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EPISTEMOLOGIA DO ESTUDO DOS ATORES NOS PLANEJAMENTOS MILITARES

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EPISTEMOLOGIA DO ESTUDO DOS ATORES NOS PLANEJAMENTOS MILITARES: DESAFIOS NO ALVORECER DO SÉCULO XXI

André Gabriel Sochaczewski*

RESUMO

O estudo dos atores envolvidos em conflitos e suas relações, entre os mesmos ou seu próprio ambiente, desenvolve um papel central nos planejamentos militares, que podem ser mais eficientes se esse estudo for bem elaborado e consistente. Contudo, como nos Estudos de Segurança os atores ganham grande relevância, o aprofundamento no conhecimento do “processo de securitização” faz-se também necessário para o estudo dos mesmos. Adicionalmente, falhas cognitivas são observadas durante a análise dos conflitos, demandando atenção quanto aos seus impactos nos referidos planejamentos. Assim, este trabalho busca investigar os fundamentos relacionados a tal estudo, bem como evidenciar as suas possíveis falhas, visando estabelecer uma metodologia apropriada para essa análise.

Palavras-chaves: Atores. Conflito. Planejamento Militar. Segurança.

EPISTEMOLOGY OF THE STUDY OF ACTORS ON MILITARY PLANNINGS: CHALLENGES AT THE DAWN OF 21ST CENTURY

ABSTRACT

The study of actors involved in conflicts and their relations, between themselves or with their own environment, are presented as a critical point in military planning, which could be more efficient if that study could take well developed and consistent. However, as in Security Studies the actors gain great relevance, deepening the knowledge of the “securitization process” is also necessary for their study. Additionally, cognitive flaws are observed during the analysis of conflicts, demanding attention to their impacts on the referred planning. Thus, this paper seeks to investigate the fundamentals related to such study, as well as to highlight its possible flaws, in order to establish an appropriate methodology for this analysis. Keywords: Actors. Conflict. Military Planning. Security.

____________________

* Possui graduação em Ciências Navais pela Escola Naval (1996), graduação em Administração pela Universidade Veiga de Almeida (2008), pós-graduação Latu Senso em Ciências Aeronáuticas pelo Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval da Marinha do Brasil (2001), pós-graduação em Gestão Empresarial pela COPPEAD/UFRJ (2013), mestrado em Ciência Navais pela Escola de Guerra Naval (2013) e mestrado em Estudos de Defesa pelo King´s College London (2016). Professor da Escola de Guerra Naval (EGN) de 2016 a 2019. Atualmente é pesquisador voluntário do Laboratório de Simulações e Cenários da EGN.

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EPISTEMOLOGÍA DEL ESTUDIO DE ACTORES EN PLANIFICACIONES MILITARES: DESAFÍOS AL AMANECER DEL SIGLO XX

RESUMEN

El estudio de los actores involucrados en conflictos y sus relaciones, entre ellos o su propio entorno, juega un papel central en la planificación militar, que puede ser más eficiente si este estudio está bien diseñado y es consistente. Sin embargo, como en los estudios de seguridad los actores adquieren gran relevancia, también es necesario profundizar en el conocimiento del “proceso de “titularización” para su estudio. Además, se observan fallas cognitivas durante el análisis de conflictos, exigiendo atención en cuanto a sus impactos en los planes referidos. Por lo tanto, este trabajo busca investigar los fundamentos relacionados con dicho estudio, así como resaltar sus posibles fallas, con el objetivo de establecer una metodología adecuada para este análisis.

Palabras clave: Actores. Conflicto. Planificación militar. La Seguridad. 1 INTRODUÇÃO

Os impactos no Sistema Internacional (SI), principalmente após o colapso da Ex-União Soviética em 1991 e o consequente fim da Guerra Fria (1945-1991) resultaram em incertezas e instabilidade na ordem mundial. A partir daí, os conflitos interestatais vêm crescentemente cedendo lugar aos conflitos intraestatais, onde se acentuaram a proliferação de atores não estatais (NYE, 2012). Ainda ao final do século passado, atores não estatais, como organizações não governamentais (ONG) e empresas transnacionais (ETN), começaram a exercer papéis mais proeminentes no cenário internacional (KENNEDY, 1993).

É nesse contexto que Buzan e Weaver (2003) propõem uma estrutura de segurança para essa nova ordem mundial, sem a predominância de uma perspectiva globalista, mas regionalista. Essa mudança seria decorrente de um relativo declínio das superpotências, fruto da redução nos respectivos interesses por um poder global e um foco mais regional.

Essa perspectiva mais crítica se intensificou com o Construtivismo, originário da corrente estruturalista1 das Relações Internacionais (RI) e tem Michael Foucault (1926-1984) como uma importante influência, o qual argumenta que o conhecimento não estaria imune às orquestrações do poder, pois este também produziria conhecimento per se (FOUCAULT, 1980). O poder, por sua vez, requer conhecimento, reforçando assim as relações de poder estabelecidas (SMITH; OWENS; BAYLIS, 2014).

1 O Estruturalismo é uma corrente do Realismo, uma versão disseminada pelo neorealistas Kenneth Waltz, que difunde a relevância da estrutura no sistema como seu princípio de ordem (LAMY, 2014).

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53 Foucault também apresentou a ideia do poder do discurso, responsável pelo exercício do poder e suas relações na sociedade, sustentando que não faria sentido a existência de atores fora desse discurso. Essa ideia pode ser ilustrada com a situação conflituosa de Darfur, no Sudão, desde o início do século. A percepção desse conflito como um genocídio pode promover uma sensibilização da comunidade internacional, capaz de mobilizá-la. No entanto, se percebido como disputa tribal ou étnica, o impacto e consequente envolvimento dos mesmos atores não se reflete de igual forma (HANSEN, 2014).

Isso ratifica a Teoria Construtivista, cuja proposta é que “forças sociais, como ideias, conhecimento, normas e regras também influenciam interesses e identidades dos estados, bem como a organização da política mundial” (tradução nossa) (BARNETT, 2014, 156). Por isso, o Construtivismo também é entendido como uma teoria social, distinguindo-se das demais teorias de RI. Dessa forma, essa abordagem nos conflitos sociais estaria mais preocupada em compreender o relacionamento entre os agentes e estruturas a eles relacionadas (BARNETT, 2014). Todavia, a compreensão (comprehension) de algo resulta do processamento de informações provenientes do conhecimento (knowledge) de determinado assunto. Portanto, a compreensão representa um passo crítico nessa escalada cognitiva para a análise da situação e dos atores envolvidos (BLOOM, 1956).

Deve-se ainda enfatizar que 95% das pessoas experimentam dificuldades em áreas relacionadas à compressão, como pensamento, organização de ideias, tomada de decisão e planejamento (BUZAN, 1996). As mesmas dificuldades foram encontradas pelas forças estadunidenses e da Organização dos Tratados do Atlântico Norte (OTAN) nos conflitos do Iraque (1991 e 2003) e Afeganistão (2001), que se arrastam até hoje, demandando um aprimoramento desse processo de compreensão do ambiente, principalmente, estratégico.

Assim, esse trabalho tem como propósito examinar esse processo que emprega significativo esforço cognitivo para obter uma melhor compreensão da relação entre agentes e estruturas de um determinado ambiente. No entanto, apesar da complexidade que o envolve, tal processo ainda demanda uma metodologia mais consolidada. Ademais, a compreensão dos seus fundamentos e dinâmicas, que permeiam a sua abordagem, demonstram-se essencial para o seu pleno êxito.

Dessa forma, serão investigados os métodos e respectivos fundamentos empregados na análise de atores envolvidos em conflitos, bem como identificadas suas possíveis falhas, visando ao estabelecimento de uma metodologia apropriada para prover as bases para um planejamento militar mais eficiente.

Na primeira seção são abordados os fundamentos, conceitos e questões relacionadas à identificação e classificação de atores envolvidos em um conflito. Na segunda, são discutidas a tipologia para as estruturas de um sistema de segurança e seu dispositivo característico, além das relações dos atores e suas respectivas percepções. Na terceira, serão examinados os métodos de análise e sua abrangência,

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no que se refere ao ambiente e na sua relação com os atores e a si mesmos, bem como algumas falhas cognitivas que permeiam o desenvolvimento dessas análises. 2 A IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE ATORES

Pode-se entender os atores sociais, como agentes que contribuem para a transformação do ambiente em que se inserem, mas que não seriam autossuficientes para tal, pois se encontrariam dentro de uma determinada estrutura, sistema ou campo social não fixo, formado de acordo com determinados interesses, onde suas forças atuam (BOURDIEU, 2004).

Assim, os atores acabam exercendo um papel central nos estudos de segurança, cujo objetivo é a obtenção de uma precisa compreensão de quem provê a segurança, de quais questões ou ameaças a envolvem e a quem deve ser provida. Nessa concepção, o destinatário da segurança ou a quem prover é denominado objeto de referência. A segurança pode ainda ganhar um aspecto de sobrevivência quando uma questão é imposta como ameaça existencial ao objeto de referência. Essa ameaça à segurança pode ser crítica para o uso da violência, com a qual um estado pode se valer, por exemplo, para a manutenção de sua soberania ou identidade (BUZAN; WEAVER; WILDE, 1998).

Nessa condição, o conflito emerge, com uma total incompatibilidade ou colisão de interesses que pode existir entre indivíduos, grupos, organizações ou estados. Esses conflitos se situam em um extremo de um espectro que apresentaria no extremo oposto a cooperação plena entre atores em uma determinada estrutura. Nesse espectro conceitual, há uma condição intermediária onde os interesses são distintos, mas não totalmente incompatíveis, gerando um ambiente de competição e rivalidade (CHIAVENATO, 2011).

Porém, os conflitos, na sua forma extrema, resultam em uma expressão violenta, normalmente, com o emprego da força. Ademais, o conflito provoca mudanças no ambiente à medida que suas soluções são alcançadas, pois “uma mudança sempre deixa lançada a base para o surgimento de outra” (MAQUIAVEL, 2009, 34), viabilizando novos conflitos. Por outro lado, um ambiente de competição permite soluções mais difusas, por uma expressão política, econômica, social ou militar (BUZAN, 2007). Essa abordagem por setores será expandida mais adiante.

Nessas condições, a identificação dos atores pode ser uma tarefa mais complexa do que a determinação do próprio objeto de referência. Assim, para uma melhor compressão do ambiente de conflito ou crise, duas questões principais devem ser respondidas: o que mudou e o que pode ser mudado.

A primeira é respondida pela comparação entre a situação atual do ambiente e a anterior ao conflito, em uma visão retrospectiva (hindsight view), demandando uma base robusta de dados para uma visualização precisa dessa situação. A segunda, após a identificação dos interesses encontrados no ambiente e de seu estado final

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55 desejado (EFD), por uma visão mais prospectiva (foresight view), que requer uma análise mais profunda dessa condição desejada (UNITED KINGDOM, 2016). Somente a primeira será abordada nesse trabalho, pois essa última está mais relacionada aos propósitos dos conflitos, melhores visualizados após o estabelecimento das relações dos atores, as quais serão examinadas posteriormente.

Essa visão retrospectiva busca uma profunda e abrangente compreensão das origens dos conflitos e sua situação corrente. Apesar disso, nessa abordagem, o conflito impacta na segurança que, por sua vez, tem origem primariamente nas coletividades humanas e, em última análise, nos próprios indivíduos (BUZAN, 2009). A importância da segurança para as coletividades humanas é evidenciada, por exemplo, na Carta da Nações (artigo 51) e no Tratado do Atlântico Norte (artigo 5), que evocam o direito à defesa coletiva em reação a um ataque armado contra quaisquer dos membros signatários (Organização das Nações Unidas (ONU), 1945; Organização dos Tratados do Atlântico Norte (OTAN), 1949).

Nesse sentido, a profundidade da análise é o primeiro desafio para o estudo dos atores, podendo ser realizada de duas formas. A primeira é top-down, ou seja, da estrutura do sistema para a sua unidade mínima de comportamento. Por exemplo, pode ser realizada a partir da análise de mercados até chegar nas empresas ou a partir do SI até a análise dos estados. A segunda, bottom-up, pode ocorrer a partir da análise da natureza humana ao comportamento geral das coletividades, sejam organizações privadas, estados ou nações.

Portanto, considerando a complexidade da análise, a primeira forma tende a ser mais apropriada para conflitos interestatais e, a segunda, para intraestatais. Os níveis de análise, que poder ser empregados, são o SI, subsistemas internacionais ou regionais, unidades (estados, nações, organizações ou ETN) ou subunidades (grupos organizados e comunidades) e até indivíduos (BUZAN; WEAVER; WILDE, 1998).

O passo subsequente seria a delimitação da dinâmica encontrada no sistema analisado, ou seja, a sua abrangência. Nesse sentido, o SI reflete uma dinâmica de nível global, os subsistemas internacionais ou regionais são dispostos em nível regional ou inter-regional e os demais são observados em dinâmicas domésticas ou locais. Tais dinâmicas se aproximam muito dos níveis de causas dos conflitos estabelecidos por Kenneth Waltz (2001), que denominou os conflitos como “imagens”. Segundo ele, essas “imagens” são produtos dos próprios indivíduos, estados, sociedades ou mesmo do SI. Waltz ainda ressalta que as “imagens” podem se refletir isoladamente, de forma distinta de quando se inter-relacionam.

Cabe ressaltar que, embora os conflitos interestatais sejam marcados pela relevante participação dos estados, os conflitos intraestatais estejam necessariamente restritos às organizações governamentais (OG), agências ou grupos domésticos. De fato, tais conflitos podem, inclusive, extrapolar o nível regional em um efeito de transbordamento (spill-over). Esse efeito ficou mais intenso neste

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século, pelo incremento acentuado da interconectividade, caracterizada pela ausência de barreiras físicas, mas responsável por catalisar a integração política e econômica regional ou suprarregional. Esse efeito, segundo Buzan e Weaver (2003), também pode ser decorrente de ações de grandes potências atuando regionalmente. Assim, estabeleceram tipos de subsistemas, chamados complexos de segurança, com estruturas centradas em superpotências ou grandes potências no nível inter-regional ou global; e potências regionais paras o nível regional.

Esses complexos provêm estruturas de poder e respectivos níveis de influência de suas lideranças. O equilíbrio de poder em níveis demonstra o balanceamento de aspectos de dominância e dependência dos respectivos sistemas, que impactam na política doméstica ou internacional (MORGENTHAU, 2003). Uma vez bem identificadas essas estruturas de poder e influências, com uma boa delimitação da dinâmica do sistema em questão, bem como da atuação de suas lideranças, pode-se então vislumbrar possibilidades de alianças ou coalizões.

Nesses complexos é onde ocorre o chamado dilema da segurança, conceito difundido pelos teóricos da Escola de Copenhague, o Conflict and Peace Research Institute (COPRI), quando um estado ou nação escolhe por securitizar2 uma determinada questão. Esse dilema é estabelecido em dois níveis para os tomadores de decisão, o dilema da interpretação e o dilema da resposta. O primeiro é resultante da percepção de incertezas envolvidas na condição existencial em que se encontra determinado objeto de referência. O segundo, é estabelecido como consequência dessa percepção (BOOTH; WHEELER, 2008).

Dessa forma, o processo de securitização tem, em um estágio preliminar, uma determinada questão ainda não politizada. Mas, ao passar por um estágio de politização, tal questão se torna- parte de uma política pública, demandando decisões governamentais ou alocação de recursos. Em outro extremo, o estágio de securitização a torna uma ameaça existencial, requerendo ações ou medidas emergenciais, ou seja, é uma intensificação da politização. Esse é um processo bilateral que ocorre com o emprego do ato da fala (speech act), evidenciando sua construção social (EMMERS, 2013).

A abordagem do ato da fala nos estudos de segurança guarda profunda relação com o discurso de poder de Foucault e pode ser dividido em três unidades básicas de análise: objetos de referência, atores de securitização e atores funcionais. Os aspectos dos objetos de referência já apresentados evidenciam um caráter interpretativo dos eventos ou da legitimidade de ações, que envolvem o campo do julgamento e da percepção. Os atores (ou agentes) de securitização são responsáveis por securitizar uma questão, ratificando que o objeto de referência 2 É um anglicismo que, em português, seria mais apropriado usar “assegurar”, para o ato relativo

à asseguração ou asseguramento (securitization, em inglês). No entanto, o termo “securitização” encontra-se bastante difundido no campo das RI, embora apresente uma definição totalmente distinta para o campo das finanças.

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57 esteja ameaçado, empregando o ato da fala. Esse tipo de ator pode ser representado por indivíduos, tais como líderes tribais e governantes, ou grupos, como governo, elite política, militares ou sociedade civil. O ator funcional apresenta-se igualmente capaz de influenciar as decisões no campo da segurança, mas afetando apenas a dinâmica de determinado setor do conflito (BUZAN; WEAVER; WILDE, 1998).

Por exemplo, em uma questão ambiental de um Estado, uma grande empresa pode ser entendida como um ator funcional por despejar poluentes no meio ambiente. Nessa questão, o objeto de referência pode ser representado por uma reserva natural ou rio, enquanto o ator de securitização pode ser uma Organizações Não Governamentais.

A influência que emana do ato da fala está intrinsecamente ligada ao poder, podendo ser associada ao conceito de poder brando (soft power), definido como “a capacidade de afetar outros, utilizando meios cooptativos de ajuste da agenda, persuasão e produção de atração positiva para a obtenção dos resultados preferidos” (NYE, 2012, 44). Afinal, como dizia Clausewitz (1780-1831), “a Guerra é um ato de força para compelir o inimigo a fazer nossa vontade” (tradução nossa) (CLAUSEWITZ, 1984, 75).

Buzan (2009, p. 30) ainda ratifica a relevância do poder como a essência da segurança, principalmente durante intensa confrontação, mas ressalta que assumir essa afirmativa como verdade absoluta pode gerar o risco de algum conflito tornar-se uma profecia autorrealizável3.

A distinção entre o poder para fazer algo (recursos transformacionais) e o poder sobre algo (recursos tangíveis e intangíveis) pode estabelecer fronteiras, como em um paradigma da dominação, que merece análise criteriosa para evitar inferências ou falsas suposições (KARLBERG, 2005). Contudo, observamos que o poder para fazer algo pode ser maior que o poder sobre algo. A distinção entre ambos, também denominados, respectivamente, poder efetivo e poder potencial, resulta de um hiato de poder proveniente de vulnerabilidades eminentemente econômicas (GONÇALVES, 2016).

Essa dominação tem sua essência no poder, o qual determina o comportamento dos próprios atores, conforme a visão Realista de Morgenthau (2003, p. 49): “a política internacional, assim como toda política, consiste de uma luta pelo poder”. O autor ainda traz reflexões sobre o equilíbrio de poder, também o relacionando com a competitividade.

Quanto ao ato da fala, deve-se enfatizar a sua relação com a audiência de securitização, essencial na legitimação de medidas emergenciais para a 3 O termo profecia autorrealizável foi cunhado por Robert Merton em 1948 para descrever uma

falsa definição de uma situação evocando um novo comportamento o qual faz com que uma concepção originalmente falsa se torne verdadeira. Por exemplo, se o Estado A acredita que B tem o poder para agredi-lo, então A ataca B e, devido ao ataque de A, B responde também atacando A (BIGGS, 2009).

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manutenção da segurança. Essa relação pode ser dividida em dois estágios: estágio da identificação e estágio da mobilização. O caso britânico, quando o Reino Unido se aliou aos Estados Unidos da América (EUA) na Guerra contra o Iraque em 2003, é emblemático. A inter-relação entre o ator de securitização (o governo britânico), representado pelo Primeiro-Ministro Tony Blair, e a audiência de securitização (opinião pública britânica) não estava totalmente consolidada. O público britânico estava de acordo com Tony Blair sobre a ameaça imposta pelo regime de Saddam Hussein (estágio de identificação), mas não concordava com o emprego da força militar para invadir o Iraque (estágio de mobilização), em que pese a decisão do Parlamento autorizando o mesmo (ROE, 2008).

No caso acima, o ato da fala falhou ao tentar securitizar as Armas de Destruição de Massa (ADM) iraquianas como uma ameaça ao Estado Britânico (objeto de referência). A coalizão norte-americana e britânica não obteve êxito ao convencer toda a comunidade internacional quanto à necessidade e legitimidade do conflito, fruto de uma grave deficiência no primeiro estágio do processo de securitização (estágio de politização) (EMMERS, 2013).

Após essa abordagem inicial para a identificação e classificação dos atores, com base nos fundamentos apresentados, não podemos deixar de observar os atores conforme a sua relevância, no que tange as respectivas capacidades de alterar (ou manter) a estrutura essencial do sistema, a qual será ampliada no próximo capítulo. Dessa forma, ainda podemos classificá-los, quanto à sua capacidade, como agentes de manutenção do status quo, de transformação interna e de transformação externa (BUZAN; WEAVER, 2003).

A análise de suas capacidades, mais especificamente das suas participações ativas no conflito, eventualmente conduz à categorização dos atores como amigos ou parceiros, adversários ou oponentes, neutros, spoilers (atuam sem um determinado partido na manutenção do conflito) ou beligerantes (contendores encontrados nas operações de paz) (UNITED KINGDOM,, 2013). Essa categorização pressupõe um relacionamento já estabelecido entre os atores, que será expandido posteriormente.

A classificação quanto à capacidade expõe uma dicotomia relacionada ao poder para fazer algo, discutido previamente. Pois, o comportamento de um ator pode ser julgado por suas participações efetivas nos conflitos ou controvérsias (ex-post), mas também antes delas (ex-ante) (NYE, 2012), apresentando o caráter dinâmico da sua categorização. Como exemplo, temos o posicionamento dos EUA na Questão da Palestina ao considerarem Jerusalém como Capital de Israel, deixando sua aparente neutralidade anterior. Essa dicotomia expõe uma variável nessa classificação dos atores que representa uma característica intrínseca de incerteza desse estudo, dificultando a visualização do seu real posicionamento. Assim, suas relações de “amizade” ou “inimizade” tendem a apresentar um caráter subjetivo e, por vezes, difuso.

No campo doméstico, podemos ainda ressaltar a relevância dos atores dispostos no arranjo da Trindade de Clausewitz, representada pelo governo, povo

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59 e militares, os quais demandam um equilíbrio contínuo (CLAUSEWITZ, 1984). O seu desbalanceamento pode gerar uma condição de instabilidade, como as encontradas, em governos autocráticos que concentram muito poder ou governo de elevada rejeição, que geram insatisfação popular intensa. Essas condições podem favorecer dissidências no governo ou entre militares, bem como lideranças emanadas do povo, que exacerbam essa instabilidade.

Assim, tão importante quanto responder o que mudou, é compreender porque mudou, ou seja, entender como se constituiu o conflito e todas as questões de segurança que o permeiam. Nesse sentido, os atores de securitização demonstram-se com um papel central nos conflitos, em que são responsáveis pelo ato da fala, alavancando-os. No entanto, os atores funcionais também têm sua relevância, atuando como agentes de transformação, com significativa contribuição na motivação e manutenção dos conflitos.

A identificação desses dois grupos de atores tem precedência sobre a categorização deles, a qual é mais dinâmica e resultante da anterior. Os fundamentos que revestem a própria gênese do conflito, principalmente, do processo de securitização, e a busca pelo equilíbrio de poder são as bases para a identificação e posterior classificação dos atores, bem como para uma abordagem mais compreensiva do ambiente, a qual demanda um estudo aprofundado das relações dos atores e do ambiente, que será desenvolvido a seguir.

Apesar disso, uma falha na identificação dos atores, pode ser resultante determinados vieses ou heurísticas4 empregados nessa fase inicial, mesmo que de forma inconsciente, que podem comprometer todo o estudo. Essas falhas cognitivas serão expandidas posteriormente neste trabalho.

3 A DEFINIÇÃO DA ESTRUTURA DO SISTEMA E DAS RELAÇÕES DOS ATORES O Liberalismo nas RI apresenta o estado com restrições no SI, como uma bola de um jogo de bilhar, mas ilustra a realidade de uma concepção sistêmica, composta não apenas de suas unidades, mas também de sua estrutura e interações ou relações de poder (BUZAN, 2009). Esse pressuposto teórico ajuda a melhor compreender como se define a estrutura do sistema que será estudado. Assim, a estrutura essencial do sistema fica representada pelo padrão na qual são avaliadas as mudanças nos complexos de segurança. Os três componentes dessa estrutura são: o arranjo entre suas unidades e a diferenciação entre elas; padrões de “amizade” e “inimizade”; e a distribuição de poder entre as principais unidades (BUZAN; WEAVER; WILDE, 1998).

Todavia, uma estrutura não se faz representar meramente por suas partes, mas também nas relações estabelecidas por essas partes, resultando em um todo maior que a soma de seus componentes (PAIVA; CUNHA, 2008)

4 A heurística é um artifício mental empregado para simplificar a busca de respostas, geralmente imperfeitas, para questões complexas. Tem origem na palavra grega eureka (KAHNEMAN 2011, 98).

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Para Buzan e Weaver (2003), tal estrutura estaria sujeita a quatro tipos de variáveis: o estabelecimento de fronteiras ou limites entre suas unidades; um arranjo anárquico composto de duas ou mais unidades; uma polarização que cobre a distribuição de poder entre as unidades; e a construção social que estabelece padrões de “amizade” e “inimizade”. Essas variáveis são fundamentais para uma melhor compreensão da dinâmica da estrutura. Ademais, os padrões mencionados e a distribuição de poder nessa estrutura serão uma consequência dos interesses envolvidos. Nesse sentido, coalizões ou alianças podem ser formadas, indicando relações de parceria ou “amizade”. Assim como, tensões podem resultar de conflitos de interesses na interação entre unidades adversárias ou oponentes. Tais relações buscam uma redistribuição de poder na direção de uma condição de equilíbrio do sistema (CAPLOW, 1959).

Em situação de conflito, essas relações serão intensificadas ou mitigadas, conforme os objetivos das partes interessadas. A polarização obtida deve ser distinguida da ideia de que unidades (grupos, sociedades ou estados) são boas ou más, pois não existe tal dualismo maniqueísta5. Em geral, são consideradas boas “aquelas que agem espontaneamente em perfeita harmonia com outras” (tradução nossa) (WALTZ, 2001, p. 39). Assim, o que ocorre é uma sintonia (ou dissintonia), seja parcial ou integral, de pensamento, ideologia ou mesmo de interesses envolvidos nessa relação entre as unidades, que resulta, geralmente, em uma polarização dos atores, conforme as respectivas inclinações para tais condições.

Para facilitar a compreensão dessa polarização, Wiggins e McThighe (2005) propõem a organização das unidades em grupos, como passo seguinte para se estabelecer uma representação gráfica dessa estrutura. Lawrence e Lorsch (1947) argumentam que uma organização ou sistema complexo pode ser definida em agrupamentos ou subsistemas comportamentais, onde são desenvolvidas determinadas tarefas. Assim, esses agrupamentos podem ser organizados de acordo com dois conceitos: o conceito de diferenciação que determina a segmentação dos atributos de cada subsistema; e o de integração, o qual estabelece a relação entre as tarefas desenvolvidas pelos mesmos.

Esse arranjo de agrupamentos pode ser identificado visualmente por cores ou mesmo alocados em posições distintas nesse dispositivo gráfico, facilitando a identificação de coalizões ou alianças, além dos componentes da estrutura essencial do sistema, como um todo. Desse modo, pode-se obter uma representação visual das interações das suas unidades, que contribuem para as reflexões subsequentes para a definição dessas relações.

Tais relações podem ser bilaterais ou unilaterais, representando características de violência, tensão, apoio (político, econômico ou militar) ou qualquer outro tipo de ligação, seja ela social ou cultural. Nessa abordagem das relações, observamos 5 O termo tem origem na filosofia cristã propagada por Maniqueu no séc. III, onde duas divindades

supremas presidiam o universo: o princípio do Bem e o do Mal ou a luz e as trevas (AGOSTINHO, 1995, p.15).

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61 uma fraqueza, por exemplo, da ameaça de que um parceiro ou aliado entre em colapso. Essa pode ser uma fonte de poder de barganha a ser explorada, reforçando as relações previamente estabelecidas (SCHELLING, 1980).

Esse poder de barganha, como outras forças que atuam em um sistema, pode ser visualizado pelo Modelo das Forças de Michael Porter, com cinco forças competitivas atuando nas partes interessadas (stakeholders) de um determinado ambiente e buscando sua hegemonia e predominância. Essas forças consistem da ameaça de novos entrantes (ou novos adversários), poder de barganha dos fornecedores, poder de barganha dos compradores, ameaça de produtos substitutos e a intensidade da rivalidade entre concorrentes (ou oponentes) (CHIAVENATO; SHAPIRO, 2004).

Porter nos proporciona essa perspectiva singular sobre as interações de atores em um conflito, que transcendem a mera competitividade já abordada e evidencia as forças que atuam em determinado sistema. Podemos considerar, por exemplo, novos entrantes como atores neutros que passaram a adotar um novo partido. Da mesma forma, os produtos substitutos como eventos ou tecnologias que possam alterar o status quo, como a obtenção de armamento nuclear. Assim, o Modelo de Porter demonstra-se como uma possível solução gráfica para a representação da relação entre atores.

Os mapas mentais podem ser uma opção de representação visual de um sistema, com atores ou stakeholders e suas relações. Esses mapas são manifestações gráficas do conceito de Pensamento Irradiante (Figura 1), que se refere ao processo de pensamento associativo realizado para conectar um ponto central, como naturalmente faz o cérebro humano (BUZAN, 1996).

Figura 1 - Mapa mental de atores e relações

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O Diagrama de Venn (Figura 2) pode ser também uma forma viável para representar visualmente todas as possibilidades lógicas de relações de um conjunto limitado de atores, em que as suas interseções seriam a representação gráfica dos inter-relacionamentos e interesses em comum (VENN, 1880). A sua limitação seria a dificuldade de visualização de atores e relações em condições de grande diversidade entre eles, bem como representar relações unilaterais, tornando-o menos eficiente nesses casos.

Figura 2 - Diagrama de Venn para representação de atores e suas relações

Fonte: VENN, 1880.

Por outro lado, o modelo de Diagrama de Venn pode evidenciar uma falha comum ao se estabelecer as relações entre os atores, que se torna mais difícil de ser detectada em outros tipos de representação gráfica. Essa falha, denominada falácia da conjunção (conjuction fallacy), ocorre quando a narrativa conduz a audiência ou o próprio analista a julgar que a conjunção de dois eventos é mais provável de ocorrer do que um deles isoladamente (KAHNEMAN, 2011). Nessa condição, o que se deseja saber de fato é “a probabilidade que um ator em um relacionamento social terá em certa posição para poder exercer sua própria vontade, apesar de resistências e desconsiderando qualquer fundamento para essa probabilidade” (tradução nossa) (WEBER, 1947, p. 152)6.

Quando à influência do julgamento da audiência ou do analista em determinada questão, os mesmos podem ainda estar sujeitos ao viés da associação (ou similaridade) pressuposta7, baseando suas decisões na similaridade com suas

experiências prévias (BAZERMAN, 2004).

6 Para Max Weber (1947), essa seria a própria definição de Poder.

7 Tendência a nos atrairmos a pessoas ou ideias similares às nossas, assim nos cercarmos daqueles que concordam conosco ou pensam da mesma forma.

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63 Quanto à probabilidade de ocorrência de um fato, Kahneman (2011) enfatiza a observância da heurística da representatividade no julgamento, ou seja, como uma informação pode ser considerada significativa para a tomada de decisão apenas por “aparecer” mais que outras8.

Portanto, as diversas perspectivas advindas do antagonismo social dos agentes oponentes, referindo-se aos pontos de vista de distintos observadores em relação ao objeto em questão, podem se denominadas lacunas de paralaxe (parallax gap) (ŽIŽEK, 2006)9. Essas perspectivas podem ser incrementadas pelas narrativas e distintas percepções, resultantes da paralaxe política. Tais narrativas podem ser entendidas como uma expressão do ato da fala, com o qual os atores de securitização exercem sua influência sobre a audiência.

Nassim Taleb (2010) observou que as pessoas são vulneráveis aos exageros de interpretações, bem como estão sujeitas às predileções por histórias compactas, em detrimento da íntegra dos fatos. Essa condição humana distorce severamente nossa representação do mundo e, por isso, ele a denominou falácia da narrativa (narrative fallacy), que representa nossa habilidade limitada para observar a sequência dos fatos, sem investigar a explicação dos mesmos, por vezes, forçando uma conexão lógica dentre eles. Ela nos dá uma falsa impressão da compreensão dos fatos.

Essa distorção é causada pela imperfeição da informação, onde justamente as narrativas são construídas e exercem influência sobre as respectivas audiências. Esse efeito das narrativas nos grupos sociais é catalizador do processo de securitização, devido ao chamado social priming10, que é influência de eventos ou

situações no julgamento, avaliações ou ações sociais (MOLDEN, 2014). Tal efeito resulta nos problemas de percepção, haja vista que a compreensão se estabelece de forma distinta entre indivíduos ou coletividades humanas. Na sua forma coletiva é normalmente denominado de senso comum (UNITED KINGDOM,, 2016).

Buzan (2009, p. 269) estabelece dois componentes para o problema da percepção: o primeiro, que define a perspectiva, refere-se à localização do observador em relação ao objeto em análise e o segundo, a constituição interna do observador. Adicionalmente, o primeiro varia tanto no espaço, como no tempo e o segundo reflete a sua capacidade sensorial, memória histórica e condição psicológica.

8 Kahneman (2011, p. 85) define o acrônimo WYSIATI, relativo à expressão em inglês para “o que você vê é tudo o que é” (tradução nossa), salientando essa condição. Essa expressão relembra que a forma de entrega da informação importa mais para uma boa história do que sua própria consistência.

9 Slavoj Žižek usa o termo visão de paralaxe (parallax view) como uma metáfora do termo empregado para o fenômeno óptico que dá ao observador a percepção distinta de um objeto a partir da modificação do ângulo de visão do mesmo (posição do observador).

10 O termo é uma particularização do priming effect, que está relacionado às impressões iniciais dos indivíduos a partir de determinado estímulo, que resulta em mecanismo de associação automática de pensamento. Ex: a palavra azul, associada à céu. (KAHNEMAN 2011, 52).

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A declaração do General McChrystal, ex-comandante da Força de Assistência de Segurança Internacional (International Security Assistance Force – ISAF) no Afeganistão entre 2009 e 2010, ilustra bem a relevância da narrativa e os atuais problemas de percepção.

A coisa mais importante é convencer o povo afegão. Essa é uma guerra de percepções. Não é uma guerra física em termos de quantas pessoas você mata, quanta terra você conquista ou quantas pontes você explode. Está tudo nas mentes dos participantes (tradução nossa) (SHANKER, 2010).

Para mitigar os problemas de percepção pode ser estabelecido um Estado-Maior (EM) (staff) com componentes de formação, histórico ou mesmo culturas distintas.

Assim, a narrativa e suas percepções evidenciam a questão da imperfeição das informações e as incertezas que geram. Portanto, para realmente entendermos o significado de algo, um evento ou uma situação, devemos observá-los em relação a outros, como funcionam, quais suas consequências, suas causas e como podem ser usados. Daí uma importante distinção entre conhecimento e compreensão deve ser estabelecida. A primeira seria um conjunto de significados de fatos e a segunda, ao significado de um ou mais fatos combinados. Podemos fazer uma analogia, com uma parede de azulejos de cores preta e branca. Cada azulejo seria um fato e o arranjo deles na parede seria a compreensão (WIGGINS; MCTHIGHE, 2005).

Os fatos são elementos básicos da informação, a qual vêm transformando o mundo pós-westfaliano. A Revolução da Informação, alavancada pelo advento da internet, é responsável por uma abundância da informação, mas também capaz de pressionar as hierarquias burocráticas que desejam a manutenção do status quo, bem como substituí-las por novas organizações em rede. Desse modo, os estados tornam-se menos fundamentais para as vidas das pessoas. Essas entidades talvez não sejam capazes de se opor diretamente aos estados, mas criam novas riquezas, novas coalizões e novas atitudes (NYE, 2012).

Um exemplo emblemático pode ser dado com declarações exageradas sobre as ADM de Saddam Hussein e seus vínculos com a Al Qaeda, que podem ter contribuído para o apoio doméstico no Reino Unido para a Guerra do Iraque (2003), inebriado pela incerteza que dominava a questão. Todavia, a posterior revelação desse exagero resultou na perda da credibilidade britânica e norte-americana junto à comunidade internacional. Assim, ratificamos que a atenção à informação obtém maior relevância do que o seu conteúdo propriamente dito, tornando-se uma fonte de poder para aqueles que controlam essa atenção, os “donos” das narrativas (NYE, 2012).

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65 A análise das relações dos atores requer a compreensão e a delimitação da estrutura do sistema que integram. Os pilares dessa estrutura são: a distinção de suas unidades, os agrupamentos ou coalizões estabelecidas conforme os interesses envolvidos e a distribuição de poder na mesma.

Dessa forma, a definição das relações dos atores pode ser melhor representada de forma gráfica, seja por mapas mentais, diagramas de Venn ou mesmo pelo modelo de Porter, conforme a complexidade da estrutura. Entretanto, essas relações estarão sujeitas às imperfeições das informações e às incertezas do sistema, afetando os seus apropriados julgamentos. A informação é um elemento chave na identificação das relações dos atores, bem como suas relações com o ambiente.

4 A ANÁLISE DAS RELAÇÕES ENTRE ATORES E DESTES COM SEU AMBIENTE

Para análise das relações dos atores, as informações que permeiam a questão de um conflito em todo o sistema devem ser devidamente organizadas. De acordo com Harari (2015), a informação é o catalizador das relações humanas, responsável por relações de confiança e cooperação, por exemplo, capaz de estabelecer padrões de “amizade” ou “inimizade”. Assim, Buzan (2009) argumenta que a segurança das coletividades humanas é afetada por fatores divididos em cinco grandes setores, político, militar, econômico, social e ambiental. Dessa forma, a análise desses fatores contribui para uma melhor compreensão das interações entre as unidades do sistema, bem como suas relações com o ambiente.

Segundo a doutrina conjunta dos EUA (2017), a perspectiva sistêmica do ambiente operacional provê, para o nível estratégico de condução da guerra, uma visão holística dos relacionamentos e interdependências entre sistemas ou subsistemas. Esses, por sua vez, são compostos basicamente por aspectos, que recebem o acrônimo em inglês PMESII, relativos aos setores políticos, militares, econômicos, sociais, de informação e de infraestrutura, guardando forte similaridade com o que é proposto por Buzan.

As metodologias aplicadas nessa abordagem analítica são apenas ferramentas para estruturar a análise. Portanto, podem ser usadas, além da PMESII, a ASCOPE (áreas, estruturas, capacidades, organização, pessoas ou eventos) e outras difundidas também no mundo corporativo, como o PESTLE (político, econômico, social, tecnológico, legal e ambiental) e suas variantes ou o SWOT, que analisa os ambientes interno (forças e fraquezas) e externo (oportunidades e ameaças) (UNITED KINGDOM, 2013).

Se analisarmos os setores como um sistema ou rede interconectada, onde seus nodos ou conexões se inter-relacionam, podemos observar a validade da Lei de Metcalf a qual define que “a utilidade ou valor de uma rede é proporcional ao quadrado do número de seus usuários” (DOWNES; MUI, 2000, p. 24). Sob essa

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perspectiva, quanto maior o número de conexões, maior é a importância dessa rede ou sistema. A Teoria das Redes explora bem esse aspecto das relações, empregando modelos gráficos específicos para esse tipo de análise, que vem ganhando maior relevância com a crescente conectividade e o incremento da globalização (OH; MONGE, 2016).

Para tal, uma técnica difundida pela OTAN para a análise dos fatores de cada setor é a da Matriz de Três Colunas: na primeira coluna ficam dispostos os fatores a serem analisados; na segunda são efetuadas as deduções referentes às implicações desses fatores; e na terceira os resultados alcançados por esses fatores que requerem ação no planejamento ou maiores análises (NORTH ATLANTIC TREATY ORGANIZATION, 2013) (Organização dos Tratados do Atlântico Norte-OTAN). Não podemos esquecer que o processo mental envolvido na utilização de cada coluna está sujeito às heurísticas e vieses, alguns já apresentados na seção anterior. Na primeira coluna, por exemplo, a própria seleção dos fatos, que possuem pertinência para análise como objeto de estudo, pode ser resultante de uma relação descontrolada do analista com a seleção dos fatos (BOURDIEU, 1980). Nas demais, podemos também observar os reflexos das “ilusões” cognitivas apontadas previamente.

Nesse contexto, uma falha comum é o efeito de compartimentação (silo effect), que descreve a tendência da vida moderna em dividir as tarefas para facilitar o trabalho dos indivíduos. Nessa concepção, da mesma forma que estruturas físicas e de uma organização (como em departamentos), nosso estado mental ou grupos sociais também tendem a ser divididos, não considerando suas importantes interações. Esse efeito resulta em uma “visão de túnel” (tunnel vision) nas análises dos setores já apresentados (TETT, 2015). Essa “visão de túnel” ocorre em atividades complexas, em que a sobrecarga mental pode gerar falhas na percepção de informações adicionais e relevantes, especialmente sob pressão de tempo, típico do ambiente de trabalho de um EM. Esse efeito na percepção também é conhecido como “cegueira da desatenção” (inattencional blindness). Chabris e Simons (2011) demonstraram que cerca de 50% das pessoas estão sujeitas a esse efeito em atividades que exigem significativa concentração. Para minimizar esse efeito pode-se distribuir o trabalho realizado por todo o EM durante essa fase de elevado desgaste.

Outra falha é comum quando o analista observa decisões tomadas, sujeitas ao chamado viés dos resultados (outcome bias), que é a tendência de culpar os tomadores de decisão por boas decisões que não foram bem-sucedidas e dando pouco crédito por bons resultados, os quais parecem óbvios após a realização do fato (KAHNEMAN, 2011).

Um outro efeito pernicioso nas análises de um conflito é o do viés da previsão retrospectiva (hindsight bias), que se refere à tendência das pessoas em exagerar a avaliação realizada sobre a probabilidade da ocorrência de um determinado evento antes de ter acontecido, proporcionando uma percepção do tipo “eu já sabia” (BAZERMAN, 2004).

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67 Assim, a Matriz de Três Colunas permite efetuar uma revisão das análises realizadas a qualquer momento do processo, provendo uma característica cíclica ao mesmo. Essa ferramenta também permite que o processo seja contínuo, haja vista que o próprio ambiente e seus atores tenham características dinâmicas. Demonstra-se igualmente flexível, dada a complexidade do ambiente, pois não possui rigidez no método de análise, estruturando apenas o esforço cognitivo empregado nesse processo.

5 CONCLUSÃO

As transformações no SI pós-Guerra Fria alavancaram uma visão mais crítica, fundamental para a complexidade dos conflitos atuais. Portanto, nas etapas preliminares do estudo dos atores, podemos encontrar dificuldades para identificá-los e classificá-identificá-los.

Para tal, a necessidade de se avaliar o nível de análise que se deseja, bem como delimitar o complexo de segurança que estabelece o equilíbrio de poder buscado, já representa um desafio, uma vez que o ambiente do conflito pode não representar, necessariamente, um jogo de “soma zero”, mas uma condição intensa de rivalidade ou competição. Nesse sentido, uma eficiente compreensão de como se desenvolve o processo de securitização nesse ambiente torna-se uma ferramenta importante para a realização desse passo.

Como segunda etapa, a definição da estrutura do sistema e das relações dos atores também podem representar desafios adicionais. Variáveis como a distribuição do poder ou os padrões de “amizade” ou “inimizade” demandam reflexões profundas, pois estão de fato relacionadas aos alinhamentos de pensamento, ideologia ou de interesses envolvidos nas relações, tornando inclusive sua representação gráfica uma árdua tarefa.

Na etapa final do estudo dos atores, os métodos de análise empregados nas relações de atores e seus ambientes estão sujeitos a algumas “ilusões” cognitivas, fruto do intenso processo mental envolvido. Dessa forma, um EM diversificado, realizando seu trabalho com grupos que se interagem permanentemente, representa uma das soluções que podem ser empregadas para mitigar falhas nesse processo.

Finalmente, o estudo dos atores demanda uma metodologia flexível, dada a complexidade do ambiente, bem como pelas dificuldades que são necessárias à sua plena compreensão. A Matriz de Três Colunas provê essa flexibilidade, sendo possível registrar todas as análises realizadas, possibilitando a revisão das mesmas em qualquer momento do processo, demonstrando também a característica cíclica do mesmo. Nesse mesmo sentido, essa metodologia apresenta uma característica contínua, uma vez que esse ambiente é extremamente dinâmico, buscando sempre seu próprio equilíbrio.

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Recebido em: abr. 2020 Aceito em: jun. 2020

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Figura 1 - Mapa mental de atores e relações
Figura 2 - Diagrama de Venn para representação de atores e suas relações

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