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EFEITO DO BIOTERÁPICO FATOR C&MC EM GADOS, UMA REVISÃO

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29 e 30 de outubro de 2019

EFEITO DO BIOTERÁPICO FATOR C&MC® EM GADOS, UMA

REVISÃO

Roberta Bernardino Ramos do Prado1; Natalia Akemi Kohara2; Denise Lessa

Aleixo3; Rogério Minini dos Santos4

1Acadêmica do Curso de Farmácia, UNICESUMAR, Maringá-PR. Bolsista do PIBIC/UniCesumar. robertabrprado@gmail.com

2Acadêmica do Curso de Farmácia, UNICESUMAR, Maringá-PR. Colaboradora. koharanathalia@gmail.com

3Orientadora, PhD, Docente da UNICESUMAR, Maringá-PR. denise.aleixo@unicesumar.edu.br 4 Co orientador, doutor, Docente da UNICESUMAR, Maringá-PR. rogerio.santos@unicesumar.edu.br

RESUMO

A pecuária orgânica é um modelo sustentável de produção que aplica princípios da agroecologia e se preocupa também com a produtividade e a rentabilidade para o produtor. O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, por meio da Instrução Normativa nº 64, de 18 de dezembro de 2008, do Ministério da Agricultura, estabeleceu normas para a produção orgânica de vegetais e animais. Esta normativa determina ações contra pragas e doenças e apresenta uma extensa lista de permissões para a produção orgânica, onde a homeopatia é contemplada. O carrapato comum dos bovinos, Boophilus microplus, é um grande problema na pecuária bovina. O uso de medicamento homeopático na pecuária, especialmente nas infestações de bovinos por carrapatos, tem mostrado resultados interessantes. Considerando a importância das infestações de bovinos por Boophilus microplus, o efeito do bioterápico Fator C&MC® nesta parasitose já mostrados na literatura e a necessidade de mostrar o mecanismo pelo qual estes efeitos ocorrem, o presente trabalho tem o propósito de realizar uma revisão de literatura, apontando diferentes trabalhos e suas particularidades. A pesquisa foi feita em plataforma de pesquisa Google Acadêmico, Scielo, Plataforma de pesquisa EBSCO da Unicesumar e Biblioteca da Unicesumar.

PALAVRAS-CHAVE:Bioterápico, Boophilus microplus, Ectoparasitos.

1 INTRODUÇÃO

A produção de orgânicos teve início em meados do século XIX, iniciando um tempo onde a preocupação com a qualidade de vida mudaria as características e estilo de vida de muitas pessoas, contrariando todo o desenvolvimento de novas tecnologias, máquinas agrícolas e indústria química observado nas últimas décadas na agricultura e pecuária. Embora toda a tecnologia tenha impulsionado a produção de alimentos, ela também produziu efeitos colaterais, e por esse motivo, os produtos orgânicos tomaram lugar de destaque, no mercado internacional especialmente nos Estados Unidos e na Europa e, em menor velocidade, no Brasil, nos últimos anos (TORRES et al., 2011).

A pecuária orgânica é um modelo sustentável de produção que aplica princípios da agroecologia e se preocupa também com a produtividade e a rentabilidade para o produtor. Este modelo de sistema orgânico de produção é conseguido com a troca de insumos químicos por insumos orgânicos/biológicos/ecológicos. Além disso, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) estabelece uma série de procedimentos para que produtos orgânicos sejam considerados orgânicos (VARGAS, 2013).

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O MAPA, por meio da Instrução Normativa nº 64, de 18 de dezembro de 2008, revogou a Instrução Normativa nº 07, de 17 de maio de 1999 e restabeleceu normas para a produção orgânica de vegetais e animais. A partir desta normativa, o MAPA autoriza, libera e incentiva agricultores, apicultores e pecuaristas brasileiros a aplicarem a homeopatia no cultivo orgânico da produção vegetal e animal (BRASIL, 2008, p. 18; 25; 33).

A Homeopatia foi criada na Alemanha por Christian Friedrich Samuel Hahnemann (1755 - 1843) em 1779. Ela foi oficializada e disseminada como uma especialidade médica (PIRES, 2005) e na mesma época em que se estudava a homeopatia médica, Hahnemann tratou seu próprio cavalo deixando à máxima: “se as leis que proclamo são as da Natureza, elas serão válidas para todos seres vivos”, dando início a Homeopatia em Veterinária. Assim, no ano de 1815, em Leipzig, Hahnemann apresenta o trabalho: “O tratamento homeopático dos animais domésticos” e alguns anos depois, suas ideias são retomadas e ampliadas pelo pensamento e pela prática de diversos veterinários. Atualmente a homeopatia é bem estabelecida neste meio, sendo reconhecida no Brasil desde 1996 como uma especialidade médico veterinária, pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária, e como uma possibilidade de aplicação no cultivo orgânico da produção vegetal e animal, pelo MAPA (PIRES, 2005).

Um dos principais pontos que interferem no aumento da produção e produtividade da pecuária, segundo a Embrapa, é o estado sanitário do rebanho, sendo que o carrapato comum dos bovinos, Boophilus microplus, está entre os parasitos capazes de causar grande impacto econômico na pecuária. Dessa forma, o controle do carrapato é um ponto fundamental para a produtividade na pecuária, e quando feito de forma inadequada, pode levar a maior contaminação do ambiente, das pessoas que manipulam o produto químico e dos produtos de origem animal, além de permitir a disseminação da resistência das populações de carrapato e provocar o aumento dos prejuízos econômicos (SANTOS, 2015). Estudos mostram efeitos benéficos nos animais infestados com carrapatos Boophilus microplus e tratados com bioterápico Fator C&MC®. Nesse sentido, o seguinte trabalho visa compilar diferentes resultados sobre o uso desse bioterápico e fazer uma análise crítica sobre.

2 MATERIAIS E METODOS

Foi realizada uma revisão bibliográfica sobre o tema: “homeopatia terapêutica e nutricional em bovinos de corte e vacas leiteiras”.

A busca foi feita em periódicos científicos nas bases de dados: Google Acadêmico, Scielo, Plataforma de Pesquisa EBSCO da Unicesumar, e também em livros físicos da biblioteca da Unicesumar

Os critérios de inclusão dos trabalhos na pesquisa atual foram: abordagem do tema (uso de Fator C&MC®); disponibilidade integral do trabalho. Os critérios de exclusão dos trabalhos na pesquisa atual foram: trabalhos do tipo dissertações, teses e monografias; textos redigidos em línguas diferentes de português e inglês.

Após a coleta dos dados, os mesmos foram tabulados para análise crítica e reflexiva sobre o tema objetivo do estudo.

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3.1 Boophilus microplus

O Boophilus microplus, antes denominado Rhipicephalus microplus, é um ectoparasita bastante estudado, por ser o mais frequente no Brasil e ter um alto impacto econômico. Estima-se que esse artrópode cause uma perda anual de cerca de 3,24 bilhões de dólares, ficando atrás apenas de nematódeos gastrintestinais, os quais acarretam em uma perda anual de aproximadamente 7,11 bilhões de dólares (GRISI et al., 2014).

As perdas econômicas ocorrem como consequência ao aumento de mortalidade e diminuição de natalidade, perda de massa, queda de produção de vacas leiteiras e danificação do couro dos animais. O carrapato é capaz de causar esses danos devido ao fato de cada fêmea ter a capacidade de gerar de 1500 e 3000 ovos, sendo que cada indivíduo, ao perfurar o couro do animal infestado, suga de 0,5 a 2,0 mL de sangue, enquanto inocula toxinas e possivelmente transmite hemoparasitas, o que soma em um alto volume de sangue sugado e toxinas inoculadas. Há indícios de que essas toxinas interfiram na síntese proteica do bovino, enquanto os hemoparasitas (Anaplasma marginale, Babesia spp. e Elichia) debilitam seu organismo, muitas vezes evoluindo ao óbito (MARQUES, 2003).

O artrópode teve alterações em sua nomenclatura com o desenvolvimento da genética. Após estudos, percebeu-se que os gêneros Boophilus e Rhipicephalus são parafiléticos (possuem ancestral comum), assim, o gênero Boophilus se tornou um subgênero de Rhipicephalus, tornando aceitável as nomenclaturas Boophilus microplus (B. microplus) e Rhipicephalus (Boophilus) microplus (BARKER; MURRELL, 2002).

O ciclo do B. microplus é monóxeno e ocorre em duas fases: vida livre no solo, em que se encontram 95% dos carrapatos, e parasitária no corpo do hospedeiro. Ou seja, apenas 5% da população desses aracnídeos se encontra na forma parasitária. A fase de vida livre inicia-se com a saída da teleógina (fêmea fecundada e ingurgitada) do hospedeiro para o solo. Uma vez no solo, ela encontra um abrigo para, entre dois e noventa dias, realizar a ovoposição. Após a postura, as neolarvas eclodem em aproximadamente duas semanas, então permanecem no solo por mais dois ou três dias e começam a subir juntas para a ponta de capins. O tempo de cada etapa depende muito das condições ambientais. Em condições favoráveis (entre 16 e 30 °C e úmido), o ectoparasita desenvolve-se mais rápido (MARQUES, 2003). Consequentemente, a duração da fase parasitária é variável, podendo durar entre 28 a mais de 300 dias. A fase parasitária se inicia quando as larvas infestantes têm contato direto com os bovinos e saem do capim para fixar-se no hospedeiro (ROCHA, 1999). Os lugares de maior probabilidade de as larvas parasitárias migrarem e se desenvolverem no animal são as regiões não atingidas pela lambedura nem pela vassoura da cauda, ou seja, virilha, pata traseira e úbere (MARQUES, 2003). Em condições normais, as larvas se alimentam de linfa, restos de tecidos mortos e sangue do hospedeiro e transformam-se em metalarvas, ninfas e metaninfas, processo que dura entre 17 a 41 dias (ROCHA, 1999). A partir das metaninfas, os carrapatos vão se distinguir em machos (neandros) e fêmeas (partenógenas). A diferenciação em neandros leva cerca de três dias e em partenógenas, dois dias. Dentro de 12 horas, as partenógenas acasalam e ingurgitam, tornando-se teleóginas, com aproximadamente 5 mm. No período noturno, as teleóginas

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chegam a até 11 mm, desprendem-se do animal e retornam ao início do ciclo (MARQUES, 2003).

3.2 HOMEOPATIA VETERINÁRIA

A Homeopatia foi criada na Alemanha por Christian Friedrich Samuel Hahnemann (1755 - 1843) em 1779 e hoje é oficializada e disseminada como uma especialidade médica (PIRES, 2005). Medicamentos homeopáticos são medicamentos manipulados, de acordo com a Farmacopeia Homeopática Brasileira, 3ª edição (FHB 3), por meio de “dinamizações” que são diluições e agitações sucessivas e ritmadas chamadas sucussões (Farmacopeia Homeopática Brasileira, 2011).

Na mesma época em que se estudava a homeopatia médica, Hahnemann tratou seu próprio cavalo deixando à máxima: “se as leis que proclamo são as da Natureza, elas serão válidas para todos seres vivos”, dando início a Homeopatia em Veterinária. Em 1815, em Leipzig, Hahnemann apresenta o trabalho: “O tratamento homeopático dos animais domésticos” e alguns anos depois, suas ideias são retomadas e ampliadas pelo pensamento e pela prática de diversos veterinários. Atualmente a homeopatia é bem estabelecida neste meio, sendo reconhecida no Brasil desde 1996 como uma especialidade médico veterinária pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária e como uma possibilidade de aplicação no cultivo orgânico da produção vegetal e animal pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) (PIRES, 2005).

Entre os medicamentos homeopáticos, podemos citar os bioterápicos, definidos pela FHB 3 (2011, p. 93):

São preparações medicamentosas obtidas a partir de produtos biológicos, quimicamente indefinidos: secreções, excreções, tecidos, órgãos, produtos de origem microbiana e alérgenos. Essas preparações podem ser de origem patológica (nosódios) ou não patológicos (sarcódios), elaboradas conforme a farmacotécnica homeopática.

Dentro dessa categoria existem os isoterápicos, os quais levam essa nomenclatura por serem produzidos a partir do próprio causador da doença (iso = igual). Os isoterápicos preparados com insumos ativos originados do mesmo paciente a quem será administrada a medicação são chamados autoisoterápicos. Já, se o insumo ativo tiver origem externa ao paciente, será classificado como heteroisoterápico (FHB 3).

A preparação de bioterápicos, principalmente de nosódios, deve ser extremamente cautelosa, seguindo as normas de segurança biológica, como as da Anvisa, e as técnicas homeopáticas definidas na FHB. Caso não haja atividade microbiana nos produtos preparados, e isso seja comprovado, a manipulação poderá ocorrer na mesma sala dos outros homeopáticos. Todavia, se houver atividade microbiana de agentes infecciosos, são exigidas ações específicas para a devida segurança. Ou seja, o procedimento operacional padrão deverá ter, em cada uma de suas etapas, medidas para eliminar ou inativar os riscos microbiológicos (FHB 3).

Tendo isso em vista, e que não existe monografia específica para o preparo de fator C&MC® de Boophilus Microplus, devem ser seguidas as poucas determinações para drogas de origem animal trazidas pela FHB 3. São elas: os

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carrapatos para a preparação podem estar inteiros, fracionados, vivos ou recentemente sacrificados, mas sempre seguindo normas de higiene e segurança; o líquido extrator pode ser etanol (65% a 70% (v/v)), mistura de etanol, água e glicerina (1:1:1), mistura de água e glicerina (1:1), ou mistura de etanol e glicerina (1:1); deve haver 20 vezes mais líquido extrator do que droga, ou seja, 5.0% de droga em 100.0% de volume; o processo de extração se dá por maceração; o carrapato, fracionado ou não, deve ficar no líquido extrator já nas proporções adequadas para o volume final desejado de tintura-mãe, acondicionado de forma a estar salvo da ação direta de luz e calor, e o recipiente deve ser agitado diariamente, sendo que esta etapa dura no mínimo 15 dias para soluções alcoólicas e 20 dias para soluções glicerinadas, depois filtra-se, deixa-se em repouso por dois dias, filtra-deixa-se novamente e armazena-deixa-se adequadamente em recipiente de vidro âmbar, bem fechado, protegido do calor e da luz direta (FHB 3).

No trabalho de Santos et al. (SANTOS, 2015), as larvas foram fragmentadas e colocadas no líquido extrator constituído de etanol, água e glicerina (1:1:1) e o método usado para a preparação a partir da tintura mãe foi o Hahnemanniano de potência 6 CH. Os pesquisadores administraram o isoterápico em sal mineral ingerido pelos bovinos por 100 dias e realizaram a contagem dos carrapatos a cada 15 dias (SANTOS, 2015).

O primeiro bioterápico feito foi um nosódio, pelo médico e discípulo de Hahnemann, Hering, inspirado pela descoberta da vacina. A patogenesia de bioterápicos em indivíduos saudáveis, como dos nosódios de Hering, é interessante na cura de sintomas devido à lei dos semelhantes, trazida inicialmente por Hipócrates e Paracelso (FONTES, 2012). Todavia, Luz; Zanin e Dias (2013) constataram que em farmácias homeopáticas apenas 6.61% dos medicamentos homeopáticos de consumo humano são bio e isoterápicos (LUZ; ZANIN; DIAS, 2013).

Por outro lado, o uso de medicamento homeopático na pecuária tem sido crescente e, especialmente nas infestações de bovinos por carrapatos, tem mostrado resultados interessantes. O primeiro homeopata veterinário, Johann Wilhelm Tux, utilizou um isoterápico de muco nasal de um boi doente para tratar um rebanho com epidemia de mormo. Arenales et al. (2006) mostraram que o medicamento homeopático bioterápico (Fator C&MC®) produzido a partir de Amblyomma cajennense, Boophilus microplus, Bunostomum sp , Cysticercus cellulosae, Dermatobia hominis, Eimeria sp, Haematobia irritans, Haemonchus contortus, Haemonchus placei, Musca domestica, Nematodirus sp, Oesaphagostomum sp, Ostertagia ostertagi, Strongyloides sp, Trichostrongylus axei, Trichostrongylus colubriformes, Trichuris sp e Bixa orellana, promoveu o controle de endo e ectoparasitoses em bovinos, além de aumentar o peso corporal em 37,9% se comparados aos animais não tratados. Signoretti et al. (2013) observaram um incremento de 24% (p > 0,05) no ganho de peso de novilhos, que receberam os mesmos medicamentos homeopáticos em relação ao grupo controle que não ingeriu os medicamentos, mas não houve efeito do medicamento na infestação por endo e ectoparasitos. Estudos mais recentes mostram que o uso deste bioterápico reduz o uso de antibiótico e carrapaticida nos animais tratados além de mostrarem baixo número de teleóginas (fêmea em postura), com tamanho reduzido e coloração anormal, sem brilho e com estrias amareladas no dorso (MAGALHÃES, 2005).

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Deve-se lembrar que os princípios e as leis da homeopatia veterinária seguem os mesmos princípios da homeopatia humana, e sua colocação em prática salva algumas especificidades, da mesma forma como na clínica médica. Assim, para a prescrição do medicamento homeopático a um animal doente deve ser considerado o doente, não a doença, seguindo o conceito da semelhança (princípio da similitude), trata-se, portanto, de identificar suas características e sintomas individuais (FONTES, 2013). Todavia, entende-se que dentro de uma mesma espécie ou de uma raça, os indivíduos elaboram sua própria reação de defesa a uma dada doença, ou seja, o medicamento homeopático pode particularizado não apenas para cada animal, mas também para uma espécie ou raça. Dessa forma, em tratamento de rebanhos, a individualização é feita entendendo que o rebanho é um organismo único, já que tem propriedades únicas, as quais influenciam suas doenças. Na nomenclatura Hahnemanniana, um medicamento que trata uma população inteira, funcionando em cada sujeito como se fosse pensado individualmente é chamado de Medicamento do Gênio Epidêmico (SOUZA, 2002).

Marcus et al. (2011), em seus diversos estudos descreve que a homeopatia é frequentemente surpreendida por críticas ao seu modelo terapêutico havendo certa dificuldade em se adaptar o modelo homeopático ao modelo biomédico de pesquisa. Apesar destes obstáculos, é possível elaborar ensaios clínicos randomizados que visem conciliar a racionalidade científica e os conceitos clássicos da homeopatia, a fim de solucionar os mecanismos pelos quais estes medicamentos agem no organismo, apresentando comprovação científica dos efeitos observados na clínica.

3.3 TRABALHOS REALIZADOS

São escassos os trabalhos publicados em revistas de alto nível que analisam a atividade de bioterápicos em carrapato do boi, todavia, as pesquisas existentes demonstram resultados mais voltados à redução do uso de alopatia.

Cinco pesquisas foram comparadas entre si, divergindo principalmente na raça e idade do animal infestado e no tratamento. Apenas uma pesquisa obteve resultados de ineficiência total do bioterápico, a redução do uso de alopáticos foi evidente em três trabalhos e a redução da infestação, usando apenas homeopático, foi observada em um trabalho.

Dois trabalhos foram conduzidos pelo mesmo autor, em anos diferentes (Signoretti et al., 2013 e Signoretti et al., 2008), o mais antigo não observou eficiência no tratamento com o bioterápico e o mais recente teve como resultado a redução do uso de carrapaticidas. Os dois trabalhos administraram a mesma dose por dia por animal, a diferença nas metodologias foi principalmente a idade do grupo amostral, sendo os dois feitos com mestiços de Gir com Holandês. Signoretti et al. (2013) tratou os animais já recém-nascidos até os 120 das de idade, adicionando o bioterápico em leite, enquanto Signoretti et al. (2008) tratou machos com 10 meses de idade, adicionando o homeopático em proteinado.

O único trabalho em que não foi usado alopático em caso de alta infestação ou diarreia foi Santos et al. (2015), o qual também foi o único a realizar infestação artificial e a produzir seu próprio isoterápico, feito com larvas de B. micrupus em potência CH6. Esse produto é diferente do Fator C&MC®, pois não contém todas as outras espécies que o comercial possui e tem menor potência, já que o Fator C&MC® é 12CH.

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A pesquisa de Arenales, M. C; COELHO E. N. (2002) foi a que trabalhou com o grupo amostral mais heterogêneo, com vacas em ordenha, vazias, novilhas próximas do parto e bezerros entre três e seis meses. O homeopático foi administrado na mesma quantidade no suplemento mineral de todos os grupos, sendo que as vacas em ordenha também foram tratadas com o produto na ração. O tratamento não foi exclusivamente homeopático e a avaliação teve longa duração (dois anos). Ao final da pesquisa, a redução do uso de alopáticos foi de 91,6%. Ramos et al. (2016) obteve um resultado semelhante, também trabalhando com um grupo amostral heterogêneo (bovinos leiteiros e bezerros). Os trabalhos foram comparados em uma tabela (Tabela 1) para facilitar a visualização e a comparação entre eles.

Tabela 1: Comparação entre cinco trabalhos com homeopáticos contra carrapatos em

bovinos.

Autor Local Amostra

Tratamento Resultados Controle de não eliminação Homeopático SANTOS et al., 2015 RS 18 fêmeas bovinas europeias, infestadas artificialme nte com 10 mil larvas Sal mineral e açúcar Sal mineral e isoterápico Redução de 53,4% de teleóginas no grupo tratado em relação ao controle após quatro meses. ARENALE S; COELHO, 2002 MG Vacas em ordenha, vacas vazias, novilhas próximas ao parto e bezerros entre 3-6 meses - Suplemento mineral e fator C&MC® e para o grupo das vacas em ordenha, também na ração. Redução do uso de alopáticos em 79,2% em um ano e 91,6% em dois anos. SIGNORE TTI et al., 2013 SP 12 bezerras leiteiras mestiças Holandês x Gir recém-nascidas 0 - 56 dias de idade: leite sem C&MC® e concentrad o à vontade 57 – 120 dias de idade: 0 - 56 dias de idade: leite com C&MC® e concentrado à vontade 57 – 120 dias de idade: concentrado, limitado com C&MC® Redução do uso de carrapaticid as após 120 dias.

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29 e 30 de outubro de 2019 concentrado limitado SIGNORE TTI et al., 2008 SP 16 bezerros machos castrados, mestiços Gir x Holandês, com 10 meses de idade 300 g/animal/di a de proteinado 300 g/animal/dia de proteinado adicionado com cinco gramas/animal/ dia do FATOR PRÓ® e C&MC® Inalteração da infecção por parasitas após oito meses. RAMOS et al., 2015 ES 36 bovinos leiteiros e 10 bezerros, divididos em sete grupos - Grupo 1 (10 bezerros): bioterápico Boophilus microplus (BM) 6CH em fubá misturado ao açúcar cristal Grupos 2 e 3 (12 vacas leiteiras): BM 6CH, na água à vontade. Grupos 4 e 5 (14 vacas leiteiras): BM 6CH em fubá, açúcar cristal e silagem. Grupos 6 e 7 (14 vacas leiteiras), homeopático Real H®. Redução da infestação e do uso de alopáticos após seis meses. 3.4 DISCUSSÃO

Percebe-se, ao avaliar os estudos, que a eficiência varia com características do grupo amostral (raça, sexo e idade), com a dose e o meio administrado e com o tempo de tratamento. Outras variáveis não foram consideradas, como clima, época do ano e meio de administração do bioterápico. O grupo com a eficiência demonstrada em menos tempo foi o de bezerras leiteiras mestiças Holandês X Gir, com redução do uso de carrapaticidas em apenas 120 dias (três meses). Por outro lado, o resultado mais impactante foi em um grupo heterogêneo, com vacas em ordenha, vacas vazias, novilhas

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próximas ao parto e bezerros entre 3-6 meses, em que a redução do uso de alopáticos foi quase total. Todavia, esse resultado foi obtido apenas depois de dois anos. O único grupo cujos resultados indicam a ineficiência do produto foi também o único realizado com machos. Uma correlação pode ser imaginada, mas apenas um dado não é suficiente para afirmar que o homeopático é ineficiente em machos.

As doses de homeopático não foram explícitas na maioria dos trabalhos, sendo tratada apenas pelo veículo ou se foi à vontade ou não. Os únicos trabalhos nos quais foi indicada a dose usada foram os de Signoretti et al. (2008; 2013). As doses utilizadas em ambas as pesquisas foram de 5 g/dia, sendo que uma não obteve resultados satisfatórios e outra teve como resultado a redução do uso de alopáticos. Essa comparação poderia ser um indicador de que a dose não afeta no tratamento, todavia, como o grupo amostral, o meio de administração e o tempo de tratamento não foram constantes, inferir algo é precipitado.

O tempo de tratamento é um fator que deve ser mais estudado, talvez com testes imunológicos e de expressão gênica. Isso porque um dos estudos mostra que em um ano, o uso de alopáticos caiu mais da metade e, em mais um ano, para quase zero. Ou seja, durante o uso do homeopático, a dose suficiente de alopático se reduz.

Outro ponto interessante a se destacar é que o teste feito apenas com um grupo tratado e outro não tratado, sem o uso de alopáticos, não obteve carga parasitária mínima em nenhum momento.

Esses pontos indicam que o uso do bioterápico Fator C&MC® tem sua eficácia aumentada quando usado por um longo período de tempo e com o início de tratamento em gado recém-nascido.

Além disso, o uso exclusivo do bioterápico (sem uso de alopáticos) demonstra não reduzir a carga parasitária ao mínimo, indicando um papel adjuvante no tratamento. O uso adjuvante não deve ser menosprezado, pois qualquer redução no uso de alopáticos é benéfica.

4. CONCLUSÃO

O bioterápico Fator C&MC® é eficiente, principalmente em novilhos. Todavia, sua eficiência não é a ponto de reduzir a carga parasitária ao mínimo, sendo indicado o uso como adjuvante ao alopático.

REFERÊNCIAS

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Referências

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