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Relação Entre a Disfunção Temporomandibular e a Ansiedade em Estudantes do Ensino Fundamental

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Academic year: 2021

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Relação Entre a Disfunção Temporomandibular e a Ansiedade em

Relação Entre a Disfunção Temporomandibular e a Ansiedade em

Relação Entre a Disfunção Temporomandibular e a Ansiedade em

Relação Entre a Disfunção Temporomandibular e a Ansiedade em

Relação Entre a Disfunção Temporomandibular e a Ansiedade em

Estudantes do Ensino Fundamental

Estudantes do Ensino Fundamental

Estudantes do Ensino Fundamental

Estudantes do Ensino Fundamental

Estudantes do Ensino Fundamental

André Vinícius MARCHIORII

Alício Rosalino GARCIAII

Paulo Renato Junqueira ZUIMIII

Aline Úrsula Rocha FERNANDESI

Lígia Del‘Arco Pignatta CUNHAI

IDoutorandos pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Área de Concentração Prótese Dentária, Faculdade de Odontologia de Araçatuba (UNESP), Araçatuba/SP, Brasil.

IIProfessor Adjunto do Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese, Faculdade de Odontologia de Araçatuba (UNESP), Araçatuba/SP, Brasil. IIIProfessor Doutor do Departamento de Materiais Odontológicos e Prótese, Faculdade de Odontologia de Araçatuba (UNESP), Araçatuba/SP, Brasil.

ABSTRACT RESUMO

DESCRIPTORS DESCRITORES

Síndrome da Disfunção da Articulação Temporomandibular; Ansiedade; Prevalência.

Temporomandibular Joint Dysfunction Syndrome; Anxiety; Prevalence.

Relationship Between Temporomandibular Disorders and Anxiety in Elementary

Education Schoolchildren

Objetivo: Estudar a disfunção temporomandibular e os diferentes

níveis de ansiedade em crianças.

Método: Foi realizado um levantamento epidemiológico em escolares

do ensino fundamental de escolas particulares do município de Jaboticabal/SP. Para o estudo, foram selecionados 304 alunos, sendo 83 da 4a série, 117 da 6a série e 104 da 8a série (Comitê de Ética em Pesquisa: 200501873). A amostragem composta por crianças de ambos os gêneros, com idade entre 9 a 15 anos foi avaliada por meio de três questionários auto-aplicáveis, sendo um deles para quantificar o grau da disfunção temporomandibular (Índice de Fonseca) e, outros dois para determinar o nível de ansiedade (IDATE): Ansiedade-Estado (“Como estou me sentindo”) e Ansiedade-Traço (“Como eu geralmente me sinto”). O questionário, que avalia a ansiedade-estado, indica como a criança sente-se em um determinado momento. O questionário ansiedade-traço determina como geralmente ela se sente durante sua vida.

Resultados: Os dados obtidos foram tabulados e permitiu-se

chegar aos seguintes escores médios a respeito do Índice de Fonseca, Ansiedade-Estado e Ansiedade-Traço: 25,61 (13,25); 31,35 (5,03) e 38,61 (5,29), respectivamente.

Conclusão: Grande parte das crianças do ensino fundamental

possui sinais e sintomas de DTM e apresenta-se bastante ansiosa. Além disso, a análise dos dados mostrou que existe uma correlação positiva entre a disfunção temporomandibular e a ansiedade (p<0,01), principalmente quando se comparou a ansiedade-traço, que é aquela relacionada com a personalidade.

Purpose: To investigate the temporomandibular disorders (TMD)

and the different levels of anxiety in children.

Method: An epidemiological survey was performed in elementary

education schoolchildren from private schools of the city of Jaboticabal, SP, Brazil. A total of 304 students were enrolled in the study, being 83 from the 4th grade, 117 from the 6th grade and 104 from the 8th grade (Ethics in Research Committee: 200501873). The study population comprised children of both sexes aged 9 to 15 years. The participants were evaluated by means of three self-applicable questionnaires, one of them being used to quantify the degree of TMD (Fonseca’s index) and, other two being used to determine the level of anxiety (IDATE): anxiety-status (“How I am feeling”) and trace (“How I usually feel”). The anxiety-status questionnaire indicates how the child feels in a certain moment. The anxiety-trace questionnaire determines how the child usually feels during his/her life.

Results: The gathered data were tabulated and allowed reaching

the following mean scores regarding the Fonseca’s index, anxiety-status and anxiety-trace: 25.61 (13.25); 31.35 (5.03) and 38.61 (5.29), respectively.

Conclusions: Great part of the elementary education

schoolchildren presented signs and symptoms of TMD and were very anxious. In addition, data analysis showed a positive correlation between TMD and anxiety (p<0.01), mainly when comparing the anxiety-trace, which is the one related to the individual’s personality.

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INTRODUÇÃO

Têm-se atribuído às alterações oclusais uma grande participação no desequilíbrio da função muscular e no desenvolvimento das desordens temporomandibulares (OKESON, 1992). Esse desequilíbrio funcional acentua-se com os fatores emocionais, que levam o indivíduo a desenvolver hiperatividade muscular evidente durante o medo, raiva e indecisões (MCCALL; SZMYD; RITTER, 1961). Desde 1955, o psiquiatra Moulton concluiu que pacientes com desordem temporomandibular (DTM) são ansiosos, perfeccionistas, dominadores e tendem a expressar a sua ansiedade através de sintomas físicos. Esses pacientes geralmente estão sob grande estresse emocional, comprovado, por exemplo, através de exames bioquímicos dos níveis de cortisol/creatinina plasmáticos (GEISSLER, 1985) e do 17-hidróxi-esteróide na urina (EVASKUS; LASKIN, 1972). Estudos como o realizado por Mccall, Szmyd e Ritter (1961) revelam que são pacientes com alto nível de ansiedade. Após realizar revisão da literatura, De Boever (1981) sugeriu que dentre as causas que produzem as desordens temporomandibulares (DTMs), as de origem psicossomáticas, na qual os sintomas físicos podem ter origens psíquica, emocional ou mental devem ser consideradas. Segundo este autor, fatores emocionais, como a ansiedade e o estresse, podem desencadear hábitos parafuncionais e tensão muscular, levando ao aparecimento dos sinais e sintomas das DTM.

Segundo Suvinen et al. (1997), estudos a respeito de parâmetros psicológicos em pacientes com DTM têm produzido resultados conflitantes, em parte devido a diferenças na amostra, na metodologia e na análise dos dados e, em parte, por causa de diferenças interindividuais relacionadas não somente às dimensões sensoriais (limiar de tolerância), como também cognitivas, emocionais, comportamentais e ambientais.

Pesquisadores como Southwell, Deary e Geissler (1990) têm relatado que altos níveis de ansiedade é uma característica significante nos pacientes com DTM. A relação entre estresse, ansiedade, tensão e disfunções dos músculos esqueléticos têm sido bastante observada; porém, os mecanismos que unem esses fatores ainda não foram descritos.

Além disso, a ansiedade no ambiente escolar é um aspecto bastante interessante de ser estudado, visto que esse pode influenciar no desempenho do aluno. Ela envolve aspectos relacionados à

identificação das fontes que causam tensão para os alunos, quais os seus efeitos sobre aprendizagem, quais os alunos mais afetados e as formas de tratamento; além do que estudos revelam que os pacientes com DTM possuem alto nível de ansiedade (MCCALL; SZMYD; RITTER, 1961).

Estudo em crianças brasileiras realizado por Almeida (1987), relata prevalência de apenas 19,7% para a DTM, não sendo possível observar elevação na taxa com o decorrer da idade. Entretanto, verificaram-se diferenças entre os gêneros, e obverificaram-servou-verificaram-se que no feminino a incidência dos sinais e dos sintomas da DTM foram maiores (21,1%), que no masculino (17,7%).

A literatura revela que um número significante de estudos epidemiológicos a respeito dos sinais e sintomas da DTM em crianças e adolescentes (OKESON, 1989), porém na população brasileira, ainda faltam dados específicos em qualquer faixa etária. Procurou-se com este estudo, avaliar se há ou não uma correlação entre o grau de DTM e o nível de ansiedade em crianças do ensino fundamental.

METODOLOGIA

Para realizar este estudo foram selecionados 304 alunos do ensino fundamental de escolas particulares de Jaboticabal/SP, com idade entre 9 e 15 anos, sendo 83 deles da quarta série, 117 da sexta e 104 da oitava.

A coleta dos dados relativos aos sinais e sintomas, que permitiram a classificação do grau de DTM dos pacientes, foi realizada por meio do questionário de Helkimo modificado por Fonseca (1992). Este possui dez questões que inclui informações a respeito das dificuldades em abrir a boca e movimentar a mandíbula para os lados; cansaço ou dor muscular quando mastiga; dores de cabeça com freqüência; dor na nuca ou torcicolo; dor no ouvido ou nas regiões das articulações; ruído nas ATMs quando mastiga ou quando abre a boca; hábito de apertar ou ranger os dentes; se os dentes não se articulam bem e se este considerava uma pessoa tensa ou nervosa.

Para ser possível a classificação do grau de DTM, foram atribuídos valores de zero a 10 a cada questão de maneira que o “sim” tinha escore 10; “às vezes”, 5 e; “não” equivalia a zero. Após a somatória dos resultados obtidos, foi possível estabelecer o grau da gravidade da DTM, apresentada pelos pacientes, segundo os padrões determinados pelo índice sendo considerado de zero a 19 sem DTM; de 20 a 44, com

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SÉRIE GÊNE RO Índice de Fonseca X (DP) IDATE-E stado X (DP) IDATE-Traço X (DP)

F 29,44 (12,38) A,a 29,69 (4,85) A,a 39,38 (5,69) A,a

M 26,84 (12,10) A,a 29,74 (4,76) A,a 37,70 (5,64) A,a

4a

T 28,10 (12,22) A,a 29,72 (4,77) A,a 38,52 (5,69) A,a

F 29,34 (12,87) A,a 32,71 (5,47) A,b 39,93 (4,86) A,a

M 24,43 (15,17) B,ab 31,91 (4,97) A,a 38,62 (5,50) A,a

6a

T 27,37 (13,99) AB,a 32,39 (5,27) A,bc 39,40 (5,14) A,a

F 23,64 (12,32) A,b 31,36 (4,85) A,b 38,03 (4,88) A,a

M 19,11 (12,04) B,b 31,48 (4,49) A,a 37,30 (5,29) A,a

8a

T 21,63 (12,35) AB,b 31,47 (4,65) A,b 37,78 (5,03) A,a

F 27,38 (12,79) A,a 31,57 (5,21) A,b 39,19 (5,08) A,a

M 23,44 (13,52) B,ab 31,07 (4,80) A,a 37,90 (5,46) A,a

GERAL (Todas as séries)

T 25,61 (13,25) AB,a 31,35 (5,03) A,b 38,61 (5,29) A,a

Nas colunas, médias seguidas por letras diferentes maiúsculas dentro de cada série ou no GERAL e por letras minúsculas diferentes dentro dos gêneros Feminino (F), Masculino (M) e Total (T) analisados separadamente, diferem entre si em nível significante de 5%.

Tabela 2. Médias (X) e desvio-padrão (DP) dos escores do Índice Anamnésico de Fonseca e do Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), segundo o gênero feminino (F), masculino (M) e ambos (T), em cada série analisada.

Por outro lado, quando avaliou a ansiedade por meio do questionário Ansiedade-Traço (“Como eu geralmente me sinto”), não foi possível verificar diferenças estatísticas entre os gêneros e entre as

séries. Contudo, na Ansiedade-Estado (“Como estou me sentindo”) pode-se notar diferenças estatísticas significantes entre a sexta e oitava séries (Tabela 2). DTM leve; de 45 a 69, com DTM moderada; e de 70 a

100, com DTM severa ou grave.

Para a coleta do nível de ansiedade entre os alunos estudados, foram utilizados os questionários auto-aplicaveis do “Inventário de Ansiedade Traço-Estado” (IDATE C-forma infantil) que foi traduzido e adaptado por Biaggio (1983). É constituído por dois questionários: 1) estado e 2) ansiedade-traço. O questionário, que avalia a ansiedade-estado, consiste de 20 afirmações na qual a criança indica como ela se sente em um determinado momento no tempo. O questionário ansiedade-traço também consiste de

RESULTADOS

A análise dos exames permitiu verificar que 137 alunos (45%) eram do gênero masculino e 167 (55%) do feminino distribuídos segundo a série (Tabela 1).

Examinando a Tabela 2, observa-se que as médias dos escores obtidos no índice anamnésico de Fonseca foram estatisticamente diferentes (p<0,05) entre os gêneros feminino e masculino, exceto na 4a

série e; que foram maiores no gênero feminino em todas as séries examinadas.

20 itens, mas nessa escala as crianças devem responder como geralmente se sentem durante sua vida.

Para avaliar o nível de ansiedade, os resultados dos escores obtidos nos testes foram comparados com escores pré-determinados pelo questionário, sendo considerados baixo nível de ansiedade para valores de zero a 20; nível médio de ansiedade de 21 a 40 e; alto nível de ansiedade para valores de 41 a 60 pontos. Após a obtenção, os resultados foram tabulados e submetidos ao cálculo estatísticos por meio do teste de Kruskal-Wallis (p<0,05) e de correlação de Pearson (p<0,01).

Tabela 1. Distribuição das crianças nas respectivas séries em relação ao gênero.

Série 4a 6a 8a TOTAL (%) Gênero Masculino 44 47 46 137 (45,0%) Gênero Feminino 39 70 58 167 (55,0%) Total 83 117 104 304 (100,0%)

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A análise dos dados de cada série, independente do gênero (T), permitiu verificar que a Ansiedade-Estado (“Como estou me sentindo”) apresentou diferenças estatisticamente significantes entre os grupos, apresentando valores crescentes dos escores de ansiedade na seguinte ordem 4a (29,72); 8a (31,35) e 6a (32,39) séries (Tabela 2).

Analisando o grau de DTM e os diferentes tipos de ansiedade (Traço e Estado) nos alunos quando divididos nos grupos com e sem DTM (Tabela 3), pode-se obpode-servar que as médias dos escores obtidos em ambos os grupos apresentaram diferenças estatisticamente significantes (p<0,01), sendo que os maiores escores foram encontrados no grupo com DTM.

Tabela 3. Médias (X) e desvio-padrão (DP) dos escores do Índice Anamnésico de Fonseca e do Inventário Ansiedade Traço-Estado (IDATE), segundo o grupo sem e com DTM.

Índice de Fonseca IDATE-Estado IDATE-Traço Grupos

X (DP) X (DP) X (DP) Sem DTM 12,17 ( 4,56) A 29,66 (4,09) A 35,43 (4,58) A

Com DTM 33,01 (10,30) B 32,28 (5,26) B 40,36 (4,82) B

Nas colunas, médias seguidas por letras distintas maiúsculas, diferem entre si em nível significante de 1%.

A análise estatística, utilizando o Teste de correlação de Pearson, permitiu verificar que o grau de DTM mostrou uma correlação positiva (r= 0,1187; p<0,05) para a Ansiedade-Estado (“Como estou me sentindo”); isto é, quando a DTM aumentou, o nível de ansiedade também aumentou; porém essa correlação foi mais significante (r = 0,3230; p<0,01) na análise com a Ansiedade-Traço (“Como eu geralmente me sinto”).

DISCUSSÃO

Os fatores etiológicos das DTMs tem sido atribuído a diversas causas dentre elas condições locais; emocionais ou sistêmicas. Estes pacientes geralmente estão sob grande estresse emocional, comprovado por estudos bioquímicos (GEISSLER, 1985; EVASKUS; LASKIN, 1972), e estudo realizado por Mccall, Szmyd e Ritter (1961) revela que são indivíduos com alto nível de ansiedade.

Estudos como os de Almeida (1987) e Okeson (1989) mostram que a prevalência dos sintomas presentes em crianças com DTM é muito variável, mas compreendida entre 11,5 a 74%. Essa grande

diversidade de prevalência, entre outras causas, pode ser atribuída, principalmente, ao grau de conhecimento para compreender as questões formuladas, envolvimento involuntário do pesquisador na elucidação de dúvidas durante as respostas do questionário e a maneira de analisar os resultados. Há também o fato de onde o estudo foi realizado. Se for em regiões ou centros em que o nível de tensão é maior ou menor, ou em centros de atendimento de pacientes relacionados ao problema, a variabilidade é passível de existir.

Neste estudo, a variável gênero foi avaliada. Pôde-se verificar uma maior gravidade de DTM entre as crianças do gênero feminino, não só no geral, como também dentro de cada série avaliada; o que está de acordo com os relatos de Almeida (1987). Para explicar os maiores valores de DTM no gênero feminino, Eggleston (1980) considerou que os vasos sangüíneos são mais afetados na mulher que no homem. A contração anormal dos músculos da mastigação no homem, produz bruxismo e hipertrofia do músculo, mas sob condições estressantes, a mulher freqüentemente terá pés e mãos frios devido à contração anormal dos músculos e das arteríolas, que possibilitará pouca circulação sangüínea nas extremidades, músculos e glândulas. Assim, o efeito na mulher é mais significante que no homem e altera sua homeostasia levando a ocorrência de sintomas de dor.

Neste estudo, procurou-se também avaliar o efeito de situações de transição dentro do ensino fundamental (4a e 8a séries) e uma situação de

normalidade e supostamente de menor estresse (6a

série), sobre a ansiedade das crianças. Ao contrário do que se imaginava, não houve diferença em termos de prevalência dos diferentes níveis de ansiedade entre os diferentes momentos dentro do ensino fundamental estudados. A mudança no ensino sob a responsabilidade de um ou no máximo dois professores, para um sistema com a expectativa de defrontar-se com várias disciplinas e diferentes professores que ocorre no final da 4a série; e a transição

do ensino fundamental para o ensino médio que acontece com a conclusão da 8a série, não representou

neste estudo uma situação ansiógena maior do que a vivida pelos alunos durante o ensino da 6a série.

As diferenças entre as médias dos escores que permitiram classificar o nível de ansiedade, com relação à Ansiedade-Traço (“Como eu geralmente me sinto”) não apresentou diferenças estatisticamente significantes. Contudo, a Ansiedade-Estado (“Como

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estou me sentindo”) mostrou diferenças estatísticas quando se comparou o gênero feminino entre a 4ª e 6ª e a 4ª e 8ª séries. A esse respeito, estudo realizado por La Rosa (1998) indicou que, em geral, o gênero feminino obtém escores mais elevados tanto na ansiedade geral, quanto na ansiedade escolar e na ansiedade em situações de avaliação. Especificamente em relação as diferenças de gênero, o fato das meninas serem mais ansiosas do que os meninos pode ser explicado pela maior necessidade de aprovação social que as meninas possuem e pela resistência dos meninos em admitir sentimentos de ansiedade como suposto por Eccles et al. (1989); ou ainda, devido às diferenças vasculares e homeostáticas do gênero feminino como atribuído por Eggleston (1980).

O IDATE, segundo Alencar Júnior (1997), pode medir a ansiedade como um estado emocional transitório (estado) e como uma característica de personalidade mais definitiva e estável (traço), possibilitando uma análise mais completa e fiel da ansiedade como fator psicológico nas DTM. Pois, quando se utiliza a escala Ansiedade-Estado (“Como estou me sentindo”), provavelmente avalia-se a ansiedade como uma possível conseqüência da disfunção; e, quando se utiliza a escala Ansiedade-Traço (“Como eu geralmente me sinto”), observa-se a ansiedade não mais como um estado emocional, e sim como uma característica ou traço da personalidade, que provavelmente estava presente no indivíduo antes do aparecimento da disfunção, o que poderia indicar uma relação etiológica da ansiedade na DTM.

A análise estatística, utilizando o Teste de correlação de Pearson, mostrou uma correlação positiva, estatisticamente significante, de 0,1187 (p<0,05) para a Ansiedade-Estado e de 0,3230 (p<0,01) para a Ansiedade-Traço. A correlação pode variar de +1 a -1, indicando uma relação direta ou inversa. No caso em questão, houve correlação positiva, mostrando que quando o grau de DTM aumentou, o nível de ansiedade também aumentou; para o “Estado” e, principalmente para o “Traço”.

Estes dados são semelhantes aos descritos no estudo de Southwell, Deary e Geissler (1990) com 32 pacientes com DTM e 32 controles sem DTM, no qual os maiores escores tanto na escalas de “Ansiedade-Estado” quanto na de “Traço” foram encontrados nos pacientes com disfunção; porém somente a diferença na escala de Ansiedade-Traço foi estatisticamente significantes (p<0,05), concluindo que a ansiedade é uma característica significante nos pacientes com DTM.

A maior dificuldade encontrada na realização dos trabalhos de pesquisa em pacientes com DTM é a homogeneidade da amostra e a falta de padronização nos critérios de diagnóstico, o que dificulta avaliações comparativas entre os vários estudos.

Além disso, outra dificuldade é a questão da análise estatística. A correlação nos permite afirmar apenas que: quando uma variável aumenta, a outra pode se manter constante, diminuir ou aumentar, mas não como uma relação de causa e efeito. Portanto, baseado estritamente no teste não se pode afirmar com certeza absoluta que a ansiedade causou ou foi conseqüência de alguma desordem. Entretanto, é possível que para alguns indivíduos o seu efeito seja transitório, ocorrendo apenas no momento da aplicação do teste; contudo em outros, seu efeito desencadeia mecanismos homeostáticos responsáveis pelo aumento da tensão muscular, que assim poderia levar a desenvolver algum tipo de doença no aparelho estomatognático.

CONCLUSÔES

REFERÊNCIAS

Dentro dos limites da metodologia empregada e diante dos resultados obtidos, pode-se concluir que: 1) O grau de disfunção temporomandibular foi mais elevado no sexo feminino e o nivel de ansiedade não foi diferente entre os gêneros masculino e feminino; 2) Estatisticamente houve correlação positiva entre DTM e ansiedade, principalmente quando comparou à Ansiedade-Traço;

3) Fica o alerta aos odontopediatras: dê maior atenção ao desenvolvimento da criança na infância e na adolescência, sendo estas as melhores fases para prevenir problemas futuros; seja por meio de procedimentos terapêuticos reversíveis e conservadores ou por meio de encaminhamento psicólogico.

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Recebido em: 18/09/06

Enviado para Reformulação: 19/01/07 Aceito para Publicação: 29/01/07

Correspondência:

André Vinícius Marchiori Avenida Pintos, 1341 - Centro

Jaboticabal/SP CEP 14870-120 Telefone: (16) 3202-1478

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