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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO PROCURADORIA DO DOMÍNIO PÚBLICO ESTADUAL PARECER

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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO

PROCURADORIA DO DOMÍNIO PÚBLICO ESTADUAL

PARECER 13.917

COMPANHIA RIOGRANDENSE DE MINERAÇÃO. LOCAÇÃO DE VEÍCULO. HORAS EXCEDENTES. INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO CONTRATUAL. PREVISÃO NO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO.

A Companhia Riograndense de Mineração – CRM - firmou, em 26 de junho do corrente ano, com a SISTEM LOCAÇÕES DE VEÍCULOS LTDA., o contrato CRM-POA 11/2003 (fls. 07-20) tendo por objeto a locação de um veículo, com motorista, ficando tal conjunto à disposição da Secretaria de Energia, Minas e Comunicações (cláusulas primeira e quarta, 4.1.2; vide of. fl.21).

A locatária apresentou à CRM a Nota Fiscal de Serviço nº 132, emitida em 04.08.03, lançando um valor total de R$6.042,62, ou seja, o somatório do preço ofertado como fixo (R$3.568,40), acrescido das horas excedentes atinentes ao veículo (R$2.472,22 – valor referente às horas do veículo à disposição), em decorrência de ter sido o mesmo utilizado fora do horário, conforme planilha apresentada pela própria interessada (fl.21).

A Assessoria Jurídica da consulente entendeu pela inexistência de previsão contratual para o pagamento do acréscimo, uma vez que a locação fora pactuada por preço fixo, com franquia de 7.000 (sete mil) km/mês, já incluído no preço, inclusive, o total das despesas mensais do veículo com o IPVA e seguro, conforme composição de preço constante do instrumento contratual, admitindo, todavia, a possibilidade de repassar as horas excedentes do respectivo motorista (fl. 22).

Manifestou-se a Assessoria Jurídica da Secretaria de Energia, Minas e Comunicações (fls. 62-79), concluindo que o mais indicado seria a elaboração de uma carta retificativa, adequando o contrato ao edital (fl.79). Entendeu que, existindo divergência entre o instrumento convocatório e o contrato, deve prevalecer o primeiro, o qual contém previsão a respeito da remuneração da locação pelas horas efetivamente postas à disposição da locatária.

A CRM, por seu Diretor Presidente, decidiu adotar as providências apontadas pela Assessoria Jurídica da Secretaria, com o conseqüente pagamento dos valores

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apontados nas Notas Fiscais nºs 132 e 135, emitidas pela empresa contratada, finalizando por sugerir a remessa do expediente a esta Procuradoria (fl.81), para manifestação, providência esta acatada pelo Sr. Secretário (fl. 82).

É o relatório.

A cláusula quarta do contrato versa sobre as condições da locação: “ 4.1 – da disponibilidade do veículo:

4.1.1...

4.1.2 – durante a vigência contratual, o LOCADOR deverá colocar o motorista e o veículo especificado à Cláusula Primeira à disposição do LOCATÁRIO, de segundas-feiras às sextas-feiras, das 08h00 min às 12h00min e das 13h00min às 17h00 min;

4.1.3 – sempre que necessário, o LOCATÁRIO poderá utilizar os serviços do conjunto motorista e veículo em dias e horários não convencionados em 4.1.2”

A cláusula sétima, por seu turno, dispõe acerca do preço e da forma de pagamento:

“7.1 Pela locação do veículo especificado à Cláusula Primeira, objeto da presente avença, o LOCATÁRIO pagará ao LOCADOR, conforme segue:

7.1.1 – R$3.568,40 (três mil quinhentos e sessenta e oito reais e quarenta centavos) por mês, pela locação do veículo qualificado à Cláusula Primeira, acompanhado de motorista do LOCADOR, no horário convencionado à Cláusula Quarta, item 4.1.2, para um deslocamento mensal livre de até 7.000 (sete mil) quilômetros;

7.1.2 – R$0,49 (quarenta e nove centavos) por cada quilômetro rodado que exceder a franquia mensal de 7.000 (sete mil quilômetros)

...

7.4 Quando configurada a situação prevista à Cláusula Quarta, item 4.1.3, os serviços do motorista serão remuneradas pelo LOCATÁRIO mediante observância da legislação trabalhista aplicável.

Observa-se que o contrato previu a forma de remuneração do motorista, quando os serviços fossem prestados em dias e horários não convencionados, mas não a remuneração pelo uso do bem, na mesma hipótese.

O contrato em pauta resultou de licitação levada a cabo pelo consulente, através de Carta Convite de nº 1379/2003 (fls. 38-46).

Convém transcrever o item 6.1 do instrumento convocatório por sua pertinência ao deslinde da matéria:

“6.1. DISPONIBILIDADE DO VEÍCULO

6.1.1. A Locadora, durante a vigência da locação, deverá colocar o veículo com motorista à disposição da CRM, das 08:00 horas às 12:00 horas e das 13:00 horas às 17:00, de segunda a sextas-feiras.

6.1.2. Sempre que necessário, a CRM poderá se utilizar do veículo com motorista fora dos dias e horários estabelecidos, remunerando a locação pelas horas efetivamente a disposição, observados os limites legais previstos na legislação.”

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Cumpre acrescentar que a contratada apresentou proposta nos termos editalícios (item 3, fl.39-40)

De acordo com o convite, a proposta deveria incluir (nº 3, fl.39-40):

a) preço mensal pela locação do veículo com motorista, no horário estabelecido para um deslocamento mensal livre de até 7.000 (sete mil) quilômetros;

b) preço unitário por cada quilômetro que excedesse a franquia de 7.000 (sete mil) quilômetros;

c) planilha demonstrativa da composição do preço ofertado, incluindo e evidenciando nesse, todas as despesas e/ou custas para a efetiva locação, inclusive do motorista, bem como taxa de administração e encargos sociais que deverão ser apresentados de forma discriminada, mediante a fiel observância dos percentuais ditados pela legislação vigente.

A proposta (fls. 87-89) prevê que o preço mensal de R$3.568,40 (três mil, quinhentos e sessenta e oito reais e quarenta centavos) mensais refere-se ao período de segunda a sextas-feiras, das 08:00 horas às 12:00 e das 13:00 às 17:00, de acordo com o parágrafo 6.1.1 e 6.1.2 do edital.

O critério de julgamento foi o de menor preço.

O edital previa, portanto, a utilização do veículo extraordinariamente, mencionando que a locação seria remunerada pelas horas efetivamente postas à disposição. O contrato deveria dispor claramente a respeito e não o fez. Constata-se, por conseguinte, uma lacuna no instrumento contratual. A proposta, por sua vez foi clara: o preço oferecido dizia respeito aos dias e horas antes mencionados.

Lê-se da cláusula Segunda do contrato – Dos documentos aplicáveis – que integra o contrato os autos do Convite nº 1379/2003, e, em caso de colisão de preceitos, prevalece o disposto neste instrumento.

No caso em pauta, não há que se falar em colisão, mas, sim, em lacuna do contrato em relação ao que fora disposto no edital.

Urge enfatizar que o a Administração deve obediência ao instrumento convocatório.

Nesse sentido, o ensinamento de Luís Carlos Alcoforado (Licitação e Contrato Administrativo, 2ª ed., Brasília Jurídica, p. 45):

“ A Administração não só deve cumprir e fazer cumprir a lei interna da licitação – o edital - , mas, também, as leis externas que permanecem guardiãs a tutelar a atividade administrativa e a conduta de seus agentes.

De outro lado, cumpre considerar que o contrato ora examinado é um contrato de locação, assim definido pelo Código Civil Pátrio:

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“Art. 565. Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição.”

A remuneração prestada pelo locatário diferencia o contrato em pauta em relação ao comodato. Em ambos, cede-se o uso de uma coisa, na locação mediante remuneração, no comodato, gratuitamente.

Este caráter bilateral e comutativo do contrato de locação deve ser levado em conta.

Reza o edital, no item 6.1:

“6.1.2. Sempre que necessário, a CRM poderá se utilizar do veículo com motorista fora dos dias e horários estabelecidos, remunerando a locação pelas horas efetivamente postas à disposição, observados os limites legais previstos na legislação”

O contrato, por seu turno, previu a remuneração do motorista, deixando de contemplar a remuneração pelo uso da coisa. Mas o uso gratuito da coisa (no caso, o automóvel) não se presume, pois é de locação que se trata, e, não de comodato.

Em conclusão:

a) As horas extras prestadas pelo locador à locatária deverão ser remuneradas;

b) Diante da lacuna contratual, é conveniente que as partes firmem um aditivo ao contrato celebrado, disciplinando claramente a questão do pagamento das horas excedentes;

c) Enfatiza-se que o uso do veiculo fora do horário previsto na cláusula quarta, item nº 4.1.2, só deverá se dar quando houver estrita necessidade.

É o parecer.

Porto Alegre, 06 de novembro de 2003.

MARIA ALICE COSTA HOFMEISTER PROCURADORA DO ESTADO Exp. nº 000447-17.00/03-0

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PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO

Processo nº 000447-17.00/03-0

Acolho as conclusões do PARECER nº 13.917, da

Procuradoria do Domínio Público Estadual, de autoria do

Procurador do Estado Doutor MARIA ALICE COSTA

HOFMEISTER.

Restitua-se o expediente ao Excelentíssimo Senhor

Secretário de Estado de Energia, Minas e Comunicações.

Em 07 de abril de 2004

Helena Maria Silva Coelho,

Procuradora-Geral do Estado.

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