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b-learning: estratégias de aprendizagem no ensino do português língua estrangeira

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Academic year: 2021

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Trabalho de Projeto apresentado para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Gestão de Sistemas de e-Learning realizado sob a orientação científica da professora Doutora Maria Irene Simões Tomé

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Dedico este trabalho à memória do meu pai “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”

(Maria Julia Paes de Silva)

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AGRADECIMENTOS

À Prof. Doutora Irene Tomé, minha orientadora, agradeço todo o apoio prestado, toda a prestável informação disponibilizada e acompanhamento nesta jornada entre dois continentes.

À Vera Coelho, minha mulher, agradeço toda a disponibilidade, compreensão, motivação e tempo dado para que me pudesse dedicar a esta investigação. Pelo apoio incondicional, a ela devo este trabalho.

Ao Rodrigo e ao Santiago, meus filhos, que de certa forma também me acompanharam neste percurso e que apesar da sua tenra idade já fazem de mim um pai orgulhoso.

Ao Dr. Rui de Azevedo, Coordenador do Ensino Português na África do Sul que de certa forma me aconselhou e me apoiou com informações pertinentes e dados estatísticos e documentais dos cursos.

Aos meus amigos e colegas de profissão que se interessaram por este estudo e que sempre foram revelando interesse na conclusão e resultados desta investigação.

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RESUMO

B-LEARNING: ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM NO ENSINO DO

PORTUGUÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA

Miguel Ângelo Serrano Coelho

Esta investigação descreve o desenvolvimento de um trabalho de projeto realizado com base num instituto de línguas na África do Sul. O estudo teve como objetivo compreender de que modo a implementação de um curso de Português Língua Estrangeira, em modalidade de b-learning pode ajudar a combater o absentismo de alguns alunos e a melhorar os níveis de participação e interesse, possibilitando que transitem para níveis de proficiência linguística mais avançados.

Em termos metodológicos, a investigação assenta numa metodologia mista e as estratégias utilizadas foram o inquérito por questionário e a análise documental de instrumentos de avaliação das instituições ligadas à implementação dos cursos. Face à pesquisa realizada e aos dados recolhidos concluímos que a maioria dos inquiridos neste estudo estão familiarizados com os novos paradigmas educacionais e com as novas ferramentas digitais, demonstrando-se disponíveis na escolha futura de outras modalidades de ensino. Acreditamos que os resultados obtidos poderão trazer mudanças significativas no ensino do Português Língua Estrangeira na África do Sul. Deste modo é fundamental procurar respostas e acompanhar o universo digital dando resposta às exigências dos públicos que nos procuram para adquirir novas competências linguísticas.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino a Distância online, b-Learning, Estratégias de aprendizagem, Ensino do Português Língua Estrangeira

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ABSTRACT

B-LEARNING: LEARNING STRATEGIES OF TEACHING PORTUGUESE AS A

FOREIGN LANGUAGE

Miguel Ângelo Serrano Coelho

The following research describes the development of a work project, based on a language institute within a South African context. The study aims to understand the implementation of a Portuguese language course within a b-learning environment and how this learning can improve on the non-attendance of students and how to increase levels of participation and interest. Whereby, allowing students to achieve higher language proficiency levels. In the current investigation, a mixed method approach was applied through the use of questionnaires, language course enquiries and statistical data, which would assess whether a b-learning environment would benefit within a South African learning context. Of the sample, majority of the respondents who filled in the questionnaire and language course enquiries indicated that most were familiar with the new educational paradigms and preference towards these types of virtual environments.

The finding of this study demonstrates sufficient validity that teaching in a b-learning environment can result in having a significant positive outcome in teaching Portuguese as a foreign language in South Africa. Therefore, it is important to continuously look for answers to improve on various teaching methods and to follow the digital interest. KEYWORDS: Distance Education Online, b-Learning, Learning Strategies, Portuguese as a Foreign Language

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LISTA DE ABREVIATURAS

CIPLE – Certificado Inicial de Português Língua Estrangeira CLCP - Cursos de Língua e Cultura Portuguesas DAPLE - Diploma Avançado de Português Língua Estrangeira DEPLE – Diploma Elementar de Português Língua Estrangeira DIPLE – Diploma Intermédio de Português Língua Estrangeira DUPLE - Diploma Universitário de Português Língua Estrangeira EPE - Ensino Português no Estrangeiro EaD - Ensino a Distância LE - Língua Estrangeira LM – Língua Materna PLE - Português Língua Estrangeira QECR – Quadro Europeu Comum de Referência Para as Línguas QUAREPE - Quadro de Referência para o Ensino de Português no Estrangeiro SIC - Sistemas de Informação e Comunicação TIC - Tecnologias de Informação e Comunicação

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ÍNDICE

Introdução... 11 1. Apresentação... 11 2. Pertinência do Estudo... 13 3. Formulação do Problema... 15 4. Objetivos do Estudo... 17 5. Questões de Investigação... 17 Capítulo I: Fundamentação Teórica. ... 19 1. O Ensino Português no Estrangeiro... 19 1.1 As TIC no Ensino de Português no Estrangeiro... 21 2. O Ensino a Distância... 25 2.1 O Ensino a distância online... 27 2.2 Conceito de e-learning... 28 2.3 Conceito de b-learning... 33 2.4 O ensino de línguas a distância... 36 2.5 O b-learning no Ensino de Línguas Estrangeiras... 38 Capítulo II: Metodologias... 41 1. Metodologia e descrição do estudo... 41 2. Caracterização da população e seleção da amostra... 42 3. Instrumentos de recolha de dados... 44 3.1 Questionário... 44 3.2 Análise documental... 46 Capítulo III – Apresentação e discussão dos resultados... 48 1. Tratamento e análise de dados... 48 1.1 Questionário... 48 1.1.1 Caracterização... 48

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1.1.2 Acessibilidade tecnológica... 51 1.1.3 Importância de um curso na modalidade de Ensino a Distância.. 53 1.1.4 Importância das ferramentas a utilizar num curso de Ensino a Distância... 57 1.2 Análise documental... 58 1.2.1 Painel de indicadores do Camões I.P (2012 - 2015)... 58 1.2.2 Descrição de resultados dos CLCP... 59 1.2.3 Inquéritos de satisfação... 60 1.2.4 Número de alunos inscritos e número de alunos que concluíram os cursos... 61 2. Discussão dos resultados... 61 Conclusão... 64 Bibliografia... 66 Anexos... 71

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Algumas acepções do “E” de e-Learning... 31 Figura 2 - Representação da definição de Blended Learning... 34

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – As línguas mais faladas no mundo... 20 Gráfico 2 – Género dos alunos... 48 Gráfico 3 – Faixa etária dos alunos... 49 Gráfico 4 – Língua mais utilizada pelos alunos... 50 Gráfico 5 – Formação académica dos alunos... 51 Gráfico 6 – Competências tecnológicas... 51 Gráfico 7 – Locais de acesso à Internet... 51 Gráfico 8 – Periodicidade de acessos à Internet... 52 Gráfico 9 – Número de horas de acesso à Internet por semana... 52 Gráfico 10 – Dispositivos de acesso... 53 Gráfico 11 – Já participou num curso a distância? ... 53 Gráfico 12 – Se não, gostaria de participar? ... 53 Gráfico 13 – Como considera o EaD na atualidade? ... 54 Gráfico 14 – Qual o papel do EaD no processo de educação contínua?... 54 Gráfico 15 – Vantagem de não ter que se deslocar à escola / instituto... 54 Gráfico 16 – Flexibilidade na realização das tarefas a partir de qualquer lado... 55 Gráfico 17 – Influência do trabalho na participação dos cursos presenciais... 55 Gráfico 18 – Influência da família na participação dos cursos presenciais... 56 Gráfico 19 – Escolha entre um curso de b-learning e presencial... 56 Gráfico 20 – Facilidade na gestão de tempo num curso em b-learning... 56 Gráfico 21 – A componente online ajuda a complementar as aulas presenciais.. 56 Gráfico 22 – Vantagem da Interação online num curso de EaD... 57 Gráfico 23 – Ferramentas mais influentes num curso em modalidade de EaD.... 57

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 What The “E” Is About... 30 Quadro 2 – Dimensões do questionário... 46 Quadro 3 – Nacionalidades dos alunos dos CLCP... 50 Quadro 4 – Painel de Indicadores Camões I.C. ... 59

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Numero de alunos inscritos e números de alunos que concluíram os cursos... 61

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Introdução

1. Apresentação

A proliferação das Tecnologias da Informação e Comunicação, (TIC) e a adaptação tecnológica às necessidades do quotidiano refletem-se praticamente em todas as sociedades da atualidade.

A Era tecnológica que nos tem conquistado e se tem incorporado um pouco por toda a parte trouxe enormes vantagens para os mais diversos sectores da sociedade e passou a ser vista por formuladores de políticas educacionais como uma nova prática e um novo método de acesso ao conhecimento.

Estas novas políticas educacionais acolheram as TIC e consideram-nas essenciais para a aquisição de novas competências pessoais, profissionais e educacionais. Num mundo cada vez mais competitivo, são sem dúvida instrumentos poderosos, que nos presenteiam com um apoio pedagógico de valor incalculável.

Resta-nos saber adequá-las e integrá-las na aprendizagem ao longo da vida de modo a praticar uma pedagogia ativa e centrada no aluno. O grande desafio passa por fazer com que as TIC contribuam para a melhoria do processo educacional, incutindo nos agentes educativos uma consciência crítica que promova a autonomia e a criatividade. Não basta observar um vídeo num tablet, ou analisar um gráfico num quadro interativo, é fundamental criar práticas contextualizadas e ensinar e aprender de um modo construtivo, não se limitando a debitar conteúdos.

No que diz respeito a esta investigação, o tema surge da necessidade de encontrar uma resposta para o futuro do ensino e aprendizagem de uma língua estrangeira (LE), neste caso o Ensino do Português. Procuramos encontrar novas estratégias de adaptação tecnológica para uma das mais importantes línguas no mundo, recorrendo a uma modalidade de ensino a distância (EaD), o b-learning (blendend learning).

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Durante muitos anos a aprendizagem de uma língua estrangeira foi muitas vezes limitada a um espaço físico, no qual o contacto com falantes ou nativos da língua em estudo era fundamental. Deparávamo-nos essencialmente com um estilo de aprendizagem quase sempre presencial e pouco estimulante.

O objetivo a que nos propomos desenvolver nesta investigação é o de tentar compreender se um curso de Português Língua Estrangeira (PLE) em modalidade b-learning poderá ser benéfico na aquisição de novas competências linguísticas e se esta modalidade de EaD, acompanhando a evolução tecnológica é passível de ser aplicada.

Sendo este um trabalho que abrange algumas áreas delicadas e que facilmente nos podem transportar para campos de investigação muito distintos do que aqui pretendemos analisar, optámos por estruturar o trabalho do seguinte modo:

O primeiro capítulo – Fundamentação Teórica, está dividido em duas partes. Na primeira parte é realizado um enquadramento sobre o Ensino Português no Estrangeiro (EPE), a sua génese e alguns dados importantes sobre como, onde e quem aprende português. São ainda abordadas as confluências das TIC neste tipo de ensino e de que modo podem estas novas ferramentas tecnológicas ajudar na aprendizagem do Português Língua Estrangeira (PLE). São também apontadas transformações a que o EPE está sujeito perante a inclusão de ferramentas digitais.

Na segunda parte é feito um levantamento mais teórico com base em alguns autores que se destacam na área das modalidades de EaD. São abordados temas como o EaD, EaD online, os conceitos de e-learning e b-learning, o Ensino de línguas a distância e o conceito de b-learning aplicado ao Ensino de Línguas Estrangeiras.

O segundo capítulo - Metodologias, descreve toda a metodologia e descrição do estudo, bem como a caracterização da população e seleção da amostra, as técnicas e instrumentos de recolha, tratamento e análise dos dados. É feita a descrição do estudo e a caracterização do grupo de alunos, nomeadamente a sua identificação e caracterização socioeconómica.

O terceiro capítulo – Apresentação e Discussão dos Resultados, revela os dados obtidos e é feita a sua avaliação. Procura-se dar resposta às questões de investigação e avaliar se o b-learning proporciona maior envolvimento e participação

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na aprendizagem do PLE. Neste capítulo são ainda representados os valores em gráficos e tabelas de forma a melhor visualizar os resultados obtidos.

Na última parte da investigação - Conclusão, são explicadas as principais deduções do estudo, as suas limitações, e são mencionadas algumas sugestões de investigação. Compreende também as fontes bibliográficas e os anexos.

2. Pertinência do estudo

O XIX Governo Constitucional elegeu o ensino do português como âncora da política da diáspora (Decreto-Lei n.º 234/2012 de 30 de outubro) e desde a sua criação que tem sido uma das prioridades de todas as entidades governamentais. De acordo com o mesmo instrumento legislativo “o ensino português no estrangeiro (EPE) é uma âncora nas políticas da diáspora” e a transmissão e difusão da língua portuguesa continuam a ser pilares essenciais para a economia e interesses de toda uma comunidade que já ultrapassa os 200 milhões1 de falantes espalhados pelo mundo.

Neste âmbito, e de acordo com o mesmo decreto-Lei,

“mantém-se o pressuposto de promover a racionalização da rede do ensino português no estrangeiro, procurando adequar o seu regime à estratégia global para a língua portuguesa, visando o reconhecimento da importância cultural, geoestratégica e económica da nossa língua no mundo, tendo como princípios orientadores a sua aprendizagem como língua materna ou como língua estrangeira e o desenvolvimento do estudo da cultura portuguesa”.

É com vista ao adequamento estratégico e fazendo face às rápidas e sucessivas transformações tecnológicas com que a sociedade se depara que surge o interesse em investigar de que modo a aprendizagem de uma língua estrangeira se pode tornar eficaz do ponto de vista tecnológico. Para Papert (1997), o modo de se adquirir fluência em tecnologia é semelhante ao modo de adquirir fluência numa língua. Porque não ser fluente numa língua através da tecnologia?

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A educação e todo o processo educativo lidam atualmente com íngremes mudanças, nas quais o progresso tecnológico e, consequentemente o ensino a distância têm um papel fundamental. A aposta cada vez maior na publicação e disponibilização de conteúdos online e o acesso à Web 2.0 fizeram com que os métodos de ensino-aprendizagem fossem repensados, encaminhando a comunidade educativa para novas estratégias de ensino-aprendizagem, na qual a complementaridade com as tecnologias de informação e comunicação permitem que cada vez mais se aprenda de um modo mais dinâmico e interativo.

Uma nova geração insurge, uma geração que domina ambientes online e que se encontra subordinada à tecnologia. Atualmente são aqueles que Marc Prensky designou em 2001 de nativos digitais2, aqueles que de um modo natural dominam a tecnologia. Os estudantes da atualidade “are all native speakers of the digital language of computers, video games and the Internet” (Prensky 2001 pp. 1). Os seus métodos de aprendizagem são diferentes do tradicional e não é a aprendizagem de uma língua estrangeira que os vais impedir de mudar os seus métodos e estratégias de aprendizagem. “We need to invent Digital Native methodologies for all subjects, at all levels, using our students to guide us. The process has already begun – I know college professors inventing games for teaching subjects ranging from math to engineering to the Spanish Inquisition. We need to find ways of publicizing and spreading their successes” (Prensky 2001 pp. 6).

Os “native speakers” que Prensky refere, traduzem o que se passa na atualidade. Necessitam de uma aplicação no telemóvel, de um tablet, ou de um programa de vídeo conferência, verificam se existem podcasts das aulas. Não lhes é suficiente frequentar as aulas e limitarem-se a um método expositivo, aspiram por mais informação e por outro tipo de complemento a este modelo de ensino. O ensino presencial está a evoluir e a complementar-se com a evolução tecnológica. Continuamos a assistir a processos educativos centrados no professor, mas como mediador do processo educativo, o qual se pretende que disponibilize instrumentos e

2 Conceito desenvolvido pelo Norte Americano Marc Prensky em 2001 no artigo - “Digital Natives, Digital Immigrants”. Este investigador tornou-se célebre na esfera educacional após escrever este artigo, no qual designa os jovens que nasceram após a década de oitenta de Nativos Digitais. Para Prensky os nativos digitais “... have spent their entire lives surrounded by and using computers, videogames, digital music players, video cams, cell phones, and all the other toys and tools of the digital.” (Prensky ,2001)

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informação associados à atividade pedagógica para que, individualmente ou de um modo colaborativo o educando possa adquirir novas competências.

É assim com todos os tipos de conhecimento, e a aprendizagem de uma língua face a uma Era tecnológica revela-se cada vez mais exigente, sendo necessárias ferramentas tecnológicas e digitais que acompanhem os envolvidos no processo de aprendizagem. É essencial usufruir dos recursos tecnológicos disponíveis e saber utilizar ferramentas desenvolvidas para o efeito.

3. Formulação do Problema

A rede do EPE tem sido nos últimos anos ajustada a realidades de uma sociedade global cada vez mais rigorosa e exigente. Para Lisbôa, Jesus, Varela, Teixeira, & Coutinho (2009 pp. 44)

“a evolução tecnológica e o advento da Internet propiciaram o surgimento de uma sociedade digital marcada por mudanças acentuadas na economia e no mercado de trabalho, impulsionando o nascimento de novos paradigmas e modelos educacionais, permitindo assim, um olhar diferenciado para o espaço educativo, onde é essencial uma formação permanente, através de uma aprendizagem contínua”. Se partirmos do programa inicial proposto pelo governo, aquando da criação da rede do EPE, e sabendo que o seu objetivo é o de assegurar aos filhos dos cidadãos portugueses residentes no estrangeiro o ensino da língua portuguesa e o acesso à cultura portuguesa, hoje reconsideramos este fim, pois o português tornou-se numa língua de expansão, que abrange públicos de inúmeras nacionalidades e com interesses empreendedores em mercados e economias de diversos países em vários continentes.

Atualmente são alunos visionários, gestores e empreendedores que apostam na aprendizagem de uma nova língua, e que procuram em Escolas, Universidades ou Institutos, Cursos de Língua e Cultura Portuguesas (CLCP). Porém deparam-se com algumas dificuldades ao nível de tempo, ininterrupção ou progresso para níveis de fluência mais rigorosos. Se cada vez são mais os interessados em adquirir novas

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competências linguísticas e participar em CLCP, por outro lado, e devido a situações pessoais ou profissionais, também são muitos os que revelam dificuldades em conseguir acompanhar as aulas presencialmente, muitas vezes resultando em desmotivação pessoal e insucesso na sua conclusão e êxito na aprendizagem da língua. De que modo poderemos então combater estas dificuldades e permitir que o número de alunos a completarem os cursos e a aprender português seja superior? Daqui resultam algumas questões que nos fazem refletir acerca desta temática:

Ÿ Poderão então modalidades de ensino a distância como o e-learning e o b- learning ser uma solução para este problema?

Ÿ Será o ensino a distância online uma solução para combater o absentismo e permitir que alunos dos CLCP mantenham o empenho e participação nas aulas concluindo os cursos e adquirindo novas competências na aprendizagem da língua?

Ÿ Poderá o b-learning, enquanto modelo pedagógico de ensino a distância, contribuir para colmatar o absentismo e o insucesso nos CLCP?

Ÿ Poderão as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) auxiliar alunos e formandos na aprendizagem de uma língua?

Ÿ Serão os Sistemas de informação e Comunicação3 (SIC) instrumentos potencializadores na aprendizagem de uma língua?

Face a estes problemas, é evidente que terão que existir estratégias que permitam combater este insucesso. Como tal, é fundamental que as estruturas de ensino estejam disponíveis para adaptar conteúdos e programas para quem ministra ou frequenta as aulas, e permitir que os níveis motivacionais e de interesse se mantenham durante o contacto com uma nova língua.

É essencial repensar na forma em como se estruturam programas, manuais e atividades. As planificações ganham outras formas e os objetivos e competências a atingir terão que ser adaptados às novas realidades com que nos deparamos.

3 SIC – Sistemas Interativos de Comunicação - expressão “utilizada para referenciar uma identidade que, partindo de um conceito digital, engloba uma realidade mais vasta e complexa” (Correia e Tomé, 2007, p. 54)

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4. Objetivos do Estudo

O Universo digital, atualmente enraizado, permite que o fenómeno educativo se torne mais acessível e mais próximo de quem quer aprender. A rapidez com que se pretendem adquirir novos conhecimentos não pode atualmente cingir um aluno ou formando a uma simples sala de aula ou espaço físico, até porque “procurar um conceito, uma fórmula química, um dado histórico, um autor, uma corrente artística, etc., é uma tarefa de aprendizagem informal” (Correia, Tomé 2007, pp. 87) que remete o indivíduo que pretende adquirir novos saberes para um processo de aprendizagem individual.

Deste modo, os ambientes virtuais de aprendizagem são hoje espaços colaborativos, de partilha e de aprendizagem, são sítios de informação que promovem todo o processo educativo.

É a partir destes juízos que se pretendem definir os objetivos desta investigação, como tal, pretende-se compreender se perante a Sociedade da Informação e do Conhecimento em que vivemos e se através dos Sistemas de Informação e Comunicação (SIC) se podem adquirir novas competências, nomeadamente a aquisição de competências linguísticas.

5. Questões de Investigação

O universo físico em que vivemos levanta cada vez mais questões relacionadas com o tempo e com o espaço. Somos parte de uma sociedade digital letrada tecnologicamente onde novos termos como BYOC4 (Bring your own cloud), BYOD (Bring

your own device) ou BYOA (Bring your own app), cada vez mais parecem perdurar. Num universo cada vez mais global, não podemos demarcar um indivíduo a um só lugar, quer seja para exercer funções profissionais ou para adquirir novas competências de aprendizagem.

4 Termos referidos no artigo Capabilidades para a Transformação Digital - Desafios com futuro em

http://elearningclub.blogspot.co.za/2015/11/capabilidades-para-transformacao.html?view=classic

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No campo dos CLCP, as dificuldades sentidas pelos alunos que frequentam os cursos têm aumentado devido às necessidades agravadas pela dispersão e pela área geográfica estratégica da África do Sul. O facto de grande parte dos alunos também terem que se deslocar com alguma frequência não permite que possam acompanhar as aulas, inviabilizando níveis de assiduidade passíveis de sucesso. São estas algumas das questões que surgem por parte de quem pretende adquirir competências ao nível de uma língua estrangeira, neste caso o português.

Atendendo a esta ordem de ideias, importa perceber se o b-learning poderá ser uma modalidade de ensino que possibilite complementar o trabalho realizado em espaço de sala de aula. Permitindo que alunos que nem sempre se possam deslocar, por motivos pessoais ou profissionais, possam assim acompanhar os programas de ensino previamente elaborados para o seu nível de proficiência. A existência de um espaço online, adequado a programas de ensino do PLE, no qual possam ser disponibilizados recursos digitais poderá admitir uma diversificação nos modelos de ensino e na motivação pessoal dos alunos, contribuindo para um processo de ensino-aprendizagem adaptado a novas realidades e a um público cada vez mais moderno e exigente.

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Capítulo I – Fundamentação Teórica

“As línguas são os vetores das nossas experiências, dos nossos contextos intelectuais e culturais, dos nossos modos de relacionamento com os grupos humanos, com os nossos sistemas de valores, com os nossos códigos sociais e sentimentos de pertencimento, tanto no plano coletivo como individual” (UNESCO, 2009, p. 12). 1. O Ensino Português no Estrangeiro Difundido pelo globo terrestre desde a década de sessenta, o Ensino Português no Estrangeiro (EPE) tem sido essencial para toda uma comunidade lusófona espalhada pelos quatro cantos do mundo. De acordo com Decreto-Lei n.º 234/2012 de 30 de outubro5, o XIX Governo Constitucional, “elegeu o ensino do português como âncora da política da diáspora (...) procurando adequar o seu regime à estratégia global para a língua portuguesa, visando o reconhecimento da importância cultural, geoestratégica e económica da nossa língua no mundo, tendo como princípios orientadores a sua aprendizagem como língua materna ou como língua estrangeira e o desenvolvimento do estudo da cultura portuguesa”. (pp. 6237).

Encurtar as distâncias entre todos os que são seduzidos pela língua portuguesa e que de algum modo se identifiquem com a língua de Camões e com a cultura portuguesa, tem sido um dos objetivos traçado pelo Estado Português.

De acordo com o mesmo Decreto Lei, “o XIX Governo Constitucional elegeu o ensino do português como âncora da política da diáspora, cabendo fundamentalmente ao Camões I. P., concretizar os objetivos do Governo neste domínio. Incumbe, em particular, ao Estado assegurar aos filhos dos cidadãos portugueses que se encontrem ou residam no estrangeiro o ensino da língua portuguesa e o acesso à cultura portuguesa, em plena articulação com entidades locais de caráter oficial ou privado”.

5 Diário da República, 1.ª série — N.º 210 — 30 de outubro de 2012 pp. 6237

http://www.instituto-camoes.pt/legislacao/legislacao-lingua/dl234-2012

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Presentemente, o EPE não se dedica unicamente a alunos lusodescendentes. A procura pela aprendizagem desta língua evoluiu num sentido global e são indivíduos de várias nacionalidades e de diferentes origens aqueles que procuram aprender ou melhorar as suas competências linguísticas6. Há um outro público que procura

oportunidades um pouco por todo o mundo, sobretudo em África, onde países como Angola e Moçambique, crescem a níveis económicos acima da média mundial. São estes países e estas economias que cativam interesse, e que cada vez mais podem fornecer novas oportunidades.

De acordo com o Relatório Mundial da Unesco, as línguas não são somente um meio de comunicação, representam a própria estrutura das expressões culturais e são portadoras de identidade, valores e concepções de mundo (UNESCO 2009, pp. 12), como tal, o EPE não poderá perder terreno ou presença mas continuar a ser uma língua de eleição e muito procurada como língua de comunicação a nível social e empresarial.

Devido ao rápido crescimento económico de alguns países com língua oficial portuguesa e o facto de ser uma língua que já ultrapassa os 200 milhões7 de falantes

espalhados pelo mundo, o seu domínio e aprendizagem continuam a ser requisitos fundamentais. Gráfico 1 – As línguas mais faladas no mundo Fonte: Observatório da Língua Portuguesa 6 Ver anexo 1 – Quadro Europeu Comum de Referência para as línguas (QECR), no qual são descritos os níveis de proficiência que permitem medir os progressos dos aprendentes em todas as etapas da aprendizagem. 7 In http://www.ethnologue.com/statistics/size

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De acordo com o Quadro de Referência para o Ensino de Português no Estrangeiro (QUAREPE)8: O EPE é, pois, uma realidade polissémica, que atualmente envolve um conjunto de situações diferenciadas: a) ensino da língua e cultura portuguesa aos luso-descendentes; b) ensino da língua e cultura portuguesa em cursos integrados nos sistemas educativos dos países de acolhimento; c) ensino da língua e cultura portuguesa a falantes de outras línguas;

d) apoio curricular em casos de mobilidade de cidadãos portugueses para outros países da União Europeia; e) experiências de ensino bilingue; f) ensino da língua portuguesa nos países da África sub-sahariana; g) perspectiva de ensino da língua portuguesa em alguns dos países do Mercosul. Neste sentido, o QUAREPE já contempla a diversificação na aprendizagem do português em várias frentes, o que significa que já se encontra prevista a sua aprendizagem a um vasto leque de interessados. Para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), “a língua portuguesa é multinacional, partilhada por cidadãos de diferentes países e está presente, de modo vivo e dinâmico, em comunidades de todo o mundo, nas quais possui diferentes estatutos” (CPLP, 2014 pp.3). 1.1 As TIC no Ensino de Português no Estrangeiro “Estamos alienados pela tecnologia”, (Castells 2005 pp. 20) somos habitantes de um planeta tecnológico no qual impera o universo digital e que cada vez mais se revela como indispensável numa sociedade exigente e em permanente evolução.

As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) têm arrastado consigo diferentes áreas do saber e com elas escolas, serviços e instituições se têm

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desenvolvido. Nada nem ninguém pretende abrandar o ritmo e cair numa desalfabetização tecnológica.

Exemplo de inovação e de massificação tecnológica da sociedade atual é o projeto iTEC (Innovative Technologies for Engaging Classrooms), coordenado pela EUN (European Schoolnet) e financiado pela Comissão Europeia, para o desenvolvimento de Cenários de Sala de Aula do Futuro. Neste projeto, no qual participaram catorze Ministérios da Educação de diferentes países europeus e cerca de 2500 salas de aula, remetem-nos para contextos inovadores que conduzem os processos educativos para novos métodos de ensino-aprendizagem. De acordo com o ITEC da Direção Geral da Educação9 este projeto tem como objetivo “incrementar o uso das tecnologias digitais para inovar pedagogicamente. Segundo este projeto, a alteração das práticas pedagógicas deve assentar em 4 princípios fundamentais: 1) articular tecnologias digitais e pedagogia para tornar a escola do futuro mais aliciante. 2) Deslocar parte da ação pedagógica do professor para o aluno. 3) Promover hábitos de aprendizagem que se prolonguem ao longo da vida. 4) Desenvolver processos de ensino e aprendizagem que saiam da tradicional sala de aulas”.

A relevância das TIC é incontestável e o modo em como as entidades competentes de diferentes países e culturas a adotam, utilizam e dela usufruem, fazem-nos refletir acerca da sua importância em todas as manobras educativas.

É visível que com as TIC, todos os vetores educacionais beneficiam e não se pode negar que a inclusão destes novos métodos têm proporcionado novas práticas educativas em vários áreas do saber. O uso da Internet tem permitido práticas educacionais apelativas e muito práticas para todos os agentes educativos.

O EPE deverá também, num futuro próximo, seguir o curso normal da evolução e adapatar-se à mobilidade do mundo global. É disso exemplo o Centro Virtual Camões (CvC – Centro Virtual Camões) que já inclui cursos a distância, do qual fazem parte alunos de diversas partes do globo terrestre e ao qual podem aceder e aprender português através do ensino a distância:

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através do programa de formação a distância do Centro Virtual Camões, o Camões, IP dá resposta à concretização dos seus objetivos de ampliação da oferta da aprendizagem, a distância, da Língua e da Cultura Portuguesa, nomeadamente através de cursos de português para estrangeiros e de conteúdos destinados a aprendentes avançados da língua portuguesa, chegando a públicos fora do âmbito da sua rede local.

Com o objetivo de chegar mais além e de alcançar públicos que não se encontram dentro da sua rede, o Camões, I.P. pretende fazer chegar a qualquer parte do mundo um bem precioso – a língua portuguesa. E é através das TIC que o pretende fazer, reduzindo a distância física e aumentando consumos digitais, permitindo que se possam adquirir competências linguísticas a partir de qualquer parte. As TIC estão hoje associadas ao ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras e “pode-se vislumbrar uma crescente intensificação dessas novas tecnologias, ao ponto de não se conceber, em um futuro próximo, ambientes de aprendizagem desinformatizados, ou seja, desvinculados do mundo virtual, possibilitado pela Internet, por meio do computador” (Lopes, 2011 pp.5).

Para esta autora, a utilização da Internet no ensino e aprendizagem de uma LE tem despertado novas práticas para o aluno, permitindo maior interatividade entre a comunidade educativa. Intercomunicar, trocar informações, executar tarefas em grupo, receber feedback online e até mesmo estreitar laços de conhecimento e amizade poderão ser “instrumentos facilitadores do processo de ensino-aprendizagem”.

Uma questão essencial que daqui surge e que certamente é de extrema importância na aprendizagem de uma língua estrangeira, está relacionada com a interação e o contacto com os falantes. Como se aprende então uma língua estrangeira? Não será através da interação e da exposição à mesma?

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Para Gomes e Furtuoso (2011 pp. 1037):

Aprender uma língua estrangeira demanda, necessariamente, interação, seja entre pessoas, meios e instrumentos para que a co-construção de significados e, consequentemente, de conhecimento, sejam de facto materializadas. Nesse sentido, as novas tecnologias e serviços que fazem parte da chamada Web 2.0 (…) ganham espaço no ensino e na aprendizagem de línguas estrangeiras e abrem novas possibilidades ao nível da avaliação das aprendizagens quer em contextos de complementaridade do ensino presencial, quer em contextos de educação online.

Segundo estes autores o contacto com as línguas estrangeiras pode ser limitado para alguns aprendentes, uma vez que nem todos têm a oportunidade de viajar para os países da língua de origem que estudam. Contudo, “o surgimento de espaços de publicação online e serviços de comunicação por voz através da Internet, como o Skype (...) vieram também permitir a comunicação oral a baixo custo, abrindo novas oportunidades de comunicação com falantes de línguas estrangeiras” (Ibidem pp. 1037).

Estas novas ferramentas que a Web 2.0 disponibiliza coabitam no perfil da maioria dos alunos que frequentam os Cursos de Língua e Cultura Portuguesas (CLCP). Este público encontra-se perfeitamente ajustado às novas realidades tecnológicas e tem sempre presente uma estratégia intemporal que pretende adaptar aos seus métodos de estudo, ou seja, procura saber de que modo pode acompanhar as aulas caso não lhes seja possível estar presente fisicamente. Procura saber se existem podcasts disponíveis, aplicações para o tablet ou telemóvel ou até mesmo programas que lhes possibilitem estudar, praticar, ler, ver, ouvir e até mesmo jogar.

Todas estas novas formas de adquirir competências que se afastam de métodos mais tradicionais são alterações que surgem com o desenvolvimento tecnológico e que “têm sido responsáveis por profundas alterações em todos os níveis da sociedade exercendo uma grande pressão sobre os professores, que se acentuou com a massificação do acesso às tecnologias nas escolas do ensino básico e secundário. Esta pressão tem provocado alterações nos paradigmas de trabalho dos docentes forçando a formação contínua a acompanhar essas alterações”. (Roque, L. 2015 pp. 24).

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Apesar de ainda haver um longo caminho a percorrer na integração das TIC nos programas do EPE, tem-se vindo a verificar que esta integração é claramente considerada uma necessidade, cabendo também aos professores das redes do EPE uma maior abertura e adaptação, pois terão que estar preparados para as alterações nos seus métodos de ensino.

As ferramentas de comunicação por voz como o Skype, VoiceThread ou outras plataformas de videoconferência já são utilizadas por alguns alunos e professores e permitem que o contacto entre aprendentes seja mais atrativo e que ultrapasse as barreiras do espaço físico, motivando falantes para novos métodos de aprendizagem

2. O Ensino a Distância

A história do Ensino a Distância (EaD) não é recente e tem já um extenso percurso gravado na história da educação. Para Moore (2003) citado por Martins (2013), o EaD esteve sempre ligado ao ensino para adultos e deve-se em parte a três grandes propósitos, especificamente o desenvolvimento profissional, a igualdade de oportunidades para estudar e, por fim, a promoção de uma mudança social.

Para Moore e Kearsley (1996) citado por Rurato & Gouveia (2007 pp. 159), o EaD é um modo de ensinar e aprender individualmente, que existe há pelo menos mais de cem anos. Para estes autores “o Ensino a Distância baseia-se num conceito muito simples: aprendentes e facilitadores estão separados pela distância, e algumas vezes, também pelo tempo. Partindo desta premissa, pode-se afirmar que, a ideia base do EaD está vinculada a um meio de comunicação, pois, a primeira alternativa que permitiu às pessoas comunicarem-se, não estando face-a-face, foi a escrita” (ibidem pp. 164).

Deste modo, não basta recuarmos alguns anos para melhor entender o percurso desta modalidade de ensino. Se viajarmos algumas décadas para períodos de ausência tecnológica, confirmamos a existência de inúmeras situações de EaD mesmo sem recorrer às modernas redes digitais que hoje facilitam todo o processo. Segundo Aretio (2001) citado por Roque (2015 pp. 24) “a expressão educação a distância surge pela primeira vez em 1892 num catálogo da Universidade de Wisconsin referindo um curso

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por correspondência em que professores e alunos interagiam por carta”. Este e outros exemplos de correspondência deram início a um diferente modelo de aprendizagem, no qual “os educadores usavam a tecnologia impressa e os serviços postais, naquilo que é conhecido como ensino por correspondência” (Rurato & Gouveia 2007 pp. 159), possibilitando que pessoas de zonas geográficas diferentes pudessem receber em suas casas materiais e instruírem-se, sem que para isso tivessem que se deslocar.

Podemos assim afirmar que, desde o século XIX que o EaD se expande. O surgimento da rádio, da televisão e com ela a famosa telescola foram marcos importantes na evolução do EaD. Para Alves (2000) citado por Paiva (2004 pp. 9), em Portugal a telescola contribuiu para levar o ensino a alunos de áreas geográficas isoladas e foi durante muito tempo a única forma de fazer chegar a muitos alunos uma forma de ensino-aprendizagem.

A Universidade Aberta é também uma instituição de referência no ensino a distância em Portugal, e conta com um historial assinalável, uma vez que já forneceu um grande número de licenciados, um pouco por todo o mundo. Atualmente aposta nas tecnologias Web para chegar a qualquer parte do globo e permitir que se adquira conhecimento sem barreiras físicas. Através desta Instituição é possível um aluno licenciar-se, adquirir uma Pós-graduação ou Mestrado sem que para isso tenha que se deslocar a esta mesma Universidade.

O aumento de oferta e de procura no EaD é evidente e para Vallescar & Marcos (2014 pp. 37) “as novas ferramentas geram cursos mais abertos, flexíveis, atrativos, interativos e desafiadores, situando a universidade a distância às portas de uma “revolução educativa”. As estatísticas indicam que em 2020, as universidades a distância, em contraste com as tradicionais, conseguirão angariar um número superior de alunos levando universidades prestigiadas, como Oxford e Cambridge, a render-se à evidência”.

Esta e mais recentemente outras instituições, oferecem cursos e formações em várias modalidades de EaD, para tal, basta fazermos uma pesquisa e os resultados da oferta educativa nesta modalidade de ensino são surpreendentes. Atualmente, quase

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todas as instituições de ensino e formação permitem a frequência de cursos a distância, abrindo portas a alunos das mais variadas áreas disciplinares.

O EaD tem-se revelado nos últimos anos como uma alternativa ao ensino tradicional e criado inúmeras oportunidades de crescimento para empresas, escolas e universidades. Termos como e-learning, b-learning, Internet learning ou virtual learning, entre outros, fazem parte do vocabulário de grande parte das instituições de ensino que pretendem acompanhar as novas exigências do ensino e formação. Em Portugal, o EaD encontra-se devidamente certificado pela Direção-Geral da Educação, que “permitiu desenvolver uma matriz curricular com uma oferta educativa e formativa específica, acompanhada pela produção de recursos pedagógicos que resultam do contributo de um conjunto alargado de docentes, técnicos e parceiros” (Portaria n.º 85/2014 de 15 de abril D.R. n.º 74, Série I de 2014-04-15).

2.1 O Ensino a Distância online

“Antes do aparecimento e vulgarização das tecnologias de informação e comunicação, em especial o computador e a Internet” (Ruato & Gouveia 2004 pp. 159), o conceito de EaD afirmava-se cada vez mais como sendo uma alternativa ao ensino tradicional. Este modelo de ensino, que assentava na troca de correspondência de material impresso entre tutores e alunos, no áudio das cassetes e vídeos e até mesmo do CD-ROM, é hoje uma realidade ultrapassada. O EaD que agitou novas formas de aprendizagem no século XX assume hoje outras funções. O Ensino a Distância online é hoje associado a um modelo de ensino moderno e digital, que surge com o advento da Internet e com o mundo da tecnologia digital. Este modelo de ensino, devido às suas caraterísticas, integrou-se em escolas e instituições e está hoje adaptado a planificações de aulas cursos e formações. A informação e os conteúdos trocados entre partes não é limitada a um espaço físico e a um horário rígido, mas apenas separada por uma conexão de dados na qual a informação viaja consoante a velocidade de ligação. São os Megabytes que delimitam as trocas de conteúdo e é destes bytes que dependemos para ouvir um podcast, assistir a uma videoaula ou abrir um simples documento. No presente bastam alguns

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segundos para que os mais diversos tipos de conteúdos e de informação possam ser acedidos.

Almeida (2003 pp. 330) diz-nos que:

“O advento das tecnologias de informação e comunicação (TIC) reavivou as práticas de EaD devido à flexibilidade do tempo, quebra de barreiras espaciais, emissão e recebimento instantâneo de materiais, o que permite realizar tanto as tradicionais formas mecanicistas de transmitir conteúdos, agora digitalizados e hipermediáticos, como explorar o potencial de interatividade das TIC e desenvolver atividades à distancia com base na interação e na produção de conhecimento.

É acerca do EaD digital, que evidentemente nos estamos a referir. É este novo método de ensino que hoje desempenha um papel incontornável na sociedade que nos conduz para novas formas e métodos de aprendizagem. Cabe então aos agentes educativos do presente repensar nos métodos pedagógicos e optarem por criar novos ambientes de aprendizagem, nos quais as TIC irão agir como mais um meio na aquisição de novas competências.

A Internet e a Web 2.0 modificaram o modo em como se aprende. Este advento da tecnologia que nos acompanha é preponderante e nenhum campo ou área social o parece querer descartar.

Os sistemas de ensino têm-se compatibilizado com as novas exigências da sociedade tecnológica e tudo indica que irão percorrer caminhos semelhantes na procura do conhecimento. Ensinar e aprender são hoje conceitos que surgem em consonância com o digital e parecem cada vez mais confluir no mesmo sentido: um EaD online, um ensino através da Internet e de uma rede global onde é possível aprender e adquirir novas competências.

2.2 Conceito de e-Learning

Numa sociedade em que as novas tecnologias da informação e comunicação ganham uma presença cada vez mais forte e na qual têm um papel cada vez mais influente, termos como o e-learning vão ganhando presença e ampliando uma lista de

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estrangeirismos10, que cada vez mais se identificam com todos aqueles que participam

nesta nova Era tecnológica.

O termo e-learning é atualmente um dos mais discutidos no domínio da utilização das tecnologias na educação / formação (Gomes 2005), por sua vez torna-se fundamental compreender o seu verdadeiro significado para que se possam definir limites quando nos referimos a esta modalidade de EaD.

O que é então e quando surgiu este conceito? Para Dean, Galyen & Moore (2011 pp. 129) “The origins of the term e-learning is not certain, although it is suggested that the term most likely originated during the 1980's, within the similar time frame of another delivery mode online learning”.

De acordo com estes autores o e-learning tem sido alvo de debate e de alguma discussão por parte de estudiosos de todas as áreas do ensino. Segundo Dean, Galyen & Mooore (ibidem), alguns autores definem explicitamente o conceito de e-learning, enquanto outros sugerem ou indicam o seu ponto de vista sobre o que é o e-learning nos seus artigos. Estas definições resultam em alguns conflitos, devido a diferentes visões, muitas vezes apenas pela simples comparação entre características que definem o termo com outras já existentes.

Como poderemos então explicar o que significa a palavra e-learning? “Quando um termo é tão difundido, como acontece actualmente com o e-learning, acabamos por deixar de reflectir no que ele realmente significa. Usamo-lo assumindo que a nossa interpretação é partilhada pelos outros e construímos verdadeiras conversas de surdos assentes em ideias completamente diferentes para o tema de base” (Magano e Carvalho 2008 pp. 80).

Num sentido mais prático, se anatomizarmos o vocábulo e extrairmos o “e”, deparamo-nos com a palavra inglesa “learning” que, de acordo com o Dicionário

10 A ortografia da língua portuguesa é determinada por regras específicas, enunciadas em acordos ortográficos.

Deste modo, no inventário do léxico não são esperadas palavras que terminem em -ing (meeting) ou -oir (noir). No entanto, muitas dessas palavras de outras línguas, os empréstimos, são utilizadas com regularidade em textos oficiais em língua portuguesa e registadas em obras lexicográficas do português.

http://www.portaldalinguaportuguesa.org/main.html?action=estrangeirismos

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Oxford, deriva do antigo inglês “leornung” e que significa “the activity of obtaining knowledge”. Se a palavra learning, que em português significa aprendizagem, é a atividade de obter conhecimento, o que significa então o “e”? Também resultante do inglês, o “e” representa eletronic, por sua vez, eletronic learning. “A expressão inglesa electronic learning, significa literalmente aprendizagem eletrónica, refletindo a ligação entre a tecnologia e a aprendizagem estando intrinsecamente associada à Internet e ao serviço WWW” (Roque 2015 pp. 32). Contudo importa referir que a aprendizagem não é “literalmente” eletrónica. O processo de aprendizagem é concretizado através de meios eletrónicos. (idem)

Para Peterson, Morastica e Callanham (1999) o seguinte quadro define o significado que o “e” de eletronic assume na palavra e-learning:

What the “e” is about

Exploration e-Learners use the Web as an exploratory tool to access a plethora of information and resources.

Experience The Web offers e-Learners a total learning experience, from synchronous learning to threaded discussions to self-paced study. Engagement The Web captivates learners by enabling creative approaches to

learning that foster collaboration and a sense of community.

Ease of use Not only is the Web easy to use for learners who are already familiar with the navigation capabilities of the medium, but to learning providers as well, as they can easily make content immediately available to learners across all technological platforms (windows, N4AC, Unix, etc.).

Empowerment The Web puts learners in the driver’s seat with a set of tools that enables personalization of content and allows learners to choose the way in which they best learn. Quadro 1 - What The “E” Is About - Peterson, Morastica e Callanhan (1999), (Retirado de Gomes, M. (2005) e-Learning: Reflexões em Torno do Conceito). Segundo estes autores o “eletronic” potencia o modo em como aprendemos e as TIC são as ferramentas mediadoras para este novo mundo de aprendizagem. Os alunos do presente exploram um novo campo digital que cada vez mais exubera de informação e recursos, experienciam novos métodos de ensino-aprendizagem com diferentes ritmos e em distintos espaços físicos. Estes alunos facilmente se conectam a um mundo digital e instintivamente utilizam as novas tecnologias da informação e

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comunicação. Têm presente um sentido de aprendizagem colaborativa e de comunidade. A facilidade de uso destas ferramentas permite que os seus utilizadores e todos aqueles que disponibilizam os conteúdos seja feito de um modo imediato e transversal. Uma ligação à Internet e o software adequado permite que qualquer utilizador tenha acesso a um curso numa modalidade de EaD e que deste modo consiga adquirir novas competências.

Outro termo interessante que estes autores lançam para definir o significado de “eletronic” e que se torna algo complexo de traduzir precisamente é

empowerment. Empréstimo associado a liderança, tomada de decisões, e neste caso,

associado ao e-learning e às TIC. No quadro “What the “e” is about”, o empowerment está relacionado com as potencialidades da Web, e que colocam o aluno “in the driver’s seat”, o que significa que o coloca numa posição de tomada de decisões e de liderança na escolha do seu caminho e do método de aprendizagem, permitindo assim que escolha a sua forma e métodos de estudo de um modo empreendedor.

Toda esta pluralidade do termo continua a causar algumas controvérsias em relação ao que realmente define o e-learning. O mundo económico e digital adotou termos em que o “e” é sinal de modernidade, visibilidade tecnológica e de uma representação centrada na Era Digital. São termos como commerce, business, marketing e mais recentemente no ensino termos como escola, book e claro e-learning, que se vão consolidando no conhecimento de cada um.

A seguinte figura representa algumas acepções que o “e” de e-learning pode representar.

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Mas como poderemos então escapar de definições “camufladas” e partir para uma definição segura sobre o que de facto representa o e-learning? A relevância do conceito tem vindo a aumentar em proporcionalidade com a importância que tem para a sociedade e para as entidades educacionais. Contudo, continua a ser alvo de muita investigação e tem mostrado algumas dúvidas e incertezas quanto ao seu verdadeiro significado, “encontrando-se em sobreposição com o conceito de educação a distância” Moore et. Al. (2011) citado por Fernandes (2015 pp. 162).

E porquê esta sobreposição de conceito? É normal para uma grande parte das pessoas que não aprofundam estes temas de aprendizagem, confundir EaD com e-learning, associando-o a tudo o que representa o EaD. Neste sentido, importa esclarecer o que nesta investigação se considera como e-learning e para tal apontamos algumas definições que parecem ser as que melhor definem este conceito.

Segundo a Comissão Europeia (2003 pp. 3) o e-learning é definido como “a utilização das novas tecnologias multimédia e da Internet para melhorar a qualidade da aprendizagem, facilitando o acesso a recursos e a serviços, bem como a intercâmbios e colaboração à distância.

Para o site Panorama e-learning Portugal11, o e-learning (termo em discussão na

sua comunidade prática) é definido como “forma flexível de aprendizagem a distância, estruturada por uma organização educativa, que utiliza tecnologias e pedagogias diversificadas, destinado a formandos/alunos geograficamente dispersos que se encontram a uma certa distância da organização educativa/formativa, e que usa mecanismos online para a comunicação educativa e interação pedagógica, emocional e social”.

Já Masie Elliott (1999) citado por Gomes (2005 pp. 235) destaca a definição de e-learning como aquela que melhor parece conciliar os aspectos tecnológicos com os aspectos educacionais definindo-o como: “ELearning is the use of network technology to design, deliver, select, administer, and extend LEARNING”.

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Citando ainda Gomes (2005), aproveitamos para defender e partilhar o seu conceito:

(...) o e-learning está intrinsecamente associado à Internet e ao serviço WWW, pelo potencial daí decorrente em termos de facilidade de acesso à informação independentemente do momento temporal e do espaço físico, pela facilidade de rápida publicação, distribuição e actualização de conteúdos, pela diversidade de ferramentas e serviços de comunicação e colaboração entre todos os intervenientes no processo de ensino-aprendizagem e pela possibilidade de desenvolvimento de “hipermédia colaborativos” de suporte à aprendizagem. Excluímos assim as definições que, com base no “e”, defendem que qualquer utilização de tecnologias para apoiar a aprendizagem é “e-learning”. (pp.232)

Gostaríamos assim de definir o e-learning como todo o processo de ensino em que os seus intervenientes, mantendo-se a distância, utilizam a Internet como meio de comunicação para aceder e partilhar conteúdos, permitindo assim a aquisição de novas competências.

2.3 Conceito de b-Learning

“The most important aim of a blended learning design is to find the most effective and efficient combination of learning modes for the individual learning subjects, contexts, and objectives. The focus is not to choose “the right” or “the best,” “the innovative” as opposed to “the traditional”; but to create a learning environment that works as a whole.” Neumeier (2005) citado por Marsh (2012 pp. 6) De acordo com Ramos, T. Sousa, R. & Alves, J. (2013 pp. 277), o b-learning é um termo em língua inglesa que, normalmente está relacionado à educação a distância. Contudo, deve ser entendido como ensino semipresencial ou ensino híbrido. O sentido de EaD está mais diretamente relacionado à aprendizagem virtual, online (e-learning).

A figura 2 revela claramente o significado do que se pretende definir enquanto modelo de b-learning. A fusão do ensino tradicional (verde) e do EaD (vermelho), que por sua vez originam o modelo de ensino b-learning (amarelo).

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Figura 2. Representação da definição de Blended Learning. (Ramos, T. Sousa, R. & Alves, J. 2013 pp. 277) Contudo nem sempre a definição deste conceito é assim tão linear. Muitas vezes o termo é associado apenas ao e-learning e ao EaD e ainda gera algumas complexidades. Para os mais entendidos na matéria, a definição do conceito passa essencialmente pela mesma linha de pensamento, sendo definido como um método de ensino misto ou combinado, ou seja que engloba o presencial e o EaD.

Para Silva et. al (2014 pp. 126) o blended-learning ou b-learning é designado como modelo que incorpora uma componente de formação online e uma componente presencial.

Meirinhos (2006) citado por Esteves (2012 pp. 8) considera esta modalidade de ensino a distância

como sendo a combinação e integração de diferentes tecnologias e metodologias de aprendizagem que vão de encontro às necessidades específicas de organizações e pessoas, que pretendem conseguir maior eficácia na consecução dos objetivos da formação. Entre estes diferentes métodos e tecnologias de aprendizagem incluem-se a autoformação assíncrona, sessões síncronas pela Internet, os métodos tradicionais de aprendizagem presencial e outros meios convencionais de suporte à formação.

Na definição deste termo surgem outros autores que apontam esta modalidade de ensino como sendo uma alternativa ao e-learning. Referem-na como sendo a solução para quem ainda receia uma modalidade de ensino inteiramente a distância, ou seja, um método misto de aprendizagem, no qual se podem adquirir competências entre um espaço físico e um espaço digital.

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admitem que a solução mais indicada será mesmo a complementaridade entre as duas vertentes do ensino (online e presencial). Ou seja, um processo integrado de aprendizagem que junte o melhor de ambas as vertentes, uma descrição que assenta bem ao b-learning”.

Uma definição que nos parece ser a mais harmonizada para delimitar este conceito é a de Fernandes (2015 pp. 284) que define o b-learning como “modelo de ensino e aprendizagem semi-presencial que integra teorias e práticas de educação online e de educação presencial ancoradas num redesenho multimodal, multilinear e flexível”.

Tudo indica que caminhamos nesta direção. O b-learning aparenta percorrer os meandros de vários níveis de ensino e de formação e cada vez mais se aparenta afirmar. Esta modalidade de ensino “constitui o resultado de uma «união» de abordagens pedagógicas e de recursos” (Silva et. al. 2014 pp. 127).

Moran (2007) citado por Silva et. al. (2014 pp. 126) diz-nos que

Os cursos presenciais se tornarão progressivamente semi-presenciais. Exigirão alguns momentos de encontro físico, mais frequentes no primeiro ano do curso, diminuindo essa frequência posteriormente. O restante tempo será dedicado a actividades de aprendizagem baseadas em leituras, compreensão de textos, tirar dúvidas e realizar processos de avaliação de compreensão de conteúdo. (…) O presencial se flexibiliza com o virtual e aumenta a utilização de ambientes de aprendizagem com actividades de discussão individuais e em grupo. Como este autor acima refere, os cursos ou disciplinas oferecidos em escolas e instituições chegam até aos alunos com outras dinâmicas e com outras opções e estão velozmente a transformar-se em cursos semipresenciais. Os programas de ensino e os conteúdos abordados permitem que modalidades de ensino como o b-learning se adaptem e que, direta ou indiretamente, façam parte da rotina educacional de todos.

O aprendente cada vez mais constrói o seu próprio conhecimento através do autoestudo e parte na maioria das vezes à descoberta e à procura de respostas para a sua investigação sem que para isso tenha que aguardar por uma aula presencial. Para Ponte (2003) citado por Ramos (2013 pp. 275) o avanço das tecnologias de informação e comunicação (TIC) tem proporcionado uma revolução na forma de comunicação humana, na qual o acesso à informação, a expansão do conhecimento e os recursos

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variados que a Internet oferece têm impactado o processo de ensino e aprendizagem nas escolas. 2.4 O ensino de línguas a distância (...) the media can motivate people to learn languages in ways that are beyond the methods available to formal education. The media have a unique capacity to make languages visible and to show how different nationalities behave. They can deliver an appreciation of other cultures in a way that textbooks cannot, countering traditional stereotypes. (Commission of the European Communities, 2007, p. 12).

Num mundo atualmente competitivo, dominar uma língua estrangeira (LE) sempre foi visto como uma mais valia. Quer seja por motivos profissionais, culturais ou familiares, uma LE poderá abrir novos horizontes e munir qualquer indivíduo de capacidades para se adaptar e enfrentar uma sociedade cada vez mais global.

Se contemplarmos o ensino de línguas a distância, teremos que considerar a Internet, as novas tecnologias e todas as ferramentas a ela associadas. De acordo com alguns autores, referidos por Coutinho & Lisbôa (2011 pp. 5), a Internet e as tecnologias digitais fizeram emergir um novo paradigma social, descrito como sociedade da informação ou sociedade em rede alicerçada no poder da informação (Castells, 2003), sociedade do conhecimento (Hargreaves, 2003) ou sociedade da aprendizagem (Pozo, 2004). Um mundo onde o fluxo de informações é intenso, em permanente mudança, e “onde o conhecimento é um recurso flexível, fluido, sempre em expansão e em mudança” (Hargreaves, 2003).

Se até há alguns anos era um enorme desafio aprender uma LE, devido às dificuldades de exposição com a mesma ou às dificuldades de deslocação a escolas ou instituições, hoje esses obstáculos podem ser mais facilmente ultrapassados.

O ensino de línguas a distância tem evoluído face a uma sociedade emergente e com exigências cada vez mais profundas no campo tecnológico. Esta evolução deve-se sobretudo às TIC que têm potencializado o EaD, ultrapassando barreiras físicas e

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temporais. Estas novas tecnologias permitem que não exista rigidez de tempo ou de lugar e que exista flexibilidade na aquisição de novas competências.

Se no passado, frequentar um curso a distância poderia ser alvo de algum receio e até de alguma desconfiança em relação à credibilidade dos cursos e das competências e certificação adquiridas, hoje grande parte dos indivíduos que os frequentam e das instituições que os oferecem, ultrapassaram essas suspeições. Muitas instituições de prestígio a nível nacional e internacional oferecem licenciaturas, pós-graduações e mestrados em modalidades de EaD e a sua oferta e procura tende a aumentar, como refere o Relatório Direção Geral do Ensino Superior, no qual o alargamento da rede de oferta do ensino a distância tem como objectivo multiplicar por quatro o número de estudantes inscritos, resultando num aumento de 30 mil alunos até ao ano de 2020.12

Com a evolução natural e com um mundo global em constante transformação, cada um de nós tem um papel fundamental na configuração de uma nova rede que cada vez mais nos liga. O número de “nós” existentes nessa rede continua a aumentar e novos métodos e estratégias desenvolvidos por escolas e instituições têm-se destacado de modo a fornecer meios alternativos, municiando o aprendente de um oferta educativa cada vez mais diversificada. Exemplo prático e de sucesso são as Universidades Abertas que têm originado novas oportunidades de acesso ao ensino superior a todos aqueles que até então, não tinham possibilidade de o fazer.

No entanto, a escolha pelo EaD para Rurato, Gouveia e Gouveia (2004), como meio de dotar as instituições educacionais, de condições para atender às novas demandas do ensino e formação, tem sido vista como mais ágil, célere e qualitativamente superior.

Contudo, a aprendizagem de línguas a distância tem desafios únicos e tem sido sempre mais problemática do que a aquisição de conhecimento noutras disciplinas, devido à falta de oportunidade para interação.

12 Direção Geral do Ensino Superior, Relatório Nacional de Progresso 2011 -

http://www.dges.mctes.pt/NR/rdonlyres/AF1FD821-0DF0-4AE8-8F60-FA77A05BB726/7800/Relatorio_Nacional_Progresso2011.pdf

Imagem

Gráfico 1 – As línguas mais faladas no mundo Fonte: Observatório da Língua Portuguesa
Figura 1 – Algumas acepções do “E” de e-Learning. Retirado De Gomes, M (2005) - E-learning: Reflexões Em Torno Do Conceito
Figura 2. Representação da definição de Blended Learning.
Gráfico 2 – Género dos alunos
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Referências

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