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DESEMPENHO DO SETOR AGROINDUSTRIAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL

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Academic year: 2021

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DO BRASIL

José Luiz Parré

Professor Adjunto do Departamento de Economia e do Programa de Mestrado em Economia da UEM. Avenida Colombo, 5790, CEP 87020-900, Maringá - PR - Brasil. jlparre@uem.br

Alexandre Florindo Alves

Professor Adjunto do Departamento de Economia e do Programa de Mestrado em Economia da UEM. Avenida Colombo, 5790, CEP 87020-900, Maringá - PR - Brasil. florindo@uem.br

Marcelo Farid Pereira

Professor Adjunto do Departamento de Economia e do Programa de Mestrado em Economia da UEM. Avenida Colombo, 5790, CEP 87020-900, Maringá - PR - Brasil. mfpereira@uem.br

João Serafim Tusi da Silveira

Professor Adjunto do CNM/UFSC. Caixa Postal 476. CEP 88040-900, Florianópolis - SC - Brasil. tusi@eps.ufsc.br

ABSTRACT:

This study presents performance indicators for Brazil and disaggregates results for the South region; moreover an outline of the food-processing sector situation was also presented. It was calculated the participation of food-processing in the total of Brazil and South region industries in the years of 1990, 1996 and 1998. The importance of food-processing sector for employment generation, value of the industrial production and labor productivity was also estimated. The data were obtained from Annual Industrial Surveys published by IBGE. Results shows a great importance of the food-processing sector in the analyzed variables and a outstanding performance of the South region in relation to Brazilian average.

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DESEMPENHO DO SETOR AGROINDUSTRIAL DA REGIÃO SUL DO BRASIL

ABSTRACT:

This study presents performance indicators for Brazil and disaggregates results for the South region; moreover an outline of the food-processing sector situation was also presented. It was calculated the participation of food-processing in the total of Brazil and South region industries in the years of 1990, 1996 and 1998. The importance of food-processing sector for employment generation, value of the industrial production and labor productivity was also estimated. The data were obtained from Annual Industrial Surveys published by IBGE. Results shows a great importance of the food-processing sector in the analyzed variables and a outstanding performance of the South region in relation to Brazilian average.

KEY-WORDS: Food-Processing Sector; Labor Productivity; South Region. 1.INTRODUÇÃO

O agronegócio brasileiro tem sido, desde o início do processo de modernização e industrialização da produção agropecuária do país, objeto de diversos estudos e debates. Os estudiosos passam a analisar o setor de produção de fibras e alimentos de forma diferenciada, dando-lhe maior importância econômica e estratégica e tornando-o um setor específico da economia.

Existe interdependência muito forte entre todos os agentes que atuam no agronegócio, levando à necessidade de um enfoque sistêmico. A visão sistêmica ajuda na tomada de decisão; pois todas as operações envolvidas no sistema produtivo influenciam a eficiência do processo e, portanto, afetam a eficiência de cada atividade.

A agroindústria faz parte do agronegócio, sendo basicamente o setor que transforma ou processa matérias-primas agropecuárias em produtos elaborados, adicionando valor ao produto. Juntamente com o setor de distribuição da produção para o consumidor final constitui o chamado agregado III ou jusante do agronegócio.

Diversos autores, entre eles Lauschner (1995), Furtuoso et al. (1998), Guilhoto et al. (2000), Montoya et al. (2000) e Parré & Guilhoto (2001) demonstram a importância do agregado III na composição do agronegócio, sendo que esse segmento representa mais de 50% do valor do PIB do agronegócio brasileiro para 1995 (Parré & Guilhoto, 2001). Segundo Lauschner (1995), O agregado III ou jusante do agronegócio reflete a mudança radical ocorrida na estrutura de consumo da população que exige sempre maior industrialização e diversificação de alimentos, além do fato de ocorrer um crescimento da população urbana; “...assim, a

agroindústria passa a ser sempre mais importante na medida em que se moderniza o complexo rural”.

Nesse sentido, este artigo pretende, como objetivo geral, analisar o setor agroindustrial brasileiro com destaque para a região Sul do país. Especificamente, será determinada a participação das agroindústrias no total de indústrias do Brasil e da região Sul para os anos de 1990, 1996 e 1998. Além disso, será analisada a importância das agroindústrias na geração de empregos, no valor da produção industrial e será calculada a produtividade do trabalho (expressa pelo Valor da

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Transformação Industrial por trabalhador) para os diversos ramos da agroindústria do Brasil, da região Sul e de seus Estados.

Para alcançar este objetivo, o trabalho está estruturado em quatro itens incluindo esta introdução. A segunda parte apresenta as notas metodológicas; o terceiro item faz uma análise das informações obtidas das pesquisas industriais; e, finalmente, são apresentadas as considerações finais do estudo.

2. METODOLOGIA

2.1 DEFINIÇÃO DE AGROINDÚSTRIA

Vale destacar, que o termo agroindústria tem sido definido de diversas maneiras, ou seja, compreendendo diferentes ramos industriais, o que acaba por gerar diversos graus de abrangência para o conceito. Segundo Hoffmann et al. (1985) para ser caracterizado como agroindústria, o estabelecimento comercial deve, evidentemente, utilizar matéria-prima de origem agrícola. Porém, surge um problema quanto ao grau de beneficiamento desta matéria-prima. “Por exemplo,

será considerada como agroindústria apenas aquela que efetua a primeira transformação da matéria-prima (como a secagem, ou a limpeza, ou o beneficiamento), ou se incluirá também aquela que, utilizando a matéria-prima já preparada, efetua a sua transformação em algum produto acabado ou semi-acabado?”. Os autores citam alguns exemplos como: beneficiamento do café ×

torrefação e moagem; a produção de óleos vegetais em bruto × refinação de óleos; produção de celulose × produção de papel; obtenção de madeira serrada × produção de artefatos de madeira; beneficiamento de fibras vegetais e animais × fiação etc.

Os autores concluem que, apesar de teoricamente ser mais adequado considerar apenas a primeira transformação sofrida pelo produto agrícola; deve ser considerado que é comum o caso de um mesmo estabelecimento industrial efetuar as duas fases de transformação, ou seja, “pode existir um certo grau de integração

na indústria que não permite isolar, na prática, somente a primeira fase de beneficiamento da matéria-prima agrícola”. Portanto, segundo Hoffmann et al. (1985)

“...a formulação de um conceito puro de agroindústria pode ser factível apenas num

plano teórico, porém sem possibilidade de operacionalização no estudo de casos concretos, especialmente quando se trata de um estudo abrangente baseado em dados secundários”.

Um estudo que utiliza a definição de agroindústria considerando apenas o beneficiamento dos produtos agrícolas em sua primeira etapa foi realizado pela Fundação Seade (1990), numa pesquisa sobre as causas do desenvolvimento da agroindústria no Estado de São Paulo.

O termo agroindústria é definido por Lauschner (1995) de dois modos:

- em sentido amplo, é “a unidade produtiva que transforma o produto agropecuário

natural ou manufaturado para a sua utilização intermediária ou final”;

- em sentido restrito, é “a unidade produtiva que transforma para a utilização

intermediária ou final o produto agropecuário e seus subprodutos não manufaturados, com aquisição direta do produtor rural de um mínimo de 25% do valor total dos insumos utilizados”.

Essa separação feita por Lauschner entre agroindústria ampla e restrita leva ao mesmo problema discutido por Hoffmann et al., ou seja, na prática a definição de agroindústria em sentido restrito proposta por Lauschner sofre o impacto dos preços

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relativos e pode não refletir a real importância da matéria-prima agrícola dentro do processo produtivo da agroindústria.

Em função da abrangência do conceito, optou-se por utilizar as seguintes categorias para compor o que se entende neste trabalho por setor agroindustrial, segundo o código e a nomenclatura da Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE:

Código Atividade

16 Abate e preparação de carnes

17 Beneficiamento de produtos de origem vegetal, exclusive fumo 18 Fabr. e refino de óleos vegetais e de gorduras para alimentação 19 Resfriamento e preparação do leite e laticínios

20 Fabr. de alimentos para animais 21 Indústria do açúcar

22 Indústria do café

23 Outras indústrias alimentares 24 Indústria de bebidas

25 Fabricação de produtos do fumo 27 Indústria têxtil

35 Fabr. de artigos de vestuário e acessórios 38 Fabr. de calçados e artigos de couro e peles 42 Fabricação de produtos de madeira

58 Destilação de álcool

132 Fabricação de artigos de mobiliário

2.2 VARIÁVEIS UTILIZADAS

Uma vez definidos os grupos de indústrias que fazem parte da agroindústria, procedeu-se aos cálculos das respectivas participações na produção industrial das regiões. Primeiramente, torna-se necessário, para o entendimento, fazer uma descrição dos dados secundários básicos utilizados no presente estudo, cujas fontes são as Pesquisas Industriais Anuais (PIA) do IBGE para 1990, 19961 e 1998. As informações a respeito da estrutura das atividades são obtidas com base nas informações sobre a unidade local (endereço de atuação), uma vez que, por exemplo em 1996, 2,6% do total de empresas atuavam em mais de um grupo de atividades. Essas empresas representavam 23,5% do emprego, 31,0% dos salários e 33,1% da produção naquele ano.

As informações tomam como base uma amostra de empresas industriais. Desta forma, uma amostra estratificada é definida em função da Unidade da Federação da sede da empresa, da classificação de atividades da empresa e do número de empregados. A pesquisa “leva em conta a concentração da atividade produtiva nos segmentos de maior porte, incluindo na amostra todas as empresas industriais com 30 ou mais pessoas ocupadas” (IBGE, 1998, p.9). A empresas que apresentavam entre 5 e 29 pessoas ocupadas são objeto de escolha amostral, completando assim o desenho da amostra.

As definições das variáveis utilizadas no estudo são as seguintes;

1

Uma das diferenças em relação aos dados para 1990 é que houve ampliação no âmbito da pesquisa, pois esta passa, a partir de 1996, a representar o universo das empresas industriais com cinco ou mais pessoas ocupadas.

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- Unidade Produtiva Local (UP): espaço físico onde são desenvolvidas uma ou mais atividades econômicas;

- Pessoal Ocupado (PO): pessoas assalariadas, com ou sem vínculo empregatício, em 31 de Dezembro do ano de referência;

- Valor Bruto da Produção Industrial (VBP): soma de vendas de produtos e serviços industriais (receita líquida industrial), variações nos estoques dos produtos acabados e em elaboração, e produção própria realizada para o ativo imobilizado; e,

- Valor da Transformação Industrial (VTI): diferença entre o VBP Industrial e o Custo das Operações Industriais (ligados diretamente à produção industrial), resultado do consumo de matérias-primas, materiais auxiliares e componentes, da compra de energia elétrica, consumo de combustíveis, peças e acessórios e dos serviços industriais e de manutenção e reparação de máquinas e equipamentos ligados à produção e prestados por terceiros.

Para encerrar as notas metodológicas, vale destacar que uma proxy utilizada pelo IBGE para analisar a produtividade do trabalho é a relação Valor da Transformação Industrial/Pessoal Ocupado total (IBGE, 1996).

3. O DESEMPENHO DO SETOR AGRIONDUSTRIAL

Esta seção traz uma análise das informações obtidas das pesquisas industriais para os anos de 1990, 1996 e 1998. Essas informações foram organizadas de acordo com os objetivos do estudo, assim como foram calculados as participações do setor em relação a todo o setor industrial, o número médio de empregados por unidade produtiva e a produtividade do trabalho. Inicialmente são apresentados os resultados obtidos para a agroindústria no Brasil, a seguir é analisada a região Sul de forma agregada e também são apresentados os resultados obtidos para os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

3.1 ANÁLISE DA AGROINDÚSTRIA BRASILEIRA

A análise das informações sobre número de Unidades Produtivas da indústria brasileira, obtidas na Pesquisa Industrial Anual (PIA), demonstrou que a parcela das agroindústrias corresponde a quase 50% do total de indústrias; especificamente, 48,5% em 1990, 49,0% em 1996 e 49,2% em 1998. Houve, portanto, um pequeno aumento da participação das agroindústrias durante a década de noventa (Figura 1).

Do total de agroindústrias, destacam-se, para o ano de 1998, os seguintes setores: fabricação de artigos de vestuário e acessórios com uma parcela de 24,4%; fabricação de produtos de madeira e de mobiliário representando 23,5% do total; outras indústrias alimentares com 19%; a indústria têxtil com 7,5% e a fabricação de calçados e artigos de couro e peles com 7%.

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Figura 1: Participação das agroindústrias no total de indústrias no Brasil, nos anos de 1990, 1996 e 1998. Em porcentagem do número de Unidades Produtivas (UP), Pessoal Ocupado (PO), Valor Bruto da Produção (VBP) e Valor da Transformação Industrial (VTI).

Fonte: IBGE(1990), IBGE (1996) e IBGE(1998). Cálculos dos autores.

A Figura 1 mostra também o aumento da importância do setor agroindustrial como gerador de empregos para a população brasileira desde o início dos anos 90. Segundo os dados da PIA, 42,2% do total de empregados do setor industrial estavam trabalhando em agroindústrias no ano de 1990, essa parcela aumentou para 46% em 1996 e diminuiu um pouco passando a 45% no ano de 1998.

Quando se observa a distribuição do emprego entre os setores que constituem a agroindústria, tem-se que o setor que mais emprega, para o ano de 1998, é a fabricação de produtos de madeira e de mobiliário com uma parcela de 16,7%; o setor de fabricação de artigos de vestuário e acessórios contribui com 15,9%; a indústria têxtil emprega 11,7%; seguida das outras indústrias alimentares com 11,6% e do setor de abate e preparação de carnes com 8,5% do total da agroindústria (IBGE, 1998).

Ainda com relação ao emprego, pode-se obter através da PIA o número médio de empregados por unidade produtiva, cujos cálculos estão apresentados na Tabela 1. Para o setor agroindustrial como um todo esse número é de 37 empregados para o Brasil no ano de 1998 (o valor médio para os demais setores industriais é de 40 empregados por unidade produtiva). Esta relação varia entre os setores, com a indústria do açúcar apresentando 384 empregados por unidade produtiva. Outros setores que apresentam elevada relação são: destilação do álcool com uma média de 249 empregados por UP e abate e preparação de carnes com uma média de 118. Por outro lado, os setores que apresentam as menores relações empregados/UP são: outras indústrias alimentares com uma média de 21 empregados/UP; fabricação de artigos de vestuário e acessórios com 22 empregados/UP; resfriamento e preparação de leites e laticínios com 24 empregados/UP e fabricação de produtos de madeira e de mobiliário com uma média de 24 empregados/UP.

Tabela 1: Relação entre o Pessoal Ocupado e o Número de Unidades Produtivas para o setor agroindustrial. Em 1998.

Agroindústria processadora BRASIL SUL PR SC RS

0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 % U P P O V B P V T I 1 9 9 0 1 9 9 6 1 9 9 8

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Abate e preparação de carnes 118 144 145 234 97 Beneficiamento de produtos de origem vegetal 57 62 63 ND 61 Fabr. e refino de óleos vegetais e de gorduras 38 40 56 24 38 Resfriamento e preparação do leite e laticínios 24 28 31 23 26

Fabr. de alimentos para animais 31 32 38 23 31

Indústria do açúcar 384 208 265 ND 13

Indústria do café 26 26 32 23 14

Outras indústrias alimentares 21 20 21 18 22

Indústria de bebidas 70 41 60 29 35

Fabricação de produtos do fumo 56 88 111 13 132

Indústria têxtil 53 50 37 77 24

Fabr. de artigos de vestuário e acessórios 22 25 23 32 16 Fabr. de calçados e artigos de couro e peles 56 81 24 29 95

Fabricação de podutos de madeira 24 24 28 27 14

Destilação de álcool 249 270 270 ND ND

Fabricação de artigos de mobiliário 25 27 32 27 22

Total da Agroindústria 37 37 34 37 40

Total (todas as indústrias da PIA) 34 36 32 39 38

Total das indústrias da PIA menos as agroind. 40 35 30 42 35

FONTE: IBGE (1998), organização e cálculos dos autores.

A importância das agroindústrias com respeito à quantidade de UP e ao número de empregados não é acompanhada pela participação do setor no VBP industrial, apesar de ter apresentado um pequeno aumento de importância durante a década de 90. Na Figura 1 está representado a parcela do setor agroindustrial no total de indústrias brasileiras com respeito a essa variável. Essa parcela foi de 30% em 1990, aumentou para 33,6% em 1996 e apresentou pequena diminuição em 1998, ficando com 32,5% do total.

Quanto aos setores mais importantes com respeito à participação no total do VBP para o setor agroindustrial no ano de 1998, percebe-se algumas alterações na importância dos setores em relação àquela apresentada para PO. Neste caso o setor de fabricação de artigos de vestuário e acessórios não tendo bom desempenho nesse aspecto. A maior parcela é do setor de abate e preparação de carnes com 11,7%. Outros setores importantes são: indústria têxtil, com 9,8%; indústria de bebidas, com 9,4% e outras indústrias alimentares, com 9,1%.

As informações sobre a participação das agroindústrias no VTI do Brasil permitem concluir que este setor da economia não possui o mesmo desempenho de outros setores industriais. Observando a Figura 1, percebe-se a que a parcela das agroindústrias no VTI total da indústria não acompanha sua importância no que se refere ao PO e número de UP. A parcelas da agroindústria no VTI foram de 27,8% em 1990, 30,6% em 1996 e de 29,3% em 1998. Os setores que mais contribuíram para o VTI da agroindústria no ano de 1998 foram: indústria de bebidas, com 11,8%; indústria têxtil, com uma parcela de 10,4%, outras indústrias alimentares, com 10,2% e abate e preparação de carnes, com 9,0%.

Uma proxy da produtividade do trabalho, entendida como a relação entre o Valor da Transformação Industrial e o Pessoal Ocupado (VTI/PO), demonstra o desempenho das agroindústrias quando comparadas com os demais setores industriais. Esses cálculos estão apresentados na Tabela 2. Analisando-se os resultados para o Brasil no ano de 1998, observa-se que a relação VTI/PO foi de R$ 36,2 mil para o total da agroindústria contra uma relação de R$ 46,6 mil para os demais setores industriais.

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Tabela 2: Relação entre o Valor da Transformação Industrial e o Pessoal Ocupado para o setor agroindustrial. Em mil R$ de 1998.

Agroindústria processadora BRASIL SUL PR SC RS

Abate e preparação de carnes 24,9 27,7 23,6 27,8 30,4 Beneficiamento de produtos de origem vegetal 46,9 40,3 99,5 ND 16,0 Fabr. e refino de óleos vegetais e de gorduras 112,7 125,3 151,2 178,9 90,7 Resfriamento e preparação do leite e laticínios 41,8 50,4 24,3 33,9 94,6 Fabr. de alimentos para animais 49,9 42,9 33,2 39,9 52,3

Indústria do açúcar 21,8 26,5 26,8 ND 5,2

Indústria do café 53,1 67,1 82,6 27,5 20,5

Outras indústrias alimentares 20,6 14,1 13,0 13,8 15,3

Indústria de bebidas 65,4 42,5 31,7 53,0 48,6

Fabricação de produtos do fumo 82,6 115,7 169,0 411,9 82,1

Indústria têxtil 20,9 21,3 20,3 23,1 15,1

Fabr. de artigos de vestuário e acessórios 10,9 14,3 7,4 16,7 16,3 Fabr. de calçados e artigos de couro e peles 12,8 14,2 12,9 10,0 14,4 Fabricação de podutos de madeira 11,1 11,0 11,7 9,9 11,7

Destilação de álcool 30,8 20,0 20,0 ND ND

Fabricação de artigos de mobiliário 13,1 14,4 12,4 11,7 18,8

Total da Agroindústria 23,6 22,0 21,4 20,3 23,5

Total (todas as indústrias da PIA) 36,2 27,4 27,5 24,0 29,6

Total das indústrias da PIA menos as agroind. 46,6 35,0 35,9 29,7 38,0

FONTE: IBGE (1998), organização e cálculos dos autores.

3.2 ANÁLISE DA AGROINDÚSTRIA DA REGIÃO SUL

A região Sul, pela sua importância como produtora de alimentos tanto “in

natura” quanto processados, apresenta um perfil e uma importância do setor

agroindustrial diferenciada quando comparado com o restante do Brasil. A Figura 2 apresenta a participação das agroindústrias no total de indústrias da região, no que diz respeito ao número de UP, PO, VBP e VTI, para os anos de 1990, 1996 e 1998.

Dois aspectos devem ser destacados na Figura 2: o primeiro é a grande parcela do setor agroindustrial nas variáveis analisadas e o outro diz respeito à pequena variação que ocorreu durante o período analisado.

As participações da agroindústria da região Sul para o ano de 1998 foram de 57% do total de UP do setor industrial, 58,6% do PO, 51% do VBP e 47% do VTI. Estes resultados demonstram o bom desempenho do setor agroindustrial da região Sul, quando comparado ao desempenho médio do setor para o Brasil; principalmente com respeito ao VBP e ao VTI.

A análise das UP apresenta como destaque, para o ano de 1998, os seguintes ramos: fabricação de produtos de madeira e de mobiliário representando 38,3% do total; fabricação de artigos de vestuário e acessórios com uma parcela de 18,5%; outras indústrias alimentares com 11,5%; a fabricação de calçados e artigos de couro e peles com 9,2% e a indústria têxtil com 5,8%. Esses resultados estão próximos daqueles obtidos para o Brasil, com um importante aumento do setor de madeira e mobiliário no período.

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Figura 2: Participação das agroindústrias no total de indústrias da região Sul, nos anos de 1990, 1996 e 1998. Em porcentagem do número de Unidades Produtivas (UP), Pessoal Ocupado (PO), Valor Bruto da Produção (VBP) e Valor da Transformação Industrial (VTI).

Fonte: IBGE(1990), IBGE (1996) e IBGE(1998). Cálculos dos autores.

A agroindústria da região Sul também tem importante papel na geração de empregos. Entre os ramos que mais empregaram em 1998 estão: a fabricação de produtos de madeira e de mobiliário com uma parcela de 26,1%; seguido do setor de fabricação de calçados e artigos de couros e peles que representam 20,1% do total de empregos agroindustriais na região Sul. O setor de abate e preparação de carnes representa 12,9% do total do emprego da agroindústria; o setor de fabricação de artigos de vestuário e acessórios contribui com 12,6% do total; a indústria têxtil emprega 7,8%; seguida das outras indústrias alimentares com 6,3% (IBGE, 1998).

A análise do número médio de empregados por unidade produtiva (Tabela 1) do setor agroindustrial da região Sul apresenta pouca diferença dos resultados obtidos para o país como um todo. Interessante notar que, enquanto para o país como um todo as agroindústrias tem, em média, menos empregados por UP que os outros setores industriais (37 contra 40), na região Sul essa relação se modifica (37 contra 35).

Quanto aos indicadores VBP e VTI, os ramos agroindustriais que se destacam na região Sul não são os mesmos que têm maior importância para o país como um todo. No caso do VBP destacam-se os setor de abate e preparação de carnes com 18,0% (único que também se destaca no Brasil), fabricação de produtos de madeira e mobiliário com 13,5%, fabricação de calçados e artigos de couros e peles com 12,0% e fabricação de alimentos para animais com 10,9%. Quanto ao VTI, a maior parcela é do setor de abate e preparação de carnes com 16,3%; seguido de fabricação de produtos de madeira e mobiliário com 15,2% e fabricação de calçados e artigos de couros e peles com 13,0%.

O indicador que aponta o desempenho da produtividade do trabalho (Tabela 2) apresenta uma relação VTI/PO média de R$ 22,0 mil para o total da agroindústria da região Sul. Este valor é menor do que a média para o Brasil. Entretanto, analisando-se os ramos da agroindústria individualmente, percebe-se que dos 16 ramos analisados, 10 apresentam valores superiores na região Sul em comparação com o Brasil, com destaque para a fabricação e refino de óleos vegetais e gorduras, indústria do café e fabricação de produtos de fumo. Os ramos da agroindústria da região Sul que apresentam valores menores que a média brasileira para este

0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 7 0 % U P P O V B P V T I 1 9 9 0 1 9 9 6 1 9 9 8

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indicador são indústria de bebidas, destilação de álcool, outras indústrias alimentares, fabricação de alimentos para animais e beneficiamento de produtos de origem vegetal.

Outra indicação do desempenho da agroindústria da região Sul pode ser visualizado na Figura 3, que apresenta a contribuição da região na constituição do setor agroindustrial brasileiro, para as variáveis objeto deste estudo. Percebe-se que houve um aumento na participação da região no número de UP, no VBP e no VTI entre 1990 e 1998. Este aumento da parcela da região Sul confirma os resultados do estudo de Parré & Guilhoto (2000), que verificaram um aumento de 30,7% para 33,7% na participação do setor agroindustrial do Sul no total do país entre 1990 e 1995. Apesar desses autores utilizarem informações de matrizes de insumo-produto, a proximidade dos resultados e a indicação de aumento da parcela da região Sul, principalmente da variável VBP na Figura 3, demonstram que, quando os objetivos são semelhantes, as informações e os métodos estão corretos, os resultados devem indicar a mesma direção.

2 3 2 4 2 5 2 6 2 7 2 8 2 9 3 0 3 1 3 2 % U P P O V B P V T I 1 9 9 0 1 9 9 6 1 9 9 8 Fon Figura 3: Participação das agroindústrias da região Sul no total do setor para o

Brasil, nos anos de 1990, 1996 e 1998. Em porcentagem do número de Unidades Produtivas (UP), Pessoal Ocupado (PO), Valor Bruto da Produção (VBP) e Valor da Transformação Industrial (VTI).

Fonte: IBGE(1990), IBGE (1996) e IBGE(1998). Cálculos dos autores

Em termos de participação de cada estado na composição do setor agroindustrial da região Sul, tem-se um predomínio do estado do Rio Grande do Sul. Esse estado possui uma parcela média superior a 40% do setor para as variáveis em estudo, com destaque para o VBP (44,9%) e VTI (44,2%). Os estados do Paraná e Santa Catarina possuem uma parcela do setor agroindustrial da região Sul de pouco menos de 30% cada, com o estado do Paraná tendo uma participação superior no VBP, com uma parcela de 29,6% contra 25,4% do estado de Santa Catarina para o ano de 1998.

A importância da agroindústria para a economia dos estados da região Sul fica comprovada com as informações apresentadas na Figura 4, com participações na composição do setor industrial dos estados superior à média brasileira. Em todos os casos o setor agroindustrial assume grande importância na geração de empregos, com uma parcela de quase 60% dos empregos industriais dos estados para o ano de 1998. Entre os estados, o destaque é Santa Catarina, com valores superiores em todas as variáveis em estudo, principalmente quanto ao número de UP e VTI.

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A relação entre o PO e o número de UP mostrada na Tabela 1 também apresenta diferenças quando se compara os estados da Região Sul, com as maiores relações sendo apresentadas pela destilação de álcool (270 empregados por UP) e indústria do açúcar (265 empregados por UP) no Paraná; abate e preparação de carnes (134 empregados por UP) em Santa Catarina; e fabricação de produtos do fumo (132 empregados por UP) no Rio Grande do Sul.

As empresas agroindustriais que mais geram empregos nos estados da região Sul pertencem aos seguintes ramos: Paraná – fabricação de artigos de madeira e mobiliário com 39,5% do total de pessoas ocupadas na agroindústria em 1998, fabricação de artigos de vestuário e acessórios com 11,1% do total; Santa Catarina - fabricação de artigos de madeira e mobiliário com 28,0% do total de pessoas ocupadas na agroindústria em 1998, fabricação de artigos de vestuário e acessórios com 25,1% do total; Rio Grande do Sul – fabricação de calçados e artigos de couros e peles com 45,4% do total de empregos do setor agroindustrial em 1998 e fabricação de artigos de madeira e mobiliário com 15,6% do total.

O indicador de produtividade do trabalho apresentado na Tabela 2 destaca os seguintes ramos: Paraná – fabricação de produtos do fumo com R$169,0 mil (VTI por trabalhador), fabricação e refino de óleos vegetais com R$ 151,2 mil e beneficiamento de produtos de origem vegetal com R$ 99,5 mil; Santa Catarina -fabricação de produtos do fumo com R$411,9 mil por trabalhador e -fabricação e refino de óleos vegetais com R$ 178,9 mil; Rio Grande do Sul – resfriamento e preparação do leite e laticínios com R$ 94,6 mil e fabricação e refino de óleos vegetais com R$ 90,7 mil.

0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 7 0 % U P P O V B P V T I P R S C R S

Figura 4: Participação das agroindústrias no total de indústrias dos Estados da região Sul, para o ano de 1998. Em porcentagem do número de Unidades Produtivas (UP), Pessoal Ocupado (PO), Valor Bruto da Produção (VBP) e Valor da Transformação Industrial (VTI).

Fonte: IBGE(1998). Cálculos dos autores

4.CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo traçou um amplo perfil do setor agroindustrial da região Sul do Brasil, além de apresentar indicadores de desempenho do setor para a região Sul e para o Brasil utilizando informações de Pesquisas Industriais Anuais publicadas pelo IBGE. Os resultados obtidos apontam para uma grande importância do setor agroindustrial. As participações da agroindústria da região Sul para o ano de 1998 foram de 57% do total de Unidades Produtivas do setor industrial, 58,6% do Pessoal

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Ocupado, 51% do Valor Bruto da Produção e 47% do Valor da Transformação Industrial. Além disso, ficou demonstrado o bom desempenho do setor agroindustrial da região Sul, quando comparado com o desempenho médio do setor para o Brasil. A análise individual dos estados segue o mesmo padrão da região, com diferenças em alguns ramos da agroindústria que apresentam desempenho diferente de um estado para outro.

A determinação dessas diferenças entre os ramos agroindustriais é um dos principais avanços desse estudo, pois foram levantados parâmetros de comparação entre os diferentes “tipos” de agroindústrias de diferentes regiões, os quais podem servir como indicadores para os programas de governo que visem incentivar a instalação de agroindústrias em determinadas regiões, como a Fábrica do Agricultor no estado do Paraná. Além disso, o presente estudo inicia uma discussão que deve ser seguida por outras pesquisas, como por exemplo calcular a eficiência tecnológica das agroindústrias e o tamanho ótimo das firmas do setor.

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Referências

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