• Nenhum resultado encontrado

DESTINO DOS RESÍDUOS DE ÓLEOS DE COZINHA NO BAIRRO BURITIS BOA VISTA/RR

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "DESTINO DOS RESÍDUOS DE ÓLEOS DE COZINHA NO BAIRRO BURITIS BOA VISTA/RR"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)

Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde

www.cathedral.edu.br

Boa Vista, n. 01, 2013

DESTINO DOS RESÍDUOS DE ÓLEOS DE COZINHA NO BAIRRO BURITIS BOA VISTA/RR

André Duarte dos Santos1 Eugênia Maria Figueiredo Batista de Oliveira1 Josiane Maria Caetano Ramos1 Nathália Coelho Vargas2 Joana Angélica Brandão3 Carlos Edurado Quintino Brutti4

1Graduado do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental da Faculdade Cathedral, Boa Vista-RR. 2

Professora da Faculdade Cathedral, Mestre em Biologia Animal.

3

Professora da Faculdade Cathedral, Mestre em Biologia de Fungos.

4

Professor da Faculdade Cathedral, Mestre em Melhoramento Genético.

RESUMO

Minimizar impactos ambientais pode ser a garantia do equilíbrio entre economia, política e conservação ambiental. Este artigo trata da destinação dada aos resíduos de óleos de cozinha, tendo sido selecionado como universo o bairro Buritis, em Boa Vista, capital do Estado de Roraima. São objetivos do estudo verificar a quantidade de óleo de cozinha consumido mensalmente, conhecer o destino dado aos seus resíduos e identificar o grau de conhecimento sobre reciclagem desses resíduos, relacionado à percepção de implicações ambientais existentes. As informações foram obtidas pela aplicação de questionário a 500 residências, onde ficou evidente a necessidade de campanhas de esclarecimento à população, intensificação da educação ambiental nas escolas e incremento de iniciativas de reciclagem e reaproveitamento desses resíduos, em benefício do meio ambiente e, por conseqüência, da própria população, incluindo-se aqui os de natureza econômica.

Palavras-chave: Resíduo. Óleo de Cozinha. Meio Ambiente.

ABSTRACT

Minimize environmental impacts can be, ensuring balance between economics, politics and environmental conservation.This article deals with the allocation made to waste cooking oils, has been selected as the universe Buritis neighborhood in Boa Vista, state capital of Roraima. The objectives of the study to verify the amount of cooking oil consumed each month,

(2)

Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde

www.cathedral.edu.br

Boa Vista, n. 01, 2013 knowing the fate of their waste and identify the degree of knowledge about recycling these wastes, related to the perception of existing environmental implications. The information was obtained by applying a questionnaire to 500 households, where it was evident the need for awareness campaigns to the population, intensification of environmental education in schools and increased reuse and recycling initiatives such wastes to benefit the environment, and consequently, the population itself, including here are economic.

Keywords: Residue. Cooking Oil. Environment.

1. INTRODUÇÃO

Na atualidade, devido a motivos diversos, as pessoas estão com uma rotina de vida estressante e cada vez mais dispõe de pouco tempo para cuidar e preparar seus alimentos. Uma alternativa de preparação rápida e que confere aos alimentos características sensoriais agradáveis é o processo de fritura.

Conforme Reis et al. (2007), apud Pitta Junior et al. (2009), à medida em que a utilização do óleo utilizado em frituras por imersão vai-se repetindo ele vai sofrendo degradação acelerada pelas altas temperaturas, resultando na alteração de suas características físicas e químicas. Tornando-se escuro, viscoso, com acidez aumentada. Consequentemente, ganha odor desagradável, ficando, assim, exaurido e não mais adequado para novas frituras, pelo sabor e odor desagradáveis deixado nos alimentos, além de adquirir características químicas comprovadamente nocivas à saúde. Esse processo gera um resíduo que normalmente é descartado, sem a percepção dos problemas daí decorrentes.

Hoje, embora o óleo de cozinha represente uma porcentagem ínfima do lixo, o seu impacto ambiental é muito grande no ecossistema. Mas ainda não há um diagnóstico da situação real do Brasil em relação à utilização e o descarte de óleos de frituras (REIS et al., 2010), tampouco há um diagnóstico local.

O presente trabalho tem como proposta tratar a destinação dos resíduos de óleos de cozinha, tema que está diretamente alinhado ao contexto contemporâneo de políticas de preservação ambiental.

O estudo tem como objetivos verificar a quantidade de óleo de cozinha consumido mensalmente pelos moradores do bairro Buritis de Boa Vista- RR, conhecer o destino dado ao resíduo do óleo de cozinha e identificar o grau de conhecimento sobre a reciclagem do resíduo de óleo de cozinha, relacionado à percepção das implicações ambientais aí existentes.

A relevância do tema se dá principalmente no aspecto ambiental. O descarte inadequado de resíduos, como o óleo de fritura, pode causar enormes danos ao meio

(3)

Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde

www.cathedral.edu.br

Boa Vista, n. 01, 2013 ambiente, quer poluindo cursos d’água quer impermeabilizando solos ou causando entupimentos em tubulação de esgotos, o que poderá contribuir para se esclarecer a problemática em discurso.

Neste contexto, o presente artigo aborda a forma com que o público pesquisado trata a situação, estudo que pode servir de subsídio para outros pesquisadores – visto que a relevância do tema transcende os meios e recursos empregados, passando até mesmo à conscientização ambiental e a métodos que visem à preservação.

2. DEFINIÇÃO DE ÓLEOS E GORDURAS

Os óleos e gorduras são substâncias insolúveis em água (hidrofóbicas), de origem animal ou vegetal, ou mesmo microbiana, formados predominantemente por ésteres de triacilgliceróis, produtos resultantes da esterificação entre o glicerol e ácidos graxos (MORETTO; FETT, 1998). Os óleos vegetais possuem de uma a quatro insaturações (ligações duplas) na cadeia carbônica, sendo líquidos à temperatura ambiente; as gorduras, como por exemplo, gorduras animais como a banha, o sebo comestível e a manteiga são sólidas à temperatura ambiente, devido um número de saturações maior do que o de insaturações, conferindo-lhes maior ponto de fusão (FENNEMA, 2000).

Segundo Fennema (2000), os óleos oriundos de frutos, como o azeite de oliva, são denominados azeites. As frutas oleaginosas incluem castanhas, nozes, amêndoas, avelãs, entre outras. Apesar de essas frutas conterem muitas calorias, elas também são carregadas de nutrientes que trazem vários benefícios à saúde, como as gorduras monoinsaturadas e poliinsaturadas, vitaminas e minerais (RABELO E FERREIRA, 2008).

Os principais óleos e gorduras vegetais comercializados são: óleo de soja, canola, amendoim, girassol, óleo de milho, de arroz, de uva, óleo ou gordura de coco de babaçu, óleo ou gordura de coco, óleo ou gordura de palma, de palmiste, óleo de gergelim, óleo misto oucomposto, óleo vegetal saborizado e azeite saborizado, óleo de oliva, azeite de dendê (RABELO E FERREIRA, 2008).

2.1 EFEITOS DO RESÍDUO DE ÓLEO NO MEIO AMBIENTE

Grande parte da degradação do meio ambiente ocorre em função do despejo de resíduos líquidos e sólidos na natureza. Como exemplo, pode-se citar o impacto gerado pelo

(4)

Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde

www.cathedral.edu.br

Boa Vista, n. 01, 2013 descarte inadequado do óleo de fritura. Cada litro lançado no meio ambiente pode contaminar cerca de 1.000.000 litros de água limpa, o equivalente ao consumo de um ser humano por 14 anos (MARCA AMBIENTAL, 2009).

De acordo com Mognato & Martins (2007, p.49):

Quando despejado no ralo, o óleo forma crostas de gordura na tubulação residencial e nas redes de esgoto, causando entupimentos e poluindo córregos, riachos, rios e o solo. Quando atinge o solo, o óleo dificulta o escoamento da água das chuvas aumentando a ocorrência de enchentes, devido a sua capacidade de impermeabilização.

Enfim, resíduo de óleo de cozinha possui alto poder de degradação ambiental, produzindo os efeitos diversos no meio ambiente.

Pitta Junior et al. assim se referem a isso:

Em mares, rios, lagos: em função de imiscibilidade do óleo com a água e sua inferior densidade, há tendência à formação de películas oleosas na superfície, o que dificulta a troca de gases da água com a atmosfera, ocasionando diminuição gradual das concentrações de oxigênio, resultando em morte de peixes e outras criaturas dependentes de tal elemento; Nos rios, lagos e mares, o óleo deprecia a qualidade das águas e sua temperatura sob o sol pode chegar a 60ºC, matando animais e vegetais microscópicos.

“Em pias ou vasos sanitários: provoca entupimentos nas tubulações da residência ou estabelecimento, ocasiona infiltração do esgoto no solo, poluindo o lençol freático ou causando refluxo à superfície” (REIS et al. 2007 apud PITTA JUNIOR et al. 2009). Isso porque o óleo funciona como uma cola, juntando tudo: um fiozinho de cabelo, fio dental, um pedacinho de plástico, tudo isso fica concentrado, forma-se uma massa e acaba entupindo a rede de esgoto. Segundo Morgado (2010), “isso pode provocar o que se chama de refluxo, ou seja, o esgoto retornar a residência causando incomodo, mau cheiro, etc”.

Oliveira (2010) afirma que “em aterros sanitários: diminui áreas úteis destes e, no processo de degradação, transforma-se em gás metano, contribuindo para o aumento do efeito estufa”.

“Na estação de saneamento básico: dificulta e encarece o tratamento. ”(REIS et al., 2007 apud PITTA JUNIOR et al. 2009).

Segundo Castellanelli et al. (2007), “isso ocorre devido à falta de informação da população”.

(5)

Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde

www.cathedral.edu.br

Boa Vista, n. 01, 2013 Levando em consideração todos os estragos que o óleo de fritura causa ao meio ambiente, é essencial mobilizar a sociedade na reeducação dos seus hábitos e dar um destino alternativo para este resíduo. Uma forma de resolver este problema é coletar o óleo de fritura para posterior reaproveitamento.

Segundo REIS et al. (2007), apud Pitta Junior et al. (2009):

O óleo coletado pode ser reutilizado para a elaboração de muitos produtos como: (1) glicerina, (2) padronização para a composição de tintas, (3) massa de vidraceiro, (4) farinha básica para ração animal, (5) geração de energia elétrica através de queima em caldeira, (6) biodiesel, (7) sabão, entre outros. Desta forma, o óleo de cozinha usado retornado à produção, além de afastar a degradação do meio ambiente e os conseqüentes custos sócio-econômicos, também cumpre o papel de evitar o gasto de recursos escassos, tais como os ambientais, humanos, financeiros e econômicos necessários para planejar, preparar o solo, plantar, colher, armazenar, beneficiar e escoar safras de plantas oleaginosas (plantas que fornecem óleo, como soja, mamona, girassol, etc.) das quais se extrairia o óleo que serviria como matéria-prima para os produtos acima citados.

Para tanto, faz-se necessário recolher esse óleo usado, sendo necessário buscar metodologias que auxiliem a logística de sua coleta, minimizando os custos e ajudando a viabilizar a produção de sabão e outros bens.

3. MATERIAL E MÉTODO

Metodologicamente este trabalho foi realizado com base numa pesquisa bibliográfica pertinente e na aplicação de um questionário(em anexo).

A pesquisa foi realizada no Bairro Buritis, no município de Boa Vista – capital do Estado de Roraima; o grupo pesquisado limitado a 500 residências escolhidas aleatoriamente, aproximadamente 25% do bairro. Esse universo foi estabelecido por se tratar de bairro de porte médio e localizado entre o Centro e a Periferia propriamente.

Segundo Gil (1999), “pesquisa é enquadrada como: Básica, Qualitativa, Descritiva e Bibliográfica/questionário”. O questionário aplicado é constituído de 09 (nove) questões, de múltipla escolha; no mesmo a identificação dos pesquisados não foi requerida. A análise dos dados obedeceu ao estabelecimento dos percentuais para cada tipo de resposta, permitido pelo tipo de questionário, que facilita a inferência de conclusões.

(6)

Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde

www.cathedral.edu.br

Boa Vista, n. 01, 2013

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise das respostas ao questionário permitiu as seguintes observações:

À primeira questão, sobre se o entrevistado é consumidor de óleo de cozinha, 100% responderam sim. Esse fator é fundamental para se considerar as demais perguntas do questionário; do contrário o trabalho estaria prejudicado.

“O resíduo do óleo de cozinha, sem dúvida, é um dos maiores contaminadores do nosso solo e de nossas águas”, como é afirmado por Mognato & Martins (2007, p.49), fato que tem sua importância aumentada quando observamos que há uma unanimidade no seu uso.

Na segunda questão, a respeito de onde o pesquisado consome alimentos feitos por fritura com óleos de cozinha, apenas 30% afirmaram consumir apenas em casa, enquanto os 70% restantes optaram por marcar a alternativa outros, por não se limitarem a lanchonetes ou a restaurantes. Isto confirma o que Reis et al. (2007) apud Pitta Júnior (2009) diz em seu trabalho “óleos vegetais são larga e universalmente consumidos para a preparação de alimentos nos domicílios, estabelecimentos industriais e comerciais de produção de alimentos”.

Através do gráfico 1 (em anexo) foi identificada a resposta da questão número 3, onde se perguntou qual a quantidade de óleo de cozinha consumida por mês na residência. Obtivemos como resposta, que 80% utilizam entre 1 e 3 litros de óleo de cozinha, 12% utilizam entre 4 e 6 litros e 8% consomem 7 litros ou mais. Essa informação indica que o descarte do resíduo do referido óleo deve seguir essa proporção.

Segundo Humberto (2007), pesquisas apontam que os brasileiros consomem aproximadamente três bilhões de litros de óleo de cozinha por ano. No Espírito Santo, esse consumo é de aproximadamente 150 milhões.

Na quarta questão, sobre qual o destino que você dá ao resíduo do óleo de cozinha, observou-se que aproximadamente 95% dos pesquisados responderam despejar seus resíduos de óleo de cozinha na rede de esgoto, enquanto 5% disseram jogar na fossa séptica (gráfico 2 em anexo).

Todo esse óleo costuma ser descartado na pia da cozinha. De acordo com Santos (2009), no Brasil são descartados 9 bilhões de litros de óleo de cozinha por ano, mas apenas 25% desse óleo de fritura é reciclado.

(7)

Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde

www.cathedral.edu.br

Boa Vista, n. 01, 2013 Segundo Rabelo, Ferreira (2008) há pessoas que aconselham colocar o resíduo dentro de uma garrafa PET e jogar no lixo, porém essa não é a solução ideal, já que o óleo pode vazar, contaminando o solo e as águas subterrâneas.

Na questão 05, observou-se que 100% dos pesquisados responderam não – inexiste coleta seletiva no bairro. Isso torna claro que o mesmo empenho para políticas de coleta de resíduos sólidos não é aplicado para resíduos líquidos; em Boa Vista, em alguns bairros da cidade, há uma inexpressiva de coleta de papel, vidros, plásticos e metais – mas não há iniciativa para a coleta de resíduo do óleo de cozinha nem por parte do Estado, muito menos do Terceiro Setor.

Diferentemente do que acontece em Boa Vista, nossa Capital, há o relato de diversas outras cidades que já estabeleceram ou estão estabelecendo sistemas de reciclagem de resíduos de óleo de cozinha. “Novo Hamburgo, Gramado, Blumenau e Curitiba, já existem empresas especializadas na recuperação do óleo de fritura”,escreve Nunes (2006).

Na questão 06, aproximadamente 46% responderam não saber o que é reciclagem, enquanto 54% manifestaram-se afirmativamente. Esses dados podem ser considerados significativos, na medida em que quase a metade dos informantes demonstrou desconhecimento sobre o reaproveitamento de resíduos. E de acordo com a Resolução nº 275 de 25 de abril de 2001 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA descreve que a reciclagem de resíduos deve ser incentivada, facilitada e expandida no país, para reduzir o consumo de matérias-primas, recursos naturais não-renováveis, energia e água.

Da questão 07, o gráfico 3 (em anexo) mostra que aproximadamente 58% dos entrevistados informaram ter como maior fonte de conhecimento sobre a reciclagem a internet, livros ou revistas, 25% responderam ter sido através da Escola e 17% disseram ter sido através de informativos do Governo Federal, Estadual ou Municipal.

Segundo Rabelo e Ferreira, 2008, a educação ambiental é uma ferramenta de grande importância para o resgate da população ao estímulo da conscientização ecológica e à melhoria da qualidade de vida exercitando para atitudes que visam o desenvolvimento sustentável. E ficou visível que a escola não tem atingido a excelência devida para os assuntos ambientais. A escola e o Estado, em seus diversos níveis, têm o papel de se envolver nessa temática e de ser instituições influenciadoras em prol da preservação do meio ambiente.

Em relação à questão 08, aproximadamente 55% afirmaram sim, quanto à possibilidade de reciclar resíduo de óleo de cozinha e 45% acham que não. Esta percentagem pode ser

(8)

Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde

www.cathedral.edu.br

Boa Vista, n. 01, 2013 confirmada pelas questões 06 e 07, pois se a Escola e o Estado não realizarem plenamente a função de informar sempre haverá um prejuízo na percepção do cidadão.

A questão 09 obteve aproximadamente 20% dos pesquisados afirmando sim, conhecem os produtos fabricados a partir do resíduo do óleo de cozinha, enquanto 80% responderam não.

Desconhecer as formas de aproveitamento do resíduo é prejudicial, pois um cidadão informado é convencido da necessidade da coleta seletiva e de não jogar o rejeito do óleo em desfavor do meio ambiente.

O resíduo do óleo de cozinha não pode ser reutilizado para fins alimentares, visto que pela fritura há produção de ácidos graxos e glicerol – o que é danoso à saúde. (REIS, 2007).

Sobre os efeitos de resíduo de óleo de cozinha no meio ambiente, Fujita (2008), assim se manifesta:

Diferente do lixo orgânico que é coletado e despejado em aterros sanitários, o óleo de cozinha ou óleo vegetal, é descartado por muitas vezes em ralos de pias, contribuindo para um prejudicial impacto ambiental. Os problemas causados pelo óleo vão do aumento de enchentes, devido à impermeabilização do solo, até a poluição de rios, onde cria uma barreira na superfície da água, evitando a entrada de luz como fonte de oxigenação para animais e plantas. Nos solos, o óleo vegetal pode afetar as plantas, pois impede um bom processo do metabolismo das bactérias e outros tipos de microorganismos que fazem a deterioração das substâncias orgânicas que viram nutrientes para o solo. Se o óleo for jogado na terra, ele vai ser consumido pelas plantas como se fosse uma matéria orgânica, como um adubo.

Reciclar o óleo de fritura que antes era despejado no meio ambiente prejudicando-o não é apenas ecologicamente correto e lucrativo, mas o processo beneficia até o bolso do cidadão brasileiro, uma vez que o prejuízo para tratar a água contaminada pelo óleo de fritura (relembrando, que um litro de óleo vegetal é o suficiente para contaminar um milhão de litros de água) é revertido em forma de impostos que são pagos por nós mesmos.

Segundo Pitta Junior et al. (2009):

A Bioauto, com sede em Diadema e com atuante nas cidades da Grande São Paulo, do ABC e da Baixada Santista, é uma empresa direcionada para a coleta e reciclagem de óleo de cozinha usado em biodiesel, que participa fortemente na conscientização da sociedade para a preservação do meio-ambiente, promovendo palestras e participando de campanhas e eventos ligados à preservação ambiental para a captação de fornecedores. Depois de estabelecido o acordo de coleta com o

(9)

Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde

www.cathedral.edu.br

Boa Vista, n. 01, 2013

fornecedor, a empresa empresta bombonas para os condomínios ou estabelecimentos comerciais ou caçambas para os pontos de entrega voluntária. E a coleta, feita através de veículo adaptado com tanque, é planejada por sistema informatizado que traça as rotas mais eficientes em termos de distâncias e custos. Os fornecedores de condomínios e estabelecimentos comerciais não são remunerados, mas as escolas que possuem pontos de entrega voluntária recebem prêmios.

Agência Brasil (2010):

Reciclagem de óleo gera renda para 1,8 mil trabalhadores - Associação Nacional para Sensibilização, Coleta e Reciclagem de Resíduos de Óleo Comestível (Ecóleo), Célia Marcondes – Presidente.

Segundo ela, o armazenamento do óleo em potes de vidro e o encaminhamento do produto para postos de reciclagem está gerando renda para 1,8 mil trabalhadores em algumas partes do país. "São pessoas que vivem só disso", afirmou Célia, em entrevista à Agência Brasil. A associação que ela preside não se responsabiliza pela coleta, mas é responsável pela criação de redes que fazem esse serviço. Cerca de 50 entidades e empresas, de acordo com Célia, já estão interessadas em participar desse processo. Isto mostra o potencial da reciclagem do óleo comestível, que, por enquanto, está presente em poucas cidades no país. A maioria dos brasileiros, ainda que conscientes do problema, não têm como fazer o descarte correto. Postos de trabalho e renda.

Falcão (2010) relata:

Óleo de Cozinha para Lavar Pratos e Roupas - Reciclador de óleo de cozinha criado por empresa mineira evita a poluição do meio ambiente e produz sabão para consumo doméstico - Um dos maiores vilões do lixo doméstico, o óleo de cozinha já tem um destino ecologicamente correto que, além de evitar o descarte inadequado e a poluição do meio-ambiente, pode gerar economia para as famílias. Trata-se do “Reciclador de óleo de cozinha”, criado pela empresa mineira Reciprátik. O aparelho não apenas armazena os resíduos, como transforma o óleo em sabão biodegradável que pode ser usado para lavar pratos e roupas. Rômulo Carmo, diretor da Reciprátik, conta que a idéia de criar o aparelho surgiu durante um final de semana com os amigos, quando resolveram cozinhar uma prosaica canjica com costela de porco. O produto, garante o empresário, é totalmente biodegradável e já foi devidamente testado por órgãos competentes, como Procon e Anvisa. Para garantir que a qualidade do sabão agradasse às donas de casa, Carmo diz que foram

(10)

Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde

www.cathedral.edu.br

Boa Vista, n. 01, 2013

feitos vários testes até que fosse criada a receita ideal, capaz de fazer espuma e tirar a sujeira.

Por enquanto a legislação brasileira ainda não alcança os níveis desejáveis sobre esse assunto.

Oliveira (2010) relata:

No Congresso Federal, tramita, desde 19 de setembro de 2007, o projeto de lei Nº2074/2007, com dois apensados, o Nº2075/2007 e o Nº2076/2007, que dispõem, respectivamente, sobre: A obrigação dos postos de gasolina, hipermercados, empresas vendedoras ou distribuidoras de óleo de cozinha e estabelecimentos similares de manter estruturas destinadas à coleta de óleo de cozinha usado e dá outras providências. A obrigação das empresas produtoras de óleo de cozinha de informar em seus rótulos sobre a possibilidade de reciclagem do produto e de manter estruturas adequadas para a coleta de óleo dispensado; A obrigatoriedade de inserção de mensagem, no rótulo das embalagens de óleos vegetais, contendo advertência sobre a destinação correta do produto após o uso. As iniciativas estaduais e municipais apontam para variadas direções, indo desde a determinação de que o Estado apóie e estimule, com incentivos fiscais e linhas de crédito, as atividades econômicas decorrentes da coleta e da reciclagem de óleo e gorduras de uso alimentar, como é o caso da Lei Nº12.047/2005 do Estado de São Paulo, até a criação de centrais de coleta de óleo de cozinha, como no projeto de lei Nº331/07 do Estado de Mato Grosso, ou, ainda, tratando do assunto sob o amplo ponto de vista da Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, como no projeto de lei Nº1290/2007 do município do Rio de Janeiro - RJ.

5. CONCLUSÃO

Pelo que fora exposto, podemos afirmar que os objetivos pretendidos foram alcançados com êxito. As informações sobre questões abordadas foram suficientes para se tirar uma estimativa científica e social da realidade, tendo em vista que 80% dos informantes utilizam de 1 a 3 litros de óleo de cozinha por mês, ficando ou outros extratos em 12% para 4 a 6 litros e 8% para 7 litros ou mais.

Os resultados alcançados neste trabalho nos mostraram o quão distante está à consciência de que a minimização dos impactos ambientais deve ser desempenhada por toda a coletividade.

(11)

Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde

www.cathedral.edu.br

Boa Vista, n. 01, 2013 O comodismo em relação à facilidade de descarte de materiais também é levado em consideração, uma vez que os papéis e outros resíduos sólidos estão sendo armazenados para que a empresa de coleta venha fazer a retirada na porta de casa, embora ainda sem caráter de seletividade.

Pode-se perceber ainda alto grau de desconhecimento sobre implicações ambientais, pelos elevados percentuais negativos apresentados nas questões 06, 08 e 09. A criança, jovem ou adulto deve ter estreitados seus laços com a natureza, determinantes no aprendizado da preservação de um bem que é necessário para si e para as futuras gerações, respeitando assim o próximo.

Ficou claro, que para se fazer uma análise mais efetiva do impacto do resíduo do óleo de cozinha é necessário pesquisar os estabelecimentos comerciais, como fast foods e restaurantes, bem como os estabelecimentos como supermercados e distribuidoras.

Pode-se considerar entristecedor o fato de Boa Vista, Roraima, ainda não contar com ações concretas para evitar a degradação ambiental pelo resíduo do óleo de cozinha, o que significa que ela está ocorrendo na prática, ainda mais que a totalidade dos questionários indicou que esses resíduos são despejados nas pias das cozinhas e daí vão para a rede de esgotos (95%) ou para fossas sépticas (5%).

Conforme descrito no item anterior, já existem tecnologias diversas para o aproveitamento dos resíduos do óleo de cozinha, aliados a sistemas de armazenamento e coleta, demonstrando que é possível, além de evitar a degradação do meio ambiente, gerar bens e, por conseguinte, postos de trabalho, uma das necessidades de qualquer população.

Sirva, por isso, este artigo, de alerta a quantos dele possam tomar conhecimento, especialmente professores, como difusores de conhecimentos e de idéias, que se dedicam a educação ambiental. Também empresários e autoridades que tenham poder de decisão, especialmente no nível de decisão política de acertar.

6. REFERÊNCIAS

AGENCIA BRASIL. Reciclagem de óleo gera renda para 1,8 mil trabalhadores. 2010. Disponível em http://www.inovacaotecnologica.com.br/. Acesso em Nov 2010.

(12)

Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde

www.cathedral.edu.br

Boa Vista, n. 01, 2013 BRASIL. Resolução nº 275, de 25 de abril de 2001 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).

CASTELLANELLI, C. et al. Óleos comestíveis: o rótulo das embalagens como

ferramenta informativa.2007. In: I Encontro de Sustentabilidade em Projeto do Vale do

Itajaí. 2007. Disponível em: http://www.ensus.com.br. Acesso em Set 2010.

FALCÃO, C. Reciclador de óleo de cozinha criado por empresa mineira evita a poluição

do meio ambiente e produz sabão para consumo doméstico. 2010. Disponível em

http://www.ciflorestas.com.br/. Acesso em Nov 2010.

FENNEMA, O.R. Química de los alimentos. 2 ª.ed. Zaragoza: Acríbia, 2000. 1258p.

FUJITA, E. Óleo de cozinha pode virar sabão ou biodiesel para diminuir danos ao meio

ambiente. Entrevistadora: MOUSINHO, C. Brasília. Entrevista concedida a Agencia Brasil.

Disponível em: <www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2007/07/05/materia.2007-07-05.2629368099/view>. Acesso em Out 2010.

GIL, A. C.. Como elaborar projetos de pesquisa. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1999.

HUMBERTO 2007. Projeto transforma resíduos em oportunidades de negócios. Portal fator

MARCA AMBIENTAL. BioMarca. Disponível em: <http://www.marcaambiental.com.br.> Acesso em Out 2010.

MOGNATO, E. A.; MARTINS, H. F. Elaboração de um Projeto para a Obtenção de

Biodiesel a partir do Reaproveitamento de Óleo Residual de Fritura. 2007. 49 p.

(13)

Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde

www.cathedral.edu.br

Boa Vista, n. 01, 2013 MORETTO, Eliane; FETT, Roseane. Tecnologia de óleos e gorduras vegetais na indústria de alimentos. São Paulo: Varela Editora e Livraria Ltda, 1998.

NUNES, F. A. de A. Resíduo Orgânico: Óleo de cozinha: veneno para os rios. 2006. Disponível em: http://www.proffabiao.com.br/si/site/010351. Acesso em Out 2010.

MORGADO, M. Óleo de Cozinha – Veja os estragos que causa. 2010. Disponível em: http://odiario.com/blogs. Acesso em Out 2010.

OLIVEIRA, J. A. B. de. Óleo Residual de Frituras: a reciclagem. 2010. Disponível em : http://bioconhecer.blogspot.com/. Acesso em Out 2010.

PITTA JÙNIOR, O. S. R. et al. Disponível em: http://www.advancesincleanerproduction.net - São Paulo – Brazil – May 20th-22nd – 2009. Acesso em Nov 2010.

RABELO, Renata A.; FERREIRA, Osmar M. Coleta Seletiva De Óleo Residual De Fritura Para Aproveitamento Industrial. 2008.

REIS, M. F. P. et al. Destinação de óleos de fritura.2007. Disponível em: http://www6.ufrgs.br/sga/oleo_de_fritura.pdf. Acesso em Set 2010.

(14)

Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde

www.cathedral.edu.br

Referências

Documentos relacionados

Nas outras versões mudam os valores numéricos, a ordem das perguntas e alguns pormenores que não alteram significativamente as perguntas.... MESTRADO INTEGRADO

todas as doenças dos centros nervosos: as myélites chronicas, as paralysias, certas doenças cancerosas, etc.; vendo os hospitaes, as casas de saúde cada vez mais repletas

Visando este trabalho analisar o impacto e a importância dos Projetos Educativos do TNSJ no âmbito de uma educação artística, interessa-nos refletir sobre a relação dos

Dessa maneira, os resultados desta tese são uma síntese que propõe o uso de índices não convencionais de conforto térmico, utilizando o Índice de Temperatura de Globo Negro e

Atualmente os currículos em ensino de ciências sinalizam que os conteúdos difundidos em sala de aula devem proporcionar ao educando o desenvolvimento de competências e habilidades

Realizando a adubação da área total, baseada nos teores mínimos de fósforo P e potássio K encontrados no solo, a variabilidade espacial da produtividade será baixa e a média geral

2.2.6.1 Compreende-se por Relatório Parcial o documento organizado pelo bolsista e pelo orientador, que tem o objetivo de apresentar à Comissão/Comitê do edital

que estipular o tipo do fluxo, definir uma variável que irá manipular esse fluxo e associar um arquivo com a variável, por meio de uma função open.. – ifstream - Indica que é