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Educação especial: um estudo de caso com alunos com deficiência intelectual

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EDUCAÇÃOESPECIAL:UMESTUDODECASOCOMALUNOSCOM DEFICIÊNCIAINTELECTUAL.

Edilene Rodrigues Araújo-UFC Email: edilene.era@gmail.com

Nayara Dima Lopes-UFC Email: nayaradima@gmail.com

RESUMO

A Educação Especial é definida pela Lei Nº 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, como a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. Tal modalidade deve ter seu atendimento realizado, prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns. O presente trabalho referenciou-se em alguns documentos homologados pela legislação brasileira no tocante à Educação Especial. Nesse sentido, objetivamos com a pesquisa investigar como o professor do Atendimento Educacional Especializado- AEE desenvolve o seu trabalho na Sala de Recursos Multifuncionais de uma Associação da cidade de Fortaleza-CE e verificar se existe um trabalho de parceria entre o professor do AEE e o professor da sala de aula comum. A pesquisa teve abordagem qualitativa e foram utilizadas como instrumentos de coleta de dados a entrevista e a observação. Nossos resultados mostraram que o trabalho do professor do AEE, na instituição, ocorre de forma improvisada, sem utilização de um plano de aula, e com materiais deficientes. Concluímos que não há parceria entre os professores do AEE e os da sala de aula comum.

Palavras-chave: Educação Especial. Atendimento Educacional Especializado. Inclusão.

INTRODUÇÃO

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a Educação Especial é a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.

O termo “preferencialmente” citado na LDB, em relação ao local em que esse público será assistido, significa que esse atendimento deve acontecer prioritariamente nas unidades escolares comuns, devidamente autorizadas e regidas pela nossa lei educacional. Admite-se, ainda, que o atendimento educacional especializado possa ser oferecido fora da rede regular de ensino, já que é um complemento e não um substitutivo do ensino ministrado na escola comum para todos os alunos.

O Art. 5º da Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009, que institui diretrizes operacionais para o Atendimento Educacional Especializado – AEE na Educação Básica,

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modalidade Educação Especial, vai ao encontro do que preconiza a LDB quando ratifica que esse atendimento deve ser realizado, prioritariamente, na sala de recursos multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino regular, no turno inverso da escolarização, não sendo substitutivo às classes comuns. Ou seja, esse atendimento deve ser planejado com outros objetivos, metas e procedimentos educacionais, diferentes daqueles desenvolvidos na sala de aula comum.

Nesse contexto, o Art. 59. da LDB determina, em seu inciso I, que os sistemas de ensino assegurarão, ao público da Educação Especial, currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; e, no inciso III do mesmo artigo, é garantido que esses alunos terão professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns.

Desse modo, é importante observar que, assim como o atendimento educacional especializado, os professores não substituem as funções do professor responsável pela sala de aula das escolas comuns que têm alunos com deficiência incluídos.

Nessa perspectiva, analisando o tema apresentado, algumas indagações foram levantadas e serviram de base para a formulação dos objetivos da presente pesquisa. Foram elas: Como o professor do AEE desenvolve o seu trabalho na Sala de Recursos Multifuncionais? Existe um trabalho de parceria entre o professor do AEE e o professor da sala de aula comum?

Dessa maneira, a presente pesquisa justifica-se pela relevância de investigar os métodos utilizados pelo professor do AEE, pois o atendimento educacional especializado parece ser, comumente, confundido com um reforço escolar, e/ou com o que é próprio do atendimento clínico. Em relação à parceria entre o professor do AEE e o professor da sala de aula comum, sabemos que é fundamental que essa interação ocorra, para que sejam articuladas as ações educativas que sirvam de subsídios às práticas pedagógicas em sala de aula, e para que o desenvolvimento do aluno possa ser melhor acompanhado.

Dessa forma, para que possamos atingir os objetivos de investigar como o professor do Atendimento Educacional Especializado - AEE desenvolve o seu trabalho na Sala de Recursos Multifuncionais de uma Associação da cidade de Fortaleza-CE; e verificar se existe um trabalho de parceria entre o professor do AEE e o professor da sala de aula comum, buscamos instituições com este perfil na cidade de Fortaleza-CE, e optamos pela realização da

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pesquisa em uma associação, no bairro Benfica, por ser um local que já atua há 32 anos nesta área.

Assim, por meio de observações, entrevistas, e conversas informais com os profissionais e com os alunos da associação pesquisada, podemos perceber que a instituição não atende a todas as especificações determinadas na legislação brasileira acerca da Educação Especial, pois as atividades são realizadas de forma bem improvisadas, sem um plano de aula, e sem parceria com a escola comum.

METODOLOGIA DA PESQUISA

Para a realização dessa pesquisa utilizamos como abordagem metodológica a pesquisa qualitativa em educação, possibilitando um aprofundamento de conhecimentos na área. E como instrumentos de coleta de dados a pesquisa bibliográfica, entrevista e observação.

Antes da pesquisa de campo, realizamos um estudo bibliográfico acerca da temática proposta. Buscamos um breve aprofundamento sobre a Educação Especial no Brasil, além das características do AEE. Considera-se que a pesquisa bibliográfica é uma etapa primordial, que se caracteriza pela identificação e análise dos dados escritos em livros, artigos de revistas, dentre outros. É importante conhecer o que a teoria ensina sobre o objeto que será estudado, para que possa ser realizado um confronto com a realidade encontrada na pesquisa de campo.

Dessa forma, de posse de um conhecimento prévio sobre a temática da Educação Especial e do Atendimento Educacional Especializado, e com a autorização da direção da escola, foram feitas 3 (três) visitas ao local. De acordo com o exposto acima, nossa pesquisa se caracterizou por um estudo com abordagem qualitativa, com a utilização da técnica da entrevista semiestruturada e da observação. Concordamos que de acordo com Lüdke e André (1986, p. 34), a entrevista, “é que ela permite a captação imediata e corrente da informação desejada, praticamente com qualquer tipo de informante e sobre os mais variados tópicos. Em contrapartida, a observação é uma técnica mais livre, porém com objetivo de compreender o comportamento dos sujeitos e buscando perceber a realidade a qual os sujeitos estão inseridos. Optamos por esse tipo de entrevista, pois, apesar de já se ter um conjunto de questões predefinidas, procurou-se manter uma liberdade para colocar outras cujo interesse viesse a surgir no decorrer da conversa. A entrevista foi realizada na primeira visita, com uma professora do AEE, para indagarmos sobre os métodos utilizados por ela na Sala de Recursos

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Multifuncionais, e para questionarmos se ocorre uma interação com professores da sala de aula comum.

Na segunda visita, realizamos a observação das atividades que estavam sendo realizadas com os alunos, interagindo com eles. Nesse momento também fotografamos as instalações da associação. E, no terceiro encontro, conversamos com o gestor, a fonoaudióloga e a psicopedagoga da instituição, para conhecermos de modo mais amplo as ações desenvolvidas no local; e observamos uma intervenção realizada pelo Terapeuta Ocupacional com estudantes com Síndrome de Down.

Desse modo, as observações e as entrevistas concedidas deram os subsídios necessários para a análise e interpretação dos dados, a fim de alcançar os objetivos da presente pesquisa.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O Professor do Atendimento Educacional Especializado (AEE) e seu trabalho na sala de recursos multifuncionais.

A sala de recursos multifuncionais é uma sala específica para trabalhar com o aluno, oferecendo-o recursos que o auxiliem de acordo com sua limitação. Segundo as Diretrizes Operacionais da Educação Especial para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, o Decreto nº 6.571, de 18 de setembro de 2008, esclarece que se não houver essa sala na própria escola de matrícula, é possível procurar esse atendimento em outra escola do ensino regular pública, visto que o AEE é realizado prioritariamente na sala de recursos, e sendo um direito do aluno utilizá-la.

De acordo com Brasil (2009), o professor, para atuar na sala de recursos multifuncionais, trabalhando diretamente com o aluno com deficiência, é necessário ter formação inicial e formação específica na área de educação especial. Em relação às suas atribuições, podemos citar: trabalhar na sala de recursos ensinando o aluno a utilizar recursos de Tecnologia Assistiva, dessa forma, promovendo a autonomia do aluno. Também deve acompanhar a funcionalidade e aplicabilidade dos recursos na sala comum e na escola como todo, para que o aluno se adapte, como o local do lanche, o pátio para brincadeiras, entre outros.

Para o efetivo trabalho docente na sala de recursos, é preciso direcionar o professor e seus deveres para com os alunos, e é importante perceber que além das atribuições citadas

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acima, o professor tem um comprometimento para além e demandas diferenciadas, como segundo Pertile (2013) exemplifica sobre o trabalho docente na sala de recursos.

“Entre as responsabilidades do professor, constata-se dois espaços de atuação, com a existência da SRM tipo 1 e da SRM tipo 2. Cada espaço dispõe de materiais diferenciados, sendo que a segunda se destina especificamente ao trabalho com alunos da área visual e a primeira prevê o trabalho com alunos das 81 demais áreas da deficiência, com altas habilidades/superdotação e com transtornos globais do desenvolvimento” (PERTILE, 2013)

Dessa maneira, é possível perceber que o professor tem uma solicitação grande ao atuar nessa área, sendo necessária uma disposição para desempenhar seu papel na sala de recursos, considerando suas atribuições e atendendo-as. Vale ressaltar que o professor tem um papel essencial no desenvolvimento do aluno, e é preciso ter formação permanentemente para realizar o trabalho pedagógico com alunos com deficiência, visto que o docente busca aperfeiçoar a potencialidade do aluno, superando as limitações.

Trabalho pedagógico do (a) professor (a) da Sala de Recursos Multifuncionais e sua articulação com o professor (a) da sala comum.

O professor da sala de recursos multifuncionais precisa ter formação inicial e continuada, focada na educação especial, e tem atribuições que devem ser bem executadas. De acordo com Brasil (2009), um dos deveres definido é “Estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando à disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias que promovem a participação dos alunos nas atividades escolares”.

Dessa forma, é essencial haver esse vínculo profissional, para beneficiar o próprio aluno, por meio do desenvolvimento de trabalhos pedagógicos que se complementam tanto o trabalho do professor no ensino comum, quanto no AEE. Afinal,é, também,atribuição do professor do AEE, suplementar a escolarização, auxiliando nas habilidades e limitações da pessoa com deficiência.

É importante esclarecer que o professor do AEE não tem como atribuição reforçar o conteúdo trabalhado pelo professor do ensino regular, mas sim atender individualmente ou coletivamente o aluno para desenvolver e despertar nele autonomia. De acordo com Vaz (2013),

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“[...] a sala de recursos multifuncionais não seja direcionada a aulas de reforço escolar, mas sim que se trabalhe com as alternativas disponíveis para que o aluno consiga aprender, o que, de certa forma, remete ao trabalho clínico nas escolas com as técnicas e recursos oferecidos para cada tipo de deficiência, ou seja, o foco do trabalho está na superação das características das deficiências e não no processo de ensino e aprendizagem [...]” (VAZ, 2013, p.103)

Nessa conjuntura, é relevante essa articulação entre professor do AEE e o professor sala comum, porém, cada um realizando o seu papel como profissional. Além disso, é significativo para o aluno quando há parceria intersetoriais, ou seja, com psicopedagoga, psicóloga, fonoaudióloga, entre outros. Todos esses citados colaboram para um desenvolvimento ágil e efetivo do aluno, buscando superar suas limitações.

Ademais, por fazer parte da equipe educacional da escola é necessário que exista um contato permanente entre estes profissionais, como afirma Manzini (2011).Ou seja, eles devem ter um contato contínuo, e, ainda mais, reuniões frequentes, para discutir as atribuições necessárias do profissional do AEE, e se o plano de AEE está condizente com as atividades propostas pelo professor do ensino comum, uma vez que o AEE deve ser um complemento do ensino regular, mas jamais um reforço ou um substituto.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Partindo do nosso objetivo de investigar como o professor do Atendimento Educacional Especializado- AEE desenvolve o seu trabalho na Sala de Recursos Multifuncionais de uma Associação da cidade de Fortaleza-CE, podemos verificar que o local pesquisado não tem sala de recursos multifuncionais, visto que a professora da associação foi clara ao dizer na entrevista que “falta material, recursos didáticos e que, muitas vezes, elas criam com as mãos e os materiais que têm em casa”. Logo, podemos perceber que há o atendimento educacional especializado, porém é perceptível que é assistencialista, ou seja, qualidade a desejar.

De acordo com Brasil (2009) “O AEE é realizado, prioritariamente, na Sala de Recursos Multifuncionais da própria escola ou em outra escola de ensino regular...”. Assim, podemos perceber que a associação não tem uma sala de recursos, mesmo sendo conveniada, com um caráter público-privada. A professora ainda complementa que elas “desenvolvem o material e que os professores fazem uma espécie de rodízio para utilizar esse material com diferentes alunos”.

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Ainda sobre a presente pesquisa, quando foi perguntado à professora sobre, de fato, o trabalho desenvolvido pelo Atendimento Educacional Especializado, a professora esclarece que o AEE ajuda muito o aluno, e que é importante identificar a limitação do sujeito e buscar desenvolvê-la. Porém, é bem convincente quando enfatiza que ela e suas colegas de trabalho não são professoras, são pessoas que só trabalham com a dificuldade do aluno para esse ser inserido no ensino regular.

Logo, a professora do AEE não se visualiza como professora, mas sim como técnica. Porém, Brasil (2009) diz que “para atuação no AEE, o professor deve ter formação inicial que o habilite para o exercício da docência e formação específica na educação especial, inicial ou continuada”. Dessa maneira, levando em consideração que na entrevista a professora tem graduação em Pedagogia e Pós-Graduação em Educação Especial, é possível perceber que a mesma é professora atuante na área, e não técnica como se autodenomina.

Para atingir o segundo objetivo de verificar se existe um trabalho de parceria entre o professor do AEE e o professor da sala de aula comum, é necessário compreender os deveres do professor. Segundo Brasil (2009), uma das atribuições do profissional da educação especial é:

“Estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando a disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias que promovem a participação dos alunos nas atividades escolares”. (BRASIL, 2009, p.5)

Portanto, ao dialogar com a professora, indagamos qual sua articulação com as professoras do ensino regular, e a mesma responde que é importante essa relação com os professores, porém, não há esse vínculo, visto que a associação muitas vezes fica longe da escola de origem do aluno, e que eles não se preocupam em saber como está o desenvolvimento desse estudante. Além disso, uma das dificuldades relatada pela professora é a articulação com os familiares, pois muitos deles acham que aquele ambiente é um local de brincar e se divertir, não de aprendizado.

Diante disso, é perceptível a dificuldade de interação com a família, e, ainda mais, com os professores da escola regular. Muitas vezes, como citado pela professora, na reunião de pais e mestres comparecem apenas três ou quatro pais, no máximo. Ou seja, é difícil manter o contato quando os familiares não procuram acompanhar o desenvolvimento do seu filho.

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Nos estudos de Vera Lúcia Capellini, busca destacar a colaboração do professor especialista em educação especial e a família do aluno:

No trabalho de apoio, a participação da família é imprescindível. Cabe também ao professor especializado conhecer os recursos disponíveis no município em que atua e, mais do que isso, buscar possíveis parcerias, promover visitas educativas aos espaços públicos e oportunizar a vivência de situações nas quais os alunos possam desenvolver a autonomia. (CAPELLINI, 2010,p. 14).

Nessa conjuntura, na última visita a associação, tivemos a satisfação de conversar informalmente com as “técnicas”, como elas se autodenominavam.Conversamos com a psicopedagoga e a fonoaudióloga, que explanaram, sem entrevista ou gravação, que era essencial a multidisciplinariedade entre elas e a professora do AEE, pois o plano que a professora fazia auxiliaria muito no trabalho desenvolvido por elas.

Conforme Brasil (2009), uma das atribuições do professor do AEE é “Estabelecer parcerias com as áreas intersetoriais na elaboração de estratégias e na disponibilização de recursos de acessibilidade”. Logo, a parceria com outros profissionais torna-se primordial para fazer um trabalho eficiente com o aluno com deficiência, tornando mais compreensível a maneira de trabalhar com ele e suas limitações, visto que todos estariam trabalhando interdisciplinarmente.

No entanto, já ao final do diálogo com a psicopedagoga e com a fonoaudióloga, as mesmas relataram que não têm um convívio frequente com as professoras do AEE e que, muitas vezes, as professoras mandam o aluno para o atendimento com elas porque o mesmo está atrapalhando, ou porque o aluno está agitado no dia e as docentes não sabem como trabalhar com o sujeito. Assim, as profissionais enfatizam que, apesar de reconhecerem a importância da articulação, há uma divisão entre as professoras e as outras profissionais na associação.

CONCLUSÃO

A educação especial é oferecida para alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, e deve ocorrer em um ambiente com materiais, equipamentos e professores especializados. Nesse contexto, os objetivos da presente pesquisa foram investigar como o professor do Atendimento Educacional Especializado- AEE desenvolve o seu trabalho na Sala de Recursos Multifuncionais de uma

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Associação da cidade de Fortaleza-CE; e verificar se existe um trabalho de parceria entre o professor do AEE e o professor da sala de aula comum.

Nesse sentido, observamos que não há um local diferenciado, que pudéssemos denominar de sala de recursos multifuncionais na instituição. Apenas algumas salas de aula são bem iluminadas e ventiladas, as demais não têm uma infraestrutura adequada, e as atividades são realizadas com materiais insuficientes e, muitas vezes, improvisados ou elaborados pelas próprias professoras.

Possivelmente, a professora entrevistada não tenha um plano de aula, ou, caso o tenha, não trabalhe de forma concreta, pois, nos momentos em que indagamos pelo documento, ela informou que não tinha fácil acesso a ele, uma vez que o mesmo ficava arquivado com a coordenação da escola.

Em relação à parceria do professor do AEE com o professor da sala de aula comum, verificamos que não há qualquer interação entre os mesmos, porque poucos alunos frequentam a escola regular, e os demais estudam em locais muito distantes da associação, prejudicando a articulação entre os professores.

Acreditamos que essa distância entre a associação pesquisada e a escola regular dá à associação características de escola comum, e não de complemento como determina a legislação brasileira. O local adquire, assim, um caráter substitutivo às classes comuns, prática não recomendada pela Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009. Dessa forma, sugerimos que a instituição incentive, de forma mais incisiva, a inclusão dos estudantes na escola regular.

Por fim, deixamos como sugestão, para próximas pesquisas relacionadas ao tema, que seja realizado um estudo contemplando as opiniões das famílias dos alunos, de modo a descobrir de que forma as atividades realizadas na associação estão contribuindo para o desenvolvimento dos discentes, além das razões que determinam a não inclusão desses estudantes nas escolas regulares.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996.

BRASIL. Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências.

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BRASIL. Resolução nº 4, de 2 de outubro de 2009. Institui diretrizes operacionais para o Atendimento Educacional Especializado – AEE na Educação Básica, modalidade Educação Especial.

CAPELLINI Vera Lúcia M. F.; MENDES, Enicéia. O ensino colaborativo favorecendo o desenvolvimento profissional para a inclusão escolar. In.:Educere et Educare Revista de Educação, vol. 2, n. 4, jul/dez, 2007, pp. 113-128.

LÜDKE, Menga e ANDRÉ, Marli E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

MANZINI, E. J. Possíveis variáveis para estudar as salas de recursos multifuncionais. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO ESPECIAL, 6, 2011. Prática pedagógica na educação especial - Multiplicidade do atendimento educacional especializado. Anais do VI Seminário Nacional de Pesquisa em Educação Especial. Vitória, p.1-19.

PERTILI, Eliane Brunetto. A Sala de Recursos Multifuncional: a proposta oficial para o trabalho docente frente às necessidades educacionais dos alunos com deficiência intelectual. / Eliane Brunetto Pertile — Cascavel, PR: UNIOESTE, 2013.

VAZ, Kamille. O Professor de Educação Especial nas Políticas de Perspectiva Inclusiva no Brasil: Concepções em Disputa. Dissertação de Mestrado. UFSC, 2013.

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