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Academic year: 2021

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Consciência/Alienação: A ideologia no nível individual

Silvia Tatiana Maurer Lane

Ideologia: Conjunto de ideias ou pensamentos de uma pessoa ou de um grupo de indivíduos. A ideologia pode estar ligada a ações políticas,

econômicas e sociais.

(2)

O conceito de ideologia foi muito trabalhado pelo filósofo alemão Karl Marx, que ligava a ideologia aos sistemas teóricos (políticos, morais e sociais) criados pela classe social dominante. De acordo com Marx, a ideologia da classe dominante tinha como objetivo manter os mais ricos no controle da sociedade.

(3)

O indivíduo sujeito da história é constituído de suas

relações sociais e é, ao mesmo tempo, passivo e

ativo (determinado e deter minante). Ser mais ou

menos atuante como sujeito da história depende do

(4)

Assim ele é história na medida em que se insere e se

define no conjunto de suas relações sociais,

desempenhando atividades transformadoras destas

relações; o que implica, necessariamente, atividade

prática e inteligência, tão inseparáveis quanto, no nível

da sociedade, são inseparáveis a infra e a

superestrutura, e cuja unidade é estabelecida por um

processo cujo agente exclusivo é a atividade humana em

(5)

Marx chama de infra-estrutura a estrutura material

da sociedade, sua base econômica, que consiste nas

formas pelas quais os homens produzem os bens

necessários à sua vida. A superestrutura

corresponde à estrutura jurídico-política e a

estrutura ideológica. A posição do marxismo, é que

a infra-estrutura determina a superestrutura, mas

ao tomar conhecimento das contradições, o homem

pode agir ativamente sobre aquilo que o determina.

(6)

As manifestações da superestrutura passam a ser

determinadas pelas alterações da infra-estrutura

decorrentes da passagem econômica do  sistema

feudal para o capitalista. O movimento dialético da

história se faz por um motor, que é a luta de classes.

Essa luta acontece porque as classes tem interesses

antagônicos. No modo de produção capitalista essa

relação de antagonismo se dá porque o capitalista

detém o capital e o operário não possui nada, tendo

(7)

A partir desse ponto, Marx formula uma de suas

conceitos mais conhecidos que é a mais-valia. Esse

mais-valia é concebida quando o trabalhador vende

ao capitalista a sua força de trabalho por um valor

(8)

Acontece que ele produz mais do que esperado, e

como ele fica com tempo disponível dentro da

empresa ele produz um excedente que é a

mais-valia. Essa mais-valia não é dividido com o

trabalhador e fica nas mãos do capitalista que vai

acumulando o capital. A mais-valia é portanto o valor

que o trabalhador cria além de sua força de

trabalho e é apropriado pelo capitalista.

(9)

Outro conceito que Marx constrói é o da alienação. O

trabalhador quando vende a sua força de trabalho

se torna estranho ao produto que concebeu. Essa

perda do produto causa outras perdas para o

trabalhador, como a separação da concepção e

execução do trabalho, e ainda com o avanço

tecnológico, ele fica sujeito ao ritmo da linha de

montagem, não tendo controle sobre o seu ritmo

(10)

Para que o trabalhador não se revolte, o capitalismo

usa de mecanismos de introdução de ideologia na

cabeça das pessoas, para que estas se conformem

(11)

É dentro deste contexto que devemos analisar como a

ideologia, presente em atividades superestruturais da

sociedade, se reproduz a nível individual, levando-o a se

relacionar socialmente de forma orgânica e reprodutora

das condições de vida, e também como, no plano da

ideologia, o indivíduo se toma consciente dos conflitos

(12)

Desta forma a análise da ideologia deve,

necessariamente, considerar tanto o discurso onde

são articuladas as representações, como as atividades

desenvolvidas pelo indivíduo. A análise ideológica é

fundamental para o conhe cimento psicossocial pelo

fato de ela determinar e ser determinada pelos

comportamentos sociais do indivíduo e pela rede de

relações sociais que, por sua vez, constituem o próprio

(13)

A alienação se caracteriza, ontologicamente, pela atribuição de "naturalidade" aos fatos sociais; esta inversão do humano, do

social, do histórico, como manifestação da natureza, faz com que todo conhecimento seja avaliado em termos de

verdadeiro ou falso e de universal; neste processo a "consciência" é reificada, negando-se como processo, ou seja, mantendo a alienação em relação ao que ele é como

(14)

Neste ponto se torna necessário distinguir, em termos de níveis, consciência social, de consciência de classe; esta última é um processo essencialmente grupal e se manifesta

quando indivíduos conscientes de si se percebem sujeitos das mesmas determinações históricas que os tornaram membros de um mesmo grupo, inseridos nas relações de produção que caracterizam a sociedade num dado momento.

(15)

Nesta perspectiva, o pertencer a um grupo cujas ações

expressam uma consciência de classe pode ser condição para que um indivíduo desencadeie um processo de

conscientização de si e social. Desta forma, consciência de classe é uma categoria basicamente sociológica, enquanto consciência de ser social é uma categoria psicológica. Porém

elas são intersociáveis no plano da ação, tanto individual como grupal.

(16)

A questão da alienação-consciência só poderá ser

analisada, no plano individual, enquanto processo que

envolve, necessariamente, pensamento e ação, mediados

pela linguagem produto e produtora da história de uma

sociedade.

(17)

O pensar uma ação pode simplesmente reproduzir essa

ideologia, na medida em que se submete ou a reproduz

através de explicações do tipo "é assim que deve ser, é

(18)

Porém, o pensar uma ação pode ser um confronto das possíveis conseqüências tanto imediatas como mediatas. Este pensar

recupera experiências anteriores, quando ações

transformaram o ambiente e outras, omitidas, mantiveram o status quo, apesar de ter havido uma necessidade que gerou

(19)

Refletir sobre estas contradições e suas conseqüências

fará com que a ação decorrente seja um avanço no

processo de conscientização. Se esta reflexão não

ocorre, o pensar a ação se caracterizará por uma

resposta pronta, tida como "verdadeira", já elaborada

pelo grupo, reproduzindo a ideologia e mantendo o

indivíduo alienado.

(20)

Desta forma o pensar ação/não-ação — agir/não-agir e repensar o feito/não-feito traz em si contradições que podem ser resolvidas através de uma explicação, de uma justificativa que encerra o processo com uma elaboração

ideológica. Porém se a contradição é enfrentada, é

analisada criticamente e é questionada no confronto com a realidade, o processo tem continuidade, onde cada ação é renovada e repensada, ampliando o âmbito de análise e da própria ação, e tem como conseqüência a conscientização do

indivíduo.

(21)

Em contraposição, as respostas a ações habituais são

exatamente aquelas que se reproduzem sem que ocorra o pensar, tanto antes como depois. Na medida em que estas

ações implicam valores e relações sociais, elas estarão, obrigatoriamente, reproduzindo a ideologia dominante,

mantendo as condições sociais, ou seja, elas não

transformam nem as relações sociais do indivíduo nem a ele mesmo: é a persistência da alienação.

(22)

(Nesse sentido pode-se entender como, não só o trabalho repetitivo e mecânico de um operário, mas também qualquer atividade rotineira contribui para a alienação do ser humano.)

Concluindo...

Temos como decorrência metodológica desta aná lise, a necessidade de pesquisar as representações (linguagem- pensamento) juntamente com as ações de um indivíduo, este

definido pelo conjunto de suas relações sociais, para se

chegar ao conhecimento de seu nível de consciência/alienação num dado momento.

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Referências

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