados, utilizados