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Clipping SCA. Data de Criação: 18/09/2020. Criado por: Biblioteca

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Data de Criação: 18/09/2020

Criado por: Biblioteca

Clipping SCA

Os artigos reproduzidos neste clipping de notícias são, tanto no conteúdo quanto na forma, de inteira responsabilidade de seus autores. Não traduzem, por isso mesmo, a opinião legal ou manifestação de integrante da SiqueiraCastro.

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Sumário das

Matérias:

Decisão do STJ sobre Lamsa cria insegurança

Valor ––18 de setembro...01 Comissão Europeia avalia separar acordo com Mercosul Valor ––18 de setembro...04 Renúncia tributária deve cair para R$ 308 bi

Valor ––18 de setembro...07 Impacto da tributação dos livros no acesso à leitura Valor ––18 de setembro...09 Evidências do imposto de renda

Valor ––18 de setembro...12 Mudança nas regras traz de volta planos de reforma da Lei das S.A.

Valor ––18 de setembro...15 Aporte de longo prazo exige respeito ao contrato, diz Invepar

Valor ––18 de setembro...18 Governo gaúcho abre ‘data room’ para venda da CEEE Valor ––18 de setembro...21 Movimento falimentar

Valor ––18 de setembro...23 Doze Estados poderão oferecer parcelamentos especiais de ICMS

Valor ––18 de setembro...25 STF recomeça julgamento bilionário do Sebrae

Valor ––18 de setembro...28 Competição entre tribunais

Valor ––18 de setembro...31 Lei de proteção de dados entra em vigor nesta sexta-feira Folha ––18 de setembro...31

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Lei Geral de Proteção de Dados entra em vigor hoje. Veja o que muda para consumidores e empresas

Globo ––18 de setembro...36 Após recuperação ter sido deferida, é nela que deve prosseguir execução trabalhista

Conjur ––18 de setembro...39 Empresa negativada indevidamente será indenizada por danos morais

Migalhas ––18 de setembro...41 Multinacional consegue anular autos de infração trabalhista irregularmente lavrados pela União

Migalhas ––18 de setembro...42 LGPD já está em vigor. Quais são as perspectivas e os riscos?

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Valor Econômico

Caderno: Primeira Página, sexta-feira

18 de setembro de 2020.

Decisão do STJ sobre Lamsa

cria insegurança

Sentença foi classificada como “preocupante e mal redigida”,

segundo advogados e

representantes do setor

consultados

Por Taís Hirata e Francisco Góes — De São Paulo e do Rio

A decisão do presidente do STJ,

ministro Humberto Martins, de

devolver à prefeitura do Rio a gestão da

rodovia Linha Amarela (Lamsa)

surpreendeu advogados e empresários e criou dúvidas quanto à segurança jurídica dos contratos de concessão. “O impacto é muito ruim, inclusive para novos projetos. Quando um ato violento como esse é consolidado por uma corte superior, cria-se uma desconfiança de que o país não cumpre contratos”, disse César Borges, presidente da Associação

Brasileira de Concessionárias de

Rodovias. Para Abel Rochinha,

presidente da Invepar, holding dona da Lamsa, a decisão mostra a dificuldade de se investir em infraestrutura no país.

01

Decisão do STJ cria

insegurança jurídica

Anulação de contrato da Invepar foi considerada “mal redigida e prejudicial a todo o setor de infraestrutura”, dizem analistas Por Taís Hirata — De São Paulo

O mercado de infraestrutura passou o dia de ontem extremamente alarmado pela decisão do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, de devolver ao município do Rio de Janeiro a concessão da Linha Amarela, operada pela Invepar. A sentença de quarta-feira foi classificada como “preocupante e mal redigida”, segundo advogados e representantes do setor consultados.

A maior preocupação é quanto à

insegurança jurídica gerada pela

medida, o que prejudica não apenas a Invepar, mas todos os setores que operam por meio de concessões no país, principalmente os de infraestrutura. “O impacto é muito ruim, inclusive para os novos projetos. Quando um ato violento como esse é consolidado por uma corte superior da Justiça, cria-se uma desconfiança de que o país não cumpre contratos. É algo que repercute

inclusive com investidores

internacionais”, afirma Cesar Borges, presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR). O imbróglio no Rio de Janeiro começou em outubro do ano passado, quando o prefeito, Marcelo Crivella, decidiu romper o contrato com a concessionária

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Linha Amarela (Lamsa) e chegou a destruir praças de pedágio com retoescavadeiras. Após o episódio, deu-se início a uma disputa judicial, na qual a Invepar conseguiu diversas liminares garantindo o direito a manter a operação. Com a decisão do STJ, porém, essas liminares perderam efeito. O problema, neste caso, é que a encampação do contrato - ou seja, seu rompimento unilateral - foi feito sem a indenização prévia à companhia,

conforme determina a lei de

concessões.

A iniciativa não é novidade no setor. Em 2003, o então governador do Paraná Roberto Requião também tentou extinguir concessões de rodovias no Estado. “O Crivella está copiando a tática. Só que, no caso do Paraná, a Justiça combateu a tentativa. Desde

então, foi se construindo um

entendimento na Justiça de respeito aos contratos”, afirma Lucas Sant'Anna, sócio do Machado Meyer Advogados. “O que assusta, neste caso, foi o fato de ser uma decisão monocrática, bastante sucinta para a complexidade do caso”, diz ele.

A avaliação é que a decisão é mal feita e se pauta em premissas que não são concretas, afirma outro advogado do setor, que falou sob condição de anonimato. Em determinado momento da decisão, Martins diz que há “indícios de que obras foram superfaturadas” e que mudanças na equação financeira do contrato “provavelmente” causaram o valor oneroso do preço do pedágio. “Se um dos meus alunos escrevesse essa decisão, eu reprovaria”, diz o advogado, que dá aulas em uma universidade.

02 Nos bastidores, o comentário é que a decisão decorre de um alinhamento político entre Crivella e o ministro Humberto Martins, que é evangélico. Para Letícia Queiroz, sócia do Queiroz Maluf Advogados, a própria forma escolhida pela prefeitura para extinguir o contrato, a encampação, já é problemática e onerosa aos cofres públicos.

“A encampação pressupõe que o fim do contrato foi uma decisão do poder público e que o concessionário não tem culpa. Se tivesse, a forma correta para anular a concessão seria por meio de uma caducidade, na qual a indenização a ser paga à empresa é menor”, afirma. A decisão monocrática do ministro do STJ também pode gerar prejuízo aos cofres públicos, caso a deliberação seja revertida posteriormente, diz Bruno Aurélio, sócio do Demarest. “Se no futuro houver uma decisão contrária à encampação, a concessionária também terá direito a um reequilíbrio contratual ou uma indenização, o que sai do bolso do contribuinte”, afirma.

Para os analistas, não existe hoje no país uma concessão em situação semelhante à Lamsa. “Claro que há outras operações com dificuldades, empresas que têm divergências com a agência reguladora, mas nada que chegue perto desse nível”, diz Aurélio.

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“O termo ‘encampação’ até caiu em desuso nos últimos anos, porque deixou de ser usado. Os governos seguem usando outras formas de encerrar concessões, houve casos de caducidade decretada, criou-se a figura da devolução amigável, mas sempre dentro de um processo legal”, afirma Borges, da ABCR. https://valor.globo.com/impresso/noticia/2020 /09/18/decisao-do-stj-sobre-lamsa-cria-inseguranca.ghtml Retorne ao índice 03

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Valor Econômico

Caderno: Brasil, sexta-feira 18 de

setembro de 2020.

Comissão Europeia avalia

separar acordo com Mercosul

Divisão não exige aprovação unânime do Conselho Europeu e dos 27 Parlamentos

Por Daniela Chiaretti e Assis Moreira — De São Paulo e de Genebra

Ministra da Agricultura alemã, Julia Klöckner: ela e alguns de seus colegas europeus estariam céticos sobre acordo

com Mercosul — Foto:

Reprodução/Facebook

A Comissão Europeia, braço executivo

da União Europeia, estuda a

possibilidade de separar o pilar de comércio do acordo UE-Mercosul, para tentar diminuir as dificuldades

na sua tramitação, conforme

o Valor apurou.

04

O exame do chamado “splitting”' está sendo tratado com discrição pela comissão. Persiste forte ceticismo sobre os rumos do acordo com o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai,

considerando-se aspectos

relacionados a desmatamento,

direitos dos povos indígenas e outros temas que estão no radar europeu. A associação entre a UE e o Mercosul tem três pilares: questões políticas e de segurança, cooperação econômica e institucional, e livre-comércio. Ao fazer uma separação desses pilares, a parte de comércio não irá requerer unanimidade no Conselho Europeu (governos) nem a ratificação pelos Parlamentos dos 27 países-membros. A comissão, que negociou o tratado e quer sua aprovação, pode então enviar o texto para o Parlamento Europeu.

Se o sinal verde do Parlamento Europeu for dado, os compromissos de liberalização comercial poderão entrar em vigor provisoriamente. “Quanto mais rápida a aprovação do pilar comercial, mais rápido o benefício para a Europa”, diz uma fonte da Comissão Europeia. A estimativa é de que a redução de tarifas de importação no Mercosul representará economia de € 4 bilhões para companhias europeias. Um documento europeu registra que o Mercosul é um mercado para 60,5 mil empresas do bloco.

Já as partes política e de cooperação do acordo dependerão da ratificação do texto pelos 27 Estados membros da UE. Incluem 49 artigos em diversas áreas estratégicas, como defesa,

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cibersegurança, ciência, tecnologia e inovação, direitos do consumidor e desenvolvimento sustentável.

“A Comissão Europeia está

atualmente fazendo uma avaliação jurídica sobre a possibilidade de dividir o acordo ou não. Uma vez concluída a avaliação, a comissão tomará uma decisão e apresentará a proposta ao Conselho Europeu, que em seguida vota o acordo”, disse uma fonte europeia que acompanha a discussão de perto.

Os ministros de comércio da UE vão se reunir no domingo e na segunda-feira em Berlim, e poderiam discutir informalmente o “splitting”' no acordo com o Mercosul. O que é certo é que o ambiente político não é favorável ao acordo UE-Mercosul. O presidente Jair Bolsonaro tem reputação muito ruim na Europa. Até mesmo a Alemanha, que sempre defendeu o tratado com o Mercosul, recuou ultimamente. Isso ocorre

justamente quando está na

presidência rotativa da UE.

“Até o governo alemão virou crítico do acordo UE-Mercosul por causa dos incêndios desastrosos e das enormes

taxas de desmatamento na

Amazônia”, disse a deputada Anna Cavazzini, do Partido Verde alemão. A ministra da Agricultura alemã, Julia Klöckner, disse no começo do mês, à margem de uma reunião informal de ministros da agricultura europeus, que “nós, os ministros da Agricultura, estamos muito céticos [sobre a ratificação do acordo]. E posso realmente falar por praticamente todos os ministros aqui”.

05 Ministros da Agricultura europeus

normalmente se colocam na

defensiva. O ministro alemão da Economia, Peter Altmaier, foi mais prudente ao analisar os comentários recentes da chanceler Angela Merkel, que confessou ceticismo em relação ao acordo UE-Mercosul. Conforme o ministro, as observações de Merkel não deveriam ser consideradas uma decisão concreta sobre os próximos passos no que diz respeito ao acordo. Lembrou que a decisão será tomada por todos os estados-membros da UE no Conselho Europeu.

No começo desta semana, o ministro

alemão de Cooperação e

Desenvolvimento, Gerd Müller, disse em um comunicado à imprensa: “Se você deseja importar soja, deve fornecer evidências de que não foi

cultivada em áreas florestais

desmatadas. Isso tira a pressão sobre as florestas tropicais e protege o nosso clima. Para fazer isso, também temos que olhar de perto a implementação dos requisitos de sustentabilidade, por exemplo, do acordo. Bruxelas deve garantir que os

abrangentes compromissos de

sustentabilidade acordados sejam implementados”.

Na Comissão Europeia, a posição no

momento, segundo um alto

funcionário, é de que a revisão jurídica do acordo com mais de mil páginas seja concluída em outubro. E

só depois o “splitting”' será

examinado no acordo.

Já fonte do Mercosul nota que há pontos pendentes na revisão do acordo, mas nada que exija uma negociação no momento.

(9)

Recentemente, um representante do Serviço Europeu para a Ação Externa afirmou no Parlamento Europeu que o texto do acordo ainda pode sofrer alterações por se encontrar em processo de escrutínio jurídico-linguístico. Depois de feita a revisão, haverá a tradução para 23 idiomas e

apresentação ao conselho, mas

somente no início de 2021. Ou seja, quando Portugal terá então a presidência rotativa da UE.

Quando questionado por um

parlamentar se a Comissão Europeia

pretende dividir o acordo, o

funcionário respondeu que é muito cedo para dizer, e Bruxelas examina caso a caso. A UE já fez essa separação em acordos com o Vietnã e com Cingapura, também para acelerar a aplicação da parte comercial.

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/ 09/18/comissao-europeia-avalia-separar-acordo-com-mercosul.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Brasil, sexta-feira 18 de

setembro de 2020.

Renúncia tributária deve cair

para R$ 308 bi

Estimativa do governo para o ano que vem é menor que os R$ 330,8 bilhões previstos para 2020

Por Fabio Graner — De Brasília

A estimativa do governo para o

chamado “gasto tributário” -

renúncias fiscais de diferentes

impostos e contribuições, além de perdas com crédito subsidiado - em 2021 é de R$ 307,9 bilhões, o equivalente a 4% do PIB. O dado está no projeto de lei orçamentária (PLOA) e representa queda de 6,9%, ante estimativa de R$ 330,8 bilhões (4,3% do PIB) para 2020.

O governo não explica os motivos para o recuo, mas uma análise dos dados mostra que a maior parte

07

ocorre na contribuição previdenciária. O motivo para isso é que PLOA de 2021 trabalha com o fim da desoneração da folha de salários, cujo impacto para este ano está calculado em R$ 10,5 bilhões.

Mas isso explica cerca de metade da queda na projeção de renúncias com a contribuição para a Previdência. O restante se deve principalmente a recálculo de arrecadação decorrente

dos novos parâmetros

macroeconômicos do governo. Isso levou, por exemplo, a uma queda da ordem de R$ 9 bilhões na projeção de renúncias do Simples Nacional para 2021, sendo a maior parte relativa à Previdência.

Como o fim da desoneração da folha para 17 setores ainda é uma grande incógnita, dado que o Congresso discute e tem chances de derrubar o veto presidencial à sua prorrogação por um ano, o nível de renúncia tributária na prática pode pouco se alterar.

Para o ex-secretário de

acompanhamento fiscal do Ministério da Economia Alexandre Manoel, o volume de gasto tributário em si não

necessariamente significa um

problema, pois muitos países

trabalhariam com esse nível de renúncia e até mais. A questão mais importante, diz ele, é que não há avaliação sobre o retorno desses incentivos para a sociedade.

Manoel lembra que, entre o segundo governo Lula e o primeiro mandato de Dilma Rousseff, essa conta mais que dobrou em proporção do PIB, chegando a 4,5%. Em sua visão, o

(11)

grande problema é que esse crescimento teria ocorrido sem metas claras e sequer definição de controle dos programas.

“A questão no Brasil é que a grande expansão entre 2006 e 2014 de renúncia tributária não significou aumento da produção, de emprego ou

da própria arrecadação. E

normalmente expansão de gastos tributário tem metas de resultados para arrecadação, emprego, produção e outras”, disse, ressaltando a necessidade de avaliação periódica de políticas.

O consultor de orçamento do Senado Vinícius Amaral vai em direção semelhante. Ele lembra que em 2018 foi aprovada a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano seguinte prevendo que o governo propusesse a revisão desses benefícios, como contrapartida à liberdade de se descumprir a regra de ouro das contas públicas. Mas a equipe econômica

acabou apenas mandando um

documento sigiloso com ideias sobre o que fazer com uma série de programas, sem nenhuma proposição legislativa.

Além disso, recorda, no ano passado o próprio governo pediu ao Congresso a retirada da LDO de 2020 da previsão de redução dessas renúncias nos dois anos seguintes. O dispositivo forçaria o governo a propor queda entre R$ 75 bilhões e R$ 100 bilhões até 2022. “A gente vê que esse é um debate que se sabe necessário, importante, porque tem aspectos fiscais e de eficiência econômica muito importantes, mas

percebe-se que o debate está

interditado.”

08 Para Emerson Casali, diretor da CBPI Produtividade Institucional, a análise das renúncias tributárias precisa ser cuidadosa. Na sua visão, em muitos casos, é um instrumento útil e eficaz de atuação do Estado. Como exemplo, cita o Prouni. Com base nos dados da Receita, calculou que esse gasto tributário é de R$ 4,6 mil por aluno

ao ano, enquanto o gasto

orçamentário por aluno nas

universidades públicas estaria em R$

28,6 mil, com resultados

semelhantes.

Outro exemplo que mostraria que não se deve “demonizar” o gasto tributário é o Simples Nacional. “As empresas do Simples têm 10,7 milhões de trabalhadores formalizados. Imagine se elas estivessem com a carga tributária normal em cima da folha de pagamentos. Quanta gente acabaria indo para a informalidade?”, indaga. Nas deduções de Imposto de Renda, Casali aponta que elas ajudam a viabilizar estudo para muitas famílias que estão mantendo com sacrifício filhos em escola particular. “É provável que, se esse benefício fiscal fosse eliminado, haveria evasão escolar, diminuindo arrecadação e aumentando o custo para o Estado, que teria que absorver os estudantes.”

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/ 09/18/renuncia-tributaria-deve-cair-para-r-308-bi.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Opinião, sexta-feira 18 de

setembro de 2020.

Impacto da tributação dos

livros no acesso à leitura

Medida tem o potencial de imprimir ainda mais velocidade ao declínio da bibliodiversidade e do acesso à leitura

Por Carlos Ragazzo

— Foto: Tide He/Pixabay

Na busca por um modelo tributário mais eficiente, o Poder Executivo encaminhou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 3887/2020, criando a contribuição social sobre operações com bens e serviços (CBS), em

substituição ao PIS/Cofins,

estabelecendo a cobrança de uma

09

alíquota única de 12%. Como efeito reflexo da instituição da CBS, o Projeto de Lei acaba revogando artigos da Lei 10.865/2004, que reduziam a zero a alíquota desses tributos que incidiam sobre livros. Na prática, portanto, a reforma tributária passa a tributar as atividades de importação e venda de livros.

A tributação de livros tem levantado um debate saudável na sociedade, em que autoridades do governo e membros de diversos veículos de mídia tem interagido na compreensão dos impactos que poderão advir da medida. De um lado, existem receios quanto ao potencial impacto no acesso a conhecimento e cultura por parte da população brasileira. E, de outro, argumentos relacionados à eficiência tributária. Ou seja, se a isenção de livros beneficiaria apenas as editoras, que supostamente teriam aumentado margens de lucros, sendo

a desoneração uma medida

inadequada, dado que o perfil de leitor brasileiro seria justamente aquele que pode pagar tributos.

Medida pode imprimir ainda mais velocidade ao declínio da

bibliodiversidade, com forte

impacto cultural

Como, então, dirimir esse conflito? Em primeiro lugar, o incentivo tributário hoje já parece insuficiente para assegurar ao cidadão brasileiro bibliodiversidade: diferentes obras novas, com pluralidade de autores e posições epistemológicas. De uma forma geral, a compressão de margens das editoras faz com que se

concentrem em poucos títulos,

(13)

o espaço para inovações, fenômeno esse já em curso.

O número de obras novas no Brasil

vem caindo consistentemente,

passando de 20.406 em 2011 para 14.639 em 2018, segundo dados da Fipe (2019), o que equivale a uma queda de cerca de 30%. Países como França e Alemanha, para se ter um

parâmetro de comparação,

publicaram 106.799 e 71.548 obras novas no ano de 2018.

Desde 2014, o número de exemplares de livros vendidos caiu 25%, passando de 277,4 milhões de exemplares para menos de 210 milhões em 2019, segundo dados da CBL e do SNEL. E o potencial do impacto no acesso a livros a partir da incidência da CBS é ainda maior, dado que a indústria é sensível à renda, em queda livre por conta da covid-19, e também a preço. Conforme relatórios da International Publishers Association (IPA) e da

Swedish Publishers Association,

mudanças tributárias na indústria de livros em dois países são exemplos desse efeito em preço: 1- No Quênia, livros eram isentos e passaram a ser tributados a uma alíquota de 16%; na sequência, as vendas tiveram queda de 40% e houve aumento da pirataria, 2- por outro lado, na Suécia, com a diminuição do IVA, houve redução do preço e também aumento na venda de exemplares.

Aliás, essa discussão já seria

naturalmente complexa em

circunstâncias normais, em que diversos setores não estivessem ameaçados por mudanças agudas de hábitos de consumo, sobre as quais ainda não se pode ter maior clareza. Em particular, a crise causada pela covid-19 vem trazendo impactos

10 severos à indústria no cenário global, em que contrapartes internacionais já apontam perdas financeiras muito relevantes.

Na Rússia, por exemplo, existem estimativas da Russian Book Union contabilizando perdas de vendas correspondentes a 15 bilhões de rublos, ou o equivalente a 15 a 20% do mercado. Ao mesmo tempo, na Argentina, o número de novas obras se reduziu em praticamente 50% nos primeiros meses da quarentena, em comparação ao mesmo período em 2019, o que já demonstra o potencial impacto em bibliodiversidade. E, mesmo na Alemanha, um forte mercado consumidor de livros, a perda chegou a algo próximo a € 500 milhões, de acordo com informações da German Publishers & Booksellers Association.

Tributar livros nesse contexto tem o potencial de imprimir ainda mais

velocidade ao declínio da

bibliodiversidade e do acesso à leitura, com fortes impactos culturais, sobretudo num cenário em que as livrarias, também afetadas pela CBS, caso o tributo venha a ser aprovado, vêm se reduzindo brutalmente nos últimos anos, com registros de recuperação judicial de grandes redes varejistas. Como parte relevante da compra de livros acontece por impulso (quando o consumidor vê a obra), reduzir os pontos de venda desestimula ainda mais o acesso à leitura pelo brasileiro, aprofundando um processo de retração de lojas físicas, que já teve uma queda de 29% nos últimos dez anos, de acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

(14)

Diante dessas informações, a ideia de implementar medidas focalizadas em grupos vulneráveis parece mais uma

medida complementar do que

justificativa para eliminar a isenção aos livros. Sempre é bom lembrar que a Política Nacional do Livro é uma lei que entrou em vigor em 2003, havendo amplo espaço normativo, mas pouco incentivo, para que

medidas governamentais sejam

tomadas nessa direção.

Num país em que 30% dos brasileiros jamais compraram um livro, qualquer impacto em acesso à leitura pode agravar ainda mais o quadro de educação precário que registra índices dos mais preocupantes, entre os quais um percentual de cerca de 50% dos jovens de ensino médio que não conseguiram sequer atingir o nível mínimo de proficiência esperada em leitura.

O governo inglês anunciou em março deste ano a intenção de adotar alíquota zero ao IVA para publicações

eletrônicas, mudança essa

inicialmente prevista para entrar em vigor agora em dezembro, mas antecipada para maio, em função das preocupações decorrentes da covid-19, assim equiparando o mesmo tratamento tributário que já era dado aos respectivos exemplares físicos. E qual foi a justificativa para a medida? Apoiar o acesso à leitura em todas as suas formas.

11 A Constituição Federal de 1988 previu a imunidade de impostos sobre os livros. Não foi à toa.

Carlos Ragazzo é professor da FGV Direito Rio.

https://valor.globo.com/opiniao/coluna/imp acto-da-tributacao-dos-livros-no-acesso-a-leitura.ghtml

(15)

Valor Econômico

Caderno: Opinião, sexta-feira 18 de

setembro de 2020.

Evidências do imposto de

renda

A renda isenta chegou a R$ 957,3 bi em 2018, sendo 45% relativos aos lucros e dividendos obtidos com a atividade organizada na forma de pessoa jurídica

Por Josué Pellegrini

A discussão sobe a reforma tributária é uma boa ocasião para analisar as principais características e distorções nos principais tributos do Brasil. Busca-se aqui discutir alguns desses pontos no caso do imposto de renda, notadamente o incidente sobre a pessoa física.

A comparação internacional indica que o país tributa pouco a renda. Segundo dados da Receita Federal, enquanto o Brasil arrecadou 7% do PIB, 34 países da OCDE recolheram 11,4% do PIB, em 2017. Embora não se deva esperar que o Brasil chegue ao patamar dos países ricos, há espaço para explorar melhor esse imposto. É desejável elevar o grau de progressividade da tributação da renda e evitar a sua quebra no decil superior

Se essa constatação não suscita muita controvérsia, o mesmo não se pode

12

dizer a respeito do melhor modo de elevar a arrecadação e de como distribuir o ônus do imposto de renda entre os contribuintes.

As informações geradas pelo

processamento das declarações do imposto de renda da pessoa física trazem importantes subsídios para a

discussão. Os últimos dados

disponibilizados no site da Receita Federal se referem às declarações entregues em 2019, relativas à renda angariada em 2018. São 30,3 milhões de declarantes e R$ 3,1 trilhões em renda declarada.

Além da grandeza dos números,

outras informações chamam a

atenção. Do total da renda declarada, apenas 59,3%, R$ 1,8 trilhão, é tributada normalmente, com base na tabela com alíquotas progressivas (na fonte e no ajuste anual).

As deduções aplicadas sobre a base de cálculo somam R$ 416 bilhões, com

predominância do desconto da

contribuição previdenciária, R$ 91,6 bilhões, e despesas médicas, R$ 88 bilhões. O maior item é o desconto padrão, R$ 136,5 bilhões, destinado a

imprimir a progressividade no

imposto. Como resultado das

deduções e das alíquotas, o imposto devido chega a R$ 180,9 bilhões, o equivalente a 9,8% do R$ 1,8 trilhão. Já a renda isenta é de R$ 957,3 bilhões, 30,9% do rendimento total declarado. Essa parte compõe-se principalmente de lucros e dividendos

recebidos, R$ 327,9 bilhões;

rendimentos de sócio de

microempresa ou optante pelo

(16)

R$ 104 bilhões; e transferências patrimoniais (doações e heranças), sobre as quais incidem outros impostos, R$ 95,7 bilhões.

Por fim, R$ 302,7 bilhões, ou 9,8% do total da renda declarada se referem a rendimentos com regras específicas (exclusivamente na fonte). Estão entre os principais itens o décimo terceiro, R$ 100 bilhões, e o rendimento de aplicações financeiras, R$ 77,7 bilhões.

Vale observar que os R$ 302,7 bilhões já estão deduzidos do imposto recolhido. Como o recolhimento não é informado, o imposto precisa ser

estimado. Cálculos relativos ao

rendimento auferido em 2016 chegam à alíquota média de 14,5% que, aplicada ao rendimento de 2018, resulta em R$ 51,3 bilhões em impostos (51,3 / (302,7 + 51,3) = 0,145).

Juntando-se os R$ 51,3 bilhões estimados aos R$ 180,9 bilhões em impostos devidos antes informados, chega-se ao total de R$ 232,2 bilhões ou apenas 7,5% do total de rendimento declarado de R$ 3,1 trilhões. Trata-se de um percentual reduzido que expressa a baixa tributação sobre a renda no Brasil. A baixa alíquota média se deve, em parte, às deduções permitidas e ao tamanho da renda isenta. Se essa renda, somada à renda reduzida por

conta das deduções, sofresse

incidência de 10%, por exemplo, a arrecadação subiria R$ 137,3 bilhões ((957,3 + 416) * 0,1), incremento de quase 60%.

Note-se, contudo, que, mesmo com o referido incremento, a arrecadação de

13 2018 subiria apenas para 7,2% do PIB, frente aos 7% do PIB ocorridos, ainda muito aquém do verificado na OCDE. Por isso, incrementos extras exigiriam ainda a revisão da estrutura de alíquotas do imposto de renda da pessoa física. Só não seria isonômico tomar essa providência antes de se ampliar a renda tributada, pois o sacrifício extra recairia sobre os mesmos contribuintes.

Outras informações importantes

trazidas pelas declarações surgem quando se desagrega as declarações por faixa de renda. Constata-se certa progressividade até a renda mensal de 40 salários mínimos, já que as alíquotas médias partem de 0% para a renda até 3 salários e sobem gradualmente até 12,3% para renda entre 20 e 40 salários. Daí em diante, a alíquota cai até chegar a 5,9% para renda mensal acima de 160 salários. Do total de 30,3 milhões de declarações entregues em 2019, 16,6 milhões ou não pagaram ou pagaram com alíquota muito reduzida, de cerca de 1,4%. Os 13,7 milhões de contribuintes restantes, com renda acima de 5 salários mínimos, devem estar entre os 10% mais ricos da população.

Assim, quando se considera apenas os decis, pode-se concluir que o imposto de renda da pessoa física é progressivo, embora haja espaço para elevar a progressividade, o que também permitiria incrementar a arrecadação. Contudo, há quebra relevante da progressividade dentro do decil superior. As alíquotas caem para os 675 mil contribuintes com renda acima de 40 salários mínimos, cerca de 0,45% da população adulta.

(17)

Aparentemente, a quebra resulta da estrutura de alíquotas vigentes, das deduções e, principalmente, da renda isenta. Conforme visto, a renda isenta chegou a R$ 957,3 bilhões, em 2018, sendo 45% relativos aos lucros e dividendos obtidos com a exploração de atividade organizada na forma de pessoa jurídica.

Enfim, se a reforma tributária chegar de fato ao imposto de renda, seria desejável ampliar a renda tributada por meio da redução das deduções e da renda isenta. Ademais, a estrutura de alíquotas precisaria ser revista para elevar o grau de progressividade da tributação sobre a renda e eliminar a quebra da progressividade dentro do decil superior de renda. A proposta

de tributação dos dividendos

contribuiria nesse sentido.

Josué Pellegrini é diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI) e consultor legislativo do Senado Federal

https://valor.globo.com/opiniao/coluna/ evidencias-do-imposto-de-renda.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, sexta-feira 18 de

setembro de 2020.

Mudança nas regras traz de

volta planos de reforma da Lei

das S.A.

Ideia é tirar a parte contábil da legislação para país seguir de perto normas internacionais Por Rita Azevedo — De São Paulo

Idésio Coelho, do CFC, é contra a imposição de uma metodologia específica — Foto: Divulgação

15

Uma mudança em âmbito

internacional na apresentação de

resultados das empresas, que

pretende diminuir a distância entre as regras contábeis e os indicadores

gerenciais usados por

administradores e pelo mercado financeiro, pode trazer de volta as discussões sobre uma reforma da Lei das Sociedades por Ações, que foi modificada, pela última vez, há mais de uma década.

Desde 2010, as companhias

brasileiras seguem as chamadas

normas internacionais de

contabilidade (IFRS, na sigla em inglês), que substituíram os padrões brasileiros, parte integrante da Lei das S.A., aprovada em 1976. As normas internacionais, adotadas em outros 143 países, são emitidas pelo Conselho de Normas Internacionais

de Contabilidade (Iasb), uma

entidade privada com sede em Londres.

Uma audiência pública está em andamento para aproximar a contabilidade dos indicadores gerenciais

Até o fim do mês, o Iasb recebe comentários sobre uma proposta de

reforma na maneira como os

resultados - receitas, lucros e prejuízos - devem ser apresentados. O plano foi bem-recebido no Brasil por entidades de mercado e especialistas em contabilidade.

A expectativa é que a adoção das mudanças não seja tão problemática para as companhias - já que parte do que está sendo proposto pelo Iasb é aplicado no país, ou porque já estava

(19)

na lei brasileira ou porque foi implementado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia federal que regula o mercado de capitais. O que preocupa é o fato de se ter que alterar a lei toda vez que o Iasb propuser ajustes, o que demanda tempo e negociações políticas.

Uma das propostas colocadas em audiência pelo Iasb é a de que as empresas apresentem uma análise das despesas operacionais utilizando o método que ofereça as melhores informações aos investidores. Há duas opções: por natureza, que mostra a origem dos custos, como

matéria-prima, depreciação e

benefícios pagos a empregados, e por função, que cataloga as despesas de acordo com a sua finalidade para empresa, como vendas e pesquisa e desenvolvimento.

A ideia do Iasb é que a escolha não seja livre, mas sim baseada em critérios determinados, e que as empresas não misturem os dois métodos - o que dificultaria a análise dos investidores.

Além disso, as exigências para as

empresas que apresentarem as

despesas por função serão maiores, uma vez que, nesse caso, será

necessário o detalhamento das

despesas por natureza nas notas explicativas que acompanham as demonstrações financeiras.

“Alguns investidores disseram que precisam de informações sobre a natureza das despesas operacionais de todas as companhias, uma vez que despesas por natureza são mais fáceis de ser projetadas do que as por função”, diz a proposta do Iasb.

16 A grande questão, diz Idésio Coelho, vice-presidente técnico do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), é que a Lei das S.A. prevê que as despesas sejam apresentadas pelo método de função. O artigo 187 da lei diz que a

demonstração do resultado

discriminará, entre outros pontos, as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas e outras despesas operacionais.

“Como no Brasil as empresas fazem essa análise por função, elas terão custo adicional não só para divulgar, mas também para controlar as duas

metodologias”, diz Coelho.

“Gostaríamos de ter a opção de escolha do método, sem a necessidade da nota explicativa sobre as despesas por natureza. Não acho justo a imposição de uma metodologia específica.”

Valdir Coscodai, diretor técnico do

Instituto dos Auditores

Independentes do Brasil (Ibracon), acredita que mudar a lei para a adequação às novas normas não será uma tarefa difícil. “O que precisamos é começar a discutir desde já o tema. Se o mercado inteiro - reguladores, normatizadores, profissionais da área, analistas e investidores -, quiser mudar, isso vai ocorrer.”

A expectativa do Iasb é que as normas entrem em vigor em 2023 ou 2024. O prazo, segundo Eduardo Lucano, presidente-executivo da Associação Brasileira das Companhias Abertas

(Abrasca), pode ser pequeno,

considerando que uma possível mudança na legislação é um processo “delicado, difícil e não controlado”. “Vamos solicitar ao Iasb que o prazo

(20)

para implantação das normas seja mais longo no Brasil”, diz Lucano. Eliseu Martins, professor emérito da

Faculdade de Economia e

Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), acredita que a solução para o conflito deve ser definitiva, com exclusão da parte contábil da Lei das S.A. “Não dá para editar a lei toda vez que uma nova norma do Iasb for aprovada”, diz. A proposta de retirar a contabilidade da lei já foi discutida no passado, mas acabou não entrando nas revisões da lei feitas em 2007 e 2009, que visavam, justamente, a convergência das regras das empresas brasileiras aos padrões internacionais.

Questionada sobre a participação nas discussões das propostas do Iasb e sobre o potencial conflito das novas normas com a legislação brasileira, a CVM disse em nota que “vem

acompanhando e participando

ativamente” e que, no momento, não fará comentários adicionais sobre o tema. https://valor.globo.com/empresas/noticia/20 20/09/18/mudanca-nas-regras-traz-de-volta-planos-de-reforma-da-lei-das-s-a.ghtml Retorne ao índice 17

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, sexta-feira 18 de

setembro de 2020.

Aporte de longo prazo exige

respeito ao contrato, diz

Invepar

Depois de sofrer encampação da

Linha Amarela, Invepar,

controladora da via expressa no Rio, prega respeito aos contratos Por Francisco Góes — Do Rio

Rochinha, presidente da Invepar: “Quem investe e vê o que está acontecendo na Linha Amarela fica com frio na espinha” — Foto: Leo Pinheiro/Valor

A encampação da Linha Amarela S.A. (Lamsa) pela prefeitura do Rio, garantida na quarta-feira por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), demonstra a dificuldade de se investir em infraestrutura no Brasil uma vez que os empreendimentos são de longo prazo e precisam ter garantia de respeito aos contratos no período da concessão. A avaliação é de Abel Rochinha, presidente da Invepar,

18

controladora da Lamsa, via expressa de 17,4 quilômetros que liga a zona norte à Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio.

“Quem investe com esse horizonte de tempo e vê o que está acontecendo na Linha Amarela fica com frio na

espinha”, disse Rochinha.

O Valor apurou que os acionistas da Invepar receberam a decisão do STJ com perplexidade. São sócios da holding Previ, Funcef e Petros e o FIP Yosemite.

A disputa entre a prefeitura e a Lamsa é antiga, e orbita em torno ao preço do pedágio. Na quarta, uma vez conhecida a decisão do presidente do STJ, Humberto Martins, favorável ao município, a prefeitura, disse, em nota, que punha-se fim à cobrança do pedágio “mais caro do mundo”. Crivella disse que, com a decisão, as pessoas deixam de pagar “um milhão [de reais] por dia”. O valor do pedágio até a encampação era de R$ 7,50. O novo valor não está definido. A Lamsa afirma que o valor e a forma de reajuste do pedágio da Linha Amarela são determinados pelo contrato de concessão.

“A Lamsa segue rigorosamente o contrato. O valor inicial da tarifa foi definido pela prefeitura no edital de

licitação da concessão,

independentemente do fluxo de carros na via. Esse entendimento foi ratificado pela Procuradoria Geral do Município”, disse a empresa, em nota. Rochinha afirmou que toda a discussão com a prefeitura, na gestão de Marcelo Crivella, tem fundamento político e não técnico. Disse que tentou se chegar a um acordo, via

(22)

mediação judicial, mas a prefeitura levantou-se da mesa antes do término das negociações.

A melhor forma de resolver o problema, na visão dele, seria contratar empresas para esmiuçar o contrato e chegar a uma conclusão sobre o valor do pedágio. “Essa é a forma que qualquer poder concedente razoável vai proceder. Sentar, discutir e chegar a um número. Mas o prefeito atual [do Rio] não é de diálogo”, afirmou. Até ontem a Lamsa ainda não havia ajuizado recurso contra a decisão de Martins, o que deve ser feito ao plenário do STJ ou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Rochinha disse que, mesmo sem cobrar pedágio, a Lamsa vai continuar prestando serviços nos próximos dias. “Mas se a decisão [do STJ] não for revertida, a operação passa a ser atribuição da própria prefeitura”, disse o executivo. A prefeitura disse que já assumiu a operação da via. Se não conseguir reverter a encampação, a Lamsa vai se concentrar na indenização à qual acredita ter direito. Não está claro hoje qual seria esse valor.

De acordo com a Controladoria Geral do Município (CGM), os ganhos da Lamsa com a Linha Amarela são suficientes para que a concessão houvesse se encerrado em 2015. No entanto, uma futura perícia judicial

vai definir qualquer eventual

necessidade de indenização da

concessionária pelo município. A prefeitura do Rio já apresentou garantias imobiliárias no valor de R$ 1,3 bilhão.

Relatório do Tribunal de Contas do Município, de julho de 2019, apontou

19 para desequilíbrio no contrato de R$

481,6 milhões a favor da

concessionária. A prefeitura entende que houve prejuízo causado pela concessionária aos cofres públicos que, atualizados, ultrapassam os R$ 480 milhões. Citou, por exemplo, auditoria da CGM que mostrou que as obras para melhoria do fluxo da Lamsa, orçadas em R$ 251 milhões, custariam R$ 117 milhões se o Sistema de Custos de Obras tivesse sido aplicado. O município argumenta

ainda que a Lamsa teve a

oportunidade de se defender em “amplo” processo administrativo e judicial.

A Lamsa disse que a remuneração da empresa pelas nove obras realizadas no entorno da Linha Amarela com recursos próprios foi acordada em aditivo ao contrato de concessão. “Ficou definido que o pagamento à Lamsa seria feito de duas formas: 25% por reajustes de tarifas e 75% pelo aumento do tempo de concessão da via em 15 anos. A Lamsa segue rigorosamente o que foi acordado”, disse a empresa.

A discussão entre concessionária e poder concedente se acirrou em outubro do passado, quando Crivella anunciou o fim da concessão da via, um dia depois de a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara de Vereadores apontar lucro indevido de R$ 1,6 bilhão para a Lamsa com pedágio.

O contencioso ganhou outros

contornos quando imagens

mostraram retroescavaderias da

prefeitura destruindo cabines de pedágio. Houve liminares a seguir garantindo a concessão e a cobrança do pedágio. Na conta da Lamsa,

(23)

houve 18 decisões favoráveis à empresa, inclusive no STJ e no STF, até o ministro Martins decidir de forma contrária à companhia. Na quarta, Rochinha comparou a decisão a “rasgar contrato”. A prefeitura disse ontem que nenhum contrato foi rasgado. “A decisão do Superior Tribunal de Justiça fez valer a lei de encampação aprovada em novembro de 2019 por unanimidade pela Câmara de Vereadores.”

Para a Lamsa, é errado sugerir que houve prejuízo de R$ 1,6 bi para a cidade do Rio e os usuários no

contrato com a Lamsa. “Essa

estimativa desconsidera a cláusula do contrato de concessão que atribui à Lamsa o risco da demanda: a

concessionária deve arcar com

eventuais prejuízos caso o fluxo de veículos seja inferior ao projetado no contrato.” https://valor.globo.com/empresas/noticia/20 20/09/18/aporte-de-longo-prazo-exige-respeito-ao-contrato-diz-invepar.ghtml Retorne ao índice 20

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, sexta-feira 18 de

setembro de 2020.

Governo gaúcho abre ‘data

room’ para venda da CEEE

Inicialmente previsto para 2020, o leilão da companhia deve ficar para janeiro de 2021 por conta da pandemia

Por André Ramalho — Do Rio

O governo gaúcho deu mais um passo para privatizar a distribuidora de energia CEEE -D, ao abrir, esta semana, o processo de “data room” - acesso aos investidores interessados a

dados completos do ativo.

Inicialmente previsto para 2020, o leilão da companhia deve ficar para janeiro de 2021.

O secretário estadual de Meio Ambiente e Infraestrutura do Rio Grande do Sul, Artur Lemos Júnior, conta que a ideia é publicar em dezembro o edital da licitação. Até lá, a expectativa é esclarecer eventuais dúvidas dos investidores, enquanto, em paralelo, o Tribunal de Contas do

Estado avalia os detalhes da

formatação da venda.

Segundo Lemos Júnior, o governo

gaúcho trabalha também para

privatizar os braços de geração e transmissão da CEEE em maio de 2021. A separação dos negócios foi

21

aprovada ontem em assembleia de

acionistas. Já a venda da

distribuidora de gás canalizado Sulgás ficará para entre abril e maio.

Prevista dentro da plataforma de campanha do governador Eduardo Leite (PSDB), a privatização da CEEE-D avança em meio a riscos de que a concessão seja cassada. A crise

econômica desencadeada pela

pandemia de covid-19 veio se somar às dificuldades que a empresa já vinha enfrentando nos últimos anos para atingir as metas regulatórias - no setor, concessões podem ser cassadas caso não atendam as exigências de

gestão econômico-financeira

satisfatórias por dois anos

consecutivos no primeiro quinquênio do contrato.

Lemos Júnior afirma que vem mantendo “contato permanente” com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), para reforçar a intenção do Estado de privatizar a companhia. Ele lembra que a transferência do controle acionário da concessão é um dos gatilhos que impedem a cassação.

“A abertura do ‘data room’ é muito mais para mostrarmos ao mercado que não temos o que esconder [aos

potenciais interessados], que a

empresa é um ativo importante para quem comprar, mas claro, também estamos passando a mensagem à Aneel de que não tem retorno, de que

vamos buscar efetivamente a

(25)

Ele disse também que conversa com a Aneel sobre a necessidade de uma extensão dos prazos para que o novo operador da concessão atinja as metas de qualidade do serviço. E destacou que a modelagem da privatização passa também por estender os prazos de amortização das dívidas tributárias para não comprometer a capacidade inicial de investimentos.

Mesmo com a pandemia e sem uma definição clara ainda sobre o reequilíbrio econômico-financeiro das distribuidoras, Lemos Júnior está confiante de que a privatização da CEEE-D atrairá investidores. Ele destaca que o consumo de energia já dá sinais de recuperação. E acredita

que, até janeiro, o ambiente

regulatório também esteja mais nítido. “Acreditamos que até lá isso

tudo esteja endereçado”, disse.

“Acreditamos que tenhamos três, quatro, podendo chegar a até cinco interessados, empresas do setor. Mesmo com a pandemia muitas delas estão anunciando lucro, é possível conseguirmos bons interessados”, completou.

Prevista inicialmente para 2020, a privatização ficará para o início de

2021 justamente devido às

dificuldades impostas pela pandemia. A CEEE-D é controlada pelo Estado, por meio da CEEE-Par, que detém 65,9% da distribuidora. A Eletrobras é o segundo maior acionista (32,59%), mas o secretário disse que ela ainda não se manifestou se sairá ou não do ativo. https://valor.globo.com/empresas/noticia/20 20/09/18/governo-gaucho-abre-data-room-para-venda-da-ceee.ghtml Retorne ao índice 22

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, sexta-feira 18 de

setembro de 2020.

Movimento falimentar

Falências Requeridas

Requerido: Minulo Empreendimentos

Imobiliários S/A - CNPJ:

09.361.800/0001-02 - Endereço: Rua Alexandre Dumas, 1711, Edifício Birmann, 11º e 12º Andares, Cjto. 301, Bairro Chácara Santo Antonio -

Requerente: Selena Kolberg -

Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e

Recuperações Judiciais de São

Paulo/SP

Requerido: Tecneira Acaraú Geração e Comercialização de Energia Elétrica S/A - CNPJ: 14.518.485/0001-14 - Endereço: Rua Marcos Macedo, 1333,

Sala 416, Bairro Aldeota -

Requerente: Transportes Pesados Minas S/A - Vara/Comarca: 2a Vara de Recuperação de Empresas e Falências de Fortaleza/CE

Falências Decretadas

Empresa: Pires Giovanetti Guardia Engenharia Arquitetura Eireli -

CNPJ: 54.897.400/0001-70 -

Endereço: Av. Lins de Vasconcelos, 1821, Bairro Cambuci - Administrador Judicial: A Própria Administradora Judicial da Recuperação Judicial Rescindida, L. A. Administradora Judicial e Consultoria Empresarial Eireli - Vara/Comarca: 2a Vara de

23

Falências e Recuperações Judiciais de

São Paulo/SP - Observação:

Recuperação Judicial convolada em Falência.

Processos de Falência Extintos Requerido: Baldin Bioenergia S/A -

CNPJ: 54.844.360/0001-07 -

Requerente: Nilson Paulino de

Macedo Júnior - Vara/Comarca: 1a

Vara de Pirassununga/SP -

Observação: Desistência homologada. Requerido: Constrigo Construções Eireli - CNPJ: 17.266.294/0001-09 - Endereço: Av. Dos Autonomistas, 73, Bairro Vila Yara, Osasco/sp - Requerente: Empório Brasileiro Casa e Construção Ltda. - Vara/Comarca: 2a Vara Regional de Competência

Empresarial e de Conflitos

Relacionados À Arbitragem da 1ª Raj/SP - Observação: Face ao pagamento do débito.

Requerido: Lgp Maxx Ltda. Epp -

CNPJ: 26.104.755/0001-20 -

Endereço: Rua Talmud Thora, 156/1, Bairro Bom Retiro - Requerente: Inbrands S/A - Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e Recuperações

Judiciais de São Paulo/SP -

Observação: Homologado acordo

celebrado entre as partes.

Requerido: Pag S/A Meios de

Pagamento - CNPJ:

04.533.779/0001-61 - Requerente: Fabio Santos Araújo - Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e Recuperações

Judiciais de São Paulo/SP -

Observação: Face ao pagamento do débito.

(27)

Requerido: Quaatro Participações S/A

- CNPJ: 19.459.670/0001-07 -

Endereço: Av. Dr. Cardoso de Melo, 900, 11º Andar, Cjto. 112, Bairro Vila Olímpia - Requerente: João Paulo

Guimarães da Silveira -

Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e

Recuperações Judiciais de São

Paulo/SP - Observação: Homologado acordo celebrado entre as partes. Requerido: Reference Music Center Ltda. - CNPJ: 02.907.469/0001-34 - Endereço: Rua Dona Elisa Flaquer, 70, Sala 133, Centro, Santo André/sp - Requerente: Pride Music Comercial, Importadora e Distribuidora Ltda. - Vara/Comarca: 2a Vara de Falências e

Recuperações Judiciais de São

Paulo/SP - Observação: Homologado acordo celebrado entre as partes. Recuperação Judicial Requerida Empresa: Empresa Construtora e Imobiliária Tamoio Ltda. - CNPJ: 30.059.869/0001-72 - Endereço: Rua Andrade Neves, 25, Cjtos. 1002 e 1005, Centro - Vara/Comarca: 6a Vara de Niterói/RJ

Empresa: Ratier & Companhia Ltda., Nome Fantasia Restaurante Bossa -

CNPJ: 03.376.150/0001-92 -

Endereço: Alameda Lorena, 2008,

Bairro Jardim Paulista -

Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e

Recuperações Judiciais de São

Paulo/SP

Empresa: Rpg & Bar Dançante Ltda. Epp, Nome Fantasia D Edge - CNPJ: 09.350.129/0001-02 - Endereço: Av. Auro Soares de Moura Andrade, 161,

Bairro da Barra Funda -

Vara/Comarca: 1a Vara de Falências e

Recuperações Judiciais de São

Paulo/SP

24 Recuperação Judicial Deferida Empresa: Cimef Metalurgia S/A -

CNPJ: 27.190.966/0001-95 -

Endereço: Av. Francisco Mardegan, 117, Bairro Aeroporto - Administrador

Judicial: Sra. Julyana Covre,

Economista - Vara/Comarca: 2a Vara de Cachoeiro de Itapemirim/ES

Empresa: Valença da Bahia

Maricultura S/A - CNPJ:

13.600.911/0001-00 - Endereço:

Rodovia Valença / Guaibim, S/nº, Km 12,5, Bairro Guaibim - Administrador Judicial: Castro Oliveira Advogados, Representada Pelo Dr. Rodrigo Ribeiro Accioly - Vara/Comarca: 1a Vara de Valença/BA

Cumprimento de Recuperação Judicial

Empresa: Editora Forum Ltda. -

CNPJ: 41.769.803/0001-92 -

Endereço: Rua Paulo Ribeiro Bastos, 211, Bairro Jardim Atlântico Ou Av. Afonso Pena, 2770, 15º e 16º Andares, Bairro Savassi - Vara/Comarca: 2a

Vara Empresarial de Belo

Horizonte/MG - Observação: Face ao cumprimento do plano aprovado pela assembleia geral de credores.

Empresa: Forum Cultural

Organização de Eventos Ltda. - CNPJ: 13.317.281/0001-52 - Endereço: Av. Afonso Pena, 2770, Salas 1401 a 1405, Bairro Savassi - Vara/Comarca: 2a

Vara Empresarial de Belo

Horizonte/MG - Observação: Face ao cumprimento do plano aprovado pela assembleia geral de credores.

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Valor Econômico

Caderno: Empresas, sexta-feira 18 de

setembro de 2020.

Doze Estados poderão oferecer

parcelamentos especiais de

ICMS

Programas autorizados pelo

Confaz preveem redução de até 95% de juros e multas

Por Adriana Aguiar — De São Paulo

Douglas Campanini: “Os Estados estão precisando de caixa, ainda mais em meio à pandemia de covid-19” — Foto: Luis Ushirobira/Valor

O Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) autorizou 12

Estados a abrir ou reabrir

parcelamentos especiais de ICMS, com redução de até 95% de juros e multas. Os programas, que dependem ainda de aprovação nas Assembleias

25

Legislativas e regulamentação,

ajudarão os governos estaduais a recuperar parte da arrecadação perdida com a crise econômica.

Entre os beneficiados está o Rio de Janeiro, que registrou queda de R$ 1 bilhão na arrecadação tributária dos primeiros sete meses, na comparação com o mesmo período do ano passado. Atingiu R$ 23,76 bilhões. Em 2019, R$ 24,82 bilhões.

Em nota, a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz-RJ) afirma que a medida é importante para recuperar parte da queda da arrecadação dos últimos meses, “assim como evitar a redução da base tributária em função

da redução do número de

contribuintes”. E acrescenta: “A pandemia e a recessão repentina e

profunda fizeram crescer

exponencialmente a inadimplência tributária. Como consequência, há grande necessidade de regularização tributária por parte das empresas.” No Rio de Janeiro, poderão ser incluídos no parcelamento os créditos tributários inscritos, ou não, em dívida ativa, bem como os valores espontaneamente denunciados ou informados pelo contribuinte, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31 de agosto.

As dívidas poderão ser parceladas em até 60 vezes. Mas se o contribuinte optar por quitar o que deve à vista, terá desconto de 90% em juros e multas. Para seis parcelas, cai para 80% e chega a 30% com o número máximo de mensalidades.

(29)

De acordo com Ivan Campos, sócio do

Felsberg Advogados, o novo

parcelamento fluminense traz

descontos imbatíveis para quem optar pelo pagamento à vista ou por poucas parcelas. “Mas como os contribuintes também estão quebrados, será muito difícil conseguir esses benefícios”, diz

ele, acrescentando que em

parcelamentos anteriores o prazo era maior, de 120 meses “Isso não ajuda

muito em um momento de

pandemia.”

O programa do Rio também exclui a participação de optantes do Simples Nacional. “Essas empresas estão passando por dificuldades como as outras”, afirma Douglas Campanini, da Athros Auditoria. Ele lembra que esses contribuintes, ao terem dívidas em aberto, podem ser excluídos do regime.

Além do Rio de Janeiro, estão incluídos nos convênios do Confaz (77, 79, 86, 87 e 88), os Estados do Amapá, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe, Alagoas, Amazonas, Bahia, Maranhão, Espírito Santo, Mato Grosso e Acre. Em geral, os programas - novos ou reabertos - poderão oferecer descontos de até 95% de juros e multas em pagamentos à vista.

Nos casos do Espírito Santo e Mato

Grosso, o Confaz autorizou a

prorrogação dos parcelamentos

abertos em 2019 até 31 de dezembro deste ano. O Estado do Acre também recebeu aval para a inclusão, em parcelamento de 2018, de dívidas com fatos geradores ocorridos até 30 de junho e vencidos até 31 de julho. Para os Estados do Amapá, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, as

26 autorizações preveem prazo maior que o do Rio de Janeiro. Poderão ser oferecidos parcelamentos em até 84 vezes e redução de até 95% de juros e multas para débitos declarados até junho deste ano.

Esses parcelamentos, em geral, segundo Campanini, são vantajosos, principalmente para quem puder optar pelo pagamento à vista ou um número pequeno de parcelas. Ele acrescenta que existe interesse dos Estados para a ativação desses programas, uma vez que é ano de

eleições e houve redução na

arrecadação por conta da crise. “Esses benefícios geralmente são concedidos próximos ao fim do ano. Os Estados estão precisando de caixa, ainda mais em meio à pandemia de covid-19”, afirma.

São Paulo também recebeu

autorização do Confaz, mas apenas

para oferecer oportunidade de

regularização para os contribuintes

no Programa Especial de

Parcelamento (PEP) do ICMS. Os requisitos para o restabelecimento dos parcelamentos rompidos estão no Decreto nº 65.171, do dia 4 deste mês. Até 30 de setembro, os contribuintes que deixaram de pagar parcelas vencidas entre 1° de março e 30 de julho terão nova chance de voltar ao programa. No auge da pandemia,

aproximadamente 5,7 mil

parcelamentos foram rompidos. A estimativa da pasta é arrecadar aproximadamente R$ 2 bilhões com a volta dos inadimplentes ao programa.

(30)

Em média, 14,5 mil parcelamentos estão em andamento, num total de R$ 23,7 bilhões. Deste montante, o Estado já recebeu R$ 12,9 bilhões. Esses parcelamentos são referentes a todas as versões do PEP.

https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2 020/09/18/doze-estados-poderao-oferecer-parcelamentos-especiais-de-icms.ghtml

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Valor Econômico

Caderno: Legislação e Tributos,

sexta-feira 18 de setembro de 2020.

STF recomeça julgamento

bilionário do Sebrae

O caso, que tinha três votos no Plenário Virtual, voltou à estaca zero no plenário presencial - que ocorre, atualmente, por meio de videoconferência

Por Joice Bacelo — De Brasília

Rosa Weber: contribuições não poderiam mais incidir sobre a folha de salários — Foto: Nelson Jr./SCO/STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu recomeçar o julgamento em que se discute a cobrança de 0,6% sobre a folha de salário das empresas para o custeio do Sebrae, da Agência

Brasileira de Promoção de

Exportações e Investimentos (Apex) e

da Agência Brasileira de

Desenvolvimento Industrial (ABDI).

28

O caso, que tinha três votos no Plenário Virtual, voltou à estaca zero no plenário presencial - que ocorre,

atualmente, por meio de

videoconferência.

Só a relatora, ministra Rosa Weber, votou ontem, contra o pagamento da contribuição. Ela entendeu também que as empresas têm o direito a receber de volta o que pagaram nos últimos cinco anos. A ministra repetiu o entendimento proferido no virtual. O placar, lá, estava em dois a um a favor da tributação.

A sessão foi encerrada pelo

presidente, o ministro Luiz Fux, logo após o voto de Rosa Weber. Ele afirmou que o caso será retomado na próxima quarta-feira.

Os dois ministros que já haviam votado no Plenário Virtual, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes - na ocasião, divergindo da relatora - também terão que votar novamente. E poderão, inclusive, se quiserem, mudar o voto.

O Ministério Público Federal mudou de posicionamento. Em parecer

emitido inicialmente havia se

manifestado contra a manutenção da cobrança. Ontem, na sessão plenária, o procurador Humberto Jacques de Medeiros se posicionou de forma diferente, ou seja, para manter as contribuições ao Sebrae, ABDI e Apex.

O impacto desse julgamento é enorme. Hoje, as três entidades sobrevivem praticamente com o valor arrecadado com essas contribuições. Se a cobrança for considerada

(32)

inconstitucional, as atividades serão inviabilizadas. Para as empresas, por outro lado, desoneraria a folha. São mais de R$ 30 bilhões envolvidos, segundo consta na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Se prevalecer o entendimento pela inconstitucionalidade das cobranças, o Sebrae deixará de receber R$ 3,5 bilhões ao ano e o impacto, levando em conta a devolução do que foi pago nos últimos cinco anos, chega a R$ 19,8 bilhões. Já para a Apex estão previstos R$ 520 milhões em perdas anuais, mais R$ 2,9 bilhões para ressarcir os contribuintes. No caso da

ABDI, os valores seriam,

respectivamente, de R$ 85 milhões e R$ 420 milhões.

Essas três entidades dividem a arrecadação gerada pela alíquota de 0,6% sobre a folha das empresas. Do

total recolhido, 87,75% são

direcionados ao Sebrae, 12,25% à Apex e 2% à ABDI. A alíquota faz parte do pacote que pode chegar a 5,5% sobre a folha de salários e inclui o Sistema S, Incra e salário-educação - varia conforme a atividade.

Há dúvida em relação a essas contribuições porque a Emenda Constitucional (EC) nº 33, de 2001, alterou a redação do artigo 149, parágrafo 2º da Constituição Federal (RE 603324).

Passou a constar no texto que as contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico “poderão” ter alíquotas com base no faturamento, receita bruta ou valor da operação e, no caso de importação, no valor aduaneiro - não incluindo, portanto, a folha de salários.

29 A discussão é saber se o rol que passou a constar no artigo 149 é exemplificativo, por causa do verbo “poderão”, ou é taxativo e apenas o que consta nesse texto pode servir como base para o cálculo das contribuições.

A ministra Rosa Weber entende que esse rol é taxativo. “Apontou as bases de cálculo possíveis e as alíquotas possíveis, restringindo a liberdade de ação do legislador e expulsando do sistema normativo as leis que dispunham de forma contrária”, afirmou na sessão de ontem.

Para a ministra, a questão tratada no

artigo 149 “configura sensível

evolução do sistema constitucional tributário brasileiro” de substituir “a tributação da folha de salários". “Contribuindo, assim, para o combate ao desemprego e ao sistemático

descumprimento das obrigações

laborais e tributárias das empresas,

designado pelo eufemismo de

informalidade, que leva à

marginalização jurídica de expressiva

parcela dos trabalhadores

brasileiros”, disse

Rosa Weber citou ainda um

julgamento anterior, o RE 559937, que tratou em 2013 sobre a constitucionalidade da base de cálculo

do PIS/Cofins-Importação. Os

ministros decidiram, de forma

unânime, que deveria ser respeitado o que consta no artigo 149 da Constituição. Ou seja, o texto seria taxativo e não exemplificativo.

“O que se discute é exclusivamente uma contribuição de intervenção no domínio econômico. Não se está discutindo o artigo 195 da

(33)

Constituição, que prevê o sistema da

seguridade social”, disse aos

ministros o advogado Humberto Bergmann Ávila, que representa a Viação São Bento, a empresa que apresentou o recurso ao STF.

Tanto as entidades afetadas como a

Procuradoria-Geral da Fazenda

Nacional (PGFN) sustentam, no entanto, que essa decisão afeta o

sistema tributário brasileiro e,

prevalecendo o entendimento contra a cobrança, se estará promovendo uma reforma por meio do Judiciário. Afirmaram aos ministros que a EC nº 33 foi editada para atender a

desregulamentação do setor de

combustíveis, em nada tendo a ver com as contribuições ao Sebrae, ABDI e Apex.

"Precisava dar possibilidade de flexibilização ao mercado do petróleo, criando com o 'poderão' uma extensão à regra”, disse o advogado Alexandre Kruel Jobim, que representa o Sebrae.

https://valor.globo.com/legislacao/noticia/2 020/09/18/stf-recomeca-julgamento-bilionario-do-sebrae.ghtml

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