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EROSÃO EM MARGENS DEPLEÇÃO DA UHE CAPIVARI-CACHOEIRA (GOVERNADOR PEDRO VIRIATO PARIGOT DE SOUZA) PR-BRASIL

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XI Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos

EROSÃO EM MARGENS DE RESE

DEPLEÇÃO DA UHE CAPIVARI

VIRIATO PARIGOT DE SOUZA) PR

Manoella de Souza Soares

RESUMO --- A área de depleção de reservatórios artificiais est

erosivos com relevantes consequências socioeconômicas e ambientais. Nesta faixa dos

artificiais as taxas de erosão apresentam variações no tempo e no espaço, como consequência da atuação principalmente de fatores como variação do nível da água, ação de ondas e escoamento superficial, e de características locais associadas à topografia e as propriedades do solo. Neste trabalho foram realizados levantamento

da área de depleção do reservatório da UHE Capivari

de Souza) PR/Brasil. Com base na geometria dos perfis atuais lev

para reconstituição, nestas mesmas seções, da topografia anterior à implantação do reservatório. Esta técnica permitiu estimar o volume unitário erodido ao longo da seção. A distribuição da erosão ao longo da seção transversal mostrou correlação com a permanência do nível da água observado ao longo do período, indicando a atuação das ondas como principal fator erosivo. Por outro lado, a grande variação no volume unitário erodido total para os diferentes locais avaliados, mostr existem outros fatores que afetam a variação espacial da erosão ao longo das margens do reservatório.

ABSTRACT --- Bank erosion in artificial reservoirs cause relevant socioeconomic and environmental impacts. Spatial and temporal variations of erosio

related to factors such as water levels, waves and runoff, local topography and soil characteristics. In this study, topographical surveys

cross sections at UHE

Capivari-PR/Brazil, reservoir banks. Characteristics of the surveyed cross sections were used to apply a method to estimate the cross sections at the same locations before the reservoir installation. This technique allowed the est

The distribution of erosion along the cross section showed correlation with water level observed over the period, indicating that waves

Nevertheless, the wide variation in the total unit eroded volume for different locations evaluated, suggested that other factors affect the spatial variation of erosion along the banks of the reservoir.

Palavras-chave: erosão, margem de reservatório, faixa de depleção.

1 Mestranda em Geografia do Programa de Pós Graduação em Geografia da UFPR manoella.souza.soares@gmail.com

2 Doutorando em Geografia do Programa de Pós Graduação em Geografia da UFPR gilsonb.schultz@gmail.com

3 Professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Pa

EROSÃO EM MARGENS DE RESERVATÓRIO: ESTUDO DA ÁREA DE

DEPLEÇÃO DA UHE CAPIVARI-CACHOEIRA (GOVERNADOR PEDRO

ATO PARIGOT DE SOUZA) PR-BRASIL

Manoella de Souza Soares1; Gilson Bauer Schultz2 & Irani dos Santos

A área de depleção de reservatórios artificiais está sujeita à ação de processos erosivos com relevantes consequências socioeconômicas e ambientais. Nesta faixa dos

apresentam variações no tempo e no espaço, como consequência da atuação principalmente de fatores como variação do nível da água, ação de ondas e escoamento superficial, e de características locais associadas à topografia e as propriedades do solo. Neste levantamentos topográficos em nove seções transversais representativas da área de depleção do reservatório da UHE Capivari-Cachoeira (Governador Pedro Viriato Parigot de Souza) PR/Brasil. Com base na geometria dos perfis atuais levantados foi aplicado um método para reconstituição, nestas mesmas seções, da topografia anterior à implantação do reservatório. Esta técnica permitiu estimar o volume unitário erodido ao longo da seção. A distribuição da erosão l mostrou correlação com a permanência do nível da água observado ao longo do período, indicando a atuação das ondas como principal fator erosivo. Por outro lado, a grande variação no volume unitário erodido total para os diferentes locais avaliados, mostr existem outros fatores que afetam a variação espacial da erosão ao longo das margens do

Bank erosion in artificial reservoirs cause relevant socioeconomic and environmental impacts. Spatial and temporal variations of erosion rates in this areas are related to factors such as water levels, waves and runoff, local topography and soil characteristics. In this study, topographical surveys were carried out at nine representative - Cachoeira (Governador Pedro Viriato Parigot de Souza) haracteristics of the surveyed cross sections were used to apply a method to estimate the cross sections at the same locations before the reservoir allowed the estimation of unit eroded volume along the section. The distribution of erosion along the cross section showed correlation with

water level observed over the period, indicating that waves are the main erosion factor. iation in the total unit eroded volume for different locations evaluated, suggested that other factors affect the spatial variation of erosion along the

erosão, margem de reservatório, faixa de depleção.

Mestranda em Geografia do Programa de Pós Graduação em Geografia da UFPR - Centro Politécnico da UFPR em Geografia do Programa de Pós Graduação em Geografia da UFPR - Centro Politécnico da UFPR

Universidade Federal do Paraná/ Centro Politécnico da UFPR. Curitiba (PR). Email: Irani@ufpr.br 1

VATÓRIO: ESTUDO DA ÁREA DE

CACHOEIRA (GOVERNADOR PEDRO

Irani dos Santos3

sujeita à ação de processos erosivos com relevantes consequências socioeconômicas e ambientais. Nesta faixa dos reservatórios apresentam variações no tempo e no espaço, como consequência da atuação principalmente de fatores como variação do nível da água, ação de ondas e escoamento superficial, e de características locais associadas à topografia e as propriedades do solo. Neste em nove seções transversais representativas Cachoeira (Governador Pedro Viriato Parigot antados foi aplicado um método para reconstituição, nestas mesmas seções, da topografia anterior à implantação do reservatório. Esta técnica permitiu estimar o volume unitário erodido ao longo da seção. A distribuição da erosão l mostrou correlação com a permanência do nível da água observado ao longo do período, indicando a atuação das ondas como principal fator erosivo. Por outro lado, a grande variação no volume unitário erodido total para os diferentes locais avaliados, mostra que existem outros fatores que afetam a variação espacial da erosão ao longo das margens do Bank erosion in artificial reservoirs cause relevant socioeconomic and n rates in this areas are related to factors such as water levels, waves and runoff, local topography and soil nine representative or Pedro Viriato Parigot de Souza) haracteristics of the surveyed cross sections were used to apply a method to estimate the cross sections at the same locations before the reservoir of unit eroded volume along the section. the duration of are the main erosion factor. iation in the total unit eroded volume for different locations evaluated, suggested that other factors affect the spatial variation of erosion along the

Centro Politécnico da UFPR. Curitiba (PR). Email: Centro Politécnico da UFPR. Curitiba (PR). Email:

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XI Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos 2

INTRODUÇÃO

A compreensão da intensidade e localização das ocorrências de processos erosivos em margens de reservatórios é de fundamental importância, tendo em vista que esses processos têm como consequência impactos econômicos, sociais e ambientais. A remoção do material das margens tem como efeitos a contribuição de sedimentos para o reservatório (ELÇI et al, 2007), recuo das margens oferecendo perigo à edificações e patrimônio arqueológico pela descaracterização de sítios eventualmente existentes.

De acordo com GATTO e DOE (1987) os principais fatores relacionados à erosão em margens de reservatórios ocorrem pela ação das ondas causadas por vento e embarcações, erosão hídrica por salpicamento, escoamento superficial e deslizamentos. Estes processos erosivos são dependentes de diversos fatores, estando relacionados principalmente à morfologia do reservatório, condições meteorológicas e pedológicas da área.

A faixa de depleção de um reservatório consiste na área da margem sobre influência direta da variação do nível do lago. É nesta faixa que os processos erosivos se intensificam. Segundo GIBERTONI et al (2011), o alto potencial erosivo dessas áreas tem suas origens nas ações das ondas formadas pelo vento, na alta declividade das bordas, bem como na variação do nível do reservatório, saturação e fragilidades do solo. De acordo Geomorphic Solutions (2011), o principal fator erosivo em margens de reservatórios é a frequência das ondas que o atinge e que a intensidade do processo erosivo depende ainda de: nível da água no reservatório, ou seja, o ponto da margem que é atingido pela onda; o tamanho da onda; a morfologia da margem, especialmente se está é côncava ou convexa e sua declividade; e suas características pedológicas (McGreal, 1979; Ruggiero et al, 200; Sallenger et al, 2002, Swenson et al, 2006).

BROWN et al, (2005) afirmam que apesar de outros fatores atuarem no processo de erosão da margem de lagos, como a precipitação, a energia das ondas em águas profundas e a frequência das chuvas, eles podem ser desconsiderados por sua pequena importância quando comparada a variação do nível do reservatório e atuação das ondas. A importância destes dois fatores se dá pela energia das ondas dissipada contra a margem, que desagrega o solo favorecendo os demais agentes erosivos, como pelo escoamento superficial e a lavagem dos finos que a variação do nível do reservatório exerce sobre a margem. A compreensão desse fenômeno mostra-se essencial para os estudos de erosão de margens em reservatórios, pois diferentemente dos rios, os mesmos apresentam superfície de água suficiente para a formação de ondas.

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XI Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos 3 Além do poder de desagregação do solo, as ondas possuem interfase direta com o transporte de sedimentos. Segundo Soulsby, (1997), as interações onda e transporte de sedimentos são:

• A movimentação gerada pela onda, quando esta atinge o fundo, faz com que os sedimentos depositados no fundo tornem a suspensão e sejam difundidos pela camada limite da onda, também conhecido como camada de mistura. Caso haja a presença de correntes, esses sedimentos podem ser transportados na direção do fluxo.

• Devido ao gradiente de tensão de radiação4 da onda, na zona de arrebentação, correntes longitudinais são geradas, transportando sedimentos em direção paralela à margem.

• A assimetria do movimento ondulatório, em que a velocidade orbital da onda é maior embaixo da crista do que no vale; gera um transporte de sedimentos direcionado à margem, no momento no qual a movimento é predominante na direção da onda. • A defasagem do movimento da onda entre a superfície e o fundo provoca diferença de

pressão, gerando transporte de sedimentos na camada limite da onda em direção à margem.

• As correntes de retorno geradas por ondas perto do fundo na zona de arrebentação tendem a transportar sedimentos na direção oposta à margem. Ondas geram uma corrente de retorno perto do fundo na zona de arrebentação, que podem transportar sedimentos na direção de águas abertas.

Importante salientar que estes processos ocorrem simultaneamente, além das especificidades locais da ondulação e da profundidade. Por exemplo, na zona de arrebentação, a mistura vertical é mais intensa, uma vez que há turbulência gerada na superfície pela quebra da onda e dissipação de energia no fundo (ROSENHAGEN, 2013).

Tendo em vista a importância do nível do reservatório como fator que determina a área de ocorrência da erosão por ondas, estudos que avaliem esta relação tem potencial para trazer aumento na compreensão dos processos de erosão em reservatórios além de possibilitar o desenvolvimento de métodos que utilizem parâmetros prontamente disponíveis.

4 Gradiente de tensão de radiação: “Toda onda (progressiva) transporta energia e momentum (“A quantidade de

movimento linear de uma partícula é, por definição, a grandeza vetorial resultante da multiplicação da massa da partícula pela velocidade que ela apresenta em um certo instante” MORS, 2008), os quais são função da altura da onda. Se o fluxo médio de momentum associado a uma dada onda – conhecido como ‘Teoria de Radiação’ (LONGUET-HIHHINS E STEWART, 1964) – apresentar um gradiente, haverá o aparecimento de uma força” (MELO, 2002).

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XI Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos 4 Neste trabalho é proposto um método para estimar as taxas erosivas em margens de reservatório utilizando levantamento topográfico de seções transversais representativas da área de depleção do reservatório da UHE Capivari-Cachoeira (Governador Pedro Viriato Parigot de Souza) PR/Brasil, tendo como objetivo verificar a influência do nível de reservatório no processo erosivos das margens.

MATERIAL E MÉTODO Área de estudo

O reservatório da UHE Capivari-Cachoeira (Figura 1) está localizado entre os municípios de Campina Grande do Sul e Bocaiuva do Sul no estado do Paraná. Situado no Primeiro Planalto Paranaense, na área limítrofe com a Serra do Mar, o que influencia o clima e a vegetação ainda bem preservada no entorno do reservatório.

Figura 1: Mapa de Localização da UHE Capivari-Cachoeira.

O clima regional pode ser classificado como subtropical úmido, tipo mesotérmico, caracterizado por não possuir uma estação seca bem definida, verões quentes e invernos com geadas

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XI Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos 5 esporádicas. Esta variação de temperaturas influência a vegetação que apresenta características florísticas de uma Floresta Ombrófila Densa do tipo Montana e sub-montana.

A área de drenagem do rio Capivari até o reservatório é de 945 km², sendo afluente da bacia hidrográfica do Ribeira do Iguape, próxima ao limite dos estados de Paraná e São Paulo. Com uma área de aproximadamente 12 km², o lago possui volume de 156 hm³ e profundidade média de 14m e máxima de 43m (Carvalho, 2009).

Estimativa de erosão

O reservatório da UHE Capivari-Cachoeira teve enchimento em outubro de 1970 e desde então a faixa de depleção variou entre a cota mínima observada de 830,2 m em 28/07/2000 e a cota máxima observada de 845,37 m em 21/01/1997. A Figura 2 mostra a curva de permanência dos níveis do reservatório no período de operação, juntamente com o nível observado por ocasião dos levantamentos topográficos das seções realizados no presente estudo.

Neste trabalho foi realizado levantamento topográfico em nove seções transversais representativas da área de depleção do reservatório (Figura 1). O levantamento foi realizado com Estação Total e GPS de precisão para georreferenciamento. Devido à falta de chuvas do verão de 2013/2014 durante o levantamento o reservatório apresentava cota historicamente baixa (em torno de 834m), possibilitando mensurar uma área representativa da faixa de depleção (Figura 2).

Figura 2: Curva de permanência de cota do reservatório e cota no momento dos levantamentos 830 832 834 836 838 840 842 844 846 848 0% 20% 40% 60% 80% 100% N ív e l d o r e se rv a ri o ( m ) Tempo Série histórica

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XI Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos 6 Com a medida da declividade da encosta acima da faixa de depleção, e a partir da geometria dos perfis atuais levantados foi aplicado um método para reconstituição, nestas mesmas seções, obtendo a topografia aproximada do período de implantação do reservatório. Esta técnica permitiu estimar o volume unitário erodido ao longo da seção. No caso deste reservatório, a erosão das margens se comporta como erosão em encosta causando retirada de material sem ocorrência de solapamentos e escorregamentos, ou seja, fazendo com que as técnicas de medição da regressão do barranco, bastante utilizadas em reservatórios, não sejam aplicáveis para a área. Na Figura 3 é possível visualizar que o barranco da margem está numa cota, em que no regime médio do reservatório, pouco sofre influencia direta do reservatório. Desta forma a compreensão da erosão ao longo da faixa mostra se mais relevante do que a regressão do barranco.

Figura 3: Seção 2 do levantamento topográfico na UHE Capivari-Cachoeira – PR.

A parte da seção levantada acima da zona de depleção é caracterizada pela presença de vegetação e não tem influência do reservatório nos processos erosivos. Sendo assim, foi considerada como uma área sem erosão que preserva a forma da seção anterior à instalação do reservatório. Utilizando-se a Equação 1 foi estimada a topografia da seção original, anterior a implantação do reservatório, por meio da projeção linear da porção da encosta atual não erodida.

(

e n

)

n

e z x S

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XI Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos 7 em que: zeé a cota estimada para a margem anterior a ocorrência de erosão na zona de depleção (m); zn é a menor cota levantada na porção não erodida da encosta (m); ∆xeé a distância entre zn e o pontos a ser estimado (m); Sn é a declividade da porção da encosta sem erosão (m/m).

Com a obtenção desses perfis anteriores aos processos erosivos na área de depleção, foi estimado o volume unitário erodido (Ve), utilizando a Equação 2, considerando a variação de cota e a distância entre dois pontos:

2 ) ( ) (Z , Z , Z , 1 Z , 1 L Ve = exmx + ex+ − mx+ ⋅ (2)

em que: Veé o volume unitário erodido (m³/m); Ze,xé a cota estimada para cada distância x (m); x

m

Z , é a cota medida para cada distância x (m) e L é a distância entre os dois pontos x e x+1 (m). Esta técnica de levantamento topográfico de seções representativas se assemelha a sugerida por GATTO (1988), com a diferença de que o autor sugere um monitoramento da borda do reservatório, porém em virtude do regime do reservatório em questão a área de estudo não está exposta por tempo suficiente para um monitoramento contínuo. Sendo assim, este método visa a aplicação de uma técnica simples e rápida para momentos excepcionais em que o nível do reservatório esteja reduzido. Obviamente, em reservatório com levantamento topográfico detalhado anterior ao enchimento, sem a necessidade de reconstituição desta informação, os resultados serão mais robustos.

Com os valores erodidos ao longo da seção foi possível avaliar a correlação com a permanência da cota do reservatório. Esta análise tem por objetivo avaliar a dependência do processo erosivo à presença do nível da água em determinada posição da seção.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Figura 4 mostra a comparação dos perfis topográficos medido e estimado para uma seção da margem do reservatório. A projeção da encosta a montante da faixa de depleção mostrou-se condizente com a escala e a topografia do entorno. Os perfis gerados apresentam, assim, coerência física e demonstram claramente a diferença entre o valor de cota estimado e medido, evidenciando a erosão ocorrida durante o período de existência do reservatório. Análises pedológicas posteriores

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XI Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos 8 serão realizadas, mas já é possível observar a remoção dos horizontes A e B do solo da encosta, mostrando coerência entre os valores obtidos.

Figura 4: Perfil topográfico da seção 1 da UHE Capivari-Cachoeira.

Avaliando-se as seções individualmente nota-se que existe relação diretamente proporcional entre o volume unitário erodido ao longo do perfil com o tempo de permanência do nível do reservatório na cota correspondente (Figura 5). Este comportamento foi verificado em todos os perfis avaliados, mesmo tendo ocorrido grande variação no volume total erodido para as diferentes seções, como mostra a Tabela 1.

A compilação da proporção dos volumes erodidos por faixa de cota de todos os perfis analisados com a permanência para as mesmas cotas evidenciou a influência do nível do reservatório com o volume erodido (Figura 6). Nota-se um comportamento geral mostrando que quanto mais tempo sob influência do nível do reservatório maior o volume proporcionalmente erodido no perfil. 830 835 840 845 850 855 0 10 20 30 40 50 C o ta ( m ) Distância (m) Cota medida Cota Estimada

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XI Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos 9 Figura 5: Relação entre tempo de permanência com a proporção do volume erodido (seção 1)

Tabela 1 – Volume erodido por faixa de cota para as seções levantadas

Seção 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Proporção do volume unitário médio por faixa

de cota (%) Número de pontos5 24 43 44 32 16 57 39 31 26 Volume total (m³) 9,24 3,65 13,95 4,61 1,73 3,21 6,34 13,00 4,96 P ro po ão d o vo lu m e un it ár io p or fa ix a de c ot a (% ) 845 - 844 17,6 9,3 4,6 18,2 6,6 0,0 15,4 4,3 31,5 11,94 844 - 843 17,7 13,4 7,1 15,3 11,8 0,0 3,4 8,0 33,3 12,24 843 - 842 12,0 11,2 16,3 7,1 9,3 2,6 19,4 5,5 20,8 11,59 842 - 841 7,3 12,3 9,4 13,2 9,5 1,4 5,5 18,0 2,0 8,73 841 - 840 7,4 7,7 11,4 11,8 15,4 2,4 7,2 24,4 2,7 10,05 840 - 839 10,6 14,3 9,2 3,0 15,4 1,7 8,3 8,5 9,7 8,97 839 - 838 8,0 14,1 8,4 13,2 13,6 1,5 7,3 7,7 0,0 8,21 838 - 837 3,5 6,4 10,8 7,6 13,4 0,5 6,0 7,1 0,0 6,16 837 - 836 8,6 2,1 10,7 2,0 4,9 1,8 12,7 4,4 0,0 5,25 836 - 835 6,0 6,1 8,5 7,3 0,0 2,6 10,3 1,7 0,0 4,70 835 - 834 1,1 2,4 3,6 1,3 0,0 1,1 4,5 0,6 0,0 1,61

Quando são considerados conjuntamente todos os perfis levantados, nota-se ainda uma boa correlação indicando também uma relação direta entre o volume unitário erodido ao longo dos perfis com o tempo de permanência do nível do reservatório (Figura 7). Este comportamento mostra uma importante contribuição da ação das ondas na erosão das margens de reservatórios, cuja atuação obviamente está associada com a permanência do nível do reservatório. Por outro lado, estes resultados mostram também a existência de outros fatores atuantes, evidenciado pela dispersão y = 0,7215x + 0,0021 R² = 0,7724 0% 2% 4% 6% 8% 10% 12% 14% 0% 5% 10% 15% 20% P e rm a n ê n ci a e sp e fi ca d o n ív e l

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XI Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos 10 dos pontos e o valor do coeficiente de determinação, que explica 68% dos dados observados (Figura 7).

Destaca-se ainda a grande variação do volume erodido entre os perfis levantados, mostrando também que existem outros fatores que afetam a erosão das margens de reservatórios. Dentre eles destaca-se o tamanho da onda, que varia espacialmente ao longo das margens do reservatório em função da variação do Fetch (pista de vento) e mesmo de eventual variação espacial da intensidade do vento. Outro fator relevante pode ser a distribuição espacial das propriedades físico-hídricas e geotécnicas do solo.

Figura 6: Proporção do volume erodido e permanência específica por faixa de cota 830 832 834 836 838 840 842 844 846 848 850 0% 5% 10% 15% 20% 25% C o ta ( m )

Proporção do volume erodido (média por faixa de cota) Permanencia específica

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XI Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos 11 .

Figura 7: Relação entre proporção do volume erodido e a permanência especifica por faixa de cota.

Stroosnijder (2005) ao analisar as técnicas atualmente adotadas e as dificuldades encontradas em campo na mensuração de processos erosivos evidencia as dificuldades de realizar medições com frequência e acurácia suficientes para caracterizar tais processos, além da complexidade destes métodos. Neste sentido, o método proposto possibilitou uma estimativa de longo período e de fácil aplicação, que possibilita a investigação do processo de erosão em margens de reservatórios, com levantamentos topográficos que podem ser realizados com poucas visitas a campo.

Não obstante a importância da temática de erosão em margens de reservatórios observa-se um grande número de trabalhos ligados à potencialidade de erosão, numa abordagem muito mais qualitativa do que quantitativa da questão (FERNANDEZ e FULFARO, 2000; GIBERTONI et al, 2011; RAMOS et al., 2012; HERNÁNDEZ, 2014).

CONCLUSÕES

Para este trabalho, que apresenta uma proposta de método para estimativa da erosão de margens, foram levantadas nove seções transversais representativas da área de depleção do reservatório da UHE Capivari-Cachoeira (Governador Pedro Viriato Parigot de Souza) PR/Brasil. Com base na geometria das encostas e dos perfis atuais levantados foi aplicado uma técnica de reconstituição, por projeção linear, obtendo a estimativa da topografia anterior à implantação do reservatório. Esta técnica permitiu estimar o volume unitário erodido ao longo das seções.

y = 1,4844x - 3,6142 R² = 0,6798 0 5 10 15 20 25 0 2 4 6 8 10 12 14 P ro p o ã o d o v o u m e e ro d id o ( % ) Permanência especifica (%)

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XI Encontro Nacional de Engenharia de Sedimentos 12 A distribuição da erosão ao longo da seção transversal mostrou correlação com a permanência do nível da água observado ao longo do período, indicando a atuação das ondas como principal fator erosivo. A atuação das ondas está fortemente relacionada ao nível do reservatório, pois o mesmo define a faixa em que a onda atinge a margem dissipando sua energia na desagregação dos sedimentos.

Por outro lado, a grande variação do volume erodido entre os perfis levantados mostra que existem outros fatores que afetam a erosão das margens de reservatórios. Dentre eles destaca-se o tamanho da onda, que varia espacialmente ao longo das margens do reservatório em função da variação do Fetch (pista de vento) e mesmo de eventual variação espacial da intensidade do vento. Outro fator relevante pode ser a distribuição espacial das propriedades físico-hídricas e geotécnicas do solo.

O método de levantamento topográfico de seções na margem do reservatório e estimativa do volume unitário erodido produziu resultados coerentes com os processos observados na área. Pela simplicidade na obtenção de dados e aplicação mostra-se promissor quanto à utilização em outros estudos que abordem a erosão nestes ambientes, possibilitando analises rápidas para momentos de estiagem extrema, em que a faixa de depleção encontra-se mais aparente.

AGRADECIMENTOS

Aos membros do Laboratório de Hidrogeomorfologia da Universidade Federal do Paraná (LHG/UFPR) pela cooperação em campo e no desenvolvimento da pesquisa. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão de bolsa aos dois primeiros autores.

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Referências

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