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RESUMO I - INTRODUÇÃO

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Academic year: 2021

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TÍTULO: ATENÇÃO À SAÚDE DAS FAMÍLIAS DA COMUNIDADE MORRO DOS CABRITOS, RIO DE JANEIRO.

AUTORES: Maria Helena do Nascimento Souza, Rosane Harter Griep, Elizabete Araújo Paz Malveira, Olinda Paula Medeiros, Paola Santa Galafassi.

E-Mail: mhnsouza@ibest.com.br

RESUMO

O presente estudo desenvolvido na Comunidade Morro dos Cabritos é do tipo descritivo e tem como objetivos: caracterizar as famílias quanto às condições: sócio-econômicas, ambientais e de saúde; determinar a prevalência de indivíduos com risco para hipertensão, identificar os recursos de saúde utilizados pela população e avaliar o estado nutricional das crianças que freqüentam a Creche Comunitária. O trabalho foi desenvolvido por acadêmicos de enfermagem, supervisionados por docentes da Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ. Os resultados mostraram que: os domicílios eram de alvenaria, com 4 a 5 cômodos; contavam com condições relativamente adequadas de saneamento básico. 80% das famílias possuíam até dois salários mínimos. O índice de indivíduos com história de hipertensão ou com pressão arterial acima de 140x90 mm Hg na ocasião da entrevista foi elevado. Os moradores geralmente procuram o Centro Municipal de Saúde ou o Hospital público próximo à comunidade, quando apresentam algum problema de saúde. Com relação ao estado nutricional das crianças que freqüentam a Creche, verificou-se que das 130 crianças 20% apresentam déficit de peso para a sua idade. Com este trabalho, observou-se que é de fundamental importância o conhecimento do contexto familiar, ambiental e de saúde das famílias residentes em comunidades carentes, pois este possibilita o planejamento de medidas de intervenção bem como a melhoria da qualidade da assistência prestada a essa população.

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O ponto de partida para qualquer informação de saúde é um bom conhecimento da população do distrito sanitário e o número total de pessoas que estão sob risco de necessitar um atendimento.

Em saúde comunitária são necessárias habilidades epidemiológicas para examinar a população como um todo e selecionar os indicadores diagnósticos mais apropriados para descrever os problemas de saúde existentes e explicar sua determinação. Assim, os diagnósticos de saúde da comunidade subsidiam a decisão implantar programas mais efetivos para melhorar a situação de saúde da população (VAUGHAN & MORROW,1997).

No campo da epidemiologia, a principal tarefa da enfermagem é a redefinição da sua prática assistencial e de ensino, principalmente no que concerne ao ancoramento das mesmas na pesquisa epidemiológica. Neste sentido, investigar os principais problemas de saúde referidos pela comunidade, pode ser útil no que diz respeito à discussão e implementação de propostas de intervenções de saúde que busquem transformar o conteúdo das práticas sociais na saúde, bem como suas articulações nas sociedades ou grupos específicos (FONSECA & BERTOLOZZI, 1997).

A prática do enfermeiro em comunidade está integrada em todos os níveis de assistência. Assim sendo, deve prestar assistência complementar, preventiva e terapêutica não só ao indivíduo isoladamente, mas dentro de seu contexto familiar e da comunidade. Para tanto, faz-se necessário a análise de necessidades, a planificação e aplicação de medidas necessárias e a evolução da eficácia da assistência prestada (NERY e col, 1994).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS,1985), numa proposta de trabalho comunitário, o enfermeiro deve estimular a participação da comunidade ativamente no desenvolvimento e aplicação dos programas educativos, ajudar as famílias a assumirem a responsabilidade por sua própria saúde, ensinando os princípios básicos necessários e técnicos do auto-cuidado, dar orientações e apoio a agentes de saúde existentes na comunidade.

1.2. Justiticativa/Relevância

Nos recentes trabalhos de saúde comunitária, nas Unidades Básicas de Saúde, constata-se a necessidade de um melhor conhecimento do perfil epidemiológico e da realidade da população local. A dificuldade em conhecer a freqüência, o tipo e a magnitude da morbidade, nos coloca, muitas vezes, como executores de tarefas sem respaldo do conhecimento da realidade.

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Desta forma, acredita-se que o conhecimento do perfil epidemiológico de uma comunidade pode favorecer a produção de conhecimento em saúde coletiva, permitindo conhecer realidades que nem sempre seriam possíveis no atendimento da população dentro das Unidades de Saúde. Propicia ainda, uma visão mais holística da realidade vivida pelos indivíduos, bem como a compatibilização de plano de assistência de enfermagem à família a partir de suas reais necessidades.

Diante do exposto, verifica-se que outro aspecto relevante nesta investigação é o conhecimento do próprio sistema de serviços de saúde da localidade, sua efetividade, bem como aspectos estruturais do mesmo.

1.3. Objetivos

caracterizar as famílias quanto às condições: sócio-econômicas, ambientais e de saúde;

♦ ♦ ♦ ♦

determinar a prevalência de indivíduos com risco para hipertensão, identificar os recursos de saúde utilizados pela população e

avaliar o estado nutricional das crianças que freqüentam a Creche Comunitária

II – METODOLOGIA

2.1. Tipo de estudo

Trata-se de inquérito domiciliar de morbidade referida. Neste tipo de estudo fator e efeito são observados num mesmo momento histórico (Rouquayrol, 1993 p.169). Segundo esta autora, o inquérito epidemiológico é um método de grande valia para se estimar a prevalência de doenças em determinada região.

2.2. População do estudo

O presente trabalho foi desenvolvido na Comunidade: “Morro dos Cabritos”, situada em Copacabana, em 183 domicílios, num total de 639 moradores e na Creche Comunitária “Cantinho da Natureza”, que possuía 130 crianças.

2.3. Instrumento de coleta dos dados

Foi utilizado formulário de perguntas fechadas, contendo questões referentes às condições do domicílio, situação sócio-econômica, composição familiar, morbidade

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referida, utilização de serviços de saúde, entre outras. E para a coleta dos dados das crianças da creche utilizou-se um formulário contendo dados sobre as condições de saúde infantil, bem como valores de peso e estatura das mesmas.

2.4. Coleta de dados

Os dados foram coletados em 2001 e 2002, pelos alunos do Curso de Graduação em Enfermagem que desenvolvem atividades relacionadas aos Projetos de Extensão desenvolvidos na Comunidade. Os alunos foram previamente treinados para a coleta dos dados, identificação de problemas, plano de assistência de enfermagem, bem como para verificação dos níveis de pressão arterial dos adultos e aferição de peso e estatura das crianças.

2.5 Tratamento dos dados

Após a coleta, os dados foram digitados em computador, utilizando-se software Epi-info (versão 6.0), sendo então distribuídos em tabelas e gráficos, permitindo sua visualização e discussão dos achados.

III - RESULTADOS

A partir do trabalho realizado na comunidade, foi possível o conhecimento das condições sócio-econômicas, ambientais e de saúde das crianças e adultos que residem neste ambiente, bem como a utilização de serviços de saúde, por estes.

Quadro 1 - Características sócio-demográficas e ambientais das famílias estudadas na comunidade Morro dos Cabritos, Copacabana.

_________________________________________________________ Características Frequência (%) _________________________________________________________ Tipo de construção madeira 1,1 alvenaria 97,8 mista (madeira e alvenaria) 1,1 No. de cômodos

3 21,0 5 - 6 61,0 > 7 18,0

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Saneamento básico rede de esgoto 92,0 rede de água 100,0 Tratamento da água filtra 78,7 fervura 3,4 cloro 4,5 nenhum 13,5 Renda percapta (sm) 1,0 a 2 45,4 2,1 a 3 23,0 > 3,1 32,0 __________________________________________________________

Com relação ao material utilizado para a construção do domicílio, verificou-se que havia um predomínio de casas construídas de alvenaria, 97,8%, sendo que estas possuíam de cinco a seis cômodos (Quadro 1). Tal fato pode ser decorrente de uma maior estabilidade da favela na região, o que leva essa população a investir na melhoria das suas condições de vida, mesmo habitando em locais de risco ou condições precárias.

O quadro 1 mostra ainda, que os domicílios estudados possuíam uma cobertura adequada das redes públicas de água e esgoto. No entanto, SIGULEM & SOLYMOS (1992), estudando a população moradora em favelas verificaram que neste ambiente, muitas vezes as ligações de água e esgoto ocorriam de maneira clandestina. Assim, as condições precárias de encanamento possibilitam o contato dos dejetos com a rede de água, ou mesmo com os moradores na ocasião de enchentes. Desta forma, nota-se que é de extrema importância o tratamento da água utilizada para beber, o que ocorre em apenas 78,7% dos domicílios estudados. SOUZA (1992), afirma que as condições satisfatórias do saneamento domiciliar exercem uma influência significativa na determinação do estado de saúde de uma população.

Com relação à renda per capta observou-se que cerca de 45% das famílias possuíam uma renda de 1 a 2 salários-mínimos, representado as precárias condições de vida de grande parte desta população.

Tabela 1 – Distribuição da população estudada quanto aos valores de pressão arterial. Valor da Pressão Arterial (mmHg) %

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> 140 x 90 31,9

Total 100,0 A tabela 1 mostra o alto índice de indivíduos que apresentaram pressão arterial elevada na ocasião da aferição no domicílio. Segundo dados do Ministério da Saúde (BRASIL, 2001) a prevalência estimada de hipertensão arterial no país é de 20%, constituindo um importante problema de saúde pública.

Tabela 2 – Distribuição da população estudada quanto a utilização de serviços de saúde, na ocorrência de algum problema de saúde.

Serviço de saúde %

Centro Municipal de Saúde 40,0

Hospitais públicos 55,0

Plano de Saúde ou particular 5,0

Total 100,0 Quanto a procura de serviço de saúde, observou-se que a maior parte da população utiliza os hospitais públicos ou o Centro Municipal de Saúde. Vários estudos apontam para a importância da implementação dos diversos níveis de atenção do Sistema Único de Saúde, especialmente o nível primário de atenção, uma vez que a grande maioria dos casos que aparecem na emergência hospitalar poderiam ter sido resolvidos na rede básica (BRASIL, 2001).

Tabela 3 – Distribuição das crianças atendidas na Creche Cantinho da Natureza quanto o estado nutricional, dezembro 2001.

Estado nutricional %

normal 80,0

desnutrida (P/I < 90,0%) 20,0

Total 100,0 Com relação ao estado nutricional das crianças que freqüentavam a creche, notou-se uma alta taxa de crianças com déficit de peso para a idade. De acordo com a Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde - PNDS (BRASIL, 1996) a prevalência de desnutrição entre as crianças da região Sudeste, menores de 5 anos era de 25%, e era considerada

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elevada. Tal fato, aponta para a necessidade de um maior acompanhamento destas crianças até a recuperação do estado nutricional, visando a melhoria da sua qualidade de vida.

IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este trabalho, observou-se que é de fundamental importância o conhecimento do contexto familiar, ambiental e de saúde das famílias residentes em comunidades carentes, pois este possibilita o planejamento de medidas de intervenção bem como a melhoria da qualidade da assistência prestada a essa população.

V- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARCHER, Sarah Ellen. Enfermeria de Salud Comunitária. Califórnia. OPAS/MS,1997 BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE - Pesquisa Nacional sobre Demografia e

Saúde.Brasília. Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição, 1996b.

BRASIL, Ministério da Saúde. Hipertensão arterial sistêmica e Diabetes Mellitus – protocolo. Cadernos de Atenção Básica n 7. Brasília, 2001.

BRASIL, Ministério da Saúde. Programa de Saúde da Família, Brasília, 1996. ELSEN, Ingrid, e col. Marcos para a prática de enfermagem com famílias. Florianópolis, Ed. da UFSC, 1994.

FONSECA,R.M.G.S. da & BERTOLOZZI,M.R. A epidemiologia social e a assistência Hucitec, 1997.

KAWAMOTO, E.E. e col. Enfermagem Comunitária. São Paulo, EPU, 1995 Luzzatto Ed.,1994

NERY, M.H. da S. e col. Enfermagem em Saúde Pública. Porto Alegre. Sagra-DC ROUQUAYROL, Maria Zelia. Epidemiologia & Saúde, MEDSI, 4ª ed., 1993.

SIGULEM, D.M. & SOLYMOS - Relatorio 2: Projeto Favela de Vila Mariana. São Paulo, Escola Paulista de Medicina, 1992 (mimeo)

SOUSA, F.J.P. - Pobreza, desnutrição e mortalidade infantil - condicionantes sócio-econômicos. Fortaleza: IPLANCE/UNICEF, 1992.

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VAUGHAN,J.P. & MARROW, R.H. Epidemiologia para Municípios. Série Didática – Enfermagem no SUS, ABEn, 1997.

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