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UNIFMU

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

FÍSICA

APTIDÃO FÍSICA NA

PROMOÇÃO DA

SAÚDE E BEM-ESTAR

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Prof. Ms. Mauro Guiselini

Profa. Esp. Márcia Aurora Soriano Reis

CORAÇÃO – HIPERTENSÃO - OBESIDADE Prof. Ms. Mauro Guiselini

Na calada da noite, em um beco escuro do corpo humano, um grupo de malvados se reúne. Estresse e depressão, apoiados por uma gangue de cigarros, traçam a estratégia para mais um ataque ao coração. O primeiro passo: doses maciças de nicotina, alcatrão e monóxido de carbono para, de uma só vez, diminuir o calibre dos vasos sangüíneos e a capacidade de oxigenação do sangue. De quebra, enfraquecem as células do endotélio, a camada interna das artérias. Completam o bombardeio aos vasos doses exageradas dos hormônios adrenalina e noradrenalina. Essas substâncias são perigosas, entre outras coisas por permitirem que moléculas de gordura fiquem navegando pelo sangue, prontas para formar placas

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(ateromas) e atrapalhar a circulação. É preciso ser super-herói para resistir a essa conspiração. Daí, quem não tem hábitos saudáveis só pode contar com a sorte.

Junto com o estresse e a depressão, o dano causado

pelo cigarro se multiplica. "Fatores de risco combinados

deixam a pessoa até oito vezes mais exposta a um infarto", calcula Antônio Carlos Carvalho, cardiologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). E olhe que esses vilões nem precisavam agir em conjunto. Sozinhos já são um grande perigo para o peito. O tabagismo, por exemplo, é apontado como responsável por cerca de 30% das doenças cardiovasculares. Além disso, fumantes correm três vezes mais risco de morrer do coração do que quem passa longe do cigarro.

Ao contrário do que muitos pensam, fumar pouco - até quatro cigarros diários - não diminui a ameaça às artérias. Em comparação com alguém que consome três maços por dia, é como se os dois tipos de fumante caminhassem em uma mesma direção, com velocidades diversas. "O mal causado pela droga é o mesmo nos dois casos. O que varia é o tempo de ação da nicotina", diz Ibrahim Pinto, cardiologista do Hospital do Coração, em São Paulo.

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No time de adversários do músculo cardíaco, a depressão joga por dois. Caracterizada por uma deficiência na produção do neurotransmissor serotonina, uma das substâncias do bem-estar, a doença tem um lado químico e outro comportamental. Ambos perigosos.

Não foi à toa que, em maio deste ano, a depressão passou a integrar a lista de fatores de risco isolados. Ou seja: mesmo quem cuida da dieta ou nunca fumou está vulnerável às moléstias do coração cair de tristeza.

A psicóloga Glória Heloise Perez, do Instituto do Coração (Incor), em São Paulo, analisa há dois anos as relações entre depressão e tabagismo em pacientes que sofreram infarto. Estudou 310 questionários respondidos por essa turma e acompanhou sua recuperação com entrevistas a cada três meses. Ainda em andamento, com previsão de término para 2003, os primeiros resultados do estudo apontam o preocupante índice de 46% de tabagistas entre os pacientes deprimidos enfartados. "É uma tentativa de automedicação, pois a nicotina gera uma sensação de prazer", explica a pesquisadora.

Do ponto de vista químico, a depressão ameaça o músculo cardíaco porque, apesar de começar como um desequilíbrio do sistema nervoso, gera uma reação em cadeia que bagunça

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os níveis de outros hormônios, principalmente os que dão as caras em situações de estresse, como o cortisol e a adrenalina. "O excesso deles aumenta a tensão nos vasos sangüíneos, prejudicando o trabalho do coração. O corpo não agüenta isso por muito tempo", explica Ari Timerman, diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

O comportamento dos deprimidos põe o coração ainda mais na berlinda. Afinal, fica difícil pensar em dieta ou exercícios quando mal se tem disposição para sair da cama. "Adiar a satisfação de comer um doce ou dar umas tragadas é um sacrifício para quem sofre desse distúrbio", diz Glória Perez, do Incor.

O terceiro vilão do grupo - o estresse - não é do mal por natureza. Ao contrário. Trata-se de uma reação do organismo a situações perigosas. Se alguém é ameaçado por um animal feroz, por exemplo, o corpo libera hormônios que preparam os músculos para enfrentar o possível agressor ou fugir dele. "Quando cessa o perigo, o organismo volta ao normal", explica Ibrahim Pinto, do Hospital do Coração.

O cenário começa a ficar complicado quando o organismo se recusa a retornar aos níveis hormonais regulares. Isso pode acontecer pelas pressões do cotidiano, como cobranças profissionais ou trânsito congestionado. Daí o estresse deixa

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de ser uma reação natural e vira doença. E daquelas mais danosas. Sob o efeito constante de adrenalina,

noradrenalina e cortisol, o coração bate mais rápido para levar mais oxigênio aos músculos.

A liberação de cargas excessivas dessas substâncias também tem o efeito de aumentar a tensão nas artérias. Daí para o desenvolvimento de uma aterosclerose, o caminho é curto. Além disso, se o

coração precisa trabalhar mais, vai acabar se desgastando com maior rapidez do que em situações normais.

Outro problema grave revelado por cientistas da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, depois de analisar um grupo de 70 voluntários formado por homens e mulheres entre 40 e 48 anos, é que o estresse dificulta o uso da gordura pelo

organismo. Isso quer dizer que esses lipídeos ficam no

sangue e, em excesso, podem acabar se depositando nas paredes das artérias.

Em julho de 2002 a Associação Americana do Coração, uma das mais respeitadas instituições de cardiologia do mundo, divulgou nova cartilha com as diretrizes para prevenção de doenças cardíacas. Uma das principais novidades foi a inclusão dos fumantes passivos no grupo de risco. É que, segundo cálculos dos especialistas americanos, essas pessoas têm o dobro de chance de sofrer um infarto e outros males do

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peito em comparação com quem mantém distância das baforadas. Tudo porque, pouco a pouco, fumantes passivos podem inalar o equivalente a dois cigarros por dia - o que é quase como fumar em pequenas quantidades. Na opinião de Antônio Carlos Carvalho, da Unifesp, a medida tem fundamento, mas é preciso tomar cuidado para não ficar paranóico. "O perigo depende do tempo de exposição à fumaça e se o ambiente é fechado ou não", pondera.

Conto do vigário

Muita gente sonha em manter o vício de dar suas tragadas e, ainda assim, ficar distante da ameaça de desenvolver doenças coronarianas. Pensando nisso, alguns fumantes decidem trocar o cigarro normal pelo tipo light, que tem baixos teores de nicotina e alcatrão. Apelar para essa alternativa não é uma maneira de se livrar do problema. As quantidades menores dessas substâncias podem até reduzir o risco de câncer de pulmão, mas nada têm a ver com o coração, que continua exposto do mesmo jeito.

ESTUDOS

Um estudo divulgado recentemente pela Universidade de Tsukuba, no Japão, constatou, após analisar 43 mil mulheres,

que as estressadas correm o dobro de risco de sofrer infarto

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Segundo um levantamento da Federação Mundial de Cardiologia, 45% das vítimas de infarto têm depressão

Frase

A doença da alma abre caminho para outros fatores de risco. Poucos deprimidos têm ânimo para se exercitar e menos ainda para trocar um hambúrguer por um prato de salada. Além disso, o prazer instantâneo do cigarro e do álcool dificilmente é rejeitado

Escudo feminino

As mulheres têm, até a menopausa, uma proteção natural contra as doenças do coração: o estrógeno. A ação desse hormônio diminui os níveis de LDL, o colesterol ruim, e eleva os índices de HDL, o colesterol bom. Um experimento da Universidade Wake Forest, em Salem, nos Estados Unidos, diz

que o estresse é capaz de reduzir drasticamente a produção dessa substância protetora . Isso explicaria por

que as taxas de infarto têm aumentado sem parar, principalmente entre jovens profissionais. Mas a conclusão gera polêmica. O ginecologista Wladimir Taborda, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, discorda. "Sob tensão emocional, uma mulher pode até deixar de menstruar, mas não ocorrem alterações capazes de torná-la vulnerável assim."

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Carros com câmbio automático e direção hidráulica, televisão com controle remoto, aparelhos domésticos sofisticadíssimos. As facilidades da vida moderna são um convite ao sedentarismo. Diante de tanto conforto e praticidade, as pessoas tendem a substituir aquelas atividades que representam um gasto de energia corporal pela famosa lei do mínimo esforço. Ao pegar o elevador em vez de subir três andares de escada, por exemplo, queimam-se 50 vezes menos calorias. Trata-se de um estilo de vida perigoso e que já é considerado pelos especialistas como um problema de saúde pública global.

Os números são preocupantes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a inatividade está por trás de cerca de 2 milhões de mortes por ano em todo o planeta. Ainda segundo a OMS, o sedentarismo dobra o risco do desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabete tipo 2 e obesidade. E a lista de problemas que podem dar as caras em gente que tem preguiça de se levantar do sofá até para atender ao telefone ultrapassa os temidos males do coração. "O aparelho locomotor e as demais estruturas do corpo solicitadas durante as diferentes formas de movimento não podem ficar inativas, senão entram em um processo de regressão. No caso dos músculos ocorre atrofia e perda da flexibilidade", diz Abrão José Cury Júnior, presidente da regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.

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Cury ressalta que, para fugir do sedentarismo, não basta se matricular em uma academia. Pouco adianta levantar cedo para malhar se a pessoa segue depois com ansiedade e pressa para o trabalho, come mal e, ainda por cima, fuma. "O exercício não é vacina. Para ser benéfico, o ideal é reservar um horário para o treino em que não haja situação de estresse. Além disso, a atividade física deve ser um dos passos - talvez o primeiro - para uma transformação no estilo de vida", recomenda o médico.

Para a Medicina moderna, sedentarismo não é necessariamente ausência da prática de exercícios intensos. É sedentário quem gasta poucas calorias com qualquer tipo de atividade motora. Segundo pesquisa da

Universidade Harvard, nos Estados Unidos, deixa de pertencer ao grupo da preguiça quem despende, no mínimo, 2,2 mil calorias por semana. Não é muito. Em uma hora de caminhada, por exemplo, vão se embora 400 calorias, em média.

Dar um basta na inércia estimula a adoção de outros hábitos saudáveis. Ao se movimentar, o organismo libera endorfinas -substâncias que promovem sensação de bem-estar - e o indivíduo não sente tanta necessidade de fumar, ingerir bebidas alcoólicas ou atacar a geladeira. Mas isso não é regra. Para obter tais benesses é preciso fazer exercícios com certa

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regularidade. "O ideal é de três a quatro vezes por semana", indica o cardiologista Dennys Cunha Duarte, de São Paulo.

Os efeitos preventivos da atividade física contra as doenças cardiovasculares ocorrem em qualquer faixa etária. Uma pesquisa da Universidade de Kuopio, na Finlândia, mostrou que homens de meia-idade com bom condicionamento físico apresentam menor progressão na aterosclerose da carótida, acúmulo de placas de gordura nos vasos do pescoço, que aumenta o risco de derrame.

Cardíacos devem se mexer

Até pouco tempo atrás, receitar exercícios para as pessoas que tinham sofrido um ataque do coração era encarado como loucura. Hoje a história é outra. "Se essas pessoas forem submetidas a um exercício programado, que consiste em treinos aeróbios, de resistência muscular localizada e alongamento, há uma notável melhora em suas aptidões cardiorrespiratórias", esclarece o clínico geral Abrão José Cury Júnior. "O exercício físico estimula o músculo cardíaco, aumenta a atividade da chamada circulação colateral e aperfeiçoa a capacitação pulmonar", completa.

Quem pretende dizer adeus à preguiça não pode radicalizar. Os iniciantes precisam ir com calma e respeitar a orientação do médico e do profissional de educação física. "Certas

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atividades demandam grande esforço, com uma sobrecarga intensa no coração. Se a pessoa não estiver preparada, corre o risco de sofrer uma séria lesão, até mesmo um infarto", alerta José Alberto Aguillar Cortez, professor do Fitcor, divisão da Fórmula Academia, em São Paulo, criada para atender alunos com doenças cardiovasculares.

Fazer exercícios como andar, correr, pedalar, nadar ou jogar bola é uma proposta válida para dar um fim na moleza. Mas a vida nos tempos de automatização progressiva, além de induzir o indivíduo a gastar menos energia, impõe algumas dificuldades de tempo e de espaços adequados à prática. A própria falta de segurança acaba sendo um obstáculo para quem pretende ser mais ativo. No entanto, mesmo diante dessas limitações, é possível aumentar o gasto calórico semanal. E de uma forma simples: reagindo ao conforto proporcionado pela vida moderna.

Como? Subir dois ou três andares de escada ao chegar em casa ou ao trabalho, abandonar o controle remoto, estacionar o automóvel intencionalmente num local mais distante, dispensar a escada rolante no shopping e descer dois ou três pontos de ônibus antes do destino. As alternativas estão ao alcance de todos. O problema é que muitas vezes passam desapercebidas.

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Estes são os índices de redução dos riscos de doenças graves, como infarto e derrame, em quem pratica exercícios físicos regularmente

Prepare-se para a largada

Antes de iniciar o programa de exercícios é preciso passar pelo crivo do médico. Veja que testes são essenciais:

Avaliação médica

Em geral feita por um clínico, consiste em um exame minucioso do coração, dos pulmões e das articulações.

Teste ergométrico simples

É um exame de esforço, feito em uma esteira ou bicicleta ergométrica, que pode detectar doenças cardiovasculares, além de testar a capacidade do coração.

Avaliação cardiopulmonar

Só é solicitada pelo médico caso ele identifique, logo na primeira etapa, alguma alteração no aparelho respiratório.

OS BENEFÍCIOS DOS EXERCÍCIOS AERÓBIOS

BEM-ESTAR:

Com a prática regular de exercícios, aumenta a produção de endorfina, substância que provoca uma sensação de prazer e bem-estar, aliviando o estresse.

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MENOS COLESTEROL:

Mexer-se estimula a produção do bom colesterol e reduz a de triglicérides. Um novo estudo do Instituto do Coração (Incor) mostrou que os exercícios também diminuem os níveis de LDL, o colesterol ruim.

VEIAS EM ORDEM:

A contração muscular melhora a circulação do sangue pelas veias do corpo. E isso evita o acúmulo de placas de gordura, capazes de provocar o surgimento de coágulos.

AÇÚCAR EM QUEDA:

A atividade física aumenta a sensibilidade do organismo à insulina. Assim, evita que haja acúmulo de açúcar no sangue, prevenindo o desenvolvimento de diabete tipo 2.

MELHORA DO SISTEMA CIRCULATÓRIO:

As artérias obstruídas se dilatam, facilitando a passagem do sangue. Ocorre também a formação de novos vasos sangüíneos, a chamada circulação colateral.

União sem futuro

Cigarro e exercícios físicos de fato não combinam. O fumo eleva os níveis de monóxido de carbono na circulação, diminui a capacidade de oxigenação do sangue e reduz o rendimento do treino esportivo. A situação é mais grave para aqueles

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indivíduos portadores de doenças cardíacas. No caso deles, o cigarro aumenta o risco de complicações, podendo causar infarto ou arritmia durante a malhação. Para quem está tentando largar o vício, vale a dica: é recomendável não fumar duas horas antes e depois do exercício.

FAMOSO INIMIGO DO PEITO

Uma em cada cinco pessoas no mundo tem o colesterol alterado. Por aqui o cenário é igualmente preocupante. A Sociedade Brasileira de Cardiologia e o laboratório Pfizer acabam de tirar do forno um estudo com 82 mil pessoas que traz dados nada animadores: 40% dos brasileiros possuem altas taxas dessa gordura no sangue e as mulheres representam mais da metade das vítimas. Acima dos 55 anos, para cada homem com o problema, há duas mulheres. Como os males cardiovasculares são a principal causa de morte no planeta e o colesterol elevado um de seus algozes, o jeito é abrir bem os olhos.

Recentemente, ao rever os índices-limite dessa gordura na corrente sangüínea, a comunidade médica internacional não só iniciou uma campanha de prevenção contra doenças cardíacas, como redefiniu os grupos de risco. Segundo a cardiologista Tânia Martinez, do Instituto do Coração (Incor),

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em São Paulo, a revisão surgiu depois de pesquisas que passaram a enxergar o tratamento do paciente de uma forma mais integrada. Agora os parâmetros tidos como ideais para um adulto sadio são os seguintes: LDL, ou colesterol ruim, abaixo de 160 miligramas por decilitro de sangue, e HDL, o bom, acima de 40 mg/dl (veja na tabela abaixo).

Mesmo indispensável ao organismo, indiretamente o colesterol causa danos irreversíveis ao coração e ao cérebro. Essa gordura sintetizada pelo fígado ou adquirida por meio da alimentação vai se depositando nas artérias - conhecido como aterosclerose, esse processo inicia-se, em geral, na segunda década de vida, aumentando a chance de infarto e de angina. É que, ao impedir a irrigação sangüínea, o coração sofre com a falta de oxigênio e pode parar de funcionar. "A partir dos 20 anos, todos deveriam medir o colesterol pelo menos uma vez a cada cinco anos", aconselha o cardiologista Raul Dias Santos, do Incor. "Se tiver fatores de risco associados, como pressão alta, diabete, obesidade, sedentarismo e tabagismo, ou casos de doenças coronarianas e colesterol alto na família, o ideal é que a medição seja feita desde os 2 anos."

Uma unidade de ovo (50 gramas) é literalmente um bomba de colesterol. Tem nada menos do que 212 mg dessa gordura

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Antes de saber as causas que possibilitam o aumento do colesterol, é importante conhecê-lo bem. Apesar de ser considerado um tipo de gordura, quimicamente ele é um álcool. Boa parte - cerca de 70% - é produzida pelo próprio organismo, mais especificamente no fígado. Apenas um terço do que circula no sangue vem da dieta. Embora seja mais famoso por causar transtornos, o colesterol também tem seu lado do bem. É fundamental, por exemplo, na formação dos hormônios sexuais, na construção das membranas celulares, serve de matéria-prima para a composição de ácido biliar, que regula a digestão dos alimentos, e ainda participa da síntese de vitamina D, responsável pela permanente reconstituição dos ossos.

Desvendando mistérios

Há alguns anos acreditava-se que o aumento da produção dessa gordura pelo fígado era a principal causa das altas taxas no organismo. Sabe-se atualmente que o problema não é bem assim. Na verdade, ele começa quando existe uma diminuição na retirada de LDL da circulação pelo próprio fígado. Quer dizer, a origem de todo o transtorno é uma redução nos receptores de LDL nesse órgão. Moral da história: com menos portas para entrar ali, o mau colesterol acaba se amontoando na corrente sangüínea.

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Ao contrário do que se imagina, nem sempre a alimentação errada é a grande culpada pelas taxas nas alturas. Muita gente tem tendência genética a acumular essa gordura no sangue. Fatores como disfunções na tireóide e efeitos de certas medicações também podem influenciar no aumento dos níveis da substância. Mas, qualquer que seja a origem do problema, existe quase sempre solução. Além do uso de drogas modernas, uma dieta equilibrada é, claro, muito bem-vinda.

Os super-remédios

Até a década de 1990, tratar esse mal era mais complicado. Como as medicações traziam muitos efeitos colaterais, os recursos se limitavam à dieta e aos exercícios. A grande reviravolta aconteceu com a chegada dos remédios à base de estatinas. Essas drogas bloqueiam a síntese de colesterol dentro do fígado, fazendo com que haja uma maior necessidade dessa gordura no órgão e, conseqüentemente, aumentando o número de receptores de LDL. Nesse processo, as estatinas reduzem em até 65% o mau colesterol e elevam em 10% o HDL. Tudo isso sem praticamente causar desconforto.

Além das estatinas, existem drogas conhecidas como resinas. Embora menos potentes, elas também conseguem reduzir o colesterol ligando-se a ele no intestino e diminuindo a sua

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absorção pelo organismo. Mas o resultado é ínfimo. São necessárias doses altíssimas para reduzir em apenas 20% o LDL. Mesmo sendo pouco utilizadas em tratamentos, há também as medicações à base de fibratos, que aumentam o HDL, mas são arriscadas porque mudam a estrutura do mau colesterol.

Números mágicos

Confira ao lado as taxas consideradas saudáveis pelos especialistas:

Adulto sadio

Colesterol total: até 200 mg/dl

LDL: abaixo de 160 mg/dl

HDL: acima de 40 mg/dl

Pessoas com mais de dois fatores de risco

Colesterol total: até 200 mg/dl

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HDL: acima de 45 mg/dl

Pessoas com doenças coronarianas ou diabete

Colesterol total: até 200 mg/dl

LDL: abaixo de 100 mg/dl

HDL: acima de 45 mg/dl

Os passos do vilão

1. Espécie de veículo transportador, o quilomícron leva o colesterol e outros alimentos, que foram ingeridos, do intestino até o fígado.

2. No fígado, uma enzima chamada lipase quebra o quilomícron para produzir bile. Nesse processo, sobram moléculas de LDL, que acabaram recebendo o estigma de colesterol ruim. São elas as responsáveis por transportar essa gordura até diferentes órgãos por meio do sangue.

3. A lipase continua quebrando o que restou do quilomícron para fabricar o HDL, conhecido como colesterol bom. O seu papel é recolher as moléculas de LDL que estão perdidas no

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sangue e levá-las de volta para o fígado, único órgão capaz de eliminá-las.

4. Mas no porta-malas do HDL não cabe LDL extra, que pode ter surgido por causa de uma dieta inadequada ou de algum desequilíbrio orgânico. Então essa gordura vai se acumulando nas artérias até o ponto de bloquear a passagem de sangue e impedir a oxigenação de certos órgãos, como o coração.

Colesterol à mesa

O colesterol está presente apenas em comidas de origem animal, como gema do ovo, fígado, vitela, frios e embutidos. É encontrado, em menor quantidade, na gordura da carne, no leite integral, na manteiga e nos queijos amarelos. É bom lembrar que as gorduras saturadas facilitam o aumento dos níveis de colesterol no sangue. Elas estão, por exemplo, na manteiga, no óleo de coco e na banha. Já os ácidos graxos trans, também relacionados a doenças cardiovasculares, aparecem em alimentos de origem vegetal, como as margarinas.

Não importa a idade

Nos últimos anos tem aumentado o número de crianças e adolescentes com altos níveis de colesterol. "Na infância ele é mais perigoso, pois é um fator de risco com maior tempo de ação", alerta Daniel Magnoni, cardiologista e nutrólogo do

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Incor. Por trás da nova estatística estão as comidas industrializadas e a fast-food, que contêm quantidades elevadas de colesterol e gordura saturada. Preocupada, a pesquisadora Rosa Nilda Chávez Jáuregui está desenvolvendo um projeto em parceria com a USP e com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) para a criação de um salgadinho livre de colesterol e de outros tipos de lipídeo. Em fase de testes, a guloseima é à base de amaranto, uma planta comum na América do Sul, e promete ser 13% menos gordurosa que os produtos disponíveis no mercado.

Existe uma dieta ideal?

Um pouco de gordura é essencial ao organismo. O jeito, então, é aprender a não exagerar. Seguir a pirâmide alimentar brasileira, adaptada pela nutricionista Sônia Tucunduva Philippi, da Universidade de São Paulo (USP) é uma boa pedida.

No pico da pirâmide estão óleos e gorduras, açúcares e doces (de 1 a 2 porções).

É preciso mais cautela com leite, iogurtes e queijos (3 porções). A mesma regra vale para carnes, peixes e ovos (de 1 a 2 porções) e para o grupo dos feijões (1 porção).

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No segundo nível aparecem as verduras e os legumes (de 4 a 5 porções) e as frutas (de 3 a 5 unidades).

Na base encontram-se os alimentos que devem constituir a maior parte da ingestão calórica diária. São de 5 a 9 porções de pães, cereais e massas.

Atitudes que valem ouro

- Reduza o consumo de carnes vermelhas, ricas em gorduras saturadas. Troque-as por frango ou peixe.

- Prefira as margarinas com fitosterol, um esteróide que impede a absorção de colesterol pelo intestino.

- Aumente o consumo de fibras solúveis. Elas ajudam a remover o colesterol do corpo. Estão em aveia, feijões, cereal matinal, maçã, goiaba e cenoura.

- Mexa-se! Os exercícios aumentam os níveis de HDL.

- Coma mais alimentos ricos em antioxidantes, substâncias que evitam a alteração das partículas transportadoras de colesterol. Alguns exemplos: verduras de folhas verde-escuras, frutas cítricas e peixes.

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HIPERTENSÃO - UM MAL SILENCIOSO

Ela costuma dar as caras sem fazer alarde. E é exatamente aí que está o perigo. Doença comum no mundo todo, a hipertensão atinge um em cada cinco indivíduos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, existem 69 milhões de pessoas com pressão alta no planeta. O pior é que, por não apresentar sintomas na grande maioria dos casos, muita gente sofre dessa doença e nem desconfia. Cerca de 30% dos hipertensos não sabem que têm o problema. Por causa de seu comportamento sorrateiro, esse mal é chamado de "assassino silencioso" pela comunidade médica internacional. "A hipertensão é o principal motivo de morte cardiovascular nos países desenvolvidos e também no Brasil, pois é a causa número 1 dos derrames cerebrais e número 2 do infarto do miocárdio, da insuficiência cardíaca e da insuficiência renal", alerta o nefrologista Osvaldo Kohlmann Junior, presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão.

Para alguém ser considerado hipertenso, os ponteiros do aparelho de pressão devem mostrar valores iguais ou maiores do que 14 por 9. O primeiro

número "cabalístico" corresponde à pressão sistólica -momento em que o músculo cardíaco se contrai para bombear o sangue - e o segundo é a diastólica, quando ele

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relaxa. Apesar de não ter cura, a doença pode ser bem controlada. E a receita nem sempre precisa incluir remédios. Nos últimos anos, inúmeras pesquisas científicas mostraram que a mudança de hábitos é capaz de ser tão poderosa quanto os medicamentos na batalha contra a hipertensão.

Não se sabe exatamente por que algumas pessoas têm tendência à hipertensão. É certo apenas que 90% desses pacientes possuem casos da doença na família. Por esse motivo, quem tem pais hipertensos deve medir a pressão uma vez por ano. Depois dos 30, a checagem dos ponteiros precisa ser realizada a cada seis meses. Os médicos, porém, fazem questão de deixar claro que o fator hereditariedade não é determinante. Segundo Paulo Andrade Lotufo, diretor da Clínica Médica do Hospital da Universidade de São Paulo (USP), ninguém está destinado a ser hipertenso. "Na maioria esmagadora dos casos, a pressão só tende a aumentar se a pessoa não tiver hábitos de vida saudáveis", esclarece. "É raríssimo um hipertenso que esteja dentro do peso normal, não fume e faça exercícios físicos", salienta o cardiologista Iran Gonçalves Junior, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Então, antes de jogar a culpa na genética, o melhor a fazer é se prevenir.

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Engana-se quem acha que somente os sujeitos mais nervosinhos correm o risco de ter pressão alta. O problema ataca igualmente as pessoas calmas e, ao contrário do que muitos pensam, não poupa nem o público feminino. De acordo com estudos recentes da Sociedade para Pesquisa da Mulher, em Washington, nos Estados Unidos, elas têm uma probabilidade de duas a três vezes maior de serem hipertensas do que os homens. O perigo é ainda maior para as mulheres negras, para aquelas que tomam pílulas anticoncepcionais e em determinados períodos da vida, como durante a gravidez e depois da menopausa.

A hipertensão também pode se agravar com a idade. Estima-se que um em cada dois idosos sofra desEstima-se mal. Mas novas pesquisas trazem um alento para a turma da terceira idade. De acordo com um estudo da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, apresentado durante a 42a Conferência Anual de Doença Cardiovascular e Prevenção Epidemiológica, em Honolulu, idosos hipertensos que começam a se tratar contra a pressão alta antes que apareçam os primeiros sinais de doenças cardíacas podem evitar completamente os problemas cardiovasculares. Já aqueles que não controlam a hipertensão têm três vezes mais chances de desenvolver males como infarto, angina e derrame.

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Outra forma de hipertensão é a chamada "secundária", que não está ligada à hereditariedade nem ao estilo de vida. Ela atinge 10% dos pacientes com pressão alta - em geral crianças e jovens. Nesses casos, a pressão sobe em conseqüência de outros males, como alterações endócrinas, que provocam disfunções hormonais, problemas vasculares capazes de interferir na espessura e na constituição das artérias e distúrbios renais. Se for tratada a doença de base, a pressão voltará ao normal.

É extensa a lista de encrencas que a pressão alta é capaz de provocar no organismo. E o coração não é a única vítima. A hipertensão pode causar isquemia (quando um vaso fica entupido e impede a circulação do sangue) na massa cinzenta, derrame (rompimento de um desses canais resultando em sangramento no cérebro), problemas renais e até cegueira. Só é possível evitar todos esses males se a doença for diagnosticada e controlada. Quanto mais cedo, melhor. Infelizmente a maioria das pessoas não checa a pressão periodicamente e acaba descobrindo o problema por acaso - isso quando descobre. "É comum acabar medindo a pressão em razão, por exemplo, de uma dor de cabeça forte -que pode ter sido causada por qual-quer outro motivo. Assim, faz a falsa associação entre a dor e a pressão", diz o cardiologista Iran Gonçalves Junior, da Unifesp.

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Diferentes estágios

Os hipertensos são divididos em três grupos, de acordo com o grau, que pode ser leve (a partir de 14 por 9), moderado (depois de 16 por 10) e grave (acima de 18 por 11). Em qualquer uma dessas situações, a doença precisa ser controlada e, para isso, é necessário acreditar no diagnóstico dado pelo médico. "Muita gente se recusa a aceitar que, apesar de não ter nenhum sintoma, é preciso emagrecer, parar de fumar e, em alguns casos, tomar remédio para o resto da vida", lamenta Iran Gonçalves Junior.

A primeira recomendação médica, para qualquer um dos estágios, é a adoção de uma rotina saudável. Nos casos mais brandos, apenas a mudança na alimentação e a prática de atividade física são capazes de assegurar a queda da pressão. Os exercícios ajudam a manter o peso e a diminuir as taxas de gordura e açúcar do organismo. Além disso, é uma forma de combater o estresse, um fator emocional que também tem influência na hipertensão. Um médico pode indicar qual a atividade mais adequada para cada pessoa. Mas 30 minutos de caminhada, pelo menos três vezes por semana, já é bastante significativo para quem pretende espantar o sedentarismo.

Para os pacientes de níveis moderado e grave ainda há o acréscimo de remédios, que em geral devem ser engolidos durante toda a vida, mesmo que os valores caiam para menos

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de 14 por 9. Nesses patamares mais avançados de hipertensão, é ilusão acreditar que a pressão possa ser manejada sem a ajuda dos medicamentos. Os especialistas alertam que largar o tratamento é uma atitude extremamente perigosa. Quem embarca nessa aventura fica, obviamente, mais exposto aos problemas cardiovasculares.

Sufoco nas artérias

Cerca de 90% dos episódios de hipertensão são causados por um conjunto de fatores, como hereditariedade, sedentarismo, má alimentação, estresse e tabagismo

Por tudo isso, o calibre das artérias diminui. As placas de gordura reduzem o espaço para a circulação e as paredes dos vasos, sem elasticidade, não conseguem se expandir para facilitar a passagem do sangue - que fica mais viscoso devido ao excesso de sal e gordura. Em conseqüência, esse líquido precisa fazer mais esforço para passar pelo aperto. É como uma mangueira encaixada em uma torneira. Se a abertura for tampada, a pressão do líquido dentro do cano fica enorme. A mesma coisa acontece com o sangue que circula nos vasos.

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Em 10% dos casos, a hipertensão aparece em decorrência de uma outra doença.

Uma delas é a insuficiência renal, quando o rim, responsável por filtrar o sangue, não trabalha direito.

O sangue, que deveria ficar livre de impurezas e de outras substâncias não aproveitáveis pelo organismo, ganha volume e faz uma pressão maior dentro das artérias. Nessa situação, se o problema renal for curado, a pressão cai.

Confusão à frente

Se não for tratada, a hipertensão é capaz de provocar sérios problemas. Entre os mais comuns está o aneurisma

Na hipertensão, a camada interna das artérias - o endotélio - é destruída. Em conseqüência, os vasos ficam mais estreitos e perdem elasticidade.

Diante de um espaço menor para circular, o sangue força as paredes das artérias, que se tornaram mais frágeis. Resultado: forma-se uma espécie de bolha, o aneurisma. O rompimento dessa bolha pode levar à morte.

Dobradinha perigosa

Muitos hipertensos também têm colesterol alto. Essa dupla atrapalha - e muito - a circulação

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Com a artéria mais rígida, estreita e obstruída pelo acúmulo de gordura, o sangue encontra maior dificuldade para passar. A pressão sobe ainda mais.

Quando há entupimento total do vaso, o sangue fica emperrado. Sem irrigação, o tecido cardíaco morre. É o infarto.

O efeito do avental branco

"Eu estava dirigindo tão bem nas aulas da auto-escola. Não entendo por que não passei." É comum ouvir essa frase de alguém que, de tão nervoso na hora do exame para tirar a carteira de motorista, acaba reprovado. Às vezes acontece o mesmo no momento de medir a pressão. Algumas pessoas podem até não sofrer de hipertensão, mas quando encaram o médico o resultado vai às alturas. Esse fenômeno é chamado de "síndrome do avental branco". "A presença do especialista geralmente causa tensão, pois é ele quem costuma dar as más notícias", diz o clínico Paulo Andrade Lotufo, da USP. Fazer a checagem em outras ocasiões, de preferência na casa do paciente, pode evitar o fenômeno. Embora campanhas sejam válidas para alertar a população do risco da hipertensão, tirar a medida na rua, em pé, no sol, depois de ter andado, não vale. Para obter um resultado correto é necessário estar descansado, em um ambiente tranqüilo, ter dormido bem, não tomar café nem fumar pelo menos 30 minutos antes.

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O braço precisa estar relaxado, apoiado em uma superfície e na altura do coração. O veredicto da doença só é fechado depois de checar a pressão três vezes seguidas, com intervalos de um minuto entre elas.

Ataque em várias frentes

Desde os anos 1950, quando uma pesquisa apontou a relação entre hipertensão e problemas como infarto e derrame na população de uma cidade americana próxima a Boston, nenhuma outra descoberta bombástica foi feita sobre esse mal. Houve avanços, porém, nos estudos envolvendo remédios que agem de forma diferente para abaixar a pressão. "Todos se mostram eficazes. São escolhidos e até combinados conforme o perfil do paciente", conta o cardiologista Iran Gonçalves Junior. Conheça os medicamentos:

Vasodilatadores:

Como diz o nome, dilatam a parede das artérias.

Betabloqueadores:

Reduzem o efeito da adrenalina, pois ela faz com que o coração fique mais acelerado, aumentando a pressão do sangue.

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Eliminam líquido e parte do sal do corpo, diminuindo a resistência dos vasos.

Antagonistas dos canais de cálcio:

Reduzem a entrada desse mineral no interior da célula muscular dos vasos e inibem a contração deles.

Inibidores da enzima conversora da angiotensina:

Diminuem a produção dessa substância, que causa o estreitamento das artérias.

Menu para empurrar a pressão para baixo!

Um estudo envolvendo quatro universidades americanas, entre elas a Harvard Medical School, desenvolveu um programa alimentar, apelidado de DASH - Dietary Approaches to Stop Hypertension, ou Dieta para Combater a Hipertensão -, que está causando furor por conseguir diminuir significativamente a pressão arterial. Além de pobre em sal e em gordura saturada - aquela que aumenta o colesterol -, a Dash tem como avanço especificar que alimentos devem dominar o prato. As estrelas do menu são grãos e cereais (arroz integral, aveia e cereais integrais), seguidos por frutas, legumes e verduras. Depois aparecem os produtos lácteos (iogurte ou leite desnatado e queijo magro) e as carnes (peito de frango, bovina magra e filé de peixe). Por último vêm as

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oleaginosas e leguminosas (nozes, castanhas, feijões e ervilhas), e só uma pitada de óleos e doces.

"A Dash traz benefícios especialmente se associada a outros hábitos saudáveis, como exercícios e controle do estresse", ressalta o nefrologista Osvaldo Kohlmann Junior, presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão. Veja o que comer para controlar a doença:

Grãos e cereais:

De sete a oito porções diárias. Cada uma pode conter 1 fatia de pão ou 1/2 xícara de chá de cereal, aveia ou arroz.

Legumes e verduras:

De quatro a cinco porções. Cada porção é 1 xícara de chá de vegetais crus ou 1/2 xícara de vegetais cozidos por dia.

Frutas:

De quatro a cinco unidades médias por dia ou 720 mililitros de suco.

Produtos lácteos:

Duas a três porções por dia de 1 xícara de chá de iogurte ou leite desnatado ou 1 fatia de queijo magro.

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Bovina magra, peixe e peito de frango - dois bifes pequenos por dia, no máximo.

Oleaginosas e leguminosas:

1/3 de xícara de chá de oleaginosas ou 1/2 xícara de leguminosas de quatro a cinco vezes por semana.

Óleos (inclusive margarina light e azeite):

3 colheres de chá por dia, no máximo.

Doces (light são os mais recomendados):

1 colher de sopa, cinco vezes por semana, no máximo.

FAÇA AS PAZES COM A BALANÇA

Além de desagradável, a obesidade é altamente perversa. De acordo com o endocrinologista Geraldo Medeiros, que presidiu o 9o Congresso Internacional de Obesidade, realizado em agosto último em São Paulo, o excesso de peso aumenta a pressão sangüínea e eleva as taxas de colesterol no sangue, podendo causar insuficiência cardíaca, angina, infarto e derrame.

Diferentemente do que se pensava no passado, a obesidade é hereditária. Filhos de pais que estão acima do peso têm chances 80% maiores de se tornarem gordos. Se apenas um

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dos pais é obeso, a probabilidade cai para 50%. Quando nenhum dos dois sofre desse mal, as estatísticas despencam para menos de 10%, segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia. Não apenas a predisposição genética traça o destino de um gordinho. Hábitos pouco saudáveis, como vida sedentária e dieta rica em gorduras e carboidratos, pioram a situação.

O resultado é uma epidemia de obesidade de proporções alarmantes. Dados da Organização Mundial da Saúde dão conta de que existem no mundo 300 milhões de adultos obesos, mas tais estatísticas são consideradas brandas por outras entidades. A International Obesity Task Force, por exemplo, acredita que hoje o planeta abrigue pelo menos 1 bilhão de pessoas acima do peso. O endocrinologista Alfredo Halpern, chefe do Grupo de Obesidade e Doenças Metabólicas do Hospital das Clínicas de São Paulo, lembra que o problema não é menos preocupante no Brasil e que a incidência do mal cresce até entre a população de baixa renda. "Para a saúde em geral e o coração em particular isso é extremamente perigoso", diz.

Saber de que forma a gordura se distribui pelo organismo é um importante instrumento na batalha contra a obesidade. Para quem não quer entrar no grupo de risco ou até mesmo tornar-se portador de uma doença cardíaca, nada pior do que

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andar por aí exibindo uma deselegante barriga. A obesidade do tipo maçã - aquela que apresenta tecido adiposo acumulado principalmente na região abdominal - é considerada uma grande ameaça, pois mostra a prevalência no corpo da chamada gordura visceral. As artérias acabam entupidas por placas de gordura, os ateromas, que impedem a circulação do sangue até o coração. Por ser mais freqüente entre o público masculino, ela também é denominada "obesidade andróide". Para descobrir se aquela barriguinha de chope está se transformando em uma bomba-relógio, basta medir a circunferência da cintura com uma fita métrica (veja nas legendas das fotos destas páginas quais são os limites comprometedores).

E não adianta espernear. A saída para se livrar da obesidade e dos males cardiovasculares passa pela adoção de um estilo de vida mais saudável. De acordo com a Associação

Americana de Cardiologia, alimentação equilibrada, prática regular de exercícios e exames médicos periódicos reduzem em mais de 80% o risco de infartos e derrames. A dieta ideal para quem quer evitar tais

encrencas inclui verduras, legumes, cereais, carnes magras e apenas 6 gramas de sal por dia, cerca de metade do que os brasileiros costumam consumir (leia mais no quadro ao lado). As vantagens são imediatas: o nível de colesterol bom

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aumenta, a elasticidade das artérias melhora e o depósito de gordura na parede dos vasos fica quase inexistente.

Ajuda dos medicamentos

Mas há pessoas que não conseguem perder peso apenas com dieta e exercícios. Segundo o endocrinologista Geraldo Medeiros, os remédios para emagrecer são recomendados para quem está com IMC acima de 30. "Indivíduos com problemas cardíacos podem tomá-los, desde que tenham acompanhamento médico", ressalta. Os medicamentos estão divididos em quatro categorias. Conhecidos como inibidores de apetite, os adrenérgicos agem no sistema nervoso central. Trata-se da geração mais antiga de medicamentos. Há vários exemplos no mercado, como Dualid S e Moderine. Mais recente, a sibutramina é uma droga que impede a captação de serotonina e de adrenalina pelos neurônios, provocando uma sensação de saciedade. Plenty e Reductil são os nomes comerciais. Polêmicos, pois há uma corrente que condena seu uso se o objetivo único for emagrecer, os serotoninérgicos são remédios à base de fluoxetina, o princípio ativo do Prozac. Eles aumentam o teor de serotonina em circulação. "A vantagem é que diminuem a vontade de comer chocolate e doces", revela Geraldo Medeiros. Por fim há o orlistat, cujo nome comercial é Xenical. Ele age diretamente no intestino, impedindo a absorção de 30% da gordura ingerida. "A perda é

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lenta. Indico para o ex-gordo que deseja manter o peso", diz o médico.

Saída cirúrgica

Apenas os obesos mórbidos aqueles com IMC acima de 40 -devem recorrer às técnicas de redução do estômago, chamadas de cirurgias bariátricas. Segundo Arthur Garrido, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, são três as intervenções eficazes. A mais conhecida é a do anel, ou método Capella - nome do cirurgião que a desenvolveu. Nela um fio de sutura divide o órgão em duas partes. Em seguida um anel de silicone é colocado entre o estômago e o duodeno (intestino delgado).

Depois da cirurgia, o paciente consegue consumir 20 ml de comida de cada vez. Uma diminuição considerável, perto do 1,5 litro de alimento que um estômago normal suporta. Em um ano, a pessoa perde cerca de 40% do peso. Outro tipo é a banda gástrica inflável: uma espécie de cinta estrangula a entrada do estômago, que adquire o formato de uma ampulheta. Em um ano o paciente pode ficar 20% mais magro. O método mais recente é o do balão intragástrico. Uma bola de silicone é inserida no órgão por endoscopia. Preenchida por soro fisiológico e azul de metileno, ela ocupa metade da cavidade gástrica. Isso diminui o espaço para a comida e aumenta a sensação de saciedade. É o método

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menos invasivo, mas o balão só pode ficar no corpo por seis meses.

Você está acima do peso?

A Organização Mundial da Saúde considera obesa a pessoa com índice de massa corpórea - ou IMC - maior que 30. Trata-se de uma fórmula que faz uma relação entre o peso e a altura. Por meio dela, é possível saber quem precisa só de dieta aliada a exercícios físicos e quem deve recorrer também a remédios ou às cirurgias de redução do estômago. Para calcular o índice, divida seu peso por sua altura ao quadrado e veja abaixo se corre perigo:

De 18,5 a 24,9: peso ideal. Abaixo disso, há risco de desnutrição.

De 25 a 30: estágio de pré-obesidade. Você precisa se cuidar.

De 30 a 40: a pessoa é considerada obesa.

Acima de 40: obesidade mórbida. Nesse caso, a cirurgia de redução do estômago pode ser indicada.

Treinamento com cautela

Fazer exercícios regularmente integra qualquer cartilha saudável. Um estudo da Cooper Clinic, nos Estados Unidos, feito com 75 mil pacientes e apresentado no 9º Congresso

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Internacional de Obesidade, em São Paulo, mostrou que os gordinhos com boa aptidão física têm uma melhor qualidade de vida e estão menos sujeitos a desenvolver diabete e males cardíacos. Mas os obesos devem tomar certos cuidados. "Antes de iniciar os exercícios, é preciso passar por uma avaliação médica, pois a atividade física pode agravar uma doença ainda não diagnosticada", adverte o cardiologista Abrão José Cury Jr., presidente da regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.

Frase

A obesidade assume ares de epidemia em todo o planeta. No Brasil, 11,7% das mulheres e 4,8% dos homens são obesos graves, segundo dados do Ministério da Saúde

Dieta, sim. Modismos, não

De um modo geral, gordinhos com problemas cardíacos devem ficar bem distantes de alimentos ricos em gordura saturada e colesterol, como as carnes vermelhas, as frituras e os alimentos industrializados. É importante ser rigoroso com o consumo de sal a fim de evitar a hipertensão. "Quanto menos, melhor", adverte Liliana Bricarello, do departamento de nutrição da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo. Os obesos também não podem abusar de óleo ou azeite e devem trocar o açúcar por adoçante. Segundo a nutricionista, é essencial beber bastante água e ingerir muitas fibras. Para isso, basta comer verduras e legumes crus, frutas com casca e cereais integrais diariamente. Leite, iogurtes e queijos, só

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desnatados. Frango, apenas sem pele. E carne vermelha, somente de vez em quando e desde que seja magra. Em vez de seguir dietas da moda que prometem maravilhas, ela recomenda adotar um cardápio individualizado, capaz de atender às necessidades do paciente.

Referências

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