Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.5, p.31133-31145 may. 2020. ISSN 2525-8761
Avaliação do consumo alimentar e o estado nutricional de indivíduos
infectados pela bactéria Helicobacter Pylori
Assessment of food consumption and the nutritional status of individuals
infected by the Helicobacter Pylori bacterium
DOI:10.34117/bjdv6n5-537
Recebimento dos originais: 29/04/2020 Aceitação para publicação: 27/05/2020
Matheus Santos de Oliveira
Graduado em Nutrição pela Universidade Vale do Rio Doce. Pós-Graduando em Bioquímica e Fisiologia na Nutrição. Pós-Graduando em Nutrição Clínica e Esportiva.
Instituição: Universidade Vale do Rio Doce
Endereço: Rua Israel Pinheiro, 2000 - Bairro Universitário. Governador Valadares - MG. E-mail: matheussantosoliver@hotmail.com
Leonardo Oliveira Leão e Silva
Graduado em enfermagem pela Universidade Vale do Rio Doce. Mestre em Gestão integrada do Território pela Universidade Vale do Rio Doce. Doutor em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor adjunto do curso de Medicina e Mestrado
em Gestão integrada do Território da Universidade Vale do Rio Doce. Instituição: Universidade Vale do Rio Doce
Endereço: Rua Israel Pinheiro, 2000 - Bairro Universitário. Governador Valadares - MG. Email: leonardo.silva@univale.br
Paula Louisy Portella Werneck
Graduada em Nutrição pela Universidade Federal de Ouro Preto. Especialista em Nutrição Clínica pelo GANEP São Paulo Mestrado em Educação em Diabetes pela Santa Casa de BH
Instituição: Universidade Vale do Rio Doce
Endereço: Rua Israel Pinheiro, 2000 - Bairro Universitário. Governador Valadares - MG. E-mail: paula.werneck@univale.br
Enara Cristina Silva Glória Roberto
Graduada em Nutrição pela Universidade Federal de Ouro Preto. Pós Graduada em Educação e Saúde pela UNAERP
Pós Graduada e MBA Gestão Pública Municipal
Especialista em Alimentação e Nutrição do Escolar pela UFOP Mestre em Gestão Integrada do Território, pela UNIVALE. Professora e Coordenadora do Curso de Nutrição da UNIVALE
Instituição: Universidade Vale do Rio Doce.
Endereço: Rua Israel Pinheiro, 2000 - Bairro Universitário. Governador Valadares - MG. E-mail: enara.roberto@univale.br
Suely Maria Rodrigues
Graduada em Odontologia pela Faculdade de Odontologia de Governador Valadares (FOG). Doutora em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professora
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.5, p.31133-31145 may. 2020. ISSN 2525-8761 adjunta do curso de Odontologia da UNIVALE e do Mestrado Gestão Integrada do Território
(GIT).
Instituição: Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE)
Endereço: Rua Israel Pinheiro 2000 Bairro Universitário Governador Valadares (MG) E-mail: suely.rodrigues@univale.br
RESUMO
Helicobacter pylori, é uma bactéria que infecta o revestimento do estômago, e sua infecção está
associada ao desenvolvimento de gastrite crônica, úlcera péptica e câncer gástrico. Estudos epidemiológicos relatam que a dieta e o estado nutricional desempenham um papel importante no desenvolvimento da infecção. Nesse sentido, com objetivo de avaliar o consumo alimentar e o estado nutricional de indivíduos infectados pela H. pylori, foi realizado um estudo observacional do tipo transversal analítico, conduzido com uma amostra de indivíduos (n=46), residentes em distritos rurais, do município de Governador Valadares – MG. Os sujeitos haviam sido diagnosticados com a infecção pela H. pylori, após realização de Endoscopia Digestiva com Teste da Urease e exame histopatológico. Foram aplicados questionários semiestruturados, para obter informações sobre fatores sócio demográficos, higienização e aspectos clínicos. Os instrumentos utilizados para a avaliação do consumo alimentar foram o Recordatório de 24h (R24h) e o Questionário de frequência alimentar (QFA). A avaliação antropométrica constituiu-se de: peso, altura, índice de massa corporal e perímetro da cintura. Foram encontrados resultados negativos referentes ao estado nutricional e o consumo alimentar dos sujeitos, evidenciando a necessidade de uma intervenção nutricional.
Palavras-chave: Helicobacter pylori; consumo alimentar; estado nutricional. ABSTRACT
Helicobacter pylori is a bacteria that infects the lining of the stomach, and its infection is
associated with the development of chronic gastritis, peptic ulcer and gastric cancer. Epidemiological studies report that diet and nutritional status play an important role in the development of infection. In this sense, in order to evaluate the food intake and nutritional status of individuals infected with H. pylori, an observational cross-sectional analytical study was conducted with a sample of individuals (n = 46) living in rural districts, from the municipality of Governador Valadares - MG. The subjects had been diagnosed with H. pylori infection after Urease Test Digestive Endoscopy and histopathological examination. Semi-structured questionnaires were applied to obtain information on socio-demographic factors, hygiene and clinical aspects. The instruments used for the assessment of food consumption were the 24-hour recall (R24h) and the food frequency questionnaire (QFA). The anthropometric assessment consisted of: weight, height, body mass index and waist circumference. Negative results were found regarding the nutritional status and food intake of the subjects, evidencing the need for a nutritional intervention.
Keywords: Helicobacter pylori; food consumption; nutritional status. 1 INTRODUÇÃO
Helicobacter pylori, popularmente conhecida como H. pylori, é uma bactéria gram
negativa que infecta predominantemente o revestimento do estômago, e sua infecção está associada ao desenvolvimento de gastrite crônica, úlcera péptica e câncer gástrico (DRISCOLL et al, 2017).
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.5, p.31133-31145 may. 2020. ISSN 2525-8761 Essa bactéria promove lesões no trato gastrointestinal quando penetra o revestimento mucoso do estômago, gerando substâncias que neutralizam os ácidos estomacais (AMARAL et al, 2017). Como consequência, as células do estômago ficam mais vulneráveis aos ácidos, que juntamente com a H. pylori, irritam seu revestimento (WANG et al, 2017).
Devido as alterações promovidas pela bactéria, a fim de permitir sua sobrevivência no ambiente ácido e agressivo do estômago, as células do sistema imunológico se tornam ineficientes para alcançá-las, ocorrendo, portanto, alteração na resposta imunológica, o que impede sua destruição (HEMMATINEZHAD et al, 2016).
Acredita-se que os seres humanos sejam um reservatório natural dessa bactéria (AMARAL et al, 2017). Sua prevalência é maior nos países em desenvolvimento do que nos países desenvolvidos (VIEIRA; BENETTON, 2013). No Brasil, a prevalência permanece elevada entre os assentamentos urbanos, comunidades rurais e as comunidades indígenas (ROQUE et al, 2017).
Segundo Goto, et al (2016), a transmissão pode ocorrer via fecal-oral ou oral-oral, dependendo do estilo de vida e fatores ambientais tais como; higiene, abastecimento de água e condições de vida. No entanto, existem poucas evidências sobre a identificação do modo de transmissão da H. pylori, embora a disseminação intrafamiliar pareça ser importante (BURUCOA; AXON, 2017).
Conforme Moura et al (2019), a H. pylori pode viver no leite na sua forma bacilar infecciosa e na água do rio durante vários meses numa forma não cultivável. Além disso, pesquisadores relataram uma alta prevalência de anticorpos contra essa bactéria entre profissões como: trabalhadores do matadouro, pastores e veterinários, que estão em contato direto com animais infectados pela bactéria (FRUGIS et al, 2016).
Oliveira & colaboradores (2015), relatam que a infecção pela H. pylori pode interferir no consumo calórico por meio de sua ação no metabolismo da grelina (hormônio peptídeo secretado no estômago que exerce influência no comportamento alimentar e controle do peso corporal). Porém, o tipo de influência existente ainda é controverso.
Um aumento da prevalência de infecção tem sido associado ao consumo de alimentos de ambulantes, apoiando o papel dos alimentos preparados em condições anti-higiênicas como provável mecanismo de transmissão (OLIVEIRA et al., 2015). Além disso, Zaid et al, (2016) relatam o possível papel dos componentes da dieta na evolução da infecção por esta bactéria.
Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o consumo alimentar e o estado nutricional de indivíduos infectados pela bactéria H. pylori.
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2 MATERIAIS E MÉTODOS
Foi realizado um estudo observacional do tipo transversal analítico, entre os meses de março a outubro de 2016, conduzido com uma amostra de indivíduos residentes em distritos rurais, do município de Governador Valadares - MG. Participaram deste estudo 46 residentes, sendo homens e mulheres a partir de 18 anos, que foram convidados a assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os indivíduos selecionados haviam apresentado sintomas clínicos relacionados à infecção pela H. pylori, e foram submetidos a Endoscopia Digestiva com Teste da Urease e exame histopatológico, onde confirmou-se a presença da bactéria.
Foram aplicados questionários semiestruturados, para obter informações sobre fatores sócio demográficos, higienização e aspectos clínicos. A coleta dos dados foi efetuada nas unidades de saúde dos distritos rurais.
A avaliação antropométrica constituiu-se de: peso (em quilogramas), altura (em centímetros), índice de massa corporal (IMC) e perímetro da cintura (PC). O peso corporal foi avaliado com balança do tipo digital com capacidade máxima de 150 Kg. Os indivíduos foram posicionados descalços, com roupas leves, no centro do equipamento, ereto, com os pés juntos e os braços estendidos ao longo do corpo.
A altura foi avaliada por meio de estadiômetro móvel. Para aferir a altura os indivíduos permaneceram de pé, sem sapatos, em posição ereta, braços estendidos ao longo do corpo, pés unidos, cabeça isenta de adereços e olhando em um ponto fixo ao horizonte. Para análise do IMC foram utilizados os parâmetros de referência de acordo com a idade propostos pela OMS (1995).
Em relação ao PC, a medida foi efetuada no ponto médio entre a margem inferior da costela e o topo da crista ilíaca, usando fita inextensiva e milimetrada. Para classificação do PC foi utilizada a referência da OMS (2008).
Os instrumentos utilizados para a avaliação do consumo alimentar foram o Recordatório de 24h (R24h) e o Questionário de frequência alimentar (QFA). Conforme sugerido por Lopes & Botelho (2013), foram utilizados imagens do álbum fotográfico de porções alimentares, com a finalidade de diminuir o viés de memória.
Os cálculos do R24h foram realizados no software de Nutrição Avanutri®, segundo a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO). Os nutrientes avaliados através do R24h foram: energia, carboidrato, proteína, lipídeo, gordura saturada, fibra alimentar, cálcio, ferro, selênio, vitamina C, zinco e vitamina A. A análise foi realizada com base nas referências da Ingestão Dietética Recomenda (DRI).
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.5, p.31133-31145 may. 2020. ISSN 2525-8761 O QFA utilizado no estudo foi o Formulário de Marcadores do Consumo Alimentar do Ministério da Saúde. Este questionário apresenta 10 grupos alimentares com opção de nenhuma vez por semana (zero) até sete vezes por semana. Para cada grupo alimentar, os participantes manifestaram a frequência de consumo em relação aos últimos sete dias.
Para tabulação e análise estatística, utilizou-se os softwares Studio R (Open Source) e Microsoft Excel®. O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Vale do Rio Doce (Número do parecer: 1.419.567). É necessário destacar que o presente estudo respeitou as exigências éticas da Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) nº 466, de 12 de dezembro de 2012, preservando a identidade dos pacientes e sua integridade física e emocional.
3 RESULTADOS
A amostra foi composta por 46 pacientes de ambos os sexos, sendo que 34,8% (n=16) eram homens e 65,2% (n=30) eram mulheres. As características sociodemográficas e clínicas estão apresentadas na tabela 01.
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Tabela 01. Características sóciodemográficas e clínicas de pacientes portadores de H.pylori residentes em distritos rurais de Governador Valadares.
A avaliação nutricional revelou que 60,9% dos indivíduos (n= 28) se encontravam acima do peso, sendo sobrepeso (41,3%) e obesidade (19,57%).
Características
Homens Mulheres Total
n % n % n %
Idade (anos) 21-40 6 37,5 8 26,7 14 30,5
41-60 6 37,5 16 53,3 22 47,8
61-80 4 25 6 20 10 21,7
Estado Civil solteiro 2 12,5 6 20 8 17,4
casado 13 81,25 18 60 31 67,4 viúvo 0 0 4 13,3 4 8,7 divorciado 1 6,25 2 6,7 3 6,5 Renda <1 s.m 6 37,5 9 30 15 32,6 1 a 2 s.m 9 56,25 17 56,7 26 56,5 não informou 1 6,25 4 13,3 5 10,9 Escolaridade analfabeto 1 6,25 3 10 4 8,7 fundamental incompleto 11 68,75 17 56,7 28 60,87 fundamental completo 2 12,5 1 3,3 3 6,52 médio incompleto 1 6,25 1 3,3 2 4,35 médio completo 1 6,25 5 16,7 6 13,04 superior incompleto 0 0 3 10 3 6,52 Tabagismo sim 9 56,25 4 13,3 13 28,26 não 7 43,75 26 86,7 33 71,74 Etilismo sim 10 62,5 13 43,3 23 50 não 6 37,5 17 56,7 23 50 Perímetro
da cintura baixo risco 14 87,5 10 33,3 24 52,17
risco aumentado 2 12,5 4 13,3 6 12,05 muito aumentado 0 0 16 53,4 16 34,78
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Figura 01. Estado Nutricional de pacientes portadores de H. pylori, residentes em distritos rurais de Governador Valadares – MG.
Sobre a avaliação do consumo alimentar através do R24h, conforme demonstrado na Tabela 02, o consumo médio energético estava abaixo das recomendações de EAR.
Quanto ao consumo alimentar de micronutrientes, com exceção da ingestão de ferro e sódio, para todos os demais micronutrientes, as médias ficaram abaixo das recomendações.
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Tabela 02. Consumo alimentar de energia, macronutrientes e micronutrientes, de pacientes portadores de H.pylori residentes em distritos rurais de Governador Valadares – MG.
Na tabela 03, evidencia-se através dos dados do QFA, que o consumo alimentar dos grupos dos vegetais, legumes e frutas foi insuficiente.
Não obstante, observou-se baixo relato no consumo de alimentos processados e doces.
Tabela 03. Questionário de frequência alimentar semanal de pacientes portadores de H. pylori, residentes em distritos rurais de Governador Valadares – MG.
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4 DISCUSSÃO
Este trabalho demonstrou através da avaliação nutricional, que a maioria dos pacientes investigados estavam acima do peso, sendo sobrepeso (41,3%) e obesidade (19,57%). Um estudo realizado na China por Xu et al (2014), avaliou a prevalência de infecção pela H. pylori e sua relação com índice de massa corporal. Os pesquisadores observaram que os indivíduos classificados como sobrepeso e obesidade, apresentaram maior prevalência de infecção.
Além disso, uma metanálise realizada por Upala et al (2016), mostrou que a infecção pela H.
pylori é positivamente associada com o diabetes e a síndrome metabólica. Bajaj e colaboradores
(2014), relatam que a infecção pode ter um impacto nas condições cardiovasculares, resistência à insulina e síndrome metabólica, potencialmente mediados pela elevação de marcadores inflamatórios tais como a proteína C reativa e interleucina 6.
Sabe-se que o excesso de peso, vinculado ao aumento do perímetro da cintura, possui relação com o desenvolvimento de doenças cardiometabólicas (FERREIRA et al, 2018). Nesse sentido, destaca-se a importância da elaboração de estratégias com intuito de reduzir os índices de sobrepeso e obesidade, concomitante a infecção pela H. pylori, tendo em vista o efeito agravante desta associação. Face ao exposto, diante da predominância do excesso de peso no grupo estudado, e a presença da bactéria, torna-se imprescindível uma futura investigação de possíveis comprometimentos cardiometabólicos.
Estudos epidemiológicos descobriram que a dieta desempenha um papel importante no desenvolvimento da infecção pela H. pylori (MARD et al, 2014; Fahey et al, 2015). Wang et al, (2017) discorrem que as pessoas não consomem alimentos ou nutrientes isoladamente, mas refeições contendo muitas combinações de diferentes alimentos e nutrientes. Contundo, pesquisadores apontam que uma alimentação caracterizada por alta ingestão de grãos integrais, raízes e tubérculos, vegetais, cogumelos, feijões, nozes e sementes, está associado a um risco reduzido de infecção pela H. pylori
(SHU et al, 2019).
Na presente investigação encontrámos um consumo insuficiente de micronutrientes e fibras, o que reflete o baixo consumo de grãos integrais, vegetais e frutas.
A infecção pela H. pylori é considerada fator de risco para o câncer de estômago (POYRAZOGLU; DULGER; GULTEPE, 2017). Dados publicados em uma pesquisa realizada no Canadá, revelaram que o total de fibra ingerida na dieta foi inversamente associado ao câncer de estômago (WANG et al, 2017). Estes achados demonstram o quanto é prejudicial o baixo consumo de fibras verificado na população rural estudada.
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.5, p.31133-31145 may. 2020. ISSN 2525-8761 Em relação ao hábito de ingerir refrigerantes, foi identificado pelo QFA que os indivíduos consumiam em média uma vez por semana. Segundo Nseir et al (2012), a ingestão de refrigerantes pode facilitar a invasão, infecção e colonização da bactéria H. pylori, aumentando o influxo de uréia e a produção de amônia devido ao prolongamento dos períodos de acidificação gástrica.
No que se refere ao consumo de salada crua, os sujeitos avaliados relataram consumir em média três vezes por semana. Hemmatinezhad e colaboradores (2016), destacaram que alguns tipos de alimentos crus são fontes de cepas resistentes e virulentas da H. pylori, o que significa que mais pesquisas são necessárias para esclarecer as associações entre os métodos de cozimento e a infecção
pela H. pylori.
Foi observado no presente estudo, que 50% (n=23) dos sujeitos avaliados consumiam bebidas alcoólicas. Conforme Zhang e colaboradores (2010), o consumo agudo e crônico de álcool rompe a barreira da mucosa gástrica e aumenta a permeabilidade da mucosa, resultando em inflamação química. Posteriormente, macrófagos e neutrófilos liberam interleucina-8 (IL-8), facilitando o desenvolvimento da inflamação. A IL-8 pode interagir com uma proteína inflamatória, potencializando a capacidade de aderência da bactéria H. pylori, aumentando a densidade de colonização. A partir disso, ressalta-se que o hábito dos residentes de ingerir bebidas alcoólicas, é um fator agravante para a infecção pela H. pylori.
Em relação aos métodos usados para avaliação do consumo alimentar, é sabido que não existe na literatura padrão ouro para esta pesquisa. Desta forma, foram eleitos dois métodos de inquérito alimentar para diminuir os riscos e falhas que poderiam ocorrer caso fossem utilizados isoladamente (BARBOSA et al, 2016).
Como limitação do presente trabalho, destaca-se a utilização do R24h de um único dia. Conforme indicado na literatura, apenas um dia de recordatório alimentar, possivelmente não reproduzirá a ingestão habitual dos sujeitos (FISBERG, 2009). Por esse motivo, para amenizar esse provável viés, foi usado o questionário de frequência alimentar para complementar as informações obtidas no R24h (PEDRAZA & MENEZES, 2015). Além disso, os entrevistadores foram treinados e utilizaram álbum de fotografia de medidas caseiras para diminuir o viés de memória (LOPEZ; BOTELHO, 2013).
5 CONCLUSÕES
Os resultados negativos encontrados no presente estudo, referentes ao estado nutricional e o consumo alimentar dos sujeitos, mostraram a necessidade de intervenção nutricional, para que este
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n.5, p.31133-31145 may. 2020. ISSN 2525-8761 público seja orientado sobre uma alimentação adequada e exerçam autonomia em relação às escolhas alimentares. Ademais, no âmbito da saúde pública, almeja-se que esta pesquisa possa acrescentar mais clareza sobre o tema.
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