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Web 2.0 no apoio ao processo ensino/aprendizagem: estudo exploratório no ensino superior

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Academic year: 2020

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Web 2.0 no apoio ao processo ensino/aprendizagem: estudo

exploratório no ensino superior

Carolina Costa 1, Leonor Teixeira 2, Helena Alvelos 3

1) Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial (DEGEI), Universidade de Aveiro, Portugal

carolinacosta@ua.pt

2) Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial (DEGEI) / Governança, Competitividade e Políticas Públicas (GOVCOPP) / Instituto de Engenharia Electrónica e Telemática

(IEETA), Universidade de Aveiro, Portugal lteixeira@ua.pt

3) Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial (DEGEI) / Governança, Competitividade e Políticas Públicas (GOVCOPP), Universidade de Aveiro, Portugal

helena.alvelos@ua.pt

Resumo

Os alunos do ensino superior são actualmente utilizadores natos, no seu dia-a-dia, das Tecnologias de Informação e de Comunicação (TICs) e das ferramentas da Web 2.0. A diversidade de equipamentos interactivos e multimédia e a existência de redes de comunicação de banda larga, colocam à disposição dos alunos um conjunto inesgotável de informação, bem como de modalidades de ensino potenciadas pelas novas TICs. Por outro lado, a própria mudança de paradigma da Internet, actualmente numa lógica Web 2.0, tem sido também um factor importante para o estudo de novos modelos de Ensino/Aprendizagem (E/A). Os professores, hoje em dia, não se devem limitar a transmitir os conhecimentos usando unicamente os métodos tradicionais, mas sim adaptar os métodos ao novo padrão de aprendizagem dos alunos, designados nativos digitais. É neste âmbito que se enquadram as TICs no ensino, podendo-se destacar o papel do Moodle como ferramenta de apoio àquele processo. No entanto, e pela possibilidade de integração com outros sistemas, a plataforma Moodle não pode ser encarada apenas como um repositório de documentos de suporte às aulas presenciais, mas antes um potencial indutor de novos modelos de E/A alavancados na auto-aprendizagem e centrados no aluno. Por outro lado, as tecnologias da Web 2.0 apesar de serem fortemente exploradas e utilizadas pelos alunos nas suas actividades diárias, poderão não ter o mesmo potencial quando se pensa na sua utilização em termos de E/A. Neste domínio, o presente artigo pretende avaliar a utilização das ferramentas da Web 2.0 em geral, e das mesmas na plataforma Moodle em particular. A obtenção dos dados baseou-se num questionário que foi aplicado a alunos que frequentam unidades curriculares da responsabilidade do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial (DEGEI) da Universidade de Aveiro (UA), em cursos de Licenciatura e de Mestrado. Os resultados deste estudo evidenciaram que os alunos utilizam algumas das tecnologias da Web 2.0, no entanto verificou-se que essas mesmas ferramentas não estão a ser utilizadas de igual forma no âmbito do E/A quanto utilizam a plataforma Moodle.

Palavras-chave: Tecnologia de Informação e Comunicação, Web 2.0, Plataformas de

e-learning, Moodle

1. Introdução

Nos últimos anos, a utilização das Tecnologias de Informação e de Comunicação (TICs) tem crescido de forma acentuada na área do ensino, permitindo o acesso à informação de uma forma

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mais fácil e cómoda. Estas TICs não se limitam apenas às Tecnologias e Sistemas de Gestão de Informação, mas também a plataformas tecnológicas de apoio ao processo de Ensino/Aprendizagem (E/A), que normalmente estão na origem das modalidades de Ensino à Distância (EaD). De facto, a diversidade de equipamentos interactivos e multimédia, bem como a existência de redes de comunicação de banda larga, colocam à disposição dos alunos um conjunto inesgotável de informação, bem como modalidades de ensino potenciadas pelas novas TICs. Por outro lado, a própria mudança de paradigma da Internet, actualmente numa lógica Web 2.0, tem sido, também, um factor importante para o estudo de novos modelos de E/A. Os professores, hoje em dia, não se devem limitar a transmitir os conhecimentos usando unicamente os métodos tradicionais, mas sim adaptar os métodos ao novo padrão de aprendizagem dos alunos, designados por [Prensky 2001] como nativos digitais. Este novo fenómeno não pretende menosprezar o papel dos professores em sala de aula, mas antes ajustar os processos tradicionais ao novo paradigma tecnológico, no sentido de contribuir para a melhoria do processo E/A. É neste âmbito que se enquadram as TICs no ensino, podendo-se destacar o papel do Moodle como ferramenta de apoio àquele processo. Na maioria dos casos a plataforma Moodle é usada como um mero repositório de documentos disponibilizados pelos professores e consultados pelos alunos. No entanto, e pela possibilidade de integração com outros sistemas, a plataforma Moodle não pode ser encarada apenas como um repositório de documentos de suporte às aulas presenciais, mas antes um potencial indutor de novos modelos de E/A alavancados na auto-aprendizagem e centrados no aluno. A mudança causada pela Internet e TICs permite, eventualmente, apontar para alterações nos modelos de E/A, com tendências para a redução do ensino meramente presencial, e aumento do Ensino à Distância. Na Universidade de Aveiro (UA), instituição onde este estudo exploratório decorreu, a questão da qualidade tem sido colocada como uma prioridade. No sentido de promover a melhoria contínua do processo E/A, faz parte da sua missão actuar em cada um dos seus três principais pilares, nomeadamente no Ensino, na Investigação e na Cooperação. Particularmente na dimensão „Ensino‟, actualmente, a UA possui um conjunto alargado de TICs de suporte aos seus processos, bem como aos respectivos serviços de apoio.

Por outro lado, as tecnologias da Web 2.0, apesar de serem fortemente exploradas e utilizadas pelos alunos nas suas actividades diárias, poderão não ter o mesmo potencial quando se pensa na sua utilização em termos de E/A. Neste domínio, seria interessante avaliar a utilização destas ferramentas na Web 2.0 e na plataforma Moodle.

Este trabalho encontra-se dividido em 4 secções. Na secção 2 descreve-se, de forma breve, a utilização das TICs no ensino superior, com referência à Web 2.0 e às plataformas de EaD onde se destaca o Moodle. Na secção 3 descreve-se um estudo exploratório levado a cabo na UA e discutem-se os principais resultados. Finalmente e com base nos resultados, apresentam-se as conclusões e perspectivas de desenvolvimento futuro na secção 4.

2.

As TICs no Ensino Superior

A maioria dos alunos que hoje frequentam o ensino superior são considerados nativos digitais, [Prensky 2001a] e [Prensky 2001b]. Segundo estes mesmos autores, nativos digitais são todos os nascidos após 1980, sendo os anteriores a esse ano considerados imigrantes digitais. Os nativos digitais pensam e processam a informação de modo diferente dos seus antecessores [Prensky 2001a]. Os Professores, hoje em dia, não podem partir do pressuposto que os alunos aprendem com os mesmos métodos que os próprios aprenderam. As TICs que emergiram nos anos 90, e que provocaram uma viragem na forma de comunicação e de transmissão de dados, também provocaram mudanças nos próprios padrões de pensamento e na forma como se aprendem os conteúdos [Prensky 2001a]. Actualmente, as Universidades possuem esses novos alunos, tendo, por isso, que adaptar o ensino através de novos métodos, entre os quais se incluem a adopção das TICs para a transmissão dos conhecimentos. Na realidade, vários estudos evidenciam que os nativos digitais e os alunos de disciplinas técnicas (Engenharias) usam mais a tecnologia quando comparados com os imigrantes digitais e estudante de disciplinas não

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técnicas (Social) [Margaryan et al. 2011]. No entanto, apesar de os factos evidenciarem uma clara necessidade de adopção das TICs para novos métodos de ensino, as decisões dos professores e dos administradores para o E/A não devem ser baseadas apenas nas preferências dos alunos e nas tendências tecnológicas, mas deve haver uma compreensão do valor educativo dessas tecnologias para melhorar o processo e os resultados da aprendizagem. Neste sentido, é necessário explorar as diferentes tecnologias no ensino, avaliar a sua eficácia educacional na prática e no contexto de cada instituição [Kennedy et al. 2008] e [Margaryan et al. 2011] e, com base nisso, adoptá-la de forma prudente e de maneira progressiva.

De uma forma geral, nas universidades existe a preocupação de motivar os alunos com base em metodologias de E/A recorrendo às TICs, bem como de cativar outros alunos com base num paradigma de EaD. Neste sentido, a escolha de uma metodologia que promova a autonomia do estudo, poderá proporcionar uma formação mais centrada no aluno e na construção do seu próprio conhecimento. As TICs e as diversas ferramentas que caracterizam a Web 2.0 podem ser usadas para apoiar este novo paradigma, em benefício dos alunos, dos professores e da própria instituição.

2.1. A Web 2.0 no Ensino Superior

Os estudantes do ensino superior são actualmente utilizadores natos, no seu dia-a-dia, das ferramentas da Web que potenciam uma maior interactividade, ferramentas essas conhecidas no âmbito da Web 2.0 [Collis et al. 2008]. O conceito de "Web 2.0 " surgiu numa sessão de brainstorming entre O‟Reilly e a MediaLive International [O'Reilly 2005] sendo apresentado como “uma revolução” no negócio da indústria informática causada pela mudança da internet como plataforma de gestão de conteúdos. A Web 2.0 retracta um fenómeno social que envolve uma abordagem para geração e distribuição de conteúdos, caracterizada pela comunicação aberta, pela descentralização da autoridade e pela liberdade de partilha e reutilização da informação [Alexander 2006]. O objectivo é criar aplicações que aproveitem os efeitos da rede para obtenção de melhores benefícios para as pessoas que a utilizam, ou seja, segundo o autor "o aproveitamento da inteligência colectiva" [O'Reilly 2006]. Quando se fala em Web 2.0 é referenciado o uso social da Web que permite às pessoas colaborarem e terem um envolvimento activo na criação de conteúdos, no sentido de gerarem conhecimento e partilharem informação [Grosseck 2009].

A Web 2.0 pretende reduzir barreiras à entrada, podendo influenciar diversas formas culturais, com fortes implicações para a educação, desde o ensino em sala de aula, até à aprendizagem individual [Alexander 2006]. Tecnologias específicas e serviços, como por exemplo, Blogs, Wikis, identificação de conteúdos através de RSS, Social Bookmarking ou Social Tagging (favoritos ou marcadores on-line), Media Sharing (Podcasts, vídeos, fotos, apresentações) e Redes Sociais, podem contribuir para a criação de novos modelos de E/A [Anderson 2007], [Dabbagh et al. 2010], [Franklin et al. 2007] e [Grosseck 2009].

2.1.1. As Ferramentas da Web 2.0

Existem diversas ferramentas e/ou serviços que definem a Web 2.0. Os Blogs, as Wikis, as Redes Sociais, os Media Sharing, os RSS Feeds e os Social Bookmarking são talvez aqueles que mais contribuíram para o paradigma Web 2.0, descrevendo brevemente cada uma delas.

Os Blogs podem ser considerados como um diário na Web com apontadores para outros sites, onde frequentemente se encontram opiniões e sugestões [Cruz 2008] e [Usluel et al. 2009]. São muito utilizados para escrever as experiências, obter feedback dos utilizadores. No âmbito do processo E/A, esta ferramenta pode incentivar os alunos à inter-ajuda [Grosseck 2009] e [Usluel

et al. 2009].

A Wiki é um software colaborativo que permite a edição de documentos, a publicação e a partilha de conteúdos na Web. A facilidade com que as páginas são criadas e alteradas define a sua principal característica [Lai et al. 2011] e [Martins 2008]. No âmbito do processo E/A, esta

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ferramenta é fortemente utilizada como ferramenta de pesquisa, permitindo criar e manter um conjunto de perguntas frequentes (FAQ) da aula, podendo mesmo ser considerada uma área para debate e discussão de determinadas temáticas [Grosseck 2009]. A Wiki é considerada como uma ferramenta útil no processo de E/A, promovendo a escrita e aprendizagem colaborativa, ao mesmo tempo que potencia a criatividade [Cress et al. 2008].

As Redes Sociais permitem a interacção, a partilha e a comunicação entre utilizadores que reúnem interesses comuns [Pettenati et al. 2006]. No âmbito do processo E/A, as redes sociais podem ser utilizadas como ferramentas pedagógicas quando existe acordo para partilhar informações, [Lee et al. 2008].

A Media Sharing pode ser dividida em quatro categorias: Padcasting (áudio), Vídeos Sharing (vídeo), Photo Sharing (foto) e Slides Sharing (apresentação):

- O Podcasting refere-se à publicação de conteúdos áudio na internet. Através da subscrição de RSS Feeds, os Podcastings podem ficar disponíveis para serem descarregados para agregadores, como o iTunes, ou para outros dispositivos móveis como telemóveis e iPods, possibilitando a sua audição independentemente do lugar e do momento [Sousa et al. 2008] e [Usluel et al. 2009]. No âmbito do processo E/A, e apesar de o Podcasting não ser considerada uma actividade síncrona, poderão ajudar os alunos a estabelecer ligações a comunidades de aprendizagem, o que pode ser pedagogicamente adequado em certos contextos, já que possibilitam aos alunos a criação dos seus próprios

Podcats [Beldarrain 2006].

- Os Vídeos Sharing possibilitam a partilha de vídeos (excertos de filmes, programas televisivos, videoclips, conteúdos amadores), sendo o YouTube o serviço mais popular. No âmbito do processo E/A, e de forma a utilizar as potencialidades pedagógicas inerentes à Web para ensinar, tem-se o TeacherTube, profícuo para professores, educadores e escolas [Cruz 2008]. O uso do YouTube como um complemento à aprendizagem não é necessariamente um fenómeno novo, e permite uma participação mais activa dos estudantes, melhorando a sua alfabetização visual [Smith et al. 2010]. - As Photo Sharing permitem criar, manipular e divulgar imagens. Embora existam

dezenas de aplicações fotográficas na Web, um das mais inovadoras é o Flickr [Sadik 2009]. O Flickr é um site da Web que aloja e partilha imagens, desenhos, ilustrações e fotografias, sendo que uma das suas potencialidades reside na possibilidade de os utilizadores criarem álbuns para armazenar, organizar e classificar as fotografias, que podem ser vistas em diferentes locais do mundo [Cruz 2008] e [Grosseck 2009]. No âmbito do processo E/A, esta ferramenta contém imagens que podem ser usadas no ensino para ajudar a desenvolver a alfabetização visual, através da crítica e da análise da informação visual [Sadik 2009].

- Os Slides Sharing permitem partilhar apresentações e ter esse material disponível em qualquer lugar, a qualquer hora e para qualquer pessoa [Grosseck 2009].

A ferramenta RSS (Really Simple Syndication) Feeds pode potencialmente substituir as tradicionais listas de e-mails, permitindo manter actualizadas as informações sobre determinas páginas [Grosseck 2009]. Uma das grandes vantagens desta ferramenta é a possibilidade de economia de tempo, obtendo informações actualizadas em qualquer área.

Por último, os Social Bookmarking permitem ao utilizador adicionar e pesquisar Bookmarks (favoritos) sobre qualquer assunto, possibilitando a sua partilha na Web com outros membros da comunidade [Cruz 2008] e [Grosseck 2009]. Como exemplo de Social Bookmarking temos o

del.icio.us. Desta forma, permite realizar pesquisas e partilha-lhas entre colegas e, no caso de se

configurar um marcador de grupo, permite partilhar os recursos educativos [Grosseck 2009].

2.1.2. Vantagens e Desvantagens das Ferramentas da Web 2.0 no processo Ensino/Aprendizagem

Alguns autores têm vindo a estudar o impacto das ferramentas Web 2.0 na educação, tendo, alguns deles, contribuído para a identificação de um conjunto de vantagens e desvantagens

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[Franklin et al. 2007], [Grosseck 2009] e [Hsu 2011]. Na tabela 1 apresentam-se as que se mostraram mais relevantes para a temática estudada.

Vantagens -Redução de custos;

-Acesso mais fácil e rápido à informação; -Oportunidades de obter informação e de colaborar;

-Possibilidade de controlar o acesso aos recursos com a autenticação do utilizador; -Partilha de experiências acumuladas (ex.: blogs, wikis, youtube, flickr);

-Independência da plataforma (um computador com ligação à Internet);

-Baixo nível de complexidade para a utilização (competências mínimas na utilização da Internet); -Confiança quando utilizado durante um período prolongado e de forma contínua;

-Redistribuição de esforços de modo a se gastar menos tempo e energia na pesquisa e obtenção de informação (ex.: Del.icio.us, RSS);

-Aumento do número de modalidades e de heterogeneidade nos tipos de formação, devido à diversidade das novas tecnologias; -Maior foco na inovação didáctica, e não na tecnologia por si só.

Desvantagens -Ligação à Internet é necessária (especialmente uma ligação de banda larga); -O utilizador necessita de ter activo o JavaScript para ser capaz de utilizar;

-Possibilidade de os conteúdos gerados serem de qualidade baixa podendo ser criados por qualquer utilizador; -Segurança limitada;

-Velocidade dos programas é menor do que a dos programas de desktop; -Dificuldades da escolha entre as tecnologias alternativas disponíveis no mercado.

Tabela 1 – Vantagens e Desvantagens das ferramentas da Web 2.0 no processo E/A.

A tecnologia da Web 2.0 tem de ser vista numa perspectiva pedagógica, para que os alunos e professores possam estar prontos para os desafios da sociedade do conhecimento. Quando se utilizam as tecnologias Web 2.0 deve-se ter em conta a iniciativa e a responsabilidade, a curiosidade e a imaginação, a capacidade de explorar e a criatividade para que se possa trabalhar cooperativamente e de forma construtiva [Grosseck 2009]. A mudança do método de ensino pode estar induzida pelos atributos da tecnologia Web 2.0, permitindo que os alunos colaborem, participem na criação de conteúdos e partilhem informação online. Por outro lado, a aliança entre o contexto tecnológico e o processo de E/A pode originar alguns problemas, como tal as novas TICs deverão ser introduzidas no processo de forma adequada e não aleatoriamente (por exemplo, o professor deverá experimentar as tecnologias de trabalho antes de as usar com os alunos). Embora haja um consenso geral sobre os aspectos positivos da Web 2.0 no ensino, há, ainda, um desconhecimento, por parte dos professores, das ferramentas que podem ser utilizadas no processo E/A [Grosseck 2009]. No entanto, e ainda que se assista a uma nova era da sociedade de informação e do conhecimento, a adaptação e respectiva mudança dos modelos E/A deve ser estudada, analisada e efectuada com alguma prudência [Danciu et al. 2011].

2.2. Plataformas de e-learning: o Moodle

O Ensino à Distância (EaD) é uma prática que evidencia os recursos existentes e potencia novas capacidades, proporcionando formas complementares de E/A através do uso de novas TICs. Apesar das várias definições apresentadas na literatura, o conceito EaD pode ser entendido como uma experiência de educação planeada, com recurso às TICs, no sentido de incentivar a interacção no processo de ensino/aprendizagem. Normalmente são usados vários métodos e tecnologias que permitem levar os conteúdos educativos a diferentes lugares, utilizando para o efeito diferentes ferramentas, como: televisão, cassetes vídeo, CD-ROM e cartas [Deperlioglu et

al. 2010] e [Greenberg 1998]. Embora o conceito de EaD seja antigo, tendo surgido antes da

própria Internet (ex.: Tele-Ensino), hoje em dia esta prática está fortemente associada ao

e-learning.

O e-learning é apenas uma das várias formas de EaD que envolve a Internet como principal canal mediador de suporte ao processo E/A, podendo os intervenientes estar separados temporal e localmente. Esta modalidade, embora muito conhecida no âmbito do ensino, teve origem no mundo empresarial, com o objectivo de auxiliar a prática de formação dos colaboradores através de recursos didácticos hipermédia [Almeida 2003]. O e-learning significa a utilização das novas tecnologias multimédia e da Internet, para melhorar a qualidade da aprendizagem, facilitando o acesso a recursos e a serviços, bem como a intercâmbios e colaboração à distância [Gomes

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2005a] e [Gomes 2005b]. Vários estudos apontam para a existência de fortes vantagens na utilização de programas de e-learning no processo E/A [Mahmoud 2008], [Mellow 2005] e [Moura et al. 2009]. No entanto, a sua implementação implica um conjunto de desafios que necessitam de respostas claras e eficazes por parte das instituições que os adoptam, que passa pela escolha da plataforma adequada.

Relativamente às plataformas de suporte ao e-learning, também conhecidas por sistemas de gestão de aprendizagem (LMS - Learning Management System), estas geralmente facultam um conjunto de funcionalidades parametrizáveis, no sentido de se criarem cursos on-line, páginas de disciplinas, grupos de trabalhos e comunidades de aprendizagem [Paulsen 2003]. Nesse espaço, os formandos podem aceder a conteúdos do curso/unidade curricular, bem como interagir com professores e/ou colegas. Para além da dimensão pedagógica, este tipo de sistemas apresenta também funcionalidades de registo, monitorização e avaliação das actividades dos alunos e professores, facilitando a gestão do curso, via Internet. A sua arquitectura comporta uma base de dados onde são armazenados os perfis dos utilizadores e os conteúdos dos cursos, integrando, também, ferramentas de comunicação (síncrona e assíncrona) de modo a registar os acessos dos respectivos utilizadores [Costa 2010].

São já vários os tipos de aplicações deste género existentes no mercado, algumas comerciais (ex.: Blackboard/WebCT), outras de distribuição gratuita/Open Source (ex.: Moodle), contando ainda com as aplicações auto-desenvolvidas. Na literatura, alguns estudos comparam estas plataformas, sendo classificadas relativamente às características funcionais que apresentam, bem como ao tipo de utilizadores que suportam [Alexander 2006], [Bremer et al. 2005], [Campanella et al. 2008], [Cavus et al. 2009], [Coates et al. 2005], [Costa 2010], [Fernandes et

al. 2007], [Fernandes 2008], [Lms 2007], [Machado et al. 2007], [Miyazoe 2008], [Paulsen

2003] e [Santo et al. 2003]. Os vários estudos classificam a plataforma Moodle como mais fácil de utilizar e a mais utilizada no ensino secundário e no ensino superior.

A plataforma Moodle - Modular Object-Oriented Dinamic Learning Environment tem por base a filosofia construtivista, encontrando-se no dia 2 de Junho de 2011 em várias línguas, com um total de 54331 sítios registados, dos quais 1863 em Portugal [Moodle 2011]. É uma plataforma de gestão de conteúdos, de distribuição gratuita (Open Source), e permite a troca de informação entre os utilizadores geograficamente dispersos, através da comunicação síncrona (chat e salas de discussão) e assíncrona (e-mail e fóruns de discussão). Para além disso, possui ferramentas e funcionalidades facilmente parametrizáveis que permitem a criação de processos de avaliação dos alunos (criação de questionários e teste on-line, distribuição de inquéritos), assim como um sistema de gestão de tarefas, agenda e espaço para anúncio [Costa 2010], [Itmazi et al. 2005], [Legoinha et al. 2006], [Mahmoud 2008], [Silva et al. 2006] e [Valente et al. 2007]. Uma vez que se trata de uma tecnologia open source, a plataforma Moodle permite facilmente a integração com qualquer Sistema de Gestão Académica desde que comportem bases de dados relacionais. A inclusão de infra-estrutura de Web Services que potenciam a integração com outro tipo de sistemas [Moura et al. 2010], tem-se também revelado como elemento facilitador na escolha daquela plataforma pelas instituições de ensino.

3. Percepção dos Alunos acerca da Web 2.0: Estudo Exploratório

Com o presente trabalho, levado a cabo no Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial (DEGEI) da Universidade de Aveiro (UA) através de um estudo exploratório, pretende-se conhecer a percepção dos alunos relativamente ao uso das ferramentas da Web 2.0. Para além disso, tentou-se também averiguar de que forma as plataformas de e-learning integram ferramentas da Web 2.0 e, consequentemente, como as mesmas estão a ser exploradas pelos alunos no contexto do Ensino/Aprendizagem (E/A).

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3.1.

Metodologia

No sentido de atingir os objectivos do estudo, seguiu-se uma metodologia de recolha de dados através do questionário. Este foi concebido com base na revisão da literatura e validado com base numa entrevista não-estruturada efectuada à responsável pelo Moodle na UA. O questionário foi aplicado, no formato em papel, aos alunos que frequentam unidades curriculares da responsabilidade do DEGEI, em cursos de Licenciatura e Mestrado, tendo sido obtidas 278 respostas.

Estruturalmente, o questionário estava organizado em três grandes blocos: o primeiro tinha como finalidade obter dados para caracterizar os inquiridos; enquanto o segundo e terceiro tinham como objectivo recolher um conjunto de dados que permitissem uma melhor compreensão das ferramentas usadas no contexto de E/A, quer da Web 2.0 em geral, quer do Moodle em particular.

3.2.

Resultados e Discussão

Com base nos dados recolhidos foi feita uma análise descritiva utilizando o Software PASW

Statistics 18, sendo os principais resultados apresentados nas subsecções que se seguem.

3.2.1. Caracterização dos Inquiridos

Relativamente à caracterização dos inquiridos foi colocado um conjunto de questões relacionadas com a idade, o sexo, o curso, o ano e o grau que os alunos frequentam. Para além disso, os alunos foram inquiridos, sobre o tipo de dispositivo e de rede que utilizam para aceder à internet, a finalidade da utilização da internet no caso de lazer e estudo e, ainda, sobre o tempo médio, por dia, de utilização da internet.

Os dados revelam que os inquiridos têm uma média de idade de 21,8 anos, com uma representação 54% do sexo feminino.

Na tabela 2 apresenta-se a distribuição do número de alunos por curso, grau (Licenciatura ou Mestrado) e ano que frequentam, encontrando-se uma grande percentagem de alunos de Engenharia e Gestão Industrial (EGI).

Licenciaturas

Ano

1ºano 2ºano 3ºano Total

Gestão 1 0 40 41 Turismo 0 1 19 20 Economia 32 6 1 39 EGI 3 27 45 75 Engenharia Mecânica 0 7 3 10 LRE 5 1 15 21 Biologia 0 0 4 4 Engenharia de Materiais 0 2 1 3 Engenharia Química 0 0 1 1 Total 41 44 129 214 Mestrados EGI 29 1 --- 30 GPT 15 1 --- 16 Engenharia de Materiais 3 0 --- 3 Engenharia Química 10 0 --- 10 Matemática 3 1 --- 4 Total 60 3 --- 63

Tabela 2 – Número de alunos por curso

(Legenda: EGI – Engenharia e Gestão Industrial, LRE – Línguas e Relações Empresariais, GPT- Gestão e Planeamento em Turismo).

No que refere aos dispositivos utilizados para aceder à Internet, os dados tal como mostram a tabela 3 e figura 1, revelam que o mais utilizado é o „computador/portátil‟.

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Não Sim Total Computador/ Portátil 1 277 278 Telemóvel/ SmartPhone 198 80 278 PDA 274 4 278

Tabela 3 – Número de alunos que responderam que utilizam, ou não, cada

dispositivo de acesso à internet.

Figura 1 – Gráfico de barras do número de alunos que responderam que utilizam cada dispositivo de acesso à

internet.

Já relativamente à rede a partir da qual acedem à Internet, verificou-se que os alunos usam a rede particular e a rede da UA (ver tabela 4 e figura 2), tendo sido referido por 7,8% dos alunos não ter acesso à internet a partir de suas casas.

Não Sim Total

Rede da UA 36 242 278 Rede Particular 20 258 278 Rede de espaços públicos 182 96 278 Outra 277 1 278

Tabela 4 – Número de alunos que responderam que utilizam, ou não, cada rede de acesso à

internet.

Figura 2 - Gráfico de barras do número de alunos que responderam que utilizam cada rede de acesso à

internet.

Relativamente à utilização da internet para fins de lazer e de estudo, verificou-se que, os alunos, para actividades de lazer usam mais a internet para aceder a „Redes sociais‟ e „e-mail‟. Já para as actividades relacionadas com o estudo, utilizam mais a internet para aceder ao „e-mail‟ e „pesquisar‟ (ver tabela 5).

Lazer Estudo e-mail 225 268 Redes sociais 230 122 Ler notícias 182 176 Pesquisar 167 260 Jogar 140 --- Outra 12 7

Tabela 5 – Número de alunos que utilizam cada finalidade para fins de lazer e estudo.

O tempo médio, por dia, que utilizam a internet é de 3,8 horas e, desse tempo, 1,5 horas são destinadas ao estudo/aprendizagem.

3.3.

A Web 2.0 no âmbito do processo Ensino/Aprendizagem

Relativamente à utilização da Web 2.0, pretendeu-se identificar as ferramentas utilizadas e a frequência de utilização, nomeadamente para fins de estudo/aprendizagem e para o lazer. Pretendeu-se, também, conhecer as finalidades com que se utilizam essas ferramentas no processo E/A.

Foi perguntado aos estudantes o número de vezes que, em média, acediam a cada uma das ferramentas da Web 2.0, tendo-se os dados recolhidos revelado que os estudantes utilizam mais as Start Pages, os Vídeos, as Wikis e as Redes Sociais para o estudo e as Redes Sociais, os Vídeos e as Start Pages para o lazer, tabela 6.

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Estudo Lazer Total

N Min Max Min Max Min Max

Blogs 270 0 150 4,9 14,4 0 600 16,9 51,9 0 600 21,8 55,2 Wikis 263 0 180 13,4 26,7 0 288 8,5 29,4 0 300 21,9 42,8 Redes Sociais 268 0 210 13,6 27,7 0 600 83,8 110,3 0 600 97,4 111,4 Social bookmarking 272 0 150 2,6 12,7 0 450 5,6 34,8 0 600 8,1 45,1 Podcasts 274 0 60 2,0 8,7 0 120 6,6 17,8 0 150 8,7 21,5 Vídeos 265 0 1470 19,1 96,2 0 560 66,7 80,4 0 1500 85,8 122,1 Fotos 272 0 120 1,8 9,7 0 240 8,3 29,1 0 300 10,1 33,3 Apresentações 267 0 150 5,1 15,0 0 78 1,4 7,9 0 150 6,5 17,9 RSS feeds 273 0 90 1,9 8,7 0 120 2,3 11,3 0 180 4,1 17,9 Data mash-up 270 0 300 3,9 20,1 0 600 5,5 37,8 0 600 9,4 42,2 Start pages 270 0 750 38,4 76,8 0 360 38,6 69,7 0 750 76,9 120,8

Tabela 6 – Número de acessos mensais às ferramentas da Web 2.0

(Legenda: N – nº de respostas, Min – nº mínimo de acessos mensais, Max – nº máximo de acessos mensais, – média do nº de acessos mensais, – desvio padrão do nº de acessos mensais).

No que diz respeito ao processo E/A, verifica-se que os alunos usam a maioria das ferramentas (Blogs, Wikis, Social Bookmarking, Podcats, Vídeos, as Fotos, Apresentações, RSS feeds, Data

Mash-up e Start pages) para pesquisar, e Redes sociais para comunicar com os colegas, tabela 7.

Para pesquisar Para trabalho em grupo Para comunicar com colegas Para comunicar com professores Para entregar trabalhos Blogs 118 33 40 7 7 Wikis 185 94 9 2 7 Redes Sociais 31 43 188 22 1 Social Bookmarking 48 20 19 2 1 Podcasts 48 10 9 0 1 Vídeos 178 53 29 0 3 Fotos 46 17 17 0 2 Apresentações 79 73 10 5 15 RSS feeds 42 10 2 0 0 Data mash-up 132 35 8 2 2 Sart pages 131 56 15 5 6 Outra 2 6 9 7 8

Tabela 7 – Finalidade de utilização das ferramentas da Web 2.0 no processo E/A.

3.4.

A utilização do Moodle

Relativamente ao Moodle, pretendeu-se conhecer a frequência e a finalidade de utilização e o formato dos materiais a que os alunos têm acesso. Fez parte ainda deste estudo identificar as ferramentas Web 2.0 que integram o Moodle, e relativamente a essas, averiguar o nível de utilização e o grau de importância atribuído à sua eventual utilização.

Os resultados revelaram que o número de acessos ao Moodle é, em média, de 53 vezes por mês. Na tabela 8 são apresentados os resultados referentes às finalidades para que os alunos utilizam o Moodle, das quais se destacam „fazer download dos materiais‟, „ver anúncios relativamente às disciplinas‟ e „entregar trabalhos‟. Estes resultados comprovam a ideia de que o Moodle é usado, muitas vezes, como um mero repositório de materiais. Os formatos predominantes desses materiais são os textos e as apresentações/slides em pdf, provando mais uma vez a ideia referida anteriormente.

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Não Sim Total Fazer download dos materiais 5 273 278 Ver anúncios relativamente às disciplinas 45 233 278 Comunicar com os Professores 230 48 278 Colocar dúvidas 256 22 278 Entregar trabalhos 193 85 278 Outra 272 6 278

Tabela 8 – Número de alunos que utiliza, ou não, o Moodle para cada

uma das finalidades.

Figura 3 – Gráfico de barras do número de alunos que utiliza o Moodle para cada uma das finalidades.

Após uma análise efectuada às ferramentas do Moodle na UA, e validada pelo responsável administrativo, foi colocada, aos alunos, a questão de quais as ferramentas que utilizam. Na tabela 9 são apresentados o número de alunos que utilizam, ou não, cada uma das ferramentas identificadas. Não Sim Blogs UA 238 40 Wikis UA 242 36 Fóruns 201 77 Questionários 210 68 Notícias/Anúncios 110 168 Chat 259 19 Vídeo-conferência 273 5 Teste on-line 256 22 Entrega de trabalhos 173 105

Tabela 9 – Número de alunos que utilizam, ou não, cada uma das

ferramentas do Moodle.

Figura 4 – Gráfico de barras do número de alunos que utilizam cada uma das ferramentas do Moodle.

Relativamente às ferramentas do Moodle pretendeu-se, também, identificar o grau de importância atribuído à eventual utilização de cada uma. As ferramentas „notícias/anúncios‟ e „entrega de trabalhos‟ foram classificadas com pontuação mais alta, numa escala de avaliação entre 1 (pouco importante) e 5 (muito importante), ver figura 5.

Figura 5 – Diagrama tipo caixa do grau de importância atribuído às ferramentas do Moodle.

Com a finalidade de agrupar as ferramentas mais semelhantes entre si, foi realizada uma análise de clusters hierárquica e aglomerativa, utilizando o quadrado da distância euclidiana e o método

complete linkage. Salienta-se o facto de outros métodos, tais como average linkage e ward linkage produzirem soluções similares. Na figura 6 apresenta-se o dendrograma da análise

(11)

realizada, verificando-se que se podem definir os seguintes três grupos de ferramentas: (i) „Wikis UA‟, Fóruns, „Questionários‟ e „Testes on-line‟; (ii) „Chat‟, „Vídeo-conferência‟ e „Blogs UA‟; (iii) „Notícias/Anúncio‟ e „Entrega de Trabalhos‟.

III.4.2.1 Blogs UA III.4.2.2 Wikis UA III.4.2.3 Fóruns III.4.2.4 Questionários III.4.2.5 Notícias/Anúncio III.4.2.6 Chat III.4.2.7 Vídeo-conferência III.4.2.8 Testes on-line III.4.2.9 Entrega de Trabalhos

Figura 6 – Dendrograma do grau de importância à eventual utilização no contexto E/A.

É interesante verificar que no primeiro grupo estão agrupados as ferramentas de comunicação síncronas (como por exemplo o chat), no segundo encontram-se as de comunicação assíncrona (como por exemplo os fóruns) e, por último, as ferramentas mais utilizadas no processo E/A, (ver figura 4) e, portanto, aquelas a que os alunos estão mais habituados. Verificou-se, ainda, que existe uma concordância entre os resultados da análise de cluster realizada e o diagrama tipo caixa apresentado na Figura 5.

Comparando, de um modo geral, as seguintes ferramentas do Moodle: Blogs UA, Wikis UA, Chat e Vídeo-conferência; com as ferramentas da Web 2.0 correspondentes: Blogs, Wikis, Redes Sociais e Vídeos, verifica-se que, em relação às ferramentas do Moodle, há um número maior de alunos a utilizar mais os „Blogs UA‟ em relação às „Wikis UA‟, bem como um número maior de alunos a utilizar as „Wikis UA‟ do que o „Chat‟ e maior do que a utilização da „Vídeo-conferência‟. E em relação às ferramentas da Web 2.0 pode-se verificar que os „Blogs‟ têm menos acessos em relação às „Wikis‟ e as „Wikis‟ têm menor número de acessos do que as „Redes Socias‟ e as „Redes Socias‟ têm menos acessos do que os „Vídeos‟. Neste sentido, verifica-se que as ferramentas da Web 2.0 mais utilizadas em contexto Ensino/Aprendizagem não estão a ser utilizadas de igual forma quando estas estão incorporadas no Moodle. Este facto pode estar associado a uma possível falta de divulgação destas ferramentas aos alunos e professores, como um dos alunos inquiridos refere: “Desconheço a maioria das ferramentas do Moodle, aqui apresentadas, provavelmente se tivesse conhecimento da sua existência iria lhes atribuir um grau maior de importância”.

4. Conclusões e Perspectivas de Desenvolvimento Futuro

O uso da tecnologia da Web 2.0 no ensino superior pode oferecer novas oportunidades de modelos de Ensino/Aprendizagem permitindo a partilha, a colaboração e a construção do conhecimento usando as potencialidades da Web.

O presente artigo descreveu um estudo exploratório, levado a cabo na Universidade de Aveiro (UA), com o objectivo de conhecer a percepção dos alunos relativamente ao uso das ferramentas da Web 2.0, averiguar de que forma as plataformas de e-learning integram aquelas ferramentas e, consequentemente, perceber como as mesmas estão a ser exploradas pelos alunos no contexto do Ensino/Aprendizagem (E/A). Para tal utilizou-se o questionário como instrumento de recolha de dados, tendo sido obtidas 278 respostas, posteriormente utilizadas para a respectiva análise.

Relativamente aos resultados, os dados revelam a utilização de um conjunto de ferramentas da Web 2.0 por parte dos alunos no seu dia-a-dia e, algumas delas, utilizadas no contexto de E/A. No entanto, e quando se pensam nessas ferramentas incorporadas na plataforma de e-learning

(12)

(Moodle) verificou-se que as mesmas não têm igual nível de utilização. Apesar de este estudo não ter como objectivo a averiguação das causas deste fenómeno, aponta-se para o facto do desconhecimento da existência dessas ferramentas poder constituir uma das razões para a não utilização. Este facto pode ser comprovado por uma das muitas afirmações feitas pelos alunos numa questão aberta dedicada a comentários, referindo “Desconheço a existência da maioria das ferramentas do Moodle aqui apresentadas. Deveria apostar-se na sua divulgação e utilização por parte dos docentes.” Por outro lado, o facto de os professores não serem utilizadores dessas ferramentas, poderá também constituir uma das razões do baixo dinamismo dessas ferramentas na plataforma de EaD, tal como o comentário igualmente atesta. Desta forma, aponta-se como possível trabalho futuro, uma análise cuidada das razões que estão na base da utilização, ou não, destas ferramentas por parte da comunidade académica.

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Tabela 2 – Número de alunos por curso
Tabela 3 – Número de alunos que  responderam que utilizam, ou não, cada
Tabela 7 – Finalidade de utilização das ferramentas da Web 2.0 no processo E/A.
Tabela 8 – Número de alunos que  utiliza, ou não, o Moodle para cada
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