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INTERAÇÕES ENTRE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE: ESTUDO DA PERCEPÇÃO E CONCEITOS DE ACADÊMICOS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

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282 Anais do II Seminário Hispano Brasileiro - CTS, p. 282-294, 2012

INTERAÇÕES ENTRE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE: ESTUDO

DA PERCEPÇÃO E CONCEITOS DE ACADÊMICOS DA UNIVERSIDADE

ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

INTERACTIONS BETWEEN SCIENCE, TECHNOLOGY AND SOCIETY: A STUDY OF THE PERCEPTION OF ACADEMIC AND CONCEPTS OF UNIVERSIDADE ESTADUAL

DO OESTE DO PARANÁ

Irene Carniatto

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Colegiado de Ciências Biológicas,, irenecarniatto@yahoo.com.br

Iala Milene Bertasso

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/ Colegiado de Ciências Biológicas, iala_bert@hotmail.com

Polyanna Cristina Simão

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/ Colegiado de Ciências Biológicas, polyannasimao@hotmail.com

Loana Mangolin

Universidade Estadual do Oeste do Paraná/ Colegiado de Ciências Biológicas, loanamangolin@hotmail.com

Resumo

O presente trabalho é fruto da pesquisa desenvolvida pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE a qual participa como instituição voluntária na pesquisa Projeto Ibero-americano de Ciência, Tecnologia e a Sociedade (PIEARCTS), um projeto de investigação coordenado pela Universidade das Ilhas Baleares de Palma de Mallorca/Espanha apoiado pelo Ministério de Educação e Ciência (Espanha). Para o levantamento das informações aplicou-se um questionário estruturado a 397 acadêmicos, matriculados em cursos da universidade, na cidade de Cascavel - PR, cuja aspiração foi analisar opiniões distintas sobre os aspectos concretos e complexos da ciência e da tecnologia e como elas se relacionam com a sociedade atual. Foram analisadas cinco questões relacionadas à temática CT&S, em que as alternativas foram classificadas segundo as categorias: adequadas, ingênuas e plausíveis. Após analise quali-quantitativa desses dados percebe-se que a comunidade acadêmica ingressante possui conhecimento sobre os conceitos de ciência e tecnologia, seu emprego no cotidiano, bem como a necessidade de seu amplo estudo nas séries do ensino básico a fim de formar

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283 Anais do II Seminário Hispano Brasileiro - CTS, p. 282-294, 2012 cidadãos que possam ter uma leitura politica, técnica e ambiental dos problemas que os cercam, compreendendo as relações entre a ciência e sua aplicação na vida.

Palavras-chave: conhecimentos prévios; letramento científico; CTS. Abstract

The present work is the result of research developed by Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE which participate as voluntarily in the project Ibero-American Technology and Society (PIEARCTS). This project is coordinated by the Universidad de las Islas Baleares in Palma de Mallorca / Spain and supported by Ministerio de Educación y Ciencia (Spain). The information was collected using a structured questionnaire applied to 397 students enrolled in courses in the city of Cascavel - PR, whose aspiration was to analyze different opinions about the concrete and complex aspects of science and technology and how they relate to the society today. We analyzed five thematics related to ST&S, where the alternatives were classified according to the categories: appropriate, ingenuous and plausible. After the quali-quantitative analysis of these data it is clear that the freshman academic community has knowledge about the concepts of science and technology, the importance in everyday life, and the necessity of the intensive study in basic education in order to form citizens who may have political, technical and environmental reading of the problems that surround them, including the relationship between science and its application in their lives.

Keywords: prior knowledge, scientific literacy; STS. Introdução

Ao longo da história a educação tem acompanhado as transformações da sociedade considerando suas modificações conceituais e novas necessidades. Nessa perspectiva de mudanças sociais, principalmente as que permeiam os temas ciência e tecnologia, encontram-se gerações de professores que têm acompanhado as diversas evoluções por vezes rápidas e intensas.

Esses professores que antes contavam apenas com quadro e giz agora dispõem de uma grande variedade de tecnologias para utilizarem como ferramentas didáticas, contudo essas inovações, de certa forma, têm sido um obstáculo difícil de transpor para alguns professores, mas elas devem possibilitar o redimensionamento do trabalho pedagógico, e para que o educador possa estimular e orientar o conhecimento de modo que o aluno compreenda os conteúdos científicos segundo a realidade em que vive. Segundo Freire (1975) uma metodologia mais eficiente seria a que envolve a problematização baseada na investigação, a partir dos temas geradores, temas esses que cada aluno possui e que são frutos do universo onde vivem.

A dinâmica da educação problematizadora é operacionalizada por meio da investigação temática. É por meio dela que o educador, ou melhor, a equipe multidisciplinar de educadores se aproxima da realidade dos educandos, identificando os

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284 Anais do II Seminário Hispano Brasileiro - CTS, p. 282-294, 2012 níveis de percepção que os sujeitos têm desta realidade. O ponto de partida para o processo educativo ou para a ação cultural de caráter libertador baseia-se em permitir e ou possibilitar que o aluno tome consciência de sua realidade, é dessa forma que o educador estará fazendo uma investigação temática (FREIRE, 1975).

Sendo assim, o foco principal da investigação temática é deixar em evidência situações onde o aluno não encontre respostas para dúvidas provenientes de situações do cotidiano no seu conhecimento prévio e se sinta curioso, impulsionado a buscar essas informações, auxiliado pelos temas geradores que o cerca e possa atingir a consciência máxima, saindo da realidade em que se encontravam sem resposta para seus questionamentos, para adentrar noutro patamar de conhecimento que lhes permitam uma postura crítica (FREIRE, 1975).

Nesse enfoque, percebe-se quão árdua é a tarefa das escolas, através da atuação do professor, uma vez que a ele cabe a mediação dos conhecimentos científicos, para que possam ser produzidos, construídos e reconstruídos sob uma ótica emancipadora. O que nos remete a refletirmos sobre uma nova educação, aquela que forma sujeitos e não meros expectadores, ou seja, pessoas sem medo de se aventurar, porém cautelosos, estando além da simples repetição e/ou memorização. Enfatizando Carniatto (2002, p.13) quando afirma que “o processo de

ensino-aprendizagem-conhecimento é multifacetado e de múltiplos domínios que se entrecruzam”.

Para facilitar essa tarefa, diversas ferramentas estão à disposição do professor para que este possa tornar o ambiente em sala de aula mais atrativo e agradável. Ao utilizar e acompanhar essas novas técnicas e tecnologias o professor mantêm/proporciona sua acessibilidade e de seus alunos. Portanto, compreende-se que é dever das instituições educacionais propor e estimular seus educadores na tentativa de acompanharem as mudanças sociais, culturais científicas e tecnológicas, no mesmo ritmo que a sociedade em geral, ainda que, historicamente e pela estrutura orgânica da escola, esta quase que invariavelmente tem demorado a apoderar-se das inovações tecnológicas disponíveis. Essa inserção de ferramentas tecnológicas no âmbito escolar tem justamente a finalidade de acompanhar as revoluções que acontecem constantemente na sociedade e que permearam todas as áreas do ensino, na última década, de forma bastante significativa, seja por causa das mudanças epistemológicas ou na política educacional (CARVALHO, 2006).

Não obstante, há que se ressaltar que uma vez inserido o uso de tecnologias diferenciadas no cotidiano escolar, em geral a comunidade escolar não aceita a reversão desse processo, por esse motivo há a necessidade de que haja dinamismo e flexibilidade, envolvendo as ações e para isso é indispensável a capacitação dos profissionais da educação, de modo que esse tenha o domínio das tecnologias que possui e que esteja sempre se atualizando “(...) É um novo momento para o educador, que estabelece

estratégias, cria e entende novas linguagens, fortalece novas relações” (CARVALHO,

2006, p.139).

Nessa era digital que vivemos, onde estamos rodeados por inovações a todo momento, possibilitar o letramento científico é indispensável, isso implica em muito mais que ensinar a codificação e decodificação dos símbolos, abrange questões como

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285 Anais do II Seminário Hispano Brasileiro - CTS, p. 282-294, 2012 capacitação para a inserção no meio social com seu uso, entendimento e compreensão. Cabe ressaltar aqui que ao se fazer referência às tecnologias, entende-se no sentido exposto por Brito (2006) quando conceitua tecnologia dizendo que é:

(...) um conjunto de conhecimentos especializados, com princípios científicos que se aplicam a um determinado ramo de atividade, modificando, melhorando, aprimorando os ‘produtos’ oriundos do processo de interação dos seres humanos com a natureza e destes entre si (BRITO, 2006. p. 18).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), no que tange especificamente às relações entre ciência, tecnologia e sociedade, ressaltam que as questões éticas, valores e atitudes compreendidas nessas relações são conteúdos fundamentais para investigação nos conteúdos que se desenvolvem em sala de aula. A origem, o destino social dos recursos tecnológicos, o uso diferenciado nas diferentes camadas da população, as consequências para a saúde pessoal e ambiental e as vantagens sociais do emprego em determinadas tecnologias também são conteúdos de “Tecnologia e Sociedade” (BRASIL, 1998).

O currículo precisa ser universal quanto as suas finalidades educativas, que em síntese trata da tomada de decisão sobre a base da formação cultural comum para todos os cidadãos, em experiências significativas de ciência e atividades científicas para todos os alunos, o que lhes permitirá graus de alfabetização científica para ser sujeito de uma sociedade democrática (SACRISTÁN, 1998; SACRISTÁN, 2000; KUENZER, 2005).

Contudo, o movimento CTS recebe algumas críticas relacionadas à ideia de que seria uma inovação educativa pouco precisa, que leva a uma infinidade de interesses que de certa forma poderiam refletir nos enfoques curriculares. Mesmo assim, podem ser listados vários pontos positivos a sua adesão, visto que esse movimento procura desafiar os educadores a construírem um ensino de ciências que possibilite aos alunos participar de maneira mais democrática no mundo em que vivem, que se encontra cada vez mais dominado e dependente da tecnologia (ACEVEDO et al., 2003).

Bazzo (2003) ressalta que os estudos CTS têm por objetivo analisar as relações sociais que envolvem ciência e tecnologia, seus antecedentes sociais, suas consequências sociais e ambientais, ou seja, tanto no que diz respeito aos fatores de natureza social, política ou econômica que modulam a mudança científico-tecnológica, como pelo que concerne às repercussões éticas, ambientais ou culturais dessa mudança.

Nesse aspecto, o movimento CTS tem por um de seus objetivos identificar o desenvolvimento de concepção de Ciência e Tecnologia associada a fatores sociais e culturais e a participação publica em questões cientificas e tecnológicas. Através disso, alguns educadores e pesquisadores advogaram em favor de uma abordagem CTS que levasse em consideração os aspectos ambientais relacionados com Ciências e Tecnologia (ZEIDLER et al, 2005); porque eles defendem a inserção do conceito de sustentabilidade e as questões éticas e morais, com o intuito de comprometer as dimensões multiculturais associadas à CTSA (Ciência, tecnologia, sociedade e ambiente).

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286 Anais do II Seminário Hispano Brasileiro - CTS, p. 282-294, 2012 Zeidler e Keefer (2003), nos dizem que a incorporação do conceito de ambiente torna mais explicitas as conexões existentes entre a extensão da Ciência e ao amplo espectro social, cultural e contexto político. De acordo com Carvalho (2006):

(...) um dos principais desafios desta chamada ênfase CTSA é a exploração de questões sócio-ambientais à luz de suas relações com a ciência e com a tecnologia. Nesta vertente, o desafio principal reside em considerar as possíveis relações entre impactos ambientais e seus principais causadores que, normalmente, são os “produtos” dos artefatos científico-tecnológicos, os quais se mostram em forma de processos industriais, transporte, construções etc. ( p. 70).

Dessa forma, a abordagem CTSA propõe considerar o entendimento das questões ambientais, a qualidade de vida, a economia e os aspectos industriais que a tecnologia traz em relação à natureza da Ciência e as discussões sobre opiniões e valores, que irão implicar numa ação democrática.

Metodologia

O presente estudo constitui em uma pesquisa realizada com alunos universitários totalizando 397 alunos, realizado numa universidade pública na cidade de Cascavel - PR. Para levantamento das informações aplicou-se um questionário estruturado, de múltiplas escolhas. Foi empregado o questionário desenvolvido pelo Projeto Ibero-americano de Ciência, Tecnologia e a Sociedade (PIEARCTS), projeto de investigação coordenado Universidade das Ilhas Baleares de Palma de Mallorca/Espanha, apoiado pelo Ministério de Educação e Ciência (Espanha), da qual a Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE participa como instituição voluntária na pesquisa.

Neste estudo são analisados os conceitos de CTS desses alunos sendo utilizada a pesquisa quali-quantitativa para a análise dos dados, cuja aspiração foi analisar opiniões distintas sobre os aspectos concretos e complexos da ciência e da tecnologia e como elas se relacionam com a sociedade atual (VÁZQUEZ ALONSO, 2008). Promovendo o espaço para a reflexão sobre a relação indivíduo, sociedade, conhecimento, ensino e meio ambiente, de modo a romper com o isolamento do conhecimento e provocar a interdisciplinaridade.

A pesquisa qualitativa tem por princípio a preocupação com o nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, trabalha com um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis (CARNIATTO, 2002). Assim, os dados não falam por si, tem-se que ir além dos números, em que se faz uma análise teórica fundamentada. Nessa abordagem, a pesquisa qualitativa não é antagônica à quantitativa, mas sim complementares, pois abrangem toda realidade, interagem dinamicamente, estabelecendo importantes vínculos entre as pesquisas e as suas naturezas.

O questionário aplicado foi elaborado pela coordenação da Espanha e apresenta-se de modo que cada questão oferece várias afirmativas, em que o entrevistado apresenta seu grau de concordância ou discordância, numa escala de 0 a 9. Todas as

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287 Anais do II Seminário Hispano Brasileiro - CTS, p. 282-294, 2012 questões apresentam a mesma estrutura: um texto inicial que coloca um problema, ao qual segue uma lista de afirmativas, as quais representam diferentes alternativas de conceitos e possíveis respostas a esse problema, bem como estão ordenadas e identificadas sucessivamente com uma letra (A, B, C, D, etc.).

Resultados e Discussão

Segundo Paulo Freire a concepção de tecnologia é fundamental na leitura que se faz do mundo. Ele afirma que: “(...) É tão urgente quanto necessária a compreensão correta da tecnologia, a que recusa entendê-la como obra diabólica ameaçando sempre os seres humanos ou a que a perfila como constantemente a serviço de seu bem-estar” (FREIRE, 2000, p.101).

Para compreensão dos conceitos que podem ancorar sua leitura do mundo que vivem, nesta análise, serão discutidas cinco questões, com os dados analisados e expostos em gráficos. Com respeito à percepção que os acadêmicos têm da relação existente entre a ciência e tecnologia, de acordo com a Figura 1, percebemos que na investigação, que quando perguntados se “A ciência e a tecnologia estão estreitamente relacionadas entre si”, as alternativas consideradas adequadas (B-C) receberam maiores índices de concordância (65,58% e 60,47%), afirmando que “a investigação científica conduz a aplicações práticas tecnológicas que aumentam a capacidade para fazer investigação científica” e “apesar de serem diferentes, atualmente estão tão estreitamente unidas que é difícil separá-las”.

Com base nisso, podemos verificar que os acadêmicos entrevistados possuíam conhecimento a cerca da temática CT&S, podendo diferenciar ciência de tecnologia, bem como estabelecer suas relações. Percebemos também, que as alternativas ditas ingênuas (A-D) receberam altos índices de discordância, como também a alternativa considerada plausível (E). Os indecisos somaram uma média de apenas 13% em todas as alternativas e a categoria outros, composta por aqueles que não souberam responder ou não entenderam, contaram com uma média de 1,95% entre todas as alternativas.

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288 Anais do II Seminário Hispano Brasileiro - CTS, p. 282-294, 2012 Figura 1 – Afirmações sobre a relação entre ciência e tecnologia, obtidas nas respostas

dos acadêmicos da UNIOESTE, no questionário forma 1 do Projeto PIEARCTS. Fonte: UNIOESTE 2008.

A seguir, os entrevistados foram indagados sobre seu conhecimento político, se “a política de um país afeta os seus cientistas já que estes são uma parte da sociedade, isto é, os cientistas não estão isolados de sua sociedade” (Figura 2). As alternativas classificadas como adequadas (A-B-C-F), contaram com elevados índices de aprovação, todas ultrapassando 60%. Os 142 acadêmicos (66%) que concordaram com a alternativa A, defendem a ideia de que a política influencia sim os cientistas, porque “o financiamento da ciência vem principalmente do governo que controla a maneira de gastar o dinheiro”. Já os 144 concordantes da opção B (67%), alegam que os cientistas são influenciados pela política porque “os governos estabelecem a política científica dando dinheiro a alguns projetos de investigação e não a outros”. Os 66% dos entrevistados que concordaram com a alternativa C, afirmam que “os governos estabelecem a política cientifica tendo em conta novas aplicações e novos projetos, tanto se os financiam ou não. A política do governo afeta o tipo de projetos que os cientistas realizarão”.

Enquanto aqueles que concordaram com a afirmativa F (60%), acreditam que “os cientistas são uma parte da sociedade e são afetados como todos os demais”. Dentre as alternativas ditas ingênuas (E-H-I-J), apenas a H recebeu um índice de aprovação consideravelmente maior que o índice de discordância, na qual 53% dos entrevistados afirmaram que a influencia da política no trabalho dos cientistas “depende do país e da estabilidade ou do tipo de governo que tenha”, enquanto as alternativas I e J afirmam que a política não afeta os cientistas, recebendo elevados índices de discordância por parte dos entrevistados (59% e 60,5%, respectivamente).

Percebemos que os acadêmicos ingressantes nas duas primeiras séries no ensino superior demonstraram fundamentado senso político, bem como conhecimento sobre as

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289 Anais do II Seminário Hispano Brasileiro - CTS, p. 282-294, 2012 influências de um governo no âmbito científico de um país, dado que pode evidenciar uma consciência da classe estudantil sobre a necessidade de se manter bons governantes no poder, para que o desenvolvimento científico, bem como o letramento cientifico da população permaneçam em ascensão, fato decisivo para a formação não apenas de profissionais, mas também cidadãos conscientes.

Figura 2 – Afirmações sobre a influência da política sobre os cientistas, obtidas nas

respostas dos acadêmicos da UNIOESTE, no questionário forma 1 do Projeto PIEARCTS. Fonte: UNIOESTE 2008.

Em relação às interações mútuas entre ciência, tecnologia e sociedade, os entrevistados se depararam com diagramas que representavam essas interações (Figura 03).

As alternativas classificadas como adequadas (E-F) contaram com índices respectivos de aprovação de 55,4% e 58,6%, as quais indicavam influências da tecnologia para a sociedade, da sociedade para a tecnologia, da tecnologia para ciência, da ciência para tecnologia, da sociedade para ciência e da ciência para sociedade, ou seja, existe interação entre todos os ramos, de forma recíproca. A alternativa A demonstra uma interação linear, onde a ciência influencia a tecnologia e esta influencia a sociedade, a opção B diz que a tecnologia está relacionada com a ciência que influencia a sociedade, ambas são vistas como opções ingênuas, contando com altos índices de aprovação (54% e 56%, respectivamente).

As alternativas C e D demonstram essas interações de forma cíclica, porém não recíproca, de maneira que a sociedade influencia a ciência, mas não recebe influência da mesma, também receberam altas taxas de aprovação (52% e 45, 5%, respectivamente) (Figura 4).

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290 Anais do II Seminário Hispano Brasileiro - CTS, p. 282-294, 2012

A) Ciência Tecnologia Sociedade

B) Tecnologia Ciência Sociedade

C) Ciência Tecnologia Sociedade D) Ciência Tecnologia Sociedade E) Ciência Tecnologia Sociedade F) Ciência Tecnologia Sociedade G) Ciência Tecnologia Sociedade

Figura 3 – Esquema das alternativas do questionário apresentado para resposta da

relação às interações mútuas entre ciência, tecnologia e sociedade. Fonte: Questionário PIEARCTS.

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291 Anais do II Seminário Hispano Brasileiro - CTS, p. 282-294, 2012 Figura 4 – Afirmações sobre a interações mútuas entre a ciência, tecnologia e a

sociedade, obtidas nas respostas dos acadêmicos da UNIOESTE, no questionário forma 1, do Projeto PIEARCTS. Fonte: UNIOESTE, 2008.

Já a alternativa G, que contou com alto nível de desaprovação (60, 94%) (Figura 4), indica a existência de uma relação apenas entre a ciência e a tecnologia, sendo a sociedade mera espectadora. Analisando esses dados, observa-se com bons olhos a alta aprovação das alternativas ditas adequadas, bem como a baixa aprovação da alternativa G, que indica a inexistência de relações entre a sociedade com a ciência e a tecnologia, porém, os altos níveis de aprovação nas alternativas que apresentam relação em sentido linear e não recíproca é preocupante, pois a falta desses conhecimentos a cerca da relação entre esses três constituintes diminui a interação dos indivíduos nesses aspectos, implicando também na falta de uma visão do individuo como construtor e influenciador da ciência e tecnologia.

A necessidade da expansão dos estudos em ciências, principalmente nas séries fundamentais, discussão antiga entre os professores, é de suma importância garantindo “O êxito da ciência e da tecnologia do país depende de ter bons cientistas, engenheiros e técnicos. Portanto, o país necessita que os alunos estudem mais ciências na escola”. Essa pesquisa objetivou conhecer a opinião dos acadêmicos sobre tal temática (Figura 5). A alternativa classificada como adequada (C), obteve 66% de aprovação, na qual os entrevistados alegaram que “deve fomentar-se que os estudantes estudem mais ciências, mas um tipo diferente de curso de ciências. Devem aprender como a ciência e a tecnologia afetam as suas vidas diárias”. A alternativa que recebeu maiores proporções de reprovação foi a G, que diz: “porque nem todos os alunos compreender ciência. A ciência não é realmente necessária para todos”. Com isso, percebemos a consciência dos acadêmicos sobre a importância de se estudar ciências e, além disso, uma ciência diferente, com menos conceitos, de maneira que o aluno veja a ciência em seu cotidiano.

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292 Anais do II Seminário Hispano Brasileiro - CTS, p. 282-294, 2012 Figura 5 – Afirmações sobre a necessidade de se estudar mais ciência nas escolas,

obtidas nas respostas dos acadêmicos da UNIOESTE, no questionário forma 2 do Projeto PIEARCTS. Fonte: UNIOESTE, 2008.

Seguindo essa temática, os entrevistados foram questionados sobre o auxilio do conhecimento de ciência e tecnologia na resolução de problemas cotidianos (Figura 6). A alternativa tida como adequada (C) contou com 69,78% de aprovação por parte dos acadêmicos, alegando que “as ideias e fatos que aprendi nas aulas de ciências por vezes ajudam-me a resolver problemas ou a tomar decisões sobre coisas como cozinhar, não adoecer ou explicar uma ampla variedade de fenômenos físicos (por exemplo, o trovão ou as estrelas)”. Dentre todas as alternativas, duas se destacaram pelo alto índice de discordância entre os entrevistados, F (55,5%) e G (54,94%), sendo que a primeira afirma que “biologia, química, geologia e física não me apresentam práticas. Tratam detalhes teóricos e técnicos que têm pouco a ver com o meu mundo de cada dia”, e a segunda diz que “os problemas cotidianos são resolvidos pela minha experiência passada ou por conhecimentos que não estão relacionados com a ciência e tecnologia”. Com isso, percebemos que os acadêmicos estão cientes da existência dessa relação ciência x cotidiano, o que os instiga ainda mais a compreender ciência, bem como seu emprego, mesmo que inconsciente, na resolução de situações diárias.

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293 Anais do II Seminário Hispano Brasileiro - CTS, p. 282-294, 2012 Figura 6 – Afirmações sobre o emprego da ciência e tecnologia no cotidiano, obtidas nas

respostas dos acadêmicos da UNIOESTE, no questionário forma 2 do Projeto PIEARCTS. Fonte: UNIOESTE, 2008.

Conclusão

A pesquisa realizada demonstrou que os acadêmicos possuem conhecimento das interações estabelecidas entre ciência, tecnologia e sociedade e na maioria das respostas, uma visão tida como adequada, ainda que às vezes a apresente de uma maneira simplista. Estar ciente e compreender a importância da ciência e da tecnologia no nosso cotidiano fazem dos cidadãos de nosso tempo, conscientes da disponibilidade de meios e ferramentas tecnológicas alternativas para o desempenho de suas tarefas, tendo forte aplicabilidade no âmbito educacional.

A formação de futuros professores, já ambientados com essa tecnologia em desenvolvimento, deve diminuir cada vez mais o tradicionalismo em sala de aula, atraindo a atenção dos alunos sem a necessidade de métodos punitivos, bem como contribui para a troca de conhecimentos entre professor e aluno. Com isso, ressalta-se a importância da introdução de ferramentas tecnológicas com o objetivo de auxiliar o professor em sua prática pedagógica, não tentando substituí-lo, já que o professor é capaz de interagir com outros sujeitos e tratar das individualidades dos alunos de uma maneira que qualquer método tecnológico ainda não o é capaz de fazer.

O conhecimento e emprego das ferramentas tecnológicas permitem o melhor uso dos conhecimentos científicos e da tecnologia na sociedade atual, possibilitando ao cidadão tornar-se “verdadeiros cientistas do cotidiano”. Dessa maneira, trabalhos direcionados que venham a disseminar noções envolvendo a compreensão dos conceitos de Ciência e Tecnologia e suas implicações na sociedade e no ambiente são de suma importância e fundamental na formação dos cidadãos que vivam atitudes e valores coerentes cuja meta almejada seja uma Sociedade Sustentável.

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294 Anais do II Seminário Hispano Brasileiro - CTS, p. 282-294, 2012 Referências

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Figura 1 –  Afirmações sobre a relação entre ciência e tecnologia, obtidas nas respostas  dos  acadêmicos  da  UNIOESTE,  no  questionário  forma  1  do  Projeto  PIEARCTS
Figura  2  –  Afirmações  sobre  a  influência  da  política  sobre  os  cientistas,  obtidas  nas  respostas dos acadêmicos da UNIOESTE, no questionário forma 1 do Projeto PIEARCTS
Figura  3  –  Esquema  das  alternativas  do  questionário  apresentado  para  resposta  da  relação  às interações  mútuas  entre  ciência,  tecnologia  e  sociedade
Figura  4  –  Afirmações  sobre  a  interações  mútuas  entre  a  ciência,  tecnologia  e  a  sociedade, obtidas nas respostas dos acadêmicos da UNIOESTE,  no questionário forma  1, do Projeto PIEARCTS
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