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Fadiga crônica e sua relação com as atividades da vida diária em população coberta pela estratégia saúde da família / Chronic fatigue and its relationship with the activities of daily life in population covered by the family health strategy

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Academic year: 2020

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.5, p.27193-27205 may. 2020. ISSN 2525-8761

Fadiga crônica e sua relação com as atividades da vida diária em

população coberta pela estratégia saúde da família

Chronic fatigue and its relationship with the activities of daily life in

population covered by the family health strategy

DOI:10.34117/bjdv6n5-245

Recebimento dos originais: 13/04/2020 Aceitação para publicação: 13/05/2020

Cláudia Maria da Silva Vieira

Mestre em Ciências e Saúde pela Universidade Federal do Piauí Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão Endereço: Rodovia MA-381km 0, s/n- Bairro Diogo, Pedreiras, MA. CEP: 65725-000

E-mail: claudia.vieira@ifma.edu.br Gabriela de Sousa Silva Rios

Mestre em Ciências e Saúde pela Universidade Federal do Piauí Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí Endereço: Rodovia BR 407, km 5 s/n, Lagoa dos Canudos, Paulistana-PI, Brasil

Email: gabriela.rios@ifpi.edu.br Débora Thaís Sampaio da Silva

Mestre em Alimentos e Nutrição Universidade Federal do Piauí

Endereço: Campus Ministro Petrônio Portella, S/N. Bloco 13, Bairro Ininga. CEP 64049-550. Teresina-Piauí.

Email: deborasampaio4@hotmail.com Amanda de Castro Amorim Serpa Brandão

Doutora em Biotecnologia em Saúde pela Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO) Instituição: Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição - Universidade Federal do

Piauí

Endereço: Av. Professor Felismino Weser, 5305, Casa 12. Bairro Morros. Teresina - PI. CEP: 64.062-050.

E-mail: amandacastronut@yahoo.com.br Gilvo de Farias Junior

Mestre Nutrição em Saúde Pública pela Universidade Federal de Pernambuco Instituição: Universidade Federal do Piauí

Endereço: Universidade Federal do Piauí - Campus Universitário Ministro Petrônio Portella, Bairro Ininga - Teresina - PI -CEP: 64049-550 - Departamento de Nutrição

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.5, p.27193-27205 may. 2020. ISSN 2525-8761 Luis Nacul

Médico pela Universidade de São Paulo e Doutor em Epidemiologia pela London School of Hygiene and Tropical Medicine

Instituição: Universidade de Londres (London School of Hygiene and Tropical Medicine) Endereço: Keppel Street, London WC1E 7HT, Reino Unido

E-mail: luis.nacul@lshtm.ac.uk Eliana Mattos Lacerda

Médica pela Universidade Federal de Pernambuco e Doutora em Saúde Ambiental pela London School of Hygiene and Tropical Medicine

Instituição: Universidade de Londres (London School of Hygiene and Tropical Medicine) Endereço: Keppel Street, London WC1E 7HT, Reino Unido

E-mail: eliana.lacerda@lshtm.ac.uk Regilda Saraiva dos Reis Moreira-Araújo Professora Titular /Departamento de Nutrição/CCS/UFPI Doutora em Ciência de Alimentos – Universidade de São Paulo

Endereço: Campus Ministro Petrônio Portella, S/N. Bloco 13, Bairro Ininga. CEP 64049-550. Teresina-Piauí.

E-mail: regilda@ufpi.edu.br

RESUMO

A fadiga é definida como a sensação de cansaço generalizado ou falta de energia que não está relacionada exclusivamente à exaustão, podendo se apresentar como fadiga crônica ou síndrome da fadiga crônica. Objetivou-se avaliar a relação entre fadiga crônica e as atividades da vida diária em adultos diagnosticados com fadiga crônica que residem em área coberta pela Estratégia Saúde da Família em Teresina-Piauí. Pesquisa de corte transversal que contou amostra de 6.595 sujeitos adultos com idade entre 18 e 65 anos de ambos os sexos no município de Teresina. O diagnóstico de fadiga crônica foi efetuado por meio de um instrumento validado. As atividades da vida diária foram avaliadas por meio de um questionário validado com adaptações. A prevalência de fadiga crônica foi de 1,57%. Maior prevalência foi observada no sexo feminino 69,3% em comparação com o sexo masculino 32,7% (p=0,001). Dentre a população diagnosticada com fadiga crônica, 95,2% apresentam déficit na realização de atividades da vida diária, com diferença significativa entre as porcentagens (p = < 0,001). Houve prevalência de fadiga crônica na população coberta pela Estratégia Saúde da Família na cidade de Teresina com predominância nas mulheres. Constatou-se declínio significativo nas atividades da vida diária em ambos os sexos.

Palavras-chave: Fadiga crônica. Estratégia Saúde da Família. Atividades da vida diária.

ABSTRACT

Fatigue, defined as the feeling of general tiredness or lack of energy that is not available exclusively for exhaustion, can be exhibited as chronic fatigue or chronic fatigue syndrome. Objective: to evaluate a relationship between chronic fatigue and activities of daily living in adults diagnosed with chronic fatigue that live in the area covered by the Family Health Strategy in Teresina-Piauí. Cross-sectional research that showed a sample of 6,595 adult individuals aged between 18 and 65 years of both sexes in the city of Teresina. The diagnosis

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.5, p.27193-27205 may. 2020. ISSN 2525-8761 of chronic fatigue was made using a validated instrument. Activities of daily living were assessed using a validated questionnaire with adaptations. The prevalence of chronic fatigue was 1.57%. Higher prevalence was observed in females 69.3% compared to males 32.7% (p = 0.001). Among a population diagnosed with chronic fatigue, 95.2% had a deficit in performing activities of daily living, with a significant difference between the percentages (p = <0.001). There was a prevalence of chronic fatigue in the population covered by the Family Health Strategy in the city of Teresina, with a predominance of women. There is a significant decline in activities of daily living in both sexes.

Key words: Chronic Fatigue; Family Health Strategy; Daily Life Activities.

1 INTRODUÇÃO

A fadiga crônica é uma doença caracterizada como uma condição incapacitante persistente ou recorrente, que não é permanente e tem a duração de pelo menos 6 meses, levando a uma redução substancial nos níveis de atividades cotidianas, profissionais, educacionais e sociais (NACUL et al., 2009; FUKUDA et al., 1994).

Trata-se de uma doença complexa, debilitante, de etiologia desconhecida e sem tratamento curativo, na qual os pacientes experimentam uma substancial redução da capacidade física-funcional e mental, podendo torná-los dependentes. Por não ser aliviada pelo descanso, a doença resulta em redução substancial dos níveis de atividades dos pacientes quando comparados ao período anterior à instalação da mesma (JOHNSTON et al., 2013).

Definida como uma sensação de cansaço generalizado ou falta de energia que não está relacionada exclusivamente à exaustão, a fadiga crônica pode ocorrer também em indivíduos sadios, representando assim, um problema de saúde pública que pode provocar déficits cognitivos e dificuldade na realização de atividades de vida diária (MARSHALL-GRADISNIK, S. et al., 2016; AMB/CFM, 2008).

A condição agravada da doença é denominada de síndrome da fadiga crônica. Neste estágio, além de estarem presentes os sintomas já mencionados, somam-se pelo menos quatro sintomas dentre múltiplos, incluindo sono não reparador, déficit de memória, falta de concentração, dores articulares e inflamação nos gânglios (ROBERTS et al. 2016; JOHNSTON et al. 2013; FUKUDA, 1994).

A instalação dessa condição causa prejuízos nas atividades da vida diárias, tais como: atividades domésticas, utilização de transportes, atividades sociais, lazer, financeiras e de autocuidados (NUNES et al., 2019).

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.5, p.27193-27205 may. 2020. ISSN 2525-8761 Há diferentes estimativas para essa condição e as prevalências podem variar de 0,2% a 6,41%, com os primeiros estudos realizados nos Estados Unidos e na Europa, posteriormente, na Ásia e outros países (KINGDON et al., 2018; BRENNA e GITTO, 2017).

A maioria das pesquisas utilizam as nomenclaturas encefalomielite miálgica/síndrome da fadiga crônica e/ou fadiga crônica, no entanto, nesta pesquisa será adotado este último. Em detrimento da escassez de estudos sobre a fadiga crônica no Brasil e, em especial na região Nordeste, esta pesquisa objetivou identificar a prevalência de fadiga crônica e sua relação com as atividades da vida diária em população coberta pela Estratégia Saúde da Família na cidade de Teresina.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Investigação de corte transversal desenvolvida na cidade de Teresina Piauí, tendo como universo amostral a população que reside em áreas que contam com cobertura em Atenção Básica pela Estratégia Saúde da Família.

A amostra inicial foi estipulada para 8.000 indivíduos, calculada com nível de confiança de 95%. Para o cálculo considerou-se a prevalência de fadiga crônica de 0,2% na população de referência, aceitando-se 0,1% como pior resultado. Optou-se por usar a menor frequência de fadiga crônica esperada, a qual pode variar de 0,2 a 0,4% de acordo com a literatura disponível (NACUL et al. 2011; JOHNSTON et al. 2013; AMB CFM, 2008), considerando a ocorrência de possíveis perdas. Pereira(2001) foi utilizado como referência para o cálculo amostral. Utilizou-se a fórmula “n” = pq/E². Sendo “p” a proporção da população diagnosticada com fadiga crônica; “q” a proporção da população livre da fadiga crônica; e “n” o número total da amostra. A amostra final do estudo contou com 6.595 indivíduos em virtude de perdas de informações (questionário com dados incompletos), recusas à participação, bem como pelo difícil acesso a determinadas áreas pelas equipes.

A coleta de dados foi realizada pelo método de coleta combinado envolvendo randomização simples, conglomerados e sistematização da seguinte forma: primeiramente foi realizado o cálculo proporcional de famílias por conglomerados, sendo considerando como conglomerados, as áreas cobertas pela Estratégia Saúde da Família, previamente selecionados por sorteio simples. Realizou-se sorteio simples da área (bairro), e em seguida, o sorteio simples das ruas do bairro. Para cada domicilio visitados os dois domicílios da sequência não o foram; visitando-se o terceiro subsequente, e assim por diante até o término do número de

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.5, p.27193-27205 may. 2020. ISSN 2525-8761 domicílios da área selecionada (área com cobertura na atenção básica à saúde pela Estratégia Saúde da Família - ESF).

Foram incluídos no estudo indivíduos adultos de ambos os sexos, na faixa etária de 18 – 65 anos de idade, que não apresentassem nenhuma condição clínica não tratada que explicasse os sintomas de fadiga crônica, tais como: hipotiroidismo, apneia do sono, efeitos colaterais de uso crônico de medicamentos, episódios de depressão, esquizofrenia, anorexia ou bulimia nervosa, alcoolismo ou dependência de drogas até dois anos antes do início dos sintomas de fadiga crônica, obesidade mórbida (ICM=>45).

O estudo foi realizado em conformidade com a Resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde e da Resolução de Helsinki, para a realização de pesquisa em seres humanos: participação voluntária, assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE) e aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal do Piauí (Parecer nº 1.872.440; CAAE: 47860815.1.0000.5214-4), além da Autorização Institucional junto a um representante da Fundação Municipal de Saúde (FMS) da Prefeitura Municipal de Teresina-Piauí.

A primeira etapa da coleta de dados tratou-se da visitação as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do conglomerado sorteado para esclarecimento junto ao gestor responsável, sobre os procedimentos que seriam realizados e os objetivos do estudo. Na segunda etapa, procedeu-se à visita aos domicílios, na qual o indivíduo, após ser abordado pela equipe de pesquisadores e receber esclarecimentos pertinentes ao estudo, assinavam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE e respondiam às questões estabelecidas para o objetivo do estudo.

A coleta de dados foi realizada utilizando-se como instrumento um questionário simplificado para triagem e recrutamento de possíveis casos de fadiga crônica, bem como para obtenção de informações sobre as atividades físicas e da vida diária. Para efeito desta pesquisa, foram consideradas atividades domésticas: varrer a casa, o jardim, varrer quintal, cozinhar, tomar ônibus para fazer pequenas atividades fora de casa; como atividades laborais: se deslocar para ir ao trabalho (de ônibus ou não), realizar as funções no trabalho, deslocar-se até a escola e desenvolver as tarefas escolares; como atividades sociais e de lazer: participar de encontro com amigos ou na comunidade; e como atividades físicas: fazer caminhadas sistemáticas, praticar esporte ou pedalar.

Os dados referentes ao diagnóstico de fadiga crônica foram coletados por meio de questionário validado. Dados sociodemográficos e das atividades da vida diária foram obtidos por meio de questionário, objetivando identificar nome, data de nascimento e sexo. Após a

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.5, p.27193-27205 may. 2020. ISSN 2525-8761 coleta, os dados foram duplamente digitados, conferidos, anonimizados e armazenados em banco de dados.

Na análise dos dados foi utilizado o Programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 21.2. Para testar diferenças entre as variáveis foram utilizados os testes estatísticos, t de Student para analisar diferenças entre as médias de idade em relação ao sexo; o teste qui-quadrado para as variáveis nominais. Por meio do teste de Kruskal-Wallis, testaram-se as diferenças entre as porcentagens das variáveis referentes às atividades diárias. O erro aceitável foi equivalente a 5% (p0,05) com o nível de significância de 95%, respectivamente.

3 RESULTADOS

A investigação abrangeu um total de 6.595 indivíduos com idade entre 18 e 65 anos de idade residentes em áreas que contam com cobertura em Atenção Básica em saúde pela Estratégia Saúde da Família em Teresina-Piauí. Dentre os 6.595 sujeitos, 1,57% (104 indivíduos) foram diagnosticados como portadores de fadiga crônica.

Verificou-se que a média de idade dos sujeitos diagnosticados com fadiga crônica foi de 40,1 anos, sendo 39,0 ± 9,8 anos na população masculina e 40,7 ± 10,4 anos na feminina (p=0,876).

A prevalência de fadiga crônica foi superior nas mulheres 69,3% (70) quando comparado aos homens 32,7% (34) havendo diferença significativa (p=0,001) entre as proporções (Figura 1)

.

Figura 1 - Frequência relativa dos indivíduos diagnosticados com fadiga crônica segundo o sexo. Teresina, PI. 2019.

Fonte: Dados da pesquisa.

32,7

69,3

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.5, p.27193-27205 may. 2020. ISSN 2525-8761 Quanto à instalação do quadro da fadiga crônica e a relação com as atividades da vida diária, foi elaborada a seguinte pergunta: Uma vez instalado o quadro de fadiga, este impede a realização de atividades no dia-a-dia? Como resposta ao questionamento (Figura 2), os resultados mostraram que a maioria, 95,2% (99) dos entrevistados respondeu que a fadiga crônica impede a realização de atividades da vida diária, e apenas 4,8% (5) dos indivíduos afirmaram que o desempenho das atividades diárias não sofreu interferência com a instalação da fadiga crônica (p = < 0,001).

Figura 2. Declínio das atividades da vida diária na população diagnosticada com fadiga crônica. Teresina, PI. 2019.

Fonte: Dados da pesquisa.

Dentre os 104 sujeitos diagnosticados com fadiga crônica, 99 relataram redução ou impedimento na realização de atividades cotidianas. Estes resultados permitem inferir que a qualidade de vida dos indivíduos com fadiga crônica é reduzida em virtude do declínio da funcionalidade.

No tocante ao sexo, conforme demonstrado na (Figura 3), dentre a população masculina diagnosticada com fadiga crônica, 100% (34) afirmaram que a fadiga impede a realização de atividades diárias, enquanto que 92,8% (65) das mulheres relataram que a fadiga interfere nas atividades cotidianas, com diferença estatística significativa (p=0,007) entre as respostas.

Estes resultados confirmam que a fadiga crônica interfere na realização de atividades diárias em indivíduos de ambos os sexos. Uma vez que as atividades do diárias sofrem déficits,

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Sim Não 95,2 4,8

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.5, p.27193-27205 may. 2020. ISSN 2525-8761 outros aspectos são também prejudicados, como por exemplo, as atividades educacionais, sociais e de trabalho.

Figura 3. Frequência absoluta do declínio das atividades da vida diária na população diagnosticada com fadiga crônica segundo o sexo. Teresina, PI. 2019.

Fonte: Dados da pesquisa.

Quanto ao declínio dos tipos de atividades da vida diária, os resultados (tabela 1) revelaram que maior redução nas atividades diárias foi observada na prática de exercícios como caminhada, relatada por 61,5% da população estudada, seguida por atividades domésticas como varrer e cozinhar, referidas por 55,8% dos sujeitos. Havendo diferença significativa entre os porcentuais, segundo o teste de Kruskal-Wallis (p = 0,001).

Tabela 1. Tipos de atividades diárias que sofrem interferência pela ocorrência de fadiga crônica. Teresina, PI. 2019.

Tipos de Atividades n %

Ir ao Trabalho 51 49,0

Realizar com disposição as suas funções laborais no trabalho

47 45,2

Ir à escola 14 13,5

Realizar com vigor e energia as tarefas escolares 17 16,3

Atividades domésticas como varrer e cozinhar 58 55,8

Tomar ônibus para ir ao centro da cidade 48 46,2

Atividades de lazer como sair com amigos (amigas)

36 34,6

Atividades sociais como ir à igreja 43 41,3

Prática de exercícios como caminhada 64 61,5

0 10 20 30 40 50 60 70 Masculino Feminino 34 65 5 Sim Não

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.5, p.27193-27205 may. 2020. ISSN 2525-8761

Andar de bicicleta 35 33,7

Jogar futebol, futsal, voleibol 34 32,7

Fonte: Dados da pesquisa.

Todas as atividades analisadas nesta pesquisa sofreram interferência pela instalação da fadiga crônica, com maior destaque para a prática de caminhada (61,5%) e atividades domésticas como varrer e cozinhar (55,8%), seguidas por dificuldades para ir ao trabalho (49%); tomar ônibus para realizar tarefas no centro da cidade (46,2%) e realizar atividades laborais (45,2%). Redução nos níveis de atividades sociais e de lazer foi descrita pelos investigados. Frequentar igrejas (41,3%) e sair com amigos (34,6%). A redução na prática de atividades esportivas foi descrita por (33,7%) não conseguem andar de bicicleta; (32,7%) não dispõe de energia para jogar futebol, futsal e voleibol.

4 DISCUSSÃO

Dentre um total de 6.595 sujeitos pesquisados, 1,57% (104) foram diagnosticados com fadiga crônica, mostrando-se mais elevada nas mulheres 69,3% (70) quando comparado aos homens 32,7% (34) havendo diferença significativa (p=0,001) entre as proporções. (Figura 1).

A prevalência encontrada nesta pesquisa está em conformidade com estudos publicados. Maior prevalência de fadiga crônica na população feminina foi encontrada em pesquisa empreendida em Minnesota por Vincent et al., (2012) com 151 pacientes identificados com a doença. A pesquisa revelou que 83% dos participantes pertenciam ao sexo feminino. Estudo transversal Australiano com população de 535 pacientes diagnosticados com fadiga crônica por médicos de cuidados primários obteve maior número de casos no sexo feminino (78,61%) (JOHNSTON; STAINES; MARSHALL-GRADISNIK, 2016).

Maior prevalência foi observada no sexo feminino tanto no Brasil (79,7%) quanto no Reino Unido (71,5%), em estudo comparativo sobre fadiga crônica, certificando que as mulheres são mais propensas a desenvolver fadiga crônica (Cho et al., 2009).

Ressalta-se que a população estudada apresentou uma média de idade de 40,1 anos, idade em que o indivíduo se encontra em plena fase produtiva. Assim, uma vez instalada a doença, ocorrem prejuízos funcionais, educacionais e financeiros.

Estudos confirmam as evidências constatadas na ESF no município de Teresina. Lavergne (2010) esclarece que pacientes diagnosticados com fadiga crônica demonstraram acentuado prejuízo funcional, consistindo em dificuldades relatadas quanto ao trabalho e

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.5, p.27193-27205 may. 2020. ISSN 2525-8761 cuidados com suas casas e famílias durante a fase da vida que deveria ser o seu pico de idade produtiva.

As implicações na redução das atividades diárias podem não retornar ao nível normal anterior da instalação da doença, como descrito pelo Centers for Disease Control and

Prevention(2016), a maioria dos adultos não retornam ao seu nível funcional pré-doença, e

quando a afecção se instala antes dos 25 anos de idade, a progressão escolar frequentemente se torna limitada durante o percurso da vida.

É importante enfatizar que a porcentagem de indivíduos que apresentaram déficit nas atividades da vida diária no presente estudo é relativamente alta, atingindo mais de 95% dos entrevistados. Este resultado é de grande relevância para a comunidade acadêmica, bem como para os gestores e servidores da Atenção Primária em Saúde.

Não foram encontrados estudos sobre fadiga crônica e atividades da vida diária em relação ao sexo, entretanto, em aproximadamente 99% do acervo da literatura consultada, a prevalência da doença se mostrou mais elevada na população feminina.

Conforme Kos et al., (2015) as atividades da vida diária devem ser consideradas como ponto importante, tanto no diagnóstico quanto na reabilitação de pacientes com fadiga crônica, pois em decorrência da redução dessas atividades a qualidade de vida sofre grande interferência. Uma vez reabilitados e aptos para as situações do cotidiano, os pacientes conseguem melhorar a funcionalidade.

Dentre os indivíduos acometidos pela doença, a maioria, 95,2% (99) dos entrevistados respondeu que a fadiga crônica impede a realização de atividades da vida diária, e apenas 4,8% (5) dos indivíduos afirmaram que o desempenho das atividades diárias não sofreu interferência com a instalação da fadiga crônica.

Indivíduos com fadiga crônica sofrem de sintomas debilitantes, como dor, fadiga e comprometimento do sono, e estes impactam negativamente sobre a qualidade de vida, podendo levar à incapacidade (STRASSHEIM et al., 2017).

As atividades laborais foram referidas por sofrerem significativas reduções pela ocorrência da fadiga crônica, tanto as tarefas domésticas quanto aquelas realizadas no ambiente de trabalho. Em estudo sobre perspectivas na prática profissional e fadiga crônica, os pesquisadores destacam que a doença tem impactos não somente sobre atividades mais complexas como o emprego, mas até mesmo em atividades de lazer como ler ou assistir TV. Pessoas com diagnóstico de fadiga crônica têm duas vezes mais probabilidade de estar desempregado devido ao comprometimento funcional, o que sugere pessoas com fadiga

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.5, p.27193-27205 may. 2020. ISSN 2525-8761 crônica não atendem à demanda de trabalho nas empresas devido à redução do status funcional (KINGDON et al., 2018).

As atividades sociais e de lazer sofreram declínio considerável entre os diagnosticados com fadiga crônica em Teresina. Indivíduos com a doença buscam constantemente a melhor forma de utilizar seus limitados recursos energéticos. Esse comportamento leva o indivíduo a restringir as atividades sociais e de lazer em razão da necessidade de manter reservas energéticas para atividades consideradas essenciais (JOHNSTON; STAINES; MARSHALL-GRADISNIK, 2016).

Prejuízos cognitivos causados por fadiga crônica tem impacto negativo no funcionamento social e atividades diárias, especialmente em termos de responsabilidade de trabalho e de educação (ROWE et al., 2017).

O impacto significativo sobre a funcionalidade dos pacientes com fadiga crônica levou pesquisadores Pemberton e Cox (2014) a investigarem e compreender o significado das atividades diárias em pessoas com esta doença incapacitante. Pacientes diagnosticados com fadiga crônica foram entrevistados em serviço de reabilitação na Inglaterra e identificou-se que à medida que a fadiga cessava, os participantes tentavam manter o seu nível anterior de envolvimento ocupacional em virtude de associações a emoções negativas emanadas pelo sentimento de incapacidade, porém, ao aumentarem os níveis de atividade quando os sintomas melhoravam, ocorria uma nova recidiva da doença.

A avaliação precoce e abrangente, a gestão médica, apoio social e financeiro, podem evitar a deterioração da função associada com a doença prolongada. Educação e informação são recursos necessários para profissionais de saúde e o público atingido por fadiga crônica. No mesmo sentido, recomenda-se que pacientes com fadiga crônica devam ser incentivados para o tratamento, com ênfase na reabilitação para realização das atividades da vida diária e na melhoria da funcionalidade(BRENNA e GITTO, 2017).

Por se tratar de uma doença que provoca declínio funcional, a fadiga crônica ocasiona déficit nas atividades físicas da vida diária e seus efeitos reduzem a qualidade de vida.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Houve prevalência de fadiga crônica na população que reside em áreas que possui cobertura pela Estratégia Saúde da Família na cidade de Teresina com predominância nas mulheres. Sendo a prevalência da fadiga crônica bastante expressiva na população do sexo feminino.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n.5, p.27193-27205 may. 2020. ISSN 2525-8761 Dentre os diagnosticados com fadiga crônica, foram observados declínio significativos nas atividades da vida diária em ambos os sexos. Se mostrando acentuado, o declínio das atividades diárias em quase a totalidade da população feminina e em cem por cento na população masculina.

Dentre os indivíduos diagnosticados com fadiga crônica, constataram-se maiores reduções nas atividades da vida diárias “prática de caminhada” e atividades domésticas como “varrer e cozinhar”, ir ao trabalho, “tomar ônibus para ir ao centro da cidade” e “realizar com disposição atividades laborais em geral”.

Verificou-se redução nas atividades sociais como “sair com amigos ou frequentar uma igreja”, bem como “praticar esportes e andar de bicicleta”. Menor decréscimo foi observado nas atividades “ir à escola” e “realizar com disposição tarefas escolares”.

Esta pesquisa evidenciou que a instalação da fadiga crônica interfere na realização das atividades da vida diárias dos sujeitos acometidos pela doença.

REFERÊNCIAS

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Figura 1 - Frequência relativa dos indivíduos diagnosticados com fadiga crônica segundo o sexo
Figura 2. Declínio das atividades da vida diária na população diagnosticada com fadiga crônica
Figura 3. Frequência absoluta do declínio das atividades da vida diária na população diagnosticada com fadiga  crônica segundo o sexo

Referências

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