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Educação Ambiental no processo de consciencialização ambiental da população e de integração das comunidades na gestão do Ambiente

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Academic year: 2021

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Desenvolvimento Comunitário:

das Teorias às Práticas

Turismo, Ambiente e Práticas Educativas

em São Tomé e Príncipe

ORGANIZADORES

Brígida Rocha Brito (Coord.) Nuno Alarcão Joana Marques

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Ficha Técnica

Título: Desenvolvimento Comunitário: das teorias às práticas

Turismo, Ambiente e Práticas Educativas em São Tomé e Príncipe

Organizadores: Brígida Rocha Brito (Coord.); Nuno Alarcão; Joana Marques Colaboração: Joaquim Pinto; Bastien Loloum; Ana Sofi a Alarcão; Fernanda Alvim

Autores: Adelina Pinto, Ana Cristina Palos, Ana Cristina Silva, Antónia Barreto, António Guedes,

António Martelo, António Rodrigues, Araceli Serantes Pazos, Arlindo de Carvalho, Bastien Loloum, Brígida Rocha Brito, Bruno Silva, Carlos Vales, Céu Teiga, Cláudia Silva, Conceição Afonso, Danilo Barbero, Drausio Annunciato, Eleutério da Assunção, Eugénia Gonçalo, Eva Vidal, F. Veloso-Gomes, Germán Vargas, Irene Nunes, Isabel Rodrigues, Isaura Carvalho, Ivanete Nardi, Joana Marques, João Martins, Joaquim Ramos Pinto, Jorge de Carvalho, Jorge Bom Jesus, Luís Mário Almeida, Luís Moita, Manuela Cardoso, Márcia Moreno, Marcela Sobral, Mariana Roldão Cruz, Maria Teresa Andresen, Mariana Carvalho, Mário Freitas, Miguel Silveira, Nora Rizzo, Nuno Alarcão, Pablo Meira, Pedro Morais, Pedro Teiga, Rafael Branco, Raquel Lopes, Rogério Roque Amaro, Rosa Madeira, Vítor Reis, Xavier Muñoz y Torrent, Yossene Santiago

Revisão: Equipa do Projecto PTDC/AFR/69094/2006, Centro de Estudos Africanos (CEA/ISCTE) Financiamento e Apoios: FCT, CPLP, Delta

Organização do Seminário: Centro de Estudos Africanos (CEA/ISCTE); Direcção-Geral do

Ambiente e Direcção de Turismo da República Democrática de São Tomé e Príncipe; Associação Internacional de Investigadores em Educação Ambiental (NEREA-Investiga)

Outros Apoios no âmbito do Seminário: FCT, Fundação Luso-Americana, Fundação Calouste

Gulbenkian, CEIDA, TAP Portugal, BANIF, Câmara Municipal de Lisboa, Culturália

Local: Lisboa Ano: 2009

1-ª Edição (Janeiro 2009) Tiragem: 400 exemplares

Capa e Maquetização: Gerpress, Comunicação Empresarial e Marketing Lda. Edição: Gerpress, Comunicação Empresarial e Marketing Lda.

Rua Joaquim Casimiro 6, 4.º Dt.º, 1200-696 Lisboa e-mail: gerpress@sapo.pt

Depósito Legal: 287.969/09 ISBN: 978-989-96094-0-2

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Educação Ambiental no processo de

consciencializa-ção ambiental da populaconsciencializa-ção e de integraconsciencializa-ção das

comunidades na gestão do Ambiente

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Arlindo de Carvalho (Geógrafo, Director-Geral do Ambiente, São Tomé e Príncipe)

Apresentação

Vou começar por apresentar e descrever uma caracterização de São Tomé e Príncipe. As ilhas de São Tomé e Principe fazem parte de uma linha vulcânica, onde também estão incluídas as ilhas de Ano Bom na parte Sudoeste, a ilha do Bioko no Nordeste, que se es-tende até ao Continente Africano através do Norte dos Camarões, até ao largo do Chade. A ilha está portanto situada no Golfo da Guiné. Segundo os dados da História Geológica as ilhas de São Tomé e Príncipe fazem parte de um pequeno número de áreas que esca-param aos grandes acontecimentos de glaciação, o que permitiu que se tornassem num refúgio importante para um certo número de espécies que desenvolveram características próprias dando origem ao surgimento de um elevado número de espécies endémicas.

1. As fragilidades de um território insular

Tendo em conta a localização geográfi ca das ilhas, o seu tamanho e as característi-cas dos seus ecossistemas, as ilhas são consideradas como um território frágil, sensível e vulnerável do ponto de vista ambiental. A fragilidade e a vulnerabilidade são duas com-ponentes que caracterizam a situação ambiental das ilhas de forma geral. Em São Tomé e Príncipe a problemática do aquecimento global não passa despercebida e tem constituído uma das maiores preocupações para a vulnerabilidade ligadas ao ambiente. De acordo com estudos levados a cabo ao nível nacional, o País emite para a atmosfera cerca de 578 mil toneladas de gás que provocam o efeito estufa, mas absorve três vezes mais, isto é, 1544 milhões de toneladas de gás que provoca o efeito estufa.

O sector que mais contribui para esta emissão é o sector das energias, fundamental-mente através da energia produzida pela queima de lenha utilizada nas cozinhas, pequenas indústrias e produção de carvão. A lenha queimada é responsável por 80% das emissões; a energia produzida através da queima de combustíveis fósseis contribui com 20% das emis-sões. No entanto, outros sectores também contribuem com uma pequena quantidade, tais como a queima de resíduos, a queima das fl orestas para abertura de campos e os

transpor-1 Texto transcrito a partir de gravação da comunicação oral apresentada no Seminário Internacional no dia 25 de Julho de 2008 no Painel “Apresentação da Experiência de São Tomé e Príncipe”, Palácio dos Congressos, São Tomé.

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tes. As fl orestas santomenses absorvem por sua vez, três vezes mais do que a quantidade emitida a nível nacional. Podemos considerar as nossas fl orestas como a principal com-ponente de manutenção do equilíbrio ecológico nacional, pois para além de absorverem toda a quantidade de gases de efeito estufa produzida a nível nacional, absorve dois terços de gases provenientes de outras partes do mundo. No entanto, encontram-se seriamente ameaçadas devido ao fenómeno da pobreza, onde uma parte da população vê nas mesmas o principal recurso para resolver os seus problemas económicos e fi nanceiros.

Apesar de São Tomé e Príncipe não contribuir para a degradação do clima mundial, já que absorve mais gases com efeito estufa do que a quantidade emitida, o País tem sofrido fortes consequências de mudanças climáticas mundiais. As consequências do aumento do nível do mar estão patentes nas zonas costeiras do País: têm surgido inundações em várias zonas do País, fundamentalmente nas áreas urbanas no momento das chuvas periódicas; tem havido um grande aumento da erosão costeira, que é um fenómeno real em todo o País nas zonas urbanas, que tem constituído um grande problema; tem havido aumento da erosão interior e inundações de algumas zonas costeiras e destruição de algumas in-fraestruturas, como por exemplo as estradas e as habitações que estão localizadas perto das costas, devido ao aumento do nível do mar. Atendendo a estas consequências, o País elaborou o Plano Nacional de Adaptação às Mudanças Climáticas cujo objectivo principal é estudar os sectores mais vulneráveis às mudanças climáticas e apresentar propostas de medidas de adaptação.

Outra componente ambiental importante é a Biodiversidade, já que a sua protecção constitui um outro problema de grande prioridade para as autoridades. Se compararmos as ilhas de São Tomé e Príncipe com os países da região da África Central, onde existem também um grande número de espécies endémicas, verifi ca-se que apesar da pouca ex-tensão territorial de São Tomé e Príncipe, as mesmas ocupam um lugar de destaque em número de espécies endémicas. Ao nível dos oito países da África Central ricos em bio-diversidade, São Tomé e Príncipe ocupa o primeiro lugar em número de espécies de aves endémicas, o terceiro lugar em número de espécies de mamíferos endémicos e o quarto lugar em número de espécies de plantas endémicas.

Os recursos da biodiversidade constituem elementos essenciais no processo de desen-volvimento social, económico e cultural do País, pois proporcionam à população alimen-tos, medicamenalimen-tos, materiais para a construção, materiais para a urbanização e são uma das bases fundamentais para o desenvolvimento do turismo nas suas diversas vertentes. Apesar da importância da biodiversidade para o desenvolvimento socioeconómico do País e, apesar dos esforços das autoridades nacionais para preservarem esta componente natural, os resultados não têm sido animadores.

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Embora quase 60% da área terrestre do País ainda conter fl oresta relativamente densa, a extracção não duradoura de madeira para combustível e para construção de habitações, assim como a usurpação das mesmas pelos pequenos proprietários para abertura de ter-ras para horticultura, constituem potenciais ameaças para as fl orestas. O desbravamento das terras fl orestais pode resultar a curto prazo numa perda da diversidade de espécies e habitats, a erosão dos solos e, a longo prazo, poderá levar a uma mutação dos ecossistemas e do clima.

Tomando em consideração os problemas acima referidos e tendo em conta a impor-tância da biodiversidade para o desenvolvimento de São Tomé e Príncipe, as autoridades santomenses decidiram reservar 30% do território nacional como área para conservação e preservação dos recursos naturais nele existentes. Neste sentido, as leis número 12/6 de 2006 e 7 de 2006 criaram os Parques Naturais de Obô de São Tomé e Obô do Príncipe. Os Parques Naturais que abarcam todas as áreas e fl orestas primárias de São Tomé, assim como as outras áreas consideradas de ecossistemas muito frágeis têm como objectivo fun-damental preservar, conservar e defender os ecossistemas fl orestais lá existentes, assim como salvaguardar as espécies animais, vegetais e habitats ambientais. Outras potenciali-dades naturais que podem servir de atracção turísticas. A conjugação da biodiversidade e de ecossistemas de inegável beleza com altos níveis de endemismo faz de São Tomé um País atraente para um turismo da natureza. Existem áreas naturais como a possibilidade de conservação da biodiversidade e das áreas naturais para o desenvolvimento económico e sustentável. Algumas referências de considerável interesse turístico são por exemplo:

− os Picos de São Tomé a 2024m de altitude e o ponto mais alto da ilha, e o Pico do Príncipe;

− a queda de água de grande beleza como as Cascatas de São Nicolau, Bombaim e de Blublu;

− as elevações como o Pico Maria Fernandes, Cão Grande e Cão Pequeno;

− a vegetação exuberante como as fl orestas primárias densas de altitude e as fl orestas secundárias onde a fauna endémica tem sido objecto de estudo de grupos de ob-servadores de pássaros;

− as plantações de cacau e de café sob a protecção de fl orestas de sombra, no interior da qual ainda se encontram árvores, gigantescos testemunhos das fl orestas húmi-das de baixa altitude de outrora;

− a riqueza marinha que conta com as tartarugas, golfi nhos, baleias e um grande potencial para as pescas desportivas;

− o valor da utilização ornamental das plantas, já que São Tomé e Príncipe possui uma das mais ricas fl oras de orquídeas de África de grande potencial ornamental.

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2. A Educação Ambiental no processo de consciencialização das co-munidades

No âmbito de estudos e refl exões levados a cabo sobre a problemática ambiental na-cional conclui-se que uma das causas fundamentais da degradação do ambiente em São Tomé e Príncipe era resultado da mentalidade da população santomense e da falta de informação e de sensibilização da população, assim como uma ausência de educação am-biental que permitisse uma valorização do ambiente. Neste caso, foi programada uma estratégia para se ultrapassar a situação, em que a educação, a formação e a consciencia-lização da população foram defi nidos como elementos fundamentais e prioritários para a mudança de mentalidade com vista a inverter a situação de degradação que o País tem vindo a conhecer e com maior pressão nos últimos tempos.

A estratégia considera que investir nos recursos humanos em todos os domínios de desenvolvimento e, em particular na área do ambiente, constitui um dos principais ele-mentos para a obtenção do desenvolvimento sustentável que todos preconizam. A educa-ção e a formaeduca-ção ambiental valorizaram duas vertentes: a educaeduca-ção formal e a educaeduca-ção não formal. Da educação formal na área do ambiente, incluindo a formação especializada em sectores ambientais prioritários, fazem parte de um conjunto de medidas que estão a ser implementadas no quadro das acções prioritárias do País e na estratégia traçada nos diferentes domínios do ambiente. Apesar de considerar que a formação e a educação am-biental constituem a pedra angular para a mudança de mentalidades e comportamentos da população a problemática ambiental visa criar as bases para um desenvolvimento sus-tentável em que a prioridade deve ser direccionada para as gerações mais jovens, no sen-tido de inculcar nos mesmos o sensen-tido de consciência e responsabilidade pelo ambiente. Introduzindo princípios ambientais básicos nos programas escolares das escolas primá-rias e secundáprimá-rias, o País poderá atingir o importante objectivo de infl uenciar a direcção a seguir no futuro pelas gerações mais jovens. Infl uenciando a consciência das crianças, as famílias também seriam sensibilizadas. E assim se cumpriria um duplo objectivo.

Tendo em conta as difi culdades de ordem material humana e fi nanceira de diferentes sectores da vida nacional, incluindo a educação que se debate, a introdução de questões ambientais no currículo escolar não tem sido possível até ao momento. No entanto, as questões ambientais têm vindo a ser tratadas nas disciplinas de ciências naturais, onde se destaca a biologia e a geografi a.

Respeitando à educação não formal, acções de informação, educação e comunicação e consciência educacional têm sido implementadas junto dos órgãos de comunicação so-cial, nomeadamente, a televisão e a rádio. Esta actividade tem vindo a ser desenvolvida com a participação das ONG’s nacionais, grupos de animadores locais, sectores de

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ministração Central do Estado, representantes das Autarquias Locais e representantes de sectores privados. Os temas têm sido diversos, focando de uma forma geral os principais problemas ambientais existentes no País, nomeadamente, a desfl orestação, a erosão cos-teira, o saneamento básico do meio, entre outros. No entanto, consta dentro das acções prioritárias o regulamento de módulos para introduzir o ensino sobre o ambiente nos pro-gramas escolares. A educação informal tem como principal objectivo promover a tomada de consciência sobre o ambiente fora do sistema do ensino ofi cial.

3. Perspectivas

No âmbito da cooperação na área ambiental, e na Comunidades dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) foi elaborado um Projecto que propõe o fortalecimento da educação ambiental nos oito países membros. Este projecto consiste na constituição de centros de informação de referência em educação ambiental, com a criação de duas salas verdes em cada um dos países membros, a elaboração de um programa conjunto da educação am-biental da CPLP e a formação de quadros. Tendo em conta a importância das salas verdes para o País, e atendendo que nesta primeira fase prevê-se instalar duas salas em São Tomé e Príncipe, o grupo recomendou que fosse instalada uma em São Tomé e outra na ilha do Príncipe.

Para o caso concreto de São Tomé, tendo em conta que nem a estrutura do Ministério dos Recursos Naturais nem a estrutura da Direcção Geral do Ambiente possuem espaços para a referida instalação, recomendou-se instalar a mesma na Biblioteca Nacional. Nos contactos feitos junto dos responsáveis da Biblioteca Nacional, foi decidido pôr uma sala à nossa disposição para o referido Projecto. A sala fi cará sob a responsabilidade do bi-bliotecário Sr. Adérito Vasconcelos da Silva. Todas as actividades da educação ambiental no marco da Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável em São Tomé e Príncipe, serão coordenadas pela Direcção de Informação e Educação, Comunicação e Estatística Ambiental da Direcção Geral do Ambiente, na pessoa da senhora técnica, a Dra. Aline Castro.

Respeitando à sala verde para a ilha do Príncipe, foram estabelecidos contactos com o Governo Regional do Príncipe e será instalada uma equipa para coordenar a direcção da sala verde na delegação da Direcção-Geral do Ambiente da região do Príncipe.

Referências

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