Dentresuasprincipaislimitações,amaisimportanteéqueaavaliaçãoprospectiva dodesenvolvimentourbanodabacia,efetuadaquandodoprimeiroPlanodeDesen-volvimentoeProteçãoAmbiental(pdpa),subestimouoseucrescimentodemográfico, quesereveloumaisintensoqueoprojetado.
Dopontodevistainstitucional,aalteraçãodalegislaçãosobreabaciaconsumiu umtempodesproporcionalparasuaefetivação(umintervalodenoveanosentreas LeisEstaduais9.866/97e12.230/2006),sendoqueaimplantaçãodaLeiEspecífica daGuarapirangaaindarepresentaumdesafioparaosórgãosgestores.
Finalmente,cabedestacarosaspectosrelevantesdosubprogramaderecuperação urbana,destinadoaproverdeinfraestruturaosassentamentosprecáriossituadosna áreadabacia,queinicialmenteeraentendidocomoumaaçãodestinadaamitigar osimpactosdapoluiçãoresultantedolançamentodoesgotoproduzidonessesas-sentamentos,diretamentenoscórregosquealimentavamarepresa.Aodefinircomo conceitocentraldoprogramaqueacapacidadedepoluiçãonãoestavavinculada diretamenteàsfamíliasdebaixarendaqueviviamnaregião,mas,sim,àfaltade investimentosnosetordeinfraestruturabásica,asaçõesderecuperaçãourbanae ambientalpassaramacumprirumafunçãoalémdosimplescombateàcontamina-çãodaságuasdomanancial.ConformeCampbell(2007),amaiorcontribuiçãodos programasdeáguasfinanciadospeloBancoMundialnoBrasilfoiterdemonstrado queerapossívelintegrarosprogramasdecombateàpobreza,deprovisãodeserviços básicosedeproteçãoambiental:
Nessessetores,pelomenos,opaísestánumaencruzilhadaestratégica.Elefoialém dasimplesdivisãodeprojetoshídricos,queincluemprojetosdeurbanizaçãodefave-las,masenfatizamaágua.Oqueémaisimportante,asquestõesdedesenvolvimento paraoBrasilsãodefinidaspelaequipelocalemtermosdemudançadeparadigma,por exemplo,mudandooquadroregulatórioparaacomodaramaisamplagamadedireitos depropriedadeeenvolvimentodosetorprivadonodesenvolvimento.Oconjuntode projetosdeupassosimportantesnessesentidoeconstituiuumtestedeviabilidadeque demonstrouqueasquestõespolíticasqueligamareduçãodapobreza,aprestaçãode serviçosbásicos,eamelhoriadoambienteemescalaregionalpodemsertratadascom sucessoemconjunto(campbell,2007,p.1,traduçãonossa).
Paraqueissoocorresse,aurbanizaçãodefavelaspassouademandarprojetosde urbanizaçãoqueprivilegiassemosdesenhosparaosespaçospúblicos,queCampbel (2007,p.9)classificoucomo“descobertas”,“aprendizados”e“inovações”(Discovery, Learning,andInnovation):
Ocaráterinovadordaabordagemdabaciahidrográficaurbanafoiumadasprincipais razõespelasquaisdescobertasnotáveis,liçõeseinovaçõessurgiramduranteocurso daexecução.Algumasdessasideias-técnicasparaaatualizaçãoinlocoemSãoPaulo,a conversãodevárzeaemcamposparaapráticadeesportes(porexemplo,paraofutebol evoleibol)edamudançadeterrenosparacompletarfaixasdeestacionamentoaolongo dasáreasribeirinhasurbanasemCuritiba,egruposdecidadãosemGuarapiranga-, foramconvertidosdiretamenteparaosprêmiosdoprojetonaformadepequenasin-tervençõesouinovaçõesqueestãosendoutilizadosmaisamplamentehoje(campbel,
2007,traduçãonossa).
5
OProgramaGuarapiranga,aolongodeseudesenvolvimento(1992-2000),implantou umconjuntodepráticasinovadorasnaesferapública,entreelas,aUnidadedeGestão doPrograma,aintegraçãodeaçõesentreórgãospúblicosdediferentesníveisea preparaçãodosfundamentosparaanovalegislaçãoambiental.
Dentreessaspráticasinovadoras,merecedestaqueespecialoprogramadeurba-nizaçãodefavelasdesenvolvidonoâmbitodosubprogramaderecuperaçãourbana coordenadopelaPrefeituradaCidadedeSãoPaulo.
Inicialmente,ocomponentedeurbanizaçãodefavelasfoiincorporadoaopro-grama,atravésdeumviésdesaneamentoambiental,cujoobjetivoeraodereduzir acontaminaçãodoscórregosqueafluíamparaarepresa,ocasionadapelosesgotos domésticosresidenciaisnãocoletados.Àépocadasuaformulação,enfrentaroproblema ocasionadopelos“poluidoresdifusos”(ocupaçõesirregulares)eraumdosprincipais desafiosdoprograma,ebuscarsoluçõesdiferenciadaseraopropósitodosexecutores. Aspráticasanterioresrelacionadasàimplantaçãoderedesdeáguaedecoleta deesgotoemassentamentosprecáriosvinhamsendodesenvolvidaspelosórgãos públicosparticipantesdaugp,principalmenteasabespeaPrefeituradeSãoPaulo, porémdeformalimitadaecomopropósitodediminuirascarênciasdapopulação queviviaemáreasprecárias.
Emborarestritasaosaneamento,essasexperiênciasserviramdemodeloparaos formuladoresdoprograma,mesmoporque,atéentão,aurbanizaçãodefavelaseraum campoquasequedesconhecidoparaamaioriadostécnicosdosórgãosexecutores1.
Nessaépoca,asintervençõesemáreasprecáriaseramvistascomoemergenciais, postoqueapossibilidadedetransformaçõesdessesassentamentosempartesinte- grantesdacidadeformalnãoeraentendidacomoaçãointegrantedapolíticahabita-cionaldosgovernosestadualemunicipal.Combasenessasexperiênciasanteriores, asaçõesprevistasnocomponentederecuperaçãoambientaltinhamumconteúdo bastantesimplificadofrenteàdimensãodoproblema.Eramintervençõescomvistas àimplantaçãodeinfraestruturadesaneamentobásicoeobrascomplementares,como drenagemepavimentaçãoderuas.
Aolongodequaseumadécada,aurbanizaçãodefavelasnoâmbitodoPrograma Guarapiranga,conduzidapelaPrefeituradeSãoPaulo,percorreuumlongocaminho deerroseacertose,principalmente,deliçõesaprendidas,asquaisforamsendoapri-moradase,apartirdosconhecimentosadquiridos,passaramaservirdemodelopara outrosprogramassimilares.
Àépocadoiníciodesuaimplantação,erampoucaseisoladasasexperiências similaresquepudessemservircomoexemplo,oquenospermiteconcluirque,na dimensãotrabalhada,cercadeumacentenadeáreas,oProgramaGuarapiranga,em SãoPaulo,assimcomooProjetoFavela-Bairro,nacidadedoRiodeJaneiro,podemser consideradososprecursoresdaurbanizaçãodefavelascomocomponenteimportante dapolíticahabitacionalnascidadesbrasileiras.
Dessaforma,apartirde1993,semumprojetometodológicodefinido,foidado inícioàimplantaçãodeumambiciosoprogramadeurbanizaçãodefavelaslocalizadas naBaciadoGuarapiranga,comvistasadiminuiroscrescentesníveisdepoluição ocasionadospelospoluidoresdispersosqueviviamnessasáreasprecárias.Aofinalda primeirafasedoProgramaGuarapiranga(2000),asaçõesquevisavamàurbanização defavelaseramreconhecidascomoumadaspráticasdemelhorresultadonoâmbito dosprogramasfinanciadospeloBancoMundial2.
Estecapítulotemcomoobjetivoapresentaroprocessodeconstruçãodametodolo-giaparaaelaboraçãoeimplantaçãodeprojetosdeurbanizaçãodefavelas,tendocomo principalreferênciaotrabalhodesenvolvidopelaautora,aolongodeoitoanosàfrente dacoordenaçãodoProgramaGuarapiranga(1993-2000),naPrefeituradeSãoPaulo.
Talconstruçãonãosedeudeformalinear,masapartirdeobservaçõesempíricas dosprimeirosresultadosdasintervenções,queeramrealizadascombaseemprojetos quevisavamapenasaosaneamentoambientaldaáreaeresultavamemquestiona-mentossobrealimitaçãodosprojetoseintervenções.
Essasintervençõestambémimplicavameminvestigaçõesacadêmicasqueper-mitissemcompreenderoscaminhosdacidade,comoobjetodaaçãoprojetual.Em outraspalavras,aexperiênciapráticaestavamostrandoquenovoscaminhosdeveriam serbuscadosequeerapossívelpropordesenhosparaacidade,oqueimplicavana necessárialeituradeestudoseinvestigaçãosobreosautoresquetrabalhassemcom essalinhadepensamento.
Apartirdaanálisedasprimeirastransformaçõesdoespaçourbanoocupadopelas favelasassimquefinalizadaaimplantaçãodasobras,váriasdúvidasequestionamentos passaramafazerpartedaagendadaequipetécnica.Comoconsequência,eraconsenso queosprojetosaseremdesenvolvidosnaspróximasfasesdoprograma,deveriam incorporarnovosconceitosurbanísticos,sendooprincipaldelesoda“qualificação urbana”,atravésdoqualsebuscavaimplantar,nessasáreasde“urbanizaçãosemcidade”, elementosurbanoscaracterísticosdacidadeformal.
Osdoisprimeirosanosdeaprendizado,bemcomoosresultadosobtidos,aindaque limitados,apontavamparaaadoçãodeconceitosurbanísticosadequadosàrealidadedas áreasobjetodaintervenção.Nosestudosrealizadosàépoca,destacava-seoconceitode “novourbanismo”(lamas,1993),nosentidode“contestaçãoàurbanísticaoperacional burocráticaeàssuasformas,procurandonovoscaminhosnodesenhodacidade”,através doqualseriapossívelrecuperaraimportânciadaformaurbanaprojetadacomoobjetivo decontribuirparaamelhoriadaqualidadedevidanascidades.
Apartirdeumconjuntosignificativodeestudosepublicaçõesdosanos1960-1980, Lamasfortaleceusuaconvicçãodeque“aurbanísticaeodesenhourbanopoderãoseras disciplinasdereconciliaçãodohomemcomacidade,capazesdeproduzirambientesde grandequalidade,esteticamenteestimulanteseacolhedoresdasactividadeshumanas” (lamas,1993,p.390).
Tambéminfluenciaram,nessamudançadeparadigma,osdebatesquevinham ocorrendoentreumgrupodeprofessoresquandodaimplantaçãodonovoprojetode ensinoparaaFaculdadedeArquiteturaeUrbanismodaUniversidadeBrazCubas (1991),queintroduziuadisciplinadeDesenhoUrbano,emsubstituiçãoàtradicional
disciplinadePlanejamentoUrbano3.
Várioslivros“clássicos”sobreurbanismoeramobjetode“descobertas”porparte dosprofessores,permitindoqueideiasquemovimentavamodebateinternacionalsobre osrumosdourbanismopassassemaserobjetodedebateeapoioparaaconstruçãoda novadisciplinaqueestavasendocriada.Importantescontribuiçõesforamostrabalhosde
AldoRossi(L’architetturaDellaCittà,1966),JaneJacobs(MorteeVidadasGrandesCidades, 1966),KevinLynch(TheImageofthecity,1960),GordonCullen(Townscape,1960),entre outros,quecontribuíamparaumamudançadepensamentosobreacidade.
Essasleituras,quandoadotadasnapráticaprofissionalqueseiniciavanacoor-denaçãodoprograma,reforçavamasideiassobreosresultadosesperadosquandoda urbanizaçãodefavelas,quedeveriairmuitoalémdaimplantaçãodeinfraestrutura; eramcontribuiçõesparaa“qualificação”departedacidade.Paraissoserpossível, eraimportantequeaelaboraçãodoprojetopartissedacapacidadedaarquiteturade propormudançasnoespaço,combaseeminformaçõesqueiamalémdasforçasde mercado,comoprecisourykwert(1988),mencionandoumcomentáriodeAldovan EycksobreaimportânciadapublicaçãodoartigoAideiadecidade,quesegundoele:
[…]serviriaparalembrarosarquitetosdealgoqueelespareciamteresquecido:deque acidadenãoerasimplesmenteumasoluçãoracionalparaosproblemasdeprodução, comercializaçãoedistribuição,circulaçãoehigiene–ouumarespostaautomáticaà pressãodecertasforçasnaturaisedemercado–masquedeveriaigualmentecultuaras esperançaseostemoresdeseuscidadãos(rykwert,1988).
Todasessasnovasideiascolaboravamparaaformaçãodeumnovoentendimentopara ofuturodasintervençõesemfavelasnaáreadaGuarapiranga.Amaiorcontribuição dessesestudosparaotrabalhoquevinhasendodesenvolvidonasfavelasfoiodeampliar osobjetivosiniciaisdasintervenções,quepassaramabuscaraintegraçãoentreasduas realidadesexistentesnacidade–aquelaqueincluíaurbanizaçãoeaquenãoaincluía. Ametodologiaadotadaparaaurbanizaçãodefavelasquetinhacomopressuposto “aqualificaçãourbana” resultoudeumprocessodeconstruçãodeconhecimentodife-renciado,poisincorporavanovosaprendizadosrecolhidosnaexperiênciacotidiana daequipetécnica,aomesmotempoemqueseapropriavadeconceitosqueestavam sendodebatidosemalgunsfórunsinternacionaisdearquiteturaeurbanismo.
5.1 a urbanização das primeiras sete favelas – lote i
Em1992,foiconstituídooGrupodeTrabalhoparacoordenareimplementara participaçãodaPrefeituradeSãoPaulonaimplantaçãodoProgramaGuarapiranga4.
Asaçõesdogrupocomvistasàimplantaçãodoprogramaforammuitolimitadas, tendoemvistaquesuaformaçãoocorreuemmeadosde1992,seismesesantesda mudançaqueocorrerianaadministraçãocomoconsequênciadaseleiçõesmunicipais. Umadassuasiniciativasfoiapreparaçãodalicitaçãodasobrasdasseteprimeiras favelas,cujosprojetoshaviamsidoelaboradospelaequipetécnicadagerenciadora Bureau,queprestavaserviçosàsehab,noâmbitodoprogramadeurbanizaçãode favelasdahabi(1992)5.
Algunstrabalhosacadêmicos(ancona,2002;fillardi,2004)publicadosa partirdofinaldosanos1990 atribuem,deformaequivocada,oscréditosparaame-todologiadesenvolvidaparaaelaboraçãodosprojetosdeurbanizaçãodefavelasno âmbitodoProgramaGuarapirangaàequipetécnicaqueesteveàfrentedahabinos anos1989-1992.Porém,aparticipaçãodessaequiperesumiu-seàseleçãodasáreas quedeveriamserurbanizadaseaelaboraçãodosprojetosbásicosparasetefavelas localizadasdeformadispersanoterritóriodabacia–duasnamargemesquerda (JardimSouza–fase1,SantaLuciaii)ecinconamargemdireita(SetedeSetembro, JardimAlpino,Presidente/Jordanópolis,Imbuias,SãoJoséiv).
Aescolhadessasprimeirasseteáreasnãoobedeciaacritériotécnicoestabelecido comofimdeatenderosobjetivosdispostosnoâmbitodoProgramaGuarapiranga.As duasprimeiraslocalizadasnamargemesquerdaguardavamdistânciasignificativae nãopertenciamàmesmabaciadedrenagem,sendoque,nocasodoJardimSouza,o projetoelaboradocontemplavamenosque10%daáreaocupadapelafavela.Nocaso dascincofavelaslocalizadasnamargemdireita,amesmasituaçãofoireproduzida, postoseremisoladasesemrelaçãodeinfluênciaentreelas6.
Essesprimeirosprojetosforamelaboradoscompropósitosbastantelimitados, visandoatenderaosobjetivosdoprograma,implantarredesdesaneamentobásicoe infraestruturascomplementares,comopavimentação,drenagemeobrasdecontenção, conformedescritoporlagreca(2000):
AsexpectativasiniciaisepremissasdoProgramaGuarapirangaentendiamaurbaniza-çãodefavelascomoformadereduzirascargasafluentesdeesgotoseresíduossólidos àrepresa,atravésdaimplantaçãoderedesdeáguaeesgoto,sistemasdedrenageme aberturadeacessosviáriosquepermitissemacoletadelixoemanutençãodasredes.Era umaurbanizaçãovoltadaprimordialmenteparaasquestõesdesaneamentoambiental (sales;frança;filardojr,2000,p.115).
5 AvisodeLicitação,publicadoem14denovembrode1992,noDiárioOficialdoMunicípio,conforme omodeloestabelecidonoContratodeEmpréstimocomoBancoMundial,paraasobrasdasfavelas SantaLuciaii,JardimSouza,Imbuias,Presidente/Jordanópolis,JardimAlpino,SetedeSetembro eSãoJoséiv.
6 ConformedescritonoRelatórioFinaldogrupoconstituídoatravésdaPortarian.260/92. secre-tariamunicipaldehabitaçãoedesenvolvimentourbano;prefeituradomunicípio
Namudançadegoverno,em1993 ,umaequipetécnicareduzidaassumiuacoor-denaçãodoProgramaGuarapiranganaSecretariadeHabitaçãoeDesenvolvimento Urbano,tendo,comodesafioinicial,descobriraabrangênciadasaçõesderespon-sabilidadedomunicípio,organizarostrabalhosparaaimplantaçãodoprogramade urbanizaçãodefavelasecriarmecanismosdeintegraçãocomosdemaisexecutores dodiferentesníveisdegoverno7.
Nonovocenárioresultantedoprocessodetransiçãogovernamental,oProgra-maGuarapiranganãofaziapartedasprioridadesestabelecidaspelonovogoverno esuamanutençãosedavaapenascomorespostaàsresponsabilidadesdefinidas noconvêniofirmadocomoGovernodoEstadoecomoBancoMundial.Como consequência,duranteoanode1993epartede1994,asfunçõesdacoordenaçãodo programaestavamlimitadasàstarefasadministrativassolicitadaspelacoordenação daugp.
Ainoperânciadoprogramanoâmbitomunicipalnoiníciodogovernocriou expectativasnegativasemrelaçãoasuaimplantação,resultandonarealizaçãode umesforçoconsiderávelporpartedogovernoestadualparaqueasaçõessobre responsabilidadedaprefeituranãofossemabortadasporumadecisãounilateral doentãoprefeitoPauloMaluf,inimigopolíticohistóricodogovernadorMario Covas.Adicionalmenteaessapreocupação,atéaquelemomento,oempréstimo internacionalparaaprefeituraaindanãohaviasidoaprovadopeloSenadoFederal, conformeprevistoemlei.
ApartirdesseesforçodesenvolvidopelaequipedecoordenaçãodaUnidadede GerenciamentodoPrograma,umfatoimportantedeveserdestacado,poispermitiu obomdesempenhodoprogramaaolongodosanos:otrabalhointegradoentre equipestécnicasdegovernosdepartidosdiferenteseatéantagônicos,mostrando queumanovaordempúblicapoderiaexistirquandosebuscamobjetivoscomunse estratégicos.
AssimfoiqueoGovernodoEstadoeaPrefeituradeSãoPaulopassarama trabalhardeformaconjunta,emumaparceriainéditaatéaquelemomento.
Emmeadosde1994,onovosecretáriodaHabitaçãodomunicípiodecidiureunir esforçosparalevaroprogramaadiante,tantonoquesereferiaasuainstitucionali-zação(aprovaçãodoempréstimo),comoàsaçõesprevistas(urbanizaçãodefavelas). Umaassessoriaespecialfoicolocadaàdisposiçãodacoordenaçãoparaviabilizara
7 Éimportantelembrarquenesseanoocorreuumamudançanocargodeprefeitodacidade,quando saiuLuizaErundina(1989-1992),quenãofoireeleitaeassumiuPauloMaluf(1993-1996),oque resultouemumamudançasignificativanaconduçãodagestãodacidade,resultandoemmudan-çasdediretrizesdegoverno.Nocasodapolíticahabitacional,conformeexpostonosCapítulos
1e3,frenteàrupturacomasdiretrizesestabelecidasnogovernoanterior,ficoudefinidoquea “verticalizaçãodefavelas”seriaonovoconceitoaseradotadoparaaurbanizaçãodefavelas,oqual
execuçãodoprograma,sendoqueaprimeiraatividadedesenvolvidafoidarinícioà contrataçãodeobrasapartirdosseteprojetosexistentes8.
Finalizadaafasedalicitaçãoeconhecidaaempresavencedora9,quandodoinício
dasobras,ocorreuumprimeiroimpasserelacionadoàaprovaçãodosprojetosdeágua eesgotoapresentadosàsabesp.Comonãorespeitavamasdiretrizesestabelecidas noâmbitodoprogramaeasnormasdasabesp,foisolicitadaumarevisãocompleta dosprojetosapresentados.
Umdosprincipaisproblemasrelatadospelaequipedasabesp eraoelevadonú-merodeligaçõescondominiaisdeesgotoprevistosemprojeto,contrariandoasnormas estabelecidasquelimitavamautilizaçãodessatecnologia,devidoàdificuldadede manutençãodasredes,alémdenãogarantiracoletade100%dosesgotosdascasas. Comoconsequência,asehab,atravésdaempresaconstrutoraresponsávelpelas obras,contratouaelaboraçãodenovosprojetosqueseadequassemàsexigências estabelecidas,oqueresultouemumasériedemudançasnaconduçãodessaprimeira fase.Aadequaçãodosprojetosderivouemumatrasodoscronogramasdeobras,um aumentodosvaloresestabelecidosnoprocessodelicitação,entreoutrasconsequências negativasquandoconsideradososobjetivosecompromissoscontratuaisestabelecidos peloGovernodoEstadojuntoaoBancoMundial.
Algumasquestõessecolocavamapartirdasprimeirasobrasetratavamdasdifi-culdadespeculiaresaestasituaçãoespecial–dificuldadesdeacessodeequipamentos, instabilidadedasconstruçõesexistentes,impossibilidadedecumprimentodosprazos estabelecidosemcronogramas(impostopelaimprevisibilidadedasfrentesdeobras), descompassocronológiconoscalendáriosdereassentamento,bemcomoaincompatibi-lidadedarendadasfamíliasreassentadascomasexigênciasdosistemadefinanciamento dasunidadesemconjuntoshabitacionais(sales;frança;filardojr,2000,p.115).
Noentanto,todosessesproblemasqueaprincípiopoderiamparecergrandes obstáculosparaaconduçãodoprogramarepresentaramaprendizadosdegrandeim-portânciaparaasequênciadasaçõesprevistas.Aprincipalliçãodessaprimeirafase
8 AequipedecoordenaçãodoProgramanasehab,apartirde1994 ,eraformadapelaarquitetaElisa-beteFrança–coordenadora(1993-2000 ),pelaassistentesocialCleusaChimelliMello–coordena-doradotrabalhosocial(1994-2000),pelaarquitetaViolêtaSaldanhaKubrusly-coordenadorado sistemadeinformaçõesgeográficas(1995-2000),peloengenheiroRicardoSampaio–coordenador deobras(1995-2000),apoiadospelaengenheiraDeniseLopesSouza,dahabi.Acoordenaçãode projetosdagerenciadoraestevesobresponsabilidadedaarquitetaElzaMariaBragadeCarvalho (1994-1995),seguidadoarquitetoPauloBrasilEstevesSant’Anna(1995-1997)edaarquitetaMarta Lagreca(1997-2000).
9 Em1994,asehabpublicoudoiseditaisdelicitaçãointernacional,organizadosaosmoldesdo
estavarelacionadaaoprojetodeurbanizaçãoeseuresultadoquandodaimplantação dasobrasprevistas.Ofocodosprojetosnotemadosaneamentoambientalnãores-pondiaaosdesafiosencontradosnarealidadedessesbairrosprecários.
Asprincipaisdisciplinasabordadasnessesprojetosestavamrelacionadasàim-plantaçãoderedesdeáguaecoletadeesgoto,sistemasdedrenagemepavimentação deviaseacessos.Asconexõesdafavelacomosbairrosvizinhosea“qualificação”dos espaçospúblicosremanescentes,definidasapartirdeumplanodeurbanização,não compunhamapautadeprioridadesparaaurbanização.
Afragilidadedessesprimeirosprojetoseraverificávelnasáreas,àmedidaqueiam sendourbanizadas.Umaquantidadesignificativadeespaços,inicialmenteocupados deformaprecária,resultavaempequenosespaçosvazios,quandodaaberturadevias, dacanalizaçãodecórregoseoutrasintervenções,paraosquaisnãohaviausoprevisto. Essasáreasremanescentes,semusoespecificadoemprojeto,eramobjetodeincorpo-raçãoindividualporpartedosmoradores,comfinsdeampliaçãodamoradia.
Duranteasprimeirasurbanizações,ficavacadavezmaisperceptívelaimportância deampliaroconceitodeurbanizaçãolastreadonasprioridadesdefinidasnoâmbito doProgramaGuarapiranga,diretamentevinculadasàsexigênciasdosaneamento ambiental.Aestruturaçãourbanaresultantedasprimeirasintervençõesimplicava emrevisãodosprojetos,demodoaincorporaroconceito“qualificaçãourbana”da favela,afimdepossibilitarsuatransformaçãoemumnovobairrodacidade.
Caberelembrarque,nesseiníciodoprograma,aspercepçõesdocorpotécnicoeram empíricaseassoluçõesadotadasnospequenosespaçospúblicosqueremanesciamao longodaimplantaçãodasobras,nãoprevistasemprojeto,eramresultadodaobservação diáriadoquepoderiasermelhorado.Assim,foramsendoimplantadaspraçasdotadas deequipamentosdelazer,áreasparaplantiodeárvores,eousodacorfoiestimulado paradiferenciaressesespaçoscomopúblicos,cujaapropriaçãoeutilizaçãodeveriamser feitaspeloconjuntodosmoradores.Amudançaerasignificativa,osmoradoresseviam diantedeserviçospúblicosqueantesnãodesfrutavameasmudançasnodesenhodo novobairroqueestavaseconformandotinhamumaamplaaceitaçãodapopulação.
Osprimeirosresultadoscomeçaramasurpreenderosexecutoreseasautoridades, taleraadiferençaverificávelentreasituaçãoinicialeaposterior,noqueseconvencio-nouchamaràépocado“antes”e“depois”daintervenção.Asprimeirasvisitasdaequipe técnicadoBancoMundial,responsávelpeloacompanhamentodoprograma,resultaram emimpressõespositivasebastanteacimadasexpectativas10
.Paraocoordenador,osub-programaderecuperaçãourbanaeraumnovocampodeatuaçãoeoresultadofoiuma experiênciadeaprendizadocomostécnicosdaPrefeituraedoGovernodoEstado.
5.1 e 2 Jardim Esmeral-da / Iporanga. Situacão anterior às obras. Gua-rapiranga – Recuperação urbana e ambiental no município de São Paulo,
2000, p. 144.
5.3 e 4 Jardim Esmeral-da / Iporanga. Córrego canalizado, sistema viário e unidades habita-cionais. Guarapiranga – Recuperação urbana e
Ocasomaissignificativoemtermosdeaprendizadofoiaurbanizaçãodafavela SetedeSetembro11.Tratava-sedacanalizaçãodocórregosobreoqualumnúmerode
casasprecáriashaviamsidoconstruídas.Àmedidaqueaobrafoisendoimplantada, comaremoçãodascasas,remanesciaumespaçopúblicosemdestinaçãoclara,nem tratamentoadequado,quetivessemsidoprevistosemprojeto.Alémdisso,atopografia daáreaexigiaaimplantaçãodeescadariasquepermitissemosacessosdapopulação deformamaisconfortável.
Aopçãoporcanalizaçãofechadaresultounaaberturadeumsistemaviário, formadapelaviaprincipalsobreocanalcomaqualseconectavamaspequenasvielas quepermitiamoacessoatodasascasas,paraaimplantaçãodasredesdeáguaeesgoto. Istoresultouemumconjuntocoerentenosentidodeformaurbana,proporcionando aosmoradores:aconformaçãodeumsistemadeacessosestruturado,aviaprincipal estruturadoradefluxosepermanências,aampliaçãodosespaçospúblicospermitindo maioriluminaçãoeventilação,oacessouniversalaosserviçosdeáguaeesgoto.
11 SetedeSetembro,atualmenteumbairro,localiza-senamargemdireitadarepresa,comacessopela av.TeotônioVilela.Naocasiãodostrabalhosdeurbanização,moravamnafavela132famílias.
5.3 Favela Sete de Se-tembro. Acervo sehab
Mesmocomumprojetoinicialmentelimitado,osresultadosmostravamum desenhourbanoarticuladonãosóinternamente,mastambémcomrelaçãoaobairro vizinho,ouseja,reforçandoaideiado“construiracidade”ondea“urbanizaçãoocorreu semcidade”.
5.2 a construção da metodologia de projeto - lotes ii e iii
Passadaa“etapapiloto”,dasseteprimeirasintervençõeseasliçõesaprendidascom osresultadosespaciaisobtidos,foidadoinícioaoprocessodecontrataçãodenovos projetos.Nessemomento,aestruturadetrabalhodoprogramaestavaseampliando emaistécnicosparticipavamdaconduçãodoprograma,permitindoummaiorinter-câmbiodeideias,comparandoexperiências,resultadosdasprimeirasintervençõese definindoquaiscaminhosseguir.
Asideiassobreo“novourbanismo”eramcadavezmaisaceitascomoreferência paraaintervençãonaregiãodaGuarapiranga,ereforçava-seacertezadequeaatuação daprefeituranãoestavaapenasvinculadaàimplantaçãodocomponentedeurbanização defavelas,mas,sim,àtransformaçãodeumterritórioocupadoàmargemdalegislação deusoeocupaçãodosolo,habitadopormilharesdepessoasdeformairregularepre-cária,ondedeveriamserfeitosinvestimentosna“qualificaçãourbana”enãoapenasna implantaçãodeinfraestruturabásica.Osassentamentosprecárioslocalizadosnoâmbito doprogramaerampartedeumacidadequeseexpandiuàmargemdeumacidadecon-sideradalegaleformal,porémhaviaseconstituídocomocidadeondefamíliasmoravam hádécadas,desenvolveramlaçosafetivoscomolugar,criaramsuasredessociais,enão faziapartedesuaspreocupaçõescotidianasamudançaparaoutroslocais.
Oscontatoscomosmoradoresdasfavelasfortaleciamaconvicção,dedifícil compreensãoparaumolharexterno,daimportânciadequefossemconsiderados, nosprojetos,osfortesvínculosexistentesentremoradoreseseusbairros,mesmo considerandoaextremaprecariedadeemqueviviam12.
Emoutraspalavras,erapossíveldetectarligaçõesqueiamalémdosimpleslo-calparaainstalaçãodeumamoradia,oquepermitiu,àcoordenaçãodoprograma, prepararumconjuntodeintervençõesquereforçasseosvínculosdessesmoradores comseubairro.Emgeral,osmoradoresestavamaliháumadécada,mantinhamlaços devizinhançaeapoiavamunsaosoutrosquandonecessário,oquecaracterizavaa
formaçãodeumarededesolidariedadeque,serompidafosse,ocasionariaumaumento davulnerabilidadesocialdasfamílias13.
Aexperiênciaresultantedaexecuçãoefetivadoprimeiroconjuntodeobras foienriquecedoranãosomentepelas“descobertas”relacionadasàcapacidadetrans-formadoradasintervenções,mastambémporterpossibilitado,àequipetécnica,a construçãodeumarcabouçoconceitualquesecontrapunhaaoconhecimentoexistente emrelaçãoàurbanizaçãodefavelas,que,atéentão,eraentendidacomo“corretora”, nosentidodeatendernecessidadesbásicasdeacessoàinfraestrutura.
AmparadosnotrabalhodeBohigas(1986),ficavacadavezmaispresente,para ostécnicosqueconduziamoprograma,acompreensãodequeafavelanãoeraa expressãofísicadeumaspectomarginaldacidade,aocontrário,tratava-seapenas deumaocupaçãoàmargemdomarcolegalestabelecido.Emoutraspalavras,paraos moradoresdafavela,importavainicialmenteaconstruçãodassuasmoradias,deixando paraofuturoaconstruçãodosespaçospúblicos,constituidospelosistemaviário,redes deinfraestruturaeáreasdelazer.
Essa“urbanizaçãomarginal”requeriaumametodologiadeintervençãocujoponto departidadeveriaseroreconhecimentodequeaurbanizaçãodafavelatratavado aperfeiçoamentodaorganizaçãoterritorialexistente,enãodaaplicaçãodepadrões urbanísticosestabelecidosnasnormasurbanasoficiais.
Bohigas(1986),emseutrabalhoreferencial,enfatizavaqueproporumnovo desenhourbanoquedesconhecesseoexistenteresultariaemumasériededanos paraosmoradores:
[…]aimplantaçãodenovasestruturascomoasquadrashabitacionaismassivas,des-truiriamodesenhoexistentedeformadefinitiva,issoseimposiçõesfossempossíveis; osimplesrecursododesenhoformal,nestecaso,seriaingênuoe,consequentemente, ineficaz(bohigas,1986,p.27,traduçãonossa).
Asobservaçõesdesseautorsignificamqueametodologiaparaaelaboraçãodospro-jetosincorporavacomoprincípioaaceitaçãodamorfologiaurbanaexistente,aqual deveriaseraperfeiçoadacominvestimentosnasáreasconsideradasespaçoscomuns oupúblicos,deusodoconjuntodosmoradores,aíincluídosossistemasdeacesso,de
saneamento,dedrenagemedeáreasdelazer.Esseprincípiorepresentouummarco napolíticahabitacionaldacidade,atéentãopreocupadacomaremoçãodasfavelas paraconjuntoshabitacionaisoucomaimplantaçãodeinfraestruturacorretivana perspectivadeumamudançafuturaparanovasunidadeshabitacionais,quemelhor expressavamospadrõesestabelecidosnacidadeformal14.
Paraaaplicaçãodessenovomodelodeintervenção,quedefiniuodesenhourbano comometodologiadeprojeto,foielaboradooTermodeReferênciaeDiretrizespara Projetos(TdR),quepassouadirecionaraspropostasparaaurbanizaçãodefavelas (calder,1994).
Preparadopelacoordenaçãodoprograma,comoapoiodeumaconsultoria contratadaparaessefimespecífico,oTdR,apartirdoconjuntodevariáveisque compunhamapautainicialdeintervençãoemfavelas-acoletadosesgotoseresíduos sólidos,principaispoluidoresdoscorposdeáguadomanancial-,ampliavaoescopo deatividades,paraaatingirumobjetivoampliado,queeraodaincorporaçãodos assentamentosprecáriosàcidadelegal.
OpassomaisimportantequandodaelaboraçãodoTdRfoiodeestabelecer oconceitoaserseguido,ouseja,alémdedotarasáreasdainfraestruturaneces-sáriaparaatingirpadrõesrazoáveisdeurbanidade,promoveraçõesparaelevara áreadeaplicaçãodoprojetoàcondiçãodebairrosocialmenteintegradoàcidade reconhecida.Omaiordesafioparaosproponenteseraodeelaborareutilizarpro-postasmetodológicasquetransformassemasfavelasemnovosbairrosconectados àcidade,indoalémdoconteúdotradicionaldeimplantarasredesdesaneamento básico,sistemasdedrenagemeviário,eeliminaçãoderiscosdeencostasefundos devale.
Adicionalmente,oTdRinstigavaosproponentesairalémdaintegraçãofísica entreosmoradoresdosdoisladosdacidade.Eranecessáriobuscarformasparaa integraçãosocioculturalquefosseapoiadanosvaloresculturaisexistentesnascomu-nidadesobjetosdasintervençõesapartirdacompreensãodasvontadeslocais.
Seusconteúdoseramabrangentes,prevendoaçõesquedeveriam:
[…]levaremcontaasoluçãodosseusproblemasdeinfra-estrutura,ainfluênciadestas soluçõesnoentorno,easinterferênciascomaredeviáriaedeinfraestruturainstalada, ademandalocalporequipamentosemobiliáriosurbanos,asalubridadedasunidades habitacionaiseaconsolidaçãogeológicaegeotécnicademodoaconfigurarestenúcleo urbanocomoumbairro,integralmenteatendido.Aprospecçãodasinfluênciasnasescalas
urbanasextrafavelastemporobjetivoharmonizarasintervenções,eimpedirquepor exemplo,umavisãoestritadaárea,comodrenagemdeáguaspluviaisoucanalizaçãode córregointerfiranegativamenteemalgumaimportanteligaçãoviáriaentresubbacias contíguas(calder,1994,p3.2).
Noconjuntodasdiretrizesespecíficas,eramindicadosparâmetrosparaosprojetos, baseadosemnormas,orientaçõeseespecificaçõestécnicasexistentesnasehabe quetivessemsidoutilizadasemprogramasanteriores-emborafossepermitidaa apresentaçãodenovassoluções,desdequedevidamentejustificadasdopontodevista técnico,econômicoejurídico.
Apesardoobjetivoampliadodefinido,asdiretrizesespecíficas,paraourbanismo, analisadasàluzdaexperiênciaatual,seriamconsideradastímidas,porém,naocasião, refletiamaspreocupaçõesdaequipetécnica,relacionadasànecessáriareorganização daocupaçãofísicaquepossibilitasseatodasasunidadeshabitacionaisexistenteso acessodiretodosmoradoresedasredesdeinfraestruturaporviadecirculaçãode veículosoupedestres.Isto,aomesmotempoemqueexistiamlimitesparaoreassen-tamentodefamílias,quedeveriamestar“restritasaomínimonecessário”.
Asduascondiçõesimpunhamlimitesàaberturadeespaçospúblicos,osquais “deveriamserdimensionadosemcompatibilidadecomaofertadeáreasinternase adjacentes”(calder,1994,p.3.5),ouseja,aindaeramlimitadasàspossibilidadesde intervençãourbananasfavelas,objetodasaçõesdoprograma.
Tambémforamdefinidasasáreasparaasquaisseriamelaboradososprojetos,a partirdocritériodecapacidadedepoluiçãodoscursosdeáguaedesualocalização emregiõesmaisdensamenteocupadas,oquepermitiuelencaras30favelasmais poluidoraslocalizadasnascercaniasdosprincipaiscontribuintesdolago,asquais foramdivididasemsetelotesdeintervenção,oqueseconvencionouchamaràépoca deLotesiieiii15.
Paraaseleçãodosconsultoresparaodesenvolvimentodosprojetos,optou-se pelamodalidadedecontrataçãoparaconsultorias,conformeasnormasdelicitação doBancoMundial.Ouseja,umnúmerolimitadodeescritóriodearquiteturaou engenharia,trêsaseisparacadalotedeprojetos(shortlist ),foiconvidadoparaapre-sentarpropostas,eaescolhafoifeitacombasenaspropostastécnicasapresentadas, significandoumgrandeavançoemrelaçãoaoprocessoslicitatóriostradicionalmente utilizados,baseadosquesão,emprimeirolugar,emmenorespreços.
15 Osloteseramorganizadosdaseguinteforma:Loteiia–Dezenove,Vinte,NovaGuarapiranga Ieii;Loteiiaeiic–VilaRubi,SãoJoséieii,SãoJoséiiieVilaEdaeJardimManacás;Loteii
Aoportunidadedessaformadecontrataçãodeprojetos,facilitadaporserumprogra-mafinanciadocomrecursosdoBancoMundial,permitiuquefosseprivilegiadootrabalho intelectual(propostatécnica)naelaboraçãodaspropostas,emdetrimentodasupremacia dapropostafinanceira,garantindoumpadrãodeprojetosdealtaqualidade,elaborados porequipesdearquitetos,urbanistaseengenheirosderenomadaexperiência.
Decididaaformadeseleçãodeconsultores,oTdReoutrasetapasadministra-tivasdoprocesso,passou-separaafasedeconvitesparaconsultoresinteressados, entendendo-se,comotal,escritóriosdearquiteturaouempresasdearquiteturae engenharia,demodoagarantiraparticipaçãodeprofissionaisexperientes.Nossete lotesdeprojetosemqueficaramdivididasas30 favelasprioritárias,foramconvida-dos25escritóriosdearquiteturaeempresasdeconsultoriadepequenoportecom experiênciaanterioremprojetosdeurbanizaçãodefavelas.
Oobjetivodosconviteseraabrangerumrolsignificativodeconsultorescom relativaexperiêncianotema,eparatalseprocedeuaumapesquisaemvárioslocais paraquefossepossívelcoletaressasinformações,utilizando-serevistasdearquitetura eexperiênciassimilaresemoutrosórgãospúblicos.Aofinaldoprocesso,18equipesde consultoresapresentarampropostas,tendosidoselecionadasumaparacadalote,no totaldeseteempresascontratadas–DiagonalConsultoresAssociados,A.M.Savelli Engenharia,PromapenEngenharia,PauloBastosArquitetosAssociados,JoãoWalter ToscanoArquitetosAssociados,cpsEngenhariaeVetecEngenharia.
Dasseteempresascontratadas,duaseramcoordenadasporarquitetosreconhecidos porsuaexperiênciaeconjuntodesuasobras(PauloBastoseJoãoWalterToscano),três empresasdeengenhariatinhamnafunçãodecoordenaçãoarquitetoscomexperiência reconhecida(Promapem-RaymundodePaschoal,cps-MarcosCarrilhoeVetec-Volker Link),umaempresatinhaexperiênciaanterioremurbanizaçãodefavelas(Diagonal), eapenasumadasempresaspropôs,comocoordenador,umengenheiro(A.M.Savelli). Esseresultadorefletiaasdificuldadesencontradasàépocaparaqueosescritóriosde arquiteturaparticipassemdoprocesso,devidoaalgunsfatores,comoafaltadeinte-ressenoobjetodoconviteouafaltadeexperiênciaparapreencherasqualificações mínimassolicitadas,oquejustificaabuscadeapoioemempresasdeengenhariapara aintegraçãodeexperiênciasdemodoaatenderosrequisitosdoedital.
Aofinal,aseleçãodasseteequipesresultouemavançossignificativosemrelação àqualidadetécnicadaspropostasedasequipesmultidisciplinaresquecompunham osgruposdefinidosparaaconduçãodostrabalhos.
Osprojetistaspropuseramsoluçõesmaisgenerosasparaotratamentodosfundos devaleedasencostasedosistemadeacessibilidadeemgeral,demodoa“conquistar áreasparaosistemadeespaçospúblicos”,que,mesmoresultandoemummaiornúmero deremoções,proporcionavamumcertodesadensamentodoterritório.
Oresultatoobtidoapartirda“qualificação”dasfavelasfoidestacadonoRelatórioFinal doPrograma,elaboradoem2003pelaUnidadedeGerenciamentodoPrograma(ugp):
[…]apartirdeumamadurecimentodestaconcepçãoinicial,opartidodosprojetospassou aobedeceraumaóticaalgodistintaque,antesdequalqueroutroaspecto,acentuouas alteraçõesespaciais,nosentidodeumacaracterizaçãodonúcleocomoumaglomerado urbanomaispróximodarealidadefísicadosbairrosdavizinhança(secretariade
energia,recursoshídricosesaneamento–estadodesãopaulo,2003,p.9).
Tambémfoireconhecidaaimportânciadosespaçospúblicosesuaimportânciacomo articuladoresdaintegração“formal”e“informal”:
Implantaram-se,também,emalgunsnúcleos,áreapúblicasdelazer,asquaispassaram, emvárioscasos,aatrairmoradoresdebairrosadjacentesaosnúcleos,configurandouma situaçãoinéditadeintegraçãodacidadeformaleinformal(secretariadeenergia,
recursoshídricosesaneamento-estadodesãopaulo,2003,p.9).
Assim,passadaquaseumadécadadoiníciodaelaboraçãodosprojetos(1995)até aelaboraçãodoRelatórioFinal(2003),ahipóteseformuladaquandodaelaboração doTermodeReferência,queadotouoconceitoda“qualificaçãourbana”comoforma detransformaroterritórioperiféricodesestruturadoembairrointegradoàcidade, semostravacorreta,postoqueoresultadoalcançadofoireconhecidocomoumdos melhoresentreasváriasaçõesimplantadasnoâmbitodoprograma:
Estesegundoestágioevolutivo,expressodeformamaisclaranosLotes2e3deobras daPrefeituradeSãoPaulo,indicaqueamadureciaaideiadeuma“formalização”da informalidadeurbana:asintervençõesfísicaspassaramacorrespondertambémaum esforçopréviodeumapolítica,aindaemdesenho,de“regularizaçãofundiáriaeurbana”, incorporandoosnúcleosà“cidadelegal”(secretariadeenergia,recursoshídricos
esaneamento-estadodesãopaulo,2003,p.9).
5.3 diretrizes e critérios técnicos adotados para a elaboração de projetos
propostasquesolucionassemosproblemasdaocupaçãodesordenada,aomesmotempo emquebuscavamasmelhoresformasdeapropriaçãodosespaçospúblicoscriados.
Nãosetratavaderesolver,atravésdeintervençõesfísicas,osproblemasdecor-rentesdaocupaçãosemlegislação,mas,sim,tratava-sedeintegrarosdoisprincipais desafiosdoprograma-aproteçãoambientalearecuperaçãourbana-eapresentar soluçõesconsensuadasqueapontassemparaatransformaçãodasáreasprecáriasem bairrosintegradosàcidade.
Paratal,oTdRrecomendavaquefosseelaboradaumaleituradaárea,buscando coletarinformaçõessobreahistóriadoassentamento,organizaçãodacomunidade, suasprincipaislideranças,formasdeorganização,acessoaequipamentospúblicos, situaçãofundiáriadaárea,relaçõescomosbairrosvizinhos,demodoafornecerum quadrogeralquepermitisseaoprojetistadefiniralgumasprioridadesrelacionadas, principalmente,àintegraçãoaorestantedacidade.
Outroaspectoimportanteaserinvestigadoestavarelacionadoàsquestões construtivasencontradasnafavelae,paratal,eraimportanteconhecerograude consolidação,astipologiashabitacionaisexistentes(umoumaispavimentos),mate-riaisconstrutivos,eoutrosusosalémdohabitacional(comércio,serviços,religiosos, comunitários).Esselevantamentoerarealizadoparalelamenteaocadastrodomiciliar, momentoemqueeramcoletadasinformaçõesgeraissobreasfamílias.
Paralelamenteaessacoletadeinformaçõesrealizadasporumaequipeformada porarquitetos,engenheiroseassistentessociais,eramdesenvolvidososdiagnósticos dascondiçõesfísico-ambientaisdosítio,apartirdelevantamentostopográficos,en-saiosououtrosmétodosdeinvestigaçãoquesefizessemnecessários.Paraaelaboração doprojeto,eranecessárioverificarocomportamentogeotécnicodosolo,daságuas superficiaisesubterrâneaseasvazõesdabaciadedrenagem,asáreasderiscode solapamentodeencostasoualagamentosemfundosdevale.
Verificava-seopotencialpaisagísticodosítio,postotratar-sedeocupaçõesem áreasprivilegiadasemfunçãodaproximidadedolago,explorandoaexistênciade nascentes,cursosdeágua,remanescentesdevegetaçãonativaeoutraspossibilidades aseremexploradosnoprojetodosespaçospúblicos.
Apartirdesseconjuntodeinformações,oprojetoeradesenvolvidoapartirdeuma estruturaurbanaqueconsiderasseasinformaçõescolhidasanteriormente.Adefinição dosistemaviárioeahierarquizaçãodasviaseacessoseraumprimeiropontoadecidir, aliadaànecessidadedeestenderouimplantarasredesdeáguaedecoletadeesgoto comconexõesemtodososdomicílios.Essafoiumadasprincipaisdiretrizesdefinidas desdeoiníciodostrabalhos,qualseja,100%doscasasdeveriamestarligadasàsredes dasabespcomligaçõesindividuais,umavezqueoobjetivocentraldoprogramaera aeliminaçãodefocosdepoluiçãogeradasporpoluidoresdispersosnoterritório.
determinadosquepermitissem,àquelesquenãotinhamacoletaemfrentedecasa, podercarregarolixopercorrendoamenordistânciapossível16.
Umtemaimportantedoprojetoestavarelacionadoaosistemadedrenagem, queexerciafunçõesdiversas,comoimpedirocarreamentodematerialsólidoparaos córregoseevitarproblemasdetraficabilidadeporocasiãodaschuvas.Osprojetosde drenagemtrouxeramimportantecontribuiçãoparaoacervodetécnicasbemsucedi-dasemprojetosdeurbanizaçãodefavelas,postoquefoiumaespecialidadebastante desenvolvidaecomsoluçõesdiferenciadasqueutilizavamcanaletascentraisquando asviaseramestreitaslaterais,compondoopasseioparapedestreseescadariasde dispersão,nocasodosacessosfeitosdessaforma.
Algunsaspectosdeprojetoforamexploradosdeformaintegrada,buscandoa melhorsoluçãotécnicaaliadaàspossibilidadesdecriarespaçospúblicosparaauti-lizaçãocomunitária.Istoocorreuprincipalmentenacanalizaçãodecórregos,que, feitaemcanalaberto,possibilitavaquasesempreautilizaçãodasviaslaterais,e passeios,comolocaisdecontemplaçãoepasseio.Tambémascontençõesdeencostas foramutilizadascomoespaçospúblicos,atravésdaadoçãodoescalonamentoonde erapossívelimplantarpequenasáreasdelazer.
Umdestaquefoidadoaotemadaremoçãoereassentamentodefamíliasque estavamlocalizadasemfrentesdeobrasouáreasderisco.Emboraadiretrizfossea deevitarasremoçõesaomáximo,elasnecessariamenteocorreram.Nessecaso,duas alternativaseramoferecidasàsfamíliasafetadas,amudançaparaconjuntoshabita-cionaislocalizadosforadaáreademananciaisou,quandopossível,ficaremcasas construídasnaprópriaárea17.
Aofinaldeumlongoprocessodepreparação,queseinicioucomaelaboração doTdR,seleçãodeequipes,apresentaçãodepropostasedesenvolvimentodeproje-tos,oresultadofinal,constituídoporpropostasdeurbanizaçãoparatrintafavelas, elaboradasporprofissionaisdediversasespecialidades,quedesenvolveramsoluções urbanísticasdiferenciadas,representouumgrandeavançonosentidodaconstrução eaprimoramentodeumametodologiadeelaboraçãodeprojetosdasehab.
Asprincipaisdiretrizesadotadasnosprojetosforamconsolidadasnodocumento “NormaseEspecificaçõesparaaElaboraçãodeProjetosdeUrbanizaçãodeFavelas”,
16 NocasodoProjetoFavela-Bairro,acoletadelixoerarealizadaporpequenasviaturasquetinhama capacidadedeacessarquasetodasascasas,oquepermitiaresultadosmelhoresemrelaçãoàtotali-dadedascasas.EsseserviçonãopôdeserimplantadonacidadedeSãoPaulo,postoqueasempresas contratadasparaacoletadelixotinhamdificuldadesemflexibilizarseuscritériosdeatendimento.
elaboradopelasehabem1994,paraatenderàsexigênciasdoProgramaGuarapiranga. Tratava-sedeumextensomanualparaorientaraelaboraçãodeprojetosdesistema deabastecimentodeágua,esgotamentosanitário,drenagem,sistemaviário,canaliza-çãodecórregos,consolidaçãogeotécnica,alémdeespecificaçõesparalevantamentos planialtimétricoscadastraisemapeamentosgeológico-geotécnicoeorientaçõespara projetosdeconjuntosresidenciais. Omanualincorporouosresultadosdotrabalhoconjuntorealizadopelostécnicos dasehabadasabesp,quebuscouapadronizaçãodoscomponentesdasredesdeágua eesgoto,demodoagarantirascondiçõesdemanutençãoesegurançadosconces-sionáriosnaoperaçãodasredes,atravésdaflexibilizaçãodoscritériosestabelecidos inicialmentepelasabespsobrealarguradasviasparapassagemderedesdeesgoto. OQuadroabaixoaseguirapresentaumasíntesedoscritériosadotados,apartir dasquaisseconfigurouametodologiaparaaelaboraçãodeprojetosdeurbanização defavelas,queapartirde1995passouaserutilizadapelasehab.Desdeentão,a cadanovacontrataçãodeprojetosdeurbanização,ametodologiaéatualizadaem funçãodenovaslegislaçõesrelacionadasaostemasdousodosolo,proteçãoambiental, materiaisconstrutivos,procedimentosdeconcessionáriasdeserviços,entreoutros. Aestruturacentral,noentanto,permaneceamesma,confirmandoaconsistência daqueletrabalhoinicial.
critérios para a elaboração de projetos
sis tema de abas te ciment o de águ a· atendimento integral a todos os domicílios da favela, incluindo execução de ligações domiciliares, abrigos, cavaletes e instalação de hidrômetros para cada unidade habitacional;
· pontos de interligação, pressões dinâmicas e condições gerais de abastecimento a serem adotados eram os indicados pela sabesp;
· implantação das redes preferencialmente deveria ser realizada nas vias de circulação, para garantir o acesso dos técnicos da concessionária para manutenção dos serviços.
sis
tema de esgoto
· esgotamento de 100% das habitações da favela;
· caminhamento de redes, sempre que possível, efetuado pelo sistema viário, para garantir o acesso para a manutenção;
· interligação dos efluentes provenientes das favelas às redes existentes ou projetadas, indicando os pontos de interligação e condições gerais de esgotamento.
sis
tema de micr
o
drena
gem
· projetos completos da rede de drenagem de águas pluviais (galerias, escadas, dispositivos de absorção, etc.), de modo a garantir e perenizar as demais obras necessárias à consolidação da ocupação do núcleo e propiciar as condições hidráulicas para escoamento das águas pluviais;
· obtenção do máximo aproveitamento da capacidade hidráulica das vias e demais elementos constituintes, nos limites dos recursos disponíveis, com respeito a exigências normativas; · rebaixamento do lençol freático, quando necessário, através de drenos subterrâneos, em função dos
laudos geológicos e geotécnicos;
canalização de córre
gos
· intervenções em córregos com ocorrência de inundações localizadas, provocadas por insuficiência de calha ou presença de singularidades que reduziam a eficiência de escoamento de córrego;
· linearização do traçado, quando possível, para viabilizar ganho de espaço e/ou a necessidade de implantação de vias de circulação laterais ao córrego, consoantes com o sistema viário; · adoção de soluções que envolvessem o menor movimento de terra possível e implicassem menor
número de remoções;
· utilização preferencial de soluções em galeria aberta, recomendando a adoção de canalizações fechadas apenas quando absolutamente necessárias, ou quando esta alternativa fizesse parte de diretrizes de outro órgão municipal, com as devidas justificações técnicas e econômicas;
· consideração, no projeto, do dimensionamento da canalização, contemplando toda a bacia contribuinte, coincidente ou não com a área de projeto, inclusive o projeto de adequação de infraestrutura externo à favela, bem como todas as singularidades e interferências existentes ao longo do curso d’água;
· consolidação das margens mediante tratamento adequado, impedindo ocupação por moradias, devendo ser prevista transposição de veículos e/ou pedestres quando necessária.
sis
tema viário
· integração do núcleo da favela às áreas vizinhas e à malha viária urbana, garantindo o acesso a todas as unidades habitacionais através de, no mínimo, via de pedestres;
· consideração, no projeto, das vias de circulação de veículos, sua funcionalidade, condições de manutenção, implantação de infraestrutura e de sistema de drenagem das águas pluviais, para garantir a eficiência do sistema.
contenção de enc
os
tas
· consideração das condições locais das encostas e do seu entorno imediato;
· análise geológico/geotécnica do conjunto, bem como avaliar os demais projetos de intervenção na área;
· priorização de soluções como retaludamento, cobertura vegetal e drenagem superficial, que não exigem estruturas de contenção;
· redução do custo das obras e de intervenções que resultem em remoções de famílias; · adequação à implantação do sistema viário, drenagem e redes de infra-estrutura;
· priorização de soluções que não exijam grandes movimentos de terra ou utilização de equipamentos de porte.
paisa
gismo, áreas livre
s
e mobiliários urbanos
· implantação, quando possível, de equipamentos infantis, mobiliário urbano ou equipamentos esportivos · com características de durabilidade e facilidade de manutenção;
· aproveitamento ao máximo da topografia natural do terreno, com a implantação de equipamentos adequados ao relevo;
· implantação de sistema de drenagem superficial e consolidação das encostas com o plantio de espécies adequadas;
· utilização de elementos drenantes (gramados, saibro, pedrisco, etc) para o tratamento de pisos; · forração com vegetações de crescimento rápido e espécies resistentes, utilizando também árvores
frutíferas e de rápida recomposição;
· realização de correções de solo, quando necessárias, sem o uso de agentes agressivos ao meio ambiente.
colet
a de lix
o · facilitação do acesso ao interior da favela mediante a adoção de vielas com largura que permitam o tráfego de caminhões de coleta;
remane jament o, remoçõe s e al oj ament os pr ovisórios
· nos casos de remanejamento, deveria estar prevista a reconstrução de área equivalente à unidade habitacional no mesmo local, ou em outro local da própria favela, nos casos onde houve necessidade de demolição de parte ou de toda a edificação;
· nos casos de demolição total ou da maior parte da edificação, e onde não havia disponibilidade de área no local da favela e áreas contíguas, construíram-se novas moradias para o atendimento às famílias removidas, em novos conjuntos habitacionais ou na própria favela, conforme plano de reassentamento; · foi prevista a construção de alojamentos, garantindo as condições sanitárias durante o tempo de uso
para atender as necessidades do programa, visando à desocupação imediata da área para abrir frentes de obra, e permitindo posterior remanejamento ou relocação.
cons trução de unid ade s habit acionais
· implantação de novas unidades habitacionais na favela, desde que examinadas em conjunto com as diretrizes de consolidação geotécnica e drenagem de águas pluviais, em especial quando da possibilidade de ocupação de áreas de encosta;
· evitar a construção de patamares nas encostas de modo a reduzir ao mínimo a necessidade de terraplanagem;
· dimensionamento dos cômodos de forma a permitir o uso confortável pelos usuários, seguindo padrões ergométricos;
· garantia de boas condições de aeração e insolação dos imóveis de modo a adensar a ocupação residencial, liberando áreas para outros usos considerados necessários.
5.4 a terceira fase de elaboração de projetos – lotes iv a xiii
NasequênciadacontrataçãodosprojetosparaosLotesiieiii,aprefeituraassumiu, juntoaoBancoMundialeaoGovernodoEstado,ocompromissodeagilizaraim-plantaçãodasaçõessobsuaresponsabilidadenoâmbitodoprograma,oquealevoua organizaraterceirafasedeelaboraçãodeprojetos,denominadaLotesivaxiii.Nesse momento,então,definiu-seque,nassub-baciascommaiorpotencialdepoluiçãoe comprocessoserosivossignificativos,seriamincluídas,alémdaurbanizaçãodefavelas, açõesderecuperaçãodeáreaslocalizadasemloteamentosirregulares. Dessaforma,foraminstituídos“núcleos”deprojetos,constituídosporfavelasde menorportelocalizadasemloteamentosirregulares,definidosnoterritórioapartir daáreadamicrobaciadedrenagem.Assim,seporumladoacontrataçãodosprojetos nãotenhasidofeitadaformamaisadequada,poroutro,aescolhadasáreasapartir damicrobaciadedrenagemrepresentavaumavançosignificativoparaaafirmação doterritóriocomopontodepartidadedefiniçõesurbanísticas. Paraocumprimentodosprazosacordados,agerenciadoracontratadaparaapoiar asaçõesdoprogramanaprefeitura,jns-Hagaplan,ficouresponsávelpelaelaboração doconjuntodeprojetosbásicos,atribuindo-searesponsabilidadepelodesenvolvi-mentodoprojetoexecutivoàconstrutoracontratadaparaaimplantaçãodasobras.