PSA
MATERIAL DE APOIO
INTRODUÇÃO
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum
entre os homens. Em valores absolutos e considerando
ambos os sexos é o quarto tipo de câncer mais comum e o segundo mais incidente entre os homens.
É considerado um câncer da terceira idade, uma vez
que cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. No Brasil, o aumento das taxas de incidência pode ser parcialmente justificado pela
evolução dos exames, das informações sobre a doença e pelo aumento na expectativa de vida.
Para a detecção precoce do câncer de próstata, dois testes são realizados: o toque retal e o exame de PSA. A dosagem do PSA surgiu como um teste
promissor, no entanto, a relação custo-benefício deve ser cuidadosamente avaliada, devido aos riscos
relacionados ao resultado do exame.
Apresentamos aqui algumas informações para que você possa entender melhor a relação entre o exame de PSA e o câncer de próstata e o motivo pelo qual a realização desse exame é controversa.
O QUE É O EXAME DO PSA?
É um exame de sangue que mede a quantidade de uma proteína produzida pelas células epiteliais da próstata, denominada Antígeno Prostático Específico (PSA).
Níveis altos de PSA
podem significar câncer,
mas também doenças
benignas da próstata.
QUAIS CONDIÇÕES PODEM
ELEVAR O PSA?
Uma vez que o antígeno dosado é produzido pelas células epiteliais da próstata e não especificamente pelas células cancerosas, a dosagem do PSA pode estar alterada por outras doenças que não o câncer.
PROSTATITE (inflamação na próstata) e HIPERPLASIA
benigna da próstata (crescimento da próstata) são
algumas doenças benignas da próstata que elevam o PSA.
A ejaculação também pode ocasionar maior liberação de PSA, assim como o ciclismo, o hipismo e o toque retal.
POR QUE O RASTREAMENTO
DE CÂNCER DE PRÓSTATA PODE
OU NÃO SER RECOMENDADO?
O rastreamento significa uma ação feita para identificar uma
doença ou fator de risco antes que ela se manifeste ou piore e visa diminuir a mortalidade e o adoecimento. Ou seja, o rastreamento tem o objetivo de fazer as pessoas viverem mais e melhor.
Algumas instituições contraindicam o rastreamento de câncer de próstata baseado em PSA, pois estudos revelaram que fazer o exame (tendo ou não realizado o exame de toque retal) não diminui a mortalidade geral dos homens, além de mudar muito pouco a mortalidade por câncer de próstata e de poderem trazer riscos por meio dos exames complementares que são necessários em caso de alteração do PSA.
NÃO PODE?
United States Preventive Services Task Force (USPSTF)
Em 2012, o United States Preventive Services Task Force
(USPSTF) passou a contraindicar o rastreamento de câncer de próstata baseado em PSA para homens americanos de
qualquer idade. Em 2017, a mesma instituição passou a classificar o rastreamento como indeterminado, ou seja, a decisão de realizar ou não o rastreamento deve ser
compartilhada entre médico e paciente, levando em consideração os riscos e benefícios da estratégia.
INCA
Em 2013, o INCA passou a recomendar que não se
organizassem programas de rastreamento para o câncer da próstata, e que homens que procurassem o exame
espontaneamente fossem informados por seus médicos sobre os riscos e benefícios associados a essa prática. Isso porque, mesmo em casos de detecção de câncer de próstata, muitas vezes a doença não iria progredir a ponto de causar
problemas, o que não justifica o rastreamento. Desta forma, o pequeno benefício pode não compensar os malefícios que incluem, por exemplo, a realização desnecessária de biópsia da próstata (que pode provocar sangramentos, febre,
infecções e retenção urinária) e impacto psicológico causado por um resultado falso positivo.
QUAL O POSICIONAMENTO
DAS INSTITUIÇÕES?
Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC)
A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade é contrária a realização do rastreamento uma vez que não existem evidências científicas de que o rastreamento diminua a
mortalidade por câncer de próstata.
Sociedade Brasileira de Urologia
A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que homens a partir de 50 anos procurem um profissional especializado, para avaliação individual. Homens negros ou que tenham parentes de primeiro grau com câncer de próstata, devem iniciar o
rastreamento a partir dos 45 anos de idade. O rastreamento deve ser realizado após discussão entre o paciente e médico,
considerando todos os riscos e benefícios. Após os 75 anos, o rastreamento é recomendado apenas para aqueles com
expectativa de vida acima de 10 anos.
A Sociedade Brasileira de Urologia afirma que o rastreamento universal de toda a população masculina é controverso, pois pode diagnosticar, entre outros, câncer de próstata de baixa gravidade que não necessita de tratamento. No entanto, leva em
consideração que o rastreamento permite que pacientes
portadores de tumores classificados como de risco de progressão alto ou moderado sejam adequadamente tratados e curados, logo no início.
QUAL O POSICIONAMENTO
DAS INSTITUIÇÕES?
O exame de PSA não consegue
diferenciar cânceres graves e mortais
de cânceres que cresceriam lentamente
e não viriam a matar ou causar sintomas
ao homem.
A cada Destes
1.000 homens
240 homens
100 homens
80 homens
3
1
5
que realizam o exame de PSA para rastreamento de câncer de próstata
terão um resultado positivo que pode indicar câncer de próstata.
Muitos destes homens terão um
resultado falso-positivo após a biópsia.
Riscos da biópsia: dor, sangramentos
e infecções
20% a 50% destes homens serão
diagnosticados com cânceres que nunca irão se desenvolver, o que é conhecido como sobrediagnóstico.
50 disfunção erétil.
evitam metástase para outros órgãos
evita morte por câncer de próstata
morrem de câncer de próstata mesmo após cirurgia e tratamento
15 incontinência urinária.
terão biópsia positiva e, portanto, diagnóstico de câncer de próstata
A realização ou não do exame deve ser discutida
exaustivamente com o médico, levando-se em consideração
a história do indivíduo. Os riscos do exame de PSA estão
relacionados às consequências do seu resultado e não à sua
realização.
COMO ORIENTAR
O PACIENTE?
Todo paciente que deseja realizar o exame de PSA deve ser informado sobre os riscos relacionados ao resultado. Esclareça para o seu paciente que a realização do exame de PSA em si não traz nenhum risco. O problema está na detecção e tratamento de um câncer que, na maioria das vezes, não evoluiria e nem ameaçaria a vida do paciente. Caso o paciente opte pelo rastreamento do câncer de
próstata, o resultado deve ser compartilhado com o médico uma vez que o exame de toque retal também deve ser realizado. O exame de PSA e o toque retal são comple-mentares.
Os possíveis malefícios do rastreamento do câncer de próstata
incluem resultados falso-positivos, infecções e sangramentos
resultantes de biópsias, ansiedade associada ao sobrediagnóstico
de câncer e danos resultantes do sobretratamento de cânceres que
nunca iriam evoluir clinicamente.
Realizar o exame pode ajudar a
identificar o câncer de próstata logo no início da doença.
Tratar o câncer de próstata na fase inicial pode evitar que se desenvolva e chegue a uma fase mais avançada.
O diagnóstico precoce aumenta a chance de sucesso no tratamento.
Ter um resultado que indica câncer, mesmo não sendo, gera ansiedade e estresse, além da necessidade de novos exames, como a biópsia.
O tratamento pode causar impotência sexual e incontinência urinária.
Diagnosticar e tratar um câncer que não evoluiria e nem ameaçaria a vida do paciente.
O QUE É A PRÓSTATA?
A próstata é uma glândula que se localiza na parte baixa do abdômen, que aumenta de tamanho com o avançar da idade. É um órgão pequeno, que tem a forma de maçã e se situa logo abaixo da bexiga e à frente do reto. Produz parte do sêmen, um líquido que contém os espermatozóides, liberado durante o ato sexual.
Reto Bexiga
PRÓSTATA
O QUE É CÂNCER DE PRÓSTATA
E QUAIS SÃO OS SINTOMAS?
O câncer é um conjunto de doenças que têm em comum o crescimento desordenado das células. Na maioria dos casos, o câncer de próstata cresce de forma lenta e não chega a dar sinais durante a vida. Em outros casos, pode crescer rapidamente, se espalhar para outros órgãos (metástases) e causar a morte.
Em sua fase inicial, o câncer de próstata tem evolução silenciosa. Muitos pacientes não apresentam nenhum sintoma ou, quando apresentam, estes são semelhantes aos de doenças benignas da próstata, como hiperplasia benigna da próstata e prostatite:
dificuldade de urinar
demora em começar e terminar de urinar sangue na urina
diminuição do jato de urina
necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite
Na fase avançada, pode provocar dor óssea, sintomas urinários ou, quando mais grave, infecção generalizada ou insuficiência renal.
O QUE SÃO DOENÇAS
BENIGNAS DA PRÓSTATA?
Hiperplasia prostática benigna
A hiperplasia benigna da próstata (HBP) ou hiperplasia prostática benigna (HPB) é uma condição médica
caracterizada pelo aumento benigno da próstata, que normalmente se inicia em homens com mais de 40 anos.
Prostatite
É uma inflamação na próstata, geralmente causada por bactérias.
QUAIS FATORES PODEM
AUMENTAR O RISCO
DE TER CÂNCER DE PRÓSTATA?
Idade
O risco de câncer de próstata aumenta com o avançar da idade. Segundo o INCA, no Brasil, a cada dez homens diagnosticados com câncer de próstata, nove têm mais de 55 anos.
História de câncer na família
Homens cujo pai ou irmão tiveram câncer de próstata antes dos 60 anos.
Sobrepeso e obesidade
Segundo estudos, o risco de desenvolver câncer de próstata na idade adulta é quase duas vezes maior em homens com sobrepeso de mais de 20 quilos.
Afrodescendentes
Possuem um risco duas vezes maior de desenvolverem câncer de próstata.
Mais frequente 45 55 65 anos
O toque retal e a dosagem de PSA não dizem se o paciente
tem câncer, eles apenas sugerem a necessidade ou não de
realizar outros exames.
Exame de toque retal
Introduzindo o dedo protegido por uma luva lubrificada no reto, o médico avalia tamanho, forma e textura da próstata. É o teste mais utilizado, apesar de suas limitações, pois o exame permite palpar somente as partes posterior e lateral da próstata, deixando de 40% a 50% dos tumores fora do seu alcance.
Exame de PSA
É um exame que mede a quantidade de uma proteína produzida pela próstata - Antígeno Prostático Específico (PSA) no sangue. Níveis altos de PSA podem significar câncer, mas também doenças benignas da próstata.
QUAIS SÃO OS EXAMES
UTILIZADOS PARA INVESTIGAR
O CÂNCER DE PRÓSTATA?
QUEM DEVE REALIZAR
O EXAME?
Não existem evidências de que a realização periódica do toque retal e dosagem de PSA em homens assintomáticos diminua a mortalidade por câncer de próstata. Desta
forma, a realização do exame de PSA deve ser discutida com o médico. Algumas recomendações incluem:
Pacientes com mais de 50 anos
A idade é um fator de risco importante para o câncer de próstata. Tanto a incidência desse tipo de câncer quanto a mortalidade aumentam significativamente após os 50 anos.
História familiar
Segundo o INCA, ter pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos pode aumentar o risco de se ter a doença, podendo refletir tanto fatores genéticos
(hereditários) quanto hábitos alimentares ou estilo de vida de risco de algumas famílias.
Afrodescendentes
Possuem maior incidência de câncer prostático.
Sintomas
Pessoas que apresentam sinais e sintomas de câncer de próstata como dificuldade de urinar e sangue na urina.
Obesidade mórbida
Em caso de obesidade mórbida após os 45 anos, também é importante consultar um urologista.
Um teste de PSA acima de 4ng/ml representa câncer em apenas
10-25% dos casos. Isso quer dizer que, a cada 10 testes de PSA
alterados, 7 a 9 não representam câncer. Porém, para excluir a
possibilidade de câncer, serão necessários outros exames
laboratoriais ou invasivos e que podem trazer riscos ao
paciente.
O Teste Rápido PSA Hilab é um imunoensaio cromatográfico rápido para detecção qualitativa de antígeno prostático específico em sangue total. Durante o teste, a amostra percorre a membrana por capilaridade e entra em contato com os anticorpos anti-PSA presentes, gerando uma reação antígeno anticorpo que será digitalizada no leitor Hilab. O laudo é obtido em 20 minutos.
O valor de referência, ou seja concentração considerada dentro da normalidade para o exame de PSA é 4 ng/ml. O resultado obtido poderá ser:
Inferior a 4 ng/ml
Este resultado significa que a concentração de PSA no sangue do paciente está dentro da faixa de normalidade. De qualquer forma, o paciente deve procurar um médico.
Superior a 4 ng/ml
Este resultado significa que a concentração de PSA no sangue do paciente está alterada. É extremamente importante orientar seu paciente a conversar com o seu médico.
COMO FUNCIONA O EXAME
DE PSA HILAB?
O QUE FAZER PARA EVITAR
O CÂNCER DE PRÓSTATA?
Adotar uma dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos e cereais integrais
Evitar o consumo de gorduras, principalmente as de origem animal
Fazer, no mínimo, 30 minutos diários de atividade física
Manter o peso adequado à altura
Diminuir o consumo de álcool
O QUE FAZER
COM O RESULTADO
DO EXAME DE PSA?
Um resultado de PSA elevado não significa câncer de próstata.
Como vimos, outras condições podem elevar o nível de PSA no sangue, dentre elas, a hiperplasia prostática benigna, que não é câncer.
POR QUE O EXAME DE PSA
E O TOQUE RETAL
SÃO COMPLEMENTARES?
Cerca de 20% dos homens com câncer de próstata sintomático apresentam um PSA normal. Dependendo da região da próstata,
o câncer também pode não ser palpável pelo toque retal. Por isso, a melhor estratégia é utilizar os dois exames.
CONCLUSÃO
Uma vez que rastreamento do câncer de próstata pode produzir danos ao paciente, recomendamos que o exame de PSA seja realizado
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Exame de próstata não faz o homem viver mais. Disponível em:
<http://www.cff.org.br/noticia.php?id=3264>. Acesso em: 02 de outubro de 2018. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Homens acima do peso têm mais chances de desenvolver câncer de próstata. Disponível em:
<http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/agencianoticias/site/home/noticias/2012/ homens_acima_do_peso_tem_mais_chances_de_desenvolver_cancer_de_prostata>. Acesso em: de outubro de 2018.
Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Próstata. Disponível em:
<http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/prostata>. Acesso em: 02 de outubro de 2018.
Instituto Nacional de Câncer. Rastreamento do Câncer de Próstata. Disponível em: <http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/rastreamento_prostata_resumido.2013.pdf>. Acesso em: 02 de outubro de 2018.
Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva Câncer de próstata: vamos falar sobre isso? / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro: Inca, 2017.
U.S. Preventive Services Task Force. Prostate Cancer Screening Final Recommendation. Disponível em:
<https://screeningforprostatecancer.org/frequently-asked-questions/#b3>. Acesso em: de outubro de 2018.
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