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Perfil epidemiológico das intoxicações por medicamentos no Brasil entre os anos de 2013 a 2017 / Epidemiological profile of drug intoxications in Brazil between 2013 and 2017

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Academic year: 2020

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Perfil epidemiológico das intoxicações por medicamentos no Brasil entre os

anos de 2013 a 2017

Epidemiological profile of drug intoxications in Brazil between 2013 and

2017

DOI:10.34117/bjdv6n6-079

Recebimento dos originais: 08/05/2020 Aceitação para publicação: 04/06/2020

Victória Maria Bezerra Sereno

Formação acadêmica: Graduanda em Farmácia,

Instituição: Centro Universitário do Vale do Ipojuca, UNIFAVIP | Wyden.

Endereço Av. Adjar da Silva Casé, 800 - Indianópolis - 55024-740-, Caruaru , PE - Brasil E-mail: victoriamariabezerra@hotmail.com

Aline Santos Silva

Formação acadêmica: Graduanda em Farmácia,

Instituição: Centro Universitário do Vale do Ipojuca, UNIFAVIP | Wyden. Endereço Av. Adjar da Silva Casé, 800 - Indianópolis - 55024-740-,

Caruaru , PE - Brasil E-mail: mt23lia@gmail.com

Gabriela Cavalcante da Silva

Formação acadêmica: Doutora em Bioquímica e Fisiologia - UFPE Instituição: Centro Universitário do Vale do Ipojuca, UNIFAVIP | Wyden

Endereço Av. Adjar da Silva Casé, 800 - Indianópolis - 55024-740-, Caruaru , PE - Brasil

E-mail: gcavalcante1988@gmail.com

RESUMO

Os medicamentos são parte essencial da terapêutica na saúde, no entanto, a sociedade moderna adotou o uso irracional de drogas ao seu dia a dia, fato que pode justificar que os medicamentos são os principais responsáveis por casos de intoxicações humana. Este artigo objetivou descrever o perfil das intoxicações medicamentosas no Brasil no período de 2013 a 2017. Os dados utilizados foram obtidos a partir do site do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX). As variáveis utilizadas foram: sexo, faixa etária, circunstância, região, evolução e zona de ocorrência. Constatou-se que a intoxicação por medicamentos se torna cada vez mais frequente, com destaque no ano de 2016, esse foi o que mais apresentou notificações, correspondendo a 32.311 de casos no Brasil. O sexo feminino foi o mais expressivo em casos de intoxicação registrada, com destaque nos três anos analisados, por outro lado, as crianças de 01-04 anos constituíram a faixa etária mais assídua nos anos analisados. Referente à circunstância, tentativa de suicídio e acidente individuais alcançaram os maiores índices. Deste modo, as intoxicações medicamentosas configuram um problema generalizado, e quem faz o destas regularmente está propenso a essa situação, profissionais de saúde devem contribuir para minimizar o uso irracional e possíveis agravos à saúde correlacionados aos medicamentos.

Palavras-chaves: Intoxicação, Medicamentos, Saúde.

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ABSTRACT

Medicines are an essential part of health therapy, however, a modern society adopted or the irrational use of drugs in its day, a fact that may justify the drugs that are mainly responsible for human poisoning cases. This article aims to describe the profile of drug intoxications in Brazil from 2013 to 2017. The data used were used on the website of the National Information System of Mexico-Pharmacology (SINITOX). The variables used were: sex, age group, circumstance, region, evolution and area of occurrence. It was found that drug intoxication is becoming more and more frequent, especially in the year 2016, it was the one with the most notifications, corresponding to 32,311 cases in Brazil. The female sex was the most expressive in the cases of registered intoxication, with emphasis on three years analyzed, on the other hand, as children from 01 to 04 years old constituted in the Age group most attended in the years analyzed. Regarding the circumstance, suicide attempt and accident of individuals affected by the highest rates. In this way, as drug intoxications are a widespread problem, and whoever makes these exceptions is prone to this situation, health professionals must contribute to minimize irrational use and possible health problems related to drugs. Key words: Intoxication, Drug, Health.

1. INTRODUÇÃO

O Brasil faz parte do grupo de países que mais consome medicamentos no mundo ocupando o quinto lugar, devido a uma significante parcela da população brasileira que se automedica (IURAS et al., 2016). A automedicação é comum no Brasil, atingindo até 35% das vendas totais de drogas no país (SILVA; SOARES; MUCCILLO-BAISCH, 2012). Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), automedicação refere-se à seleção e uso de medicamentos para o tratamento de sintomas e doenças sem consultar um profissional de saúde qualificado sobre determinadas funções, incluindo a etapa de autocuidado. No âmbito comunitário, a automedicação racional pode poupar recursos nos casos de tratamento para as menores enfermidades, bem como reduzir ausências no trabalho em virtude dos pequenos sintomas. No entanto, a automedicação possui riscos inerentes, mesmo constituindo importante forma de autocuidado na população (DOMINGUES et al., 2017).

Alguns fatores podem promover a automedicação por parte da população, um deles está relacionado a falta de tempo para comparecer em consultas médicas, do mesmo modo que a família tem influência no desenvolvimento dessa prática, principalmente porque o medicamento é recomendado entre familiares com sintomas semelhantes (RUBIO, 2017). É comum também automedicar-se com medicamentos armazenados em casa, adquiridos para tratamentos de outras patologias, que muitas vezes não foram seguidos como recomendado pelo prescritor (PATIL, 2014). Adicionalmente o aparecimento de superbactérias é consequência da automedicação, fato grave em âmbito mundial, o qual surge devido ao uso irracional de antibióticos (BENNADI, 2013).

Alguns dos principais sintomas pelo qual a população mais se utilizada de medicamentos sem prescrição médica são: tosse, resfriado comum, gripe, congestão nasal, broncoespasmo, febre, dor de cabeça, diarreia, "indigestão" e cólicas abdominais (CRUZ, 2014). A facilidade para adquirir os Medicamentos Insetos de Prescrição (MIP) torna-os diretamente atrelados à automedicação, prática

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comum, devida à dificuldade de atendimento médico (demora na marcação de consultas médicas, atendimento precário em pronto-socorro, etc.) (DURÃES et al. 2015). Contudo, medicamentos mais comuns, como os MIP, que são considerados como seguros e de eficácia comprovada, se utilizados de forma incorreta, podem também ocasionar riscos à saúde (SOTERIO; SANTOS, 2016).Tendo em vista os sintomas, é notável que as classes farmacológicas que estão envolvidas na automedicação são os denominados fármacos de venda livre de prescrição (MIPs), ou seja, sem a orientação de um profissional de saúde, gerando uma utilização irracional do medicamento, muitas vezes porque é o método considerado mais ''simples'' para melhorar ou amenizar os sinais e sintomas que o afligem (FERNANDES;CEMBRANELLI, 2015).

No Brasil, os medicamentos são os principais responsáveis por intoxicações humanas, (TELES et al, 2013). Existem vários fatores que contribuem para a alta incidência de intoxicação por drogas no Brasil, incluindo uma variedade de preparações existentes no mercado varejista, que podem exibir segurança e eficácia duvidosas. A proliferação de farmácias e drogarias que facilitam o acesso de forma indiscriminada ao medicamento. A prescrição médica e erros de dispensação, o aumento da publicidade na indústria farmacêutica, juntamente com medidas preventivas fracas na aptidão das autoridades de realizar inspeções e controles e práticas de automedicação levaram ao uso irracional de drogas (KLINGER et al, 2016).

Partindo dessas considerações objetivou-se realizar um levantamento sobre a ocorrência dos casos de intoxicação medicamentosa no Brasil no período de 2013 a 2017 apresentando os dados de intoxicação, disponibilizados pelos Centros de Assistência Toxicológica e no Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX), com a finalidade de orientar profissionais de saúde e o público em geral.

2. METODOLOGIA

Este estudo caracteriza-se por uma revisão retrospectiva da literatura e pelo uso de métodos quantitativos, teoricamente baseados em publicações relacionadas ao tema entre 2015 a 2020, com o objetivo de descrever a situação das variáveis de intoxicação por medicamentos no Brasil entre os anos de 2013 a 2017. Os dados utilizados foram obtidos a partir de buscas realizadas no SINITOX (Sistema Nacional de informações Tóxico-farmacológicas) do Ministério da Saúde, disponível em endereço eletrônico: https://sinitox.icict.fiocruz.br/dados-nacionais.

A pesquisa foi realizada durante os meses de março a maio de 2020 em banco de dados virtual de saúde, como: BIREME (Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde), SCIELO (Biblioteca Eletrônica Científica Online), SCIENCE DIRECT e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde). Resultando em análise de 36 artigos encontrados relacionados ao tema, utilizando

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as palavras-chaves: Intoxicação, Medicamentos, Saúde. Os indicadores e situações utilizados para a investigação foram sexo, faixa etária, circunstância, região, evolução e zona de ocorrência.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Intoxicações medicamentosas são promovidas por um mecanismo complexo, que pode estar relacionado tanto a características pessoais; como também a processos farmacodinâmicos e farmacocinéticos; propriedades medicinais do produto; não descartando as interações medicamentosas e modo de uso. Portanto, os eventos tóxicos diferem das reações adversas, pois nesse caso, os danos biológicos ocorrem na maioria das vezes devido à exposição a doses excessivas (NÓBREGA, COSTA e MARIZ, 2015).

Deve-se enfatizar que os dados fornecidos no site do SINITOX nem sempre refletem o número total de casos no país, devido a subnotificação. Embora as intoxicações sejam de notificação compulsória, integrando o Sistema de Informação de Agravos de Notificação, e a maioria dos casos sejam atendidos em serviços de saúde, estima-se que os registros oficiais representem somente 20% dos casos ocorridos anualmente. Consequentemente, os registros dos centros de informação e assistência toxicológica são considerados sentinelas epidemiológicas de intoxicações, captadores de problemas sociais e sanitários, passíveis de atuação da Vigilância Sanitária e da Segurança Pública (PAPINI, NAKAGAWA, 2014).

Na tabela 1 apresentam-se, os números de casos e óbitos ocorridos no Brasil entre os anos de 2013 a 2017, revelando que 131.868 casos de intoxicações registradas são associados a medicamentos, bem como o montante de 366 óbitos devido ao consumo desses produtos. O ano de 2016 foi o que mais apresentou casos de intoxicações correspondendo a 26,95% (32.311) de intoxicações registradas no período estudado. A Região Sudeste foi a que apresentou o maior número de casos de intoxicações registradas, com um total de 63.489, ou seja, 48,15% em relação ao país, seguido pela região Sul 37,76% (49.788), Centro-Oeste 6,63% (8.741), Nordeste 6,51% (8.578) e Norte 0,95% (1.242).

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Tabela 1 – Casos e Óbitos de Intoxicação por Medicamentos, Segundo Ano e Região do País. Brasil, 2013 a 2017 REGIÃO 2013 2014 2015 2016 2017 TOTAL NORTE CASOS 383 202 263 - 394 1242 ÓBITOS 01 - - - - 01 NORDESTE CASOS 1804 1736 1939 2459 640 8578 OBITOS 09 08 22 14 02 55 SUDESTE CASOS 7778 13496 15826 18731 7658 63489 OBITOS 35 25 15 72 24 171 SUL CASOS 9573 9186 9397 10142 11490 49788 OBITOS 21 21 22 25 23 112 CENTRO-OESTE CASOS 4011 1973 1353 979 425 8741 OBITOS 12 07 03 04 01 27 BRASIL CASOS 23549 26593 28778 32311 20637 131868 OBITOS 78 61 62 115 50 366 Fonte Sinitox, 2020

Existe uma grande oferta de medicamentos no mercado e assim a prática da automedicação e a falta de orientação sobre os mesmos pode levar ao uso indevido de medicamentos e consequentemente mascarar certas doenças ou até piorar a saúde dos pacientes (FEUSER, 2013). MENGUE et al. (2016), relatou aspectos a serem utilizados em inquéritos. No entanto, os dados obtidos apenas mostram as características gerais da amostra, e a região Sudeste representa quase metade desta 48,15% (63.489).

Tabela 2 – Casos e óbitos de Intoxicação por medicamentos, Casos por Sexo. Brasil, 2013 a 2017.

SEXO MASCULINO FEMININO IGNORADO

ANO Casos Óbitos Casos Óbitos -

2013 8628 24 14704 43 217 2014 10103 18 16432 28 58 2015 573 16 747 28 33 2016 11389 11 19199 18 1723 2017 6150 14 12566 19 1921 TOTAL 36843 83 63648 136 3952 Fonte Sinitox, 2020

A Tabela 2 ilustra os dados relacionados aos casos de intoxicação por drogas listados com base no sexo. Observa-se que a maioria dos casos e óbitos são referentes ao sexo feminino, correspondendo a 19,73% (12.566) e 13,97% (19), respectivamente, no ano de 2017. Este fato caracteriza-se devido uma busca de medicamentos mais intensa pelas mulheres, muitas dessas portadoras de doenças crônicas que são uma das principais causas da automedicação (DOMINGUES et al., 2017). A automedicação pode contribuir para casos de intoxicação, Pons et al. (2017) identificou que dentre o público que admite fazer uso de medicamentos sem prescrição, 54% são mulheres. Vários fatores que provam que as mulheres têm maior incidência de automedicação incluem: dor e desconforto menstruais, as mulheres estão mais alertas aos sinais da doença e tendem

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a se cuidar melhor do que os homens (PONS et al., 2017; ARRAIS et al., 2016,). Isso também ocorre porque os homens tendem a negar qualquer tipo de vulnerabilidade (PRADO et al., 2016).

Geralmente as intoxicações são originadas devido à ingestão de dosagens elevadas dessas substâncias, podendo ser uma exposição profissional ou acidental, abuso, tentativa de suicídio ou homicídio. Considerando todo o universo de intoxicações das leves às graves, as mais comuns são provocadas por medicamentos, principalmente os antipsicóticos (SILVA, SOUZA e MARQUES, 2011).

Segundo a tabela 3, destaca-se como as três principais circunstâncias tentativa de suicídio 38,21% (50.392); acidente individual 31,64% (41.723) e o uso terapêutico 12,57% (16.581). Normalmente, quando o método é o envenenamento voluntário e pretende cometer suicídio, utilizam mais de um tipo de substância química, medicamentosa ou não, relacionam a utilização de diversos agentes. Visto que a maior parte das pessoas tem o conhecimento que não se devem misturar vários medicamentos ou substâncias químicas. Drogas psicotrópicas, principalmente sedativos, anticonvulsivantes e antidepressivos, configuram alta participação entre os medicamentos mais usados nas tentativas de suicídio (BERNARDES, TURINI, MATSUO, 2010).

Tabela 3 - Casos e óbitos de Intoxicação por medicamentos, Casos por Circunstância. Brasil, 2013 a 2017.

CIRCUNSTÂNCIAS 2013 2014 2015 2016 2017 TOTAL Acidente Individual 8357 9559 9090 9666 5051 41723 Acidente coletivo 56 70 79 52 17 274 Acidente Ambiental 08 02 01 02 - 13 Ocupacional 66 42 26 22 08 164 Uso Terapêutico 1336 2534 5819 5939 953 16581 Presc. Médica inadequada 153 134 53 51 19 410 Erro de Administração 1372 2719 1249 1612 1392 8344 Automedicação 542 781 998 1013 397 3731 Abstinência 28 1 08 04 04 45 Abuso 219 234 211 218 45 927 Ingestão de Alimentos 24 17 12 06 - 59 Tentativa de Suicídio 10386 9202 9841 10980 9983 50392 Tentativa de Aborto 19 28 40 29 16 132 Violência/Homicídio 37 29 42 43 18 169 Uso indevido 237 352 320 272 106 1287 Ignorada 524 349 466 2110 2096 5545 Outra 185 540 523 292 532 2072 TOTAL 23549 26593 28778 32311 20637 131868 Fonte Sinitox, 2020

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A tentativa de suicídio é caracterizada por impulsividade, principalmente entre adolescentes, mulheres e jovens, sendo a numerosa ingestão de medicamentos o método mais utilizado, correspondendo a 60% dos casos registrados. Então é observado que na transição entre a jovem e a fase adulta, surgem preocupações e pressão da sociedade com cobranças de sucesso tanto na vida pessoal como profissional, pode ocasionar o desenvolvimento de transtornos mentais, que muitas vezes levam às tentativas de suicídio (BERNARDES, TURINI, MATSUO, 2010).

O uso de medicamentos cresce significativamente, fazendo parte do cotidiano da maioria dos brasileiros, ocupando segundo estudos, o primeiro lugar nos casos de intoxicações no Brasil, sendo as mulheres um dos grupos mais vulneráveis, principalmente quanto aos casos de tentativa de suicídio (CHAVES et al., 2017; ARAÚJO; ALVES; BARROS, 2019; KLINGER et al., 2016; GONÇALVES, et al., 2017). As tentativas de suicídio podem estar relacionadas a fatores sociodemográficos diversos, que mudam segundo o contexto cultural, histórico e político. No entanto, observa-se maior prevalência de tentativa de suicídio em mulheres, adolescentes e jovens, pessoas que vivem sozinhas, desempregados e indivíduos com baixa escolaridade (FELIX t al., 2016; CHAVES et al., 2017).

Tabela 4 - Casos e óbitos de Intoxicação por medicamentos, Casos por Faixa Etária. Brasil, 2013 a 2017.

FAIXA ETÁRIA 2013 2014 2015 2016 2017 TOTAL <1 642 868 1103 1192 551 4356 01-04 6772 9167 7831 8206 3730 35706 05-09 1640 1739 2033 2123 1207 8742 10-14 1391 1214 1329 1511 1071 6516 15-19 2324 1952 2303 2622 2248 11449 20-29 3717 3448 3909 3977 3335 18386 30-39 3017 3166 3483 3612 2651 15929 40-49 1854 2055 2431 2498 1879 10879 50-59 1038 1228 1671 1779 1099 6815 60-69 417 552 1079 1107 450 3605 70-79 214 346 783 735 244 2322 80 E + 108 156 375 421 135 1195 IGNORADO 339 702 448 2528 2037 6054 Fonte Sinitox, 2020

De acordo com a tabela 4, as crianças têm grande risco de intoxicação, comumente na faixa etária de 01-04 com 27,07% (35.706), os jovens-adultos, de 20-29 anos, constituem a segunda faixa etária mais vulnerável, com 13,94% (18.386). As crianças demonstram curiosidade e lidam com tudo o que encontram, por isso correlaciona-se essa fase da vida com maior risco para intoxicação por medicamentos, pois levam tudo o que encontram a boca, o que aumenta o risco de exposição a substâncias (MAIOR e OLIVEIRA, 2012)

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Crianças constantemente exploram e investigam tudo ao seu redor, isto os expõe a ingestão de produtos potencialmente tóxicos, como por exemplo medicamentos, produtos domésticos e outros produtos químicos armazenados em locais inadequados (FONTENELE et al., 2015). A intoxicação por drogas é um acidente comum na infância. Recipientes e líquidos coloridos, pílulas em forma de doces e armazenamento inadequado são alguns dos fatores que levam as crianças a usar drogas em grandes quantidades. Por outro lado, o crescimento de informações via internet, levam alguns pais a medicarem seus filhos por conta própria (OLIVEIRA e ARNAUTS, 2011).

Por outro lado, na sociedade atual, o adolescente vivencia períodos de incertezas, sendo cada vez mais cobrado por suas atitudes. Ele se torna contestador, impetuoso, mas ao mesmo tempo apresenta comportamento imaturo e inseguro. As mudanças vivenciadas, associadas aos desafios impostos pela sociedade contemporânea, podem gerar angústias e medos que, se não forem adequadamente manejados, podem incorrer em tentativas de autoextermínio (SILVA et al., 2015; ARAUJO, ALVES, BARROS, 2019).

Tabela 5 - Casos e óbitos de Intoxicação por medicamentos, Casos por Zona de Ocorrência. Brasil, 2013 a 2017.

ZONA DE OCORRÊNCIA 2013 2014 2015 2016 2017 TOTAL NORTE URBANA 281 192 242 - 367 1082 RURAL 16 6 16 - 17 55 NORDESTE URBANA 1680 1631 1702 2171 626 7810 RURAL 94 77 126 140 27 464 SUDESTE URBANA 6071 11864 12413 13166 5235 48749 RURAL 94 1587 47 47 389 2164 SUL URBANA 9410 8769 8719 9535 10939 47372 RURAL 83 101 170 114 122 590 CENTRO-OESTE URBANA 3760 1842 1243 862 310 8017 RURAL 102 51 31 26 34 244 IGNORADO - 452 473 4069 6250 2571 13815 BRASIL URBANO 21202 24298 24319 25734 17477 113030 RURAL 1895 1822 390 327 589 5023 Fonte Sinitox, 2020

É visto que a maior parte de intoxicação de medicamentos é encontrado na zona urbana com 85,71% (113.030), então considera-se que o acesso ao medicamento é mais fácil, pois a facilidade de ir à farmácia ou pedir medicamento pelo telefone. A maioria dos casos acontece no ambiente doméstico pode ser justificada pela existência das “farmácias caseiras” que consequentemente aumentam o risco da ingestão acidental dos medicamentos. Nestas também pode ocorre o armazenamento inadequado dos medicamentos, como também a guarda de substâncias vencidas (MAIOR; OLIVEIRA et al., 2012).

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Diversas causas são apontadas como fatores que levam a população à automedicação, mas existem algumas razões importantes: venda indiscriminada de medicamentos, dificuldade em obter sistema de saúde, custo da consulta médica e / ou plano de saúde e alívio de sintomas urgentes (CARREGAL; SILVEIRA, 2014; DOMINGUES et al., 2015). A OMS anunciou que 29% das mortes no Brasil são causadas por envenenamento por drogas, a maioria relacionada à automedicação (CARY, 2016).

Tabela 6- Evolução dos Casos Registrados de Intoxicação por Medicamentos. Brasil, 2013 a 2017.

EVOLUÇÃO DOS CASOS 2013 2014 2015 2016 2017 TOTAL Cura 13895 8404 18581 9041 12911 62832 Cura não confirmada 4258 4511 4532 530 750 14581 Sequelas 39 19 21 5 2 86 Óbito 78 61 62 115 50 366 Óbito outras circunstâncias 09 11 7 4 5 36 Outro 3478 3149 3984 8938 434 19983 Ignorado 1794 10438 1591 13678 6485 33986 Fonte Sinitox, 2020

Em relação à evolução dos casos de intoxicação por medicamentos, os resultados mostram-se relativamente positivos, visto que se obteve-se cura em 44,46% dos casos mencionados. Este dado por vezes não se reflete em grandes centros urbanos, pois na análise dos casos de intoxicações registradas pelo Centro de Controle de Intoxicações do interior do Estado de São Paulo no ano de 2015, 78,4% das vítimas de exposições tóxicas evoluíram para alta com cura, enquanto os óbitos relacionados ou decorrentes das intoxicações medicamentosas corresponderam a 0,5% dos casos. (COSTA; ALONZO, 2015).

No Brasil vem se popularizando como agente suicida, de homicídios e de graves acidentes químicos, devido ao fácil acesso e baixo custo, expondo a população intoxicações graves e muitas vezes fatais, e elevando a taxa de mortalidade dentre todos os produtos notificados pelos Centros de Informação e Assistência Toxicológica (CRUZ, 2013). Pequena parcela da população compra medicamentos apresentando prescrição médica, e a maioria das pessoas recorrer ao aconselhamento de terapêutico nas farmácias comerciais, confirmando a importância do farmacêutico para a promoção do racional de medicamentos, a fim de evitar intercorrências quando do uso dos mesmos (SANTOS et al., 2013).

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4. CONCLUSÕES

De acordo com os dados discutidos neste estudo, comprova-se a importância do farmacêutico na dispensação de medicamentos e no acompanhamento farmacoterapêutico a fim de garantir a qualidade e a eficácia dos medicamentos no tratamento, evitando assim efeitos colaterais, interações medicamentosas e até mesmo síndromes tóxicas.

REFERÊNCIAS

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