CONTRIBUTOS DO DESIGN PARA UMA ESTRATÉGIA DE INOVAÇÃO: os Centros Tecnológicos em Portugal
Ramo de Doutoramento Design
Nome do Doutorando Maria João Braga de Melo
Nome do Orientador Fernando José Carneiro Moreira da Silva Nome do Co-‐orientador José Manuel Monteiro Barata
Constituição do Júri:
Presidente: Doutor António José Morais
Professor Associado com Agregação da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa
Vogais: Doutor Fernando José Carneiro Moreira da Silva
Professor Catedrático da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa;
Doutor Carlos Alberto Miranda Duarte
Professor Associado com Agregação do Instituto da Arte, Design e Empresa -‐ IADE-‐U;
Doutor José Manuel Monteiro Barata
Professor Auxiliar com Agregação do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa;
Doutor Paulo Jorge Maldonado Carvalho Araújo Professor Auxiliar da Universidade Lusíada de Lisboa;
Doutora Manuela Cristina Paulo Carvalho de Almeida Figueiredo
Professora Auxiliar da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa;
Doutor José Rui de Carvalho Mendes Marcelino
Professor Auxiliar Convidado da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa.
Tese especialmente elaborada para a obtenção do grau de doutor Documento definitivo
Dedico com amor aos meus pais, filho e neta
e com expectativa ao meu país, Portugal
“ (…) não havendo o futuro como projecto no seio do presente, somos vítimas das inércias inconscientes do passado.”
(José Gil, “Portugal, Hoje: O Medo de Existir)
AGRADECIMENTOS
Manifesto a minha gratidão a quem se disponibilizou a me incentivar através das mais diversas formas de demonstração de amizade
Isabel Maria de Borja Raimundo Tomás Prazeres| Rita Assoreira Almendra | Luís António dos Santos Romão | Ana Maria do Carmo Soares Calçada | José Manuel Mendo Trigo Chichorro Rodrigues | Maria Luísa Costa | José Rui Gomes Marcelino | Nuno Monge | Gonçalo Lobo Xavier | Maria Graça Soeiro | Maria do Carmo Serronha Jorge | Teresa Maria da Silva Carreira Alves | Maria Antónia Correia | Maria João Correia | José Carlos Rodrigues Sales Henriques | José Manuel Monteiro Barata | Fernando José Carneiro Moreira da Silva | José Manuel Pinto Duarte | Sofia Assoreira Almendra | Mara Mesquita Carvalho Fava | Pedro Paulo Eugénio de Oliveira | Joana Avelar Teixeira Califórnia Quintas | Maria João Bravo Lima Nunes Delgado | António Sousa Correia | Dulce Maria Paiva Fernandes
e ainda às
PALAVRAS-CHAVE
| Transferência de Tecnologia | Inovação Radical | Design Estratégico | | Design-‐thinking | Cultura de Inovação |
RESUMO
Investigação que propõe a criação de um trinómio organizacional por combinar design com ciência e com tecnologia, congregando os fatores determinantes para a competitividade – a localização, a inovação tecnológica, o modelo organizacional e a criatividade -‐ num ambiente que favorece, intensifica e conjuga as relações entre a indústria transformadora com as universidades nacionais, para que dela se obtenha a aplicação do conhecimento a produtos e/ou processos. Acentuando assim a importância de uma cultura de inovação através da contribuição da disciplina do design nos Centros Tecnológicos, cuja proximidade sectorial à indústria e simultaneamente às universidades, tenha como consequência a criação de valor pelo fabrico de bens com um adequado grau de inovação acessível a todos os sectores e dimensões da indústria transformadora nacional. Contribui para o crescimento económico que advém da atividade criativa, reforçando a necessidade da passagem da aplicação do design para um nível mais elevado, o do design de nível estratégico.
ABSTRACT
It is the creation of an organizational triangle which combines design, science and technology, bringing together the decisive factors for competitiveness -‐ the location, technological innovation, the organizational model and creativity -‐-‐ in an environment that encourages, intensifies and combines the connections between the industry sector with the Portuguese Universities in order to obtain the application of knowledge to products and/of processes.
Emphasize the importance of an innovation culture through the contribution of the Design approach in the Portuguese Technological Centers, whose proximity to the manufacturing sector and simultaneously to the Universities may have as consequence the creation of value for the manufacture of goods with an appropriate innovation degree, accessible to all sectors and sizes of the Portuguese manufacturing sector. It contributes to the economical growth that occurs from the creative activity, reinforcing the need of the passage of the design for a higher level application, the one of the design
ÍNDICE
Resumo I Abstract II Índice IIIÍndice de Figuras e de Imagens VII Índice de Quadros e de Fotos IX
Acrónimos X
Glossário XVII
1 – INTRODUÇÃO 29
1.1 – A Definição do Tema 31 1.2 – Os Antecedentes da Investigação 32 1.3 – A Oportunidade Teórica 38 1.4 – Os Objetivos da Investigação 40 1.4.1 – Os Objetivos Conceptuais
44
1.5 – A Originalidade da Investigação 45 1.6 – A Hipótese de Investigação 47 1.7 – Os Contributos Estruturais 50 1.8 – A Metodologia da Investigação 53 1.8.1 – A Recolha de Informação Qualitativa 56 1.8.2 – A Pesquisa Inicial 57 1.8.3 – As Entrevistas 58 1.8.3.1 – As Entrevistas Exploratórias 58 1.8.3.2 – As Entrevistas Semiestruturadas 59 1.8.3.3 – Os Objetivos das Entrevistas 61 1.8.4 – A Pesquisa Documental e Estatística 62 1.8.5 – Os Modelos de Exploração e Expressão dos Resultados 62 1.8.6 – Histórias de Vida 64 1.8.7 – O Caso de Estudo do País de Referência 65
1.8.8 – As Visitas a Instituições de Enquadramento 66 1.8.9 – A Crítica Literária e a Literatura Principal 66 1.9 – A Estrutura do documento 68
Referências Bibliográficas 70
CAPÍTULO I 73
I.1 A Crise Económica Global: contexto em que se redige a tese 75 I.2 A Degradação do Paradigma do Progresso 77 I.3 A Oportunidade para o Design 83
Referências Bibliográficas 88
I.4 A Economia como Impulsionadora do Conhecimento 90 I.5 Os Impactos e as Consequências da Tecnologia
93
Referências Bibliográficas 95
i.6 Consum & dor 97
I.7 O Consumismo 102
Referências Bibliográficas 105
CAPÍTULO II 107
II.1 Criação, Criar Criativo, Criar Inovador, Criar Estratégico 109
II.2 Distinguindo Aptidões 110
II.3 O Design 116
II.4 Design: sua evolução, transformação e maturação 117 II.5 O Design-‐thinking ou Raciocínio Associativo 125 II.6 Motivar os Modos de Criar 131 II.7 O Design de Nível Estratégico 134
II.8 Preparação do Futuro 136
II.9 O Design como Estratégia Económica 139
Referências Bibliográficas 140
CAPITULO III 145
III.1 Inovação 147
III.2 A Inovação em Portugal 150 III.3 Alcances da Inovação 156
Referências Bibliográficas 159
III.4 Algumas Condicionantes da Inovação 163 III.5 O Mérito na Cópia 165 III.6 O que Proteger? 168
III.7 Mecanismos Protecionistas 173
Referências Bibliográficas 182
CAPÍTULO IV 187
IV.1 Centros Tecnológicos 189
Referências Bibliográficas 195
IV.2 Transferência de Tecnologia 196
Referências Bibliográficas 205
CASO DE ESTUDO do país de referência: República da Coreia do Sul 206 O design no quadro das políticas industriais portuguesas 221
Referências Bibliográficas 225
ESTUDO DE CASOS NACIONAIS: análise de projetos de produtos inovadores 229 Estudo de Caso: Almadesign 230
Estória da empresa 231
Condicionantes da Inovação 243
Fontes 251
Estudo de Caso: Ortik 253
Estória da empresa 255
Condicionantes da Inovação 267
Fontes 271
O caso CTCV/IST 272
Estória do projeto 273
Fontes 287
ANÁLISE DE DADOS 289
Dados Quantitativos 289
Dados Qualitativos 292
Plano de Cruzamentos de Dados Estatísticos 295
CONSIDERAÇÕES FINAIS 297
A Validade da Questão de Investigação 298
Conclusões 299
Implicações, Recomendações e Aplicações Futuras 301 BIBLIOGRAFIA 303 ANEXOS 341
ÍNDICE DE FIGURAS E DE IMAGENS
Figura 1 – Logótipo do De.:SID 35 Figura 2 – Encadeamento dos Objetivos da Investigação 42 Figura 3 – O sistema organizacional em trinómio proposto 45 Figura 4 – Escada do Design e sua relação com os graus de inovação 123 Figura 5 – Opções dos graus de inovação 124 Figura 6 – Mudança de paradigma 126 Figura 7 – O design-‐thinking como fator integrador do conhecimento 128 Figura 8 – Funil do Conhecimento 129 Figura 9 – Fatores que afetam o ambiente de inovação 132 Figura 10 – Imagem gráfica do creative commons 171 Figura 11 – Imagem gráfica do copyleft 172 Figura 12 – Logótipo do INPI 175 Figura 13 – Logótipo do Design Protegido 176 Figura 14 – O design como fator determinante na transferência de tecnologia 197 Figura 15 -‐ Espaço nominal de probalidade de inovação 200 Figura 16 – As infraestruturas de inovação em Portugal 203 Figura 17 – Esquema dos elementos do SND 214 Figura 18 – Esquema de articulação das entidades do SND 214 Figura 19 – Logótipo da Alma Design 231 Figura 20 – Aspeto do autocarro Enigma 232 Figura 21 – Esboços do projeto Golmow 233
Figura 22 -‐ Golmow 234
Figura 23 – Aspetos do espaço interior da aeronave 235 Figura 24 – Planta da aeronave com a distribuição do equipamento 235 Figura 25 – Aspeto do autocarro Cobus 3001 236 Figura 26 – Aspeto do autocarro Cobus C5 236 Figura 27 – Winner II 237 Figura 28 – Pormenor do Winner Facelit 238 Figura 29 – Rendering do Optimo Seven 238
Figura 30 – Produção do Optimo 239 Figura 31 – Centro de assistência da Apple 240 Figura 32 – Ilha Vaio através dos expositores Lock Ness 240 Figuras 33 e 34 – Rendering do iSEAT 241 Figura 35 – Embarcação Yatch 242 Figura 36 – Rendering do Cibercar Move 243 Figura 37 – Painel com os desenhos dos trabalhos em curso 244 Figura 38 – Logótipo do núcleo de investigação 244 Figura 39 – Tablier do Winner II 248 Figura 40 – Logótipo da Ortik 253 Figura 41 – Aspeto do Heat-‐it 255 Figura 42 – Ilustrações de Nuno Monge 256 Figura 43 -‐ O Jetstream 2 a ser utilizado no ártico 260 Figura 44 – Promoção de gama de produtos à venda Amazon 261 Figura 45 – Produtos Ortik em acampamento noturno 262 Figura 46 – A atleta Ana Serralheiro 263 Figura 47 – Tenda Swat 21 263 Figura 48 – Pormenor do componente de alumínio 265 Figura 49 – Ilustração do original Ortik e do produto copiado 269 Figura 50 – Conjunto de tendas Ortik conectáveis 270 Figura 51 – Atletas no Campo-‐base 271 Figura 52 – Rendering do rincão e da cruzeta 277 Figura 53 – Aspeto da continuidade entre a cobertura e a fachada 278 Figura 54 – Renderings das telhas Face 278 Figura 55 – Aspeto da telha Plasma 280 Figura 56 – Página do ficheiro pdf acerca do sistema Plasma 282 Figura 57 -‐ Opções de resposta à questão n.º 26 do inquérito on-‐line 292 Figura 58 – Tabela com os resultados à questão n.º 26 293
ÍNDICE DE QUADROS E DE FOTOS
Quadro 1 – Capacidade de Produção Inovadora em Portugal 153 Quadro 2 – As diferenças entre graus de inovação 157 Quadro 3 -‐ Os atuais Centros Tecnológicos em atividade 192 Quadro 4 – Mecanismos de Transferência de Tecnologia 201 Foto 1 – Painel de apresentação do CTCP 194 Foto 2 – Aspeto do interior do CTCP 194
ACRÓNIMOS
AIMMAP -‐ Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e afins de Portugal.
ADMIRE -‐ Award for Design Management Innovating and Reinforcing Entreprises.
Prémio que distingue as SME que, a nível da europa, tenham introduzido procedimentos de gestão de design para se tornarem mais competitivas.
APGICO -‐ Associação Portuguesa para a Gestão da Inovação e da Criatividade nas Organizações.
BRICS -‐ Grupo de países constituído pelo Brasil, pela Rússia, pela Índia, pela China e pela África do Sul (South Africa), cujas economias emergentes competem diretamente com a economia ocidental.
CATIM -‐ Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica.
CENTIMFE -‐ Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos.
CITEVE -‐ Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal.
CPD -‐ Centro Português de Design.
CTCP -‐ Centro Tecnológico do Calçado de Portugal.
CTCOR -‐ Centro Tecnológico da Cortiça.
CTCV -‐ Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro.
CTIC -‐ Centro Tecnológico das Indústrias do Couro.
DESID -‐ Design como Recurso Estratégico Empresarial: um estudo dos impactos do design (De.:SID) que foi um projeto de investigação científica de âmbito nacional.
DUI -‐ Learning by Doing, Using and Interacting.
Modelo de gestão empresarial para a inovação com base no processo de aprendizagem ativo com base na aquisição de capacidades pelo processo de “Fazer, Usar e Interagir”.
FA UL -‐ Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa.
FCT -‐ Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
GAPI -‐ Gabinete de Apoio à Promoção da Propriedade Industrial.
GPEARI -‐ Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais.
IADE U-‐ Instituto de Arte, Design e Empresa – Universitário. Com
designações prévias, tais como "Instituto de Arte e Decoração" em 1969, "Instituto de Arte e Design" na década de 80, "Instituto de Arte, Design e Marketing” e "Escola Superior de Design" nos anos 90.
IAPMEI -‐ Instituto de Apoio às Pequenas e às Médias Empresas e à Inovação.
ICSID -‐ International Council of Societies of Industrial Design.
Concelho internacional que é parceiro da International Design Alliance (IDA), cujo desígnio é a criação de um mundo onde o design melhora a qualidade da vida nos seus aspetos social, cultural, económico e ambiental.
IDA -‐ International Design Alliance.
IFRS -‐ International Financial Reporting Standards.
Normas contabilísticas para os Relatórios Financeiros Internacionais.
São normas para a medição dos ativos intangíveis que traduzem o valor económico, por exemplo, do design. Trata-‐se de uma
importante oportunidade para que, no futuro, a gestão de design atinja a gestão de topo empresarial, Mozota e Kim (2007).
IGAC -‐ Inspeção Geral das Atividades Culturais.
I&D -‐ Investigação e Desenvolvimento.
I&DT -‐ Investigação e Desenvolvimento Tecnológico.
INESC -‐ Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores.
INPI -‐ Instituto Nacional da Propriedade Industrial.
IPCTN -‐ Inquérito ao Potencial Científico e Tecnológico Nacional.
IPR -‐ Intellectual Property Rights. JIT -‐ Just-‐in-‐time.
É uma estratégia de produção para melhorar o retorno sobre o investimento (ROI), por redução dos custos associados aos processo de inventário e de transporte.
KIDP -‐ Korea Institute of Design Promotion.
MAET -‐ Ministério das Atividades Económicas e do Trabalho.
MCES -‐ Ministério da Ciência e do Ensino Superior.
OCDE -‐ Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. OECD – Organisation for Economic Co-‐operation and Development. É uma organização internacional de 30 países comprometidos com os princípios da democracia representativa e da economia de livre mercado. A sede da organização fica em Paris, na França. Tem iniciativas para a Ciência, Tecnologia e Inovação com vista ao desenvolvimento da inovação dos estados-‐membros que a constituem, fornecendo orientação com base em estudos, pesquisas e benchmarking.
OCES -‐ Observatório da Ciência e do Ensino Superior.
OTIC -‐ Oficina de Transferência de Tecnologia e de Conhecimento.
PIB -‐ Produto Interno Bruto.
Representa a soma de todos os bens e serviços finais produzidos durante um determinado período de tempo, independentemente de serem realizados por empresas nacionais ou estrangeiras. É o indicador mais utilizado pela macroeconomia para medir o desempenho da atividade económica numa determinada região como, países, estados ou cidades.
PIPA -‐ Protect IP Act.
Ato de proteção do protocol IP.
Designação da proposta de projeto lei do Reino Unido para impedir atos de pirataria na rede.
PME -‐ É uma classificação segundo a Recomendação da Comissão Europeia nº 2003/361/CE, de 6 de Maio de 2003, que se aplica ao conjunto de micro, de pequenas e de médias empresas que entrou em vigor a 1 de Janeiro de 2005, que satisfaçam determinados critérios classificativos segundo o número de empregados e os valores obtidos pelo volume de negócios e pelo balanço total. As Microempresas são as empresas que com menos de 10 trabalhadores e um volume de negócios anual ou balanço total anual é menor ou igual a 2 milhões de euros. As Pequenas Empresas têm entre 10 a 50 trabalhadores com um volume de negócios anual ou balanço total anual menor ou igual a 10 milhões de euros. Já as Médias Empresas poderão ter entre 50 a 250 trabalhadores e apresentam um volume de negócios anual inferior ou igual a 50 milhões de euros ou um balanço total anual menor ou igual a 43 milhões de euros.
PNB -‐ Produto Nacional Bruto. É a quantidade de bens e serviços produzidos pelos naturais do país em causa, num dado período de tempo.
POG -‐ Product Opportunity Gaps in the marketplace.
Oportunidade para o produto preencher determinado nicho de mercado.
POR -‐ Plano de Ordenamento Regional.
PRIA -‐ Portuguese Railway Industry Association.
PRIME -‐ Programa de Incentivos à Modernização da Economia.
P&D -‐ Pesquisa e Desenvolvimento. No Brasil utiliza-‐se o termo pesquisa em vez de investigação, assim, o nosso equivalente é I&D.
QCI -‐ Quadro da Competitividade e Inovação da EU. Disponibiliza a análise das políticas nacionais de inovação na forma de relatórios e novos dados sobre assuntos específicos por país.
Nos EUA, o seu equivalente é uma organização não governamental designada por Conselho da Competitividade.
QREN -‐ Quadro de Referência Estratégico Nacional (2007/2013).
QCA -‐ Quadro Comunitário de Apoio.
R&D -‐ Research and Development. O mesmo que I&D em português.
RO -‐ Read Only culture.
Designação de Lawrence Lessig (2008) para a cultura que apenas possibilita a leitura.
ROI -‐ Return on Investment.
Retorno sobre o Investimento.
RW -‐ Read and Write culture.
Designação de Lawrence Lessig (2008) para a cultura que permite tanto a leitura como a escrita.
SCTN -‐ Sistema Científico e Tecnológico Nacional.
SEE Policy Booklet -‐ Sharing Experience Europe -‐ Policy Booklet: Integrating Design Into Regional Innovation.
É um projeto constituído a 26 de Novembro de 2009, em Copenhaga, em rede por 11 parceiros europeus que trabalham o lobby nacional e regional para assimilarem o design e a criatividade nas suas respectivas politicas públicas. O projeto é cofinanciado por ERDF (European Regional Developememt Fund) através do programa INTRREG IVC. Apresenta uma visão sobre as prioridades que deverão ser consideradas nas políticas regionais dos países que a constituem. Estas prioridades foram identificadas a partir de documentos regionais e nacionais a respeito das políticas de inovação e comparadas com as prioridades para a inovação identificadas pela Comissão Europeia.
SET Factors -‐ Social change, Economic trends, Technological innovation.
Inter-‐relação entre os factores de mudança social, tendência económica e inovação tecnológica.
SIE -‐ Sistema Europeu de Inovação. Foi lançado pelo Conselho Europeu em Lisboa a 2000 para apoiar a EU no desígnio de se tornar na economia mais competitiva e baseada no conhecimento de todo o mundo. Disponibiliza informação sobre o desempenho de cada país em termos de inovação.
SNI -‐ Sistema Nacional de Inovação.
Conjunto de elementos e relações que, no âmbito de uma nação, região ou entidade, atuam e interagem, tanto a favor como contra, de todo processo de criação, difusão ou uso de um conhecimento economicamente útil1.
SND -‐ Sistema Nacional de Design.
Com base da definição anterior de SNI, definimo-‐lo como o conjunto de elementos e relações que, no âmbito de uma nação,
1 Segundo a definição de Lundal, Freeman, Nelson: 1992. No caso português, além dos Centros
Tecnológicos e das instituições académicas é constituído pelos Laboratórios do Estado, Laboratórios Associados, Parques Tecnológicos, Centros de Transferência de Tecnologia, Centros de Incubação, Institutos de Novas Tecnologias e Unidades de Investigação das Forças Armadas.
atuam e interagem a favor, de todo o processo de gerar, difundir ou usar a inovação economicamente útil.
SNPPI -‐ Sistema Nacional de Proteção à Propriedade Industrial.
SOPA -‐ Stop Online Piracy Act.
Designação da proposta de projeto lei do senado nos Estados Unidos que visa impedir atos de pirataria na rede.
SOTIP -‐ Sistema de Observação da Tecnologia e da Inovação na Indústria Portuguesa.
SPA -‐ Sociedade Portuguesa de Autores.
SPI -‐ Sociedade Portuguesa de Inovação.
TRIP -‐ Trade-‐Related Aspects of Intellectual Property Rights.
É um acordo Internacional, que também se pode designar por Aspectos do Direito da Propriedade Intelectual Relacionados com o Comércio (ADPIC) que integra o conjunto de acordos prévios assinados em 1994, que encerrou a ronda Uruguai e criou a Organização Mundial do Comércio (OMC)2 por extinção do anterior Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT).
UCPT -‐ Unidade de Coordenação do Plano Tecnológico.
UNESCO -‐ United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
WAPO -‐ World Anti-‐Piracy Observatory. Observatório Mundial anti-‐pirataria.
WIPO -‐ World Intellectual Property Organization.
Organização Mundial da Propriedade Intelectual.
2 As ratificações do TRIP podem ser tomadas como uma condição compulsiva para filiação na Organização
Mundial do Comercio, porque qualquer pais buscando obter acesso aos mercados internacionais abertos pela OMC devem adoptar as leis estipuladas pelo TRIP que assim se torna o mais importante instrumento multilateral para a globalização das leis de propriedade intelectual.
GLOSSÁRIO
Benchmarking processo de aprendizagem ativo a partir de outros, por comparação de indicadores, a fim das empresas adquirirem uma perspectiva de como as outras realizam e desempenham determinados objetivos e tarefas.
Bosão ou Bóson de Higgs é uma partícula elementar prevista pelo Modelo Padrão de partículas pelo físico britânico Peter Higgs em 1964. Teoricamente surgida logo após a ocorrência do Big-‐ Bang e provisoriamente confirmada em 14 de Março de 2013. Representa a chave para explicar a origem da massa das outras partículas subatómicas elementares, logo do universo. Fora da comunidade científica é designada pela partícula de Deus.
Briefing no âmbito do design, é um documento que reúne um
conjunto de dados acerca das condicionantes de uma determinada problemática para a qual se pretende projetar uma solução.
Cluster segundo o relatório síntese da OCDE é a concentração geográfica de redes de produção de empresas independentes de parceiros, de empresas concorrentes, de fornecedores, ligados entre si numa cadeia de produção de valor acrescentado. Em alguns casos, também integram concórsios com instituições associadas, tais como, os centros tecnológicos, universidades, institutos de investigação, serviços às
empresas intensivos em conhecimento, consultores e clientes.
Copyleft designação inversa à copyright que a ironiza e a subverte conceptualmente. Transformou-‐se a partir de uma reivindicação para o software Open Source, numa proteção jurídica praticada para exercer o direito de autor em controlar, quer a retribuição de sua criatividade e património intelectual, quer a cedência para distribuição gratuita de cópias e versões derivadas de uma determinada obra ou trabalho original sob a exigência que os mesmos direitos sejam preservados nas versões obtidas por modificação do original.
Copywright direitos de cópia sobre a escrita, através da legislação internacional que regula a cultura e as particularidades como nos relacionamos com ela.
Core competence competência principal ou central de uma organização.
Creative Common padrão de concessão de âmbito mundial que se situa algures entre a dos direitos de autor, em que todos os direitos estão reservados, e a do domínio público, em que nenhum direito está reservado, pois garante que alguns direitos fiquem reservados.
Creative hub núcleo urbano para a promoção e desenvolvimento socioeconómico e cultural através das indústrias criativas que se inclui na Rede de Cidades Criativas. Foi lançado pela UNESCO em Outubro de 2004 na sequência da decisão tomada pelo 170º Conselho Executivo. Nasceu da Aliança Global da UNESCO para a iniciativa comum da diversidade e sustentabilidade do desenvolvimento urbano.
Constructo em investigação científica, são as formulações conceituais de base necessárias para a operacionalização de uma ciência. É o conjunto de constructos que formam a estrutura teórica de um campo de investigação ou domínio de um trabalho.
Descontextualização mudar conscientemente de contexto com o objetivo de surpreender pelo efeito inerperado produzido. É um recurso ferquentemente usado pelos artistas plásticos e designers. Através de mudança de algo de seu contexto previsível.
Design-‐thinking padrão de raciocínio que, adoptado como ferramenta da gestão moderna a um crescente número de diversas organizações humanas, contrasta com o anterior, na maneira de lidar com os novos desafios, pela sua abordagem criativa para a resolução de problemas através de um sistema de pensamento cujo processo, envolve a consideração e a análise em profundidade de uma profusão de fatores complexos.
Globalmente há também um número crescente de
universidades e escolas de design e de gestão que oferecem cursos de design-‐thinking. Na vanguarda desta oferta estão instituições como o “Plattner Hasso Institute of Design” da Universidade de Stanford nos EUA, a escola HPI de Design Thinking na Universidade de Potsdam, na Alemanha, a “Rotman School of Management”, no Canadá e a “Design Factory” na Universidade Aalto, na Finlândia.
Dumping expressão inglesa que deriva do verbo “to dump” cujo significado é, entre outros, despejar ou esvaziar. No Comércio Internacional designa a prática desleal e proibida de oferecer ao mercado produtos ou serviços a
custo reduzido, por vezes até abaixo do custo de produção, com o intuito de eliminar a concorrência e com este expediente, aumentar as quotas de mercado ou obter lucros.
Estado da Técnica momento a partir do qual determinado através de demonstração, exposição ou apresentação pública, a novidade.
Feedback retroação ou retorno de dados referentes aos diversos aspetos e graus de satisfação dos consumidores, acerca da prestação de produtos e, ou, serviços.
Gadgets bens equipados com dispositivos electrónicos portáteis. Conhecidos também como gizmos, apelam ao consumidor que valoriza a atualização em tecnologia, a novidade pelo design ou pela diferenciação através da sua exclusividade temporária.
Globalização fenómeno em curso com expressão económica, social,
política e cultural, baseado nos modelos liberais Ocidentais da economia de mercado e da organização social e política. Sendo mais abrangente que a repercussão do processo estritamente económico de mundialização de alguns países, por integrar um fluxo crescente e acelerado de difusão de bens, de pessoas, de capitais, de ideias, de dados, de informação, de tecnologias e de serviços comerciais, tem um efeito de uniformizador a uma escala planetária. Ambos os fenómenos se relacionam com o paradigma do desenvolvimento.
Hetereotopia termo utilizado para classificar as condições de
ocorrência de espaços físicos e objetos mentais que apresentam dualidade ou de relações a outros lugares
tangíveis. Clive Dilnot (2011)3, estabelecendo uma analogia com o conceito da geografia humana elaborado por Michel Foucault, recorre a este termo para classificar o design como heterotópico por ser simultaneamente algo real e fictício, uma representação física de aproximação a uma utopia.
Hifenização tendência da nossa época que incita à criação de valor pela combinação e pela mistura da realidade das coisas existentes de uma nova maneira, a fim de surpreender o público e criar algo inovador e mais valioso do que a soma das partes4, em que a variação em si mesma gera mais variação de forma exponencial.
Índice representa uma ferramenta para medir, o mais
objetivamente possível, a dinâmica de um país, sector económico ou região.
Inovação Disruptiva termo do inglês “disruption”, inicialmente empregue por Clayton Christensen, Professor da “Harvard Business School” e especialista em inovação empresarial, para adjetivar um tipo de inovação que surpreende por provocar uma perturbação ou interrupção na realidade convencional.
Inovação Empresarial desenvolvimento de novos processos, produtos e serviços, de maneira acrescentar valor reconhecível para os clientes.
Kow-‐how traduz-‐se pela expressão “saber como” que designa a aptidão acumulada pela prática, que capacita pessoas e,
3 in Entrevista – O perito do Design Clive Dilnot. Evasões, n.º 163, Novembro 2011, p.114.
in 6ª UNIDCOM/IADE Conferência – Senses and Sensibilty in Lisbon, 6 de Outubro 2011.
ou, organizações, para realizar determinada tarefa com regularidade e eficiência.
Lobby designa a pressão feita, ostensivamente ou de maneira
velada, junto de pessoas e instituições que detém poder, com o objetivo de favorecimento de determinado grupo de interesse privado.
Luditas movimento social do séc. XIX que se opunha à
introdução da nova maquinaria criada pela revolução industrial nas unidades de produção colectiva.
Megacluster uma das tipologias de cluster num conjunto de atividades distintas mas, cujos bens ou serviços satisfazem a procura de uma mesma grande área funcional da procura final, como é o caso da fileira casa Habitat que agrupa produtos dirigidos à habitação, segundo as tendências de procura mundial. Recorrendo a competências básicas complementares e podendo explorar vantagens de interligação e articulação em rede, entre si e com outras entidades, nomeadamente as que permitem a acumulação do “capital imaterial” para o conjunto de empresas envolvidas.
Mockup simulação prévia ou esboço à esboço à escala real, de artefactos, de modelos de design, de maquetas ou de dispositivos para posterior fabricação que, em determinada fase de concepção, serve como método de estudo para testar, demonstrar e avaliar um projeto. O “mockup” é um protótipo em que nele se prevê parte da funcionalidade de um sistema, sendo usado pelos designers para obter retorno de informação dos utilizadores e dos clientes, entre outros intervenientes.
Mundialização resultado exclusivamente económico das ações e interações entre diferentes atores locais, nacionais e supranacionais do funcionamento do sistema económico mundial em que predominam os transnacionais que são, sobretudo, empresas gigantescas, ou grupos de empresas, correntemente designadas por empresas transnacionais (ETN). Inclui também organizações internacionais, como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou Comissão Europeia da EU, UNESCO, FAO, OMS, OMC, ONU, G8.
Nativos digitais geração para cujos membros, por ter nascido após a generalização das tecnologias de informação, trabalhar com computadores implica interatividade como condição e não tanto como opção.
Neotenia virtude de cconservar ao longo da vida a sensibilidade atribuída como característica das crianças, como a candura, a capacidade de se surpreender com a novidade, o entusiasmo e uma atitude irreverente.
Noosfera na teoria original de Vladimir Vernadsky5, a noosfera é a terceira etapa do desenvolvimento do planeta Terra que sucede a vida biológica designada por biosfera que por sua vez foi antecedida pela fase inanimada da geosfera. Assim como o surgimento da vida transformou significativamente a geosfera, o surgimento do conhecimento humano e os consequentes efeitos das ciências aplicadas sobre o mundo natural, alterou igualmente a biosfera. Este conceito foi revisto pelo filósofo francês Teilhard de Chardin6 considerava que, similarmente ao reconhecimento da existência da
5 (1863-‐1945). 6 (1881-‐1955).
atmosfera, da geosfera e da biosfera, existe igualmente a esfera do mundo das ideias, formado pelos intangíveis culturais, linguagens, teorias e conhecimento que se alimenta dos fluxos de comunicação e interação entre pessoas atuando como um organismo unificado, como uma mente comum e em cooperação.
Noogénese descreve o próximo estágio da sequência evolutiva do mundo para a noosfera, depois de ultrapassada a presente fase da tecnosfera.
Open Source licença que permite que os utilizadores executem o software, que redistribuam cópias exatas desse software, que estudem e modifiquem o seu código-‐fonte e que distribuam as versões modificadas.
Oximoro contradição de termos como é o exemplo o termo “desenvolvimento sustentável”.
Performance qualidade do desempenho na concretização de determinada tarefa.
Pitching expressão norte americana usada inicialmente no contexto do marketing como método de venda através da comunicação oral que passou a ser uma técnica que através do desenvolvimento da capacidade de persuasão habilita, no caso de um designer, a venda de um conceito, de um produto ou serviço a um potencial cliente, comprador, consumidor ou investidor.
Proxémia modo como se utiliza o espaço enquanto artefacto
cultural, sistema organizador, e sistema de comunicação.
Prossumidor termo adaptado do inglês prossumer, proposto por Alvin
Toffler, em 1980, na obra Third Wave, que agrega o conceito de produção com o de consumpção, para caracterizar a geração de indivíduos que criam e
simultaneamente consomem conteúdos, produtos e serviços produzidos por eles próprios através do desempenho de tarefas que anteriormente só eram passíveis de ser concretizadas por profissionais. Esta atividade de construção/produção, através do canal Web 2.0., antecipa tendências e influencia as marcas, as empresas e os meios de comunicação, ao intervir, ao participar e ao partilhar informação nas comunidades virtuais geradas pelas redes sociais. A fonte de informação assim gerada por pessoas comuns, tem hoje uma credibilidade e um reconhecimento notavelmente mais elevados dos que os meios de comunicação convencionais, pelo que se constituíram em formadores de opinião influenciando as opções de mercado que se situam cronologicamente na era do conhecimento da sociedade pós-‐moderna e que se sucedem ao consumidor da anterior era da informação da sociedade moderna.
Proviços ou Serdutos combinação entre a parte inicial e a final das palavras produtos e serviços, proposta por Kjell A. Nordström e Jonas Ridderstrale em Funky Business, a fim de caracterizar o crescente fenómeno que torna indistinta a fronteira entre ambos significados. Comprador e vendedor interagem em circuito fechado numa relação que contém simultaneamente elementos da cooperação e competitividade que extravasa a simples aquisição e fornecimento de uma comodidade.
Royalties palavra de origem inglesa que se refere a uma importância cobrada pelo proprietário de um ativo tangível ou intangível para permitir o seu uso ou comercialização por terceiros.
Shunk Works unidades de investigação multidisciplinares para o desenvolvimento de projectos secretos inovadores às quais são concedidas uma considerável liberdade a fim de transpor as barreiras a que estão habitualmente confinadas, para se envolverem em formas mais arrojadas de estabelecimento imprevisto de relações com outras áreas do conhecimento.
Start-‐up designação que se atribuí a empresas em fase de constituição, organização ou implementação, que pode não ter iniciado a comercialização de seus produtos e, ou, serviços mas que esteja em via de o fazer. Frequentemente de base tecnológica estão, em geral, associadas a investigação científica, e por essa via ao conceito de inovação.
Sustentabilidade segundo o Relatório de (Brundtland, 1987), a
sustentabilidade é a supressão das necessidades da geração presente sem comprometer a habilidade das gerações futuras em também o fazer. Em economia, a sustentabilidade designada pela expressão crescimento sustentado, refere-‐se a ciclos de crescimento económico relativamente constantes e duradouros, cujo real aumento do valor de produção subtrai o valor da inflação, pelo que assenta em bases consideradas estáveis e seguras. O termo desenvolvimento sustentável foi adaptado pelo programa Agenda 21 das Nações Unidas e é hoje amplamente aplicado a diversas atividades humanas. Embora haja quem considere que deve ser reservado apenas para as atividades económicas, para que um empreendimento humano possa ser considerado como sustentável tem satisfazer as condições de ser ambientalmente correto, ser