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O serviço social e o processo sócio assistencial no programa de atendimento de internação domiciliar

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ELIZETE ALVES DUARTE

O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO SÓCIO ASSISTENCIAL NO PROGRAMA DE ATENDIMENTO DE INTERNAÇÃO DOMICILIAR: UM OLHAR ESPECIAL

SOBRE A ASSISTÊNCIA DOMICILIAR

Palhoça 2009

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O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO SÓCIO ASSISTENCIAL NO PROGRAMA DE ATENDIMENTO DE INTERNAÇÃO DOMICILIAR: UM OLHAR ESPECIAL

SOBRE A ASSISTÊNCIA DOMICILIAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.

Orientadora: Profª. Msc. Vera Nícia Fortkamp de Araújo

Palhoça 2009

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O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO SÓCIO ASSISTENCIAL NO PROGRAMA DE ATENDIMENTO DE INTERNAÇÃO DOMICILIAR: UM OLHAR ESPECIAL

SOBRE A ASSISTÊNCIA DOMICILIAR

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Serviço Social e aprovado pelo Curso de Serviço Social da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 06 de novembro de 2009.

_________________________________________________ Profª. e orientadora Msc. Vera Nícia Fortkamp de Araújo

Universidade do Sul de Santa Catarina

_________________________________________________ Ana Paula Horstmann

Enfermeira

_________________________________________________ Sara Horn Oliveira

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Dedico este trabalho a minha maravilhosa mãe, Maura Joaquina Alves, por ter me dado a vida, pelas orações, pelo carinho, pela alegria e pela plenitude que ela acrescenta a minha vida, que mesmo de longe estava sempre comigo, e ao meu irmão, Antônio Carlos Alves, que me ajudou inúmeras vezes, permitindo que eu chegasse até aqui.

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Agradeço primeiramente a Deus, por ter guiado meus passos e colocado amigos ao longo deste caminho.

Aos meus amados filhos, Andreza e Johnatan, pela compreensão dos meus humores variados e limitações na percepção de suas necessidades.

Ao meu esposo Duarte que me apoiou sob todos os aspectos, respeitando e compreendendo as minhas ausências.

Ao meu amado pai Adelfho, por me dar a vida, e aos meus irmãos, José Carlos e Carlos Alberto (in memoriam), que de onde estiverem creio que estão orgulhosos por minha conquista. Agradeço também a toda minha família pelo carinho e que, mesmo de longe, torceram por mim.

A Professora Doutoranda Andréia de Oliveira, pelas palavras, atitudes e conselhos que sempre me deixam melhor e pela sua enorme sabedoria.

A Professora Mestre Vera Nícia Fortkamp de Araújo, pela orientação, competência, dedicação e paciência, especialmente durante a elaboração deste trabalho.

A Assistente Social Patrícia Barreto, pelo carinho e oportunidade de realizar o estágio extracurricular obrigatório.

A toda equipe do PADI, que me recebeu de portas abertas, bem como aos funcionários do Serviço Social do HRSJ, pela compreensão e apoio prestados durante todo o estágio.

Obrigada aos amigos do Centro de Saúde SEDE, que nos momentos de desespero, derrotas, tristeza e alegria tiveram paciência para comigo.

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Maria Elizabete e Ana Paula, pelo apoio nas horas de tristeza, desânimo e por seus conselhos consistentes.

Valeu !!!!!!

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“Tudo que existe e vive precisa ser cuidado para continuar existindo. Uma planta, uma criança, um idoso, o planeta Terra. Tudo o que vive precisa ser alimentado. Assim, o cuidado, a essência da vida humana, precisa ser continuamente alimentado. O cuidado vive do amor, da ternura, da carícia e da convivência”.

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Trata-se de trabalho de conclusão de curso de Serviço Social, da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL, realizado com o objetivo geral de analisar o Serviço Social e o processo sócio assistencial no Programa de Atendimento de Internação Domiciliar: um olhar especial sobre a assistência domiciliar, especialmente através dos conhecimentos obtidos durante a realização do Estágio Supervisionado nas dependências do Hospital Regional de São José – Dr. Homero de Miranda Gomes, mais precisamente na clínica médica de internação e no Programa de Atendimento de Internação Domiciliar – PADI. Desta maneira, salienta-se que o presalienta-sente trabalho apresalienta-senta uma abordagem sobre o Sistema Único de Saúde, principalmente com reflexões a partir da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988; assim como uma análise do Serviço Social junto à assistência domiciliar no âmbito do SUS e, finalmente, do Serviço Social e o processo sócio assistencial no Programa de Atendimento e Internação Domiciliar – PADI do Hospital Regional de São José – Dr. Homero de Miranda Gomes. Ressalta-se que, com baRessalta-se nas pesquisas bibliográficas realizadas, bem como através do Estágio Supervisionado e os conhecimentos adquiridos, foi possível compreender a importância do PADI na atual conjuntura da sociedade brasileira. Nesse contexto, percebe-se também a importância da presença do profissional do Serviço Social junto à equipe de assistência domiciliar para a promoção da saúde do usuário, bem como do cuidador e de toda a família que participa do programa de internação domiciliar.

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1 INTRODUÇÃO ... 9

2 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: BREVES REFLEXÕES A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 ... 11

2.1 O CONCEITO DE SAÚDE ... 11

2.2 DO DIREITO À SAÚDE ... 14

2.3 O SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ... 17

2.4 A DESCRIÇÃO DO CONTEXTO INSTITUCIONAL E DO SERVIÇO SOCIAL NO HOSPITAL REGIONAL DE SÃO JOSÉ DR. HOMERO DE MIRANDA GOMES SC. 24 3 O SERVIÇO SOCIAL E ASSISTÊNCIA DOMICILIAR NO CONTEXTO DO SUS 32 3.1 O SERVIÇO SOCIAL NO ÂMBITO DA SAÚDE ... 32

3.2 A ASSISTÊNCIA DOMICILIAR NA ESFERA DO SUS ... 38

4 O SERVIÇO SOCIAL E O PROCESSO SÓCIO ASSISTENCIAL NO PROGRAMA DE ATENDIMENTO DE INTERNAÇÃO DOMICILIAR: UM OLHAR ESPECIAL SOBRE A ASSISTÊNCIA DOMICILIAR ... 45

4.1 O PROGRAMA DE ATENDIMENTO E INTERNAÇÃO DOMICILIAR – PADI NO HOSPITAL REGIONAL DE SÃO JOSÉ – DR. HOMERO DE MIRANDA GOMES ... 45

4.2 O PROGRAMA DE ATENDIMENTO E INTERNAÇÃO DOMICILIAR – PADI: UMA ABORDAGEM NA PERSPECTIVA FAMILIAR ... 48

4.3 A INTERVENÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NO PROGRAMA DE ATENDIMENTO E INTERNAÇÃO DOMICILIAR – PADI POR MEIO DO SUS ... 55

5 CONCLUSÃO ... 62

REFERÊNCIAS ... 66

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1 INTRODUÇÃO

“Revelar a riqueza escondida sob a aparente pobreza do cotidiano, descobrir a profundeza sobre a trivialidade, atingir o extraordinário do ordinário, esse é o desafio”. (Lefébvre)

A saúde, direito de todos e dever do Estado, é um dos direitos fundamentais da pessoa humana. Denota-se que sem saúde não há vida digna, por isso a importância da efetivação de políticas públicas destinadas à promoção da Saúde Pública, especialmente às classes menos favorecidas da sociedade.

Nesse contexto, o Serviço Social desempenha importante papel, considerando o fato da intersetorialidade, atualmente, constituir uma nova maneira de trabalhar, governar e desenvolver políticas públicas. O Assistente Social, na estrutura do Sistema Único de Saúde, muitas vezes acaba sendo considerado um agente de interação – um elo de ligação entre o usuário e o serviço público.

Entretanto, tendo em vista o aprimoramento das técnicas de saúde e a busca pelo bem estar do usuário, emergiu a denominada “assistência domiciliar”, modalidade de atenção à saúde desenvolvida no próprio domicílio do usuário através de uma equipe multidisciplinar.

Assim, com base nessas premissas e no Estágio Supervisionado desenvolvido nas dependências do Hospital Regional de São José – Dr. Homero de Miranda Gomes, mais precisamente na clínica médica de internação e no Programa de Atendimento de Internação Domiciliar – PADI, foi que surgiu o tema do presente trabalho de conclusão de curso, qual seja: o Serviço Social e o processo sócio assistencial no Programa de Atendimento de Internação Domiciliar: um olhar especial sobre a assistência domiciliar.

A relevância do tema, por seu turno, consiste na análise de um assunto bastante importante para a promoção da saúde dos usuários do Sistema Único de Saúde, bem como para a verificação dos problemas existentes na Assistência Domiciliar e, ainda, para análise da contribuição do Serviço Social para o usuário e para o cuidador, pessoa que enfrenta sérias dificuldades em face dos cuidados que a internação domiciliar demanda diariamente.

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Ademais, sublinha-se que o presente trabalho de conclusão de curso encontra-se estruturado em cinco capítulos:

Inicialmente tem-se a presente introdução, capítulo de abertura reservado para apresentação do tema, dos objetivos, justificativa e estrutura do trabalho.

O segundo capítulo, por seu turno, é destinado à análise do Sistema Único de Saúde, com breves reflexões sobre o SUS a partir da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Nesse capítulo, ainda, apresenta-se o conceito de saúde, o direito à saúde, o Sistema Único de Saúde – SUS e a descrição do contexto institucional e do Serviço Social no Hospital Regional de São José – Dr. Homero de Miranda Gomes.

Já o capítulo três traz o Serviço Social e a Assistência Domiciliar no contexto do SUS através do estudo do Serviço Social no âmbito da saúde e da assistência domiciliar na esfera do SUS.

O quarto capítulo, por oportuno, aborda o tema principal proposto para este trabalho, qual seja: o Serviço Social e o processo sócio assistencial no Programa de Atendimento de Internação Domiciliar: um olhar especial sobre a assistência domiciliar. Para tanto, estuda-se o Programa de Atendimento e Internação Domiciliar – PADI no Hospital Regional de São Jose – Dr. Homero de Miranda Gomes; apresenta-se uma abordagem na perspectiva familiar do Programa de Atendimento e Internação Domiciliar – PADI e, por fim, analisa-se a intervenção do Serviço Social no Programa de Atendimento e Internação Domiciliar – PADI por meio do SUS.

Em últimas linhas, tem-se a conclusão, oportunidade destinada para a reflexão dos resultados obtidos com o presente trabalho.

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2 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: BREVES REFLEXÕES A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO DE 1988

“Se alguém procura a saúde, pergunta-lhe primeiro se está disposto a evitar no futuro as causas da doença; em caso contrário, abstém-te de o ajudar”. (Sócrates)

Sabe-se que a saúde, especialmente nos dias atuais, é entendida como um suplemento da qualidade de vida, desígnio de todo ser humano. (HUMENHUK, 2004).

Desta maneira, antes de analisar o tema principal proposto para este trabalho de conclusão de curso, qual seja: “O Serviço Social e o processo sócio assistencial no Programa de Atendimento e Internação Domiciliar – PADI do Hospital Regional de São José – Dr. Homero de Miranda Gomes: um olhar especial sobre a assistência domiciliar”, reputa-se relevante estudar alguns aspectos do direito constitucional à saúde e do SUS – Sistema Único de Saúde, especialmente a partir das disposições da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 – CRFB/88.

2.1 O CONCEITO DE SAÚDE

Externado, inicialmente, pelos pensadores da Grécia Antiga, o primeiro conceito de saúde, baseava-se na idéia de “Mens Sana In Corpore Sano” (mente sã, corpo são), brocardo famoso até os dias atuais e que, segundo a doutrina, constitui um marco na definição de saúde. (HUMENHUK, 2004).

Todavia, a palavra “saúde” traduz diferentes significados. Registra-se que, até um determinado momento de nossa história, o termo traduzia apenas a noção de ausência de doenças.

De acordo com Paulo Eduardo Elias (2006, p. 11), a saúde, antes de ser consolidada como política, com o surgimento do Estado de Bem-Estar Social, “[...] apresentava uma expressão muito setorial e não tinha a importância econômica que

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veio a ter com a era de ouro do capitalismo e o advento do sistema de bem-estar social”.

Sobre a saúde como bem-estar-social, anota-se:

O reconhecimento da saúde como bem-estar, satisfação, bem coletivo e direito, configura um paradigma civilizatório da humanidade, construído num processo de embates de concepções e de pressões dos movimentos sociais por estabelecerem uma ruptura com as desigualdades e as iniqüidades das relações sociais, numa perspectiva emancipatória, levando-se em conta, evidentemente, as diferentes culturas e formas de cuidado do ser humano. (DRUMMOND, 2006, p. 18).

Nesse viés, sublinha-se que, a partir do século XX, com a criação da Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1946, “a saúde foi definida como o completo bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de doenças ou agravos”. Ademais, foi “reconhecida como um dos direitos fundamentais de todo ser humano, seja qual sua condição social ou econômica e sua crença religiosa ou política”. (HUMENHUK, 2004).

Com isso, denota-se que, o conceito de saúde transforma-se “em garantia da vida, rompendo-se com o modelo [...] que a restringia ao diagnóstico das doenças, feito por especialistas designados por um saber academicamente reconhecido em lei”. (DRUMMOND, 2006, p. 18).

Em descompasso, apresenta-se um conceito mais simplista de saúde apresentado por Henrique Hoffmann Monteiro de Castro (2005):

[...] necessário se faz dissertar sobre o conceito de saúde. Corresponde a um conjunto de preceitos higiênicos referentes aos cuidados em relação às funções orgânicas e à prevenção das doenças. “Em outras palavras, saúde significa estado normal e funcionamento correto de todos os órgãos do corpo humano”, sendo os medicamentos os responsáveis pelo restabelecimento das funções de um organismo eventualmente debilitado.

Já nas palavras de Lenir Santos (2005), não se pode definir saúde somente como “[...] fenômeno puramente biológico, uma vez que ela também é resultante de condições sócio-econômicas e ambientais”.

Nesse sentido, Giovanni Berlinguer conceitua saúde como:

[...] um sinal estatisticamente relevante e precocemente calculável, de alterações do equilíbrio homem-ambiente, induzidas pelas transformações produtivas, territoriais, demográficas e culturais, incontroláveis nas suas conseqüências, além de sofrimento individual e de desvio duma

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normalidade biológica ou social. (BERLINGUER, [s/d] apud SANTOS, 2005).

Para Bolzan de Moraes (1997), a definição de saúde está relacionada à questão de vida saudável, isso porque leva “[...] a construção de uma qualidade de vida, que deve objetivar a democracia, igualdade, respeito ecológico e o desenvolvimento tecnológico, tudo isso procurando livrar o homem de seus males e proporcionando-lhe benefícios”.

Acerca dessa nova perspectiva do conceito de saúde, anota-se:

Esse novo conceito de saúde considera as suas determinantes e condicionantes (alimentação, moradia, saneamento, meio ambiente, renda, trabalho, educação, transporte etc.), e impõe aos órgãos que compõem o Sistema Único de Saúde o dever de identificar esses fatos sociais e ambientais e ao Governo o de formular políticas públicas condizentes com a elevação do modo de vida da população. (SANTOS, 2005).

Desta maneira, “não se pode mais considerar a saúde de forma isolada das condições que cercam o indivíduo e a coletividade”. Nos dias atuais, tratar de saúde sem considerar a forma como o homem “[...] se relaciona com o seu meio social e ambiental é voltar à época em que a doença era um fenômeno meramente biológico, desprovido de qualquer outra interferência que não fosse tão somente o homem e seu corpo”. (SANTOS, 2005).

A saúde encontra-se relacionada com a educação, ao passo “que, se o indivíduo recebe uma correta educação, evitará muitos problemas devido a informação e entendimento no assunto”. De igual sorte,

[...] a saúde também é correlata com o trabalho, uma vez que o trabalho possui uma função também primordial na vida dos seres humanos e diante deste aspecto a saúde é pressuposto para o cidadão realizar suas tarefas, bem como a segurança na questão das doenças e acidentes no trabalho. (HUMENHUK, 2004).

Pautada na definição da OMS – Organização Mundial da Saúde, a saúde baseia-se não apenas no “[...] reconhecimento da sobrevivência individual e coletiva, mas como direito ao bem-estar completo e complexo, implicando as condições de vida articuladas biológica, cultural, social, psicológica e ambiental”. (DRUMMOND, 2006, p. 18).

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A saúde não pode estar condicionada a discursos vago, promessas políticas e ideologias cambaleantes. A condição primordial para o desenvolvimento de qualquer regime democrático é a vida do ser humano, que não pode ser colocada em segundo plano por distorções ideológicas que têm como grande objetivo disfarçar os reais e egoísticos interesses implícitos em ditas falas. (SCHWARTZ, 2001).

A saúde, nas palavras de Schwartz, é “[...] muito mais do que direito de todos. É principalmente, a solução de todos”. Nessa mesma linha, de uma forma bastante ampla, pode-se, então, conceituar saúde como “[...] uma incessante busca pelo equilíbrio entre influências ambientais, modos de vida e vários componentes”. (HUMENHUK, 2004).

Tais conceitos de saúde, abordados pelos autores acima, leva a crer que aquele que mais se aproxima da realidade que se vivencia no cotidiano profissional é o que engloba todos os fatores que cercam o usuário e a sociedade, visto que não dá para falar de saúde apenas quanto ao fator biológico, ou seja, é preciso avaliar todo o contexto do indivíduo.

2.2 DO DIREITO À SAÚDE

Na análise da positivação do direito à saúde, denota-se que, atualmente, o mesmo “[...] faz parte dos direitos humanos, mas nem sempre foi considerado ao longo da história. Não fazia parte, por exemplo, da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, marco histórico dos direitos civis na Revolução Francesa”. (DRUMMOND, 2006, p. 17-18).

Paulo Eduardo Elias declara que, no Brasil, a saúde jamais foi idealizada como um direito. Segundo o autor, “a formulação do Sistema de Saúde que nós temos foi pensada com um seguro, vinculado ao mundo do trabalho. Por isso a saúde foi pensada como assistência médica e nasceu vinculada à Previdência Social”.(ELIAS, 2006, p. 13).

Acerca do tema, registra-se:

Antes da Constituição de 1988, a saúde não era direito de todos, mas apenas a assistência médica era permitida a quem tinha carteira assinada e pagava a Previdência Social. Aos outros, só se pagassem ou se sobrasse dinheiro para o Ministério da Saúde, ou os hospitais universitários e os

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governos municipais e estaduais fizessem algum tipo de atendimento. Neste caso, essa população que não podia pagar e não tinha “INPS” era chamada de indigente ou carente. (SANTA CATARINA, 2002, p. 11).

Por conseguinte, tendo em vista a abertura política, nasceu no âmbito dos profissionais de saúde “[...] um movimento chamado de movimento sanitário e, em 1979, o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde - CEBES apresentou e discutiu publicamente, pela primeira vez, a proposta de reorientação do sistema de saúde, que naquela época já se chamava SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE”. (SANTA CATARINA, 2002, p. 11).

Desta forma, percebe-se que “a construção do SUS é um processo no qual a diretriz da descentralização das ações e dos serviços de saúde vem se desenhando desde o movimento pela Reforma Sanitária na década de 70”. (NATALINI, 2006, p. 164).

Nos anos 80, a crise econômica ocasionou “[...] uma nova situação, exigindo que o Governo reconhecesse a crise e a necessidade de mudar o sistema de saúde, sob pressão da própria população que já começava a se organizar, lutando pela democratização do País”. (SANTA CATARINA, 2002, p. 11).

Por isso, passou-se a desenvolver diversos ensaios de reformulação dos serviços de saúde, “[...] algumas até apoiadas e promovidas pelo Ministério da Saúde, como Programa de Interiorização de Ações de Saúde e Saneamento - PIASS, dirigido para áreas rurais do Nordeste, e o Prev-Saúde, que não saiu do papel”. (SANTA CATARINA, 2002, p. 11).

Na obra sobre o Sistema Único de Saúde, a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, lembra que:

Em 1982, o Governo muda a forma de pagamento do setor privado contratado pela introdução do pagamento por diagnostico – “AIH” – e passa a celebrar convênios com os estados e municípios repassando recursos. AIS – Ações Integradas de Saúde – que representavam, pela primeira vez, a possibilidade das instituições públicas de saúde se conhecerem e começarem a fazer um planejamento mais articulado e integrado. Criam-se as Comissões Interinstitucionais – CIS e CIMS que foram a base do SUDS – Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde. (SANTA CATARINA, 2002, p. 11-12).

No ano de “1986 realizou-se a 8ª Conferência Nacional de Saúde que, com ampla participação, discutiu a satisfação da saúde no País e aprovou um

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relatório cujas recomendações passaram a constituir o projeto da Reforma Sanitária Brasileira”. (SANTA CATARINA, 2002, p. 12).

Todavia, foi em 1988, com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, que ocorreram as principais mudanças, isso porque “o texto constitucional consagrou a saúde como produto social e estabeleceu as bases legais dos municípios como responsáveis pela elaboração da política de saúde”. (SANTA CATARINA, 2002, p. 12)

Nessa senda, registra-se que o art. 196 da CRFB/88 estabeleceu a saúde como direito de “[...] todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. (BRASIL, 1988).

O direito à saúde, segundo Lenir Santos (2005), com a Constituição de 1988, restou promovido à categoria de direito subjetivo público, haja vista o reconhecimento “[...] de que o sujeito é detentor do direito e o Estado o seu devedor, além, é obvio, de uma responsabilidade própria do sujeito que também deve cuidar de sua própria saúde e contribuir para a saúde coletiva”. Assim, “compete ao Estado garantir a saúde do cidadão e da coletividade”.

Acerca das inovações trazidas pela CRFB/88 ao direito à saúde, sublinha-se:

Diante do conceito trazido pela Constituição, [...] abandonou-se um sistema que apenas considerava a saúde pública como dever do Estado no sentido de coibir ou evitar a propagação de doenças que colocavam em risco a saúde da coletividade e assumiu-se que o dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais, além da prestação de serviços públicos de promoção, prevenção e recuperação. A visão epidemiológica da questão saúde-doença, que privilegia o estudo de fatores sociais, ambientais, econômicos, educacionais que podem gerar a enfermidade, passou a integrar o direito à saúde. (SANTOS, 2005).

Entretanto, de acordo com Lenir Santos (2005), para real entendimento do disposto no art. 196 é necessário desdobrá-lo em duas partes, assim como segue:

a) a primeira de linguagem mais difusa que corresponde a programas sociais e econômicos que visem à redução coletiva de doenças e seus agravos, com melhoria da qualidade de vida do cidadão. Esta primeira parte

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diz respeito muito mais à qualidade de vida, numa demonstração de que saúde tem conceito amplo que abrange o bem estar individual, social, afetivo, psicológico, familiar etc. e não apenas a prestação de serviços assistenciais; e

b) a segunda parte, de dicção mais objetiva, obriga o Estado a manter, na forma do disposto nos arts. 198 e 200 da Constituição e na Lei n. 8.080/90, ações e serviços públicos de saúde que possam promover a saúde e prevenir, de modo mais direto, mediante uma rede de serviços regionalizados e hierarquizados, os riscos de adoecer (assistência preventiva) e recuperar o indivíduo das doenças que o acometem (assistência curativa).

Com base nessas informações, verificam-se as significantes modificações introduzidas pela CRFB/88 no que diz respeito ao direito à saúde, impondo-a como um direito de todas as pessoas e um dever do Estado.

2.3 O SUS – SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

O SUS – Sistema Único de Saúde, com fundamento na CRFB/88, foi concebido como um sistema, ou seja, “como um conjunto cujas partes encontram-se coordenadas entre si, funcionando como uma estrutura organizada, submetida a princípios e diretrizes fixados legalmente”. Refere-se, na realidade, a uma “[...] rede regionalizada e hierarquizada de ações e serviços de saúde, através da qual o Poder Público cumpre seu dever na prestação do serviço público de atendimento à saúde”. (CASTRO, 2005).

Nesse passo, cumpre ressaltar que, conforme índices da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (ABRAMGE – 2000), a maior parte da população brasileira depende do SUS, isto é, “115 milhões de pessoas, cerca de 75% da população, enquanto 48,5 milhões de pessoas, cerca de 25% da população é atendido pela medicina privada”. (HUMENHUK, 2004).

Sobre o tema, anota-se:

O Sistema Único de Saúde – SUS é um modelo de ação social integrada e descentralizada de matiz constitucional como visto anteriormente. O seu perfil, como sejam os seus princípios e seus objetivos, é traçado pela Lei Fundamental no art. 194 na ampla compreensão que dá ao direito de seguridade social no título da Ordem Social. Seu conceito é obtido na legislação ordinária como sendo "o conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e

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municipais, da Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público" (Lei 8.080/90, art. 4º). (SIMÕES, 2004).

Repisa-se que se trata de um sistema constituído por diversas instituições, nas três esferas de governo, União, Estados/DF e Municípios, bem como “[...] pelo setor privado contratado e conveniado, como se fosse um mesmo corpo. Assim, o serviço privado, quando é contratado pelo SUS, deve atuar como se fosse público, usando as mesmas normas do serviço público”. (SANTA CATARINA, 2002, p. 12).

No que se refere às características, registra-se que o SUS:

- deve atender a todos, de acordo com suas necessidades, independentemente que a pessoa pague ou não Previdência Social e sem cobrar nada pelo atendimento;

- deve atuar de maneira integral, isto é, não ver a pessoa como um amontoado de partes, mas como um todo que faz parte de uma sociedade. As ações de saúde devem estar voltadas, ao mesmo tempo, para o indivíduo e para a comunidade, para a prevenção e para o tratamento e respeitar a dignidade humana;

- deve ser descentralizado, ou seja, o poder de decisão deve ser daqueles que são responsáveis pela execução das ações, pois, quanto mais perto do problema, mais chance se tem de acertar sobre a solução. Isso significa que as ações e serviços que atendem a população de um município devem ser municipais, as que alcançam vários municípios devem ser estaduais, e aquelas que são dirigidas a todo o território nacional devem ser federais; - deve ser racional, ou seja, o SUS deve se organizar de maneira que sejam oferecidos ações e serviços de acordo com as necessidades da população. Para isso, o SUS deve organizar a partir de pequenas regiões e ser planejado para as suas populações. É essencial, conforme o princípio da descentralização, que essas decisões sejam tomadas por uma autoridade de saúde em nível local;

- deve ser eficiente e eficaz, isto é, deve produzir resultados positivos quando as pessoas o procuram ou quando um problema se apresenta na comunidade; para tanto precisa ter qualidade;

- deve ser democrático, ou seja, deve assegurar o direito de participação de todos os segmentos envolvidos com o sistema – dirigentes institucionais, prestadores de serviços, trabalhadores de saúde e, principalmente, a comunidade, a população, os usuários dos serviços de saúde. Por isso a idéia de organização dos Conselhos de Saúde – nacional, estaduais e municipais, para exercerem esse controle social sobre o SUS, devendo respeitar o critério de composição paritária: participação igual entre usuários e os demais, além de ter poder de decisão (não apenas consultivos); e, - deve ser equânime, isto é, equidade é diferente de igualdade.[grifos no original]. (SANTA CATARINA, 2002, p. 13).

Quanto ao requisito da integralidade da assistência, destaca-se que, pelas linhas gerais do SUS, exige-se a organização dos serviços de saúde “[...] de forma a garantir ao indivíduo e à coletividade a proteção, a promoção e a

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recuperação da saúde, de acordo com as necessidades de cada um em todos os níveis de complexidade do sistema”. (SANTOS, 2005).

Já no que tange à estrutura do SUS, frisa-se que, conforme estabelecido pela CRFB/88, a direção do Sistema Único de Saúde - SUS é única, sendo, em cada segmento da Federação, exercida pelos seguintes órgãos da Administração: I – União: pelo Ministério da Saúde; II – Estados e Distrito Federal: Secretarias de Saúde ou órgãos equivalentes; e III – Municípios: Secretarias de Saúde ou órgãos equivalentes. (CASTRO, 2005).

Nesse quadrante,

Cumpre esclarecer que, com o advento das Normas Operacionais do Sistema Único de Saúde, já reeditadas várias vezes, ocorreu uma redefinição dos papéis dos gestores estadual e federal, passando o Município a ser o responsável imediato pelo atendimento das necessidades e demandas de saúde de sua população – fenômeno conhecido como "municipalização da saúde". Busca-se, dessa forma, a responsabilidade crescente do Poder Público municipal, obedecendo-se à lógica de que o Município é o ente político estruturalmente mais próximo do cidadão e, por isso, deve prestar os serviços de saúde da atenção básica. (CASTRO, 2005).

De outra banda, destaca-se que “o princípio da equidade significa que a rede de serviços de saúde deve estar atenta para as desigualdades existentes, com o objetivo de ajustar as suas ações às necessidades de cada parcela da população”. (SANTA CATARINA, 2002, p. 13).

Cita-se, ainda, que o SUS apresenta como fundamento os seguintes princípios:

• Saúde como direito - A saúde é um direito fundamental do ser humano. O Estado deve prover as condições indispensáveis a seu pleno exercício, por meio de políticas econômicas e sociais que visem a redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva.

• Integralidade da assistência – Conjunto articulado e contínuo de ações e serviços, preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso, em todos os níveis de complexidade do sistema.

• Universalidade – Acesso garantido aos serviços de saúde para toda a população, em todos os níveis de assistência.

• Equidade – igualdade na assistência à saúde, com ações e serviços priorizados em função de situações de risco, das condições de vida e da saúde de determinados indivíduos e grupos de população.

• Resolutividade – Assistência integral, continua, resolutiva e de boa qualidade a todas as pessoas. Identificação e intervenção sobre as causas e os fatores de risco aos quais a população está exposta.

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• Intersetorialidade – Desenvolvimento de ações integradas entre os serviços de saúde e outros órgãos públicos, com a finalidade de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde, potencializando assim, os recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos disponíveis e evitando duplicidade de meios para fins idênticos. • Humanização do atendimento – Estreitamento do vínculo entre os profissionais de saúde e a população.

• Participação – Democratização do conhecimento do processo saúde/doença e dos serviços, estimulando a organização da comunidade para o efetivo controle social na gestão do sistema. (ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA, 2006, p. 195-196).

No que se refere à legislação do SUS, sublinha-se que a “Lei Orgânica da Saúde – LOS é o conjunto de duas leis editadas (Lei n° 8.080/90 e Lei n° 8.142/90) para dar cumprimento ao mandamento constitucional de disciplinar legalmente a proteção e a defesa da saúde”. Trata-se de leis nacionais que “[...] contêm as diretrizes e os limites que devem ser respeitados pela União, pelos Estados e pelos Municípios ao elaborarem suas próprias normas para garantirem – em seus respectivos territórios – o direito à saúde para seus povos”. (SANTA CATARINA, 2002, p. 14).

A Lei 8080/90, na linha dos conceitos modernos de saúde já explicitados, declarou, em seu art. 3º, que a saúde possui, dentre outros, como fatores determinantes e condicionantes, “a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais”. Ademais, expressou que “[...] os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País”. (BRASIL, 1990a). Com base nesse dispositivo, Sandro Alex de Souza Simões afirma que “a LOS ampliou de maneira corajosa o conceito da saúde, [...] o que situa nitidamente e intencionalmente o direito à saúde como elemento basilar da construção da cidadania brasileira”. (SIMÕES, 2004).

Na opinião da Secretaria de Estado da Saúde, “a LOS é, portanto, destinada a esclarecer o papel das esferas do governo na proteção e defesa da saúde, orientando suas respectivas atuações para garantir o cuidado da saúde”. (SANTA CATARINA, 2002, p. 14).

Na legislação do SUS, a descentralização político-administrativa apresenta-se enfatizada na forma da municipalização dos serviços e ações de saúde, situação “[...] que significa redistribuição de poder, competências e recursos em direção aos municípios”. Sublinha-se que “a organização dos Distritos Sanitários

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é uma das estratégias propostas para mudar o modelo assistencial e as práticas de saúde com efetiva participação social”. (SANTA CATARINA, 2002, p. 14).

A respeito da descentralização político-administrativa do SUS, anota-se:

Contudo, é inegável o avanço da descentralização da gestão da saúde para os municípios. A construção do SUS precisa ser, assim, compreendida como um desenho referido por uma concepção positiva de saúde como qualidade de vida; por um novo paradigma sanitário, a produção social da saúde; e por uma nova prática sanitária, a vigilância da saúde. Neste sentido, é um empreendimento construído com o compromisso e responsabilidade de vários atores da sociedade civil: governo, profissionais da saúde, movimentos organizados representantes da sociedade, assumindo seus papéis como protagonistas e intervenientes - como sujeitos da história desse processo. (MACEDO, 2009).

Como já citado anteriormente, “é de se entender que o espectro de abrangência da LOS alcança não apenas o setor público, mas igualmente o setor privado já que as ações e serviços de saúde são de relevância social”. (SIMÕES, 2004).

Registra-se também que:

As Leis nº 8.080/90 e 8.142/90 representam, no entanto, significativos avanços na institucionalização da descentralização da saúde, protagonizando tal processo. Mas os dispositivos legais por elas implementados nesse sentido, não foram por si suficientes para alavancar o processo. Foram sendo editadas, assim, sucessivas Normas Operacionais, que serviram como eixo condutor da descentralização e consolidação dos princípios e diretrizes do SUS, flexibilizando critérios de habilitação de estados e municípios e clareando a definição de atribuições e do poder decisório em cada nível. (MACEDO, 2009).

A Lei n° 8.142/90, por sua vez, “dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e condicionou o recebimento de recursos financeiros à existência de Conselho Municipal de Saúde funcionando de acordo com a legislação”. (SANTA CATARINA, 2002, p. 14).

Nesse passo, cumpre destacar que “Os Conselhos são canais importantes de participação coletiva e de criação de novas relações políticas entre governos e cidadãos e, principalmente, de construção de um processo continuado de interlocução pública (RAICHELIS, 2007, p. 83).

Essa mesma lei, no seu art. 1º, parágrafo 2º, trata do mencionado Conselho Municipal de Saúde, assim como segue:

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Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas: [...].

§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo. (BRASIL, 1990b).

De acordo com a Secretaria do Estado da Saúde de SC, “os Conselhos de Saúde buscam participar da discussão das políticas de saúde e ter uma atuação independente do governo, embora façam parte da estrutura do Estado”. Constituem órgãos colegiados do SUS, “[...] onde se manifestam, com maior ou menor representatividade, os interesses dos diferentes segmentos sociais e possibilitam a negociação de propostas que pretendem direcionar os recursos para prioridades diferentes”. (SANTA CATARINA, 2002, p. 14).

No que tange à organização e à competência, “cada Conselho tem a liberdade de se organizar de acordo com a realidade do Estado e do município”. Em descompasso, “devem cumprir o que ficou estabelecido na Lei Orgânica do Município, desde que esteja coerente com a legislação federal”. (SANTA CATARINA, 2002, p. 15).

Ressalta-se também que aspectos de composição, criação, organização, estrutura e competência do Conselho Municipal de Saúde “[...] deverão ser estabelecidos por lei ordinária, de iniciativa do Poder Executivo e/ou Poder Legislativo. Sua constituição tem caráter transitório quando ocorre através de decreto do Executivo”. (SANTA CATARINA, 2002, p. 15).

As atividades desenvolvidas pelos “conselheiros são consideradas de relevância pública e devem se pautar pela ética. Os conselheiros não têm direito à remuneração e nem a privilégios”. (SANTA CATARINA, 2002, p. 16).

Desta maneira, percebe-se que o objetivo de descentralização da saúde traçado pelo Brasil pressupõe a criação de Conselhos Locais de Saúde. Estes Conselhos, por seu turno, conforme já mencionado, buscam facilitar a comunicação e participação efetiva da população no que tange aos serviços de saúde desenvolvidos no âmbito do Município.

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Por último, entende-se necessário tecer alguns comentários acerca do financiamento/recursos do SUS e do Fundo Municipal de Saúde.

O SUS, como é sabido, é custeado pelo poder público, buscando atender a população brasileira em sua integralidade, através de grande variedade de serviços gratuitos. Configura, de fato, “[...] o único serviço de saúde para mais da metade da população e o principal fornecedor de cuidados para a população mais pobre”. (MACEDO, 2009).

Nesse sentido, frisa-se que:

O parâmetro para o financiamento da saúde deve ser as atribuições que foram dadas ao SUS pela Constituição e por leis específicas e não a 1º parte do art. 196 da CF, uma vez que os fatores que condicionam a saúde são os mais variados e estão inseridos nas mais diversas áreas da Administração Pública, não podendo ser considerados como competência dos órgãos e entidades que compõe o Sistema Único de Saúde. (SANTOS, 2005).

Anota-se, contudo, que, “ao criar o SUS a Constituição Federal não assegurou, como para área da Educação, um percentual de aplicação obrigatória para o setor”. (SANTA CATARINA, 2002, p. 16).

Por conseguinte,

Para garantir esses recursos, o Governo arrecada do povo impostos e contribuições destinadas à Seguridade Social (saúde, previdência e assistência), conforme diz a Constituição. Já os impostos podem ser utilizados nas outras despesas que o Governo faz, mas também para completar o financiamento da Seguridade Social, quer dizer, dinheiro de imposto pode pagar despesas da Seguridade Social, mas dinheiro da Seguridade Social não pode pagar despesa que não seja da Seguridade Social. (SANTA CATARINA, 2002, p. 16).

Desta maneira, relevante ponderar que as principais fontes de recursos destinadas somente para a Seguridade Social são: “- das empresas sobre os salários pagos, as vendas e o lucro; - dos trabalhadores sobre os seus salários; - da venda das loterias”. (SANTA CATARINA, 2002, p. 17).

Destaca-se, outrossim, que “quem arrecada essas contribuições é o Governo Federal, mas elas não são dinheiro do Governo, elas constituem dinheiro público (dinheiro do povo)”. (SANTA CATARINA, 2002, p. 17).

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Pelo exposto, em que pese todas as deficiências verificadas atualmente, percebe-se a importância do Sistema Único de Saúde, para o bem-estar de toda a população.

A saúde, tendo em vista a sua condição existencial para o ser humano, merece atenção permanente de todas as esferas de poder, bem como participação de toda a população que, mesmo de forma indireta, custeia todo o sistema de saúde.

Desta feita, a seguir, adentra-se no estudo na descrição institucional do Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes.

2.4 A DESCRIÇÃO DO CONTEXTO INSTITUCIONAL E DO SERVIÇO SOCIAL NO HOSPITAL REGIONAL DE SÃO JOSÉ DR. HOMERO DE MIRANDA GOMES SC.

Inicialmente, cumpre observar que, para descrever o espaço institucional do Hospital Regional de São José, foram utilizados alguns dados constantes no arquivo da instituição, informações disponibilizadas no sítio da internet mantido pelo Hospital, assim como o depoimento do Sr. Renato Rosa, servidor do hospital responsável pelos arquivos da instituição.

O Hospital Regional de São José/SC Dr. Homero de Miranda Gomes, com 26.000m de extensão, foi inaugurado em dia 25 de fevereiro de 1987, e ativado no dia 02 de março do mesmo ano, sob a administração do então Governador do Estado, Sr. Esperidião Amin Helou Filho, tendo como Secretário da Saúde o Senhor Irmoto José Feurschuetette e, como Superintendente da Fundação Hospitalar de Santa Catarina, o Sr. João Ghizzo filho (SAME, 2009).

Ressalta-se que o processo de construção do Hospital Regional de São José, denominação utilizada atualmente pela população em geral, ocorreu durante os anos d0e 1982 a 1986, caracterizando-o como um dos hospitais mais modernos do Estado de Santa Catarina (SAME, 2009).

O nome do Hospital é uma homenagem ao Dr. Homero de Miranda Gomes, cidadão nascido em 02 de maio de 1913, no Estado de Minas Gerais, casado com Dona Helga de Miranda Gomes, com 08 filhos, que foi médico da Colônia Santa Tereza, Prefeito Municipal de São José e Deputado Estadual de

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Santa Catarina. Registra-se que o Dr. Homero recebeu o título de cidadão Josefense pelos vereadores do município e, ainda, que o mesmo faleceu no dia 06 de abril de 1980 (SANTA CATARINA, 2009).

No mês seguinte a inauguração, “em março de 1987 o Hospital Regional de São José contava com 86 funcionários na área de enfermagem e ao final do ano eram 163 funcionários”. Por conseguinte, “em 02/11/1987, foi ativado o Centro Cirúrgico com a abertura de 03 salas cirúrgicas, para atendimento à Ginecologia e Obstetrícia” (SANTA CATARINA, 2009).

Já no mês de dezembro de 1987, inaugurou-se “o Serviço de Emergência, sendo então deslocada a Triagem Obstétrica para o setor onde funcionaria o ambulatório” (SANTA CATARINA, 2009).

De maneira simultânea “a abertura da Emergência Geral, foi também inaugurado o Serviço de Emergência Pediátrica, o qual funcionava na mesma área física da Emergência Geral” (SANTA CATARINA, 2009).

Sublinha-se que “em dezembro de 1987 foram atendidos 1.082 pacientes, sendo que em novembro de 1988 este número já era de 7.333 atendimentos”. A Unidade de Clínica Cirúrgica, por seu turno, “foi inaugurado em 08/02/1988, dispondo de 40 leitos, sendo divididos entre pacientes Clínicos (16 leitos), Cirúrgicos (22 leitos) e mais 02 apartamentos a serem ocupados pela demanda de ambas as clínicas” (SANTA CATARINA, 2009).

Também no ano de 1988, em 26 de fevereiro, “foi ativado o Serviço de UTI, inicialmente com 04 leitos”. Em julho do mesmo ano, entretanto, inaugurou-se “o Ambulatório Geral, dispondo das seguintes especialidades: Oftalmologia, Urologia, Clínica Cirúrgica, Clínica Médica e Cirurgia Vascular” (SANTA CATARINA, 2009).

A Unidade de Clínica Médica, por sua vez, foi aberta em 30/08/1988, “funcionando no 5º andar (Ala A), contando com 18 leitos, logo expandindo para 23 no mês seguinte” (SANTA CATARINA, 2009).

Acerca da implantação do serviço de oftalmologia no Hospital, anota-se que:

O início das atividades oftalmológicas no Hospital Regional de São José deu-se em 01 de outubro de 1987, sob os auspícios dos Doutores Otávio Nesi e Eulina T.S. Rodrigues Cunha.

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A partir desta data, iniciou-se a luta para conseguir os equipamentos básicos necessários ao atendimento, já que se contava com a área física no Ambulatório Geral.

Já em 1988 estavam em atividade consultório e sala de pequena cirurgia neste ambulatório, e sala de cirurgia, exclusiva, no Centro Cirúrgico, equipada com microscópio, possibilitando cirurgias de catarata, glaucoma, estrabismo, plástica ocular e outras.

No final de 1989, novas conquistas: os primeiros equipamentos (laser de argônio, ecógrafo, biômetro, paquímetro, campímetro, vitreófago, oftalmoscópio binocular) e área exclusiva, fora do ambulatório geral, com dois consultórios, sala da espera, sala do laser, sala de pequena cirurgia, sendo criado o Serviço de Oftalmologia em 02 de janeiro de 1990.

Em 1992, novos passos no crescimento do Serviço: outra mudança de área física, agora bem mais ampla, incluindo sala cirúrgica para cirurgias de catarata, além da sala exclusiva no centro cirúrgico, e aquisição de aparelho para faco-emulsificação.

Neste ano também foi aprovada a Residência Médica em Oftalmologia, iniciando-se a 1ª turma em março de 1993 com dois residentes, o mesmo acontecendo em 1994. Em 1995 o número de vagas aumentou para três. Hoje continuamos com as mesmas vagas, porém com três anos de duração.

Também em 1993, novos aparelhos são adquiridos da Zeiss (endolaser, retinógrafo, lâmpada de fenda com sistema de fotografia, auto-refrator, yag laser).

Em 1997, novos profissionais e novos equipamentos Zeiss (lâmpada de fenda com sistema de vídeo, laser de argônio, yag laser, microscópio cirúrgico).

Em 2001 recebemos um vitreófato DORC e um novo microscópio Zeiss para implementar as cirurgias vítreo-retinianas. E graças ao apoio do Ministério da Saúde, novos equipamentos são adquiridos: consultório completo, novo ecógrafo, biômetro, facoemulsificador Surgical Design, laser diodo para glaucoma absoluto e endolaser. E passamos a contar com duas salas cirúrgicas, em área exclusiva, junto ao centro cirúrgico geral (SANTA CATARINA, 2009).

Já no que se refere ao serviço de pediatria e de maternidade prestado pela Instituição, importante registrar que:

A necessidade de um serviço de Pediatria no HRSJHMG ficou evidente desde sua inauguração, ocorrida no ano de 1987.

Naquela época o atendimento às crianças, era realizado pelos médicos plantonistas da Clínica Médica, muitas vezes recorrendo ao auxilio do serviço de neonatologia já existente.

Então, em 1989 foi estabelecido o plantão de pediatria, que funcionava em conjunto com a emergência geral, contando com um plantonista apenas (serviço este, criado devido à forte demanda já existente).

Este atendimento na antiga emergência geral, durou cerca de 5 (cinco) anos, até sua transferência para uma área individualizada e ampla no ano de 1993, onde se encontra até hoje.

1989 – Inicio dos plantões de Pediatria na Emergência Geral.

1993 – Inauguração da nova Emergência Pediátrica em local próprio. 1994 – Criado o atendimento ambulatorial pediátrico.

1997 – Início da Especialização do ambulatório pediátrico

1999 – Mudança do Ambulatório Geral para o Ambulatório Ortopédico, onde funciona até hoje a Pediatria, no período vespertino.

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Foi inaugurada em 26 de dezembro de 2002, iniciando com o atendimento de Emergência Obstétrica e Neonatologia.

Em agosto de 2004, foi ativada a sala de recuperação pós-parto, propiciando um ambiente mais tranqüilo e acolhedor às puérperas, acompanhantes e recém-nascidos.

Em setembro de 2004, foi transferido para a nova maternidade o Banco de Leite Humano, que funcionava no 4º andar do Hospital e ativada a Sala de Processamento e Distribuição de Leite Humano, que funcionava junto ao Serviço de Nutrição e Dietética.

Em março de 2005, a sala de recuperação de pós-parto, passou a receber também as pacientes cirúrgicas (parto cesariana e curetagens), que recebiam assistência na Sala de Recuperação do Centro Cirúrgico Geral. Em maio de 2005, contando com novos equipamentos, foi ativada também a Sala de Cesariana e Curetagem, que funcionava no Centro Cirúrgico Geral do Hospital (SANTA CATARINA, 2009).

Atualmente, a Instituição dispõe de estrutura privilegiada, com moderna arquitetura e modernos equipamentos. Conta também com uma variedade de profissionais qualificados para o atendimento nas diversas áreas da instituição, uma vez que possui hoje 277 leitos (incluindo UTI neonatal, UTI geral e emergência); 76 leitos de internação domiciliar; 939 internações: 623 cirurgias; 256 partos; 4.270 consultas em ambulatório; 18.459 atendimentos de emergência; 6.539 exames radiológicos; 14.839 exames laboratoriais (SAME, 2009).

Nesse passo, menciona-se que a missão do Hospital Regional de São José consiste em “oferecer serviços de saúde, ensino e pesquisa, com qualidade e resolutividade, de acordo com as necessidades dos usuários internos e externos, com princípios de respeito, humanização e principalmente ética” (SANTA CATARINA, 2009).

A visão da Instituição, por seu turno, é “ser excelência em quantidade e qualidade no atendimento das áreas/especialidades em que atua, com foco no futuro, buscando ampliar assegurando eficiência” (SANTA CATARINA, 2009).

Anota-se, também, que o Hospital ora pesquisado sobrevive de “recursos financeiros transferidos pelo governo federal para os programas de saúde, SUS – Sistema único de saúde”, bem como da “parceria da Associação Amigos do Hospital, que conta com cerca de 100 pessoas atuando diretamente nos leitos hospitalares na condição de voluntários” (SANTA CATARINA, 2009).

Denota-se que o Hospital Regional de São José é bastante procurado pela população, haja vista constituir uma instituição pública, com atendimentos assistenciais médico-hospitalares a todo o cidadão, independente da situação sócio-econômica. Ressalta-se que a prestação dos serviços abrange os municípios de

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São José, Palhoça Biguaçu, Florianópolis, bem como aqueles localizados no interior do Estado de Santa Catarina. Ademais, outro fator que contribui para o aumento do atendimento nesse hospital é a busca por socorro pelos acidentados, devido a sua localização nas proximidades da BR 101 (SAME, 2009).

Quanto às estatísticas, ressaltam-se os seguintes dados colhidos na internet (SANTA CATARINA, 2009), no sítio da Instituição, que demonstra a média dos atendimentos mensais realizados pelo Hospital:

MÉDIA MENSAL DE ATENDIMENTOS

Tipo de atendimento ANO

2002 2003 2004 2005 2006 2007

Internações

Internações Maternidade 451 453 447 494 423 505

Internações demais especialidades 786 768 665 692 578 550

Média total de internações 1.237 1.221 1.112 1.186 1.001 1.055

Atendimento em Emergência Emergência geral Cirúrgia geral 1544 1622 1668 1974 1879 1880 Clínica Médica 7936 8157 9645 10050 9382 9164 Cardiologia 781 585 613 745 669 631 Ortopedia 1278 1336 1170 1690 1987 1744

Média total emerg. Geral 11.539 11.700 13.096 14.459 13.917 13.419

Emergência Pediátrica 5221 4554 4916 4788 4674 4291

Emergência Obstétrica 1479 1511 1700 1814 1594 1748

Emergência Oftalmológica 795 923 710 728 921 1131

Média total de atendimento em Emergência 19.034 18.688 20.422 21.789 21.106 20.589

Consulta Ambulatorial

Nº de atendimentos 5410 5407 4773 4617 5203 4734

Partos

Parto Normal 207 203 212 212 172 205

Cesariana 94 106 106 105 97 117

Média total de partos 301 309 318 317 269 322

Nascimentos

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Feminino 141 146 150 164 127 155

Média total de nascimentos 300 308 316 319 270 321

Cirurgias realizadas

Em Centro Cirúrgico 701 702 677 628 589 633

Em ambulatório (pequena cirurgia) x 88 73 74 69

Exames por imagem

Broncoscopia x x x 6 12 23 Colonoscopia x x x x 8 15 Endoscopia x x x 29 56 87 Radiografia 6888 7173 6053 5626 8143 6865 Tomografia 236 253 501 591 584 611 Ultra-sonografia 300 420 574 669 676 690 Outros Exame Laboratorial 16906 17910 18101 18285 18181 20744

Tabela 01 - Média mensal de atendimentos

Já no que se refere ao Serviço Social no âmbito da Instituição pesquisada, verifica-se a sua importância para a promoção da saúde e viabilização de direitos aos usuários na esfera do Sistema Único de Saúde - SUS, bem como no Hospital mencionado.

Através da orientação fornecida pela Assistente Social do Hospital Regional, Patrícia Barreto, foram analisados alguns documentos constantes nos arquivos da instituição, oportunidade em que se constatou que o Serviço Social restou implantando na Instituição juntamente com a inauguração do Hospital, em fevereiro de 1987, pela Assistente Social Carmem Regina da Silva, com objetivo de oferecer um atendimento condizente com as reais necessidades da população usuária na época (SAME, 2009).

Registra-se que o Setor de Serviço social está subordinado à gerência técnica e conta, atualmente, com 6 assistentes sociais, 1 escrituraria e 3 estagiárias de Serviço Social, sendo duas acadêmicas da Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL e uma da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (SAME, 2009).

Destaca-se, nesse passo, que o Serviço Social configura uma profissão de nível superior regulamentada, em 07/06/1993, “[...] através da Lei 8.662/93. O

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trabalho do Serviço Social no hospital ora analisado baseia-se nos princípios éticos-políticos da profissão e no arcabouço legal da política pública de saúde, principalmente nas Leis 8.080/90 e 8.142/90 que, por sua vez, regulamentam o SUS”.

De acordo com a documentação elaborada pelos assistentes sociais, constituem-se atribuições do Serviço Social no Hospital Regional de São Jose Dr. Homero de Miranda Gomes:

- Elaborar, coordenar, executar e avaliar programas e projetos que atendam as demandas dos usuários do Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes, observando a política estabelecida pela direção do Hospital.

- Participar da equipe multidisciplinar na assistência ao paciente, visando reforçar a dimensão social do atendimento para a melhoria da qualidade de vida do usuário;

- Prestar orientação aos usuários (pacientes e familiares), quanto às rotinas hospitalares, direitos sociais, direitos previdenciários, entre outros;

- Realizar entrevista, estudo socioeconômico junto aos usuários com vista ao atendimento de suas necessidades;

- Desenvolver ações com o objetivo de garantir os direitos dos usuários, resguardando sua dignidade pessoal, sua individualidade, enfim o respeito que lhe é devido;

- Emitir parecer técnico na utilização de recursos na área social, no âmbito do hospital;

- Prestar assistência (medicamento, auxilio transporte etc.) conforme a disponibilidade de recursos do Serviço Social do HRSJHMG;

- Estimular a organização e articulação de grupos de pacientes com patologias específicas para conquistas do atendimento de suas necessidades;

- Incentivar a participação da familiar e do paciente no seu tratamento; - Localizar familiares de pacientes quando necessário;

- Realizar visitas domiciliares a usuários e/ou familiares, conforme a necessidade do caso social;

- Registrar no prontuário o atendimento realizado, conforme procedimento estabelecido pelo serviço;

- Notificar, frente a uma situação constatada e/ou suspeita de violência á criança, ao adolescente, ao idoso, e ao deficiente, às autoridades competentes, bem como verificar as providências tomadas;

- Tomar as medidas cabíveis junto às autoridades competentes, nos casos de adoção;

- Proporcionar apoio social e emocional aos familiares, prestando orientação quanto aos procedimentos decorrentes do óbito;

- Efetuar análise das situações que requerem autorização para visitas fora do horário estabelecido, e de pessoas cuja visita não é permitida (Ex:crianças);

- Identificar recursos existentes nos órgãos comunitários (Ongs) e governamentais (OGS) para encaminhamento dos usuários;

- Intensificar os canais de comunicação com as Secretarias Municipais de Saúde, Hospital e Policlínicas do Estado, com vistas a garantir o atendimento deferência e contra-referência, objetivando a implementação de programas específicos, subsidiando assim as ações profissionais; - Desenvolver estudos/pesquisas científicas na área de sua competência; - Assessorar a Direção Geral e Gerência Técnica nos aspectos relacionados a área social;

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- Estabelecer parcerias com os programas desenvolvidos no Hospital procurando desenvolver ações de cunho preventivo;

- Participar dos conselhos de política e de direitos visando o controle das políticas sociais

- Promover e participar de eventos científicos na área da saúde, visando à socialização do conhecimento;

- Elaborar relatório e estudos referentes à intervenção do Serviço Social (SANTA CATARINA, 2008).

Com isso, verifica-se que as atribuições do Serviço Social são colocadas numa perspectiva interdisciplinar e multiprofissional, tendo em vista a importância do assistente social no atendimento integral aos usuários do SUS.

Em últimas linhas, anota-se que, após essa breve explanação sobre o Sistema Único de Saúde a partir da Constituição de 1988 e do contexto institucional e do Serviço Social no Hospital Regional de São José Dr. Homero de Miranda Gomes SC, passa-se, no próximo capítulo, a análise dos principais aspectos do Serviço Social e da Assistência domiciliar no contexto do SUS.

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3 O SERVIÇO SOCIAL E ASSISTÊNCIA DOMICILIAR NO CONTEXTO DO SUS

“A saúde é o resultado não só de nossos atos como também de nossos pensamentos”. (Mahatma Gandhi)

A assistência domiciliar constitui uma nova perspectiva de saúde no Brasil, inclusive no âmbito do SUS – Sistema Único de Saúde.

Desta maneira, salienta-se que esse capítulo tem como objetivo principal estudar o Serviço Social na esfera da saúde e a assistência domiciliar no âmbito do SUS.

3.1 O SERVIÇO SOCIAL NO ÂMBITO DA SAÚDE

Antes de adentrar no estudo da assistência domiciliar, julga-se de extrema relevância anotar alguns aspectos sobre o Serviço Social no âmbito da saúde.

Preambularmente cumpre destacar que, para produzir efeitos significativos na saúde da população, “a intersetorialidade, como uma nova forma de trabalhar, de governar e de construir políticas públicas, [...] exige a articulação entre sujeitos de diferentes setores sociais e, portanto, de saberes, poderes e vontades diversos” (MIOTO; NOGUEIRA, 2007, p. 279).

Nesse contexto, compete ao assistente social, a partir da questão social, objeto da ação profissional, bem como dos princípios norteadores da profissão, delinear e efetivar medidas “[...] que contribuam para a promoção da saúde, a prevenção de doenças, danos agravos e riscos e o tratamento, priorizando o sofrimento social, para o fortalecimento da consciência sanitária e do controle social”. (VASCONCELOS, 2007, p. 260).

Acerca das principais diretrizes que devem guiar as ações do Serviço Social na esfera da saúde, anota-se a seguinte definição:

As ações e os serviços prestados pelo Serviço Social e em qualquer tipo de unidade de saúde – seja na atenção básica, ambulatorial, terciária ou

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quaternária -, integram a prática na saúde numa rede que se pretende articulada internamente pelas diferentes ações dos profissionais da unidade e dos serviços, vinculada externamente às demais unidades de saúde em cada esfera do governo, integrado um sistema organizado. Assim, as ações do Serviço Social são realizadas de acordo com as seguintes diretrizes: • O planejamento do Serviço Social terá como princípios fundamentais a saúde como direto de todos e dever do Estado, a universalidade e a gratuidade do atendimento, o controle social e a interdisciplinaridade; • A distribuição dos assistentes sociais na unidade de saúde se dará em resposta às demandas colocadas pelo planejamento do Serviço Social na unidade, o qual definirá às metas e ações necessárias e prioritárias;

• O planejamento das ações terá como objetivo principal facilitar a participação da população nas decisões a respeito do seu corpo e de sua vida, no exercício do controle social, na promoção da saúde e na prevenção de doenças, agravos e riscos;

• A dotação orçamentária do Serviço Social será financiada por recursos da unidade e será reavaliada de acordo com as revisões realizadas no planejamento do serviço e nas mudanças percebidas no perfil da população usuária (RIO DE JANEIRO, CRESS, 2003).

Percebe-se que cabe ao assistente social “desenvolver um papel de protagonista de um novo modelo”. Ademais, a perversa desigualdade social e a ausência de informação e conhecimento da população quanto aos seus direitos implica ao profissional do Serviço Social, de maneira inequívoca, “[...] ações no sentido da promoção da cidadania, da construção e do fortalecimento de redes sociais e de integração entre as ações e serviços de saúde” (MIOTO; NOGUEIRA, 2007, p. 280).

Nesse passo, sublinha-se que a maior parte das questões atendidas pelos assistentes sociais é recebida “[...] através de encaminhamentos, estão relacionadas ao funcionamento dos serviços prestados pelas unidades de saúde e/ou à dinâmica da própria unidade e/ou à doença em si”. Assim, verifica-se que, independentemente da unidade de saúde, tal fator termina subjugando a ação do profissional do Serviço Social “[...] ao movimento interno da unidade de saúde, tornando suas ações complementares às ações dos demais profissionais de saúde e /ou funcionais à dinâmica interna da unidade, em última instância funcionais à ordem social vigente” (VASCONCELOS, 2007, p. 251).

Sobre o tema interdisciplinaridade, registra-se:

As ações profissionais do assistente social no campo da saúde, assim como em outros, não ocorrem de forma isolada, mas se articulam em eixos/processos à medida que se diferenciam ou se aproximam entre si, e particularmente na saúde integram o processo coletivo do trabalho em saúde. Não seria demais repetir que estão pautadas na lógica do Direito e da Cidadania, mais, ainda, na lógica do direito a ter direitos, o que, na área da saúde, reflete uma visão de cidadania estratégica, baseada na

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organização unicamente à atenção médica – paradigma que dominou muito tempo o setor. A organização abarca os fatores de ordem política, econômica e social que condicionam o direito a ter acesso aos bens e serviços necessários para se garantir a saúde, bem como exige uma consciência sanitária que se traduz em ações operativas na concretização do direito (MIOTO; NOGUEIRA, 2007, p. 282).

De outra banda, o funcionamento precário da estrutura de saúde pública no Brasil, conseqüência da ausência de recursos materiais e humanos, termina dificultando ou impedindo “o acesso aos serviços oferecidos pela unidade”. Além disso, “determina as demandas dirigidas explicitamente ao Serviço Social pelos usuários, profissionais de saúde e direção da unidade, sobrecarregando o Serviço Social com problemas burocráticos e administrativos” (RIO DE JANEIRO, CRESS, 2003).

Sobre o tema, registra-se que:

O Serviço Social nas unidades de saúde enfrenta problemas cotidianos de resolutividade das suas ações e dos demais profissionais de saúde. Freqüentemente, problemas de simples solução são “empurrados” para frente – através de encaminhamentos e orientações - , quando não solucionados com recursos do(s) próprio(s) profissionais(s), como nos exemplos a seguir: recursos para uma simples passagem de ônibus para a finalização de um processo de ala hospitalar; recursos para alimentação na espera pela consulta médica; recursos para aquisição de objetos de uso pessoal na internação (sabonete, escova, etc). Esta realidade exige o estudo e a proposta de um orçamento próprio do Serviço Social e/ou interação com a Secretaria de Desenvolvimento Social (RIO DE JANEIRO, CRESS, 2003).

Desta feita, na condição de pressupostos ideopolíticos, destaca-se “o comprometimento com a garantia dos direitos civis, sociais e políticos dos seguimentos populares, com a preocupação de análise dos serviços tendo em vista os direitos sociais”, principalmente no que se refere ao direito à saúde, com objetivo de “[...] contribuir para qualidade do espaço público, para o controle social e, em última instância, para a construção de uma nova ordem social” (VASCONCELOS, 2007, p. 244).

Nesse sentido, anota-se a reflexão de Regina Célia Tamaso Mioto e Vera Maria Ribeiro Nogueira (2007, p. 280):

No escopo dessa proposta sustenta-se a materialização do projeto ético-político da profissão, que se realiza através de ações profissionais nas quais o Serviço Social tem longa trajetória. O projeto profissional, nos termos de Iamamoto (1999), consiste justamente na articulação entre a dimensão

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