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MÉTODOS ALTERNATIVOS PARA A RECUPERAÇÃO DE NASCENTE EM UMA PROPRIEDADE RURAL NO ASSENTAMENTO PADRE JOSIMO TAVAREZ EM SÃO JOSÉ DO POVO MT

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Academic year: 2021

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(1)

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS

CURSO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

MÉTODOS ALTERNATIVOS PARA A

RECUPERAÇÃO DE NASCENTE EM UMA

PROPRIEDADE RURAL NO ASSENTAMENTO

PADRE JOSIMO TAVAREZ EM SÃO JOSÉ DO POVO

– MT

BACHAREL EM ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

LUIS FELIPE OLIVEIRA SILVA

(2)

Rondonópolis, MT – 2018

MÉTODOS ALTERNATIVOS PARA A RECUPERAÇÃO DE

NASCENTE EM UMA PROPRIEDADE RURAL NO ASSENTAMENTO

PADRE JOSIMO TAVAREZ EM SÃO JOSÉ DO POVO – MT

Por

Luis Felipe Oliveira Silva

Monografia apresentada à Universidade Federal de Mato Grosso

como parte dos requisitos do Curso de Graduação em Engenharia

Agrícola e Ambiental para a obtenção do título de bacharel em

Engenharia Agrícola e Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. José Adolfo Iriam Sturza

Rondonópolis – Mato Grosso – Brasil

2018

(3)

Universidade Federal de Mato Grosso

Instituto de Ciências Agrárias e Tecnológicas

Engenharia Agrícola e Ambiental

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o trabalho de curso.

MÉTODOS ALTERNATIVOS PARA A RECUPERAÇÃO DE

NASCENTE EM UMA PROPRIEDADE RURAL NO ASSENTAMENTO

PADRE JOSIMO TAVAREZ EM SÃO JOSÉ DO POVO – MT

Elaborado por

Luis Felipe Oliveira Silva

Como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em

Engenharia Agrícola e Ambiental

Comissão Examinadora

_________________________________________________________

_

Prof. Dr. José Adolfo Iriam Sturza (Orientador)

UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso

_________________________________________________________

_

Eng.

a

Nerisa Tasila Arthman de Oliveira

Engenheira Agrícola e Ambiental

_________________________________________________________

_

Prof. Dr. Marcos Henrique Dias Silveira

UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso

(4)

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ser o pilar central em minha

vida e sempre dar a força necessária para continuar a caminhada

acadêmica.

Maria Januária da Silva, figura presente e constante de Avó

materna, incentivadora e facilitadora, desde a minha alfabetização até a

graduação.

Ângela Maria Oliveira da Costa, mãe incentivadora, vezes ausente

pelas circunstâncias da vida, mas sempre presente pela vontade,

batalhadora e orgulhosa das conquistas dos filhos.

Ao irmão, Flávio Oliveira Silva, amigo e companheiro desde a

infância.

Agradeço a minha namorada, Amanda Rodrigues da Silva por sua

paciência, compreensão e apoio de todas as horas.

Expresso minha gratidão também ao professor José Adolfo Iriam

Sturza, homem honrado e de coração grande, que me orientou,

aconselhou e acreditou no meu potencial.

Agradeço aos meus amigos de graduação que levarei para a vida

toda, Jonanthan Valença, Roney Dalla Costa, Hebert Cândido, Guilherme

Cardoso, João Paulo Rodrigues, Ednéia Ogawa, Helyne Bomfim, Otoniel

Norato.

(5)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS

ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

MÉTODOS ALTERNATIVOS PARA A RECUPERAÇÃO DE

NASCENTE EM UMA PROPRIEDADE RURAL NO ASSENTAMENTO

PADRE JOZIMO EM SÃO JOSÉ DO POVO – MT

Graduando: Luis Felipe Oliveira Silva Orientador: Dr. José Adolfo Iriam Sturza

RESUMO

Esse trabalho apresenta a relevância e a situação das áreas de preservação permanente, com foco em nascentes do tipo olho d’água nos assentamentos rurais, tomando o exemplo uma propriedade no assentamento Padre Jozimo Tavarez em São José do Povo, Mato Grosso. A pesquisa buscou no referencial teórico, uma forma de propor a recuperação de um olho d’água de forma que levasse em conta a situação financeira do proprietário. O estudo possui um caráter exploratório, pois foi elaborado com limitação de ferramentas tecnológicas, utilizando dos recursos mais acessíveis. Os dados foram obtidos com ajuda do programa computacional Google Earth, confrontados com informações levantadas no local e referenciadas com o Novo Código Florestal Brasileiro. De forma geral, observou-se que as necessidades individuais, em termo de produção, são determinantes na degradação dos recursos naturais. A abertura de novas áreas para o pastejo de animais e o desconhecimento quanto a proteção e conservação de APPs, foram identificados como principais modos de impactar e degradar as áreas de preservação permanente. Esses impactos são caracterizados pela supressão e não recomposição de mata ciliar, uso dessas áreas para a dessedentação animal que gera pisoteio fazendo com que essa área de preservação permanente se encontre atualmente em não consonância com a lei necessitando de ajustes. O trabalho apresenta, ainda que superficialmente, a importância socioambiental e socioeconômica das nascentes aos moradores de assentamentos. Conclui-se que a nascente observada apresenta diferentes níveis de degradação, necessitando de uma intervenção técnica para a sua recuperação e conservação.

Palavras-chave: Assentamentos rurais; Nascentes; Assentamento Padre Jozimo Tavarez.

(6)

FEDERAL UNIVERSITY OF MATO GROSSO

UNIVERSITY CAMPUS OF RONDONÓPOLIS

INSTITUTE OF AGRICULTURAL SCIENCES AND TECHNOLOGY

AGRICULTURAL AND ENVIRONMENTAL ENGINEERING

ALTERNATIVE METHODS FOR THE RECOVERY OF SPRING IN A

RURAL PROPERTY IN THE SETTLEMENT OF FATHER JOZIMO IN

SÃO JOSÉ DO POVO – MT

Graduating: Luis Felipe Oliveira Silva Advisor: Dr. José Adolfo Iriam Sturza

ABSTRACT

This work presents the relevance and the situation of the permanent preservation areas, focusing on sources of type waterhole in rural settlements, taking the example a property settlement in Padre Jozimo Tavarez in São José do Povo, Mato Grosso. The survey sought the theoretical framework, a way to propose a recovery waterhole in order to take into account the financial situation of the owner. The study has an exploratory character, because it was developed with limited technological tools, using the resources more accessible. The data were obtained with help of computer program Google Earth, faced with information surveyed on the site and referenced with the New Brazilian Forest Code. In General, it was observed that the individual needs, in terms of production, are crucial in the degradation of natural resources. The opening up of new areas for the grazing of animals and ignorance about the protection and conservation of APPs, were identified as key ways to impact and degrade the permanent preservation areas. These impacts are characterized by suppression and not restore riparian vegetation, use of these areas for animal consumption that generates trampling causing this permanent preservation area is currently not compatible with the law requiring of adjustments. The work presents, although superficially, the socio-environmental and socio-economic importance of the springs to the residents of settlements. It is concluded that the source observed features different levels of degradation, requiring an intervention technique for your recovery and conservation.

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Sumário

1. INTRODUÇÃO ... 8

2- REFERENCIAL TEÓRICO ... 12

2.1- São José do Povo ... 12

2.2 Assentamento Padre Josimo Tavarez ... 12

2.3 Cerrado ... 13

2.4 Degradação das nascentes no Cerrado ... 14

2.5 Legislação ambiental referente a nascentes ... 15

2.6 Técnicas de recuperação e conservação de nascentes ... 16

2.7 Importância socioeconômica e socioambiental de nascentes na zona rural ... 18

3. MATERIAIS E MÉTODOS ... 20

3.1 Caracterização da área de estudo ... 20

3.2 Instrumentos e Técnicas ... 21

3.2.1 Pesquisa bibliográfica ... 21

3.2.2 Pesquisa de campo ... 22

3.2.3 Levantamento fotográfico ... 22

3.2.4 Entrevista via celular ... 23

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 24

4.1 Proprietário ... 24

4.2 Uso da propriedade ... 24

4.3 Caracterização e análise da nascente ... 25

4.4 Recomendações de manejo e preservação da nascente ... 26

4.5 Cálculo para o cercamento da área ... 27

4.6 Custos do projeto de cerceamento ... 28

4.7 Comparativo entre as técnicas de recuperação ... 29

5. CONCLUSÕES ... 31

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1. INTRODUÇÃO

Com a expansão da agricultura e pecuária extensiva no Brasil e a chamada Marcha para o Oeste que ocorreu entre 1960 e 1970, cresceu a necessidade de abertura de novas áreas para a pecuária extensiva e agricultura. Em muitos locais não houve a preservação das margens de cursos de água e nascentes, ocasionando na degradação de áreas sensíveis, principalmente as Áreas de Preservação Permanentes (APPs), afetando diretamente os cursos de água em sua vazão e auxiliando no assoreamento das calhas dos rios, interferindo na migração e locomoção de espécies aquáticas.

Com a degradação dessas áreas acabam que por gerar um empobrecimento, deixando o solo degradado e com baixa fertilidade. Baseado nesses casos de degradação podemos criar uma ordem cronológica (Figura 1) nessas áreas que acabam que sendo destinadas a reforma agrária. São áreas que foram abertas para a finalidade de agricultura e pecuária extensivas, mal geridas, os recursos se degradam, deixando o sistema natural incompleto diminuindo a capacidade produtiva, que por consequência ocorre o abandono da área ou a concessão da área para a venda. Após a concessão dessas áreas para pequenos produtores, muitos por falta de informação acham que a melhor escolha é colocar fogo no pasto para renovar a fertilidade do solo mas, de acordo com (KAUFFMAN apud C, Favero et al 2008) queimar a pastagem ocasiona em perca nutricional do solo por volatilização, escorrimento superficial e lixiviação, além de expor a estrutura do solo em contato direto com as gotas de chuva.

Figura 1: Ordem cronológica da degradação. Fonte: O autor.

Abertura de novas área. Manejo inadequado. Degradação dos recursos naturais. Desertificaçã o das áreas. Áreas disponíveis a reforma agrária

(9)

Áreas degradadas em propriedades rurais podem ser encontradas em duas vertentes, áreas protegidas por leis e resoluções, além de áreas produtivas. Falando de áreas protegidas por lei, recentemente ocorreu mudanças jurídicas, o novo código florestal instituiu mudanças quanto a preservação do meio ambiente. Na visão de Nery et al. (2013), a Lei Federal nº 12.651 de maio de 2012 (BRASIL, 2012) que revogou O Código Florestal Brasileiro (1965), nos termos da Lei Federal nº 4.771 de 1965, possui prerrogativas jurídicas para tornar mais dinâmica a atividade florestal e preservar a diversidade biológica e a variabilidade dos organismos vivos.

Com o advento do novo código florestal (Lei 12.651) veio à tona um debate entre os ruralistas e os ambientalistas que se opuseram a ideia de anistiar penalmente e administrativamente os infratores que cometeram crimes ambientais até 22 de Julho de 2008 de acordo com o Art. 64 da mesma lei.

A lei tipifica em seu corpo legal à caracterização e identificação das áreas de preservação permanente, o que são essas áreas, quais os limites legais de acordo com sua classificação, quais suas funções ecológicas e socias, entre outros pontos, porém ao interpretar o impacto no sistema necessitam de um amplo conhecimento técnico cientifico para que possam ser estimados. Esse laudo técnico previsto na Resolução CONAMA N.º 1 de 23 de Janeiro de 1986 irá identificar se a área está degradada ou alterada e ainda qual a proporção atingida em relação a área total e os níveis de degradação ou alteração. O fruto dessa análise define a melhor técnica e cronograma de recuperação e ou restauração definido pelo Decreto Estadual de N.° 1.491/2018 definido como PRADA em seu Art. 1°, “XVI – Projeto de Recomposição de Área Degradada e Alterada (PRADA): documento gerado pelo Sistema Mato-grossense de Cadastro Ambiental para orientação das ações de recomposição nas áreas rurais degradadas;” e o Art. 3° do mesmo Decreto define o cronograma a ser seguido.

“Art. 3° Após análise, validação das informações declaradas no CAR e registro da área de reserva legal no SIMCAR, o processo seguirá para a regularização ambiental quando na propriedade ou posse rural houver degradação em área de reserva legal, preservação permanente de uso restrito, indicativo de existência de Termo de Compromisso, em cumprimento ou não, ou unidade de conservação de domínio público, passível de regularização fundiária.”

(10)

Para acompanhar o cronograma estipulado no Decreto Estadual N.° 1.491/2018 sobre áreas de preservação permanente, se torna inviável para a confecção do PRADA a não utilização de tecnologias, que possuem papel fundamental na obtenção de imagens tal como imagens de satélite, veículos aéreos não tripulados entre outros recursos. Essas ferramentas geram dados que uma visita in loco não permite perceber como um histórico de imagens da área ao longo de alguns anos.

O objetivo geral da pesquisa é propor métodos alternativos para a recuperação de uma nascente intermitente tipo olho d’água, com a pesquisa bibliográfica escolher o método que mais eficiente a realidade em que se encontra a área degradada e a realidade econômica do dono da propriedade respeitando a legislação ambiental vigente e elaborando um histórico da mesma.

A propriedade do senhor Paulo da Rocha Barros está localizada no Assentamento Padre Jozimo Tavarez, no município de São José do Povo. Nesse estudo buscou-se entender a visão do pequeno produtor quanto a um ambiente degradado e quanto essa degradação afeta sua vida em questões sociais e econômicas.

O texto está dividido em três partes básicas. Inicialmente o referencial teórico que traz os o histórico da área do assentamento, as legislações ambientais referentes a nascentes, assentamentos rurais e suas relações com o meio ambiente, técnicas de recuperação de áreas degradadas.

Na segunda parte - Material e Métodos -, são apresentadas informações sobre a caracterização da área de estudo, com mapas de localização da propriedade dentro do assentamento e fotografias. A busca das informações fora realizada com uso do programa “Google Earth”, um questionário feito ao dono da propriedade e uma visita a propriedade.

Na terceira parte do trabalho - Resultados e Discussão - apresentam-se resultados de um diagnóstico da área degradada, apontando as mudanças sofridas ao longo dos anos. De forma geral, a análise da área degradada consistiu em observar o nível da degradação com visita ao local e coletando fotos e a interação que isso tinha na vida e no dia-a-dia do proprietário e sua família. Todas as

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informações foram analisadas considerando pontos da lei 12.651 de 2012, para prover uma visão de maior aporte sobre o tema do trabalho.

(12)

2- REFERENCIAL TEÓRICO

2.1- São José do Povo

O assentamento Padre Josimo Tavarez, localizado no município de São José do Povo – MT, inserido totalmente no bioma cerrado contando com 444 km² de área territorial. Segundo dados do IBGE (2009) o município conta com uma população de 3.451 habitantes e fica a 262 km de Cuiabá.

São José do Povo está dentro dos limites da bacia do rio Vermelho, que pertence ao sistema de drenagem do Alto Paraguai, que por sua vez deságua no Pantanal (DOTTO, 2009).

De acordo com A Prefeitura Municipal São José do Povo, sua economia é voltada para os trabalhos de manejo e condução da atividade da pecuária leiteira (saojosedopovo.mt.gov.br). Segundo Silva (2009) o município tem como fonte importante de sua economia a pecuária com destinação para a produção de leite e carne para consumo.

2.2 Assentamento Padre Josimo Tavarez

O assentamento Padre Josimo Tavarez é o maior do município de São José do Povo, com uma área de 3.152,43 há e 90 lotes (SILVA, 2009), e uma distância de 7 km de São José do Povo. O assentamento foi montado em 1997, com algo em torno de 800 pessoas que vieram de municípios das proximidades (LESSA, 2018).

Originalmente a fazenda era de propriedade de Dona Jupía e seu marido José Salmem Hansen, que seria o fundador do município de São José do Povo, a perda da propriedade para a justiça ocorreu devido à falta de pagamento dos impostos (Silva, 2009).

Segundo informações de moradores locais, o acampamento durou por dois anos e quatro meses até o seu deferimento na justiça em 05 de maio de 1998, com

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intuito de reforma agrária, em seguida foi realizado um sorteio para a aquisição dos lotes pelas famílias (Lessa, 2018).

Figura 2 : Localização do assentamento Padre Jozimo Tavarez.

Fonte: Lessa (2018).

2.3 Cerrado

O bioma Cerrado possue uma ocupação de um quarto do território nacional, aproximadamente 200 milhões de hectares que possuem um vasto patrimônio de recursos naturais renováveis (MAROUELLI, 2003). De acordo com Velozo (2012) o cerrado possui a segunda maior formação florestal depois do bioma Amazônia, e é a savana tropical mais rica em biodiversidade do mundo.

Segundo Silva (2011) as formações de floresta no cerrado apresentam descontinuidade na altura das copas possuindo quatro fitofisionomias: matas ciliares

(14)

e matas de galeria que estão diretamente ligadas a presença de cursos de água e matas secas e cer

radão que são associados a locais com pouca ou nenhuma presença de água.

Nas ultimas décadas, o cerrado sofreu um rápido e extenso desbravamento que resultou em perdas na diversidade biológica, ameaçando a sustentabilidade e o futuro do bioma (DIAS, 2008). A vegetação do Cerrado possui diferentes características dos biomas vizinhos, possui uma predominância de formação do tipo savana, embora muitas espécies possuírem fitofisionomia semelhantes às de outros biomas. (HERINGER, et al. 1977).

Hoje o Cerrado ocupa um importante papel como bioma a ser conservado e estudado (SALMONA, 2013), devido a sua grande contribuição hídrica para o país. De acordo com Velozo (2012) o bioma conta com três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul, (LIMA e SILVA, 2008) 94% da água da bacia do São Francisco, 71% da Araguaia/Tocantins e 71% da Paraná/Paraguai.

2.4 Degradação das nascentes no Cerrado

O cerrado sofreu uma perda de 50% de sua cobertura originalmente natural (MACHADO et al, 2004). Para Velozo (2012) se e o ritmo de degradação do ambiente continuar nas mesmas proporções, em vinte anos os remanescentes de florestas serão encontrados exclusivamente em Unidades de Conservação e terras indígenas.

A prática da pecuária extensiva pode ser considerada como um importante causador de impactos ambientais em nascentes e cursos d’água devido à circulação do gado para beber água, gerando compactação pelo pisoteio (ZANZARINE e ROSELEN, 2007).

Segundo Lima e Zakia (2000) para os produtores agrícolas, a existência de matas ciliares em suas propriedades pode representar um empecilho, pois não permite que o gado tenha livre acesso a cursos d’água, pois de acordo com CARVALHO et al, (2009) essas áreas acabam servindo como bebedouros para o

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gado e pelo custo elevado de cercá-las. Essas zonas ribeirinhas consistem principalmente nas margens e nas cabeceiras de escoamento dos cursos de água, caracterizando-se como um habitat natural de dinâmica, diversidade e complexidade (KOBIYAMA, 2003).

Em sua totalidade, a zona ribeirinha tem um dos mais importantes papeis ambientais, que é fazer a manutenção dos recursos hídricos quando se fala em vazão e qualidade da água, assim como do ecossistema aquático (CAPOANE e SANTOS, 2013).

2.5 Legislação ambiental referente a nascentes

Com o passar dos anos, houve a criação de várias leis com o intuito de proteger os recursos naturais, muitas delas abordavam as atividades produtivas do sistema agropecuário nacional (CARVALHO, 2011). Sempre existiu uma certa resistência por parte dos produtores rurais quanto a conservação dos recursos naturais presentes em suas propriedades.

O Brasil conta com uma vasta gama de leis ambientais que possuem diferentes enfoques quanto a proteção ambiental (QUEIROZ, 2015). Esse arcabouço legal, visa a proteção de corpos hídricos, fauna e flora devido a sua importância ambiental.

A Constituição Federal de 1988 nos traz em seu arcabouço o Art. 225 a base legal para todas a leis ambientais vigentes hoje no Brasil:

“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1° Para assegura a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através da lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;” (BRASIL, 1988)

(16)

O Art. 225 da Constituição Federal de 1988 está escrito em sentindo amplo, deixando para leis posteriores o papel de normatização de parâmetros ambientais, uma dessas leis é o Novo Código Florestal, Lei N°. 12.651 de 25 de Maio de 2012, que normatiza esses parâmetros, entre eles, a lei nos traz o significado de nascente e olho d’água em seu Art. 3° disciplina in verbis “XVII – nascente: afloramento natural do lençol freático que apresenta perenidade e dá inicio a um curso d’água”; e “XVIII – olho d’água: afloramento natural do lençol freático, mesmo que intermitente” (BRASIL,

2012). Segundo Queiroz (2015) “nascentes” está ligado a um lugar que nasce um

curso d’água, a autora ainda coloca nascente não como um ponto especifico, mas podendo remeter-se-á uma determinada área.

As nascentes são classificadas de acordo o seu regime de escoamento: (a) perenes, quando apresentam regime de escoamento constante; (b) temporárias, apresenta escoamento de água apenas na estação chuvosa e (c) efêmeras, quando aparecem após uma chuva e depois some (VILELA, 2006). Quanto a sua disposição no terreno pode ser pontual, quando a surgência da água se dá de forma pontual e difusa, quando vários são os pontos de surgência.

A lei 12.651/12 traz a normatização quanto ao perímetro a ser preservado em

cada largura de curso de água e olhos d’água perene, porém, referente aos olhos

d’água intermitentes temos uma inconsistência no Art. 4° - “IV: as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metro” (BRASIL, 2012), que traz uma brecha quanto o perímetro a ser preservado em olhos d’água intermitente, baseado nisso considerarei os mesmo 50 metros de proteção dos olhos d’água perene para os intermitentes pois trata-se de uma área igualmente frágil.

2.6 Técnicas de recuperação e conservação de nascentes

O impacto da supressão vegetal em áreas não autorizadas vem se tornando um grave problema para a fauna e flora desses ambientes. Segundo Velozo (2012) revegetar essas áreas têm ajudado a minimizar os efeitos e impactos ambientais, possibilitando que a área volte a ter algumas de suas características originais.

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Para Simões (2001), a recuperação dessas zonas de matas ciliares, é um dos fatores que ao lado de práticas conservacionistas, compõem o manejo adequado da bacia hidrográfica, afim de garantir qualidade e quantidade hídrica.

Há muitas técnicas para recuperar áreas degradadas, algumas com maior grau de interações naturais, dessa forma, há um favorecimento na reconstituição de interações ecológicas. A técnica a ser escolhida depende muito da realidade do proprietário da área e do nível de degradação do sistema.

É possível a utilização de espécies nativas de múltiplos usos para a recuperação de áreas degradas e alteradas, entre elas ressalta-se espécies com potencial econômico (Embrapa Acre, 2003). Segundo Botelho e Davine (2002), as nascentes se diferenciam em seus ambientes e em graus de preservação, além de toda a vegetação natural em seu redor, disposta em função do relevo e tipo de solo.

Vilela (2006) diz que não existe um método de recuperação ideal para todas as áreas, porque cada uma apresenta particularidades em relação as outras. Entre- tanto a regeneração natural da vegetação, é uma alternativa de recompor essa vegetação que vem apresentando ótimos resultados em muitos casos e apresenta-se como uma das melhores alternativas devido ao apresenta-seu baixo custo (ALVARENGA et al, 2006). Botelho e Davide (2002) afirmam que o baixo custo vem da menor exigência de mão de obra e insumos, reduzindo o custo de implementação, vale ressaltar que de nada adianta o cerceamento da área se a mesma apresentar baixo índice de rebrota “resiliência”. Em muitos casos é necessário o cercamento da área e alguma intervenção mecânica ou química nas plantas invasoras, principalmente a brachiaria que acaba sufocando as espécies nativas.

Destaca-se também o método de regeneração artificial, que segundo Kageyama et al. (1992), vem sendo importante para a recuperação de áreas degradadas, devido ao elevado grau de perturbação que elas estão submetidas.

Dentro do método artificial podemos citar o plantio de mudas que apresenta algumas vantagens como maior variabilidade genética entre as mudas e maior índice de sobrevivência, entre tanto, para Vilela (2006) a dificuldade apresentada no plantio é o alto custo das mudas nativas e a dificuldade de encontra-las em casas de vegetação o que torna o método mais complexo.

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A dispersão de sementes é um método alternativo ao natural e ao método artificial, pois nela segundo Vilela (2006) ocorre um fenômeno chamado de chuva de sementes, Harper(1977) apud Vilela (2006) completa dizendo que às características desse fenômeno depende da distância e concentração de sementes que são dispersadas das arvores de origem das sementes e quais os meios de dispersão ocorrerão.

2.7 Importância socioeconômica e socioambiental de nascentes na zona rural

As matas ciliares geram condições apropriadas à sobrevivência e manutenção da migração genética entre populações de espécies de animais que vivem nas faixas ciliares ou até mesmo em fragmentos florestais maiores podendo ser conectadas entre si (Haper et al., 1992 apud Durigan e Silveira, 1999).

Segundo Lima e Zakia (2000), matas ciliares desempenham um papel muito importante na geração do escoamento da microbacia, em quantidade e em qualidade da água, na ciclagem de nutrientes, e consequentemente atua na filtragem de partículas e nutrientes e na vivencia direta do ecossistema aquático através do sombreamento gerado pela mata ciliar, as nascentes também desenvolvem papel essencial no atendimento das populações quanto ao uso da água, sendo que (BRAGA, 2011) essas populações não teriam condições de usufruir do sistema convencional de abastecimento público de água devido à distância que estão das redes de distribuição.

De acordo com Santos et al (2007), existe uma necessidade evidente de considerarmos interações entre setores, tais como, social, econômico e ambiental, para que consigamos conduzir estratégias sustentáveis, para Bogo (1999, p. 103) o assentamento assume um papel de renascimento tanto para os assentados quanto para o ambiente, por isso é fundamental que se tenha politicas públicas eficientes sobre o assunto.

As restrições de água de qualidade, atua diretamente como um pré-condicionante para não haver sucesso em projetos de assentamentos da reforma agrária (GUANZIROLI et al, 2001). Esses projetos são muitas vezes negligenciados

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pelo Estado, deixando os assentados sem muitas opções e tendo como saída a utilização dos cursos de água naturais, como descreve Carvalho et al., (2009) “as famílias assentadas possuem como principais fontes de água as nascentes, seguidas pelos córregos, represas, cisternas e poços.”

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Caracterização da área de estudo

O presente trabalho foi conduzido no assentamento rural Padre Jozimo Tavarez, localizado no município de São José do Povo. A cidade é totalmente inserida no bioma cerrado com uma área de 444 km2 tendo como principal fonte de renda a agricultura e pecuária de leite e de corte.

O assentamento possui 64 lotes de 25 há (hectares) cada, cada lote com uma particularidade única e cada morador intercala seu modo de sustento com agricultura familiar e pecuária de corte. A área escolhida é de propriedade Paulo da Rocha Barros, residente do assentamento desde 2010 quando comprou a propriedade. A propriedade está localizada sob as coordenadas 16°29’38,47”S 54°18’46,66”O; 16°29’38,47”S 54°18’46,66”O; 16°29’23,41”S 54°18’26,35”O e 16°29’23,41”S 54°18’26,35”O.

A área do assentamento é bem drenada por córregos permanentes e temporários com inúmeras nascentes, sendo uma delas escolhida para o trabalho (Figura 2).

Figura 3 – Localização da propriedade dentro do assentamento Padre Jozimo Tavarez. Fonte: Google Earth.

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A nascente escolhida (Figura 3) fica aos fundos da propriedade com o perímetro definido com um quadrado em branco.

Figura 4 – Localização da nascente definida dentro da propriedade.

• A nascente esta circulada pelo quadrado amarelo sob as coordenadas 16°29’31.41”S

54°18’40.63”O. Fonte: Google Earth

3.2 Instrumentos e Técnicas

Diversas técnicas e instrumentos foram utilizados na pesquisa que são apresentadas segundo as etapas ou fases do trabalho.

3.2.1 Pesquisa bibliográfica

A pesquisa bibliográfica foi realizada com o intuito de encontrar um embasamento teórico e consistente, baseado em pesquisas que visavam a importância da preservação de nascentes e os impactos gerados na falta dessa, à

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fauna, flora e vida humana. Essa pesquisa teórica buscou também encontrar uma ligação socioeconômica e socioambiental dos assentamentos com nascentes localizadas dentro de seus limites.

3.2.2 Pesquisa de campo

A primeira visita ao assentamento Padre Jozimo Tavarez foi realizada em novembro de 2016 quando cursava a disciplina de Extensão Rural onde foi proposto pelo professor da disciplina a visita in loco no assentamento para termos contato com a realidade vivida por cada morador. Cada grupo de alunos ficou com uma respectiva propriedade. Na visita percebeu-se que o senhor Paulo proprietário da área de estudo é uma pessoa humilde e aberta a novas ideias e entendia a importância de recuperar a nascente e mantê-la protegida. Além disso o local foi visitado novamente para análise in loco e levantamento fotográfico.

3.2.3 Levantamento fotográfico

Ainda na primeira visita foi realizado um registro fotográfico da área que foi possível identificar a nascente e toda a vegetação que a circunda para uma melhor análise do local para a confecção do eventual projeto. Nas imagens buscou-se transparecer o nível que se encontrava a degradação que se pode perceber que o gado do proprietário tinha acesso a nascente, fato que pode ter agravado o efeito da degradação.

Buscou-se também auxilio em imagens via satélite com o apoio do Google Eart (GOOGLE. Google Earth Pro Version 7.1.7.1529) para compreender melhor a geografia do local e para uma localização mais precisa do olho d’água dentro da propriedade.

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3.2.4 Entrevista via celular

Não sendo possível colher todas as informações na visita feito ao local com o morador devido ao pouco tempo, foi necessário realizar contato com o senhor Paulo da Rocha para aplicação de entrevista e preenchimento de questionário que compunha algumas questões sobre a realidade dele e de sua família (Apêndice A). Outras informações do questionário referem-se ao histórico da área, para um melhor entendimento sobre a situação que a área se encontra e para entender os motivos que levaram o proprietário a querer recuperar e preservar essa nascente e também entender suas perspectivas para o futuro.

O questionário foi pensado e três grandes tópicos: dados gerais do proprietário, uso da terra na propriedade e existência e situação de nascentes na propriedade. O questionário completo possui 18 perguntas semiestruturadas com o intuito de ser o mais direto e claro possível com o entrevistado.

Na entrevista o morador conta que comprou o sitio em 2010, onde se mudou na época com sua esposa, encontrando na área ainda uma parte considerável de mata nativa que ele derrubou para a formação de pasto, entretanto a área da nascente quando ele comprou, encontrava-se mais degradada do que atualmente.

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4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os resultados foram organizados nos seguintes tópicos que seguem desde a caracterização do proprietário e a propriedade, caracterização da nascente e recomendações de uso e manejo.

4.1 Proprietário

O senhor Paulo da Rocha Barros é casado, pai de um casal de crianças entre 5 e 8 anos de idade, mudou-se para a propriedade que é foco do estudo em 2010 quando comprou do antigo dono de nome não informado. Na época em que ele mudou para a zona rural ainda não tinha filhos apenas a esposa.

4.2 Uso da propriedade

Com a mudança para a zona rural o senhor Paulo decidiu começar a trabalhar com gado de corte para a venda e leite para consumo próprio, porem ele encontrou certas dificuldades financeiras em atuar apenas nessa área, para complementar a renda decidiu iniciar a produção de horticultura e criação de suínos para consumo próprio e para a venda.

Atualmente ele possui um rebanho de 25 cabeças de gado que são criados solto tendo acesso a toda a propriedade inclusive a área degradada e vende hortaliças para feirantes de Rondonópolis.

O proprietário disse ter interesse de recuperar a nascente inicialmente por que ele afirma ser o certo perante a lei e demonstra ter interesse em utilizar a nascente para futuramente utiliza-la como fonte de água para tanques de piscicultura.

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Tabela 1. Informações da propriedade

Localização Assentamento Padre Jozimo Tavares

Município São José do Povo

Nome do proprietário Paulo da Rocha Barros

Número do lote 64

Área da propriedade 25 ha (250.000 m²)

Atividade produtiva Horticultura, suinocultura, criação de gado de leite e gado de corte

Coordenadas geográficas 16°29'26.39” S 54°18'35.48” O

Fonte: Organização do autor.

4.3 Caracterização e análise da nascente

A nascente (Figura 4) que é foco do estudo apresenta características de nascente pontual, ou seja, que tem o surgimento da água de forma localizada e intermitente que segundo Vilela (2006) apresenta escoamento apenas na estação chuvosa quando ocorre a recarga do aquífero.

Figura 5 – Nascente intermitente degradada, objeto do estudo. Fonte: O autor.

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A nascente (Figura 5) apresenta alguns níveis de degradação, a supressão vegetal na área que não foi respeitado o perímetro mínimo da Lei 12.651 de 50 metros. O pisoteio do gado que impede a rebrota natural da vegetação. O desconhecimento do proprietário quanto ao fato de não se recordar da localidade da nascente alegando que no local não escoava água desde 2016.

Figura 6 – Nascente com “proteção” para evitar ser usada para a dessedentação do gado.

Fonte: O autor.

4.4 Recomendações de manejo e preservação da nascente

Para o projeto inicial, foi pensado a utilização da técnica de cerceamento da área degradada, tal pensamento é respaldado pela Instrução Normativa IBAMA N° 4, de 13 de Abril de 2011, Art. 4°, “II- área alterada ou perturbada: área que após o impacto ainda mantem meios de regeneração biótica, ou seja, possui capacidade de regeneração natural” (IBAMA, 2011), com base nessa norma e com a análise visual da área, foi escolhido essa técnica.

O isolamento da área desmatada é o primeiro passo, isso se faz importante para evitar que animais entrem no local degradado evitando o pisoteio da vegetação

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que ainda existe no local. A cerca deve ser instalada em um raio de 50 m de distância da nascente de acordo a legislação e preferencialmente deve ser composta por arame liso, para que não cause ferimentos tanto nos animais comerciais (gado), quanto nos animais silvestres, recomenda-se que o ultimo arame (arame da parte de inferior da cerca) esteja a 70 cm de altura do solo para permitir a passagem dos animais silvestres e não seja de arame farpado.

De acordo com o que foi observado na área degrada, não foi inserido nenhuma cultura comercial no local. Também foi observado que a área não apresentava um grau de degradação avançado, não se fazendo necessária o plantio de mudas nativas, mas apenas o isolamento da área pelo bom índice de resiliência que a área apresenta.

4.5 Cálculo para o cercamento da área

O cálculo foi realizado considerando o ponto central da nascente até um raio de 50 metros e o dimensionamento de uma cerca em formato quadrado para facilitar a construção.

Para calcular a extensão de cerca a ser construída pelo proprietário, foi utilizado a formula do perímetro do quadrado que é dada por:

P = 4 x L • P : perímetro da circunferência; • L : largura; Assim, temos: P = 4 x 69 P = 276 metros

A área a ser cercada possui uma extensão de 276 metros de comprimento em torno da nascente.

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4.6 Custos do projeto de cerceamento

O custo do projeto do cercamento da área é apresentado na Tabela 2 e leva em consideração uma média de preços que foram consultados em duas lojas de matérias de construção A e B.

Tabela 2. Custos dos materiais usados no cerceamento

Material Descriçao Unidades Quantidade Valor Unitário Valor Final Arame Rolo de arame liso m ovalado Pantanal 17x15 Bwg 3mmx2,4m m 700kg – 1000 m Metro 1 R$ 407,41 R$ 407,41

Estaca Uma dúzia

de lascas de Eucalipto tratado – 2,20 m- “diâmetro” 8-12 cm Caixa 1 R$ 150,00 R$ 150,00 TOTAL R$ 557,41

• A tabela acima não considera o valor da mão de obra pois, tal serviço seria realizado

pelo proprietário.

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As informações e dados trazidos e discutidos até aqui evidenciam que as nascentes e olhos d’água do assentamento precisam ser melhor manejadas para que sustentem as funções ecológicas do ambiente e da propriedade. O uso e exploração das propriedades do assentamento necessitam de intervenções técnicas para amenizar os efeitos na flora, fauna e na vida dos assentados

4.7 Comparativo entre as técnicas de recuperação

A Tabela 3 apresenta uma comparação entre três métodos de recuperação vegetal.

Tabela 3. Comparativo entre técnicas de recuperação

Plantio de muda Regeneração natural Chuva de sementes Prós • Maior controle populacional; • Capacidade elevada de rebrota; • Baixo custo; • Interações naturais; • Método natural; • Aves e roedores como disseminadores; • Facilita a sucessão natural; Contras • Custo elevado; • Dificulta a sucessão natural; • Intervenção química na área; • Cerceamento da área; • Dificuldade em se estabelecer; • Alta dominância de

uma única espécie; • Depende do meio

de dispersão; • Processo lento; Custo R$ 3.300,00 / há R$ 200,00 / ha Não apresenta custo.

Fonte: O autor.

Os dados apresentados acima (Tabela 3) foram retirados de CAVA (2016) e DUARTE (2015). Segundo CAVA (2016), a única intervenção realizada na regeneração natural foi uma aplicação de herbicida para o controle das gramíneas, sendo que neste trabalho foi proposto apenas o cercamento da área de interesse.

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Ainda de acordo com CAVA (2016) a regeneração natural não se diferenciou dos outros métodos adotados na pesquisa.

O comparativo entre as técnicas colocando os prós, contras e seus valores nos mostra que cada técnica apresenta suas peculiaridades e que uma área degradada não é igual a outra mostrando-nos a realidade e a resposta do ambiente para cada técnica.

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5. CONCLUSÕES

O homem, de forma geral, tem o potencial de interferir no meio em que se insere de forma drástica e em alguns casos irreversível. As áreas de assentamentos rurais enfrentam diariamente problemas de tipos como, infraestrutura, assistência técnica e financeira, entre outros. Entre esses problemas, a falta de assistência técnica trás resultados catastróficos ao meio ambiente e a essas pessoas.

A mudança na gestão da propriedade agrícola também é um ponto capaz de por em xeque toda a estabilidade de um ecossistema. Sempre que há a redistribuição de uma propriedade em várias outras, passa a existir um conjunto de pessoas, atuando a partir de necessidades individuais. Em áreas antes dominada por poucos indivíduos, resulta em uma maior intensidade da ação humana aos recursos naturais. Com a redistribuição, cada individuo recebe uma pequena propriedade onde busca a utilização total da área podendo ser usados modos de produção alternativos e que integrem questões sociais, econômicas e ambientais, tornando-se uma solução para diversas questões no campo, inclusive a ambiental.

O trabalho apresentou dificuldades em relação a localidade da área ser em outro município dificultando as visitas a propriedade, e também ao pouco conteúdo disponível em materiais acadêmicos sobre a interação socioeconômica das nascentes com moradores de assentamentos.

Com as informações colhidas ao longo da pesquisa, foi possível identificar métodos eficiente para áreas degradadas principalmente métodos de baixo custo que se fazem ideais para assentamentos rurais pois, a maior parte dos moradores não teriam condições financeiras para arcar com um projeto mais elaborado. Para superar essa dificuldade seria ideal a proximidade da universidade junto aos assentamentos através de projetos de extensões para supri essa necessidade.

A visita a propriedade proporcionou ao dono do sítio uma visão mais ambiental, conscientizando ao mesmo para que seria necessário a recuperação da área degradada e a importância da educação ambiental na zona rural que por vezes é negligenciada pelo Estado.

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De forma geral, esse trabalho buscou trazer uma solução eficiente e que esteja dentro da realidade do proprietário para a recuperação do olho d’água em sua propriedade e também a compreender o dia-a-dia e a interação dessas pessoas com o ambiente e o seu entendimento quanto aos custos da degradação ambiental tanto para sua vida quanto para o meio ambiente em geral.

O levantamento desse tipo de problemática, ainda que preliminar, tem potencial de uso para discussão de políticas públicas, serviços de extensão e educação ambiental voltada às famílias detentoras de pequenas propriedades rurais em assentamentos. Salientando que esse potencial de uso não se restringe apenas a propriedade estudada, mas também a áreas similares dentro do próprio assentamento como também de outros.

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6. REFERÊNCIAS

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APÊNDICE “A”

Questionário elaborado para a aquisição de dados da propriedade e do proprietário.

1- Em qual ano você mudou para esse assentamento?

2- Você mudou sozinho ou com sua família?

3- Quantas pessoas moram com você?

4- Qual sua forma de renda?

5- Se criar animais, quantos animais são?

6- Se for gado, eles são criados soltos ou confinados?

7- Se criado solto, eles têm acesso a toda a propriedade?

8- Você possui alguma nascente ou curso d’água em sua propriedade?

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10- Quando você mudou para essa propriedade a nascente já estava degradada ou conservada?

11- Estando conservada, foi você que degradou a nascente ou curso d’água?

12- Se sim, qual motivo o levou a fazer isso?

13- Na sua opinião, a presença de uma nascente em sua propriedade te beneficiaria de alguma forma?

14- Você acha que poderia usar parte da água dessa nascente para o seu uso ou para uso dos animais?

15- Os animais têm acesso a nascente?

16- Se tiverem, com que frequência?

17- Você gostaria de recuperar a(s) nascentes em sua propriedade?

Referências

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