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O audiovisual no ensino do inglês língua estrangeira : um toque para a motivação

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Academic year: 2021

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Universidade de Lisboa

Relatório da Prática de Ensino Supervisionada

O AUDIOVISUAL NO ENSINO DO INGLÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA: UM TOQUE PARA A MOTIVAÇÃO

Mariana Ribeiro Leite

Mestrado em Ensino de Inglês e Alemão 2012

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Universidade de Lisboa

Relatório da Prática de Ensino Supervisionada

O AUDIOVISUAL NO ENSINO DO INGLÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA: UM TOQUE PARA A MOTIVAÇÃO

Mariana Ribeiro Leite

Mestrado em Ensino de Inglês e Alemão Professor Orientador: Thomas Grigg

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iii RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo repensar as práticas pedagógicas através da utilização de recursos audiovisuais no ensino da língua inglesa enquanto língua estrangeira, a alunos do ensino secundário. Exemplos desses recursos incluem o vídeo, filmes, cartoons e flash cards. Neste projeto, procurou-se desenvolver uma metodologia de ensino sócio - interativa, que possibilitasse diferentes formas de ensinar e aprender a língua inglesa, utilizando a linguagem audiovisual como um meio de promover a motivação, adequando-a aos objetivos de aprendizagem. Pretendeu-se, a partir da projeção do material audiovisual no ambiente escolar, incorporar à prática educativa, estratégias pedagógicas que permitam aos alunos enriquecer a construção do conhecimento e consequentemente transformar a sala de aula de Inglês num espaço mais dinâmico e motivante. No final do projeto, os resultados da aplicação das referidas estratégias surtem os seus efeitos positivos, concluindo-se que, o audiovisual é, de facto, um elemento fundamental nas aulas de língua estrangeira.

Neste relatório, também serão apresentados os resultados obtidos da implementação deste projeto, através de um questionário realizado aos alunos da turma envolvida. Por fim, será apresentada uma reflexão de todo o trabalho realizado no âmbito da prática de ensino supervisionada e respetivas conclusões.

Palavras-chave: recursos audiovisuais, língua inglesa, motivação, estratégias pedagógicas.

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iv ABSTRACT

This work has the aim to rethink about the pedagogical practices through the use of audiovisual resources in teaching English as a second language to secondary students. Examples of those resources include video, films, cartoons and flash cards. This project looked for an interactive methodology that enabled new ways of teaching and learning English using the audiovisual language as a means of promoting motivation and adapting it to the teaching aims. By using audiovisual material in school, the project incorporated pedagogical strategies in educational practice to allow students to enrich their knowledge construction and consequently transform the English classroom into a more dynamic and motivating learning environment. At the end of the project, the results of the above-mentioned strategies display their positive effects and we conclude that the audiovisual is, indeed, an essential element in the foreign language classroom.

In this report the results obtained from the implementation of this project will also be presented, through a survey given to the students of the class involved. Finally, a general reflection will be presented as well as the conclusions about all the teaching practice work that was done at school.

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AGRADECIMENTOS

Ao orientador deste relatório, Dr. Thomas Grigg, um excelente professor, pelo apoio, pela orientação, pelo respeito, pela compreensão, pela disponibilidade, pela amizade, pelo alento e acima de tudo, por tudo aquilo que nos ensinou, da forma como o fez, durante estes dois anos intensos de trabalho.

À minha orientadora de estágio, Dr.ª Maria Clementina Ameixinha, pelo auxílio prestado, pela disponibilidade, pela dedicação, pela compreensão e pelo carinho.

Ao meu colega de mestrado, Mário Cardoso, pela entreajuda, pela bondade, pela paciência, pela confiança, pela amizade e sobretudo, pela força de vontade, pela persistência e pela boa disposição, sempre presentes ao longo destes dois anos.

Ao Dr. Carlos Gouveia, pelo aconselhamento, pelo apoio e pela atenção.

Às professoras, Dr.ª Adelaide Ramos, Dr.ª Vera Lemos e Dr.ª Martina Merklin, pelos ensinamentos transmitidos, pelo apoio, pela amizade e pelo carinho.

Aos alunos da turma 10º A, pela participação e pelas experiências que comigo partilharam.

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vi ÍNDICE

Índice de Figuras ... viii

Índice de Gráficos ... ix

Lista de Abreviaturas ... x

Introdução ... 1

Capítulo 1: O contexto da ação ... 4

1.1 – A escola: características essenciais da instituição escolar JCP 1.2 – A turma envolvida: características da turma de Inglês Capítulo 2: “O mundo tecnológico” – Unidade didática lecionada ... 11

2.1 – Enquadramento da unidade didática no currículo escolar 2.2 – Enquadramento da unidade didática no contexto geral da cultura e da sociedade atual Capítulo 3: O audiovisual – Um toque para a motivação na aprendizagem do Inglês LE ... 15

3.1 – A importância do audiovisual no espaço educativo 3.2 - O valor motivacional do audiovisual no ensino do Inglês LE: justificação do seu potencial pedagógico 3.3 – A inserção dos meios audiovisuais nos programas de Inglês do ensino secundário Capítulo 4: Considerações de natureza metodológica ... 25

4.1 – Justificação das estratégias de ensino concebidas e metodologia aplicada

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4.3 – Métodos e técnicas de avaliação adotados

4.4 – Sumário e análise crítica das aulas realizadas

Capítulo 5: Apresentação dos dados de investigação recolhidos ... 48

5.1 – Descrição e justificação da metodologia de investigação e dos instrumentos de recolha de dados 5.2 – Apresentação e análise dos resultados obtidos: breve discussão Capítulo 6: Reflexões e conclusões ... 55

Referências bibliográficas ... 58

Apêndices ... 62

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viii ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Etapas da evolução do conceito de Tecnologia Educativa ... 16

Figura 2 - Vídeo no ensino de LE: diagrama representativo do processo de interação... ... 21

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ix ÍNDICE DE GRÁFICOS

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x LISTA DE ABREVIATURAS

LE – Língua Estrangeira

JCP – Escola Secundária José Cardoso Pires TIC – Tecnologias da Informação e Comunicação TESL – Teaching English as a Second Language EFL – English as a Foreign Language

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1 INTRODUÇÃO

Considera-se importante, na aprendizagem de qualquer língua estrangeira, proporcionar ao aluno diferentes formas de aprender, que despertem nele a motivação e favoreçam a construção do conhecimento, num ambiente livre, sem pressões e sem receios (Canning-Wilson, 2000). Neste sentido, o audiovisual assume um papel essencial, enquanto elemento propulsor de motivação para a interatividade humana.

A imagem é, pois, um fator fundamental para a transmissão de saberes e facilitação da aprendizagem. Não é por acaso que diz o ditado “uma imagem vale mais que mil palavras”. Moderno (1992) é um dos autores portugueses que mais tem defendido a utilização do audiovisual na prática pedagógica, relacionando-a com uma boa aprendizagem, afirmando que “ só há uma boa aprendizagem se houver uma boa perceção e esta só tem lugar se estimularmos devidamente os órgãos dos sentidos que estão na base da perceção, ou seja, a audição e a visão” (p.107).

Torna-se inaceitável, na época em que estamos, em pleno século XXI, que os professores trabalhem apenas com quadro e giz e utilizem o manual escolar como único instrumento de ensino. Perante as inovações tecnológicas atuais e a diversidade de recursos audiovisuais acessíveis na nossa sociedade, o professor deveria usá-los como mais um suplemento de enriquecimento das aulas e um instrumento poderoso para a aprendizagem das crianças e jovens. Tal como afirma Silva (2001), “a escola não pode ficar indiferente ao fenómeno do audiovisual” (p. 314).

Assim, considerando o audiovisual um tema de vital importância no mundo do ensino das línguas, optei por me servir do mesmo para objeto de estudo do meu projeto de investigação-ação, a decorrer ao longo do meu estágio, na Escola Secundária/3 José Cardoso Pires (JCP). Decidi pôr em prática uma estratégia pedagógica, com base na utilização de recursos audiovisuais, tais como o vídeo, cartoons e flash cards, particularmente numa turma do ensino secundário, de forma a incentivar os alunos a aprender a língua inglesa, promovendo a interação e a comunicação na sala de aula. Simultaneamente, procura-se, neste projeto, explicar os possíveis efeitos motivadores dos recursos audiovisuais e explorá-los ao máximo, dando expressão ao seu potencial pedagógico. Como se poderá verificar numa fase

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posterior deste relatório, mais concretamente no ponto 1 do capítulo 4, autores como Scott Thornbury não são a favor de um uso abundante de materiais na sala de aula, criticando fortemente a dependência dos professores por materiais importados (conceito em Thornbury, 2005). Contudo, é de realçar que neste projeto, o que se pretende não é encher as aulas de Inglês de materiais e cair num uso excessivo dos mesmos, mas sim enriquecê-las com recursos audiovisuais que possam facilitar a comunicação dentro da sala de aula de LE e aumentar a motivação dos alunos para a aprendizagem da língua inglesa.

No sentido de aprofundar e tornar mais eficaz a minha investigação acerca do tema supramencionado, não só foram realizadas pesquisas centradas no aproveitamento dos audiovisuais nas instituições de ensino em Portugal, como também se procederam a diversas leituras relativas à aplicação dos audiovisuais, especificamente nas aulas de língua estrangeira. É de sublinhar que, as pesquisas acessíveis ao público no que respeita aos fenómenos ocorridos na utilização educativa dos audiovisuais no contexto português, não têm como terreno de investigação as aulas de língua estrangeira. Por esse motivo, foi necessário, ao longo da concretização deste projeto, proceder a pesquisas mais específicas e diretamente relacionadas com o contexto da ação em questão (ver Allan, 1985; Harmer, 1998; Canning-Wilson, 2000; Ruane, 1989).

Os objetivos deste trabalho remeteram-me para a seguinte questão de investigação: Pode a utilização do audiovisual motivar os alunos a aprender Inglês e ajudá-los na aprendizagem da língua? Pretende-se, pois, corroborar as seguintes premissas:

- o audiovisual aumenta a motivação.

- o audiovisual melhora a competência comunicativa. - o audiovisual facilita a aprendizagem do Inglês.

Sendo assim, para tornar este projeto exequível e eficaz, optei por seguir uma metodologia comunicativa (Nunan, 1989), que visa integrar o componente audiovisual nas aulas de Inglês como meio de atingir os objetivos de ensino-aprendizagem definidos. A aplicação metodológica do recurso audiovisual como estratégia didática encontra-se então presente, em toda a planificação das aulas, em que a estrutura concebida e a sequência das tarefas têm como objetivo principal motivar os alunos a

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comunicar, usando a língua inglesa e facilitar a aprendizagem da mesma, numa atmosfera aprazível. No sentido de melhor compreender a perspetiva dos alunos face a esta metodologia e para perceber o seu efeito na prática, no final da unidade didática, os alunos responderam a um questionário sobre a utilização do vídeo na sala de aula, cujos resultados serão discutidos na fase final deste trabalho.

Posto isto, no capítulo 1 deste relatório, descrevo o contexto da minha investigação-ação, destacando as características essenciais da instituição escolar e o perfil dos alunos envolvidos.

Posteriormente, no capítulo 2, é efetuado um enquadramento da unidade didática lecionada no Programa Nacional da disciplina de Inglês do Ensino Secundário, mencionando também a questão dos meios audiovisuais no currículo escolar.

No capítulo 3, analiso a importância crescente do audiovisual na sociedade atual e aludo ao reconhecimento do seu potencial didático e motivacional na instituição Escola. Estreitando a questão, menciono alguns benefícios motivacionais dos recursos audiovisuais no ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras, explorando as suas potencialidades, não descurando a apresentação de um enquadramento teórico do tema no contexto da didática das línguas estrangeiras e a exposição de opiniões e pressupostos de outros estudiosos desta temática.

No capítulo 4, revelo a metodologia de aplicação e de investigação do meu projeto e as estratégias concebidas, descrevendo todos os procedimentos, desde a descrição de situações específicas dentro da sala de aula, à justificação de tarefas aplicadas e escolha dos materiais utilizados. Além disso, refiro os métodos de avaliação adotados.

Sequencialmente, no capítulo 5, discuto os resultados dos dados de avaliação recolhidos, fazendo uma análise crítica aos resultados obtidos.

Em modo de conclusão, no capítulo 6, apresento uma reflexão crítica sobre todo o trabalho realizado no âmbito da prática de ensino supervisionada, sistematizando as conclusões obtidas mais pertinentes. Sugiro, ainda, algumas ideias a desenvolver futuramente, tendo em conta os resultados finais desta experiência e as opiniões de outros investigadores citados neste relatório.

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CAPÍTULO 1: O CONTEXTO DA AÇÃO

Neste capítulo, começo por mencionar as características principais da instituição escolar onde foi desenvolvido todo o trabalho respeitante à prática de ensino supervisionada, considerando, essencialmente, os aspetos que mais contribuíram para a concretização deste projeto.

Numa segunda parte, passo a descrever o perfil da turma de Inglês envolvida neste trabalho, apresentando, simultaneamente, uma reflexão crítica acerca dos problemas de aprendizagem mais frequentes dos alunos e referindo possíveis soluções para esses problemas.

1.1 – A escola: características essenciais da instituição escolar JCP

A ação-investigação explorada no presente relatório insere-se no âmbito da iniciação à minha prática profissional e teve lugar na Escola Secundária/3 José Cardoso Pires, localizada na freguesia de Santo António dos Cavaleiros, no município de Loures. Neste sentido, torna-se relevante demonstrar o modo como esta instituição contribuiu para a concretização deste projeto. Importa referir que a maior parte da informação que se segue sobre a escola foi retirada do sítio http://www.esjcp.pt. Os dados que não consegui obter através da página web da escola foram fornecidos pela professora cooperante.

Na freguesia onde se situa a escola, tem havido, nos últimos anos, um aumento significativo da população. A seguir ao 25 de Abril de 1974, na consequência da descolonização, começaram a afluir para esta área, diferentes tipos de população oriundos de vários países do mundo, nomeadamente, dos de língua oficial portuguesa. Deste modo, é considerada uma escola muito heterogénea do ponto de vista cultural.

O multiculturalismo que caracteriza esta escola justifica-se, então, pela chegada permanente de estrangeiros com um percurso escolar muito diferente do currículo nacional. A sua inserção em turmas constituídas por alunos com outras vivências e conhecimentos tem gerado problemas, quer ao aluno estrangeiro, quer ao funcionamento da própria turma onde ele é integrado. Determinados contextos familiares e sociais dos alunos, a existência de situações económicas pouco favoráveis e a falta de acompanhamento dos pais são fatores que explicam alguns

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comportamentos disciplinares menos desejados na escola, assim como problemas de insucesso escolar. Contudo, os alunos conhecem e cumprem, na generalidade dos casos, as regras de funcionamento da escola, verificando-se um bom relacionamento entre a maioria dos alunos, professores e funcionários, tal como pude verificar na minha experiência enquanto docente-estagiária nesta escola.

A escola é frequentada por cerca de 700 alunos, distribuídos por 33 turmas. No ensino secundário, funcionam 19 turmas – 17 Cursos Científico – Humanísticos e 2 Cursos Tecnológicos de Desporto e de Artes. Cada turma é formada por um número médio de 15 a 20 alunos.

A escola não tem Associação de Pais e Encarregados de Educação, embora estes estejam representados na Assembleia de Escola e no Conselho Pedagógico e cada turma tem o seu representante. A escola debate-se assim, com uma fraca participação dos pais nas atividades educativas, sobretudo no ensino secundário. Os diretores de turma flexibilizam os horários de atendimento dos encarregados de educação e marcam reuniões em horário pós-laboral, no sentido de promoverem o envolvimento dos mesmos. De facto, durante a minha experiência de lecionação nesta escola, constatei que existem alguns alunos que carecem de acompanhamento familiar no seu percurso escolar.

A escola dispõe dos espaços seguintes: biblioteca escolar, centro de recursos educativos, 5 laboratórios (Física, Química, Biologia, Geologia e Matemática), 5 salas de TIC, 2 oficinas de desenho, 1 sala de Educação Tecnológica, 1 sala de audiovisuais, 1 sala de estudo, 1 sala de teatro e gabinetes de trabalho para os docentes. A escola revela uma gestão cuidada dos diferentes espaços escolares e respetivos equipamentos. Metade das salas estão equipadas com videoprojectores, 3 têm quadro interativo e a internet está disponível num elevado número de espaços, o que permite tanto ao aluno, como ao professor, aceder aos vários recursos tecnológicos disponíveis na instituição. Tendo em conta que o meu projeto exigiu uma grande utilização dos recursos tecnológicos disponibilizados na sala de aula, como o computador e o videoprojector, sem dúvida que o facto de a escola dispor do equipamento necessário foi um fator decisivo para a concretização dos objetivos propostos.

A oferta educativa da escola é diversificada e responde às necessidades e características da população escolar. Os alunos participam nos diferentes projetos da

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escola e, de uma forma geral, são incentivados a organizar e a participar em diversas atividades, para assumirem responsabilidades concretas e adquirirem competências que facilitem a vida em sociedade.

A escola tem investido bastante na informatização, o que se tem traduzido na crescente utilização didática das TIC, tanto por professores como por alunos. Tal situação demonstra uma significativa preocupação em alargar o número de alunos e professores abrangidos pela utilização dos meios audiovisuais tradicionais e pelos recursos mais modernos. Toda esta preocupação com a indispensabilidade do recurso aos audiovisuais como reforço da inovação no contexto pedagógico reflete-se nos vários grupos de pessoal docente.

No grupo de Inglês, no qual se inseriu o meu estágio, vários são os procedimentos na sala de aula que buscam o aumento da motivação dos alunos. Todas as docentes têm ao seu dispor os equipamentos audiovisuais da escola para facilitar a concretização dos objetivos traçados pelo grupo. Além disso, por parte dos alunos, há sempre uma forte predisposição em utilizar os equipamentos, tanto para realizar tarefas dentro da sala de aula, como para efetuar pesquisas ou até preparar trabalhos de grupo para apresentar nas aulas de Inglês. Tal facto não é de estranhar, visto que são jovens que nasceram e cresceram em plena era digital, numa sociedade em que as tecnologias invadem o seu quotidiano.

Assim, durante o meu trabalho realizado nesta escola, enquanto professora estagiária, procurei desenvolver nas planificações realizadas, atividades na sala de aula através dos meios audiovisuais, como por exemplo, visualização de vídeos, discussão de imagens projetadas ou compreensão de discursos na língua inglesa em suporte áudio. Como refere Reyes (2004), “Materials containing native speaker’s voices should be exploited as much as possible, and schools should be equipped with such materials.” (p. 1).

Apesar do esforço por parte da instituição em modernizar equipamentos e até inovar as práticas educativas, ainda se nota, no ensino das línguas, o recurso preferencialmente ao uso do manual escolar, em detrimento dos recursos audiovisuais, cujo potencial pedagógico e motivacional é ignorado. Não significa que os professores devem usar exclusivamente os recursos audiovisuais e excluir o manual escolar, mas sim, utilizá-los como complemento. Em How to teach English with

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technology, Dudeney e Hockly (2007) fazem referência precisamente a este problema (p. 9). Após a visita a algumas escolas, um dos comentários mais negativos que os autores encontraram por parte dos professores foi “Why use computers anyway? We’ve got a perfectly good coursebook”. Face à questão colocada, os autores responderam: “The use of technology in the classroom does not replace using traditional materials (...) technology tools are used to complement and enhance regular classroom work” (p. 10).

1.2 – A turma envolvida: características da turma de Inglês

No sentido de conhecer aprofundadamente os alunos da turma de Inglês interveniente, bem como identificar aspetos passíveis de serem investigados, antes de começar a lecionar as aulas, dei início a uma etapa, que denominei de pré-observação.

Num primeiro contacto com o 10º A, recorri à observação dos alunos, durante as aulas da minha orientadora. Mais tarde, durante o meu próprio trabalho realizado com esta turma, vim confirmar alguns dos aspetos problemáticos que tinha pré-diagnosticado, como por exemplo, a falta de motivação por grande parte dos alunos em aprender Inglês ou até o receio de participar oralmente.

Em primeiro lugar, importa referir as características essenciais desta turma. O 10º A é uma turma constituída por 20 alunos, sendo 12 raparigas e 8 rapazes. A maioria dos alunos é de nacionalidade portuguesa, exceto 7, que são de origem africana. Podemos afirmar que é uma turma multicultural, não só pelo facto de terem nacionalidades distintas mas também pelas suas diferentes vivências e pelos seus backgrounds diversificados. Como já foi mencionado anteriormente, no primeiro ponto do capítulo 1, a escola é bastante heterogénea do ponto de vista cultural, por ter acolhido alunos de diversos pontos do mundo, havendo portanto, em cada turma, contextos socioeconómicos e culturais diversificados. Contudo, no que respeita à língua, em todos os casos da turma 10º A, o Inglês é considerado a sua segunda língua, sendo o Português a sua língua materna.

Uma das caraterísticas mais evidentes desta turma é a sua heterogeneidade, ou seja, é composta por diferentes tipos de alunos (conceito de heterogeneous classes, em Ur, 1991, p. 302). Alguns alunos revelam, de facto, um bom desempenho e uma

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grande capacidade de resposta a diversas situações na língua inglesa, tanto a nível de compreensão oral como de expressão escrita. Contudo, há, simultaneamente, alunos que não dominam alguns conhecimentos básicos que lhes permitam compreender e usar a língua inglesa. Consequentemente, demonstram, durante as aulas, algum desinteresse em aprender Inglês e distraem-se facilmente. Por esse motivo, são alunos que recusam participar oralmente por insegurança ou receio de não serem capazes e, muitas vezes, em tarefas de pares ou de grupo, hesitam em partilhar o seu trabalho.

De forma a lutar contra este problema, tentei, ao longo das minhas aulas com esta turma, estimular estes alunos com mais dificuldades, criando tarefas com um grau de dificuldade acessível a todos, para que todos fossem capazes de as realizar, tanto de forma escrita como oral. Além disso, procurei encorajar a participação oral e a colaboração em trabalhos de grupo, através do recurso ao audiovisual, implementando atividades que lhes permitissem expressar opiniões, experiências pessoais e usar a imaginação, como discussão de imagens, comentários a cartoons, entre outras.

Os alunos demonstram, no entanto, vontade de participar em discussões e debates, especialmente quando se abordam temas do seu agrado ou que os motivam por desempenharem um papel importante nas suas vidas. Por essa razão, tornou-se relevante, pensar em estratégias de ensino que focassem em atividades comunicativas relacionadas com situações reais do seu quotidiano e aplicá-las na sala de aula. Pensei, então, que a estratégia audiovisual teria um papel importante na motivação destes alunos e decidi implementá-la no trabalho realizado com esta turma.

No que diz respeito ao comportamento dentro da sala de aula, não se registam problemas graves de indisciplina, apesar dos alunos se distraírem facilmente e muitas vezes, não mostrarem interesse em querer aprender Inglês. Daí a atitude negativa que alguns alunos demonstram face à língua inglesa cause, em determinados momentos, comportamentos menos desejados. Assim, não podemos caracterizar esta turma como sendo idealmente disciplinada, por várias razões: em primeiro lugar, porque os alunos são, de uma forma geral, barulhentos e agitados; em segundo lugar, verificou-se que, muitas vezes, o controlo e autoridade por parte da professora deixam de existir; depois, muitos dos alunos sentem-se desmotivados perante a aprendizagem da língua e não cooperam, como esperado, no trabalho com a professora e entre os próprios

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colegas; por fim, nem sempre se conseguem concluir as tarefas dentro do tempo estipulado, visto que a professora tem que perder demasiado tempo a controlar os comportamentos e atitudes dos alunos.

Deste modo, deparando-me com tal cenário durante a observação das aulas, diagnostiquei mais um problema nesta turma: como gerir o comportamento destes alunos dentro da sala de aula? Iniciei, então, a minha reflexão e estudo acerca deste problema e tentei encontrar possíveis soluções para combatê-lo, ou, pelo menos, atenuá-lo. Ur (1991) aponta algumas dicas interessantes, que podem ser colocadas em prática pelo professor dentro da sala de aula (p. 263). Eis alguns exemplos: mostrar, logo desde o início do trabalho com estes alunos, uma atitude de firmeza, estabelecendo, desde cedo, as regras a cumprir dentro da sala de aula; não permanecer sempre no mesmo local dentro da sala, mas sim ir circulando para controlar os alunos e o seu trabalho; explicar as tarefas a cumprir com o máximo de rigor e clareza possível; preparar-se para possíveis imprevistos e trazer material extra, que possa ser necessário para adaptar a alunos com mais ou menos dificuldades; criar, desde cedo, uma relação amigável com os alunos, ajudando-os sempre que necessário e tratando-os com respeito; por último, diversificar as atividades na sala de aula, usando, por vezes, sentido de humor, de modo a que os alunos não desmotivem e permaneçam sempre ativos nas tarefas propostas.

Acerca dos alunos do 10º A, são estas as características essenciais, no que diz respeito às suas atitudes, comportamento e envolvimento no trabalho escolar na disciplina de Inglês. De facto, esta fase de pré-observação foi bastante útil para mim, visto que tornou possível a identificação de alguns problemas existentes na turma, permitindo-me, simultaneamente, refletir sobre eles e tentar encontrar possíveis soluções para os mesmos. Além disso, como me permitiu prever determinadas situações que poderiam ocorrer nas minhas aulas, houve uma maior preparação de minha parte para que o trabalho com estes alunos pudesse correr da melhor forma, evitando possíveis conflitos e contrariedades. Este período foi igualmente importante, para decidir as estratégias e a metodologia de ensino mais adequadas a esta turma. Foi então, nesta altura, que me convenci de que uma metodologia com recurso ao audiovisual, já antes idealizada, seria uma boa maneira de estimular estes alunos a

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aprender Inglês, ou, por outras palavras, remetendo para o título deste trabalho, seria um toque para a motivação.

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CAPÍTULO 2: “O MUNDO TECNOLÓGICO” – UNIDADE DIDÁTICA LECIONADA

Após ter sido contextualizada a ação deste trabalho, no que diz respeito à escola e à turma envolvida, neste capítulo pretende-se enquadrar a unidade lecionada no currículo escolar, tendo por base os conhecimentos científicos referenciados no Programa de Inglês homologado pelo Ministério da Educação, e o contexto mais geral do saber e da sociedade atual.

2.1 – Enquadramento da unidade didática no currículo escolar

A unidade didática “O mundo tecnológico” foi lecionada no 1º período do presente ano letivo e abrangeu 5 blocos de 90 minutos, sendo o último bloco destinado para a avaliação dos conteúdos correspondentes à unidade, em que os alunos realizaram um teste escrito. A lecionação da unidade realizou-se na turma 10ºA, da Escola Secundária José Cardoso Pires (JCP), entre os dias 8 de Novembro e 6 de Dezembro de 2011.

Segundo a planificação anual da JCP (ver Anexo 1, p. 124) para a disciplina de Inglês - 10º ano, que foi efetuada com base na gestão curricular do Programa de Inglês1, estariam previstos, inicialmente, cerca de 20 blocos para a lecionação da unidade didática em questão. Contudo, dado que o número de aulas disponíveis não seria suficiente para lecionar todos os conteúdos (lexicais e gramaticais) sugeridos na referida planificação anual, foram selecionados, em conjunto com a professora cooperante, aqueles conteúdos considerados mais relevantes, tendo em conta as necessidades e interesses dos alunos.

Tendo em consideração os domínios de referência do Programa de Inglês, a unidade didática lecionada enquadra-se no ponto 2, definido precisamente pela temática O Mundo Tecnológico, sendo composta por três grandes subdomínios: Inovação Tecnológica, Mudanças Sociais e A Exploração de Outros Mundos (Moreira, Moreira, Roberto, Howcroft e Almeida, 2001/2003, p. 25). No que respeita aos referidos subdomínios desta unidade, foi dado especial ênfase aos dois primeiros temas, sendo que no primeiro, foi feita uma abordagem mais ampla a assuntos

1

Programa de Inglês – Nível de Continuação 10º, 11º, 12º Anos – Cursos de Formação Geral e Formação Específica homologado pelo Ministério da Educação, Departamento do Ensino Secundário em 20/04/2001 (10º e 11º anos).

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relacionados com as inovações tecnológicas, como os robots e máquinas inteligentes, e no segundo, analisaram-se as mudanças sociais, essencialmente no contexto da educação, do trabalho e das relações humanas. Na realidade, uma vez que a dimensão dos conteúdos linguísticos estipulados no programa era demasiado extensa, optou-se por aqueles considerados mais apropriados aos alunos e às matérias que iam ser lecionadas, mais especificamente, as if-clauses e defining and non-defining relative clauses. Estes conteúdos gramaticais foram selecionados pela professora cooperante, que indicou que seria importante lecioná-los pois eram conteúdos em que os alunos sentiam sempre mais dificuldades.

Considerando a estratégia de ensino concebida para a lecionação desta unidade didática, destaca-se a utilização do audiovisual na abordagem feita aos temas “Inovações Tecnológicas e Mudanças Sociais nas Relações Humanas” (Moreira et al., 2001/2003, p. 25), em que se optou pelo visionamento do filme Artifical Intelligence, de Steven Spielberg, que é um dos filmes em vídeo propostos no Programa de Inglês do Ensino Secundário (Moreira et al., 2001/2003, p. 55). De facto, visto que os alunos do 10º A interessam-se por questões relacionadas com robótica e tecnologia (segundo informação fornecida pela professora cooperante), o filme revelou-se uma ótima escolha por ter conseguido captar a atenção dos discentes. Posteriormente, no capítulo 4, fundamenta-se a escolha do filme, explicitando-se as causas e efeitos da aplicação do mesmo em suporte digital.

Partindo do pressuposto que o Programa de Inglês deve promover uma visão abrangente da língua inglesa, privilegiando o seu papel como língua de comunicação internacional (Moreira et al., 2001/2003, p. 2), em qualquer unidade didática se deve procurar facultar aos alunos oportunidades de contacto com diferentes realidades, não só linguísticas como culturais, de forma a desenvolver as competências comunicativa e sociocultural. Assim, através dos conteúdos temáticos desta unidade, pretendeu-se isso mesmo, transmitir atitudes e valores de modo a preparar os alunos para serem cidadãos do futuro, respeitadores das diferenças e diversidades existentes na nossa sociedade e no mundo.

Na unidade didática anterior, os alunos encontravam-se a trabalhar na primeira temática do programa “Um mundo de muitas línguas”, que para além da sua vertente linguística, destaca-se nela também uma forte componente sociocultural. Neste

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domínio, abordaram-se aspetos ligados ao encontro de línguas e culturas, como por exemplo, o aparecimento de novas práticas de convívio e mobilidade social, em que a língua inglesa assume um papel preponderante como meio de comunicação entre povos. Além disso, os alunos estudaram assuntos relacionados com as tecnologias, como a relação dos jovens com a internet e conceitos como cyberfriend, o que, de certa forma, permitiu estabelecer uma ponte com a unidade “O mundo tecnológico” (Moreira et al., 2001/2003, p. 25). Deste modo, os alunos adquiriram, anteriormente, alguns conhecimentos e noções que se tornaram úteis nesta unidade.

No 10º ano, “O mundo tecnológico” é pois, uma temática bastante importante para os alunos, não só porque que se trata de um tema atual que faz parte do seu dia-a-dia, mas também pelo facto de explorar as transformações sociais. Assim, podemos afirmar que esta unidade didática contém uma grande dimensão sociocultural, cujas principais finalidades são levar o aluno a identificar as mudanças sociais, a desenvolver o espírito crítico e a tomar consciência do seu papel ativo numa sociedade em constante mudança. Ao longo da unidade didática, os alunos demonstraram estas competências maioritariamente através de tarefas comunicativas (ex.: discussão de imagens, debates e expressão de opiniões), de atividades de compreensão oral e de observação de vídeos.

2.2 – Enquadramento da unidade didática no contexto geral da cultura e da sociedade atual

Estamos a viver na era da informação. A emergência da Sociedade da Informação e do Conhecimento originou uma sociedade em que a tecnologia operou mudanças e simultaneamente exige mudanças (Pereira & Silva, p. 556). As mudanças na dinâmica das relações sociais, decorrentes das inovações tecnológicas e do avanço do conhecimento, que marcaram o final do século XX e início do século XXI, levaram a novas necessidades e atitudes por parte da escola e dos profissionais da educação. Esta sociedade do conhecimento requer mentes que pensem e ajam com autonomia, que sejam capazes de incorporar as diversas tecnologias e interpretar a sua linguagem, além de distinguir como, quando e porque são importantes estes novos meios de

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informação e comunicação (tais como a televisão, o computador e sobretudo, a internet), na sociedade em que vivemos.

Que papel cabe então à escola, num contexto como este? Com certeza não pode nem deve ficar à margem de todo o processo de tecnologização da sociedade, pois assim ela poderá tornar-se desfasada, alienada e desinteressante, não cumprindo as suas funções. A função desta instituição de ensino deve ser formar verdadeiros cidadãos capazes de analisar o mundo tecnológico e construir opinião própria. Neste sentido, é fundamental que estas questões sejam integradas nos domínios de referência correspondentes ao Programa de Inglês do ensino secundário, dentro dos parâmetros temáticos estabelecidos.

A unidade didática lecionada, enquadrada no domínio de referência “ O mundo tecnológico”, vem precisamente trazer à discussão muitas das questões relativas às mudanças na sociedade atual decorrentes da introdução das tecnologias no quotidiano dos indivíduos. Vem, portanto, dar a conhecer aos alunos novas realidades: novos conceitos de família, de educação e de relações interpessoais. Como já foi referido no ponto 2.1 deste capítulo, a dimensão sociocultural neste domínio de referência assume um papel de destaque. Ao explorar problemáticas ligadas às transformações na sociedade e à consequente emergência de novas conceções sociais, esta temática permite ao aluno desenvolver os seus conhecimentos gerais acerca da sociedade na qual se insere e compreender o seu posicionamento dentro dela (Moreira et al., 2001/2003, p. 21).

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CAPÍTULO 3: O AUDIOVISUAL – UM TOQUE PARA A MOTIVAÇÃO NA APRENDIZAGEM DO INGLÊS LE

Nesta parte do relatório, vão ser descritas, essencialmente, as questões relacionadas com o tema em que este projeto se insere, procedendo-se ao enquadramento teórico do tema e destacando conceitos e ideias relevantes para este trabalho. Numa primeira fase, descrevo a importância do audiovisual no espaço educativo, passando a discutir, numa segunda fase, os possíveis efeitos motivadores dos recursos audiovisuais e o seu potencial pedagógico no ensino do Inglês LE.

3.1 – A importância do audiovisual no espaço educativo

Com o impulso tecnológico do século XX, deu-se uma reestruturação das instituições educativas e as teorias tecnológicas passam a fazer parte das teorias contemporâneas da educação. A tecnologia educativa (conceito em Blanco e Silva, 1993, p. 38) surge, então, como via de acesso ao processo de tecnicização da vida para que o homem possa atuar conscientemente num ambiente tecnológico e também como forma de tornar o processo educativo mais eficaz. O domínio de estudo da tecnologia educativa consiste, assim, na construção de sistemas de ensino - aprendizagem capazes de revolucionar a atividade educativa. Tendo em conta o estudo de Blanco e Silva (1993), “a tecnologia educativa aparece, por vezes, definida genericamente como aplicação de princípios científicos na resolução de problemas educativos” (p. 40).

A maioria dos autores que se têm dedicado à investigação em Tecnologia Educativa menciona a existência de algumas etapas na evolução do conceito (ver Fig. 1, p.16), tais como: a modernização (ajudas para o ensino) e a otimização do processo (ajudas para a educação). Esta tecnologia educativa baseia-se na implementação dos meios audiovisuais no ensino, cuja ideologia defendia a imagem como portadora do valor didático da concretização frente ao predomínio da abstração. Tal como referem Blanco e Silva (1993):

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Trata-se de uma Tecnologia para o Ensino em que as técnicas audiovisuais creditam o seu valor por uma apresentação massiva de informação icónica (fixa e móvel) e os aparelhos consideram-se uma ajuda ao ensino que facilitam e ampliam os processos de instrução. Com eles procura-se apenas modernizar as aulas. (p. 41)

Figura 1 – Etapas da evolução do conceito de Tecnologia Educativa

Fonte: Blanco, E. & Silva, B. (1993). Tecnologia Educativa em Portugal: Conceito, Origens, Evolução, Áreas de Intervenção e Investigação. Revista Portuguesa de Educação, 6, retirado de:

http://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/521

Com as investigações na psicologia da aprendizagem e na comunicação, descobre-se que os meios audiovisuais e a sua técnica comunicativa são capazes de modificar o processo de ensino – aprendizagem como também a relação professor – aluno. Deste modo, um dos principais objetivos desta tecnologia educativa é que o ensino se torne mais centrado no aluno do que no professor. Blanco e Silva (1993), no seu estudo, reforçam essa ideologia: “Já não se procura o ensino pelo professor, mas a aprendizagem pelo aluno; as técnicas isoladas agrupam-se numa tecnologia e o objetivo final é otimizar os processos na sala de aula” (p. 41).

Na altura em que os meios audiovisuais entraram fortemente no ensino, o valor atribuído à imagem era tal e os seus códigos eram considerados tão próximos da representação da realidade, que os postulados dispensavam qualquer investigação

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para serem comprovados. Atualmente, os mesmos postulados continuam a ser atribuídos ao audiovisual por vários autores, sendo o vídeo a tecnologia dominante.

A utilização do vídeo na sala de aula é uma das propostas para o ensino do futuro, por combinar a flexibilidade de utilização do audiovisual com a sua conceção e realização, dando ao professor a possibilidade de escolher o melhor momento para fazer a sua integração na escola e no ato didático, de acordo com os propósitos de aprendizagem (Silva, 2001, p. 316). Contudo, há que ter em conta que o vídeo não deve ser utilizado de qualquer forma, como um simples programa de transmissão de ideias, ou seja, a utilização do vídeo não deve limitar-se à sua receção, mas deve seguir-se um espaço de debate e comentário. Julgo que autores como Scott Thornbury, apesar de criticarem o uso sucessivo de recursos nas aulas de LE (como já foi referido na introdução deste relatório), concordariam com esta ideia de utilizar o vídeo como material que promove a interação e a comunicação dentro da sala de aula, enquanto facilitador eficaz da aprendizagem.

A tecnologia vídeo apresenta algumas vantagens pela sua flexibilidade e uso prático, tais como: possibilita um feedback imediato do programa, permite efetuar paragens e avanços e que o professor configure a estratégia pedagógica mais adequada. Deste modo, abre novas oportunidades e novas formas de aprendizagem, que podem ser exploradas tanto na sala de aula como à distância (Keene, 2006, p. 220).

Importa referir, porém, que o valor educativo de um recurso audiovisual nem sempre é determinado apenas pela sua maior ou menor qualidade técnica, mas sim pelo modo como são articulados os diferentes elementos curriculares, nomeadamente os objetivos de aprendizagem, as características do público-alvo, as estratégias selecionadas bem como o contexto de aprendizagem em questão (Costa, Viana & Cruz, 2011). Se o propósito destes recursos é levar alguém a aprender algo, todos estes elementos devem ser tidos em consideração, caso contrário não será possível estimular a aprendizagem.

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3.2 – O valor motivacional do audiovisual no ensino de Inglês LE: justificação do seu potencial pedagógico

De facto, o vídeo é considerado um dos recursos mais valiosos no contexto áudio visual, destacando-se o seu contributo para a aprendizagem de línguas estrangeiras, como o Inglês. Dada a grande utilização do vídeo na sala de aula de língua estrangeira, os resultados de investigações realizadas neste contexto revelam um feedback positivo, provando que este recurso contribui, efetivamente, para uma melhoria no processo de aprendizagem das línguas. Alguns estudos indicam que o suporte visual com a forma de imagens descritivas melhora significativamente a compreensão dos alunos na aprendizagem de uma segunda língua (Canning-Wilson, 2000; Keene, 2006).

Na realidade, o professor assume um papel determinante no processo de motivação do aluno e muitas vezes, procura fazê-lo através da utilização, na sala de aula, de materiais autênticos que estimulem o interesse dos alunos, ou que pelo menos, tornem as atividades mais interessantes (Winke, 2005, p. 1). O recurso aos meios audiovisuais como suplemento, é uma excelente forma de tentar alcançar este objetivo, pois permite diversificar os materiais e as tarefas na sala de aula e, por vezes, despertar a curiosidade nos alunos (Ruane, 1989, p. 34-35).

Os vídeos didáticos ajudam não só a melhorar a compreensão como também ajudam na retenção da informação e previsão/dedução de ideias. Alguns questionários realizados mostram que os alunos gostam de aprender línguas através do uso de vídeos, tendo uma especial preferência por filmes na sala de aula. O vídeo, para além de proporcionar uma contextualização autêntica de diversas situações, permite também aos alunos visualizarem as palavras e depreenderem significados (Canning-Wilson, 2000). Autores como Canning-Wilson (2000) e Stokes (2001) sugerem o uso de algumas ferramentas visuais para ensinar uma língua estrangeira, como por exemplo, ilustrações, figuras, cartoons, tabelas, gráficos, cores e reproduções. Qualquer um destes meios permite ao aluno reconhecer o significado imediato de vocabulário na segunda língua, ajudando a clarificar a mensagem. Stokes (2001) sustenta esta ideia, ao afirmar “because pictures or illustrations are analogs of experience and are only one

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step removed from actual events, these visual representations may be able to capture and communicate the concrete experience in various ways” (p. 14).

A utilização do vídeo na sala de aula proporciona inúmeras vantagens, não só pelo facto de facilitar a interpretação e compreensão da mensagem, mas também por estimular o interesse dos alunos e motivá-los na aprendizagem da língua (Keene, 2006, p. 223). O uso de uma linguagem natural e autêntica no vídeo pode transmitir aos alunos modelos e situações realistas do mundo e sensibilizá-los para a existência de diferentes culturas e realidades. Por exemplo, para um aprendente de língua inglesa, o vídeo é uma excelente forma de mostrar aos alunos algo sobre a sociedade e cultura inglesa. Sendo a filmagem realizada num cenário real, o vídeo pode ser direcionado especificamente para transmitir informação sobre a vida social, cultural ou profissional de um país (Allan, 1985, p. 20; Reyes, 2004, p. 1).

Apesar do vídeo ser considerado uma ferramenta popular para utilizar com os alunos, os professores e educadores devem ter sempre em mente o seu objetivo na aula de língua estrangeira, isto é, este não deve ser utilizado apenas porque representa uma tecnologia de informação e comunicação. Assim, o material deve ser escolhido de acordo com o nível e interesse dos alunos. Devemos ter sempre o cuidado de não apresentar um conteúdo demasiado fácil ou difícil e escolher um tema de interesse para os alunos, caso contrário, poderão sentir-se desmotivados (Harmer, 1998, p. 108).

No que diz respeito à utilização do vídeo na minha área disciplinar, este contribui, sem dúvida, para um maior enriquecimento das aulas. O estudo acaba por ser mais abrangente, a informação está mais acessível e completa. Harmer (1998) prova isso mesmo, ao comparar a utilização do vídeo com o áudio nas aulas de Inglês, afirmando que o primeiro é mais enriquecedor e mais completo na transmissão de informação: “ Video is richer than audio tape. Speakers can be seen. [...] Background information can be filled in visually” (p. 108).

No contexto específico do ensino do Inglês enquanto língua estrangeira, o audiovisual exerce, então, uma forte contribuição no processo de ensino - aprendizagem, tornando-se essencial a integração do vídeo nas aulas e no próprio

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Programa de Inglês2. Sendo assim, de que modo contribui o vídeo para a motivação dos alunos e para o enriquecimento das aulas de Inglês? Em primeiro lugar, e como já foi mencionado anteriormente, o seu poder de autenticidade é uma característica de destaque. Ao conter linguagem autêntica, a informação torna-se mais clara para os alunos, pois deste modo, eles ficam expostos à forma como as pessoas comunicam verbal e visualmente (Ruane, 1989, p. 31). Muitas vezes, para se introduzir determinados conteúdos linguísticos, recorre-se a diálogos ou narrativas do manual, ou até mesmo ao áudio, com atividades de compreensão oral, que representam, de facto, bons exemplos de situações reais, pela sua combinação de diferentes vozes com efeitos sonoros. No entanto, com o vídeo, os exemplos de linguagem são ainda mais autênticos, pois para além do som, existem imagens que se movimentam num contexto real, o que capta a atenção dos alunos e, simultaneamente, permite-lhes ouvir a pronúncia da língua estrangeira (Keene, 2006, p. 222; Allan, 1985, p. 49; Reyes, 2004, p.1). Como afirma Allan (1985), “o vídeo é uma boa forma de trazer para a aula slices of living language” (p. 48) ou, como declara Reyes (2004), “it can bring the real world into the classroom” (p. 1).

Outra vantagem do vídeo é a sua capacidade de fomentar a comunicação oral, o uso da língua estrangeira (falada e escrita) e a interação dentro da sala de aula (ver Fig.2, p.21). Muitas vezes, nas aulas de Inglês, queremos que os nossos alunos comuniquem e interajam connosco e com os próprios colegas, queremos dar-lhes a possibilidade de praticar a língua e expressar as suas ideias na língua estrangeira. Para tal, procuramos aplicar atividades que despertem nos alunos a vontade de comunicar. A aplicação de um vídeo adequado ao tema da aula pode proporcionar esse desejo de comunicar por parte dos alunos, já que a apresentação vívida de pessoas e situações pode ter um impacto tal, que estimule a discussão de ideias, opiniões e expressão de diferentes interpretações daquilo que veem (Allan, 1985, p.49; Ruane, 1989, p.31-36).

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Consultar mais informação acerca deste assunto no ponto 3.2 deste capítulo, que se dedica exclusivamente a esta questão da integração do audiovisual no Programa de Inglês.

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Figura 2 – Vídeo no ensino de LE: diagrama representativo do processo de interação

Fonte: Ruane, M. (1989, Novembro). Issues in the use of video technology in the language classroom. Comunicação apresentada no Seminário IRAAL, Dublin. Retirado de:

http://www.eric.ed.gov/PDFS/ED349793.pdf

Destaque-se ainda o grande potencial de entretenimento que o vídeo pode conter. Tendo os alunos uma atitude positiva face à televisão, é natural que o vídeo na sala de aula os conquiste. Facilmente associado ao televisor, este meio seduz os aprendentes pela ligação a um contexto de lazer (Morán, 1995, p. 27) e pela impressão de dinamismo, antíteses daquele outro sentimento de aborrecimento alimentado pelo uso excessivo do manual como principal material de aprendizagem. Tal como refere Morán (1995):

Vídeo, na conceção dos alunos, significa descanso e não aula, o que modifica a postura e as expetativas em relação ao seu uso. Precisamos de aproveitar essa expetativa positiva para atrair o aluno para os assuntos do nosso planeamento pedagógico. Mas, ao mesmo tempo, saber que necessitamos prestar atenção para estabelecer novas pontes entre o vídeo e as outras dinâmicas da aula. (p. 27)

Deste modo, pela sua combinação de variedade, interesse e entretenimento, o vídeo não só pode ajudar a criar um ambiente de aprendizagem mais enriquecedor e dinâmico nas aulas de Inglês, como também pode fazer crescer a motivação nos alunos para aprender a língua (Allan, 1985, p.49; Ruane, 1989, p.32). Como se pode verificar no capítulo 5 deste relatório, a aplicação prática do vídeo nas minhas aulas vem confirmar os efeitos positivos aqui mencionados.

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Nos dias de hoje, a maior parte dos manuais sugere a utilização da internet, vídeos e CDS na sala de aula, que quase não permite desculpas para que continue a ser ignorada a sua utilização como ferramenta pedagógica. As novas tecnologias permitem que as aulas se tornem muito mais motivadoras quer para os alunos quer para o professor. Deste modo, recomenda-se às instituições educativas e respetivos educadores que coloquem em prática a aprendizagem interativa da língua estrangeira, utilizando ferramentas como o vídeo, mas sempre com a consciência de que os alunos são os principais agentes do processo de aprendizagem, encorajando-os a participar ativamente na sala de aula e a interagir com os instrumentos disponibilizados.

Em suma, e fazendo uma breve reflexão de toda a informação considerada, os meios audiovisuais podem proporcionar potencialidades imprescindíveis à educação e contribuir para uma melhor aprendizagem das línguas estrangeiras, desde que utilizados adequadamente. Munidos destes novos instrumentos, os alunos podem tornar-se exploradores ativos no mundo que os envolve. Cabe ao professor, orientar os alunos a avaliarem e gerirem na prática, a informação que lhes chega, através desses meios. Sem dúvida que este processo se revela muito mais próximo da vida real do que os métodos tradicionais de transmissão do saber.

3.3 – A inserção dos meios audiovisuais nos programas de Inglês do ensino secundário

No contexto da Sociedade de Informação, com o crescente desenvolvimento das novas tecnologias, passa a ser crítico o desenvolvimento de recursos de suporte a uma aprendizagem mais autónoma, motivante e flexível de quem aprende. O desenvolvimento dos recursos audiovisuais, não deixando de constituir uma novidade para a maior parte dos agentes educativos, veio introduzir novos desafios em termos de conceção e realização de recursos de apoio à aprendizagem (Costa, Viana & Cruz, 2011).

O discurso de aposta no valor motivacional dos meios audiovisuais facilmente se associou ao ensino de línguas estrangeiras, reconhecendo-se as várias dimensões didáticas destes recursos e a sua ligação com a formação plena dos educandos, preconizadas no Programa de Inglês do Ensino Secundário. Este programa proclama

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uma metodologia que defende a utilização das TIC pelos alunos e pelos professores, tendo como finalidade fomentar uma educação para os media, promovendo a formação de cidadãos ativos e críticos, capazes de selecionar, gerir e avaliar a informação recolhida destes meios (Moreira et al., 2001/2003, p. 6-7).

Ao explorar os domínios de referência, um dos princípios propostos no Programa de Inglês é a autenticidade e atualidade dos materiais, textos, assuntos e situações, o que, através do audiovisual, se torna possível concretizar. Aliás, o próprio programa apela ao desenvolvimento de atividades de audição e visualização na aula de Inglês para interpretação e produção de texto, no sentido de disponibilizar aos alunos uma tipologia variada de textos, não havendo restrição ao texto literário. A utilização de diversos tipos de texto permite que o aluno contacte com as várias manifestações da língua e, simultaneamente, exercite as componentes linguísticas que a língua assume no quotidiano (Moreira et al., 2001/2003, p.18).

O Programa de Inglês apela ainda ao desenvolvimento de atividades de consulta e pesquisa de materiais na internet em suporte informático, com a finalidade de desenvolver a autonomia do aluno, o seu espírito crítico e as suas capacidades de pesquisa e de trabalho colaborativo. A utilização de materiais alternativos em suporte informático e a implementação de projetos de trabalho de grupo à distância não devem ser descuradas (Moreira et al., 2001/2003, p.24), pois estas metodologias contribuem para o desenvolvimento de hábitos de trabalho, métodos e técnicas de estudo e de novas aprendizagens.

Por fim, o programa apresenta uma série de recursos auxiliares de referência dos quais o professor pode tirar proveito ao longo da sua prática docente, de forma a incentivar os alunos a utilizar as tecnologias de informação disponíveis. Para além de materiais multimédia, áudio e vídeo, sugerem-se também sites de caráter genérico e endereços específicos destinados a apoiar a atividade do professor, proporcionando o contacto com diferentes experiências e práticas pedagógicas (Moreira et al., 2001/2003, p.47).

Trabalhar com estes recursos, além de ser uma necessidade real, é um modo de inserção dos indivíduos no mundo digital, do qual fazem parte. De facto, a escola, e principalmente os professores, precisam de encarar as novas tecnologias de forma mais natural. Dificuldades ainda são algumas, incertezas quanto ao alcance dos

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objetivos propostos, inúmeras. Porém, é certo que, enquanto o docente não tiver consciência do seu papel de agente de transformação, mudanças não ocorrerão nem no ensino nem na aprendizagem.

No meu projeto, retomo a importância dos meios audiovisuais, que apesar de já estarem presentes em quase todos os setores da sociedade moderna, nem sempre estão presentes no contexto escolar, nomeadamente no contexto pedagógico das disciplinas de língua estrangeira. Neste sentido, constitui uma prática de ensino enriquecedora nas minhas aulas de Inglês, tendo em conta as finalidades socioculturais e linguísticas do Programa Nacional.

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CAPÍTULO 4: CONSIDERAÇÕES DE NATUREZA METODOLÓGICA

Nesta parte do relatório, começarei por explicitar e justificar a metodologia aplicada e as estratégias de ensino concebidas ao longo da prática letiva, tendo em conta a natureza dos assuntos lecionados, os objetivos de aprendizagem visados e os problemas mais frequentes dos alunos. Posteriormente, passo a descrever e a fundamentar as tarefas e os materiais utilizados, para o ensino e para a avaliação dos alunos. Neste capítulo, indico ainda os métodos de avaliação adotados e, por fim, apresento um sumário e uma análise crítica das aulas realizadas.

4.1 – Justificação das estratégias de ensino concebidas e metodologia aplicada

Uma metodologia de ensino procura apresentar alternativas para diferentes situações didáticas, conforme a tendência pedagógica adotada pelo professor, de forma a atingir os objetivos de ensino traçados. Para que estes objetivos sejam alcançados, é necessário, então, que a relação pedagógica seja elaborada com base metodológica e planeamento adequado. Assim, o desenvolvimento de uma metodologia pedagógica que tenha como objetivo repensar o papel do professor e do aluno no processo de ensinar e aprender deve ser constantemente revisto e atualizado. Tal como referem os autores Richards & Rodgers (1986):

Teachers may, for example, develop their own teaching procedures, informed by a particular view of language and a particular theory of learning. They may constantly revise, vary, and modify teaching/learning procedures on the basis of the performance of the learners and their reactions to instructional practice. (p. 19)

Embora muitos professores sintam que têm um papel fulcral na determinação de mudanças significativas no processo de ensino, frustram-se quando, na busca de alternativas, nem sempre conseguem bons resultados. O professor deverá compreender, ao longo da sua prática, que a metodologia adotada favorece todos os alunos e porque os favorece. Sem essa compreensão, dificilmente conseguirá mudanças que levem a resultados significativos. Muitas vezes, não é fácil conseguir

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estes elementos, mas é essencial conhecer em detalhe os destinatários, as suas características pessoais, tais como interesses, objetivos e necessidades específicas, no intuito de lhes adequar as estratégias utilizadas (Costa, Viana & Cruz, 2011).

Assim, como já foi mencionado no ponto 2 do capítulo 1 deste trabalho, a fase de pré-observação e pré-contacto com os alunos do 10º A representou, para mim, um importante período de reflexão, tendo sido determinante para eu compreender que estratégias de ensino e metodologias seriam adequadas para aplicar nesta turma.

Cada professor, ao longo da sua caminhada pedagógica, segue a sua própria metodologia e tem as suas próprias técnicas e estratégias de ensino. Só ele, conhecendo e analisando o contexto didático em que se encontra, pode decidir qual o melhor caminho a seguir. Por esse motivo, não podemos afirmar que existe uma metodologia ideal pré-concebida, pois a sua implementação depende do contexto em que se ensina, do público-alvo, dos objetivos de ensino-aprendizagem, entre outros fatores. Citando Harmer (2010), o autor afirma:

I believe in the richness of techniques, approaches, materials and artefacts available to the modern teacher. […] I believe that everything – in a classroom – has to be grounded in the expertise of a teacher being able to find the best way of doing things for the benefit of (and with the help and guidance of) the greatest number of students.

Durante a lecionação da unidade didática “ O mundo tecnológico”, há definitivamente, uma metodologia predominante e uma forma de ensinar muito própria, que sobressai pela preferência atribuída ao audiovisual como elemento catalisador da comunicação, na tentativa de obter um resultado o mais proveitoso possível para os alunos.

Para o trabalho efetuado, em muito contribuíram os conhecimentos adquiridos nas disciplinas de Didática do Inglês e IPP, entre os quais se destacam os aspetos teóricos explorados por autores como Penny Ur3, Julian Edge4 e Jim Scrivener5 e as metodologias de ensino-aprendizagem apresentadas por David Nunan6. Com estas

3

Ur, P. (1996). A Course in Language Teaching 4

Edge, J. (1993). Essentials of English Language Teaching 5

Scrivener, J. (2011). Learning Teaching – The essential guide to English language teaching 6 Nunan, D. (1989). Designing Tasks for the Communicative Classroom

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metodologias, conjugaram-se alguns métodos e estratégias de ensino proclamados por Scott Thornbury7 e Jeremy Harmer8. Teve-se ainda em consideração as orientações metodológicas anunciadas no Programa de Inglês do Ensino Secundário9 e alguns dos objetivos do Ensino Secundário, explanados na Lei de Bases do Sistema Educativo10, tais como: “ fomentar a aquisição e aplicação de um saber cada vez mais aprofundado, assente no estudo, na reflexão crítica, na observação e na experimentação” e “ criar hábitos de trabalho, individual e em grupo, e favorecer o desenvolvimento de atitudes de reflexão metódica, de abertura de espírito, de sensibilidade e de disponibilidade a adaptação à mudança” (p.5127).

Optei, então, por pôr em prática, durante a lecionação da unidade didática, uma metodologia comunicativa, com base nos princípios defendidos por Nunan (1989), integrando o componente audiovisual como estratégia didática, de forma a atingir os objetivos de ensino estipulados. A combinação desta metodologia de ensino com a estratégia audiovisual vigora nas minhas aulas de Inglês, sendo que a estrutura concebida na planificação das aulas, a sequência das tarefas e os materiais selecionados têm como propósito motivar os alunos a comunicar na língua inglesa, num ambiente de aprendizagem estimulante.

A teoria comunicativa acima referida assenta em determinados pressupostos que visam promover a comunicação constante dentro da sala de aula, em que o aluno é considerado o principal agente do processo de ensino-aprendizagem (Nunan, 1989). Considerando os pressupostos teóricos deste método de ensino:

 a função primária da linguagem é propiciar a interação e comunicação (entre alunos e de aluno/s com o professor);

 a aprendizagem ocorre num contexto de comunicação interpessoal, com base em tarefas de comunicação autêntica;

 os objetivos de aprendizagem refletem, acima de tudo, as necessidades dos alunos;

7 Thornbury, S. (2005). How to teach speaking e página web http://www.thornburyscott.com/index.htm 8

Harmer, J. (1998). How to teach English e página web - http://www.jeremyharmer.com 9

Moreira, A., Moreira, G, Roberto, M. Howcroft, S. & Almeida, T. (2001/2003). Programa de Inglês: Nível de Continuação; 10º, 11º e 12ºs anos; Formação Geral e Formação Específica

(38)

28

 o tipo de atividades a desenvolver têm como objetivo o envolvimento total do aluno no processo comunicativo, através da troca e partilha de ideias, da negociação de interpretações/significados e do trabalho colaborativo;  o aluno é um negociador (conceito em Nunan) e um elemento ativo na

construção do seu conhecimento;

 o professor assume o papel de facilitador e orientador do processo de comunicação, participando nas diversas tarefas da aula.

Tendo em conta que a metodologia praticada visa promover a comunicação autêntica e o envolvimento total dos alunos nas atividades comunicativas, decidi complementá-la com a estratégia audiovisual, de forma a tornar o trabalho mais eficaz. Como já foi mencionado no ponto 1.1, parte dos alunos da turma envolvida neste trabalho manifestam desinteresse em aprender Inglês e muitos deles sentem-se desmotivados para comunicar na segunda língua, por falta de segurança ou receio de não serem capazes. Consequentemente, muitos deles distraem-se com facilidade, alienando-se do trabalho que faz parte da aula. De facto, existem alunos, não só desatentos e desmotivados, mas com bastantes dificuldades em aprender a língua. Contudo, há que tentar integrar estes alunos e despoletar situações na sala de aula que os motivem na aprendizagem e os levem a participar.

Assim, face aos problemas detetados, ficou desde logo claro, que os alunos do 10º A precisariam de ser incentivados de diferentes formas que fugissem à sua rotina de ensino-aprendizagem e que não se prendessem ao uso excessivo do manual escolar. Thornbury (2005) ao defender a sua doutrina pedagógica (a dogma for EFL), vista por muitos como uma provocação, critica a fixação dos professores no manual escolar e apela a uma transformação das pedagogias, sugerindo a necessidade de uma ação de resgate (rescue action) no ensino do Inglês enquanto língua estrangeira:

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An over - dependency on manufactured materials (I argued) ran counter the often expressed desire of both teachers and learners to create more opportunities for “real language use” in their classrooms. This was partly due to the single-minded fixation of these materials, as coursebooks, on teaching the system (mainly grammar), and due also to their textual density, not to mention their cultural blandness and lack of relevance, as textbooks. 11

Deste modo, através das estratégias implementadas, procurou-se ensinar os conteúdos da unidade didática, recorrendo preferencialmente a materiais alternativos, que integrassem o elemento audiovisual, de forma a captar a atenção e interesse dos alunos, a trazer o mundo real para a sala de aula e a tornar a linguagem mais acessível e memorizável (Reyes, 2004, p.1; p.12). Com isto, pretendeu-se, pois, levar a cabo uma pedagogia inovadora, que evitasse o recurso permanente ao manual escolar, aquele instrumento de ensino rotineiro, muitas vezes, para os alunos, sinónimo de tédio.

Utilizar o audiovisual para motivar os discentes intervenientes no meu trabalho a comunicar em língua inglesa deu origem a uma metodologia simples, que paradoxalmente exigiu um planeamento minucioso. Assim, envolveu, para além de uma grande autopreparação, uma série de procedimentos complexos, tais como: pesquisas de apoio teórico; seleção de materiais; planeamento da integração do vídeo nas aulas; ponderação de aspetos audiovisuais a explorar; escolha de tarefas comunicativas e de materiais suplementares e, por último, reflexão acerca dos instrumentos de recolha de dados a serem aplicados.

Posto isto, tendo acabado de explicitar a metodologia e as estratégias utilizadas, passo a descrever, no ponto seguinte, o modo como foram aplicadas, através da descrição de situações específicas de ensino, de tarefas e dos materiais selecionados.

11

Ideias retiradas de um artigo intitulado Dogme: Dancing in the dark?, no qual o autor relata as principais questões expostas numa das suas conferências acerca do ensino de Inglês enquanto LE.

Imagem

Figura 1 – Etapas da evolução do conceito de Tecnologia Educativa
Figura 2 – Vídeo no ensino de LE: diagrama representativo do processo de interação   Fonte: Ruane, M
Gráfico 1 – Resultados: Parte I do Questionário

Referências

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