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Dietoterapia em um Paciente Hepatopata Hospitalizado: Adequação do Perfil Lipídico/ Dietotherapy in a Hospitalized Hepatopathic Patient: Adequacy of Lipid Profile

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 1,p.4524-4535 jan. 2020. ISSN 2525-8761

Dietoterapia em um Paciente Hepatopata Hospitalizado: Adequação do

Perfil Lipídico

Dietotherapy in a Hospitalized Hepatopathic Patient: Adequacy of Lipid

Profile

DOI:10.34117/bjdv6n1-324

Recebimento dos originais: 30/11/2019 Aceitação para publicação: 28/01/2020

Leticia Szulczewski Antunes da Silva

Graduada em Nutrição pela Universidade Católica Dom Bosco. Nutricionista do Programa de Residência Multiprofissional em Cuidados Continuados Integrados

(PREMUS-CCI)-UFMS

Instituição: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Endereço: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul Endereço: Cidade Universitária, Av. Costa e Silva s/nº – Pioneiros, Campo Grande – MS, Brasil

E-mail: leticiaszulczewski@gmail.com

Raquel Santiago Hairrman

Graduada em Nutrição pela Universidade Anhangera-Uniderp. Nutricionista do Programa de Residência Multiprofissional em Cuidados Continuados Integrados (PREMUS-CCI)-UFMS

Instituição: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Endereço: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul Endereço: Cidade Universitária, Av. Costa e Silva s/nº – Pioneiros, Campo Grande – MS, Brasil

E-mail: raquelhairrman@gmail.com

Natalí Camposano Calças

Graduada em Nutrição pela Universidade Católica Dom Bosco. Nutricionista Preceptora do Programa de Residência Multiprofissional em Cuidados Continuados Integrados

(PREMUS-CCI)-UFMS

Instituição: Escola de Saúde Pública Dr. Jorge David Nasser

Endereço: Rua Senador Filinto Muller, 1480 - Vila Ipiranga, Campo Grande - MS, 79074-460

E-mail: natcalcas@gmail.com

Rafael Alves Mata de Oliveira

Bacharel em Nutrição pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Nutricionista do Programa de Residência Multiprofissional em Cuidados Continuados Integrados: Atenção a

Saúde do idoso (PREMUS-CCI)-UFMS

Instituição: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Endereço: UFMS, Cidade Universitária, Av. Costa e Silva s/nº – Pioneiros, Campo Grande – MS, Brasil

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Yulle Fourny Barão

Bacharela em Nutrição pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Nutricionista do Programa de Residência Multiprofissional em Cuidados Continuados Integrados: Atenção a

Saúde do idoso (PREMUS-CCI)-UFMS

Instituição: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Endereço: UFMS, Cidade Universitária, Av. Costa e Silva s/nº – Pioneiros, Campo Grande – MS, Brasil

E-mail: yullefourny@hotmail.com

Eli Fernanda Brandão Lopes

Graduada em Serviço Social pela Faculdade Anhanguera-Uniderp. Especialista em

Gestão de Políticas Sociais pela Faculdade de Educação São Luis. Assistente Social do Programa de Residência Multiprofissional em Cuidados Continuados Integrados

(PREMUS-CCI)-UFMS

Instituição: Universidade Federal do Mato Grosso do sul

Endereço: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul Endereço: Cidade Universitária, Av. Costa e Silva s/nº – Pioneiros, Campo Grande – MS, Brasil

E-mail: elifernanda.brandaolopes@gmail.com

Carolina de Sousa Rotta

Graduada em Psicologia pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) Psicóloga do Programa de Residência Multiprofissional em Cuidados Continuados

Integrados (PREMUS - CCI) - UFMS

Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Endereço: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Cidade Universitária, Av. Costa e Silva s/n° - Pioneiros, Campo Grande - MS, Brasil

E-mail: carolsrotta@gmail.com

Izabela Rodrigues de Menezes

Graduada em Fisioterapia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Fisioterapeuta do Programa de Residência Multiprofissional em Cuidados Continuados

Integrados (PREMUS - CCI) - UFMS

Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Endereço: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Cidade Universitária, Av. Costa e Silva s/n° - Pioneiros, Campo Grande - MS, Brasil

E-mail: izabelarodriguesdemenezes@gmail.com

Juliana Galete

Graduada em Farmácia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Farmacêutica do Programa de Residência Multiprofissional em Cuidados Continuados

Integrados (PREMUS-CCI)-UFMS

Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul

Endereço: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul Endereço: Cidade Universitária, Av. Costa e Silva s/nº – Pioneiros, Campo Grande – MS, Brasil

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Maruska Dias Soares

Mestre em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Ceará. Docente do curso de Nutrição da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Alimentos e Nutrição da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Docente dos Programas de Residência em Saúde: Cuidados

Continuados Integrados - UFMS/Hospital São Julião e Atenção ao Paciente Crítico - UFMS/HUMAP.

Instituição: universidade federal de mato grosso do sul

Endereço: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul Endereço: Cidade Universitária, Av. Costa e Silva s/nº – Pioneiros, Campo Grande – MS, Brasil

E-mail: maruska.diass@gmail.com

Thaís de Sousa da Silva Oliveira

Graduada em Nutrição pela Universidade Anhanguera-Uniderp. Nutricionista Especialista pelo Programa de Pós-Graduação em Residência Multiprofissional em Cuidados Continuados Integrados: Atenção a Saúde do Idoso pela Universidade Federal de Mato

Grosso do Sul

Instituição: Hospital São Julião

Endereço: Rua Lino Villacha, 1250 - Bairro São Julião, Campo Grande - MS, 79017200 E-mail: sousa.thais@outlook.com

Luciane Perez da Costa Fernandes

Graduada em Nutrição, Mestre em Biotecnologia e Doutoranda em Biotecnologia pela Universidade Católica Dom Bosco.

Instituição: Hospital São Julião - Nutricionista Responsável Técnica e Hospital Militar de Área de Campo Grande - Nutricionista Responsável Técnica

Endereço: Av. Duque de Caxias, 474 - Amambai, Campo Grande - MS, 79100-400 E-mail: perezlu10@hotmail.com

RESUMO

Introdução: As hepatites virais são doenças provocadas por diferentes agentes etiológicos, com tropismo primário pelo fígado, que apresentam características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais distintas. A doença hepática crônica resulta em grande impacto nutricional, independente de sua etiologia, pelo fato do fígado responsabilizar-se por inúmeras vias bioquímicas na produção, modificação e utilização de nutrientes e de outras substâncias metabolicamente importantes. Objetivo: Demonstrar a dietoterapia utilizada hepatopata com alteração de perfil lipídico. Metodologia: Trata-se de um trabalho descritivo transversal que relata o caso de um paciente do sexo masculino, 54 anos, etilista crônico, internado em um Hospital de Retaguarda, de maio a outubro de 2019, portador de Hepatite C e Esteatose Hepática (EH) grau II, com diagnóstico nutricional de sobrepeso e alterações no perfil lipídico sérico. Resultados: A avaliação dos exames bioquímicos na admissão, demostrou níveis alterados de triglicerídeos, colesterol HDL e LDL. As enzimas hepáticas também apresentaram alterações, com Transaminase Glutâmico Oxalacética (TGO) duas vezes maior que o normal, Gama Glutamil Transferase (Gama GT) quatorze vezes maior que o normal. Diante da comorbidade do paciente e dos resultados laboratoriais, a conduta dietética foi ofertar uma dieta livre, pois não haviam restrições quanto a deglutição e mastigação,

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hiperproteica (1,34 g/kg/peso), hipocalórica (20 kcal kg/peso) e normolipídica, fracionada seis vezes ao dia. Foram adicionados alimentos, entre eles, azeite de oliva extra virgem, oleaginosas e sardinha enlatada em óleo. Houve diminuição dos carboidratos simples, inclusão de fibras como aveia em flocos, frutas e legumes diariamente, 2 porções de cada, uma vez que a história dietética do paciente se resumiu em duas refeições ao dia, com arroz e carne, devido ao etilismo crônico. Foram realizadas atividades de educação nutricional para melhor adesão ao tratamento dietoterápico. Contudo, mesmo com a dificuldade do paciente em aderir á nova alimentação, em um período de 60 dias, foi possível evidenciar uma melhora nos parâmetros bioquímicos e redução dos valores dos exames de LDL, CT, HDL, triglicerídeos, além das enzimas hepáticas, entrando em valores de normalidade. Conclusão: A dietoterapia é essencial no tratamento e melhora das hepatopatias e a adequação dos exames bioquímicos. No caso das hepatopatias crônicas se torna essencial a mudança de alimentação e estilo de vida, muitas vezes simples, sem custos altos, para recuperação da saúde e redução da mortalidade.

Palavras-Chave: Dietoterapia. Esteatose Hepática. Nutrição. ABSTRACT

Introduction: Viral hepatitis are diseases caused by different etiological agents, with primary tropism by the liver, which have distinct epidemiological, clinical and laboratory characteristics. Chronic liver disease results in a great nutritional impact, regardless of its etiology, because the liver is responsible for numerous biochemical pathways in the production, modification and use of nutrients and other metabolically important substances. Objective: To demonstrate dietotherapy used hepatopathic with lipid profile alteration. Methodology: This is a cross-sectional descriptive study that reports the case of a 54-year-old male patient, a chronic alcoholic admitted to a Rear Hospital from May to October 2019, with hepatitis C and Grade II Hepatic Steatosis (EH), with nutritional diagnosis of overweight and changes in serum lipid profile. Results: The evaluation of biochemical tests at admission showed altered levels of triglycerides, HDL cholesterol and LDL. Liver enzymes also presented alterations, with Oxalactic Glutamic Transaminasis (TGO) twice as high as normal, Glutamil Transferase Range (GT Range) fourteen times higher than normal. Given the comorbidity of the patient and laboratory results, the dietary approach was to offer a free diet, because there were no restrictions on swallowing and chewing, hyperprotein (1.34 g/kg/weight), hypocaloric (20 kcal kg/weight) and normolipídic, fractionated six times a day. There was a decrease in simple carbohydrates, inclusion of fibers such as oats in flakes, fruits and vegetables daily, 2 portions each, since the dietary history of the patient summed up in two meals a day, with rice and meat, due to chronic alcohol consumption. Nutritional education activities were carried out to better adhere to dietotherapeutic treatment. However, even with the difficulty of the patient in adhering to the new diet, in a period of 60 days, it was possible to show an improvement in biochemical parameters and reduction of the values of LDL, CT, HDL, triglycerides, in addition to liver enzymes, entering normal values. Conclusion: Dietotherapy is essential in the treatment and improvement of liver diseases and the adequacy of biochemical tests. In the case of chronic liver diseases it is essential to change food and lifestyle, often simple, at no high costs, for health recovery and reduction of mortality.

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1 INTRODUÇÃO

A infecção pelo Vírus da Hepatite C (VHC) ainda constitui grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo (POLARIS OBSERVATORY, 2017). As hepatites virais afetam cronicamente cerca de 325 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo que 95% dos infectados desconhecem sua doença e menos de 1% têm acesso ao tratamento (SOCIEDADE BRASILEIRA DE HEPATOLOGIA, 2016). As hepatites virais são doenças provocadas por diferentes agentes etiológicos, com tropismo primário pelo fígado, que apresentam características epidemiológicas, clínicas e laboratoriais distintas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

A Esteatose hepática é definida pela acumulação excessiva de gordura nos hepatócitos sem causas secundárias (consumo de álcool, medicação esteatogênica e fatores genéticos) (SUZUKI; DIEHL, 2017). A esteatose hepática é uma condição reversível, sendo a perda de peso a terapêutica mais eficaz (SWEET/KHOO;NGUYEN, 2017). Thoma et al (2012) verificaram que a restrição energética e diminuições de peso entre 4 e 14% provocaram reduções significativas na esteatose hepática (THOMA; DAY; TRENELL, 2012).

A doença hepática aguda ou crônica, provoca alterações no estado nutricional, no metabolismo dos aminoácidos, na utilização da glicose, na absorção e transporte dos lipídeos, e, também no armazenamento das vitaminas e dos minerais, principalmente, do ferro e cobre, das vitaminas lipossolúveis, vitamina B12 (MAZZA; SANTANA; OLIVEIRA, 2009). Pacientes com hepatopatia descompensada possuem retenção hídrica, com a presença de ascite e edema periférico, associada a hipoalbuminemia e à desnutrição (MAHAN et al, 2018).

Em casos de hepatopatias, é recomendado o consumo de AACR (Aminoácidos de Cadeia Ramificada), pela teoria de que as concentrações elevadas de AAA (Aminoácidos de Cadeia Aromática) limitam a captação cerebral de AACR, visto que elas competem pelo transporte mediado por carreadores na barreira hematoencefálica. O alto teor de fibras de uma dieta de proteínas vegetal também pode desempenhar um papel na excreção de compostos nitrogenados (MAZZA; SANTANA; OLIVEIRA, 2009). Nas hepatopatias, os parâmetros objetivos de avaliação nutricional que são úteis quando monitorados de modo seriado incluem medidas antropométricas e ingestão dietética. É preciso ter cautela quando se avaliam os marcadores bioquímicos no paciente com doença hepática, visto que os critérios nutricionais típicos serão afetados em virtude da própria doença hepática (JESUS et. al, 2011).

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Considera-se que a Desnutrição Energética Proteica (DEP) induz a degradação mais rápida da função hepática, resultando na formação de um ciclo vicioso, onde a desnutrição agrava a doença e o estado nutricional. Vários fatores podem contribuir para a instalação da DEP nesses indivíduos, dentre eles, gasto energético de repouso aumentado, infecções, complicações digestivas e absortivas, jejum prolongado 9 e ingestão alimentar insuficiente (MCCULLOUGH, 2006).

A doença hepática crônica resulta em grande impacto nutricional, independente de sua etiologia, pelo fato do fígado responsabilizar-se por inúmeras vias bioquímicas na produção, modificação e utilização de nutrientes e de outras substâncias metabolicamente importantes (SARIN et al, 1997; NOMPLEGGI; BONKOVSKY, 1994). Desta forma, o objetivo deste trabalho é demonstrar a dietoterapia utilizada em um paciente hepatopata com alteração de perfil lipídico.

2 METODOLOGIA

Trata-se de um trabalho descritivo transversal que relata o caso de um paciente do sexo masculino, 54 anos, solteiro, etilista crônico, internado em um Hospital de Retaguarda, de maio a outubro de 2019, portador de Hepatite C e Esteatose Hepática grau II, com diagnóstico nutricional de sobrepeso e com alterações bioquímicas do perfil lipídico sérico.

Após sua admissão, foi aplicada a anamnese nutricional do próprio Setor de Nutrição e Dietética (SND) do hospital e obtida história clínica, história dietética por meio do recordatório alimentar habitual, exame físico, solicitação de exames bioquímicos, dados antropométricos e dietoterápicos.

Para avaliação antropométrica do paciente, foram coletados os seguintes dados: Circunferência do Braço (CB), Circunferência da Panturrilha (CP), Prega Cutânea Triciptal (PCT), Altura do Joelho (AJ) para estimar altura (m); e peso (kg) para calcular o Índice de Massa Corporal (IMC) de acordo com os valores estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 1998).

Os exames bioquímicos são coletados de acordo com a necessidade, solicitadas tanto pelo médico, quanto pelo nutricionista. Conforme a Resolução do Conselho Federal dos Nutricionistas N°306, de 24 de março de 2003 (CFN, 2003), o nutricionista tem competência para solicitação de exames laboratoriais, necessários á avaliação, prescrição e evolução nutricional do paciente. Os exames bioquímicos demostrados neste relato de caso, foram coletados na admissão e após 60 dias.

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O trabalho atendeu às normas para realização de pesquisa em seres humanos, resolução nº466 do Conselho Nacional de Saúde de 12 de dezembro de 2012, garantidos o anonimato e confidencialidade dos dados coletados.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após 24 horas da internação, o paciente foi submetido à anamnese nutricional. Sobre a história clínica, o paciente relatou ter uma perda de consciência súbita somado a fraqueza das pernas, não sendo possível se movimentar. Por morar sozinho demorou algumas horas para ser socorrido. É tabagista á 40 anos, fumando 1 maço de cigarro ao dia, além de ser etilista desde os 12 anos de idade.

O paciente foi internado em outra unidade hospitalar antes de sua admissão no setor de reabilitação de um Hospital de Retaguarda, onde foi diagnosticado com esteatose hepática grau II e Hepatite C. O mesmo não havia patologias pregressas a esta.

Em relação á sua história dietética relatava não consumir muitas frutas, legumes ou verduras durante a semana, consumia menos de 1 litro de água diário, e suas duas refeições diárias se resumiam no consumo de arroz, carnes e feijão.

Ao exame físico, demostrava excesso de tecido adiposo na região abdominal principalmente, além dos dados antropométricos resultarem em um IMC de 28 kg/m² caracterizando sobrepeso, peso de 89,2 kg, PCT caracterizando obesidade. O diagnóstico nutricional resultou em sobrepeso, corroborando aspectos físicos e antropométricos.

A avaliação dos exames bioquímicos na admissão, demostrou níveis alterados de triglicerídeos (TGL) de 198 mg/dL, colesterol HDL de 28 mg/dL, colesterol LDL de 160,1 mg/dL, e colesterol total (CT) de 178 mg/dL. As enzimas hepáticas também apresentaram alterações, com Transaminase Glutâmico Oxalacética (TGO) de 99,4 U/L, Transaminase Glutâmico Pirúvica (TGP) de 54 U/L, Gama Glutamil Transferase (GGT) de 425 mg/dL e fosfatase alcalina de 159 U/L.

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Tabela 1 – Valores de referência utilizados para os exames bioquímicos em um Hospital de Retaguarda, 2019.

*Homem adulto, 54 anos, valores de normalidade.

Na literatura não existem recomendações específicas para a população consumidora de álcool, desta forma, a necessidade energética será influenciada de acordo com o estado nutricional e seu comprometimento hepático atual. No caso da esteatose hepática alcoolica, a faixa de energia diária varia entre 35 a 40 kcal/dia (JESUS, 2014; PLAUTH et. al., 2006).

As recomendações para os macronutriente deve ser individualizada, também levando-se em conta o estado nutricional do paciente, juntamente com as alterações bioquímicas apresentadas. A ingestão de proteínas deve ser entre 1,2 a 1,5g kg/peso, os carboidratos entre 45% a 65% do valor energético total ofertado. Já as gorduras ficam entre 20% a 35% do valor energético total (PLAUTH et al., 2006). Na parte dietética deve-se selecionar fontes de gorduras priorizando as monoinsaturadas e poli-insaturadas, reduzindo as fontes de ácidos graxos saturados (JESUS, 2014).

A perda de peso, reduz a esteatose hepática geralmente, e esta, pode ser feita com dieta hipocalórica ou em conjunto com atividades físicas (CHALASANI et. al., 2012). A diminuição de 5-10% do peso corporal total melhora a histologia e as enzimas hepáticas (WORLD GASTROENTEROLY ORGANIZATION, 2012).

Diante da comorbidade do paciente e dos resultados laboratoriais, a conduta dietética foi ofertar uma dieta livre, devido ao paciente não ter nenhuma queixa orogastrointestinal, apresentando deglutição e mastigação íntegra e funcional. Dieta Hiperproteica (1,34 g/kg/peso), hipocalórica (20 kcal kg/peso), devido ao diagnóstico nutricional de sobrepeso e normolipídica (29%), fracionada seis vezes ao dia.

Foram adicionados alimentos, dentre eles, azeite de oliva extra virgem, oleaginosas e sardinha enlatada em óleo, sendo estes, alimentos fontes de gordura poli-insaturada e mono-insaturada, que contem ômega 3, que melhora o perfil lipídico, reduz inflamação e danos

Exame Bioquímico Valor de Referência* Colesterol Total <200mg/dL

Triglicerídeos <150 mg/dL

Colesterol HDL >40 mg/dL Colesterol LDL 100 a 129 mg/dL

Transaminase Glutâmico Pirúvica Até 50 U/L Transaminase Glutâmico Oxalacética Até 50 U/L Fosfatase Alcalina 25 a 100 U/L Gama Glutamil Transferase < 30 U/L

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hepatocelular (ZIVKOVIC, GERMAN, SANYAL, 2009). Houve diminuição dos carboidratos simples, inclusão de fibras (solúvel e insolúvel) como aveia em flocos, frutas e legumes diariamente. O paciente consumia bebidas alcoólicas por 40 anos, recentemente fazendo uso de cachaça em torno de 3 copos dia.

Desta forma, foram realizadas educações nutricionais, com foco na promoção à saúde, objetivando melhorar a adesão ao tratamento dietoterápico e relação com as patologias. A promoção da saúde visa à capacitação da pessoa para atuar no aumento de sua qualidade de vida e saúde (BRASIL, 2002). A educação nutricional acontecia de formas mensais, onde eram feitos cartazes e informativos relacionados tanto ao etilismo, quanto a relação deste e as doenças hepáticas. Era feito um bate papo com o paciente, informalmente, e eram tiradas dúvidas. Este se intensificou nas últimas semanas antes da alta, tornando-se semanal.

Contudo, havia a dificuldade do paciente em aderir à nova alimentação, visto que que não gostava de se alimentar com verduras e legumes, somadas à sua vontade de consumir bebidas alcóolicas. Entretanto, em um período de 60 dias, foi possível evidenciar uma melhora nos parâmetros bioquímicos, com LDL de 68,6 mg/dL, HDL com expressivo aumento para 38,1 mg/dL, CT de 120 mg/dL, TGL de 66,4 mg/dL, TGO de 52,6 U/L, TGP de 43,1 U/L, Gama GT de 205,2 mg/dL e fosfatase alcalina de 103 U/L.

4 CONCLUSÃO

Dessa forma, a dietoterapia é essencial no tratamento e melhora das hepatopatias e adequação dos exames bioquímicos. No caso das hepatopatias crônicas se torna essencial a mudança de alimentação e estilo de vida, sendo necessário acompanhamento nutricional a longo prazo, pois é primordial esclarecimentos quanto a alimentação, muitas vezes simples, sem custos altos, para recuperação da saúde, não progressão da doença e redução da mortalidade.

REFERÊNCIAS

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CFN – Conselho Federal de Nutricionistas. Resolução RDC nº 306, de 24 de março de

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Tabela 1 – Valores de referência utilizados para os exames bioquímicos em um Hospital de Retaguarda, 2019

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