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Sobre Reformas e Transformações da Educação Superior

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Academic year: 2020

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SOBRE REFORMAS E TRANSFORMAÇÕES DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

José Dias Sobrinho1

Resumo: Neste texto, apresento reflexões sobre tendências, funções e transformações da educação superior. Tenho por objetivo, primeiramente, lançar algumas idéias que ajudem a compreender o atual momento da educação superior. Em segundo lugar, penso que essas reflexões podem subsidiar um pouco as discussões sobre as reformas da Educação Superior. Não trato de uma “Reforma”, especificamente, sim de idéias que estão no universo conceitual que precisa ser levado em conta numa proposta de mudança. Toda proposta de mudança traz intenções que devem ser realizadas e que constituem o eixo das ações que devem ser empreendidas. O texto toca ligeiramente em conceitos-chave desse eixo, como autonomia, responsabilidade social, formação etc. A idéia central destas reflexões é a defesa da educação como bem público fundamental para a construção da cidadania e da sociedade democrática.

Palavras-chave: Reforma da educação superior; bem público X bem privado; mercado X cidadania; autonomia; responsabilidade social.

Abstract: In this text, I present the reflections about the superior education tendencies, functions and transformations. First of all, I have as an objective to throw some ideas that may help to comprehend the actual moment of the superior education. Second, I believe these reflections may subsidize the discussions about superior education a little. I am not specifically dealing with a “Reform”, but with ideas that are in a conceptual universe and need to be taken in consideration in a proposal of changes. Every changing proposal carries the intentions that have to be accomplished and that constitutes the axle of the actions that need to be undertaken. The text slightly mentions about key-concepts of this axle, as for example autonomy, social responsibility, formation etc. The main idea of these reflections is the defense of education as a fundamental public property to construct a democratic society and citizenship.

Key-words: Superior Education reform; public property x private property; market x citizenship; autonomy; social responsibility.

1 Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da UNISO, professor aposentado e colaborador voluntário da UNICAMP, ex-Pró-Reitor de Pós-Graduação da UNICAMP, ex-presidente da Comissão Especial de Avaliação (SESu), membro da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (CONAES), editor da revista Avaliação (RAIES). e-mail: jose.sobrinho@uniso.br

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Para aquecer os debates sobre Educação Superior e reformas

As reflexões que aqui apresento não tratam propriamente da “Reforma do Ensino Superior” ora proposta pelo MEC e em fase de discussão em diferentes espaços da sociedade brasileira. Pretendem, sim, contribuir modestamente com algumas idéias que tocam na complexidade da educação superior em geral e, de modo mais particular, nas dificuldades e desafios que lhe trazem o atual momento, grosseiramente chamado de globalização. Os debates sobre educação superior inevitavelmente trazem à tona alguns temas nucleares e ainda não resolvidos, como autonomia, liberdade de pensamento, responsabilidade social, financiamento público e gestão democrática. Essas questões adquirem hoje algumas conotações novas.

Embora todos aceitem que sejam termos positivos, não há consensos sobre os seus significados, sobretudo aqueles mais encobertos, tampouco há amplas convergências sobre como praticá-los efetivamente. As dificuldades conceituais e práticas se inscrevem em um panorama ideológico composto de perspectivas epistemológicas, opções políticas e orientações éticas que constituem a educação superior como um campo social em disputa e cheio de contradições.

Não basta, portanto, assegurar como princípios e elementos essenciais da educação superior a autonomia, a liberdade, a responsabilidade social, a gestão democrática e assim por diante. É preciso buscar os entendimentos possíveis a respeito de seus significados concretos e de suas implicações no quadro de complexidade que hoje se impõe à educação superior. Por exemplo, a responsabilidade social hoje tem significados e demandas distintos do que tivera no passado. As mudanças da sociedade atual são profundas e muito rápidas, as demandas que ela faz à educação superior são múltiplas e de difícil orquestração. Por isso, não estranha que a responsabilidade social tenha adquirido novos significados e urgências.

Por essas razões, faz sentido refletir sobre essas palavras, não com a pretensão de alcançar consensos absolutos sobre seus significados, mas para a possível obtenção de alguns acordos sociais a respeito dos principais papéis da educação superior para a sociedade brasileira e sobre as formas mais adequadas para o cumprimento de suas responsabilidades científicas e pedagógicas. Nestas rápidas reflexões, vou pouco além de enunciar alguns problemas, sem nenhuma pretensão de resolvê-los.

Parece-me relevante fazer uma outra observação, que também não se reduz simplesmente à forma, mas, sobretudo, à concepção de educação superior. É que “ensino” e “educação” não são termos intercambiáveis; por isso, eles não podem ser usados indiferentemente, um pelo outro, pois não significam a mesma coisa.

Ensino é meio. Embora não exclusivamente, em geral, está mais referido à capacitação técnica e profissional e mais voltado para a aplicação a problemas da vida prática e ao atendimento de demandas do mundo do trabalho. Por isso, é fundamental para a vida social. Educação inclui o ensino, mas seu campo semântico é muito mais amplo. Mais que um simples meio, é um processo complexo que se realiza em íntima relação com os fins, isto é, a mais completa formação humana. Por isso, considero um equívoco reduzir a educação superior a um de seus elementos, ainda que este seja um elemento

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importantíssimo. O ensino é, sem dúvida, um constitutivo essencial, mas não único, e adquire muito maior significado se posto em relação ao fim, que é a educação, considerada como formação em sentido amplo e complexo.

Por esses argumentos, nenhuma reforma poderia se limitar ao ensino, mas ao que lhe justifica a existência: a educação. Esta é a razão pela qual sempre falo, no texto, de educação superior, não ensino superior, a não ser quando se justifique o uso restrito e preciso desta última expressão2.

Uma proposta de reforma não emerge do nada; sempre pretende superar uma situação que já não se quer que perdure, tanto no sentido de simplesmente melhorar como no de substituir algo. Tem suas motivações e seus objetivos – que não se limitam aos planos internos das instituições e tampouco se restringem a mudanças nos sistemas educativos – e sempre tem a ver com os projetos políticos para a sociedade. Parte de problemas e visa mudanças.

Entretanto, nem toda reforma produz as mudanças idealizadas. Nem toda reforma educativa impulsiona inovações nas práticas pedagógicas. Há mesmo muitas desconfianças por parte dos professores a respeito da efetividade das reformas, que muitas vezes lhes parecem mais relacionadas com os interesses dos políticos que dos educadores. Mas, todas as reformas acabam impulsionando dinâmicas políticas que certamente produzirão alguns efeitos, sejam eles quais forem. Por exemplo, uma reforma pode ampliar o acesso à educação de certos segmentos sociais que antes estavam excluídos ou tinham poucas oportunidades de escolarização. Ou pode levar a educação a se tornar mais funcional em relação à indústria.

Nenhuma reforma é neutra ou inócua, ainda que algumas delas possam ser iniciativas mais eficazes para pôr em evidência seus formuladores que para produzir mudanças importantes na educação. As transformações não decorrem necessariamente de reformas, isto é, nem toda transformação precisa ter como causa a uma construção jurídica e política concebida como reforma. Também não se pode pensar que toda reforma seja boa por si mesma e produza efeitos que sempre melhoram a sociedade ou a educação. Mas, se deve levar em conta que as reformas em educação têm sua motivação em mudanças e exigências que concorrem nos sistemas sociais nacional e, interdependentemente, global.

Em cada caso, é preciso analisar se as mudanças propostas correspondem mais a uma necessidade de adaptação do sistema educativo a novas demandas que surgem na sociedade ou se

2 No texto, a expressão educação superior engloba o amplo leque de instituições universitárias e não-universitárias. Dentre estas últimas, há uma grande variedade de instituições dedicadas, sobretudo, ao ensino, embora algumas delas secundariamente também desenvolvam algumas atividades de pesquisa e extensão. A expressão educação superior também é aplicada a atividades simplesmente pós-secundárias ou pós-médias, indicando uma zona cinza de tendências que estão dando características mais amplas e imprecisas à educação superior. Utilizo a expressão “sistema educativo” para significar o sistema formal de educação, não incluindo aqui as demais instâncias sociais não-escolares, em que também se pratica educação. Por fim, com a expressão “instituição educativa” também me refiro apenas às instituições escolares, universitárias ou não-universitárias, não desconhecendo, por óbvio, que há outras instituições sociais que também praticam educação, muitas vezes sem o proclamar e talvez mesmo sem o saber.

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emergem das contradições sociais. No primeiro caso, a educação se acomoda ou se ajusta para responder racional e funcionalmente a certas necessidades novas que a sociedade nacional ou global cria em determinado momento. No segundo caso, são os conflitos sociais de caráter econômico, político, cultural, étnico, religioso que impulsionam as reformas educativas, especialmente considerando a importância que a educação tem nas relações de poder.

Não é muito fácil fazer claras distinções conceituais entre reforma e inovação. Segundo Pedró e Puig, o conceito de reforma implica geralmente mudança no marco legislativo ou estrutural ou uma mudança global na configuração do serviço público da educação. Tanto quanto a inovação, ainda que as lógicas sejam diferentes, busca melhorar a educação. São tentativas de mudança que podem chegar a tomar corpo e se generalizam ou não. (Pedro; Puig, 1998, 40). A reforma nem sempre produz inovações pedagógicas, isto é, nem sempre altera as práticas pedagógicas internas, tampouco leva necessariamente ao uso de novas tecnologias ou novas estratégias de ensino, nem sempre interferem nas crenças e nos conhecimentos dos educadores. Trata-se mais precisamente de um processo proposto na esfera do poder político para coadunar a gestão e as funções educativas com projetos políticos mais amplos. E não se pode diminuir a importância das mudanças sociais e dos conflitos de interesses na formulação e na execução das políticas.

A grande questão de fundo, sempre presente, mas, nem sempre evidente, é a seguinte: educação é bem público fundamental ou é produto negociável? Nessa questão de fundo se encontram os conflitos de interesses no campo educacional. A resposta que se der a essa questão determinará as formas e reformas, os princípios e os fins da educação. Mas, não se trata de uma mera opção por uma ou outra expressão, como se houvesse aí apenas uma disputa teórica. É preciso refletir sobre o que significam, hoje, a educação pública e a educação privada. O que caracteriza uma e outra. Quais suas funções. Como respondem às demandas da sociedade. Quais os respectivos efeitos sociais. Que valores priorizam. A que interesses correspondem...

As questões são complexas, as respostas também não poderiam ser simples.

Sociedade complexa, demandas contraditórias, funções ampliadas

De uma ou outra forma, a universidade sempre viveu em crise. Sendo uma instituição da sociedade, vive as contradições de seu tempo e as dificuldades de firmar sua autonomia. Se antes era a Igreja, depois o Estado, agora é sobretudo o mercado quem lhe impõe as mais fortes determinações. Em boa parte, a crise permanente da universidade diz respeito à consolidação de seus princípios fundamentais: a autonomia institucional e a liberdade de pensamento da comunidade acadêmica.

Toda crise carrega sempre um grande potencial de superação, por meio da crítica, que faz parte de seu núcleo essencial. A crise atual é, sem dúvida, de grandes proporções, como a seu tempo e para quem a viveu também deve ter sido cada uma das crises. Hoje, os fenômenos que constituem a globalização acumulam novos componentes de complexidade, que produzem perplexidade e incertezas

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nos âmbitos sociais e educativos. Entretanto, os aspectos mais fortes dessa crise indicam não um empobrecimento, mas, sim, um maior reconhecimento da importância da educação superior em geral.

A crise atual se relaciona com um grande alargamento de demandas e de funções a que a universidade, em particular, e a educação superior, em geral, devem responder. Essas demandas dizem respeito, de modo particular, à rápida e grandiosa expansão do cabedal cognitivo e técnico da humanidade em associação com as competências requeridas. Isto também quer dizer que a crise da educação superior não lhe pertence exclusivamente; é uma crise de toda a sociedade, ou, para aqueles que aceitam essa designação, de todo o sistema-mundo.

É certo que as instituições educativas, e aqui falo especialmente das de nível superior, não mais detêm sozinhas a hegemonia da produção do saber e das competências. Com os formidáveis avanços dos sistemas de informação e comunicação, multiplicam-se os espaços e meios de produção, distribuição e consumo do saber e das capacidades técnicas, até mesmo com a vantagem de que, em muitos casos, setores do mercado podem fazê-lo com mais presteza e sentido de utilidade prática que as instituições educativas. Estas nem sempre têm compromisso com a pressa e o imediato, mesmo porque aos ritmos da pesquisa são diferentes dos ritmos do comércio e o tempo da educação é um tempo total.

Entretanto, mesmo que agora dividam com outros setores o privilégio do saber e da informação, as instituições educativas não podem é perder suas finalidades essenciais: formação dos indivíduos para sociedade, com base no conhecimento. Se perdessem de todo essa razão de ser, já não seriam instituições educativas. Obviamente, essa formação do indivíduo-cidadão significa, ao mesmo tempo, desenvolvimento da sociedade humana e da ciência. Tudo isso é histórico e dinâmico, portanto, também os conceitos de formação mudam.

Como a sociedade e a ciência hoje estão atingindo elevados níveis de complexidade, a educação superior tende a tornar-se mais necessária ainda. As demandas que lhe faz a sociedade são cada mais numerosas e contraditórias. Se quiser corresponder a todo o amplo leque de demandas, a educação superior deveria, então, dedicar-se aos conhecimentos mais sofisticados e à tecnologia de ponta, mas, também, cuidar da capacitação rápida e prática para atendimento das necessidades dos empregos. Deveria cultivar a produção intelectual e artística acumulada pela humanidade, porém, ao mesmo tempo, compreender o presente e contribuir para a construção do futuro. Deveria apresentar soluções para a economia, a política, a moral, ou seja, para as dimensões mais gerais e universais do mundo humano, mas, igualmente, para as experiências mais concretas da vida cotidiana. Deveria se projetar no universal, sem deixar de inserir-se no local.

A ampliação do leque das demandas, divergentes e muitas vezes contraditórias, se acompanha, pois, de um enorme alargamento das funções institucionais e de uma grande diferenciação organizacional3. Multiplicam-se os papéis e pulverizam-se as tarefas. Porém, por mais que isso ocorra, ainda

3 Tendências comuns na Educação Superior, produzidas pelas reformas ou pela modernização: crescente explosão da matrícula estudantil (Brasil,1970: 425.478; em 2005: aproximadamente 2.5000.000 estudantes); rápida e grande multiplicação e diversificação das instituições que oferecem diferentes tipos de educação pós-secundária (universidades, centros universitários, institutos, faculdades isoladas; cursos de tipo novo e de vários tamanhos/durações; redução dos investimentos públicos); crescente participação

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que se dêem novas fisionomias aos sistemas e aos estabelecimentos educativos, as múltiplas atividades e formas da comunidade acadêmica mantêm sua convergência aos núcleos científicos e pedagógicos. Variam os conceitos e as formas de o fazer, mas todas as instituições educativas, de um ou de outro modo, lidam com o conhecimento e a formação.

A pluralidade de formas e conteúdos diversificados constitui a superfície mais visível do sistema de educação superior. O que é comum a todas as instituições educativas, com ênfases e qualidades diferentes, é a relação com o conhecimento, seja como mera reprodução ou como produção e socialização, mas sempre como dimensão central do processo interminável da formação humana, ainda que isto nem sempre seja evidente e nem se preste a descrições objetivas. Há uma íntima relação entre o trato com o conhecimento, a formação ampla dos cidadãos e a construção da sociedade. Há mudanças nas relações e nos conceitos, mas o conhecimento e a formação continuam sendo o núcleo essencial da educação superior socialmente referenciada.

A formação humana é um processo jamais concluído que diz respeito ao indivíduo e às suas relações com a sociedade. A vida individual e social apresenta necessidades de curto prazo, e, portanto, a formação deve atender o imediato. Porém, deve ultrapassá-lo amplamente. A educação tem um sentido prospectivo; mesmo quando lida com o presente, se remete à construção do que ainda não existe.

A produção e a socialização do conhecimento são dimensões essenciais da formação. São processos sociais que produzem a integração significativa dos valores e das atitudes gerais dos indivíduos frente à vida social. Por isso, formam. Também por isso, têm valor e permanência muito maior que a mera e quase sempre breve retenção de conteúdos disciplinares. Os processos de produção de conhecimentos e de aprendizagem são processos de socialização, pois são experiências que se desenvolvem nas relações entre indivíduos, criando novas formas de compreensão da realidade e de interação com os outros e com o mundo em geral. Deste modo, eles não são uma simples aquisição de algumas técnicas e informações, são muito mais que treinamento e aquisição de capacidades de aplicação.

Essa concepção de conhecimento e de formação, isto é, de educação, não é a mais apreciada na economia de mercado global, onde valor tem só sentido de preço. A educação, sendo um bem público fundamental e uma construção social, deve ser plural. Se, de um lado, deve ser instrumento para o desenvolvimento da economia, isso não pode abafar as interações, as negociações de sentidos, as construções coletivas, as diferenças, as contradições, o diálogo entre distintas concepções, o reconhecimento da alteridade.

Competitividade, cidadania, responsabilidade social

Como a sociedade, em geral, e os conhecimentos, em particular, aumentaram em muito os seus feixes de sentidos e suas demandas, é compreensível que as funções da educação tenham também se tornado mais amplas e mais complexas. Nisso reside boa parte dos significados de sua crise: interpretar

do setor privado na oferta de serviços educacionais (Brasil, 2005: são privadas 90% das IES); crescente controle do estado sobre o produto, abrindo mão do processo (e do financiamento).

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as demandas, escolher as prioridades, tornar-se competente para corresponder àquilo que lhe couber, responder às pressões externas, segundo suas opções e realidades, sem se desfigurar. Mas há ainda um aspecto novo no mundo da educação superior, como, aliás, em todos os outros setores da vida. Trata-se da competitividade, componente nuclear da racionalidade dominante.

É importante compreender o sentido central da racionalidade hegemônica no mundo atual. O que mais fortemente determina os sentidos e as direções da vida humana no mundo de hoje é a economia. Mas, é também preciso designar o tipo de economia predominante: a economia capitalista global4. Mesmo não apagando as contradições e outros modos de produção, a economia de mercado se tornou a razão central da sociedade global. Essa economia é, em grande parte, dependente do conhecimento. Em outras palavras, o conhecimento se tornou o mais importante motor do desenvolvimento econômico. Por isso, a educação superior é vista como o espaço privilegiado da matéria prima das riquezas materiais do mundo. Também por isso, aumentam-lhe a importância, as responsabilidades, as incertezas e ela passa a ser um palco muito importante das disputas sociais.

Segundo essa racionalidade, se é tão importante assim o conhecimento, ele tem que ser controlado, no que se refere à produção, à distribuição e ao consumo. Não é qualquer conhecimento que interessa ao mercado. Interessa o conhecimento “útil”. Vem daí a valorização de termos como competências e habilidades, que são aspectos de uma formação ajustada às necessidades do mercado, mas, não necessariamente da vida humana em geral. Daí a valorização do papel informativo e funcional, mais que formativo e ético-político. Daí a tendência a um instrumentalismo e à performatividade de acordo com aquilo que é socialmente admitido e requerido. Com efeito, uma das mais prementes demandas que são feitas à educação superior consiste em prover o mercado com as competências profissionais e operacionais.

A educação superior em boa parte tende a ceder à pressão do mercado e se torna instrumento das competências profissionais, abdicando um pouco de sua função relativamente à produção de idéias e conhecimentos orientados à construção e à emancipação de uma nação. As instituições são agora solicitadas a formar profissionais competentes quanto a assegurar seus postos no complicado terreno do sistema econômico. A função profissionalista da educação superior, quando exacerbada, a reduz ao trato de saberes relacionados diretamente a novas técnicas, sobretudo as de uso imediato.

Com isso se produz também um deslocamento: o conhecimento passa a ser menos a valorização da verdade e mais a otimização da utilidade. Então, o conhecimento precisa ser eficaz e, no limite, ter alto preço como produto de troca. Na visão economicista, tem preço o que é útil, mais vale o que tem mais utilidade. A supervalorização da performatividade tende a transformar o saber e as capacidades técnicas em uma coisa que pode ser possuída privadamente e que se usa e se vende como produto negociável. Nessa lógica, o proprietário do saber tem o direito de receber privadamente, isto é, individualmente, os benefícios dessa propriedade.

4 Essa economia é dominante, mas tem que conviver em muitos espaços com formas de economia (e suas respectivas ideologias) que não se inserem no mercado global.

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Não se trata de negar o papel da educação superior na promoção da eficácia, sobretudo se a este termo vier acrescentado o adjetivo “social”. Isto passa necessariamente pelo

desenvolvimento da economia e de todas as bases materiais de um país, com o que a educação deve ter fortes compromissos.

Mas, a educação não pode perder sua referência pública, ainda que seus mantenedores também possam legitimamente auferir lucro. Como bem público fundamental, a educação tem a ver com a construção e o desenvolvimento da autonomia e da cidadania. Por isso, não pode perder de vista o foco central de seus valores.

É preciso colocar o ensino, as aprendizagens, a pesquisa e todo o conjunto de processos universitários na sua relação com a crítica e a produção da cidadania e de novas competências técnicas e políticas em todos os campos. Daí que os critérios de qualidade devem incorporar valores culturais, éticos, filosóficos, sociais, psicológicos, em resumo, valores complexamente humanos. Assim, a „qualidade‟ se abre à diversidade polissêmica, mas essa polissemia deve ser criteriosa e intersubjetivamente ordenada, organizada e interpretada pela universidade. Dessa forma, a universidade reafirma sua identidade de espaço institucional público comprometido com a produção da ciência com valor social, com a formação e o desenvolvimento da cidadania. (Dias Sobrinho, 2000, p.86).

A educação é um processo e um espaço atravessados de contradições, de valores cujos significados ultrapassam as dimensões mais imediatas e evidentes. O sentido declarado da educação é ao mesmo tempo declaração de adesão ética e intelectual e apelo à adesão ética e intelectual da nova geração (Isambert-Jamati, 1970, p.10). Os fins perseguidos são intenções que se quer realizar, representações do resultado e eixo das ações empreendidas.

Falar de responsabilidade social da educação é, no fundo, fazer emergir a questão da formação humana em vista das expectativas públicas. São essas expectativas que devem impregnar os conteúdos e as práticas das instituições de educação superior. Qual o principal mandato que as instituições de educação superior recebem da sociedade? Como se trata de uma questão referenciada à sociedade, é complexa e certamente obterá respostas contraditórias, toda vez que estas se submeterem a análises e questionamentos mais apurados. Entretanto, creio que se pode começar a responder pelos fins, e os fins da educação se remetem à formação. Isto é dizer pouco, mas isto que parece óbvio é preciso ser recordado. A complexidade maior advém com a concepção de formação. Que é isto, a formação? Qual formação? Para qual sociedade? Responder a essas questões e a outras semelhantes corresponde a identificar os sentidos e as prioridades da responsabilidade social. Arrisco-me a dizer que nos fins da educação superior há duas esferas interligadas e interdependentes que se encontram na palavra formação: transformar os indivíduos em cidadãos, portadores de determinadas competências cognitivas, afetivas, sociais, valores éticos, culturais e políticos e, coerentemente, comprometidos com o desenvolvimento da sociedade democrática; em conexão com o anteriormente afirmado, desenvolver o conhecimento em todas as suas formas e alcances.

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As instituições educativas são criadas pela sociedade para realizar, por ela e para benefício geral, as ações que produzam a emancipação dos cidadãos e, de um modo geral, a elevação e a expansão dos patamares civilizatórios. As instituições educativas têm como função formar sujeitos autônomos para que participem ativamente da construção da sociedade democrática. O estado, de acordo com os projetos democráticos, deve oferecer, portanto, as garantias para que as instituições educativas possam integrar-se construtivamente à vida democrática e exercer com qualidade suas funções públicas.

Isto tem a ver com conhecimentos e valores próprios da democracia, como justiça, solidariedade, igualdade, respeito à pluralidade e à alteridade. Claro que tudo isso se passa num campo de contradições e de disputas de poder. Mas, a qualidade da responsabilidade social de uma instituição se justifica pela qualidade do cumprimento desse mandato social, isto é, do cumprimento dos valores fundamentais do humano relativamente à construção da sociedade democrática. Pensada assim, toda instituição tem uma função de caráter social e público, independentemente de sua categoria jurídico-administrativa e de quem lhe provê os recursos financeiros.

Uma instituição social – e esta é sua marca distintiva – tem como referência a finalidade da sociedade (Freitag, 1995, p.32). Seus fins são colaborar para o cumprimento dos fins da sociedade. A distinção que Michel Freitag faz entre “instituição social” e “organização social” é bastante relevante. Ela inspira algumas reflexões que considero importantes para o tema que aqui desenvolvo5.

A natureza de uma instituição social é radicalmente diferente da natureza de uma organização social ou de uma empresa do mundo econômico. Enquanto a instituição está referida às finalidades, a organização tem nos meios o seu fim. Desenvolver eficazmente os meios lhe é o bastante. Em outras palavras, basta-lhe adaptar os meios para cumprir bem a lógica de seu próprio desenvolvimento, pois ela se completa em si mesma, é auto-referencial. Seu valor central não são as finalidades essenciais da sociedade, e sim a instrumentalidade. O que a motiva são os produtos e os resultados práticos derivados de seu saber-fazer. Na organização, adquirem primazia a gestão eficaz, o planejamento, a eficiência e produtividade entendidos como valores em si mesmos, como se fossem auto-suficientes. Nela, os meios e todos os valores secundários têm prioridade. Assim, prioritário para a organização ou empresa econômica não é a solidariedade ou a cooperação, e sim a produtividade, a competitividade e o sucesso individual. Não é a justiça, e sim o privilégio dos mais fortes. Não é a finalidade fundamental do desenvolvimento social, e sim o aperfeiçoamento dos meios para o desenvolvimento da própria organização auto-referenciada.

A empresa de mercado não tem como referência central o desenvolvimento amplo da sociedade. Sua finalidade principal é o lucro. Por isso, tem em alto preço a instrumentalidade, a produtividade, a eficiência, a competitividade, o saber-fazer. Essa ideologia, quando aplicada ao campo do simbólico, como é o caso da educação, valoriza a racionalização da gestão e do planejamento como meio para o aumento de produtos e de resultados quantificáveis.

Na finalidade do lucro e da produtividade, prevalece a ideologia do individualismo, da indiferença recíproca e da competitividade, não o interesse público, a cooperação e a

5 Para outras reflexões sobre este tema, ver o capítulo "O sentido ético da avaliação", de minha autoria, publicado no livro coletivo A Universidade na Encruzilhada. Por que e como reformar? (MEC-UNESCO-CÂMARA-SENADO).

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solidariedade social. A obtenção de empregos, a conquista dos melhores postos e o incremento de capacidades intelectuais e técnicas passam a ser vistos como problema de cada indivíduo. Isso obviamente favorece aqueles que podem pagar pelos benefícios da educação. Em outras palavras, a educação como bem que se compra e vende torna-se propriedade privada a ser usufruída por aquele que a adquiriu.

As posições políticas e ideológicas da UNESCO têm mudado bastante desde 1999. Hoje, suas concepções se aproximam das do Banco Mundial e outros organismos multilaterais identificados com a economia de mercado. Antes, contudo, a UNESCO se aplicava bastante à defesa da educação como um direito humano fundamental, um bem público e social. Cito aqui um trecho do preâmbulo de seu documento histórico, de 1998, intitulado “Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI: Visão e Ação”. O texto selecionado é este:

Se carece de uma educação superior e de instituições de pesquisa adequadas que formem a massa crítica de pessoas qualificadas e cultas, nenhum país pode assegurar um autêntico desenvolvimento endógeno e sustentável; os países pobres e em desenvolvimento não poderão encurtar a distância que os separa dos países desenvolvidos industrializados.

Em outro trecho, afirma que a missão da educação superior consiste em

contribuir para o desenvolvimento durável e para o melhoramento do conjunto da sociedade, a saber: formar diplomados altamente qualificados e cidadãos responsáveis, capazes de atender às necessidades de todos os aspectos da atividade humana; promover, gerar e difundir conhecimentos através da pesquisa [...]; constituir um espaço aberto para a formação superior que propicie a aprendizagem permanente.

Diz mais a Declaração:

A educação superior deve reforçar suas funções de serviço à sociedade e, mais concretamente, suas atividades dirigidas a erradicar a pobreza, a intolerância, a violência, o analfabetismo, a fome, a deterioração do meio ambiente e as enfermidades, principalmente mediante um delineamento interdisciplinar e transdiciplinar para analisar os problemas e as questões propostas. (UNESCO, 1998. In: Yarzábal, 2002, p. 228, 231, 236)

Nessa perspectiva de bem social fundamental, a educação superior deve construir-se como um espaço público da democracia. Isto requer ações, definições, projetos, idéias, mas também recursos financeiros, aumento das dotações orçamentárias, investimentos em estruturas de ensino e pesquisa, políticas de emprego e autonomia. Construir-se como espaço público é revivificar o corpo social, de modo que os conteúdos de formação não venham a ser integralmente induzidos a partir das exigências setorializadas da economia, mas que possam também ser definidos a partir das relações que estabelecem e do modo como se entrecruzam no seio de uma cultura científica cada vez menos distanciada do espírito do tempo. (Renaut, 2002, p.106).

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Recuperar esse sentido de fortalecimento da democracia é um aspecto fundamental de qualquer reforma da educação superior. O estado necessita desse espaço público da educação superior para o desenvolvimento e elevação da sociedade democrática. À medida que mais se fortalece como espaço público de construção do conhecimento, de desenvolvimento científico e tecnológico, do pensamento crítico, de aprofundamento dos valores que fundamentam o interesse geral da população, mais a educação superior se fortalece como espaço público capaz de potencializar os outros espaços públicos constitutivos da sociedade democrática.

Toda reforma pretende dar resposta a uma situação de crise. Um dos sentidos mais importantes da crise da educação superior, hoje, se relaciona com a invasão da ideologia, das demandas e das práticas de mercado. Por isso, uma das tarefas mais importantes seria a de recuperação do sentido público, o que corresponderia a uma reinstitucionalização da educação superior. Dizendo de outro modo, fazer com que as instituições educativas recuperem ou consolidem seu sentido de “instituições sociais”.

Claro que isso não significa denegar a economia e, sim, reconhecer que todo desenvolvimento econômico deve estar submetido ao desenvolvimento ético, que coloca em primeira ordem os valores mais amplos da sociedade, não os interesses de indivíduos e empresas. Significa, sim, resgatar o papel de intermediação que uma instituição social deve exercer, qual seja, o de fazer a mediação entre os cidadãos e a sociedade em geral. Deste modo, um dos principais efeitos de uma reforma educativa numa sociedade democrática deve ser o de promover a justiça no que se refere ao direito dos cidadãos à educação. Um dos grandes desafios, especialmente em países com grandes carências e desequilíbrios educacionais, deve consistir no equacionamento da seguinte fórmula: ampliar a inclusão, assegurando a qualidade.

A exigência política e econômica de maior expansão quantitativa do sistema, com a correspondente inclusão de mais amplos setores da sociedade, de modo especial daqueles que antes tinham poucas possibilidades de chegar à educação superior, e com garantia de qualidade, requer um aumento considerável do financiamento público. Mas, requer também a autonomia como requisito fundamental para que as instituições de educação superior aprofundem seus compromissos de cumprir com responsabilidade e relevância a sua função estratégica de desenvolver a sociedade.

Articulação com a sociedade e pertinência

As reformas educativas devem atender às exigências de elevação quantitativa e qualitativa da produção de conhecimentos e de formação, sem, contudo, esquecer que sua referência é a sociedade. Portanto, um critério importante da qualidade educativa e institucional é a pertinência, isto é, à relação pedagógica, científica e socialmente relevante das instituições educativas com a sociedade. Antes de tudo, a pertinência da educação superior significa um enraizamento na realidade, seja no plano universal, seja no âmbito local e nacional. Tendem ao universal o conhecimento e os valores da ciência e da democracia, mas, para as instituições de educação superior e respeitadas as especificidades e competências, isso não pode significar denegação de seu dever de também preservar as culturas locais

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e de apresentar respostas aos problemas e às demandas materiais e espirituais das comunidades. A pertinência não anula, ao contrário, reforça a universalidade.

A pertinência é, portanto, esse compromisso social da educação superior no que concerne ao desenvolvimento humano sustentável da região e de sua população, em articulação com a promoção dos valores que tendem à universalidade. As dimensões científicas, técnicas, éticas, estéticas, políticas, econômicas que constituem a complexidade da vida social devem estar fundadas em valores democráticos, tais como a cooperação e a solidariedade, que são constitutivos da comunidade social.

Dado seu caráter social e em razão da exigência da pertinência, uma instituição de educação superior deve ter compromisso com a função, que lhe foi atribuída pela sociedade, de promover a formação dos cidadãos. O fortalecimento das sociedades democráticas está intimamente ligado à formação de cidadãos dotados dos valores éticos e políticos e das capacidades técnicas e profissionais socialmente relevantes.

Pertinência não é também o oposto de globalização, menos ainda à internacionalização. Por mais críticas que se façam à globalização, especialmente quando ela se impõe como uma mundialização dos mercados interdependentes, isto é, quando reduz as sociedades humanas a um mercado de abrangência global, não se pode fazer de contas que essa realidade não existe e tampouco se pode negar as potencialidades positivas que ela carrega. Não se pode fechar os olhos para as transformações que a globalização está produzindo na educação superior, e que de algum modo toca nas questões de financiamento, gestão, organização, autonomia, controle e conceitos de qualidade e de formação.

Muitas das transformações que decorrem da globalização e da modernização tecnológica são responsáveis por aspectos da crise que as instituições estão enfrentando, especialmente quando estas precisam dar respostas a demandas contraditórias. Como ninguém pode se dizer imune à globalização, também ninguém poderá estar alheio às transformações da educação superior, pois há uma relação de grande sinergia entre educação superior e globalização. É a educação superior não a única, mas, a mais importante e universal instância de construção de conhecimentos e de qualificação profissional e, portanto, do desenvolvimento econômico e social.

Cada vez mais, o fortalecimento da economia depende do avanço da ciência e de suas aplicações. Pesquisas em ciência e desenvolvimento de tecnologia provocam consideráveis ganhos de produtividade na indústria, na agricultura, na saúde e em diversos outros setores da vida humana. O que se deve esperar da educação superior é, então, que favoreça uma globalização com mais justiça social, ou seja, que, de uma ou de outra forma, ela estenda seus benefícios a toda a sociedade.

Interrompo estas reflexões com algo que já enunciei em outro texto:

se a educação é um dos mais fundamentais direitos humanos e um dos fenômenos mais importantes para a construção de uma nação justa e desenvolvida, a reforma universitária, qualquer que seja seu sentido e seus propósitos, não pode ser formulada em gabinetes fe-chados, nem tampouco prescindir de amplos debates democráticos e participativos no Con-gresso, nos campi, nos setores sociais organizados. A reforma deve ser obra coletiva e atingir articuladamente todos os níveis de educação. Sem essa

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estratégia de totalidade e sem a participação efetiva dos atores da educação, nenhuma reforma educativa será sustentável, e o sistema de educação superior certamente não cumprirá com qualidade e pertinência sua função de bem comum da sociedade. (Dias Sobrinho, 2004, p.14).

Referências

DIAS SOBRINHO, José. Avaliação da educação superior. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. ______. O sentido ético da avaliação. In: UNIVERSIDADE na encruzilhada. Anais do Seminário Universidade, Por que e como reformar? Brasília: UNESCO, 2003. Disponível em:

http://unesco.org.br/publicações/index.html

______. Prefácio. In: PAULA, Maria de Fátima de (org.). Debatendo a universidade. Subsídios para a reforma universitária. Florianópolis: Insular, 2004.

ISAMBERT-JAMATI, V. Crises de la société. Crises de l’enseignement. Paris: Presses Universitaires de France, 1970.

PEDRÓ, Francesc; PUIG, Irene. Las reformas educativas. Una perspectiva política y comparada, Barcelona: Paidós, 1998.

Referências

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