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AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO TRATAMENTO DE BRUXISMO COM PLACA MIORRELAXANTE E APLICAÇÃO DE TENS

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AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO TRATAMENTO DE BRUXISMO

COM PLACA MIORRELAXANTE E APLICAÇÃO DE TENS

EVALUATION OF THE BRUXISM TREATMENT WITH OCCLUSAL SPLINT AND

TENS APPLICATION

Ana Carolina Marques1

Hercules Sampaio1

Jakeline Caetano de Almeida Santos1

Geovane Evangelista Moreira2

Marcela Filié Haddad3

Marcos Antônio Franciozi4

Resumo:Bruxismo excêntrico é uma desordem funcional multifatorial que acomete diversas faixas etárias, apresentando maior incidência em jovens e adultos jovens, caracterizada pelo ranger de dentes. Seu tratamento requer múltiplas intervenções para a adequada reabilitação do estado de normalidade funcional do paciente, sendo que a mais comum é a instalação de placas miorrelaxantes, e uma segunda intervenção, menos corriqueiramente utilizada, é a aplicação de TENS (Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea). Assim, o objetivo deste trabalho foi analisar por aplicação de questionário, a eficiência do uso de placas miorrelaxantes no período noturno e a aplicação de TENS semanalmente, na melhora das condições de desconforto advindas do bruxismo durante 30 dias de tratamento. Foram selecionados 20 voluntários para participarem deste estudo. No momento inicial, foi solicitado que preenchessem um questionário a fim de caracterizar a patologia, em seguida, todos os indivíduos receberam uma placa miorrelaxante e foram orientados a dormir com as mesmas durante 30 dias e foram submetidos à aplicação de TENS semanalmente durante este mesmo período. Após o tratamento foi reaplicado o questionário onde constatou-se que, de modo geral, houve melhora dos sintomas apresentados previamente ao tratamento, porém, 50% dos participantes ainda relataram dor de cabeça (p<0,05), 45% dor no rosto (p>0,05) e 20% dor de dente (p<0,05). Baseado nos resultados conclui-se que o tratamento proposto proporcionou melhora na sintomatologia associada ao bruxismo. No entanto, faz-se necessário uma abordagem comportamental, odontológica, farmacológica e suas combinações, de acordo com o perfil do portador para proporcionar a ele um alívio mais considerável dos sintomas. Unitermos: Bruxismo. Dor. Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea

INTRODUÇÃO

O ranger ou o apertar dos dentes pode ser um ato realizado de forma consciente ou inconsciente, caracterizado pelo contato não funcional dos mesmos. Não é uma doença, mas quando exacerbado pode levar a um desequilíbrio fisiopatológico do sistema estomatognático, designado bruxismo1.

A etiologia é multifatorial, ou seja, pode estar relacionada a fatores locais, sistêmicos, psicológicos

1 – Cirurgião Dentista graduado pela Faculdade de Odontologia da Univercidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG). 2 - Cirurgião Dentista, Mestrando em Ciências Odontológicas, Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG).

3 – Professora Adjunta do Departamento de Odontologia Restauradora e Prótese, Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG).

4 – Professor Associado do Departamento de Odontologia Restauradora e Prótese, Faculdade Oodntologia da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG).

e hereditários. A literatura define sua origem como multicausal, complexa e de difícil detecção. Os sinais e sintomas relatados pelo paciente são os principais métodos para identificação do transtorno, além de uma boa avaliação clínica analisando, por exemplo, a sensibilidade, a palpação e rigidez muscular do masseter e do temporal2.

O bruxismo recebe a classificação de primário ou secundário; cêntrico e excêntrico; crônico ou

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agudo e ainda, como diurno ou noturno3. Apesar do

tratamento do bruxismo ser complexo, alguns recursos como a placa miorrelaxante ajudam a eliminar alguns dos danos causados pelo mesmo. Outros tipos de auxílios como terapia de massa e equilíbrio da oclusão2 e Esti m ulação E létr ica Nerv osa

Transcutânea (TENS) também são usados como forma terapêutica.

Com o m ei os de acom panham ento do tratamento podem ser citados exames clínicos, onde os profissionais usam questionários com a finalidade de avaliar a melhora da sintomatologia apresentada pelo paciente2. Diante das dificuldades relacionadas

à intervenção do bruxismo, o propósito deste estudo foi realizar uma avaliação do tratamento do bruxismo utilizando placa miorrelaxante e aplicação de TENS .

MATERIAL E MÉTODO

Trata-se de um estudo clínico experimental não aleatório, longitudinal, que foi realizado na clínica e laboratório de prótese, ambos pertencentes ao departamento de Odontologia Restauradora da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG).

Inicialm ente, o projeto de pesquisa f oi submetido à avaliação pelo Comitê de ética em Pesquisa env olvendo seres humanos e obteve parecer favorável (Parecer 1.291.355).

A amostra foi constituída por 20 indivíduos que buscaram atendimento nas clínicas de Prótese desta Universidade. Como critério de inclusão foram selecionados pacientes que apresentassem desgaste dentário (principal característica do bruxismo excêntrico), dentados totais, com idade entre 20 e 50 anos, de ambos os gêneros, com boas condições de saúde geral, ausência de lesões intraorais e cutâneas, hipertonicidade dos músculos elevadores da mandíbula e desgastes dentários para-funcionais. O critério de exclusão desta pesquisa estev e relacionado àqueles pacientes que apresentassem alguma debilidade sistêmica, lesões intraorais, desdentados parciais ou totais, que estivessem sob tratamento com medicação miorrelaxante, portadores de marca-passo cardíacas ou cerebrais e grávidas; uma vez que esta não englobavam variações da normalidade fisiológica.

A partir disso os indivíduos selecionados receberam informações sobre a proposta do estudo, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e responderam ao questionário adaptado de Dworkin e LeResche4 (1992). Em seguida, após

o tratamento da placa miorelaxante durante o sono noturno e após quatro aplicações de TENS durante os 30 dias foi solicitado ao paciente que respondesse ao mesmo questionário com algumas modificações em relação ao período que a dor estava presente.

A partir deste momento, o atendimento clínico destes indivíduos teve início. Primeiramente, com a confecção de placa miorrelaxante e, em seguida, com a aplicação de TENS.

2.1 CONFECÇÃO DE PLACAS MIORRELAXANTES

Inicialmente, os pacientes foram moldados com

alginato por possuir capacidade de reprodução de detalhes satisfatória para a confecção de placas miorrelaxantes e apresentar custo reduzido5. O molde

das arcadas maxilar e mandibular de cada paciente foram tomados e, em seguida, desinfetados com hipoclorito de sódio a 1% por 10 minutos; vazados com gesso tipo IV e após a presa foram recortados e hidratados para montagem em articulador.

Foram realizados registros de mordida em relação cêntrica bem como registros com o arco facial para montagem dos modelos em articulador semiajustável6,7.

As placas miorrelaxante foram confeccionadas segundo a técnica preconizada por Pellissari et al.7

(2010). Após o ajuste e instalação da placa, foram dadas instruções aos pacientes em relação a fonética que poderia ser mudada nos primeiros dias, pois a placa ocupou o espaço antes preenchido pela língua, a fonética é reestabelecida entre sete a dez dias. Os voluntários foram orientados a higienizarem as placas com escova e creme dental para evitar alterações na cor do acrílico e acúmulo de placa bacteriana.

Os indivíduos selecionados usaram a placa miorrelaxante todos os dias durante o período de sono noturno por 30 dias, ao mesm o tem po, compareceram à Universidade Federal de Alfenas uma vez por semana durante o mesmo período de tempo para a aplicação do TENS, uma vez que o tratamento proposto consiste nesses dois passos realizados concomitantemente.

2.2 APLICAÇÃO DE TENS

Para a aplicação do TENS (Transcutaneous Eletrical Nerve Stimulation), foi utilizado o aparelho TENS Medcir (TENS MT – 104 DX), modelo 4035, contendo quatro canais de saída.

Inicialmente, as áreas onde os eletrodos foram fixados, região dos músculos masseter e temporal em ambos os lados, foram limpas com álcool 70% para favorecer a sua fixação. Isso foi feito com o intuito de diminuir a impedância da pele da região de interesse, facilitando a adesão, a captação e a transmissão dos potencias elétricos. Os voluntários foram avaliados e permaneceram sentados e eretos, com os pés apoiados sobre a cadeira odontológica, braços relaxados e costas bem apoiadas.

O aparelho TENS permaneceu no modo normal, com frequência de pulso de 60 Hz e largura de 300 US. Os eletrodos foram fixados em dois músculos diferentes, que são os responsáveis por esse apertar de dentes tão característicos do bruxismo:

Músculo masseter (na sua porção mais superficial): foi identificada por palpação, pedindo

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ao voluntário que execute máxima intercuspidação forçada. No ponto de maior volume, o eletrodo foi fixado.

Músculo Temporal (porção anterior): também foi palpada realizando o mesmo procedimento citado anteriormente, sendo o local de fixação do eletrodo aproximadamente 2,5 cm anterior e superior à orelha externa.

O aparelho foi ajustado de acordo com a sensibilidade do paciente, evitando contrações musculares e procurando obter-se hipoestesia ou parestesia na região tratada. Cada aplicação foi feita por vinte minutos, uma vez por semana, totalizando quatro semanas.

Passados os 30 dias de trat am ent o o questionário do apêndice C foi aplicado conforme descrito previamente.

2.3 ANÁLISE DE DADOS

Após a realização do tratamento os dados foram tabulados no programa Epiinfo 3.2.2. no qual foi possível obter a análise descritiva. Posteriormente, utilizou-se o software Excel 2010 por Windows a fim de simplificar os dados para a análise estatística. Para tanto, utilizou-se o Teste McNemar com objetivo de avaliar a discordância entre as respostas iniciais e finais através do programa BioEstat 5.3 a um nível de significância de 5% (p<0,05).

RESULTADOS

Os resultados obtidos encontram-se dispostos nas figuras 1 – 9.

Quanto a presença de dor, foi verificado que 75% dos entrevistados sentiam dor na face (lado direito, esquerdo ou em ambos), e após o tratamento 50% dos pacientes relataram não apresentar dor (p=0,2266 - FIGURA 1).

Em relação à região da dor, os pacientes foram divididos em categorias: muscular, articular e ausente. Antes do tratamento, 40% dos voluntários apresentava dor m uscular, 35% dor articular e 25% não apresentava dor. Após o tratamento, observou-se a melhora da dor articular em 20% (p=0,3438) dos pacientes e muscular em 10% (p=0,7539).

O tratamento não produziu nenhum tipo de efeito sobre a crepitação durante a abertura da boca, porém em referência aos estalidos 10% afirmaram que esses foram cessados (p=0,7266). Quando perguntados sobre ruídos articulares no movimento de fechamento da boca, esses permaneceram inalterados, enquanto que em 10% foram eliminados no movimento protrusivo (p=0,7266).

Quando questionados sobre a sintomatologia dolorosa nos 6 m eses que antecederam ao tratamento, a maioria dos pacientes (85%) relatou apresentar dor de cabeça; 55% dor no rosto; 55% dor de dente; 10% queimação na língua ou na boca; e 5% não relatou apresentar nenhuma destas sintomatologias. Após o tratamento, 50% dos pacientes alegaram apresentar dor de cabeça; 45% dor no rosto; 20% dor de dente; 0% queimação na língua ou na boca; e 20% relatou não apresentar nenhuma destas sintomatologias (FIGURA 2).

Na presente pesquisa 85% dos entrevistados mencionaram episódios de dor de cabeça e as classificaram como forte, moderada e ausente. Dos que possuíam dor de intensidade forte 25% foram modificados para fraca, 10% para moderada, 10% deixaram de sentir dor, e para apenas 5% a intensidade forte permaneceu. Também houve melhora significativa de dor moderada para fraca ou ausente para todos os participantes (FIGURA 3).

Analisando os dados desta categoria, BioEstat 5.3 pelo teste de McNemear, o valor p obtido foi 0,0013, m ost rando que houv e um a grande

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discordância entre a dor de cabeça antes e depois do tratamento, comprov ando a eficiência do tratamento nesse quesito. De modo geral, dos pacientes que relataram dor de cabeça, 35% estavam isentos da dor no final do tratamento.

Antes do tratamento, foi observado que 55% dos pacientes apresentavam dor no rosto e esta também foi classificada de acordo com a intensidade: forte (25%), moderada (30%), fraca (0%) e ausente (45%). Pode-se dizer que o tratamento foi eficiente para os que possuíam dor forte, pois 20% destes evoluíram para dor fraca e 5% para ausente (FIGURA 4). Os que classificaram no início sua dor como média, no final do tratamento consideraram-na como fraca (10%) e ausente (20%). Foi observado também que daqueles que não possuíam dor, 20% permaneceram sem dor, porém 25% passaram a sentir uma dor fraca no rosto. Não houve discordância nos resultados antes e depois do tratamento, logo este não foi eficaz estatisticamente (p=0,2101). Ao final do tratamento, 10% dos pacientes com sintomatologia dolorosa relataram não sentir mais dor no rosto.

O sintoma de dor de dente estava presente em 55% dos pacientes, que também foram divididos em categorias de acordo com a intensidade da dor: forte (25%), moderada (25%), fraca (5%) e ausente (45%). Dos 25% dos pacientes que classificaram a dor de dente como forte, 15% estavam sem essa dor no final do tratamento, 5% com dor moderada e 5% com dor fraca. Aqueles com intensidade média da dor, após o tratamento 10% sentia como fraca e 15% estavam isentos dela. E os que apresentavam dor fraca, com a conclusão do tratamento a dor tornou-se autornou-sente (FIGURA 5). Estatisticamente houve discordância nos resultados antes e depois (p=0, 0010) , m ostrando, estati sticam ente, a significância do tratamento em relação à dor de dente. A queimação na língua ou na boca estava presente em apenas 10% dos entrevistados e houve uma melhora em todos os casos, uma vez que tal sintoma se tornou ausente após o tratamento (p=0,5). Dos voluntários entrevistados, 5% não apresentaram nenhum dos sintomas citados acima.

Considerando-se a sintomatologia apresentada pelos entrevistados ao acordar nota-se uma melhora significativa para todas as sintomatologias avaliadas

quando se compara o indivíduo antes e durante o tratamento (FIGURA 6), Estatisticamente, segundo o teste McNemar, houve divergência nos resultados para dor de cabeça (p=0,002), no rosto (p=0,0039), dentes (p=0,0039) e sensação de rosto cansado (p=0,0129), comprovando eficiência do tratamento para estas sintomatologias.

Quando questionados sobre o bruxismo noturno, a maioria dos pacientes afirmou ranger os dentes durante o sono (75% dos pacientes antes do tratamento e 5% após o tratamento - FIGURA 7). Estatisticamente houve eficiência para tratar o bruxismo noturno (p=0,0001).

Como observado na figura 8, a maior parte dos pacientes (25%) apresentaram bruxismo noturno 2 – 3 vezes por semana.

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Como m ostrado na Figura 9, ao serem interrogados sobre o bruxismo diurno, 45% dos indiv íduos entrev istados afirmaram, antes do tratamento, que rangiam e/ou apertavam os dentes, e após o tratamento este índice aumentou para 70% dos entrevistados (p=0,146).

Considerando-se os pacientes entrevistados, 19 (95%) eram do gênero feminino e somente 1 (5%) masculino.

DISCUSSÃO

O bruxismo apresenta sinais e sintomas que são bem expressivos, tais como: sensibilidade ao toque, sensação de rigidez nos m úsculos mastigatórios, contração excessiva e atípica do m asseter, cef aléia e ruídos. A lém disso, a musculatura mastigatória é bastante afetada com aumento do tônus, espasmos, contração sustentada e perda dos períodos de repouso muscular8,9.

O bruxismo está vinculado à etiologia da dor facial e as principais queixas dos indivíduos com bruxismo são: mialgia do masseter e temporal, dor de cabeça, dor ou hipersensibilidade dentária10. Isso

procede, visto que, em nosso experimento, grande parte dos entrevistados afirmaram apresentar esses sinais e sintomas nas respostas aos testes do questionário: dor no rosto 55%, dor de cabeça 85% e dor no dente 55% (FIGURA 2).

Distúrbi os na ATM (Art iculação Temporomandibular) e na musculatura mastigatória, podem ter como fator etiológico o bruxismo, e esse pode desenvolver ou fortalecer quadros de desordens temporomandibulares11-13. O TENS destaca-se como

uma das terapias no tratamento das disfunções m iof asciai s, prom ov endo o relax am ent o da

musculatura mastigatória14. Segundo Starkey15

(2001), essas estimulações promovem analgesia, contrações musculares, melhoria do fluxo circulatório local, drenagem de líquidos entre outras.

A placa miorrelaxante também é vista como forma de tratamento e, na maioria das vezes o único proposto aos pacientes. De acordo com Clark16

(1989), as placas miorrelaxantes melhoram a função do sistema mastigatório, reduzem a atividade muscular anormal, melhoram e estabilizam a função da ATM, protegem os dentes do atrito e de cargas traumáticas adversas17. Uma posição articular mais estável e

funcional, também pode ser conseguida através do uso da placa miorrelaxante, além de reorganização da atividade neuromuscular, que reduz a atividade anormal do músculo17. Para uma intervenção efetiva,

a placa miorrelaxante não deve ser utilizada como uma única modalidade de tratamento, mas em conjunto com outros programas18.

Carrara et al.19 (2010) relataram que 90% dos

pacientes pesquisados obtiveram controle dos sinais e sintomas com a utilização da placa miorrelaxante e terapias físicas (TENS), que são tratamentos conserv adores e rev ersív eis, que podem ser empregados na maioria dos casos da disfunção. De fato, a presente pesquisa confirma esses resultados, através de relatos dos pacientes que afirmaram que sentiam a musculatura da face mais relaxada após o tratamento com placa miorrelaxante e aplicação de TENS (20% destes evoluíram de dor forte no rosto para dor fraca e 5% estavam isentos de dor – FIGURA 4).

O bruxismo do sono é definido como um comportamento motor repetitiv o20 de ativ idade

noturna e/ou diurna involuntária dos músculos mastigatórios21. Pereira et al.22 (2006) destacaram

que refrigerante tipo cola, tabaco, café e chocolate, contribuem com episódio de bruxismo do sono, pois estimulam o sistema nervoso central e produzem um aumento da atividade eletromiográfica da musculatura mastigatória. Os autores realçam que o consumo exagerado dessas substancia deve ser evitado e que o modo de viver e os hábitos do paciente devem ser considerados.

No presente estudo, antes de dar início ao tratamento proposto, o bruxismo noturno esteve presente em 75% dos pacientes (FIGURA 7), em uma frequência de 2-3 vezes por semana (FIGURA 8) diferindo do estudo realizado por Branco et al. (2008) onde 64,8% dos casos possuíam a parafunção diurna. Essa imprecisão de prevalência do bruxismo do sono acontece porque os estudos epidemiológicos são baseados em populações distintas e metodologias diferentes23.

Quanto ao bruxismo diurno, 45% dos pacientes relataram esta alteração antes do tratamento. Esta frequência aumentou para 70% após o uso de placa e aplicação de TENS (FIGURA 9). Acredita-se que já na primeira entrevista, o paciente apresentasse o bruxismo diurno, porém, não tinha esta consciência

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(o que justifica a porcentagem inferior 45% -previamente ao tratamento) e, ao ser interrogado sobre o problema, adquiriu a percepção sobre o ranger.

A partir dos dados obtidos 50% dos pacientes sentiam dor na face ao despertar (FIGURA 6). Esse valor foi próximo do que afirmou Aloé et al.24 (2003)

em seu estudo sobre bruxismo durante o sono, onde 40% dos pacientes com bruxismo noturno queixaram-se de acordar com dor muscular facial. Esqueixaram-se mesmo autor relatou outras sintomatologias frequentes no brux ismo do sono. Em relação a dor ou hipersensibilidade dentária à estímulos quentes ou frios nosso estudo encontrou 50% dos indivíduos com esta sensação (FIGURA 5). No que diz respeito a mialgia do músculo masseter e temporal encontrou-se 40% dos entrevistados com essa condição (FIGURA 4) e 85% dos entrevistados com dores de cabeça matinal ou ao longo do dia (FIGURA 3).

Segundo a pesquisa de Aloé et al. (2003) a disfunção da articulação temporomandíbular, que pode aparecer a partir do bruxismo, sendo caracterizada por dor articular, estalidos, crepitação (“ranger de areia dentro do ouvido”) e trismos com limitação dolorosa na abertura, tem em seu diagnostico a palpação muscular da mandíbula e o exame visual do fechamento mandibular para revelar se apresentam ou não dor e/ou hipertrofia muscular. Diante disso, como parte do nosso diagnostico, verificou-se que em relação à região da dor, (40%) dos entrevistados apresentavam dor muscular, (35%) articular e (25%) estavam isentos de dor, dados obtidos antes do tratamento. Com o uso da placa miorrelaxante e a aplicação de TENS, observou-se ausência de sintomatologia dolorosa na região articular em 20% dos pacientes e ausência de dor muscular em 10%.

O tratamento não produziu nenhum tipo de efeito sobre a crepitação durante a abertura da boca, porém em referência aos estalidos 10% afirmaram que esses foram cessados. Quando perguntados sobre ruídos articulares no movimento de fechamento da boca, esses permaneceram inalterados, enquanto que em 10% foram eliminados no m ov i m ento prot rusi v o. A presença de hipermobilidade da articulação temporomandibular indica interferências durante a mov imentação condilar no movimento de abertura e fechamento da boca, caracterizado por ruídos articulares25.

A ausência de m elhora para ruídos e crepitações, no presente estudo, pode ser justificada pelo método utilizado para se detectar est es ruídos, que neste caso consistiu na auscultação por estetoscópio. A literatura aponta que o diagnóstico de tai s ruídos pode ser estabelecido, clinicamente, por meios eletrônicos, pal pação (senti do tác til) e auscultação da articulação tem poromandibular (sentido da audição), sendo que a palpação e a auscultação

podem ser consideradas formas não precisas de diagnóstico26. Em um estudo realizado por Rosa et

al.27 (2008) verificou-se que dos 63 voluntários com

presença de ruídos articulares no exame à palpação, apenas 47 foram confirmados eletronicamente.

As dores de cabeça também são sintomas frequentes apontados pelos pacientes que sofrem de DTM. Um estudo feito por Nassif e Talic28 (2001)

demonstrou, que 70% dos pacientes diagnosticados como portadores de DTM queixavam-se de dor de cabeça, contra 35% dos pacientes do grupo controle. Além disso, houve uma diferença entre a severidade das dores: 45% dos pacientes com DTM queixaram-se de dor de cabeça queixaram-severa, contra apenas 12,5%. No estudo realizado por Ciancaglini e Radaelli29

(2001), os autores constataram um a ligação significativa entre dor de cabeça e sintomas de DTM (dor na articulação, estalidos articulares e dor nos movimentos mandibulares) em uma população adulta da Itália. Segundo eles, há uma equiparação direta entre dor de cabeça e DTM e que a palpação dos músculos mastigatórios e a avaliação do movimento mandibular, podem ser exames funcionais para analisar dores de cabeça inexplicáveis, pois a dor miofascial tem origem muscular e a dor de cabeça é um das principais queixas. Na presente pesquisa 85% dos entrevistados mencionaram episódios de dor de cabeça e as classificaram como forte (50%), moderada (35%) e ausente (15%). Após tratamento com placa miorrelaxante e TENS, os que possuíam dor de intensidade forte, 25% foram modificados para fraca, 10% para moderada, 10% deixaram de sentir dor, e para apenas 5% a intensidade f orte permaneceu (FIGURA 3). Também houve melhora significativa de dor moderada para fraca ou ausente para todos os participantes, isso validou o tratamento realizado, já que teve melhora significativa em relação a dor de cabeça.

Após os 30 dias de tratamento, apenas 5% dos pacientes que tinham o hábito de ranger os dentes no período do sono continuaram com essa parafunção, sendo relatado por essa pequena parcela que o uso da placa miorrelaxante não foi constante durante as noites de sono. Inicialmente entre os pacientes entrev istados (20%) não souberam afirmar se apresentavam bruxismo noturno e após o tratamento esse índice caiu para 0%, isso demonstra que após serem interrogados sobre o problema, os pacientes alertaram para essa condição (FIGURA 7).

Em relação à distinção dos pacientes sobre o gênero, a literatura mostra a predominância do feminino, porém a ocorrência do bruxismo independe do gênero30. Estudos realizados por Molina et al. (2002)31 e Carvalho (2005)32 indicam que a disfunção

de apertar e ranger os dentes em períodos de sono e de vigília é encontrado em maior frequência no gênero feminino. Essa prevalência é explicada devido ao fato de as mulheres serem mais susceptíveis ao estresse emocional, alterações anatômicas que

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produzem má relação do disco articular com o côndilo, mudanças hormonais durante o ciclo menstrual e também devido ao fato delas procurarem com maior frequência a ajuda médica e odontológica para cuidados com a saúde quando comparadas aos homens, confirmando a prevalência da parafunção nas mulheres.

CONCLUSÃO

Considerando-se as limitações deste tipo de estudo, conclui-se que o uso da placa miorrelaxante simultâneo a aplicação de TENS proporcionou m elhora da sintomatologia do brux ism o nos voluntários; no entanto, a amostra de integrantes e o período de acompanhamento não foram suficientes para afirmar com convicção de que a associação dos tratamentos asseguram melhora em todos os pacientes que apresentam esse ato parafuncional. Além disso, notou-se a necessidade de intervenção multidisciplinar, visto que o bruxismo está relacionado a f at ores loc ais, sist êm icos, psicológi cos e hereditários.

ABSTRACT

Eccentric Bruxism is a multifactorial functional disorder that affects different age groups, with higher incidence in youths and young adults, characterized by clenching and grinding of teeth. The treatment requires multiple interventions for proper rehabilitation of the patient’s functional normality status. The most common treatment is the use of muscle relaxants plates and as a second intervention, which may be cited but is less routinely used, is the use of TENS (Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation). The objectiv e of this study was to analyse, using a questionnaire, the efficiency of the use of muscle relaxants plates at night and the use of TENS weekly in order to detect, after 30 days of treatment, an improvement of the discomfort conditions caused by bruxism. The study was conducted at the Clinical Implant Fixed Unit, Faculty of Dentistry, Federal Univ ersity of Alfenas (UNIFAL-MG), where 20 individuals who claimed to have signs and symptoms of bruxism were selected. At baseline, they were asked to complete a questionnaire in order to characterize the pathology, then all subjects received a muscle relaxant plate and were told to sleep with them for 30 days, the same period when they were submitted to TENS weekly. After the treatment, the questionnaire was reapplied with slight modifications, and it was found that 50% of participants still reported headache (p<0.05), 45% pain in the face (p>0.05) and 20% tooth pain (p<0.05). Based on the results, it is concluded that the proposed treatment led to an improvement of the symptoms bruxism associated. However, it is necessary a behavioral, dental and pharmaceutical approach and their combinations

according to the carriers’ profile to provide them a more significant relief of the symptoms.

UNITERMS: Bruxism. Pain. Transcutaneous Electrical Nerve Stimulation

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Autor de Correspondência: Marcela Filié Haddad

Faculdade de Odontologia, Departamento de Odontologia Restauradora e Prótese, Universidade

Federal de Alfenas (UNIFAL-MG) Rua Gabriel Monteiro da Silva, 714, Centro,

Alfenas – MG. CEP: 37.130-000 Fone: (35)3299-1014 Marcela.haddad@unifal-mg.edu.br

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