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Obesidade, ocupação dos tempos livres e percepção da imagem corporal em crianças e adolescentes da Escola Básica 2, 3 de S. Torcato - Guimarães

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2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

Obesidade, Ocupação dos Tempos Livres e

Percepção da Imagem Corporal em Crianças e

Adolescentes da Escola Básica 2, 3 de S.

Torcato – Guimarães.

Mónica Ribeiro

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2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

Obesidade, Ocupação dos Tempos Livres e

Percepção da Imagem Corporal em Crianças e

Adolescentes da Escola Básica 2, 3 de S. Torcato

- Guimarães

Mónica Ribeiro

Orientadora: Eduarda Coelho

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Dissertação apresentada à UTAD, no DEP – ECHS, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física dos Ensino Básico e Secundário, cumprindo o estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos de 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação da Professora Eduarda Coelho.

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No aconchego do meu quarto fui delineando o projecto que hoje apresento. A sós, por entre livros e artigos científicos, nasceu a ideia, que foi sendo aperfeiçoada.

Agradeço a todos aqueles que cruzaram o meu caminho e, consciente ou inconscientemente, me ajudaram a tornar o sonho possível.

Aos meus Pais e ao meu Irmão, que me proporcionaram as oportunidades de estudo

que me permitiram chegar até aqui, pelo apoio e incentivo em todos os momentos.

Para eles as palavras de agradecimento serão sempre insuficientes, eles são tudo!

À Professora Eduarda Coelho, pela orientação, ensinamentos e disponibilidade.

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Nas últimas décadas temos assistido em todo o mundo, a um aumento da obesidade a uma velocidade aterradora, o que a tornou uma das mais recentes epidemias à escala mundial, cuja prevalência aumenta particularmente nas crianças e adolescentes. Vários estudos comprovam que a forma como os jovens ocupam os seus tempos livres (actividades sedentárias e exercício físico) e a imagem corporal que têm de si próprios (percepcionada e insatisfação) estão relacionados com a obesidade. Desta forma, este estudo teve como objectivo relacionar a ocupação dos tempos livres e a percepção da imagem corporal com a obesidade. A amostra é constituída por 529 jovens, 284 do sexo masculino e 245 do feminino com idades decimais compreendidas entre os 10,47 e os 17,29 anos (13,26±1,59). Para a recolha de dados, relativamente à ocupação dos tempos livres, prática de exercício físico e imagem corporal, foi utilizado um questionário, baseado no questionário de Health Behaviour in School-aged Children (HBSC) e já utilizado em vários estudos no âmbito do projecto de Estratégias Locais de Saúde (ELSa). Na avaliação da percepção da imagem corporal foi utilizado o conjunto de silhuetas de Collins e para o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) foram recolhidos o peso e a altura e utilizados os valores de corte de Cole et al. para definir o grau de obesidade. Como resultados do nosso estudo verificamos que existem diferenças, estatisticamente, significativas na imagem corporal percepcionada segundo a prevalência de obesidade (p=0,000) e na insatisfação da imagem corporal segundo a prevalência de obesidade (p=0,000). Os indivíduos obesos percepcionaram-se como mais gordos e sentem-se mais insatisfeitos com a imagem corporal do que os normoponderais, principalmente pelo excesso de peso. Relativamente às actividades de tempos livres verificaram-se diferenças, estatisticamente, significativas segundo o sexo nas actividades: número de horas que jogam jogos durante a semana e ao fim-de-semana, que estão na internet durante a semana e ao fim-de-semana, estão com os amigos durante a semana e ao fim-de-semana. Os rapazes apresentam valores mais elevados nos jogos electrónicos à semana 3,01 (±1,61) e ao fim-de-semana 3,31 (±1,65), na internet à semana 3,46 (±1,63) e ao semana 3,49 (±1,67) e no número de horas que estão com os amigos ao fim-de-semana 3,31 (±1,65). Também se verificaram diferenças estatisticamente significativas nas actividades de tempos livres segundo os ciclos de ensino, no número de horas que vêem televisão durante a semana e ao fim-de-semana, na internet durante a semana e ao fim-de-semana, a estudar ao fim-de-semana e no estar com os amigos ao fim-de-semana. Verificou-se que em todas estas actividades os alunos do 3º ciclo apresentam valores mais altos, à excepção de estudar ao fim-de-semana em que os alunos do 2º ciclo apresentaram valores superiores. Ao analisar a prática de exercício físico verificaram-se diferenças estatisticamente significativas segundo o sexo (p=0,000) e segundo os ciclos de ensino (p=0,000). A maioria dos rapazes e os alunos do 3º ciclo praticam mais horas de exercício físico por semana. A imagem percepcionada e a insatisfação com a imagem corporal foram as únicas variáveis que se relacionaram com a obesidade nos jovens. As estratégias de intervenção para a redução da obesidade devem contemplar também a promoção de uma imagem corporal positiva.

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In recent decades we have assisted all over the world to the development of obesity at a terrifying rate, which made it one of the recent pandemic worldwide, whose prevalence increases particularly in children and adolescents Multiple studies prove that the way young people occupy their leisure time (sedentary activities and physical exercise) and body image that have themselves (perceived and insatisfaction) are related to obesity. Thus, this study aimed to relate the occupation of leisure time and the perception of body image with obesity. The sample consists of 529 young people, 284 male and 245 female with decimals ages between 10.47 and 17.29 years (13.26 ± 1.59). For the collection of data regarding the occupation of leisure time, the practice of physical exercise and body image, was used a questionnaire, based on questionnaire of Health Behaviour in School-aged Children (HBSC) and already used in several studies within the framework of the project Estratégias Locais de Saúde (ELSa). In assessing the perception of body image was used the set of silhouettes of Collins and the calculation of body mass index (BMI) were collected the weight and height and used the cutting values of Cole et al. to define the degree of obesity. As results of our study we verify that there are differences, statistically significant, in body image perceived according to the prevalence of obesity (p=0.000) and body image dissatisfaction according to the prevalence of obesity (p=0.000). The obese individuals perceptioned himselves as fatter and they feel more dissatisfied with body image than the normal weight, mainly by excess weight. Relatively to the leisure activities were verify differences statistically significant according to sex type in the activities: number of hours playing games during the week and at weekends, which are on the internet during the week and at weekends, are with friends during the week and at weekends. The boys have higher values in playing electronic games at the week 3.01 (± 1.61) and at the weekend 3.31 (± 1.65), on the internet at the week 3.46 (± 1.63) and at the weekend 3.49 (± 1.67) and on the number of hours that are with the friends at the weekend 3.31 (± 1.65). Also there were diferences statistically significant in leisure activities in accordance with the educational cycles, in the number of hours they see television during the week and at weekends, on the internet during the week and at weekends, studying at the weekend and be with friends at weekends. It was found that in all these activities students of 3rd cycle have higher values, with the exception of study at the weekend in which students of 2nd cycle showed higher values. To analyze the practice of physical exercise were verified diferences statistically significant according to sex type (p=0.000) and according the cycles of higher education (p=0.000). Most boys and 3rd cycle students practice more hours of exercise per week. The image perceived and insatisfaction with body image were the only variables that related with obesity in young people. The intervention strategies to reduce obesity should include also the promotion of a positive body image.

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Introdução... ... 1

Revisão da Literatura ... 5

Capítulo I – Obesidade... 7

1. Definição de Obesidade... 7

1.1. Prevalência de Obesidade... 9

1.2. Métodos de Avaliação da Obesidade... 13

1.2.1. Métodos Complementares... 16

1.3. Principais Causas da Obesidade... 17

1.4. Consequências da Obesidade... 21

Capítulo II – Imagem Corporal... 24

2. O Corpo e Imagem Corporal... 24

2.1. Percepção da Imagem Corporal... 25

Capítulo III – Ocupação dos Tempos Livres... 28

3. Ocupação dos Tempos Livres... 28

Capítulo IV – Actividade Física... 32

4. Actividade Física... 32

Metodologia... 35

5. Caracterização da Amostra... 37

6. Critérios de Selecção da Amostra... 37

7. Definição das Variáveis de Estudo... 38

8. Instrumentos e Materiais Utilizados... 38

8.1. IMC... 38

8.2. Questionário de Estilos de Vida... 38

9. Procedimentos... 39

10. Tratamento Estatístico... 40

Apresentação e Discussão dos Resultados... 41

11. Análise Descritiva... 43

11.1. Imagem Corporal... 43

11.2. Actividades de Tempos Livres... 45

11.3. Prática de Exercício Físico... 46

11.4. Prevalência de Obesidade... 46

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12.1.2. Segundo o Sexo... 49

12.1.3. Segundo os Ciclos de Ensino... 49

12.2. Insatisfação com a Imagem Corporal... 50

12.2.1. Segundo a Prevalência de Obesidade... 50

12.2.2. Segundo o Sexo... 51

12.2.3. Segundo os Ciclos de Ensino... 52

12.3. Actividades de Tempos Livres... 53

12.3.1. Segundo a Prevalência de Obesidade... 53

12.3.2. Segundo o Sexo... 54

12.3.3. Segundo os Ciclos de Ensino... 55

12.4. Prática de Exercício Físico... 56

12.4.1. Segundo a Prevalência de Obesidade... 57

12.4.2. Segundo o Sexo... 58

12.4.3. Segundo os Ciclos de Ensino... 58

13. Análise Correlacional... 59

14. Discussão dos Resultados... 61

14.1. Análise Descritiva... 61

14.1.1. Imagem Corporal... 61

14.1.2. Actividades de Tempos Livres... 61

14.1.3. Prática de Exercício Físico... 62

14.1.4. Prevalência de Obesidade... 63

14.2. Análise Comparativa... 64

14.2.1. Imagem Corporal... 64

14.2.1.1. Segundo a Prevalência de Obesidade... 64

14.2.1.2. Segundo o Sexo... 64

14.2.1.3. Segundo os Ciclos de Ensino... 65

14.2.2. Insatisfação com a Imagem Corporal... 65

14.2.2.1. Segundo a Prevalência de Obesidade... 65

14.2.2.2. Segundo o Sexo... 66

14.2.2.3. Segundo os Ciclos de Ensino... 66

14.2.3. Actividades de Tempos Livres... 67

(13)

14.2.4. Prática de Exercício Físico... 69

14.2.4.1. Segundo a Prevalência de Obesidade... 60

14.2.4.2. Segundo o Sexo... 70

14.2.4.3. Segundo os Ciclos de Ensino... 71

14.3. Análise Correlacional... 71

Conclusões e Propostas Futuras... 73

Bibliografia... 79

Anexos... 95

Anexo 1 – Pedido de Autorização aos Encarregados de Educação... 97

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Quadro 1 - Prevalência do excesso de peso e obesidade nos jovens dos países da

Europa baseados nos pontos de corte usados internacionalmente para classificar

dados do IMC, para a idade e sexo (adaptado de WHO European Office, 2008)... 11

Quadro 2 - Classificação da obesidade segundo o IMC (OMS, 2000)... 14

Quadro 3 - Classificação da obesidade através do IMC, segundo valores de corte específicos, para idades compreendidas entre os 2 e os 18 anos (Cole, Bellizzi, Flagel & Dietz, 2000)... 15

Quadro 4 - Valores de referência do perímetro da cintura (Fonte: WHO, 1995)... 16

Quadro 5 - Caracterização da idade da amostra... 37

Quadro 6 - Imagem corporal percepcionada... 43

Quadro 7 - Imagem corporal desejada... 44

Quadro 8 - Insatisfação dos Jovens relativamente à sua imagem corporal... 44

Quadro 9 - Actividades de Tempos Livres... 45

Quadro 10 – Prática de Exercício Físico... 46

Quadro 11 - Prevalência de Obesidade segundo o sexo... 47

Quadro 12 - Imagem corporal percepcionada segundo a prevalência de obesidade... 48

Quadro 13 - Imagem corporal percepcionada segundo o sexo... 49

Quadro 14 - Imagem corporal percepcionada segundo os ciclos de ensino... 50

Quadro 15 - Insatisfação com a imagem corporal segundo a prevalência de obesidade.. 51

Quadro 16 - Insatisfação com a imagem corporal segundo o sexo... 52

Quadro 17 - Insatisfação com a imagem corporal segundo os ciclos de ensino... 52

Quadro 18 - Ocupação dos Tempos Livres segundo a Prevalência de Obesidade ... 54

Quadro 19 - Ocupação dos Tempos Livres segundo o sexo... 55

Quadro 20 - Ocupação dos Tempos Livres segundo os Ciclos de Ensino... 56

Quadro 21 – Prática de Exercício Físico segundo a Prevalência de Obesidade... 57

Quadro 22 – Prática de Exercício Físico segundo o Sexo... 58

Quadro 23 – Prática de Exercício Físico segundo os Ciclos de Ensino... 59

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I

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Ao longo dos anos fomos assistindo a mudanças que foram ocorrendo de forma gradual na nossa sociedade e que incutiram alterações nos hábitos de vida das pessoas. Com o avanço tecnológico, tudo se tornou mais fácil, e o homem passou a utilizar cada vez menos as suas potencialidades corporais, passando a fazer parte do quotidiano de muitas sociedades o estilo de vida sedentário. Nas últimas décadas temos assistido, em todo o mundo, ao desenvolvimento da obesidade a uma velocidade aterradora, o que a tornou uma das mais recentes epidemias à escala mundial (Neto, 2006). Esta realidade leva-nos a ser confrontados diariamente com o tema obesidade, dando-nos a perceber que a população está cada vez mais pesada e em muitos casos obesa, sendo alarmantes as taxas de obesidade nos jovens.

A obesidade é considerada uma das características das sociedades modernas, fruto de factores genéticos, sociais, culturais, comportamentais e de interacção entre estes. O excesso de peso nas crianças e jovens apresenta uma etiologia multifactorial, no entanto, o aumento da prevalência global de obesidade nos jovens, demonstra que os factores ambientais, particularmente os factores ligados à alimentação e à actividade física, são centrais para o combate à obesidade. A obesidade é uma doença que traz consigo múltiplas complicações, sendo as mais comuns a diabetes mellitus, a hipertensão arterial, as dislipedemias, as alterações osteomusculares e o incremento da incidência de alguns tipos de cancro e dos índices de mortalidade (Lopez & Ribeiro, 2001). Ao nível psicológico, a obesidade pode provocar um défice de auto-estima, de auto-confiança, fraca imagem corporal, isolamento social, sentimentos de rejeição, depressão e insucesso escolar (Mourão-Carvalhal, 2008). Normalmente, os jovens obesos têm menos amigos do que as crianças com peso normal, pois o preconceito que existe face à obesidade não é baseado nos riscos que traz para a saúde, mas é atribuído à personalidade, estando estas crianças esteriótipadas como sendo preguiçosas, pouco asseadas e com elevado grau de insucesso.

A actividade física (AF) assume um papel importante na promoção de um estilo de vida saudável e no desenvolvimento e crescimento equilibrado dos jovens. É importante a aquisição de hábitos regulares de AF na infância, pois aumentam a probabilidade de termos adultos activos e saudáveis. No entanto, os jovens estão a tornar-se cada vez mais sedentários realizando actividades no seu dia-a-dia que exijam o mínimo esforço possível. A AF, que tantos benefícios apresenta para a saúde, fica por vezes um bocado de parte. Nos dias de hoje, os jovens raramente vão a pé para a escola, e passam grande parte do dia com actividades de tempos livres maioritariamente sedentárias e pouco saudáveis, como ver televisão, a utilizar o computador e a internet, no telemóvel e a jogar jogos electrónicos. Os estilos de vida modernos dos jovens, é um

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Padez, Moreira & Rosado, 2006). A AF é um elemento fundamental no controlo do peso corporal e na diminuição do risco de algumas doenças. É necessário combater o sedentarismo, ocupando os tempos livres dos jovens com actividades motoras, sendo este um meio essencial da educação de hoje e da vida, e ao mesmo tempo promove-se o desenvolvimento integral dos jovens.

Actualmente, na sociedade em que estamos inseridos, verifica-se uma verdadeira divinização do corpo belo, onde a beleza, juventude e perfeição física são objectivos a atingir. Para ser belo é quase necessário ser magro, logo os jovens com excesso de peso ou obesidade, sofrem vários tipos de discriminação na sociedade. Os jovens obesos, normalmente apresentam sentimentos de insegurança em relação aos outros e é frequente possuírem uma imagem corporal distorcida (Correia, 2003). Os adolescentes têm como referência corpos magros e belos, e quando dessa comparação resulta uma grande diferença, surge um sentimento de desadaptação que se associa a uma distorção na percepção da imagem corporal. Estamos inseridos numa sociedade onde a aparência, a beleza, a juventude e a perfeição física são fundamentais, não havendo lugar para a obesidade.

Assim, este estudo tem como objectivo geral relacionar a ocupação dos tempos livres e a percepção da imagem corporal com a obesidade. Face ao objectivo geral, foram definidos os seguintes objectivos específicos:

(1) Comparar as actividades de tempos livres e a percepção de imagem corporal segundo a prevalência de obesidade;

(2) Comparar as actividades de tempos livres e a percepção de imagem corporal segundo o género;

(3) Comparar as actividades de tempos livres e a percepção de imagem corporal segundo os diferentes ciclos de ensino (2º e 3º);

(4) Verificar a associação entre as actividades de tempos livres e a percepção de imagem corporal com o IMC.

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1. Definição de Obesidade

“It often takes years for obesity to develop, but once there it is hard to treat” (Lindahl, 2001:80)

A saúde e a longevidade do indivíduo é ameaçada quando ele está em excesso de peso, pois o sobrepeso e a obesidade aumentam o risco de desenvolver outras doenças. Desta forma, a obesidade é uma doença que constitui um importante factor de risco para o aparecimento, desenvolvimento e agravamento de outras doenças. A prevalência da obesidade está a aumentar por todo o mundo, estando crianças e adultos a ser afectados (Antipatis & Gill, 2001).

A obesidade é considerada uma doença, devido a um distúrbio relacionado com determinados factores que podem desequilibrar o balanço energético. Estes factores podem ser externos, como é o caso da tecnologia que impede o gasto energético, ou factores internos, como é o caso dos factores genéticos, em que o pai ou a mãe são obesos e os filhos herdam esta característica (Leite, 1996).

A obesidade é uma doença, onde existe uma acumulação excessiva de gordura corporal de tal modo, que compromete a saúde (Leão, Araújo, Moraes & Assis, 2003). Um peso corporal maior está associado a um risco de mortalidade maior, assim como o aparecimento de várias doenças (Bray, 2003).

“A obesidade é considerada como o maior problema reversível de saúde no mundo, com mais de 1 bilião de pessoas com excesso de peso e 300 milhões de obesos sendo o resultado da combinação explosiva de dietas hipercalóricas e comportamentos sedentários” (Neto, 2006,

p.1).

Segundo a Organização Mundial de Saúde [OMS] (2000), a obesidade é definida como uma condição anormal de excesso de gordura acumulada no tecido adiposo, que coloca em perigo a saúde do indivíduo. Para Sobal (2001), a obesidade pode ser definida como o armazenamento no corpo de altos níveis de gordura. O excesso de gordura resulta de sucessivos balanços energéticos positivos, em que a quantidade de energia ingerida é superior à quantidade de energia dispendida. Os factores que determinam este desequilíbrio são complexos e incluem

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factores genéticos, metabólicos, ambientais e comportamentais. Esse balanço positivo de energia reflecte a longo prazo um excessivo ganho de peso (Heymsfiel, Hoffman, Testolin & Wang, 2001).

De acordo com a International Obesity Task Force (IOTF), a obesidade é uma condição complexa de dimensões sociais, biológicas e psicossociais, podendo afectar qualquer pessoa de qualquer idade ou grupo sócioeconómico, em qualquer parte do mundo (Santos, 2004). Pode ser definida como um aumento exagerado de reservas lipídicas armazenadas no tecido adiposo, ou seja, é a quantidade percentual de gordura acima do qual o risco de doenças aumenta (Américan College of Sports Medicine [ACSM], 2006).

Segundo Fisberg (2005), a obesidade é uma doença genética, com origem em vários pares de genes, sendo modificada pelo meio ambiente. O indivíduo pode ter a predisposição genética para ser obeso, mas o estilo de vida vai ser o principal factor que determinará se o indivíduo será ou não obeso.

Para alguns autores, a obesidade também pode ser classificada como endógena ou exógena (Brownell, 1995). A obesidade endógena está relacionada com alterações endocrinometabólicas, hipotalâmicas, genéticas, neuropsicológicas e por acção farmacológica. A obesidade exógena resulta de uma ingestão excessiva de calorias ou gastos reduzidos, e está associada a factores dietéticos, educacionais, sociais e ecológicos (Wesser & Young, 1983).

Os indivíduos obesos diferem não apenas pelo excesso de peso mas também pela distribuição de gordura pelo corpo. Assim, atendendo a esta distribuição podemos ter a obesidade andróide e a genóide. A obesidade andróide caracteriza-se por uma excessiva acumulação de gordura na zona abdominal, sendo mais comum nos homens (Silva & Sardinha, 2008). É considerada de elevado risco para a saúde, pois está associada a doenças cardiovasculares (Thompson, 1997), dislipidémias, hipertensão (Bjomtorp, 1995), diabetes tipo 2 e outras comorbilidades (Silva & Sardinha, 2008). A obesidade genóide está associada a um menor risco de doença, caracteriza-se por uma acumulação excessiva de gordura na metade inferior do corpo, particularmente na região glútea e coxas, característica do sexo feminino. Está associada, sobretudo, a alterações circulatórias e hormonais (OMS, 2004).

Apesar da relação entre obesidade e sobrepeso, é importante diferenciar esses dois termos, que muitas vezes são utilizados de forma errada como sinónimos. A obesidade é o acúmulo excessivo de energia armazenado sob a forma de gordura no organismo, enquanto o sobrepeso é o aumento excessivo de peso corporal em relação à altura (Bouchard, 2003).

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1.1. Prevalência da Obesidade

A prevalência do excesso de peso e da obesidade está a aumentar em todo o mundo, tendo taxas de incidência muito alarmantes (WHO European Office, 1997). Segundo a OMS (2004), há mais de 300 milhões de obesos no mundo, e destes, um terço está nos países em desenvolvimento. A OMS considera a obesidade um dos dez principais problemas de saúde pública do mundo, cuja prevalência aumenta particularmente nas crianças e adolescentes (Pertroski, 2007). O surgimento desta doença nestas idades é muito grave, pois a obesidade tende a persistir na idade adulta. Desta forma, a obesidade é uma doença que resulta de factores sociais e biomédicos e apresenta maior prevalência entre países industrializados e desenvolvidos (Silva et al., 2008).

Um estudo realizado pelo Internacional Group of Obesity, mostrou que cerca de 155 milhões de crianças em todo o mundo sofrem de excesso de peso (que corresponde a uma em cada dez). Através de uma pesquisa mundial, com 97.876 meninos e 94.851 meninas, onde se avaliou a prevalência do excesso de peso e da obesidade entre os 2 e os 18 anos, verificou-se que variava entre os 5% e 18% e entre 0,1% e 4%, respectivamente conforme indicado com o uso do ponto de corte IOFT.

Estima-se que 97 milhões de americanos adultos tenham excesso de peso e mesmo obesidade, e que a prevalência desta seja o maior problema de saúde nos Estados Unidos da América (EUA) (Crespo & Smit, 2003). Entre 1971 e 2008, verificou-se um aumento de 182% no número de crianças obesas nos EUA. Nesta população, o número de casos de obesidade, em adolescentes, mais que triplicou em igual período, de 5% em 1980 passou para 17% em 2006. O excesso de peso e a obesidade em crianças com idades compreendidas entre os 8 e os 16 anos, tem vindo a aumentar drasticamente nesta população.

Num estudo realizado no Canadá, em crianças com idades entre os 7 e os 13 anos, verificou-se que as crianças estão a ficar cada vez mais obesas. No período entre 1981 e 1996, verificou-se um aumento na prevalência do excesso de peso e obesidade. O excesso de peso nos rapazes cresceu de 15% para 28,8% e nas raparigas passou de 15% para 23%. Relativamente à obesidade, verificou-se um aumento de 5% para 13,5% nos rapazes e de 5% para 11,8% nas raparigas (Pertroski, 2007). Na população adulta, neste mesmo período, verificou-se um aumento da prevalência de sobrepeso de 48% para 57% entre os homens, e de 30% para 36%

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nas mulheres, enquanto que a obesidade aumentou de 9% para 14%, entre os homens, e de 8% para 12%, nas mulheres (Huot, Paradise & Ledoux, 2004).

Em países como a Austrália e a Nova Zelândia, a obesidade da população geral situa-se na ordem dos 15-18%. O Japão, sendo um dos países industrializados, é aquele que apresenta uma das mais baixas taxas de obesidade, sendo inferior a 3%. Já os países do Médio Oriente, nomeadamente os exportadores de petróleo, evidenciam-se como um sério problema de obesidade na população adulta, principalmente nas mulheres. Em Samoa, 70% das mulheres e 60% dos homens foram classificados como obesos. Na Índia, em zonas urbanas e principalmente nas classes média e alta, o excesso de peso também começa a tornar-se um grave problema. Em países como a Argentina, Uruguai e Brasil também se verifica esta tendência. Na Argentina a obesidade já atinge 27% da população e o sobrepeso 32,5%, enquanto que, no Uruguai, a prevalência de sobrepeso e obesidade na população masculina é de 42%, e na feminina de 50%. No Brasil pode-se observar uma prevalência de 12,4% para as mulheres e de 7,0% para os homens.

Estimativas baseadas num aumento linear da obesidade num período de 1975 a 1995, prevê-se que no ano de 2025, as taxas de obesidade possam ser superiores a 40%-45% nos EUA, 30%-40% na Austrália, Inglaterra e Ilhas Maurícias e 20% para o Brasil (Antipatis & Gill, 2001).

Apesar de na Europa a prevalência de obesidade entre crianças ser menor do que nos EUA, aqui também tem crescido rapidamente, tendo as taxas de obesidade aumentado praticamente em todas as regiões.As taxas de obesidade nas crianças são alarmantes, pois 60% das crianças que têm excesso de peso e obesidade antes da puberdade, terão excesso de peso no início da idade adulta (WHO, 2006). Segundo alguns indicadores, crianças que têm origem em famílias com grandes recursos económicos, têm mais probabilidades de virem a ter excesso de peso e obesidade (WHO, 2008). O excesso de peso é responsável por uma larga proporção de doenças na região europeia. O número de pessoas afectadas por excesso de peso tornou-se num dos mais sérios desafios de saúde do século XXI, onde a prevalência de obesidade triplicou nas últimas duas décadas, atingindo actualmente proporções epidémicas. As taxas anuais do aumento da prevalência da obesidade na infância tem vindo a crescer com regularidade e as tendências dos dados evidenciam que as taxas de prevalência são actualmente dez vezes maiores do que em 1970 (WHO, 2007).

Ao compararmos os valores de excesso de peso/obesidade nos países Europeus, verificamos que os países da região mediterrânea, nomeadamente Portugal e Grécia, apresentam

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uma prevalência de obesidade idêntica à observada nos EUA. Nos países da região europeia, as maiores prevalências de excesso de peso das crianças de ambos os sexos verificam-se nos seguintes países: Portugal com 32% em crianças dos 7 aos 9 anos, em Espanha 31% nas crianças dos 2 aos 9 anos, e na Itália 27% nas crianças dos 6 aos 10 anos de idade. Os países da região europeia com prevalências mais baixas de excesso de peso são: a Alemanha com taxas de 13% em crianças com idades compreendidas entre os 5 e os 6 anos de idade, no Chipre com 14% das crianças com idades compreendidas entre os 2 e os 6 anos de idade e a Sérvia Montenegro com taxas na ordem dos 15% em crianças com idades entre os 6 e os 10 anos de idade (WHO, 2007).

A obesidade e o excesso de peso tendem a ser especialmente alarmantes nas crianças e adolescentes, segundo as tendências dos países da região europeia, como demonstra o quadro 1 (WHO, 2008).

Excesso de Peso e Obesidade

País Rapazes Raparigas

11 anos 13 anos 15 anos 11 anos 13 anos 15 anos

Portugal 25 18 22 25 13 13 Alemanha 13 14 16 10 8 11 Bulgária 20 18 18 10 7 6 Croácia 20 17 19 14 10 10 Dinamarca 9 9 13 11 7 9 Escócia 22 16 14 15 15 12 Espanha 21 19 19 18 12 11 Finlândia 20 17 19 16 11 12 França 10 12 14 11 8 8 Grécia 21 27 25 16 13 11 Holanda 5 8 10 7 8 10 Hungria 21 20 17 13 11 11 Inglaterra 13 14 13 10 14 8 Islândia 15 16 22 10 12 12 Itália 26 25 23 15 11 10 Lituânia 14 9 8 6 4 4 Malta 30 31 32 25 31 28 Noruega 10 10 16 7 9 8 Suíça 6 12 14 5 5 7 República Checa 21 16 14 18 12 9 Rússia 15 11 12 10 7 4

Quadro 1 - Prevalência do excesso de peso e obesidade nos jovens dos países da Europa baseados nos pontos de corte usados

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Através do quadro 1 podemos verificar que existe uma diferença significativa no excesso de peso e obesidade nas diferentes idades, tanto para os rapazes como para as raparigas, constatando-se uma maior percentagem da prevalência de excesso de peso e obesidade nos rapazes à medida que a idade aumenta. Pelo contrário, as raparigas com 15 anos de idade têm menores níveis de excesso de peso e obesidade do que as raparigas com 11 anos de idade.

Na França foi observado que a prevalência de crianças com excesso de peso, com idades entre os 7 e os 9 anos, tem alcançado 24,7% e 23,2%, respectivamente, em meninos e meninas. Na Inglaterra houve um aumento na percentagem de crianças com excesso de peso, de 5,4% para 9,2%, entre 1989 e 1998. Nestes estudos europeus foi utilizado o ponto de corte IOFT para avaliar a obesidade e o excesso de peso (Silva et al., 2008).

Portugal apresenta níveis preocupantes de prevalência de excesso de peso e obesidade quer na população adulta quer nos jovens, e é nesta faixa etária que os valores de incidência são mais preocupantes (Silva et al., 2008). A partir de um estudo realizado em Portugal, que contou com a participação de 4511 crianças, com idades compreendidas entre os 7 e os 9 anos, de várias regiões do país, foram determinadas prevalências de 19,1% e 10,3% nos rapazes e 21,4% e 12,3% nas raparigas, respectivamente, de excesso de peso e obesidade (Padez, Fernandes, Mourão-Carvalhal, Moreira & Rosado, 2004), definidos de acordo com os valores de corte de IMC propostos por Cole, Bellizzi, Flegal e Dietz (2000). Neste mesmo estudo verificou-se que as crianças portuguesas apresentavam os segundos valores médios mais altos com excesso de peso/obesidade, comparativamente com os outros países europeus (31,5%).

Silva et al. (2008), realizou um estudo que contou com a participação de 2651 crianças portuguesas com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos de idade. Utilizaram o IMC como medida de avaliação da composição corporal definindo para o excesso de peso e obesidade os pontos de corte propostos internacionalmente por Cole et al. (2000), para o sexo e idade. Deste estudo, concluíram, que a prevalência do excesso de peso nas crianças portuguesas é muito elevada, sendo de 18,6% para as raparigas e 14,1% para os rapazes. Quanto à prevalência da obesidade nas raparigas é de 6,5% e nos rapazes é de 4,4%. Desta forma, nas crianças portuguesas, a média da prevalência do excesso de peso é de 21,9% e para a obesidade é de 5,5%, as duas combinadas dá uma prevalência de 16%.

Nas faixas etárias dos 11, 13 e 15 anos de idade, as raparigas portuguesas apresentam uma prevalência para o excesso de peso e obesidade para os 11 anos na ordem dos 25%, e para os 13 e 15 anos de 13%. Os rapazes para os 11 anos de idade apresentam taxas de incidência de

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excesso de peso e obesidade de 25%, para os 13 anos 18% e para os 15 anos de idade de 22%. Assim, os rapazes evidenciam níveis superiores de excesso de peso e obesidade do que as raparigas (WHO, 2008).

Num estudo realizado com crianças e adolescentes dos 10 aos 15 anos da área do Porto, citado por Sousa, Loureiro e Carmo (2008), verificou-se que 41% dos indivíduos apresentavam excesso de peso, 13,7% obesidade, sendo que os rapazes apresentavam valores mais elevados. Outro estudo, citado por Barros (2007), com uma amostra de 2040 adolescentes, de 13 anos de idade, a prevalência de excesso de peso nas raparigas foi de 15,9% e de 16,8% nos rapazes e de obesidade de 9,2% nas raparigas e 11,1% nos rapazes, sempre com valores mais elevados nos rapazes.

É necessário uma intervenção dramática associada a uma consciencialização que conduza a mudanças no comportamento. As crianças em idade escolar apresentam uma prevalência elevada na obesidade e no excesso de peso. Assim, a escola pode desempenhar um papel importante na prevenção desta patologia, integrando a obesidade nos programas curriculares e desenvolvendo acções complementares que visem valorizar hábitos de vida saudáveis.

1.2. Métodos de Avaliação da Obesidade

O crescente aumento da obesidade em todo o mundo, tem levado a novos métodos de avaliação, contribuindo para o desenvolvimento nesse campo. Como sabemos, à obesidade está associado o aumento do risco de desenvolvimento de doenças crónicas na idade adulta, e por isso, o excesso de peso deve ser rigorosamente supervisionado (WHO, 1995).

Para a avaliação da obesidade são utilizados métodos clínicos e complementares. Como métodos clínicos temos:

 Peso Corporal/Peso Relativo

 Índice de Massa Corporal (IMC)

 Circunferência Abdominal Cintura

 Pregas Cutâneas

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Para a vigilância do excesso de peso e da obesidade podemos recorrer a medidas antopométricas, como o peso, a altura, o perímetro cefálico, o perímetro braquial e a circunferência abdominal (WHO, 1997). Esta avaliação baseia-se na medição das variações físicas e na composição global, e é apontada como sendo o melhor parâmetro para avaliar o estado nutricional de grupos populacionais, possibilitando diagnósticos individuais e colectivos, para além, de constituírem um método relativamente fácil, não invasivo, reproduzível e de custos reduzidos para determinar a proporção, o tamanho e a composição corporal de cada indivíduo (WHO, 1997).

O excesso de peso e a obesidade podem ser estudados com recurso a uma medida antopométrica resultante da avaliação do peso e da altura, conhecida por Índice de Massa Corporal (IMC) ou Índice de Quetelet. O IMC é a relação entre o peso e a altura ao quadrado (kg/m2). Apesar de essas relações não distinguirem o aumento de músculo ou de gordura nem a sua distribuição, são úteis quando interpretados adequadamente.

O IMC constitui uma boa medida para avaliar o excesso de peso e a obesidade, sendo um método aplicado universalmente, barato, não invasivo, de simples utilização e que pode ser utilizado no estudo de grandes amostras populacionais. Na população adulta o IMC é commumente utilizado, sendo reconhecido o ponto de corte de 25 kg/m2 para adultos com excesso de peso, e de 30 kg/m2 para adultos obesos (Cole et al., 2000; OMS, 2000).

A obesidade é classificada pela OMS (2000) de acordo com o IMC, associando o valor a um risco de doenças, tal como, podemos verificar no quadro que se segue.

Classificação IMC Risco de Doença

Baixo Peso < 18,50 Baixo

Peso Normal 18,50 – 24,99 Médio

Excesso de Peso: ≥ 25,00 -

Pré-Obeso 25,00 – 29,99 Aumentado

Obeso Grau I 30,00 – 34,99 Moderado

Obeso Grau II 35,00 – 39,99 Elevado

Obeso Grau III ≥ Muito elevado

Quadro 2 - Classificação da obesidade segundo o IMC (OMS, 2000).

Na infância e na adolescência é mais complicado classificar a obesidade, pois nestas idades a altura ainda está a aumentar e existe uma contínua mudança na composição corporal (OMS, 2000). Devido há grande variabilidade que se verifica entre os sexos e nos diversos grupos etários, na infância e na adolescência, a utilização generalizada do IMC apresenta

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algumas limitações (Cole et al., 2000). Nestas idades existe um potencial superior para retomar a um crescimento saudável, com parâmetros normais.

Verificando-se uma falta de coerência e de acordo entre os estudos e a classificação da obesidade na infância e na adolescência, pois o IMC nestas idades muda substancialmente, foi proposto por Cole et al. (2000), o estabelecimento de uma definição standard, com pontos de corte específicos para idades compreendidas entre os 2 e os 18 anos, baseada nos valores de IMC de 25 e 30 kg/m2 para o excesso de peso e obesidade respectivamente. Para definir os pontos de corte a partir dos quais as crianças e adolescentes são classificados com excesso de peso e obesidade, é necessário ter em conta variáveis, tais como o peso, a altura, a idade e o sexo. Na infância o IMC aumenta de modo gradual, diminui durante a idade pré-escolar e na adolescência aumenta novamente. Desta forma, o IMC das crianças e dos adolescentes tem de ser avaliado com recurso a valores de referência em função da idade e do sexo (Cole et al., 2000; OMS, 2004).

Idade (anos) IMC 25 kg/m2 IMC 30 kg/m2

Rapazes Raparigas Rapazes Raparigas

... ... ... ... ... 10 19.84 19.86 24.00 24.11 10.5 20.20 20.29 24.57 24.77 11 20.55 20.74 25.10 25.42 11.5 20.89 21.20 25.58 26.05 12 21.22 21.68 26.02 26.67 12.5 21.56 22.14 26.43 27.24 13 21.91 22.58 26.84 27.76 13.5 22.27 22.98 27.25 28.20 14 22.62 23.34 27.63 28.57 14.5 22.96 23.66 27.98 28.87 15 23.29 23.94 28.30 29.11 15.5 23.60 24.17 28.60 29.29 16 23.90 24.37 28.88 29.43 16.5 24.19 24.54 29.14 29.56 17 24.46 24.70 29.41 29.69 17.5 24.73 24.85 29.70 29.84 ... ... ... ... ...

Quadro 3 - Classificação da obesidade através do IMC, segundo valores de corte específicos, para idades compreendidas entre

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A obesidade também pode ser medida através da circunferência abdominal, que não está directamente relacionada com a altura dos indivíduos mas correlaciona-se com a quantidade de gordura intra-abdominal. A medida do perímetro da cintura é uma medida válida para relacionar a adiposidade central aos riscos de saúde nos adultos e que começa agora a ganhar aceitação na aplicação em crianças e jovens (Hills & Kagawa, 2007). Para ser calculada utiliza-se a razão cintura/anca, importante no diagnóstico da obesidade andróide e, consequentemente, na avaliação do risco de ocorrência de certas doenças (OMS, 2004). Os valores de referência do perímetro da cintura, comummente utilizados para a avaliação do risco de doenças são apresentados no Quadro 4.

Sexo Masculino Sexo Feminino

Risco elevado: 94 – 102 cm Risco elevado: 80 – 88 cm Alto risco: > 102 cm Alto Risco: > 88 cm

Quadro 4 - Valores de referência do perímetro da cintura (Fonte: WHO, 1995).

Para Lindahl (2001), o IMC e a circunferência abdominal são dois métodos que se pode utilizar separados ou em conjunto, para a realização de um rastreio da obesidade. Estas medidas são fáceis de obter, podem-se realizar em qualquer lugar (locais de trabalho, centros hospitalares, escolas), com custos reduzidos e com alta precisão das medidas. São métodos de muita utilidade na identificação e subsequente intervenção em crianças com excesso de peso e obesidade.

Para Silva & Sardinha (2008), uma avaliação total e regional é fundamental para detectar mais cedo se uma população ou uma criança em particular se desvia dos seus valores ou tendências normais.

1.2.1. Métodos Complementares

Para este tipo de avaliação são utilizados alguns aparelhos, que nos fornecem os valores de massa gorda, massa magra e água corporal por meio de equações preditivas ajustadas para sexo, idade, peso, altura e nível de actividade física. As equações de predição variam conforme

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o aparelho e da mesma forma que as equações de medidas de dobras cutâneas, através de resultados computarizados (Jackson & Pollock, 1978).

 Hidrodensimetria

 Dexa

 Tomografia Computadorizada

 Rossonância Nuclear Magnética

 Bioimpedância

Dos métodos citados em cima, o mais utilizado e de fácil utilização é a bioimpedância. Este método de avaliação da composição corporal é muito rápido, não invasivo e relativamente barato. A bioimpedância utiliza um aparelho que consegue medir a gordura do corpo através da passagem de baixos níveis de corrente eléctrica pelo corpo. Quanto maior a quantidade de água contida num orgão, mais facilmente a corrente irá passar. A impedância é a oposição ao fluxo da corrente eléctrica emitida e a resistência ao fluxo é maior em indivíduos com grandes quantidades de gordura corporal já que o tecido adiposo é um mau condutor pelos baixos níveis de água corporal nele contidos. Em oposição, quando o volume de água corporal total é grande, a corrente flui com maior facilidade pela menor resistência e maior condutibidade.

Para a realização desta avaliação, são utilizados eléctrodos. Devem-se tomar alguns cuidados para que os resultados sejam perfeitos. Através deste método é estimado de maneira mais fidedigna a massa muscular, e além disso, pode-se fazer um acompanhamento e uma orientação dietética objectivando uma maior perda de massa gorda e menor perda de massa muscular durante o tratamento.

1.3. Principais Causas da Obesidade

Num curto espaço de tempo assistiu-se a um rápido aumento da obesidade, o que nos sugere que este aumento foi demasiado rápido para indicar os factores genéticos como causa primária, pois tem-se verificado que o problema da obesidade apenas é controlado após terem sido modificados os factores ambientais.

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A obesidade nas crianças pode dever-se a diversos factores como o aumento no consumo de alimentos ricos em gorduras e com alto valor calórico, diminuição da prática de exercício físico, avanços tecnológicos da sociedade moderna, etc (Borba, 2006).

Segundo Rennie, Johnson e Jebb (2005), o excesso de peso nas crianças possui uma etiologia multifactorial, e a susceptibilidade genética pode ser uma inter-ajuda na explicação nas diferenças individuais no ganho de peso. No entanto, o aumento da prevalência global da obesidade em crianças, demonstra que os factores ambientais, particularmente os factores ligados à dieta e à AF, são centrais para a causa da obesidade. Como factores promotores da obesidade temos os mecanismos de armazenamento de gordura, fisiológicos, ambientais e medicamentosos (Jebb & Moore, 1999).

A obesidade resulta não apenas da inactividade física, mas também da falta de correspondência entre a energia ingerida e a dispendida (Bouchard, Shephard & Stephens, 1993). Normalmente, os factores relacionados com o estilo de vida (alimentação e AF), representam a combinação mais efectiva para o controlo de peso. Quando temos um desequilíbrio, através da ingestão de mais energia do que a energia gasta, dá-se o acúmulo de gordura. Este desequilíbrio é a principal causa do crescente índice de sobrepeso, observado na nossa população.

A realização de alguns estudos tem demonstrado que os factores genéticos desempenham um papel importante no desenvolvimento da obesidade. No entanto, a susceptibilidade à obesidade é em parte determinada pelos factores genéticos, mas é necessário um ambiente obesogénico para a sua expressão fenotípica, ou seja, é importante a interacção genética com os factores ambientais (Loos & Bouchard, 2003). Assim, podemos afirmar que muitos são os factores que contribuem para a existência da obesidade, tais como: os comportamentais (estatuto económico, educação, actividade física, nutrição, tabagismo), os metabólicos (factores genéticos, metabólicos e endócrinos) e os biológicos (raça, género, idade, gravidez).

O aumento do excesso de peso e da obesidade entre os jovens pode estar associado à diminuição da AF (Hill & Melanson, 1999), pois o estilo de vida actual, sedentário, parece ser tão importante como a dieta no desenvolvimento da obesidade (Rossner, 2002).

A obesidade é também descrita por um fenómeno biopsicossocial complexo, originado por vários factores, como a influência da variedade social e cultural (Sobal, 2001). Os dois principais contextos sociais que fornecem uma perspectiva alargada para o enquadramento da obesidade são a cultura e a história. A cultura onde uma pessoa está inserida é uma forte influência sobre os padrões alimentares, níveis de actividade física e peso corporal.

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Para Correia (2004) a obesidade é considerada uma doença crónica multifactorial. Esta resulta de factores não modificáveis, tais como, a idade, sexo, o grupo étnico e a predisposição genética. Outros factores são considerados modificáveis como a escolaridade, profissão, estado civil e condição socioeconónmica.

Idade

Consoante a idade e as fases da vida em que o individuo se encontra, este está mais susceptível a ganhar excesso de peso (Antipatis & Gill, 2001). Os indivíduos mais novos e os idosos têm tendência a serem mais magros e a serem menos propensos a sofrerem de obesidade. Os mecanismos desta relação terão ainda de ser claramente delineados envolvendo a combinação de mudanças fisiológicas, níveis de actividade e calorias ingeridas (Sobal, 2001).

Sexo

O dimorfismo sexual é um factor existente no peso do corpo, em que as mulheres de uma maneira geral têm mais gordura armazenada no corpo do que os homens, desta forma têm mais probabilidade de vir a ser obesas (Sobal, 2001; Antipatis & Gill, 2001). No entanto, apesar das mulheres terem mais tendência que os homens para serem obesas, são os homens que apresentam mais facilmente excesso de peso. São vários os factores que contribuem para esta diferença de géneros, como a diferença entre a comida consumida e a energia gasta e as diferenças biológicas entre sexos. Em todas as populações as mulheres possuem mais gordura total e muito mais gordura corporal periférica nas pernas e nas ancas que os homens. Estas diferenças de depósitos de gordura nas mulheres deve-se ao facto de poder assegurar a sua capacidade de reprodução. Por outro lado, os homens possuem proporcionalmente mais gordura central corporal e massa magra, o que leva a um maior gasto de energia basal (Antipatis & Gill, 2001).

Raça/Étnia

Vários estudos realizados indicam que algumas raças são mais propensas a serem obesas do que outras, nomeadamente em sociedades onde existe excesso de comida. Em muitos países industrializados os grupos das minorias étnicas são especialmente permeáveis à obesidade e às suas consequências. A obesidade é mais comum em indivíduos de cor negra e hispânicos do que em indivíduos brancos (Guillaume & Lissau, 2002).

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Genéticos

Não existe uma sólida razão para o crescente aumento da obesidade no mundo e este aumento não pode ter explicação meramente genética. O curto espaço de tempo em que este fenómeno ocorreu, não é aceitável que tenham ocorrido alterações ao nível do código genético das populações. Assim, a obesidade parece resultar dos ambientes e dos genes predisponentes (Correia, 2004). Por outro lado, o máximo de hereditariedade do fenótipo da obesidade é na ordem dos 30% a 50% dos efeitos da gordura corporal, energia consumida, e que a energia gasta é fortemente afectada pelas influências genéticas (Guillaume & Lissau, 2002).

Relativamente aos factores modificáveis, os estilos de vida de cada indivíduo são um dos factores determinantes, e que contribui para a obesidade.

Educação/Nível de Formação

Um dos indicadores do peso do corpo e obesidade nas populações é o nível académico (Correia, 2004). Maior formação académica fornece conhecimento sobre a alimentação, nutrição, actividade física, saúde e peso corporal (Sobal, 2001). Desta forma, os indivíduos que possuem maior formação académica têm mais tendência para terem menores prevalências de obesidade (Crespo & Smit, 2003) e serem mais magros (Sobal, 2001; Molarius, 2003).

Profissão

Cada vez mais os empregos exigem uma menor actividade física por parte dos indivíduos. Esta menor exigência física das profissões, através de uma maior utilização da mecanização, fruto da urbanização, dá-se o abandono de profissões com grande actividade física como a agricultura e a indústria, para outras profissões mais sedentárias como os serviços (Antipatis & Gill, 2001). A energia gasta pelos indivíduos varia consideravelmente consoante a ocupação. Vários empregos envolvem altos níveis de energia gasta durante grandes períodos de tempo, ao passo que outros envolvem reduzida actividade física por longos períodos de tempo. O emprego estabelece um estilo de vida e desempenha um papel relevante na alimentação, exercício físico e controlo do peso (Sobal, 2001).

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Condição Socioeconómica

O estatuto socioeconómico é descrito por vários indicadores, como o rendimento, profissão, educação e o local onde se vive. A obesidade é habitualmente mais frequente entre os níveis socioeconómicos mais baixos (Seidell & Flegal, 1997 citado por Seidell, 2001), as crianças de estatutos socioeconómicos mais baixos têm mais tendência a consumir mais açúcar e gordura e menos frutos e vegetais (Rasmussen et al., 2006 citado por Sallis, Rosenberg & Kerr, 2009). As crianças de classes socioeconómicas altas têm uma relação negativa com a obesidade nos países desenvolvidos, particularmente entre as mulheres, mas uma positiva correlação nos países em desenvolvimento (Antipatis & Gill, 2001).

Nas crianças da população portuguesa, as variáveis relacionadas com os comportamentos das famílias são as mais importantes na etiologia da obesidade. A obesidade dos pais, o nível educacional, o número de irmãos, altos níveis de excesso de peso à nascença e comportamentos sedentários como ver televisão, são factores de risco para a obesidade infantil (Padez, Mourão-Carvalhal, Moreira & Rosado, 2005).

Uma das causas da obesidade apontada por alguns autores são os meios de comunicação social, mais concretamente a televisão. A televisão convida a um estilo de vida sedentário, e durante o elevado número de horas que as crianças e adolescentes passam a ver televisão, vêem muita publicidade com comida, em especial fast-food, e esta exposição pode influenciar as escolhas para estas comidas ricas em energia e gordura (Rossner, 2003; Treuth et al., 2001). Desta forma, é importante estimular a AF e hábitos de vida saudáveis, bem como limitar a exposição à televisão (Malecka-Tendera & Mazur, 2006).

1.4. Consequências da Obesidade

O sobrepeso e a obesidade infantil podem trazer várias complicações a nível da saúde, pois para além de ser um preditor da obesidade na idade adulta (Luo & Kalberg, 2000), o excesso de peso na infância está associado a doenças crónico-degenerativas (Saxena, Ambler, Cole & Majeed, 2004).

Dois dos factores de maior risco de doenças no mundo Ocidental, é a obesidade e o estilo de vida sedentário, sendo ambos reconhecidos como importantes factores de risco para doenças

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cardiovasculares, hipertensão e outras condições debilitadoras (Bouchard, 2000). Muitas das consequências cardiovasculares que caracterizam a obesidade adulta, são precedidas de anormalias que começaram na infância.

A obesidade em crianças e adolescentes corresponde a um excesso de gordura que pode ter consequências nefastas para a saúde (Pertroski, 2007), pois este excesso de gordura aumenta o risco de desenvolverem problemas de saúde. Os problemas que normalmente afectam as crianças e os jovens com excesso de peso e obesidade são: hipertensão, aparecimento de varizes, síndrome da hipoventilação da obesidade, ressonar, altos níveis de colesterol, síndrome do ovário poliscístico, diabetes tipo II, insuficiência cardíaca, doenças coronárias do coração, ataque cardíaco, osteoartrites, asma, estrias na pele, suor excessivo (Heaton-Haris, 2007), dislipidémias, problemas gastrointestinais, problemas hormonais e metabólicos, problemas neurológicos e problemas imunológicos (Zwiauer, Caroli, Malecka-Tendera & Poskitt, 2002; Denney-Wilson & Baur, 2007).

O sobrepeso também é um importante factor de risco cardiovascular, podendo posteriormente provocar aumentos da adiposidade tanto em adultos como em crianças (Wisemandle, Maynard, Guo & Siervogel, 2006).

A obesidade é um factor de risco para a saúde, que está associado a consequências físicas, económicas e psicossociais. Ao nível psicossocial a obesidade pode provocar um défice de auto-estima, de auto-confiança, fraca imagem corporal, isolamento social, sentimentos de rejeição, depressão e insucesso escolar (Mourão-Carvalhal, 2008). Os aspectos sociais e emocionais do excesso de peso são imediatos e aparentes, e influenciam muitos aspectos da vida da criança e do adolescente, independentemente dos seus efeitos na saúde. Também podemos ter consequências ao nível estético e psíquico, pois os ideais de beleza são sinónimo de magreza, estando associados a formas de sucesso, definidos por tendências que não se enquadram com a natureza e os genes da grande parte dos indivíduos (Barata, 1997).

A obesidade causa problemas psicossociais e emocionais, transtornos psicológicos, acompanhados de depressão, ansiedade, descriminação sofrida pelos obesos na sociedade, levando-os a uma maior vulnerabilidade à depressão e maior busca pelo alimento e afastamento das actividades sociais (Oliveira, Albuquerque, Carvalho, Sendin & Silva, 2009).

Nas crianças o excesso de gordura na região do abdómen tem uma relevância muito maior que o total de gordura corporal no que diz respeito a problemas metabólicos, tais como, pressão arterial elevada, hiperinsulinemia, diabetes II, dislipidemia (Freedman, Dietz, Srinivasan & Berenson, 1999). Sendo os hábitos e estilos de vida da criança e do jovem mais fáceis de

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mudar do que os hábitos e os estilos de vida do adulto, torna-se importante tratar e investigar a obesidade antes da idade adulta.

Estudos recentes têm demonstrado que existe preconceito por parte dos parceiros, dos familiares e amigos, especialmente quando falamos de mulheres obesas. Num estudo realizado por Strauss e Pollack (2003), foi avaliado o impacto que o excesso de peso na infância pode ter nas amizades e concluiu-se que geralmente é reconhecido que o excesso de peso e a obesidade têm um impacto negativo sobre a auto-imagem e a auto-estima em crianças e adolescentes, tendo este grupo de crianças menos e amizades menos recíprocas.

As crianças obesas têm normalmente menos amigos do que as crianças com peso normal, pois o preconceito que existe face à obesidade não é baseado nos risco que traz para a saúde, mas é atribuído à personalidade, como sendo preguiçoso ou ignaro (Rukavina & Li, 2008). Os pré-adolescentes obesos ao afastarem-se dos ideais de beleza, são os mais provavéis de ser vitimas de bullying. Outros adolescentes obesos podem ser os provocadores devido à sua dominância física (Griffiths, Wolke, Page & Horwood, 2006).

Segundo Silva et al., (2008) as crianças portuguesas estão a ficar progressivamente com excesso de peso, cenário este que pode levar a um aumento simultâneo do número de obesos e a prejuízos subsequentes nas áreas da saúde, social e económica. A prevenção deve ter uma visão multidisciplinar, que combine a educação nutricional com a actividade física e também a avaliação e o trabalho de variáveis psicológicas associadas ao excesso de peso (Pereira, 2000).

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2. O Corpo e Imagem Corporal

O homem está inserido no seio de uma cultura e com esta partilha e interioriza um conjunto de atitudes, crenças, valores e comportamentos, que são transmitidos de geração em geração e são comuns a todos os indivíduos dessa sociedade (cultura). Ao longo dos tempos o corpo encara com fidelidade a sociedade em que se insere, sendo valorizado de acordo com os códigos culturais vigentes (Garcia, 1997).

O corpo não é só algo que nos pertence, nós somos o nosso corpo do mesmo modo que este representa o que somos. O corpo concretiza a existência do indivíduo, a partir dele percebe-se e é percebido, envolve-percebe-se com o mundo que o cerca. É um instrumento e objecto de prazer que primeiramente nos identifica e nos facilita a relação com os outros. Segundo Bento (1991), o corpo é constante e mutável, devendo ser vivido e interpretado à luz de um corpo social.

À medida que os valores, normas e comportamentos foram mudando ao longo dos anos, o ideal de estética corporal foi sofrendo alterações. Actualmente, na sociedade onde estamos inseridos, verifica-se uma verdadeira divinização do corpo belo, onde a beleza, juventude e perfeição física são objectivos a atingir. Assim, ser magra significa ter competência, sucesso e ser atraente sexualmente. Os meios de comunicação têm grande influência sobre os adolescentes, e estes têm necessidade de imitar os modelos corporais que são transmitidos (Bento, 1991).

O Homem, por natureza, tem necessidade de ser aceite socialmente, logo as pessoas obesas, ao serem excluídas directa ou indirectamente, passam a desenvolver sentimentos negativos em relação à sua própria imagem (Moreira & Ramos, 2001).

Segundo Gitovake (1986, citado por Moreira & Ramos, 2001), ser obeso significa usar roupas feitas por medida ou compradas em lojas especializadas, chamar a atenção e ser criticado, ser sexualmente desinteressante, pertencer a uma classe inferior, ter que ser grato e servil para ser aceite, podendo ser atracção de risos e sujeito a apelidos depreciativos.

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2.1. Percepção de Imagem Corporal

O conceito de imagem corporal foi definido pela primeira vez por Schilder (1935, citado por Vasconcelos, 1995),sendo definido como uma representação que formamos mentalmente do nosso próprio corpo, a forma como o vemos, podendo com o tempo modificar-se essa imagem.

A imagem corporal envolve a imagem que o indivíduo percepciona do seu próprio corpo, e também a forma como os outros indivíduos o vêem (Fallon, 1990). Assim, a imagem corporal pode ser definida como uma construção multidimensional, que representa o indivíduo, a forma como pensa, como se sente e se comporta em relação ao seu corpo. Na literatura, as dimensões da imagem corporal mais citadas são a perceptiva (como o indivíduo percepciona a forma e tamanho do seu corpo), a cognitiva (pensamento e crenças acerca da aparência do corpo), a afectiva (sentimentos acerca da própria imagem) e comportamental (atitudes tomadas para mudar algo em si).

Dois aspectos importantes para os adolescentes é a insatisfação com o próprio corpo e a preocupação com o peso. Os adolescentes têm bem incorporado o ideal cultural relativamente à elegância feminina e ao mesomorfismo masculino (Phelps & Bajorek, 1991). Segundo os mesmos autores, a insatisfação com o peso aumenta com a maturação feminina, pois as adolescentes sentem-se mais insatisfeitas com o seu peso à medida que crescem. Phelps et al. (1993), realizaram um estudo com adolescentes dos 12 aos 18 anos, e verificaram que a distorção da imagem corporal, como sentir o corpo com um peso superior ao que realmente tem, parece começar no início da adolescência, atinge os níveis mais elevados a meio desse período e declina durante os últimos anos da adolescência. Desta forma, parece que as adolescentes percepcionam a imagem corporal com maior precisão à medida que o tempo passa.

Na imagem corporal o peso, é talvez, o aspecto mais predominante. As pessoas obesas, normalmente apresentam sentimentos de insegurança em relação aos outros e é frequente estas pessoas possuírem uma imagem corporal distorcida (Correia, 2003).

Rand e Macgregor (1991), realizaram um estudo baseado em entrevistas a obesos mórbidos após terem perdido peso por meios cirúrgicos, tendo a maioria dos pacientes relatado preferir ter peso normal com uma grande desvantagem (como surdos, diabéticos, doentes cardíacos, entre outros) do que ser novamente obeso.

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Os jovens obesos normalmente apresentam fraca imagem, níveis baixos de auto-estima, que se associam à tristeza, solidão, nervosismo e elevados comportamentos de risco (Strauss, 2000).

Durante o processo de maturação, as alterações corporais mais relevantes, enraízam numa imagem diferente do seu corpo. A dificuldade de adaptação, que os adolescentes têm em relação à mudança, a incapacidade de produzir uma nova imagem de si, pode induzir um sentimento negativo ou inadequado entre o corpo imaginário (ideal) e o corpo real. Os padrões de beleza que vigoram na sociedade correspondem a perfis antopométricos cada vez mais magros, e os jovens estão constantemente sujeitos a pressões sociais que lhes exige a concepção de magreza. A insatisfação com o corpo tem sido frequentemente relacionado com uma discrepância entre a percepção e o tamanho do corpo e a forma desejada (Bosi, Luiz, Morgado, Costa & Carvalho, 2006).

As referências de beleza das adolescentes são corpos magros e belos, e quando dessa comparação resulta uma grande diferença, surge um sentimento de desadaptação que se associa a uma distorção na percepção da imagem corporal. As expectativas culturais de possuir um corpo segundo o que é idealizado e a comparação social são factores aliados à insatisfação corporal. O IMC e o sexo, são mais dois factores que surgem relacionados com a insatisfação corporal (Markey & Markey, 2005). Em alguns estudos verificou-se que à medida que aumentava o IMC, diminuía o nível de satisfação com a imagem corporal, sendo as mulheres as que apresentavam maior insatisfação com a imagem corporal comparativamente com os homens (Markey & Markey, 2005; Killion, Rodriguez, Rawlins, Miguez & Soledad, 2003).

Foi realizado um estudo com crianças obesas e não obesas, entre os 10 e os 12 anos de idade, onde foram aplicados questionários em que as crianças tinham de descrever o que pensavam dos seus corpos. Os resultados obtidos mostraram que as crianças obesas estavam mais insatisfeitas com o seu corpo e a sua aparência, no entanto identificaram características positivas e outros atributos pessoais. A maior parte das crianças obesas concordou com o item “a minha aparência incomoda-me”, tornando a resposta praticamente consensual. Apesar das crianças não obesas se mostrarem menos preocupadas, demonstraram também alguma insatisfação, que pode ter origem nas pressões culturais exercidas sobre a aparência física (Carvalho, Cataneo, Galindo & Malfará, 2005).

Segundo Smolak (2003), a imagem corporal é um fenómeno que está fortemente ligado ao género. Assim, a natureza, os factores de risco, os resultados e os cursos de desenvolvimento da insatisfação diferem do género.

Referências

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