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AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS. A EXPERIÊNCIA FRANCESA E A REALIDADE BRASILEIRA.

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AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE EDIFÍCIOS. A EXPERIÊNCIA

FRANCESA E A REALIDADE BRASILEIRA.

Francisco Ferreira Cardoso (1); Clarice Menezes Degani (2)

(1) Escola Politécnica da USP, francisco.cardoso@poli.usp.br (2) Escola Politécnica da USP, clarice.menezes@poli.usp.br

RESUMO

Desenvolvida no final de 2002, a certificação “Opération HQE® tertiaire 2002” vem sendo atualmente aplicada em estágio experimental em 20 empreendimentos franceses. Seu propósito é atestar o desempenho ambiental de empreendimentos não residenciais, assim como assegurar o controle de seu desenrolar, da fase de planejamento até a de realização, e garantir o alcance da qualidade ambiental esperada.

Embora tenha sido desenvolvida para a realidade francesa, o seu desenvolvimento contou com a participação de um dos autores desse trabalho, e a sua implementação vem sendo acompanhada in loco pelo outro. Entendeu-se assim como oportuno realizar-se uma comparação entre as suas exigências e as propostas para a realidade brasileira, as quais incorporam aspectos da ‘agenda marrom’. Faz-se igualmente uma análise crítica das exigências francesas, sob a ótica da realidade do Brasil.

O trabalho conclui apontando elementos da experiência francesa que são adequados à realidade brasileira e que podem ser incorporadas às futuras práticas do país em termos de avaliação ambiental de edifícios.

Palavras-chave: desempenho ambiental; avaliação ambiental; construção civil; França.

1.

INTRODUÇÃO

A avaliação do desempenho ambiental de edifícios é uma das medidas adotadas internacionalmente com o objetivo de medir a sustentabilidade do ambiente construído. Esta aparente classificação de empreendimentos tem uma pretensão superior de encorajar a demanda do mercado por níveis de desempenho ambiental crescentes no setor da construção civil, caracterizando então o seu desenvolvimento sustentável.

Segundo Silva (2000), outras aplicações para os métodos de avaliação ambiental de edifícios são: (a) instrumento para divulgação mercadológica; (b) suporte à introdução de sistemas de gestão ambiental; (c) especificação do desempenho ambiental de edifícios; (d) auxílio a projeto; (e) estabelecimento de normas de desempenho ambiental; (f) auditorias ambientais. Estas aplicações tornam evidente que a implementação de métodos de avaliação traz benefícios que vão além de simplesmente classificar edifícios.

Silva (2003) distingüe duas categorias de sistemas de avaliação ambiental de edifícios disponíveis. De um lado estão os sistemas promotores da construção sustentável por meio de mecanismos de mercado, geralmente formatados como uma lista de verificação, tais como o Building Research Establishment Environmental Assessment Method (BREEAM), o Hong Kong Building Environmental Assessment Method (HK-BEAM), o Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) e o Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency (CASBEE). Em outra categoria enquadram-se os métodos orientados para a pesquisa, tal como o Green Building Challenge (GBC), centrado no desenvolvimento metodológico e na fundamentação científica.

Em geral, estes métodos concentram-se no resultado de desempenho do produto final ‘edifício’ e no I CONFERÊNCIA LATINO-AMERICANA DE CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

X ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO

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aspecto ‘ambiental’ da sustentabilidade. Entretanto, dentre as metodologias que começam a surgir, merece um destaque especial a desenvolvida pelo Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB) para a certificação da marca “NF Bâtiments Tertiaires – Démarche HQE®” na França. Esta metodologia possui diferenciais que justificam a sua análise neste evento, além do fato de um dos autores ter participado de seu desenvolvimento e do outro estar acompanhando in loco a sua aplicação. Os referenciais de apoio à metodologia francesa propõem a avaliação do desempenho ambiental das ‘operações’, o que significa que a avaliação não incide somente nas características de desempenho do produto final edifício, mas também de modo importante nas etapas anteriores como no planejamento, concepção e realização. Outro diferencial da metodologia é a introdução da avaliação de características de conforto e saúde, indo além dos aspectos puramente ambientais da sustentabilidade. Assim sendo, este artigo propõe-se a confrontar a metodologia francesa, bem mais abrangente que as suas precursoras, com a situação específica brasileira e ainda com a metodologia proposta por Silva (2003). E, a partir desta análise, identificar os elementos que poderiam ser inseridos na proposta brasileira e as evidências da experimentação francesa que confirmam a estratégia da metodologia brasileira.

2.

CERTIFICAÇÃO DA MARCA “NF BÂTIMENTS TERTIAIRES –

DÉMARCHE HQE

®

Na França, a iniciativa do setor da construção civil em prol do meio ambiente partiu do programa “Écologie et Habitat” lançado pelo Plan Urbanisme, Construction et Architecture (PUCA) em 1992. A Associação HQE® surgiu deste programa em 1996 e se desenvolveu graças aos trabalhos do Atelier d’Évaluation de la Qualité Environnementale des Bâtiments (ATEQUE). Hoje a Associação HQE® reúne diversos agentes do setor, tais como instituições públicas e privadas, associações, empreendedores, industriais e organizações profissionais.

A iniciativa francesa, denominada “Démarche HQE®”, integra-se ao desenvolvimento sustentável nos aspectos ambiental (meio ambiente exterior, emissões ao ar e água, canteiro de obra com poucas interferências), social (conforto e saúde, meio ambiente interior) e econômico (gestão de recursos). Seu objetivo principal não é a certificação de edificações, mas sim a promoção de ações voluntárias e o envolvimento de todos os agentes do setor (Hetzel, 2003).

A partir de um estudo financiado pela Agence Régionale de l’Environnement et les Nouvelles Énergies d’Ile-de-France (ARENE IDF), em uma visão prospectiva para 2010 e para 100% das edificações na região de Ile-de-France, Hetzel (2003) aponta as seguintes conseqüências da introdução da démarche HQE® : 30% de redução no consumo de energia nos setores residencial e terciário; 40% de redução na emissão de gases contribuintes para o efeito estufa (o que permitiria à França alcançar as metas definidas no protocolo de Kyoto); 16% de economia de água potável; um ganho de mais de 228 euros por ano e por habitante sobre os custos de utilização e manutenção dos edifícios; e 40000 empregos diretos e indiretos.

Entretanto, da necessidade de garantir-se a qualidade dos inúmeros empreendimentos que começaram a surgir na França e ditos HQE®, surgiu o projeto de certificação, inicialmente denominado certificação “Opération HQE® tertiaire 2002”. O projeto baseia-se nos referenciais elaborados em 2002 pelo Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB)1 e vem sendo experimentado em 20 empreendimentos franceses selecionados pela Agence de l’Environnement et de la Maîtrise de l’Energie (ADEME) com a finalidade de validar a metodologia de certificação de operações HQE® na França.

Em resumo, a metodologia francesa para a avaliação ambiental de edifícios envolve a implementação de um sistema de gestão da operação e estabelece, no mínimo, três ocasiões distintas para a realização de avaliações de desempenho ambiental, as quais são realizadas pelo próprio empreendedor.

Ao abordar os diferenciais da metodologia francesa, evidencia-se a exigência da implementação de um sistema de gestão da operação. Sua finalidade é auxiliar o empreendedor na elaboração de um perfil

1 Os referenciais estão sendo revisados a partir dos primeiros resultados da experimentação. A publicação da versão 2004 está prevista para o

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ambiental desejado para a operação, de modo adequado às suas especificidades e aos seus aspectos ambientais significativos. Como ferramenta de gestão, o método francês atua no acompanhamento e na garantia do atendimento ao perfil estabelecido. Os requisitos para o sistema de gestão da operação estão descritos no referencial denominado “Référentiel du Système de Management d’Opération (SMO)” (CSTB, 2002a).

Outros diferenciais da metodologia são percebidos pela própria abrangência das preocupações ambientais especificadas no referencial denominado “Référentiel de la Qualité Environnementale du Bâtiment (QEB)” (CSTB, 2002b). Este segundo referencial define a método francês de avaliação da qualidade ambiental do empreendimento ao longo da operação. Entretanto, o que determina seu caráter inovador é o fato desta avaliação ir além de simplesmente verificar o atendimento dos índices de desempenho relativos às características do produto final, mas inclusive de avaliar as disposições e escolhas realizadas ao longo das fases de planejamento, concepção e realização. A inserção das categorias de conforto e de saúde dos usuários também amplia o foco do método francês para além dos limites puramente ambientais da sustentabilidade e, de modo semelhante, o método ainda requer a realização de análise de custos globais da operação.

A estrutura de avaliação francesa fundamenta-se em 14 categorias de preocupações ambientais definidas pela Associação HQE® e denominadas ‘cibles’. Estas 14 cibles visam a obtenção de uma elevada qualidade ambiental (Haute Qualité Environnementale - HQE®) e agrupam-se em 2 domínios e 4 famílias: (1) controle dos impactos sobre o ambiente exterior (famílias construção e Eco-gestão) e (2) criação de um ambiente interior satisfatório (famílias Conforto e Saúde), os quais se organizam da seguinte maneira:

Eco-construção

(1) Relação harmoniosa do edifício e seu ambiente imediato;

(2) Escolha integrada de produtos, sistemas e processos de construção; (3) Canteiro de baixo impacto;

Eco-gestão

(4) Gestão de energia; (5) Gestão de água;

(6) Gestão de resíduos do uso; (7) Gestão de uso e manutenção; Conforto (8) Conforto higrotérmico; (9) Conforto acústico; (10) Conforto visual; (11) Conforto olfativo; Saúde

(12) Qualidade sanitária dos espaços; (13) Qualidade sanitária do ar; (14) Qualidade sanitária da água.

Nota-se que estas categorias de preocupações ambientais interagem entre si, o que significa que o tratamento de uma interfere no tratamento de outras de modo favorável ou desfavorável conforme o contexto. Por esta razão, a metodologia francesa preconiza a realização de uma hierarquização destas categorias de preocupações, tendo como finalidade identificar as prioridades e definir o perfil ambiental desejado para cada operação. Esta hierarquização deve ser feita com base na política ambiental do empreendedor, nas necessidades e expectativas das partes interessadas, nas características específicas do empreendimento (função de uso e contexto em que se insere) e, ainda,

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nas exigências legais, financeiras, operacionais e comerciais identificadas e relacionadas ao meio ambiente interno e externo.

Cada uma das 14 cibles se declina em sous-cibles as quais são representadas por preocupações elementares. Para cada preocupação elementar são definidas as características e os critérios de avaliação, os quais tem caráter operacional ou simplesmente apontam as disposições técnicas ou arquitetônicas desejadas. Considerando esta estrutura, a avaliação do desempenho ambiental da operação é feita pelo próprio empreendedor, no mínimo ao final de cada uma das fases planejamento, concepção e realização, e consiste em atribuir um dos três níveis de desempenho possíveis2 a cada avaliação de preocupação elementar. Em seguida, o nível atribuído é comparado ao perfil ambiental desejado estabelecido inicialmente3.

Quanto à certificação, ela consiste em fornecer ao empreendedor o direito de uso da marca4 “NF Bâtiments Tertiaires – Démarche HQE®” ao longo de toda a operação. Para tanto, a operação deve submeter-se a três auditorias, realizadas por um organismo de certificação (no caso do setor não residencial francês este organismo é o CSTB) e, do mesmo modo, ao final das fases planejamento, concepção e realização. As auditorias devem verificar a adequação, tanto do sistema de gestão implementado quanto das avaliações ambientais feitas pelo empreendedor, atestando a sua conformidade ao perfil ambiental mínimo (CSTB, 2004).

E, finalmente, outra característica bastante importante do referencial é a flexibilidade garantida pela possibilidade de aplicação do ‘princípio de equivalência’, o qual consiste na apresentação de propostas alternativas para o atendimento de preocupações ambientais – desde que devidamente acompanhadas por justificativas. Esta opção foi inserida na metodologia francesa em consideração à variedade de soluções técnicas e arquitetônicas capazes de contribuir na qualidade ambiental do edifício e, do mesmo modo, para promover as inovações no setor.

Ressalta-se, ainda, que as alternativas apresentadas por meio do ‘princípio de equivalência’, bem como as soluções e as discussões técnicas observadas nas auditorias, são registradas para utilização posterior nos processos de revisão anual dos referenciais técnicos do método – o que confere à metodologia francesa um caráter evolutivo.

3.

ANÁLISE CRÍTICA DA METODOLOGIA FRANCESA SOB A ÓTICA DA

REALIDADE BRASILEIRA

Os métodos disponíveis para a avaliação ambiental de edifícios devem ser coerentes entre si para permitir a comparação de resultados e, ao mesmo tempo, devem ser adequados às necessidades específicas de cada país em termos de aspectos ambientais relevantes e nível de desenvolvimento. Analisa-se, sob esta ótica, a realidade brasileira e a metodologia francesa em termos de prioridades. As prioridades brasileiras em termos de construção sustentável foram abordadas por John et al. (2000) a partir da publicação em 1999 da Agenda 21 for Sustainable Construction pelo International Council for Research and Innovation in Building and Construction - CIB (Sjöström e Bakens, 1999). O documento de John et al. (2000) considera nossas particularidades e necessidades ambientais, funcionais, sociais e econômicas; ele torna-se, portanto, uma agenda para a indústria da construção civil brasileira, a qual preconiza ações sobre os seguintes tópicos:

a. redução de perdas e desperdício de materiais de construção;

b. reciclagem de resíduos da indústria da construção civil como materiais de construção, inclusive dos resíduos de construção e demolição;

2 Os níveis de desempenho possíveis são: Base (desempenho de nível regulamentar, se houver, ou correspondente à prática corrente), Performant (desempenho superior à pratica corrente), Très Performant (nível calibrado conforme o desempenho máximo constatado

recentemente nas operações de alto desempenho ambiental).

3 Nota-se que, para a certificação da operação é necessário alcançar um perfil ambiental mínimo, no qual são exigidas no mínimo 7 cibles

respondendo às exigências do nível Performant, sendo que dentre elas no mínimo 3 respondam ao nível Très Performant. As outras restantes, no máximo 7, devem responder às exigências do nível Base.

4 A marca NF é propriedade da Association Française de Normalisation (AFNOR), a qual concede à AFNOR Certification uma licença de

exploração desta marca coletiva de certificação. A marca Démarche HQE® caracteriza a imagem ambiental da certificação e é promovida pela Association HQE® e pela AFNOR Certification.

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c. eficiência energética das edificações; d. conservação da água;

e. melhoria da qualidade do ar interior; f. durabilidade e manutenção;

g. tratamento do déficit em habitação, infra-estrutura e saneamento; h. melhoria da qualidade do processo construtivo.

De um modo geral, todos os tópicos acima são abordados pela metodologia francesa conforme relacionado na tabela 1.

Tabela 1 - Relação entre as prioridades brasileiras e os requisitos da metodologia francesa Prioridades brasileiras Preocupações ambientais relacionadas e em termos de construção sustentável avaliadas pela metodologia francesa

a. redução de perdas e desperdício de materiais de construção;

Cible 3: 3.1 Preparação técnica do canteiro a fim de

limitar a produção de resíduos e otimizar a sua gestão.

b. reciclagem de resíduos da indústria da construção civil como materiais de construção, inclusive dos resíduos de construção e demolição;

Cible 3: 3.2 Otimização da gestão de resíduos do

canteiro; 3.5 Demolição e deconstrução seletiva.

c. eficiência energética das edificações;

Cible 1: Arquitetura bioclimática; Cible 4: 4.1 Redução

no consumo de energia primária não renovável; Cible

7: 7.4 Disponibilidade de meios para manutenção do

desempenho em fase de uso.

d. conservação da água;

Cible 3: 3.4 Controle dos recursos água e energia; Cible 5: Gestão da água; Cible 7: 7.4 Disponibilidade

de meios para manutenção do desempenho em fase de uso.

e. melhoria da qualidade do ar interior;

Cible 7: 7.4 Disponibilidade de meios para manutenção

do desempenho em fase de uso; Cible 11: 11.2 Garantia de ventilação eficaz; Cible 13: Qualidade sanitária do ar.

f. durabilidade e manutenção;

Cible 2: 2.2 Escolhas construtivas a fim de garantir a

durabilidade e adaptabilidade do empreendimento;

Cible 7: Gestão da manutenção.

g. tratamento do déficit em habitação, infra-estrutura e saneamento;

Cible 1: Relação harmoniosa do empreendimento e seu

ambiente imediato; Cible 5: 5.2 Gestão de águas pluviais no terreno.

h. melhoria da qualidade do processo construtivo. Cible 2: Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos.

Além de abordar as prioridades brasileiras, outro aspecto que ilustra a adaptabilidade da metodologia francesa ao contexto brasileiro é a sua flexibilidade na escolha das preocupações ambientais

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prioritárias para cada operação. O processo de ponderação, comum nas demais metodologias, é substituído no método francês pela personalização do perfil ambiental do empreendimento, o que favoriza o tratamento das cibles significativas de acordo com as especificidades do empreendimento e as particularidades regionais e nacionais.

Outro aspecto positivo da metodologia HQE® frente à realidade brasileira é a exigência da apresentação de uma avaliação de custos de investimento (construção) e de funcionamento (uso e manutenção), tendo como intenção justificar as escolhas feitas com relação às preocupações ambientais prioritárias. Esta abordagem torna-se interessante ao Brasil, onde a necessidade de redução da desigualdade social e econômica não pode ser trabalhada sem considerar-se o equilíbrio entre o custo e o benefício ambiental envolvidos nas ações para o desenvolvimento do país, segundo Silva (2003).

Uma maneira interessante de análise da metodologia francesa é a observação de sua adequação na resolução de certas dificuldades apontadas por empresas construtoras quanto à implementação de sistemas de gestão ambiental (descritas por Degani, 2003). São exemplos: (a) alvos ambientais conflitantes com os benefícios financeiros ou com a própria qualidade do ambiente construído – esta dificuldade é tratada pelo SMO (sistema de gestão da operação) através da realização da análise global de custos e da identificação das necessidades das partes interessadas, as quais fundamentam a definição do perfil ambiental do empreendimento; (b) desconhecimento da disciplina ambiental para a tomada de decisões em prol do meio ambiente – o referencial da QEB (qualidade ambiental do empreendimento) atua como uma ferramenta pedagógica apontando dispositivos e níveis de desempenho; (c) dificuldade de envolver os fornecedores de materiais e serviços – o SMO fixa contratualmente o compromisso dos agentes envolvidos.

Entretanto, a metodologia francesa resta inadequada ao Brasil se considerarmos que grande parte de seus critérios de avaliação fundamenta-se na realidade da França, no papel desempenhado pelos seus agentes, na existência de elementos técnicos e normativos auxiliares e, ainda, em seu patamar de desenvolvimento tecnológico.

Uma adaptação da metodologia francesa à realidade brasileira exigiria adaptações, tais como as seguintes:

™ No contexto brasileiro, a cible 1 “Relação harmoniosa do edifício com seu ambiente imediato” deveria ampliar a análise das funções sociais e econômicas do empreendimento para além da sua vizinhança, atingindo, no mínimo, o nível comunitário. O objetivo seria o desenvolvimento de empreendimentos em colaboração com as carências habitacionais, de infraestrutura e de saneamento.

™ Na metodologia francesa, a cible 2 “Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos” propõe a avaliação das escolhas de produtos por meio da comparação de critérios ambientais definidos por meio de procedimentos de certificação de produtos, avis techniques e normas, tais como a XP P 01-010 “Qualité environnementale des produits de construction” (Association Française de Normalisation, 2001). Entretanto, a indisponibilidade destas informações no Brasil inviabiliza que a avaliação das escolhas, especialmente de produtos, seja feita no mesmo nível que na França. Por esta razão, uma proposta brasileira deveria focar, inicialmente, na melhoria da qualidade dos processos construtivos (ponto prioritário para o país), visto sob a ótica operacional, visando reduzir perdas e desperdícios, racionalizar a produção e alcançar níveis mais elevados de desempenho do produto final. Ainda neste tópico, o contexto brasileiro também exigiria que as escolhas também fossem orientadas por aspectos de reciclabilidade.

™ Ao abordar os critérios de avaliação da cible 3 “Canteiro de baixo impacto”, percebe-se a disponibilidade no Brasil de alguns dados que poderiam tornar a avaliação deste critério mais orientada a desempenho e menos a dispositivos – utilizando-se, por exemplo, os índices de entulho gerado por unidade de serviço, apresentados por Andrade et al. (2001) a partir da pesquisa nacional5 “Alternativas para a redução do desperdício de materiais nos canteiros de obra”. O

5 Pesquisa nacional realizada por um grupo de universidades brasileiras sob a coordenação do PCC - EPUSP, com apoio da FINEP /

Programa Habitare, do ITQC (organismo não mais atuante) e do SENAI, tendo-se como resultado o estabelecimento de indicadores de perdas de materiais em quase uma centena de canteiros de obras.

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objetivo seria aperfeiçoar o processo produtivo, reduzindo as perdas de materiais e favorecendo a reciclagem de resíduos da indústria da construção civil nos canteiros, bem como a própria reciclagem dos resíduos de construção e demolição.

™ Também os critérios de avaliação para a cible 8 “Conforto higrotérmico” deveriam ser revistos para o Brasil. Em virtude das enormes diferenças climáticas, os critérios franceses tornam-se inadequados às necessidades brasileiras relacionadas ao conforto higrotérmico. E, a importância de focar-se nesta preocupação está na sua forte influência no consumo energético e na concepção arquitetônica do empreendimento.

4.

COMPARATIVO EXPERIÊNCIA FRANCESA E PROPOSTA BRASILEIRA

Após analisar a metodologia HQE® e identificar os seus pontos compatíveis e as suas insuficiências perante o contexto brasileiro, este artigo faz então a sua comparação com a metodologia proposta por Silva (2003) para o Brasil.

Segundo Silva (2003), a produção de edifícios tem desdobramentos sociais e econômicos claramente importantes e que devem ser considerados, particularmente em países em desenvolvimento. Assim, o modelo de avaliação proposto pela autora parte da premissa de que a ‘construção sustentável significa atingir o desempenho requerido para o edifício com o menor prejuízo ecológico possível, enquanto se promove melhoria social, cultural e econômica em nível local, regional e global’.

O Brasil está longe de possuir uma estrutura de ação para a sustentabilidade bem definida e organizada, como a presente em países detentores de ações governamentais fortes e geradores de uma série de documentos orientativos e de estratégias específicas para o setor, tal como aponta Silva (2003). Entretanto, a autora menciona que o interesse pelo tema está se consolidando e que o conhecimento do desempenho ambiental de edifícios começa a ser uma necessidade percebida pela construção civil nacional – dois workshops (ocorridos em 2002 e 2003) foram realizados pelo Sinduscon - SP6, juntamente com o DAC/UNICAMP e o PCC/USP7; estes eventos funcionaram como um importante canal de sensibilização e integração entre a academia e o mercado.

Diante deste panorama, a iniciativa brasileira parte da formalização de sua integração ao GBC, por meio da apresentação das intenções e estratégias do time brasileiro na conferência Sustainable Building 2000. A sua estratégia para a implementação da pesquisa em avaliação ambiental de edifícios insere-se no Programa Nacional de Avaliação de Impactos Ambientais de Edificios (BRAiE) e pretende, após o delineamento inicial da metodologia no estado de São Paulo, ser gradualmente implementada em outras regiões do país (Silva et al., 2000).

Ao reforçar a inadequação e a insuficiência da importação de métodos estrangeiros existentes, Silva (2003) apresenta uma proposta voltada às prioridades, condições e limitações do país. Assim, a proposta brasileira pretende desenvolver um sistema nacional de avaliação e classificação do desempenho de edifícios de escritórios, ao longo de seu ciclo de vida, e em relação a metas de sustentabilidade.

As características principais da metodologia proposta por Silva (2003) para o Brasil estão sintetizadas na tabela 2 deste artigo, a qual foi modificada a partir da autora para inserir a sua comparação com a metodologia francesa.

Da análise comparativa, observa-se que tanto a proposta brasileira quanto o método francês consideram que a avaliação ambiental do edifício, ou seja, a avaliação de seus elementos que interferem no meio ambiente, é insuficiente perante os objetivos globais da sustentabilidade. E, por esta razão, o método proposto por Silva (2003) denomina-se avaliação da sustentabilidade de edifícios. As metodologias diferem, entretanto, na abrangência das abordagens sociais e econômicas, sendo as mesmas proporcionais às prioridades específicas de cada país.

Quanto à gestão dos processos, ambas as metodologias compreendem a sua importância ao longo da operação, especialmente no desempenho final dos edifícios construídos. Percebe-se, ainda, que a sistemática da gestão contribui para a conscientização e para a evolução dos agentes do setor,

6 Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo.

7 Departamento de Arquitetura e Construção da Universidade Estadual de Campinas e Departamento de Engenharia de Construção Civil da

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propiciando a proliferação de edifícios ditos de alta qualidade ambiental. Assim, em ambos os métodos, as avaliações aplicam-se tanto ao produto obtido quanto ao processo produtivo, restando as diferenças sobre as etapas dos processos produtivos avaliadas – enquanto a proposta brasileira enfatiza os processos relacionados à construção até o uso, a metodologia francesa avalia o processo produtivo desde o planejamento até a entrega do empreendimento8.

8 O CSTB está elaborando um novo referencial para a avaliação da fase de uso do emprendimento, por tratar-se de um contexto

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Tabela 2 - Tabela comparativa entre a proposta de Silva (2003) e a metodologia francesa para a certificação da marca “NF Bâtiments Tertiaires - Démarche HQE®

Proposta brasileira Silva (2003) Metodologia 'NF Bâtiments Tertiaires - Démarche HQE®'

escopo da avaliação sustentabilidade de edificios de escritorios sustentabilidade de edificios não residenciais

aplicação classificação de desempenho classificação de desempenho e/ou

direito de uso de marca (certificação operação)

limites do sistema produto e processo produto e processo

gestão ambiental contexto construtora gestão ambiental contexto empreendedor desempenho empreendimento nas etapas de desempenho empreendimento nas etapas de construção e uso inicial planejamento, concepção e realização

estrutura de avaliação aspectos ambientais eco-construção

aspectos sociais eco-gestão

aspectos econômicos conforto

gestão do processo saude

comprometimento e proatividade (bônus) sistema de gestão da operação

sistema de pontuação mescla de itens de desempenho e mescla de itens de desempenho e prescritivos (estrategias e dispositivos) prescritivos (estrategias e dispositivos)

ponderação explicita, com pesos declarados no nivel categorias de preocupação hierarquizadas hierarquico mais alto sob a forma de perfis ambientais

avaliações edificios concluidos: entre 1 a 3 anos de uso; avaliações bem definidas e ao final das fases edificios não concluidos: avaliados por fases,

planejamento, concepção e realização e na medida da disponibilidade de informações

escala de desempenho definida à partir das referências da pratica definida à partir das referências da pratica tipica tipica (benchmarks ) e da pratica excelente ou nivel regulamentar, e da pratica excelente

pontuação minima elegibilidade: > 50% dos pontos em cada etapa no minimo 7 cibles Performant e, dentre elas, no classificação: a partir de 50% total pontos ponderados minimo 3 Très Performant ; restante nivel Base

comunicação de comunicação numerica: 3 classes de desempenho avaliação de desempenho ambiental conforme resultados

indices de sustentabilidade em função da pontuação perfil ambiental

1 a 5 estrelas em função do bônus

relatorios das 3 auditorias realizadas ao final comunicação grafica: discos de sustentabilidade fases planejamento, concepção e realização o que avaliar?

como comunicar? quanto atingir? quando avaliar? como avaliar?

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Assim, a formalização e o acompanhamento dos estudos preliminares, que consideram as exigências e necessidades das partes interessadas, os requisitos legais e regulamentares aplicáveis e, especialmente, a análise detalhada dos aspectos ambientais relacionados à área de implantação do empreendimento e seu entorno, conforme requerido no método francês, apresenta-se como interessante ao contexto brasileiro. Evidencia-se, ainda, o fato do processo produtivo estar nele bem delimitado, ou seja, as diretrizes apresentadas na fase de planejamento devem permitir a orientação para as atividades de concepção, estando inclusive nos contratos, e os documentos de concepção devem garantir o nível de desempenho do empreendimento acabado.

Quanto ao envolvimento dos agentes do setor nesta temática, observa-se que ambas as metodologias propõem a inserção de sistemas de gestão ambiental nas organizações dos agentes de potencial influência no desenvolvimento da operação e incluem a avaliação dos sistemas implementados. Mas, como os agentes do setor estruturam-se de maneiras distintas nestes países, entre os métodos distingüem-se: na França, a gestão ambiental aplica-se ao maître d’ouvrage (proprietário do empreendimento); no Brasil, inicia-se por avaliar a gestão ambiental no âmbito das empresas construtoras. A intenção, em ambos os casos, é formalizar uma estratégia que contribua para a sustentabilidade do empreendimento, que permita o acompanhamento das ações derivadas e que avalie o seu grau de efetividade.

Com relação ao sistema de avaliação, nenhum dos métodos apresenta um sistema de pontuação completamente orientado ao desempenho – apesar do avanço da França em termos de estratégias específicas e documentos orientativos, tais como as Fiches de Déclaration Environnementale et Sanitaire (FDES), baseadas na norma XP P 01-010. Por outro lado, são várias as ações pró-ativas de caráter exclusivamente qualitativas e que não apresentam dificuldades de medição.

Outra questão é o desconhecimento dos números e atitudes considerados ‘ótimos’ e que atuariam como elementos classificatórios, isto é, há uma dificuldade em fixar-se o desempenho mínimo a ser exigido. De um modo geral, ambas as metodologias definem sua escala de desempenho à partir da prática típica e da prática tida como excelente. A proposta brasileira, entretanto, permite um desempenho inferior ao de referência e corrige a questão estabelecendo um critério de elegibilidade (classificam-se apenas os edifícios com desempenho superior a 50% dos pontos em cada etapa). Quanto à ponderação, as metodologias são extremamente diferentes em termos de conceito. Enquanto a metodologia brasileira procura estabelecer os pesos para cada uma de suas preocupações - tarefa que, até o momento, conseguiu cumprir para os níveis hierárquicos mais altos e após consultação pública no estado de São Paulo; o método francês hierarquiza as suas preocupações de acordo com as particularidades de cada operação, isto é, os pesos das preocupações ambientais são definidos pelo maître d’ouvrage para cada operação, sob o limite de um perfil ambiental mínimo, considerando sua política ambiental, as necessidades e expectativas das partes interessadas, a função do empreendimento (seu uso), os aspectos ambientais da operação em todas as suas fases, além das exigências legais, regulamentares, financeiras, operacionais e comerciais envolvidas (conforme detalhado no capítulo 2 deste artigo).

Portanto, percebe-se que a alternativa à ponderação, encontrada pela metodologia francesa para a priorização de suas preocupações ambientais, além de ser compatível à diversidade de tipologias de edificações existentes, é capaz de orientar as escolhas técnicas no tangente às preocupações por vezes contraditórias – ressalta-se ser impossível a obtenção do desempenho máximo em todos os ítens definidos pelos métodos de avaliação existentes, pois há uma interação entre eles que pode ser favorável ou não, conforme o caso.

Um ponto em comum entre ambos os métodos é a auto-avaliação, a qual, segundo Silva (2003), incentiva o uso do método e internaliza os conceitos na prática cotidiana - pois acaba sendo um instrumento de aprendizagem e auxílio à tomada de decisões. Por outro lado, para a validação desta avaliação ou para o reconhecimento da ‘excelência’ da operação, as duas propostas requerem que as evidências do desempenho sejam avaliadas por organismos competentes. Na proposta brasileira, a avaliação é feita por fases (à medida que as fases são executadas, as informações tornam-se disponíveis para avaliação); e, na metodologia francesa, a avaliação é feita ao final das fases planejamento, concepção e realização.

A avaliação por fases, proposta pelos dois métodos, aporta a vantagem de acompanhar o desenvolvimento do empreendimento, permitindo a correção de eventuais desvios que possam levar a

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um desempenho final insatisfatório e garantindo que as melhores disposições sejam tomadas nas fases decisivas de planejamento e concepção; as suas avaliações também assumem um papel educativo ao longo da operação.

Interessante ressaltar que a metodologia francesa já apresenta uma gestão bem clara da evolução de seus referenciais de avaliação, a qual baseia-se nos registros das informações obtidas nas auditorias e nos ‘princípios de equivalência’ julgados pela comissão técnica gestora da certificação. Percebe-se, então, a importância da presença e competência de um organismo gestor da aplicação do método, no caso da França representado pelo CSTB.

Quanto à comunicação de resultados, a proposta brasileira é bastante ilustrativa e permite a compreensão do desempenho do edifício sob várias formas, indicando a sua superioridade com relação à prática típica (níveis) e por tema (índices de sustentabilidade), além da representação por número de estrelas de sua atuação sobre os aspectos inicialmente tratados como sendo de ‘excelência’. No método francês, a comunicação é feita por meio da concessão do direito de uso da marca, o que representa a conformidade da operação com relação ao perfil ambiental mínimo definido para o empreendimento em cada uma das três fases – os relatórios das auditorias também servem para comunicar resultados.

5.

CONCLUSÕES

O desafio mencionado por Silva (2003) é ampliar o escopo das avaliações ambientais existentes para realizar avaliações da sustentabilidade da produção e uso de edificios. E a proposta francesa surge como um bom exemplo deste comportamento que visa não somente avaliar um resultado, um edifício, mas induzir ao comportamento coletivo baseado na gestão ambiental de empreendimentos.

As diferenças entre as duas metodologias são também estratégicas: enquanto a proposta brasileira visa a classificação de empreendimentos frente à critérios de sustentabilidade ponderados de acordo com as metas de sustentabilidade nacionais, o método francês promove a avaliação e a certificação de operações que tenham alcançado um desempenho superior à prática comum e em conformidade a um perfil ambiental particular obtido à partir da hierarquização das cibles de HQE®.

Como conclusões da análise apresentada neste artigo, nota-se que a proposta brasileira para a avaliação da sustentabilidade de edifícios é uma iniciativa a ser desenvolvida, à qual, o acompanhamento da experiência francesa provê acréscimos e confirmações a partir dos seguintes elementos :

™ Inserção do conceito ‘gestão para o bom desempenho’. O referencial técnico para a avaliação do desempenho de edifícios deve ser também uma ferramenta orientativa de gestão, a qual parte, por exemplo, de requisitos relativos à realização de estudos preliminares envolvendo as especificidades do empreendimento – ou seja, de requisitos que abordem a identificação dos aspectos ambientais significativos para o empreendimento.

™ Flexibilidade na priorização ou ponderação dos itens de requisitos avaliados, o que permite, por exemplo, criarem-se prioridades regionais para o Brasil.

™ Avaliações de desempenho efetuadas em ocasiões bem determinadas ao longo das fases de planejamento, de concepção e de realização do empreendimento permitem: (1) maior amplitude no envolvimento dos agentes do setor responsáveis pelas atividades desenvolvidas em cada uma destas fases – para o Brasil, a avaliação na fase de planejamento possibilita uma maior responsabilização por parte dos empreendedores, elementos fundamentais na gestão do projeto e na definição do produto; (2) a avaliação por fases permite a identificação antecipada dos pontos sensíveis e a aplicação das ações corretivas necessárias, favorecendo o controle dos processos na obtenção do nível de desempenho final desejado.

™ Acompanhamento das avaliações de desempenho por um organismo externo permite a evolução dos referenciais técnicos de avaliação, isto é, os registros das avaliações fornecem elementos para balisar os indicadores de desempenho conforme a evolução das práticas do setor. Define-se uma estrutura de retroalimentação do método.

Finalizando, o acompanhamento da experimentação francesa também traz evidências que confirmam a estratégia brasileira, tais como:

(12)

™ Amplitude da avaliação de desempenho que ultrapassa os aspectos puramente ambientais da sustentabilidade;

™ Inserção da avaliação da viabilidade da sustentabilidade do empreendimento em termos econômicos;

™ Importância atribuída à gestão dos processos no desempenho do produto final obtido e na conscientização e evolução dos agentes do setor;

™ Responsabilidade pela gestão ambiental inicialmente delegada ao agente mais influente do setor, com a finalidade de envolver o maior número de agentes e evoluir o setor;

™ Viabilidade de avaliar-se o desempenho do edifício por uma mesclagem de critérios de desempenho bem definidos e, por vezes, qualitativos - a experiência francesa mostra que a avaliação por dispositivos é factível, especialmente nas primeiras etapas da produção;

™ Consideração como referência para os indicadores de desempenho, as práticas típicas e as ditas de ‘excelência’;

™ Emprego da auto-avaliação seguida de auditoria para a sua validação.

O desenvolvimento do setor da construção civil, sob a ótica da construção sustentável, começa a ser avaliado a partir do ambiente construído; entretanto, não deve excluir a avaliação de todos os processos envolvidos na atividade de construção. Há que se desenvolver o conjunto de práticas do setor - tarefa nada fácil, tendo em vista a quantidade de agentes que interferem nas diversas fases do ciclo de vida de um edifício, o qual ainda inclui as fases de uso e demolição. A complexidade aumenta quando entra em consideração a diversidade existente entre os diversos países.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AGRADECIMENTOS

Os autores deste artigo agradecem à Diretoria Técnica do Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB) pela oportunidade de acompanhamento do processo de elaboração e de experimentação da certificação “Bâtiments Tertiaires – Démarche HQE®”.

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