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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DÉCIMA QUARTA CÂMARA CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL Nº 0019361-19.2008.8.19.0066

APELANTE: DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – DETRAN RJ

APELADO: MARCENIAS ADEMAR HERCULANO

RELATOR: DESEMBARGADOR CLEBER GHELFENSTEIN

DECISÃO MONOCRÁTICA

ADMINISTRATIVO. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANO MORAL. DETRAN. DEMORA EXCESSIVA NA RENOVAÇÃO DE CARTEIRA DE HABILITAÇÃO. IRREGULARIDADE NO PRONTUÁRIO DO AUTOR, CONSTANDO NOME DE OUTRA PESSOA. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. RECURSO DO RÉU. PRELIMINARES DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM E FALTA DE INTERESSE DE AGIR AFASTADAS. O AUTOR OBTEVE A PRIMEIRA RENOVAÇÃO DA CARTEIRA NACIONAL DE HABILITAÇÃO EM 25/04/1996, AO TENTAR A 2ª. RENOVAÇÃO OBTEVE A INFORMAÇÃO DE QUE EM SEU PRONTUÁRIO DO RIO DE JANEIRO CONSTAVA O NOME DE OUTRA PESSOA, O QUE IMPOSSIBILITAVA A RENOVAÇÃO DA CNH. RENOVAÇÃO QUE SÓ OCORREU CINCO ANOS DEPOIS. DESORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DA ENTIDADE RÉ QUE OBRIGOU O AUTOR A ESPERAR EXCESSIVAMENTE PARA A SOLUÇÃO DO IMPASSE. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM INDENIZATÓRIO QUE DEVE OBSERVAR OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA PROPORCIONALIDADE NO INTUITO DE REPARAR DE FORMA JUSTA A VÍTIMA E AO MESMO TEMPO EVITAR O SEU ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA. VALOR ARBITRADO PELO JUÍZO A QUO DE FORMA EXCESSIVA. REDUÇÃO PARA O VALOR DE R$ 3.000,00 (TRÊS MIL REAIS). SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA NÃO CARACTERIZADA. VERBA HONORÁRIA FIXADA QUE DEVE SER MANTIDA, DIANTE DA REDUÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. PERCENTUAL FIXADO EM CONSONÂNCIA COM OS PARÂMETROS DISPOSTOS NO ARTIGO 20, §§ 3º E 4º, DO CPC. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO, NA FORMA DO ARTIGO 557, § 1º-A, DO CPC, PARA REDUZIR O VALOR ARBITRADO A TÍTULO DE DANO MORAL PARA O MONTANTE DE R$ 3.000,00 (TRÊS MIL REAIS), INCIDINDO CORREÇÃO MONETÁRIA DESDE A SENTENÇA E JUROS LEGAIS, A PARTIR DA CITAÇÃO, DE 1% (UM POR CENTO) AO MÊS ATÉ O ADVENTO DA LEI Nº 11.960/2009, E, A PARTIR DESTE MARCO, A INCIDÊNCIA UMA ÚNICA VEZ, ATÉ O EFETIVO PAGAMENTO, DOS ÍNDICES OFICIAIS DE REMUNERAÇÃO BÁSICA E JUROS APLICADOS À CADERNETA DE POUPANÇA.

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Cuida-se de ação indenizatória por dano moral ajuizada por MARCENIAS ADEMAR HERCULANO em face do DEPARTAMENTO DE TRÂNSITO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – DETRAN/RJ, objetivando a condenação do réu ao pagamento de indenização pelos danos morais no valor de R$ 20.000,00.

Alega a parte autora, em síntese, que obteve sua primeira habilitação em 05/09/1990, no DETRAN/RJ. Aduz que no ano de 1996 transferiu sua CNH e prontuário para o Estado de Minas Gerais, cidade de Manhuaçu, tendo feito a primeira renovação da carteira de motorista neste Município em 25/04/1996, com validade até 08/04/2001. Alega que em 12/04/2003, ao tentar renovar sua CNH, obteve a informação de que seu prontuário (PGU) do Rio de Janeiro não existia e que em seu PGU n. 31.475.617-5 constava o nome de outra pessoa – Neilson Pinheiro Carvalho – o que impossibilitava a renovação da CNH. Salienta que o erro só foi solucionado em 09/05/2008, ficando sem carteira de habilitação desde 12/04/2003, impossibilitado de dirigir por todos esses anos. Em sua contestação às fls. 27/37, a parte ré argui, preliminarmente, a ilegitimidade passiva e a falta de interesse de agir. No mérito, sustenta a inexistência do dever de indenizar, ausência de fato imputável ao contestante e inexistência de dano moral. Requer o acolhimento das preliminares, ou a improcedência do pedido. Caso o pedido seja julgado procedente, requer que o valor da condenação seja fixado em patamares razoáveis.

Sentença às fls. 51/53, julgando parcialmente procedente o pedido para condenar o réu ao pagamento da quantia de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) a título de compensação pelo dano moral, corrigida monetariamente a partir da data da sentença e acrescida de juros legais a partir do trânsito em julgado. Condenou o réu, ainda, ao pagamento de honorários sucumbenciais fixados em 10% do valor atualizado da condenação.

Em razões recursais às fls. 56/74, o réu repisa as preliminares e o mérito da peça de bloqueio. Sustenta a ocorrência de sucumbência recíproca, e a aplicação do § 4° do art. 20 do CPC. Requer o acol himento das preliminares, ou a improcedência do pedido. Subsidiariamente, requer a redução do valor fixado a título indenizatório, bem como do valor fixado para os honorários advocatícios.

Contrarrazões às fls. 77/82, prestigiando a sentença. Relatei sucintamente. Decido.

De início, menciono que se encontram presentes os requisitos de admissibilidade do recurso, que deve ser, por conseguinte, conhecido.

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O presente recurso deve ser de plano solucionado, não se fazendo, destarte, necessário o pronunciamento do órgão fracionário deste E. Tribunal, na forma autorizada pelo ordenamento processual vigente.

Cuida-se de ação indenizatória por danos morais proposta pelo autor, ora apelado, em face do apelante, ao argumento de que houve demora excessiva na renovação da sua carteira nacional de habilitação, pois no seu prontuário constava o nome de outra pessoa.

A sentença recorrida julgou parcialmente procedente o pedido condenando o réu a pagar ao autor o valor de R$ 15.000,00 a título de indenização pelos danos morais.

Insurge-se o réu argüindo, preliminarmente, sua ilegitimidade passiva ad causam e a falta de interesse de agir. Sustenta que o pedido de renovação foi formulado junto ao DETRAN de Minas Gerais, não podendo ser imputado ao réu qualquer resistência à pretensão, tendo em vista que não foi procurado pelo autor para solucionar o problema. Alega que a questão poderia ter sido resolvida administrativamente.

Não lhe assiste razão.

A primeira habilitação do autor foi expedida pelo réu em 05/90/1990, obtendo o n° de prontuário 31475617-5, conforme documento de fls. 11 emitido pelo réu. O fato de o autor ter transferido sua carteira para o DETRAN de Minas Gerais não retira a responsabilidade do réu pela guarda do prontuário originário, que é o registro do autor. Tanto é assim, que no documento de fls. 12 do Departamento de Trânsito de Minas Gerais, consta o n. do prontuário do Rio de Janeiro.

Ademais, houve pesquisa de prontuário realizada junto ao réu em 26/12/2006 (fls. 14), o que demonstra a sua ciência sobre o assunto.

Forçoso reconhecer que a falta de requerimento administrativo não acarreta ausência de interesse de agir.

Com efeito, inexiste previsão legal impondo o esgotamento da via administrativa, como fator condicionante ao ingresso pela via judicial, conforme previsão constitucional que estabelece o Princípio da Inafastabilidade da jurisdição, com fulcro no art. 5º, XXXV, da Constituição da República.

Desse modo, patente a legitimidade do apelante para figurar no pólo passivo da demanda, bem como o interesse de agir do apelado, pelo que afasto as preliminares argüidas.

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No mérito, constata-se que a primeira habilitação do autor data de 05/09/1990. Em 02/02/1996, o réu emitiu documento confirmando que o prontuário n° 31475617-5 estava vinculado ao nome do autor (fls. 11). Nesse ano o autor transferiu sua CNH para o Estado de Minas Gerais, cidade de Manhuaçu, tendo obtido a primeira renovação em 25/04/1996 (fls. 12/13). Ao tentar a 2ª. renovação da carteira, em 12/04/2003 (fl. 13), obteve a informação de que em seu prontuário do Rio de Janeiro constava o nome de outra pessoa – Neilson Pinheiro Carvalho – o que impossibilitava a renovação da CNH (fls. 10). O autor só conseguiu renovar sua habilitação em 09/05/2008 (fls. 07).

Verifica-se, pois, que o apelado logrou êxito em demonstrar que no prontuário de sua carteira nacional de habilitação, emitida originalmente pelo DETRAN do RJ, constava o nome de outra pessoa, só conseguindo a renovação do documento cinco anos depois.

O apelado é habilitado a dirigir desde 05/09/1990, não podendo ser vedada a renovação de sua carteira de habilitação pela alegação de que seu prontuário está vinculado a outra pessoa, sendo certo que prevalece a presunção de legalidade e legitimidade dos atos da Administração Pública, no que se refere à habilitação (ocorrida em 05/09/1990) e à primeira renovação (ocorrida em 25/04/1996).

Assim, verificada uma possível irregularidade em seu prontuário, a qual não deu causa, não pode a parte autora ser prejudicada, nem responsabilizada por esta situação.

A hipótese, como se vê do que restou acima relatado, é de responsabilidade civil baseada na Teoria do Risco Administrativo, em que o Estado deve suportar os ônus de sua atividade, que é exercida em favor de todos, independentemente de culpa de seus agentes.

Destarte, resta configurada a má prestação do serviço, cabendo ao Estado responder pelos danos causados a terceiros pela atividade exercida em benefício da coletividade.

Impende notar que a desorganização administrativa da entidade ré obrigou o autor a esperar excessivamente para a solução do impasse, sendo impedido, pois, de dirigir veículo automotor pelo prazo de cinco anos.

O caso em análise extrapolou o mero aborrecimento chegando ao ponto de causar insegurança, perplexidade, preocupações, porquanto dirigir sem habilitação ou com a carteira vencida constitui ilícito administrativo e penal.

Por sua vez, a compensação por dano moral deve representar para a vítima uma satisfação capaz de amenizar o sofrimento impingido, desestimulando a reincidência, sem, contudo, levar ao injusto enriquecimento,

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considerando-se a condição econômica das partes, a equidade e proporcionalidade.

A matéria referente à fixação de indenização por danos morais no Direito Brasileiro é delicada e fica sujeita à ponderação do magistrado, fazendo-se necessário, para encontrar a solução mais adequada, que fazendo-se obfazendo-serve o princípio da razoabilidade, tal como já decidido pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, não havendo critérios determinados e fixos para a quantificação do dano moral, sendo, portanto, recomendável que o arbitramento seja feito com moderação e atendendo às peculiaridades do caso concreto (in REsp 435119; Relator Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira; DJ 29/10/2002).

Com efeito, conforme destacou o Ministro Humberto Gomes de Barros “a indenização por dano moral – observando critérios como o poder

financeiro do ofensor e da vítima, o grau de reprovabilidade e a culpa, dentre outros – deve ser tal a intimidar novas condutas ofensivas, mas não pode ser fonte de enriquecimento da vítima” (in REsp 824.429/MA, Rel. Ministro Humberto

Gomes de Barros, Terceira Turma, julgado em 19.10.2006, DJ 18.12.2006 p. 392).

Em sendo assim, e não havendo critérios objetivos a nortear a fixação de tal indenização, o julgador deve se orientar, diante das circunstâncias que envolvem o caso concreto, pelos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade no intuito de reparar de forma justa a vítima e ao mesmo tempo evitar o seu enriquecimento sem causa.

Assim, em observância aos critérios acima mencionados e atento às peculiaridades do caso em questão, entendo que o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) arbitrado pelo juízo monocrático se mostrou excessivo, devendo o valor indenizatório ser reduzido para o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais).

Nesse sentido vem decidindo esta Corte: 0104841-29.2009.8.19.0001 - APELACAO

DES. SEBASTIAO BOLELLI - Julgamento: 29/11/2010 - DECIMA QUINTA CAMARA CIVEL

APELAÇÃO. INDENIZATÓRIA. Negativa de renovação de Carteira de Habilitação por falta de localização do cadastro do autor. Sentença de parcial procedência. Recurso do autor visando à reparação por dano moral. Descabida a negativa do DETRAN. Desorganização da instituição que não pode prejudicar o cidadão, mormente ser ele portador de doença crônica como a diabete tipo I. Reforma parcial da sentença para fixar o dano moral em

R$3.000,00. RECURSO AO QUAL SE PARCIAL

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0013011-66.2007.8.19.0028 - APELACAO

DES. MONICA COSTA DI PIERO - Julgamento: 19/10/2010 - OITAVA CAMARA CIVEL

APELAÇÃO CÍVEL. OBRIGAÇÃO DE FAZER. RENOVAÇÃO DE CARTEIRA DE HABILITAÇÃO. PERDA DO PRONTUÁRIO. DANO MORAL CONFIGURADO. 1. Ação ajuizada sob a alegação de que o DETRAN perdeu o prontuário do autor, o que impossibilitou a renovação de sua CNH, motivo pelo qual o autor, apontando a desídia do réu, pleiteou sua condenação a promover o cadastro de seus dados, permitindo a renovação da carteira de habilitação após os regulares exames, bem como indenização por danos morais. Sentença de parcial procedência que desacolheu o pleito indenizatório. 2. Responsabilidade civil fundada na Teoria do Risco Administrativo. Má prestação do serviço devidamente demonstrada nos autos. Dano moral configurado. Verba indenizatória fixada em R$ 3.000,00 (três mil reais), atendendo-se aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Precedentes desta Corte Estadual no mesmo sentido. 3. Recurso ao qual se dá provimento.

0008280-40.2009.8.19.0001 - APELACAO

DES. CHERUBIN HELCIAS SCHWARTZ - Julgamento: 24/08/2010 - DECIMA SEGUNDA CAMARA CIVEL

APELAÇÃO CÍVEL. INDENIZATÓRIA. DETRAN/RJ. PEDIDO DE

RENOVAÇÃO DA CNH (CARTEIRA NACIONAL DE

HABILITAÇÃO) NEGADO, EM VIRTUDE DE NÃO HAVER SIDO LOCALIZADO NOS CADASTROS DO DETRAN/RJ, O REGISTRO PRONTUÁRIO GERAL ÚNICO - PGU - DA AUTORA. DANO MORAL CONFIGURADO. Descabida a recusa do DETRAN em providenciar a renovação de carteira de habilitação. Dano oriundo do serviço inadequadamente prestado pela Administração Pública. Afronta ao princípio da eficiência, consagrado na Carta Magna. Dano moral caracterizado. Valor da indenização bem arbitrado. Sentença que se mantém. Recurso a que se nega seguimento, nos termos do art. 557 do CPC. (Verba indenizatória fixada em R$ 3.000,00)

0024645-09.2008.8.19.0001 - APELACAO / REEXAME NECESSARIO

DES. MALDONADO DE CARVALHO - Julgamento: 16/04/2010 - PRIMEIRA CAMARA CIVEL

APELAÇÃO CIVEL. RENOVAÇÃO DE CARTEIRA DE

HABILITAÇÃO. RECUSA DO DETRAN/RJ. EXPEDIÇÃO DA 1ª CARTEIRA DE HABILITAÇÃO QUE PRESSUPÕE A VALIDADE DO EXAME ANTERIOR. FRAUDE NÃO COMPROVADA.

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CARACTERIZADO. VERBA REPARATÓRIA. CRITÉRIOS DE RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ART. 20, CAPUT, CPC. A ausência de prontuário nos sistema do órgão responsável, em razão de conduta exclusivamente imputável à Administração Pública, qual seja, a perda do documento, revela-se insuficiente a obstar o exercício do direito à renovação da Carteira de Habilitação. Decisão que se reforma. PROVIMENTO DO RECURSO. . (Verba indenizatória fixada em R$ 3.000,00)

Portanto, a sentença merece reparo, nos termos do acima explanado.

Quanto ao termo inicial de incidência dos juros legais e da correção monetária, ressalta-se que a matéria pode ser revista de ofício, conforme o Enunciado n. 50 constante do Aviso TJ nº 94/2010:

50. Questões atinentes a juros legais, correção monetária, prestações vincendas e condenação nas despesas processuais constituem matérias apreciáveis de ofício pelo Tribunal.

No que pertine à fluência da correção monetária da verba fixada a título de danos morais, há que se aplicar a Súmula 97 desta Corte, que dispõe:

“A correção monetária da verba indenizatória de dano moral, sempre arbitrada em moeda corrente, somente deve fluir do julgado que a fixar.”, vale dizer, a

partir da R. Sentença prolatada.

No mesmo sentido, o enunciado da Súmula n. 362 do STJ: “A

correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento”.

No que se refere a fixação de percentual dos juros moratórios, do termo a quo de sua incidência e da aplicação da Lei nº 9.494/97, as seguintes considerações se fazem necessárias:

Os juros moratórios devem incidir a partir da citação, por se tratar de relação pré-existente e contratual.

De outra sorte, a aplicação da regra prevista no artigo 1º-F da Lei nº 9.494/97, inovação trazida pela Lei nº 11.960, de 29/6/2009, é imperiosa, incidindo a partir da sua publicação, ou seja, 30/6/2009.

Sendo assim, a incidência de juros moratórios mensais deve obedecer à seguinte ordem: 1% (um por cento) até o advento da Lei nº 11.960/2009, e, por fim, a partir deste marco, haverá a incidência uma única vez,

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até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. Veja-se, a respeito:

REsp 1027318/RJ

RECURSO ESPECIAL

Relator(a): Ministro HERMAN BENJAMIN Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA Data do Julgamento: 07/05/2009

Data da Publicação/Fonte: DJe 31/08/2009 =

Ementa: ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. INDENIZAÇÃO. DANO

MORAL. (...) JUROS MORATÓRIOS. (...) (...)

4. É entendimento assente neste Tribunal Superior que os juros relativos ao período da mora anterior à data de vigência do novo Código Civil (10.1.2003) devem ser empregados à taxa de 0,5% ao mês (art. 1.062 do CC/1916), e aos juros referentes ao período posterior aplica-se o disposto no art. 406 da Lei 10.406, de 10.1.2002.

(...)

12. Recurso Especial não provido.

O apelante pleiteia, ainda, o reconhecimento da sucumbência recíproca. Entretanto, nos termos do entendimento firmado pelo STJ, "nas

reparações por dano moral, como o juiz não fica jungido ao quantum pretendido pelo autor, ainda que o valor fixado seja consideravelmente inferior ao pleiteado pela parte na inicial, não há que se falar em sucumbência recíproca." (REsp

721091 / SP - Ministro JORGE SCARTEZZINI - QUARTA TURMA - DJ 01/02/2006 p. 567)

Trazemos à colação o seguinte julgado: REsp 844778 / SP

Relator(a): Ministra NANCY ANDRIGHI - Órgão Julgador: TERCEIRA TURMA - Data do Julgamento: 08/03/2007 - Data da Publicação/Fonte: DJ 26/03/2007 p. 240

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.

IRRESIGNAÇÃO DA PARTE. EFEITOS INFRINGENTES.

IMPOSSIBILIDADE. (...)INDENIZAÇÃO FIXADA EM VALOR BEM ABAIXO DO PLEITEADO NA EXORDIAL. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. INEXISTÊNCIA.(...)

Em se tratando de reparação por dano moral, não fica o magistrado jungido aos parâmetros quantitativos estabelecidos pelo autor, na inicial. Por isso, reconhecido o direito à reparação, ainda que esta venha a ser fixada em valores muito inferiores à quantia pretendida

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pelo autor, não se há de falar em êxito parcial ou sucumbência recíproca.(...)

Por derradeiro, o apelante insurgiu-se também contra a sentença que, julgando parcialmente procedente o pedido, arbitrou os honorários advocatícios em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, ao argumento de que tal verba foi excessivamente arbitrada, devendo ser observado o § 4º do art. 20 do CPC.

Os honorários de advogado devem ser fixados, em casos como o presente, de forma a, levando-se em consideração tratar-se de demanda de menor complexidade, atender aos requisitos previstos no art. 20, § 4º, do CPC.

Em assim sendo, tenho que a verba honorária fixada deve ser mantida, diante da redução do quantum indenizatório, de forma que o percentual fixado está em consonância com os parâmetros dispostos no artigo 20, §§ 3º e 4º, do Código de Ritos.

Sem mais considerações, dou parcial provimento ao recurso, na forma do artigo 557, § 1º-A, do CPC, para reduzir o valor arbitrado a título de dano moral para o montante de R$ 3.000,00 (três mil reais), incidindo correção monetária desde a sentença e juros legais, a partir da citação, de 1% (um por cento) ao mês até o advento da Lei nº 11.960/2009, e, a partir deste marco, a incidência uma única vez, até o efetivo pagamento, dos índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança. Mantenho, no mais, a sentença recorrida.

Rio de Janeiro, 17 de fevereiro de 2011.

DESEMBARGADOR CLEBER GHELFENSTEIN RELATOR

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